E-mail enviado à Logica-l -- Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA (http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l) Cf. http://www.dimap.ufrn.br/pipermail/logica-l/2009-December/004262.html Ricardo Pereira Tassinari <[email protected]> Lógica, Matemática e Psicologia. Ricardo Pereira Tassinari <[email protected]> 21 de dezembro de 2009 12:47 Olá Rodrigo. Como disse, acho Psicologia Topólógica e Vetorial genial. A começar por utilizar a Topologia. Se considerarmos que o objeto da Psicologia (contemporânea) é o comportamento (em oposição ao antigo "estudo da alma", que cada um interpretava como queria), a Topologia permite, no caso do estudo do comportamento, que estudemos mais a coordenação dos comportamentos do que seus tempos de execução ou extensões no espaço envolvidos, pois a métrica não é seu objeto central de estudo (apesar de poder ser considerada também). Um conceito central da Psicologia Topólógica e Vetorial é o Espaço de Vida ou Espaço Vital (Life Space) que, como consta no Vocabulário (http://www.marilia.unesp.br/Home/Instituicao/Docentes/RicardoTassinari/LewinV.htm) é "A totalidade de fatos que determinam o comportamento (C) de um indivíduo num certo momento. O espaço vital (E) representa a totalidade de possíveis eventos. O espaço vital inclui a pessoa (P) e o ambiente (A). C = f (E) = f (P, A)" Mas como determinar a "totalidade" de fatos que determinam o comportamento? Para a aplicação da definição de Espaço Vital não precisamos, pois pelo "Método de aproximação", temos que: "Este método determina, primeiro, a estrutura do espaço vital como um todo e avança gradualmente, determinando cada vez mais propriedades específicas até ser atingido o máximo de exatidão." Assim, precisamos apenas chegar à exatidão necessária para explicar o tipo de comportamento que pretendemos e o termo "totalidade", na definição, apenas nos mostra que podemos continuar, se precisarmos. Logo, o primeiro passo é representar o Espaço Vital como um todo, sem representar suas partes, como, por exemplo, na Figura 1 anexada. A partir daí, trata-se de estabelecer as regiões dentro do Espaço Vital (as quais servem para classificar os "fatos que determinam o comportamento"). Por exemplo, há fatos que são considerados estar no interior da pessoa; assim, a própria pessoa é considerada uma região do Espaço Vital, como na Figura 2 anexada. Pode haver mais de uma pessoa, caso estejamos considerando um grupo (aliás, a Psicologia de Grupo é uma das partes mais estudadas da obra de Lewin). Nesse caso, o Espaço Vital é a totalidade dos fatos que determinam o comportamento daS pessoaS do grupo nem certo momento e existe uma região para cada pessoa no Espaço Vital, como por exemplo, na Figura 3. A partir daí, determinamos as demais regiões, que, por limitação de espaço (e tempo) não vou fazer aqui. Na Figura 4, temos um exemplo do Espaço de Vida que Lewin apresenta para a situação de um rapaz que quer ser médico.Legenda: P, pessoa; O, objetivo, ac, exame de admissão; c, colégio; m, escola médica; i, internato, cl, prática clínica. Podemos então começar a estabelecer as "valências", que são como cargas, de certas regiões: valência positiva, indica atração por aquela região; valência negativa, repulsão por aquela região. Podemos também desenhar as forças que levarão à movimentação de certas regiões para outras, como a da região da pessoa para uma outra região (nesse sentido, a Psicologia Topológica e Vetorial é uma geometrodinânica ou uma dinâmica de estruturas espaciais). Na Figura 5 desenhei uma valência e uma força, no diagrama apresentado por Lewin. Claro que, na situação, podem existir outras valências e forças, como, por exemplo, P pode ter muito receio do exame de admissão; logo, a região ac teria uma valência negativa, o que geraria um conflito e uma tensão em P, como na Figura 6. Podemos notar que, a partir daí, um dos principais problemas da Psicologia é estabelecer leis de quando e como essas valências surgem, o que também é indicado pela equação C = f (E) = f (P, A) presente na definição de Espaço Vital acima. Quanto às perspectivas para a Psicologia Topológica e Vetorial, penso que, do ponto de vista teórico, são muito boas, pois ela é bem simples e metodologicamente poderosa, e, do ponto de vista da prática, penso que quanto mais o uso da Matemática for incorporado pelas Ciências Humanas (o que julgo inevitável), mais ela ganhará espaço para ser compreendida. Quanto à utilização da Teoria dos Jogos, apenas lembro que os agentes definem valores, pesos, para cada resultado possível, o que tem a ver com as valências mencionadas acima; acho a Teoria dos Jogos uma boa ferramenta também , mas a Psicologia Topológica e Vetorial trata de situações mais gerais (aliás acho que as duas juntos formam um bom modelo). Mas ressalto, por fim, que para mim ESTÁ CLARO QUE NUNCA EXISTIRÁ UM MODELO COMPLETO PARA A DESCRIÇÃO E EXPLICAÇÃO DO COMPORTAMENTO HUMANO, teremos de nos contentar com o Método de Aproximação acima e mesmo com a aproximação ao conjunto de leis C = f (E) = f (P, A) que determinariam o comportamento humano. Um forte abraço, Ricardo. 2009/12/19 Rodrigo Oliveira <[email protected]> [Texto das mensagens anteriores oculto] _______________________________________________ Logica-l mailing list [email protected] http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l -Dr. Ricardo Pereira Tassinari - Departamento de Filosofia UNESP - Faculdade de Filosofia e Ciências - Marília Homepage: http://www.marilia.unesp.br/ricardotassinari 6 anexos Fig1.png 3K Fig2.png 3K Fig3.png 3K Fig4.png 4K Fig5.png 4K Fig6.png 4K