USO DO SIMULADOR DE VOO DE BAIXO CUSTO NO PROCESSO ENSINOAPRENDIZAGEM DE NAVEGAÇÃO AÉREA E TEORIA DE VOO Autoria: Alisson Coelho Garcias - Escola Superior de Aviação Civil (ESAC) Marcos Andrade Junior - Escola Superior de Aviação Civil (ESAC) Marcos Antonio Barros (Orientador) - Escola Superior de Aviação Civil (ESAC) E-mail: [email protected] RESUMO ESTENDIDO Este trabalho discute como o uso de um simulador de voo pode se constituir em fator de motivação e aprendizagem na introdução de conceitos relativos à teoria de voo e navegação. Esse equipamento para simulação de voo será confeccionado pelos pesquisadores, utilizando-se de materiais de baixo custo, de fácil manuseio, permitindo assim uma primeira inserção a uma prática inicial, na busca de uma melhor formação profissional. Nesse sentido, planejamos uma série de atividades experimentais com o objetivo de levar os estudantes a interessarem-se e melhor compreenderem alguns conceitos introdutórios, relacionados com as disciplinas introdutórias do curso de aviação da Escola Superior de Aviação Civil – ESAC, em especial as disciplinas Teoria de voo I e Navegação. Essas atividades serão acompanhadas pelos professores das disciplinas e ao final do processo, entrevistas serão realizadas junto aos alunos com o objetivo de averiguar se o uso do simulador e instrumentos corretos facilitou o processo ensino-aprendizagem. O voo em uma situação real, como ocorre durante a fase de treinamento, fornece importantes detalhes no sentido de permitir ao professor avaliador analisar o perfil do aprendiz quando ele executa diversas manobras no avião. Comumente, essa fase ocorre quando o aluno já se encontra prestes aos exames da ANAC, para piloto privado. No entanto, inicialmente, devido a algumas razões, tais como segurança e os custos associados, as avaliações da qualidade do piloto e seu desempenho na dirigibilidade da nave, não devem ser efetuadas em voo real, mas, se possível, através do Flight Simulator e uma estrutura de instrumentos o Maximo similar. Segundo Iliff& Taylor (1969), essa necessidade tornou-se uma prática comum e tem apresentado bons resultados, pois os simuladores de voo são úteis no treino de tarefas de voo de caráter procedimental ou de voo por instrumentos. De acordo com Cannon & Bowers (2006), existem muitos estudos empíricos acerca de simulações efetuadas nos últimos 25 anos e é de conhecimento comum que as simulações funcionam. Segundo eles, o uso das novas tecnologias associadas aos esforços para aumentar o realismo das simulações, reproduzindo fielmente o ambiente e a cabine de voo. Isso têm melhorado, significativamente, o desempenho e a aprendizagem dos alunos. Nesse sentido, entendemos que o uso de simuladores em sala de aula deverá ser explorado como elemento de aprendizagem e fonte de motivação, uma vez que esse tipo de atividade experimental dá sentido real e concreto às definições e conceitos apresentados e discutidos em classe. Dessa forma, nossa revisão de literatura passa a ter a sua importância no sentido de que é a partir dela que buscaremos subsídios para justificar o problema da pesquisa, que sugere: em que medida o uso de um simulador de voo e os instrumentos adequados, na formação inicial de pilotos privados, habilita-os para a navegação aérea? Buscando responder a essa questão, inicialmente, recorremos à literatura, como Cannon e Bowers, (2006), Blunt (2007), que nos mostra que o uso de simuladores de voo, e instrumentos de similaridade próximas a do real ou produtos de micro simulação, em estágios mais avançados do curso de Piloto Privado(PP) e Comercial (PC), permite melhorar a aprendizagem e o desempenho dos alunos em relação aos estudantes que não utilizam esses softwares e instrumentos que dão similaridade aos movimentos feitos em voo. No entanto, as pesquisas não nos mostra se a aplicabilidade desses recursos no início da formação desses profissionais é adequada, permitindo-lhes transferir competências adquiridas para o mundo real. Se há um consenso de que o simulador de voo permite aos estudantes aprender e praticar procedimentos básicos tais como a manipulação de controles a partir da cabine de voo e navegação, antes de irem para um avião, é necessário não apenas uma reestruturação curricular em termos de conteúdos, uma reestruturação física de aparelhos e instrumentos que tornam os movimentos mais reais possíveis, mas, principalmente, uma renovação nas metodologias de ensino, para tornar possível a sobrevivência desses saberes como saberes escolares. Assim sendo, nossa pesquisa tem como objetivo geral: Analisar o uso do simulador de voo e desses instrumentos caseiros que proporcionam os movimentos reias em voo, no processo ensino-aprendizagem em alunos das disciplinas de Navegação Aérea e Teoria de Voo I. Além desse, têm como objetivos específicos: Identificar quais conteúdos são contemplados, com o uso do simulador de voo e os instrumentos caseiros. Assim, acreditamos que a relevância desta pesquisa reside no fato de que a nossa revisão de literatura aponta que a formação do Piloto Privado e Comercial, em relação ao uso de simuladores de voo e instrumentos adequados, não apresenta lacunas e tem se mostrada adequada, no que se refere ao processo experimental/operacional da navegação aérea. No entanto, não há estudos como este que propomos que mostrem se essa adequação estende-se à formação inicial de pilotos privados. O projeto deverá ser dividido em cinco capítulos, contemplando todos os processos de desenvolvimentos sugeridos por seus respectivos objetivos. No segundo capítulo deste trabalho, chamado de revisão de literatura, recorremos a três recentes revisões bibliográficas, (CANNON & BOWERS, 2006; BLUNT, 2007; BARNETT, BOWEN, & OAKLEY, 2006), que realizaram uma densa revisão de trabalhos publicados sobre o processo de formação de pilotos comerciais, em relação aos simuladores de voo e suas importâncias na aprendizagem de determinados conceitos e aspectos ligados à navegação. Dentre os vários artigos citados por esses autores, selecionamos, para nossa análise, os trabalhos acadêmicos que exploram, especificamente, o processo de formação desses pilotos via uso de simuladores e instrumentos que proporcionem realismo, verificando suas dificuldades de aprendizagem e analisando a validade de algumas propostas com o uso do Flight Simulator, o aparelho criado caseiramente como instrumento real de voo, e seus resultados de aprendizagem. O terceiro capítulo será dedicado à fundamentação teórica. Nesse capítulo, realizaremos um levantamento dos fundamentos teóricos, em relação a assuntos inerentes ao processo ensino-aprendizagem das disciplinas de navegação e teoria de voo I, próprios à formação do Piloto Privado. Mesmo não tendo como objetivo aprofundar-se em nenhum dos temas apresentados, esse capítulo levantará algumas discussões que estiveram, e ainda estão, na agenda atual da navegação aérea, a partir do uso de simuladores como instrumento complementar a formação do piloto. Entendemos que um curso de formação de pilotos privados que chame a atenção para esses problemas, contextualizando os desenvolvimentos que foram e são realizados pelos simuladores, está, na ótica aqui adotada, oferecendo uma formação mais rica sobre seus fundamentos teóricos e experimentais. No quarto capítulo deste trabalho, chamado de metodologia, descreveremos de forma detalhada o procedimento metodológico de nosso estudo, em que será priorizada a abordagem qualitativa. A opção por essa abordagem ocorre em decorrência do contexto a ser investigado, permitindo-nos descrever, compreender e analisar como se dá o processo de formação do Piloto Privado em relação ao uso de simuladores de voo e seus equipamentos caseiros criados, na Escola Superior de Aviação Civil – ESAC, durante a fase em que eles cursam as disciplinas relativas à sua formação, como Teoria de voo I e Navegação Aérea. O processo de construção dos instrumentos de comandos reias para o simulador de voo justifica-se pelo fato de que, utilizando-se materiais de baixo custo, será possível a sua reprodução, facilitando assim o manuseio individual por parte dos alunos. Além disso, a forma de como será idealizada o simulador com seus comandos reais, levará em consideração características equivalentes ao sistema real de navegação dos aviões, opondo-se ao uso de joystick presente nos simuladores atuais. Para essa pesquisa qualitativa, utilizaremos instrumentos de coleta de dados que lhe são peculiares e indicadores adequados para o entendimento da natureza do nosso problema de pesquisa, como: entrevistas estruturadas a 2 alunos que já voam com joystick e começaram a voar com nossos comandos caseiros de baixo custo e análise de documentos didáticos. No quinto capítulo, faremos a análise e discussões dos dados colhidos nas entrevistas e nos documentos didáticos/pesquisados. Essas análises, realizadas separadamente, serão acompanhadas de uma discussão, para se ter uma visão mais acurada a respeito dessa formação. Essas descrições e suas posteriores discussões nos conduzirão ao porquê de essa formação ser ou não inadequada aos futuros Pilotos Privados. Com isso queremos tornar a ESAC- Escola Superior de Aviação Civil a primeira faculdade nacional a usar equipamentos de simuladores de voo caseiro junto com Flight Simulador em sala de aula como ensino/aprendizagem de disciplinas necessárias para a formação de pilotos. Referências BARNETT, J., BOWEN, S., & OAKLEY, B. Effects of motion on skill acquisition in future simulators.U.S. Army Research Institute for the Behavioral andSocial Sciences, 2006. ILIFF, K. W., & TAYLOR, L.W. Fixed-base simulator pilot rating surveys for predicting lateral-directional handling qualities and pilot rating variability.Report Number: NASA-TN-D-5358. Edwards, CA: NASA Dryden FlightResearch Center, 1969. CANON-BOWERS, J.The state of gaming and simulation.Paper presented at theTraining Conference and Expo, Orlando, FL, 2006. BLUNT, R.Does game-based learning work? Results from three recent studies.Advanced Distributed Learning. USA: Walden University, 2007.