prática de ensino: oficina pedagógica de filosofia

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PRÁTICA DE ENSINO: OFICINA PEDAGÓGICA DE FILOSOFIA
PARA O ENSINO MÉDIO
SILVA, Allyne Thaís da 1
BUCANEVE, Camille 2
SIQUIERA, Crislaine 3
BORTOLUZZI, Gilmar 4
PAULA, Jader de 5
CAVAGNOLI, Lúcia A.L. 6
HEIDECKE, Muriel Thomé 7
CESÁR, Priscila.AP.Dias 8
PROFª: MS. SOUSA, Joclei de Fátima Arruda 9
INTRODUÇÃO
Este artigo abordará o projeto realizado na prática de ensino I, pelos acadêmicos do 3º
ano do curso de Pedagogia da Unioeste, realizado no colégio Estadual Olinda Truffa de
Carvalho. E
tinha como objetivo oportunizar aos alunos o preenchimento das lacunas
geradas no percurso escolar, nas disciplinas de Filosofia, visto que alguns dos alunos de 1º e
2º anos do Ensino Médio, oriundos de outras instituições escolares apresentavam lacunas nos
conteúdos de Filosofia, porque a grade curricular das escolas em que estavam matriculados
anteriormente não contemplava tal disciplina, ou então a carga horária não era compatível ao
da grade da escola em questão. E então na tentativa de solucionar essa necessidade os
acadêmicos em conjunto com a professora orientadora da prática organizaram uma oficina
pedagógica, com o objetivo de promover um estudo das concepções filosóficas para o Ensino
Médio.
DESENVOLVIMENTO
A partir de então se iniciou a execução do projeto que objetivava transmitir aos
educandos os conceitos de filosofia, bem como os filósofos de destaque e suas concepções;
conduzindo o estudo da filosofia desde a sua origem até os dias atuais, tendo como objetivos
principais desenvolver nos alunos o conhecimento científico, a autonomia de pensamento,
buscando fomentar nos educandos uma análise reflexiva dos fatos é fazer com que o aluno
perceba-se como sujeito histórico e transformador da realidade, e também a construção de
1
Graduanda do 3º ano de pedagogia da Unioeste – e-mail: [email protected]
Graduanda do 4º ano de pedagogia da Unioeste – e-mail: [email protected]
3
Graduanda do 3º ano de pedagogia da Unioeste – e-mail: [email protected]
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Graduando do 3º ano de pedagogia da Unioeste – e-mail: [email protected]
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Graduando do 3º ano de pedagogia da Unioeste – e-mail: [email protected]
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Graduanda do 3º ano de pedagogia da Unioeste – e-mail: [email protected]
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Graduanda do 3º ano de pedagogia da Unioeste – e-mail: [email protected]
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Graduanda do 3º ano de pedagogia da Unioeste – e-mail: [email protected]
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Professora de prática de ensino e orientadora deste artigo – e-mail: [email protected]
2
uma concepção própria das inter-relações entre os homens e a sociedade. Os conteúdos
propostos foram escolhidos dentro de uma perspectiva histórico-crítica, possibilitando espaço
pra a discussão e reflexão, facilitando dessa forma, a compreensão e a construção dos
conhecimentos pelos alunos. Tendo em vista que e através dos conhecimentos filosóficos que
o ser humano consegue ter uma visão de totalidade racional do universo, possibilitando com
isso a reflexão, o questionamento e a problematização em âmbito político, econômico,
religioso, artístico e cultural, e da sociedade como um todo.
Dentro desta concepção histórica vizualiza-se o histórico do estabelecimento de
ensino, objeto da pesquisa da disciplina de Prática de Ensino I do 3° ano de Pedagogia –
noturno da Unioeste temos que, de acordo com os dados constantes no Projeto Político
Pedagógico – PPP, este estabelecimento de ensino iniciou suas atividades escolares no dia
10/03/1977 com o nome de Malba Tahan, com 396 alunos de 1ª a 5ª séries. Não contando
com prédio próprio para seu funcionamento, foram utilizadas as dependências da Fundação
Faculdade de Educação Ciências e Letras de Cascavel – FECIVEL, hoje Universidade
Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.
A partir de 1982, passou a funcionar em prédio próprio, situado à Rua Três Barras,
741, Jardim Panorâmico, com o nome de Escola Estadual Olinda Truffa de Carvalho. A
escola é mantida pelo Governo do Estado do Paraná. Através da resolução 71/82 publicada no
Diário Oficial de 2907/1982, foi regulamentado o ensino de 1o Grau.
No ano de 1984, conforme resolução número 2131/84 de 27/04/84 a Secretaria
Estadual da Educação oficializou o funcionamento de duas classes especiais para esse
estabelecimento. O curso de 1o Grau Regular foi reconhecido através da deliberação 391/85
de 14/02/85. O 2o Grau Regular – Educação Geral teve seu funcionamento autorizado a partir
de 1991, pela resolução 503/91 de 08/02/91 e reconhecido pela resolução 2847/95.
O ensino fundamental de 1a a 4a séries passou a adotar a proposta do Ciclo Básico de
Alfabetização de quatro anos a partir de Janeiro de 1994, conforme resolução 6342/93.
A Educação Especial passou a contar com uma Sala de Recursos autorizada pela
resolução 3183/95 de 08/08/95, para atendimento complementar diferenciado com o objetivo
de subsidiar com métodos e atividades diversificadas os conceitos e conteúdos defasados no
processo ensino-aprendizagem.
A partir de 1997 o estabelecimento passou a ofertar o Ensino Supletivo em blocos para
o 1o Grau e em 1999 o Supletivo Seriado – EJA, Ensino Fundamental e Médio. O PROEM –
Programa de Expansão e Melhoria do Ensino Médio teve sua implantação gradativa a partir
do ano de 1999 através do parecer 734/99.
O Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série, Educação Infantil e Educação Especial para
este seguimento, devido o processo de municipalização foi cessado no ano 2002, através da
resolução nº 1991/02, entretanto funcionando nas mesmas dependências, porém tendo como
mantenedora a Prefeitura Municipal de Cascavel.
No ano de 2004, a EJA entra em processo gradativo de cessação, e em 2006, ocorreu a
autorização do Núcleo Regional de Educação – NRE para o funcionamento da 8ª série
fundamental no período noturno.
Quanto a concepção filosófica abordada pela escola, teve-se por base analise das
entrevistas e dados contidos no PPP do colégio, entre os objetivos da instituição, é possível
encontrar a busca pela transformação e intervenção da realidade em que os alunos estão
inseridos, contudo, tal transformação compreende mudança de mentalidade e atitude, e requer
uma prática constante de avaliação/reavaliação das práticas escolares, bem como o
entendimento pleno da sociedade em que vivem os alunos.
A partir desta consideração, percebe-se que o estabelecimento tem como pressuposto
filosófico o materialismo histórico dialético. De acordo com alguns professores que foram
entrevistados, a escola se constitui num espaço de contradição, pois o sistema capitalista
apesar de hegemônico, necessita da classe que considera “inferior”, para a manutenção de um
permanente exército de mão-de-obra. Em meio a isso como defensor da classe trabalhadora o
professor precisa colaborar para a construção de uma sociedade mais justa a partir da
democracia. O justo é que os alunos tenham oportunidades para exercer uma cidadania
consciente e crítica o suficiente para não se deixar enganar.
No entanto frente a esta sociedade tem-se uma escola totalmente desestruturada que
não atende o mínimo necessário para a educação do cidadão, pois é uma escola fragmentada
que não está voltada ao conhecimento científico que é o seu maior objetivo, está voltada para
o paternalismo e assistencialismo perdendo assim o seu objetivo principal.
A escola não está preparada fisicamente e muito menos pedagogicamente para os
cidadãos dessa sociedade, com isso muitas vezes se torna para os alunos uma obrigação
penosa o seu comparecimento na mesma. O aluno não consegue visualizar na escola uma
perspectiva de melhorar a sua condição de vida, no sentido, de dominar os conhecimentos que
a classe dominante detém, portanto a escola não é atrativa.
O modelo de escola que os professores do Colégio Olinda Truffa idealizam é uma
escola autônoma, ágil, que atenda os diferentes interesses e diversidades dos alunos, para que
estes sejam agentes transformadores na sociedade. Mas, como fazer isso mediante a falta de
estrutura física, financeira e didática que se tem hoje?
É preciso resgatar o entusiasmo nos alunos, pois se objetiva alunos participantes e
integrantes da sociedade, que eles sintam-se sujeitos de sua própria história, agentes
transformadores diante das situações postas. Alunos que saibam ouvir com mais atenção, que
sintam o desejo de aprender, que respeitem o direito de todos e que tomem o
comprometimento e a responsabilidade como ponto de partida a fim de tornarem-se líderes
críticos com consciência cidadã.
Já, em relação ao quadro de recursos humanos do Colégio Olinda Truffa, não tem
como avaliar e classificar a qualificação dos professores, porque há uma grande rotatividade,
vários casos de afastamento devido ao stress e demais enfermidades, dessa forma o
estabelecimento não tem condições de manter um relatório atualizado com os dados referentes
a graduação dos professores.
Através dos dados do PPP, observa-se que o quadro funcional do Colégio possui 39
(trinta e nove) professores lecionando nos três períodos (matutino, vespertino e noturno), não
foi informado o número de funcionários desempenhando cargos administrativos, e em relação
ao número de alunos, têm-se 1.046 (um mil e quarenta e seis) alunos matriculados de 5ª a 8ª
séries do ensino fundamental, de 1ª a 3ª séries do ensino médio e na Educação de Jovens e
Adultos (EJA), divididos nos três períodos citados acima.
Desta forma, a partir de uma analise cuidadosa desse dados coletados iniciou-se a
execução do projeto que objetivava transmitir aos educandos os conceitos de filosofia, bem
como os filósofos de destaque e suas concepções; conduzindo o estudo da filosofia desde a
sua origem até os dias atuais, tendo como objetivos principais: desenvolver nos alunos o
conhecimento científico, a autonomia de pensamento, buscando fomentar nos educandos uma
análise reflexiva dos fatos é fazer com que o aluno perceba-se como sujeito histórico e
transformador da realidade, e também a construção de uma concepção própria das interrelações entre os homens e a sociedade.
O que consistiu num desafio visto que, o período que compreende a passagem do
adolescente pelo Ensino Médio é uma fase de consolidação do jovem, então a Filosofia tem aí
um importante papel e uma colaboração fundamental. A possibilidade de discutir os mais
diversos assuntos, com uma base crítica, caracteriza a Filosofia como um espaço privilegiado
de construção de mudanças na forma de viver e se relacionar. Mas, evidentemente, não é
qualquer Filosofia a ser ensinada que cumprirá esse tipo de papel. É preciso que não fiquemos
presos à Filosofia como mais um conjunto de conteúdos a ser assimilados pelos estudantes,
para passar no vestibular, ou cumprir carga horária, o ensino de Filosofia para os jovens
brasileiros fará sentido se significar para eles uma possibilidade de pensar autonomamente.
E também, entende-se que a Filosofia pode cumprir um papel fundamental enquanto
método de trabalho em educação, no sentido de estabelecer um espaço de construção da
unidade entre os diversos campos do conhecimento existentes na escola, desenvolvendo uma
nova relação de aprendizagem com os alunos, através de uma visão interdisciplinar e
transdisciplinar da realidade.
Percebe-se assim, a necessidade de optar-se por uma determinada metodologia a
ser utilizada ao longo de todo o projetos, optou-se por selecionar todos os conteúdos
propostos dentro de uma perspectiva histórico-crítica, com espaço para a discussão e reflexão,
com o objetivo de facilitar a compreensão e a construção dos conhecimentos pelos alunos.
Tendo em vista que e através dos conhecimentos filosóficos que o ser humano consegue ter
uma visão de totalidade racional do universo, possibilitando com isso a reflexão, o
questionamento e a problematização em âmbito político, econômico, religioso, artístico e
cultural, e da sociedade como um todo.
O grupo de estágio é composto por dezesseis acadêmicos, os quais foram divididos em
três subgrupos, a cada quinta feira um grupo aplicou a sua aula, sendo este responsável pelo
planejamento da mesma. As aulas foram ministradas após a verificação do planejamento e a
anuência da professora supervisora do grupo. As aulas foram expositivas e abertas
estimulando a participação e buscando promover discussões com os alunos. Foram utilizados
também recursos audivisuais, como: multimídia, televisão e aparelho de DVD, para facilitar a
compreensão foram utilizados filmes, quadrinhos, etc. A base teórica teve como principio
norteador o projeto político pedagogico da escola, foi utilizado o livro didático ofertado pelo
Estado do Paraná, bem como textos de apoio de autores conceituados o que possibilitou uma
maior compreensão por parte dos educandos.
O princípio teórico utilizado nas aulas contempla as diretrizes curriculares do Estado
do Paraná para a disciplina de Filosofia:
A aula de filosofia deve ser acima de tudo um espaço de problematização sob a
mediação do professor que ajuda os alunos a criarem problemas, mas também,
orienta a solução. Isto se dá por meio do diálogo investigativo, primeiro passo para
possibilitar a experiência filosófica em sala de aula. Sendo a aula de filosofia o
espaço de experiência filosófica é um espaço de criação e provocação do
pensamento original, da busca, da compreensão, da imaginação, da investigação e da
criação de conceitos ( Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná)
Já em relação a avaliação dos alunos consistiu na participação durante as aulas das
discussões e realização de atividades complementares em sala, e avaliação escrita dos
conteúdos propostos.
Os resultados foram positivos pois, os objetivos estão foram alcançados, inclusive há o
interesse de alunos de outras séries que gostariam de participar das aulas, acredita-se que o
objetivo maior que era proporcionar aos educandos uma visão mais critica da filosofia
enquanto instrumento no processo de formação do homem ativo socialmente, e da sociedade
no sentido de compreender melhor a realidade vivida e conseguir relacioná-la como
consequência do modo de produção capitalista.
Portanto, buscando-se alcançar todos os objetivos propostos para o estudo da filosofia
proposto, buscou-se fundamentação na definição de filósofo formulada por Gadotti (1980,
p.30), que afirma que:
[...] o filósofo é o homem que suspeita, que duvida e busca sistematizar sua suspeita
e procura evidências para fundamentá-las, tanto das coisas que se apresentam de
forma definitiva como das claras, ele suspeita que há sempre algo que não se mostra,
que está escondido atrás das aparências, suspeita da parcialidade daquilo que vê e do
que as ciências apresentam como definitivo (Gadotti p.30,1980).
E acrescenta que os filósofos não devem ser apenas mestres da suspeita, mas também
mestres da suspeita da suspeita, ou seja, mestres das propostas, pois não se transforma o
mundo apenas com princípios, mas com princípios, estratégias e ações (GADOTTI, 1980).
Sendo assim, Chauí define o estudo da filosofia como:
Como fundamentação teórica e critica, a Filosofia ocupa-se com os princípios, as
causas e condições do conhecimento que pretenda ser racional e verdadeiro; com a
origem, a forma e o conteúdo dos valores éticos, políticos, religiosos, artísticos e
culturais; com a compreensão das causas e das formas de ilusão e do preconceito no
plano individual e coletivo; com os princípios, as causas e condições das
transformações históricas dos conceitos, das idéias, dos valores e das práticas
humanas (Chauí , p.22-23, 2006).
Destarte, a filosofia busca questionar e refletir sobre os conceitos, as idéias, os
princípios e os valores existentes, confrontando-os, aprofundando-os de maneira racional
visando à construção de novos conhecimentos.
Conforme as diretrizes curriculares do Estado do Paraná:
Ao falar em ensino de filosofia é comum lembrar a clássica questão que se levanta a
respeito da cisão entre filosofia e filosofar. Ensinamos filosofia ou a filosofar.
Muitos citam Kant, para lembrar que não é possível ensinar filosofia e sim a
filosofar. Ocorre que para Kant, não é possível separar a filosofia do filosofar. Kant
quer afirmar a autonomia da razão filosofante diante da própria filosofia. Por outro
lado, para Hegel, não é possível conhecer o conteúdo da filosofia sem filosofar
(Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná).
[...]
Para Gallo & Kohan a própria prática da filosofia leva consigo o seu produto e não é
possível fazer filosofia sem filosofar, nem filosofar sem filosofia, porque a filosofia
não é um sistema acabado nem o filosofar apenas a investigação dos princípios
universais propostos pelos filósofos (Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná).
Com isso, convém afirmar que a filosofia consiste no ato de filosofar, de
problematizar, e considera o conhecimento como algo passível de investigação e conclusões
variadas.
Por isso, a Filosofia é capaz de desenvolver a autonomia de pensamento, e segundo as
Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná:
A filosofia apresenta-se, como conteúdo filosófico e também como uma ferramenta
que possibilita ao estudante desenvolver um estilo próprio de pensamento que
priorize a capacidade de criar conceitos. O que o ensino de filosofia tem de
específico é ser um espaço para criação de conceitos, unindo a filosofia e o filosofar
como atividades indissociáveis que da vida á aula de filosofia (Diretrizes
Curriculares do Estado do Paraná).
Através dos conhecimentos filosóficos o ser humano consegue ter uma visão de
totalidade racional do universo, possibilitando com isso a reflexão, o questionamento e a
problematização em âmbito político, econômico, religioso, artístico e cultural, enfim, da
sociedade como um todo.
Assim torna-se capaz de perceber-se como um ser histórico e transformador da
realidade, pois a filosofia propicia aos homens a possibilidade de transformação e ascensão
intelectual.
A palavra Filosofia é de origem grega philos-sofhia, que significa “amor à sabedoria”.
É bom observar que a própria etimologia mostra que filosofia não é puro logos, pura razão:
ela é a procura amorosa pela verdade. Pitágoras (séc. VI a.c.) que era matemático e filosofo
foi o primeiro a usar a palavra filosofia.
A filosofia é sobretudo uma atitude, um pensar permanente, é um conhecimento
instituinte, pois questiona o saber instituído. O filósofo questiona os problemas do cotidiano,
busca compreendê-los, retornando depois a fim de promover as mudanças.
A filosofia busca questionar e refletir (pensar o já pensado, voltar a si e colocar em
questão o que já se conhece) sobre os conceitos, as idéias, os princípios e os valores
existentes, confrontando-os, aprofundando-os de maneira racional visando à construção de
novos conhecimentos.
Conforme Platão: “o filosofo é aquele que tem a capacidade de problematizar, não
aquele que tem a posse da verdade, mas aquele que busca a verdade.”
Segundo Saviani, a reflexão filosófica deve ser:
Radical: no sentido de estudar e refletir com profundidade, ir às raízes do problema, as
origens da questão (SAVIANI, p. 24,1989). .
Rigorosa: ela é sistemática, se utiliza de uma metodologia, como procederá sua
reflexão, pois o filosofo não pode somente fazer afirmações ele tem que justifica-las com
argumentos (SAVIANI, p. 24,1989).
De conjunto: pois relaciona o problema com o contexto em que está inserido, busca a
totalidade, a parcialidade não é aceita (SAVIANI, p. 24,1989).
Somente a relação dialética das categorias mencionadas é que garantirão a
radicalidade, a universalidade e a unidade da reflexão filosófica (SAVIANI, p. 24,1989).
Através dos conhecimentos filosóficos o ser humano consegue ter uma visão de
totalidade racional do universo, possibilitando com isso a reflexão, o questionamento e a
problematização em âmbito político, econômico, religioso, artístico e cultural, enfim, da
sociedade como um todo.
Sobre Marx o filosofo, cientista e agente histórico, Caio Prado Júnior afirma que:
Marx envolveu-se nesses fatos, participou ativamente deles, e é por isso que logrou
compreendê-los e os tornar em "teoria". Abordou a questão simultaneamente como
homem de pensamento e homem de ação. Como filósofo e homem de ciência, e
como revolucionário. Homem-pensante e conhecedor, e homem agente. E o fez em
plena consciência da obra que realiza e do papel que desempenha. Ele o registra
expressamente quando, na XI e última das Teses sobre Feuerbach, escreve: “Os
filósofos não fizeram até hoje senão interpretar o mundo de diferentes maneiras.
Trata-se agora de transformá-lo” (PRADO, 1981).
O homem como filosofo não deve ficar somente no campo da interpretação e reflexão
deve também agir sobre o mundo e construir sua história, assim como Marx que buscou na
interpretação da sociedade capitalista subsídios teóricos para propor um novo tipo de
organização da sociedade, a ação que seria o socialismo.
Assim torna-se capaz de perceber-se como um ser histórico e transformador da
realidade, pois a filosofia propicia aos homens a possibilidade de transformação e ascensão
intelectual, diante disso, convém fazer um questionamento, por que será que o estudo da
Filosofia é negado a uma maioria?
Inclusive foi retirada dos cursos secundários na década de 70, por quê? Qual a
intenção dessa atitude?
A filosofia foi retirada dos currículos do ensino médio durante a ditadura militar
através da Lei 5.692 de 1971, sendo substituída pela matéria “Educação moral e cívica”, visando
garantir a transmissão da Doutrina da Segurança Nacional, justamente pelas suas características o
questionamento, a problematização, a análise, a reflexão e a crítica. Nenhuma dessas
características interessava defensores da ditadura. Pois, o pensamento deveria ser reprimido,
bem como as possíveis ações deles provenientes.
CONCLUSÃO
Portanto, tal artigo, buscando explicitar como aconteceu a prática de ensino do terceiro
ano de pedagogia noturno, foi uma experiência gratificante e indispensável para a nossa
formação enquanto pedagogos, visto que, se conseguiu realizar atividades de observação da
gestão e da organização do ambiente escolar, informações a respeito do ambiente escolar e
docência, particularmente docência para ensino médio, fazer o planejamento de aulas para o
ensino da Filosofia para o Ensino Médio, aplicar conhecimentos adquiridos durante formação
universitária em situações concretas de docência e por fim, conseguiu-se integrar teoria e
prática pedagógica por meio da vivência do exercício da docência na sala de aula.
Além disso, considera-se que foram atingidos também os objetivos propostos no que
se refere aos objetos do projeto, pois a cada dia de aula, era possível perceber o interesse dos
alunos pelas aulas. Supomos que conseguimos estimular nos alunos a curiosidade pelo
conhecimento científico e a autonomia de pensamento.
E também quanto ao hábito de uma postura reflexiva diante dos fatos, isso faz com
que cada pessoa se perceba como sujeito histórico e transformador da realidade e responsável
também pela construção de uma sociedade mais justa.
REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo:
moderna, 1993.
CABRAL, C. A. Filosofia. São Paulo: Editora Pillares, 2006.
CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. 13ª ed. Editora Ática, São Paulo, 2006.
CHINOY, E. Sociedade uma introdução à sociologia. São Paulo: Cultrix, 1975.
GADOTTI, M. IX Encontro do ICPIC – Centro de convenções Ulisses Guimarães. Congresso
Internacional de Filosofia com crianças e jovens, 6, 1999, Brasília.
Et al. Filosofia ensino médio – Curitiba: SEED-PR, 2006.
PRADO Jr., Caio. O que é filosofia. São Paulo: Brasiliense, 1981 (Coleção Primeiros
Passos)
SAVIANI, Demerval. Educação: Do senso comum à consciência filosófica. São Paulo:
Cortez / Editora Autores Associados, 1989.
Diretrizes Curriculares Estaduais do Estado do Paraná para a disciplina de Filosofia
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/portal/diretrizes/dir_em_filosofia - Acesso em
20/09/2007
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