1 “As origens do pensamento grego” O livro “As origens do pensamento grego”, de Jean- Pierre Vernant analisa sobre o nascimento da filosofia, o qual marca uma nova forma de vida do grego. A preocupação de Vernant em um primeiro momento é situar cronologicamente o mundo grego. Ele começa a situação histórica da Grécia recorrendo a fenômenos ocorridos cerca de alguns séculos antes, quando povos de origem indo-europeia começaram a chegar em território grego. O sistema palaciano micênico é caracterizado pela figura do ánax, que obtém ao mesmo tempo o poder militar, religioso, político econômico e administrativo. O controle de todas as atividades sociais e setores econômicos pelo rei são garantidos pelos escribas. A invasão dórica acaba com todo esse sistema. Com a invasão, o continente grego rompe a relação com o Oriente. A escrita some, o rei e o sistema palaciano desaparecem completamente, e retornam a uma forma de economia agrícola. Com a chegada dos dórios, esse sistema dará lugar aos genos, um tipo de organização social sobre uma forma de parentesco. O capítulo IV, “universo espiritual da Polis” é o capítulo que melhor define a proposta de Vernant, onde relata o logos grego e a racionalidade ligada a atividade política. Com essa nova forma de governo (Polis), começa a decair o poder absoluto do monarca, as pessoas não são mais tão conservadoras, e sim mais críticas. Antes da Polis, havia uma centralidade do poder, e que é substituída pela igualdade de poder entre os cidadãos; o palácio antes localizado no centro é trocado pela Ágora (praça pública). A principal característica da Polis é a palavra, e é a partir dela que são debatidos os interesses do público. É nesse momento que surge na Grécia Antiga uma primeira forma de sabedoria humana, filosofia. A filosofia nasceu em meio ao choque de ideias opostas. A cada ideia buscava chegar à verdade por meio da argumentação e organização de pensamento. Ela fixa em uma posição ambígua, oscila entre o espírito do segredo e a publicidade do debate, que caracteriza a atividade política. Os primeiros filósofos explicam o mundo de maneira completamente oposta ao mito, tendo como base o logos, a razão. Eles explicam o mundo a partir dele mesmo, sem buscar os deuses que estão no exterior. 2 Jean-Pierre Vernant, um dos principais helenistas contemporâneos, contribuiu para a reflexão da natureza do pensamento mítico e da racionalidade grega antiga. Na Conclusão do livro, Vernant defende que o nascimento da filosofia com a Polis, foi uma razão política. O autor, desde a introdução, já coloca como seu problema o de solucionar o mistério da originalidade, tanto política quanto intelectual. Sua preocupação com a racionalidade grega o conduziu ao estudo da religiosidade. O estudo a respeito das origens do pensamento racional grego o levou ao encontro do mito e da religião. De acordo com autor, o pensamento religioso dos gregos antigos, de tipo mágico-mitológico, é relacionado com as mudanças nos valores e na mentalidade desse povo, nos âmbitos político, jurídico, econômico e militar. Ele mostra de que modo essas mudanças fizeram nascer e se opor a esse pensamento mágico-mitológico a nova forma de pensar racional. O livro coloca os campos da política e do direito como as principais fontes de origem da filosofia.