Regeneração urbana para um futuro sustentável: quarteirão do

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UNIVERSIDADE LUSÍADA DE V. N. DE FAMALICÃO
REGENERAÇÃO URBANA PARA UM FUTURO SUSTENTÁVEL
Quarteirão do Vianense
Viana do Castelo
Licínio Miguel Enes da Torre
Dissertação para obtenção de Grau de Mestre
Vila Nova de Famalicão, 2015
A presente dissertação foi redigida segundo as normas do antigo acordo ortográfico.
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS
XI ELEMENTOS ANALÍTICOS
RESUMO
XIII
ABSTRACT
XIV
INTRODUÇÃO
15
ESTADO DA ARTE
17
Património e Princípios de Salvaguarda
Autenticidade
Cartas de Salvaguarda do Património
Realidade em Portugal
Sustentabilidade
Escolha dos Materiais
Energias Renováveis
Tratamento de Águas
Sistemas Activos e Passivos
Futuro
Hammarby Sjostad - Stockholm
Masdar City - Emirados Árabes Unidos
Plano de Pormenor da Recuperação da Zona
Sinistrada do Chiado
CASO DE ESTUDO
Localização e Enquadramento Histórico
Evolução Urbana
Evolução Cronológica
Análise Fotográfica
Critérios de Escolha
PLANO ESTRATÉGICO
Área de Intervenção Alargada
Área de Intervenção Restrita
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Mapeamento de Materias e Sistemas
Construtivos
Dados Quantificáveis
Penetrações do Quarteirão
Desenhos
Critérios de Intervenção
19
20
20
22
24
27
29
31
33
34
36
41
Levantamento Fotográfico do Edificado
Análise e Interpretação Urbana
Planta de Classes de Intervenção Planta de Análise Funcional Mapeamento de Patologias
Materiais e Sistemas Construtivos
Mapeamento do Estado de Conservação
Existente a Demolir, Alterar e Preservar Planta de Património “Classificado”
Património “Classificado”
Património Construído e Arqueológico
Planta de Condicionantes 153
155
157
158
159
160
164
168
171
172
173
175
177
CONCLUSÃO
179
BIBLIOGRAFIA
181
WEBGRAFIA
184
ANEXOS
185
46
51
53
54
62
63
76
77
82
85
87
103
105
115
119
123
V
ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURAS:
Figura 1 - Fotografia da cidade de Berlin destruída na 2ª Guerra Mundial. Fonte: Fotografia de Carl Weinrother, Junho 1945.
BundesArchiv
19
Figura 2 - Vista sobre Angra do Heroísmo. Fonte: WIKIMEDIA, 2015. Disponível em <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/
commons/1/12/Vista_sobre_Angra_do_Heroismo.jpg> Acedido em 16 de Março de 2015. Imagem manipulada pelo autor.
23
Figura 3 - Fotografia Aérea de Tacloban Philippines. Fonte: Agência Reuters, 10 Novembro de 2013. Imagem manipulada pelo
autor.
25
Figura 4 - Esquema representativo do Conceito BedZed. Fonte: SAMANZOMORODI, 2012. Energy and Our Buildings, Disponível
em < http://saman3230.wordpress.com/2012/10/16/addington/ > Acedido em 02 de Fevereiro de 2014. Imagem manipulada pelo
autor.
27
Figura 5 - Solar Tree. Fonte: Ross Lovegrove, 2015. Disponível em <http://www.rosslovegrove.com/index.php/custom_type/
solar-tree/?category=environment> Acedido em 13 de Março de 2015. Imagem manipulada pelo autor.
30
Figura 6 - Esquema de um leito com macrófitas emergentes de escoamento superficial. Fonte: FBDS. Disponível em <http://www.
fbds.org.br/Apresentacoes/Controle_Qualid_Agua_Wetlands_ES_out06.pdf> Acedido em 10 de Fevereiro de 2015. Imagem
manipulada pelo autor.
32
Figura 7 - Esquema de um leito com macrófitas emergentes de escoamento subsuperficial. Fonte: FBDS. Disponível em <http://
www.fbds.org.br/Apresentacoes/Controle_Qualid_Agua_Wetlands_ES_out06.pdf> Acedido em 10 de Fevereiro de 2015. Imagem
manipulada pelo autor.
32
Figura 8 - Esquiço inicial sobre a integração dos sistemas activos na proposta de intervenção . Imagem do autor.
34
Figura 9 – Maquete virtual do plano de Masdar city. Fonte: Foster + Partners, 2007. Disponível em < http://www.fosterandpartners.
com/projects/masdar-development/>, Acedido em 15 de Outubro de 2013. Imagem manipulada pelo autor.
35
Figura 10 – Vista aérea sobre Hammarby Sjostad. Fonte: Ola Ericson/imagebank.sweden.se, Maio de 2011. Imagem manipulada
pelo autor.
36
Figura 11 - Esquema do ciclo ecológico de Hammarby Sjostad. Fonte: GlashusEtt de 2007. Imagem manipulada pelo autor. 37
Figura 12 - Imagem ilustrativa das dinâmicas do bairro. Fonte: Marie-Neige Roux, 2013. Les Temps Changent, Disponível em
<http://les-temps-changent.com/quest-ce-que-le-design-thinking/> Acedido em 05 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo
autor.
38
Figura 13 - Sistema de recolha de resíduos aplicado em Hammarby Sjostad. Fonte: EnvacGroup, 2014. Disponível em <http://
www.envacgroup.com/news-and-media/press_images/system_illustrations> Acedido em 7/02/ 2014. Imagem manipulada pelo
autor.
39
Figura 14 - Vista de Hammarby Sjostad. Fonte: TENGBOM, 2014. Disponível em <http://www.tengbom.se/en-US/projects/61/
hammarby-sjostad> Acedido em 6 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor.
40
Figura 15 - Vista de Hammarby Sjostad. Fonte: TENGBOM, 2014. Disponível em <http://blog.cpgcorp.com.sg/?p=2930> Acedido
em 7 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor. 40
Figura 16 - Sistema de recolha de resíduos aplicado em Hammarby Sjostad. Fonte: EnvacGroup, 2014. Disponível em <http://
www.envacgroup.com/news-and-media/press_images/system_illustrations> Acedido em 7/02/ 2014. Imagem manipulada pelo
autor.
40
Figura 17 – Maquete virtual do plano de Masdar city. Fonte: Foster + Partners, 2007. Disponível em < http://www.fosterandpartners.
com/projects/masdar-development/>, Acedido em 15 de Outubro de 2013. Imagem manipulada pelo autor.
41
Figura 18 – Perfil de rua virtual em Masdar City. Fonte: Foster + Partners, 2007. Disponível em < http://www.fosterandpartners.
com/projects/masdar-development/>, Acedido em 15 de Outubro de 2013. Imagem manipulada pelo autor.
42
Figura 19 – Interface de transportes e os PRT. Fonte: Foster + Partners, 2007. Disponível em < http://www.fosterandpartners.com/
projects/masdar-development/>, Acedido em 15 de Outubro de 2013. Imagem manipulada pelo autor.
43
Figura 20 – Vista virtual do City Centre de Masdar city. Fonte: LAVA Architects, 2008. Disponível em < http://www.l-a-v-a.net/
projects/masdar-city-centre/>, Acedido em 08 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor.
44
Figura 21 – Maquete virtual do plano de Masdar city. Fonte: Foster + Partners, 2007. Disponível em < http://www.fosterandpartners.
com/projects/masdar-development/>, Acedido em 15 de Outubro de 2013. Imagem manipulada pelo autor.
45
Figura 22 – Vista do incêndio do Chiado, 1988. Fonte: Jornal Publico Online, 2013. Disponível em < http://www.publico.pt/temas/
jornal/o-interprete-ideal-26981924>, Acedido em 10 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor.
46
Figura 23 – Vista da Rua do Carmo, Chiado, cidade de Lisboa. Fonte: Foto do autor, Outubro 2013.
47
Figura 24 - Ortofotomapa da zona do Chiado com a marcação do edificado destruído pelo incêndio de 1988. Fonte: Google Maps,
Digital Globe, 2014. Imagem manipulada pelo autor.
48
Figura 25 – Vista da escadaria que liga as Ruas do Crucifixo e Nova do Almada, Chiado. Fonte: Carla Lourenço, Universidade
Técnica de Lisboa, 2014. Disponível em < http://home.fa.utl.pt/~al066508/3.jpg> Acedido em 10 de Janeiro de 2014. Imagem
manipulada pelo autor.
49
Figura 26 - Imagem da reconstrução do Chiado. Fonte: A Reconstrução do Chiado. Lisboa. Álvaro Siza, Ed. Livraria Figueirinhas,
2.ª ed. 2000, p. 117. Imagem manipulada pelo autor.
50
Figura 27 – Ortofotomapa da Península Ibérica com a localização de Viana do Castelo. Fonte: Bing, 2013 manipulada pelo autor.
53
Figura 28-(in CALDAS, João Vieira e GOMES, Paulo Varela – Viana do Castelo, Lisboa: Editoral Presença,1990,p.18), manipulada
VI
Índice de Figuras
pelo autor.
55
Figura 29 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada em 1374. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor.
55
Figura 30 - Planta da Vila de Viana, 1759. Papel Cartonado, aguarelada, 450 x 600 mm. Arquivo Histórico Militar. Imagem
manipulada.
56
Figura 31 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada em 1759. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor.
56
Figura 32 - Carta Cadastral de Viana do Castelo, 1868-1869, escala 1:500. Arquivo Histórico do Ministério do Equipamento
Social.
57
Figura 33 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada em 1869. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor.
57
Figura 34 - Exemplar publicado pela Imprensa Nacional em 1903, existente na delegação de Viana do Castelo dos Portos do Norte.
58
Figura 35 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada em 1903. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor.
58
Figura 36 - Planta inserida no Ante Plano De Urbanização de Viana do Castelo, elaborado pelo Arqº João de Aguiar.
59
Figura 37 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada em 1948. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor.
59
Figura 38 - Planta do Centro Histórico de Viana do Castelo. Fonte PDM de 2001. Planta manipulada pelo autor.
60
Figura 39 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada na actualidade. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo
autor.
60
Figura 40 – Barra cronológica comparativa. Do século XIII à actualidade.
62
Figura 41 – Vista da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra. Fonte: Postal da cidade, meados séc. XX. Imagem manipulada
pelo autor.
63
Figura 42 – Vista da Avenida dos combatentes da Grande Guerra, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
63
Figura 43– Vista da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada
pelo autor.
64
Figura 44 – Vista da Avenida dos combatentes da Grande Guerra, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
64
Figura 45– Vista da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada
pelo autor.
65
Figura 46 – Vista da Avenida dos combatentes da Grande Guerra, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
65
Figura 47 – Vista da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra.Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada
pelo autor.
66
Figura 48 – Vista da Avenida dos combatentes da Grande Guerra, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
66
Figura 49 – Vista da Escola Dr. Alfredo Magalhães. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor.
67
Figura 50 – Vista da Escola Dr. Alfredo Magalhães. Fonte: foto do autor, 2013.
67
Figura 51– Vista da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada
pelo autor.
68
Figura 52 – Vista da Avenida dos combatentes da Grande Guerra, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
68
Figura 53 – Vista da actual Rua Manuel Espregueira. Fonte: Postal da cidade, início do século XX. Imagem manipulada pelo autor.
69
Figura 54 – Vista da Rua Manuel Espregueira, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
69
Figura 55 – Vista da Praça da República, Viana do Castelo. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo
autor.
70
Figura 56 – Vista da Praça da República, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
70
Figura 57 – Vista da Praça da República, Viana do Castelo. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo
autor.
71
Figura 58 – Vista da Praça da República, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
71
Figura 59 – Vista do Largo S. Domingos, Viana do Castelo. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo
autor.
72
Figura 60 – Vista do Largo S. Domingos, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
72
Figura 61– Vista de Stª Luzia sobre a cidade de Viana do Castelo. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada
pelo autor.
73
Figura 62 – Vista de Stª Luzia sobre a cidade de Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
73
Figura 63– Vista de Stª Luzia sobre a cidade de Viana do Castelo. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada
pelo autor.
74
Figura 64 – Vista de Stª Luzia sobre a cidade de Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
74
Figura 65 – Ortofotomapa identificativo das vistas anteriores. Fonte: Bing, 2013. Imagem manipulada pelo autor.
75
Figura 66– Ortofotomapa estratégico do centro histórico de Viana do Castelo. Fonte: Google Earth, 2013. Imagem manipulada
pelo autor.
79
Figura 67 – Ortofotomapa Estratégico do centro histórico de Viana do Castelo. Fonte: Google Earth, 2013. Imagem manipulada
pelo autor.
80
Figura 68 - Ortofotomapa da do centro histórico de Viana do Castelo. Fonte: Mapas Bing de 2013, imagem manipulada pelo autor.
VII
Índice de Figuras
81
Figura 69 - Planta do centro histórico com a marcação da área de intervenção alargada. Fonte: Planta do PDM 2001, manipulada
pelo autor.
82
Figura 70 – Vista aérea da cidade de Viana do Castelo com marcação de área de intervenção alargada. 82
Figura 71-Vista aérea do centro histórico com marcação da área de intervenção alargada. Fonte: Bing 2013. Imagem manipulada
pelo autor.
83
Figura 72-Planta do centro histórico com marcação da área de intervenção alargada. Fonte: Planta do PDM de 2001, manipulada
pelo autor.
84
Figura 73 - Planta do centro histórico com a marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM 2001, manipulada
pelo autor.
85
Figura 74 – Vista aérea sobre a área de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
85
Figura 75 - Vista aérea do centro histórico com marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Bing 2013. Imagem manipulada
pelo autor.
89
Figura 76 - Vista aérea da proposta para a área de intervenção restrita. Fonte: Bing 2013. Imagem manipulada pelo autor.
90
Figura 77 - Planta do Piso -1 (cota 3.5) com marcação da área restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 91
Figura 78 - Planta do Piso 0 (cota 9.6) com marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada
pelo autor.
92
Figura 79 - Planta de Cobertura com marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo
autor.
93
Figura 80 - Planta do Piso -1 (cota 3.5) com marcação da área restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 94
Figura 81 - Planta do Piso 0 (cota 9.6), com marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada
pelo autor.
95
Figura 82 - Planta de Cobertura com marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo
autor.
96
Figura 83 - Perfil AB, CD, EF e GH. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro.
97
Figura 84 - Perfil AB, CD, EF e GH. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro.
98
Figura 85 - Perfil MN, IJ, OP e KL. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro.
99
Figura 86 - Perfil MN, IJ, OP e KL. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro.
100
Figura 87 - Perfil UV, QR, XZ e ST. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro.
101
Figura 88 - Perfil UV, QR, XZ e ST. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro.
102
Figura 89 - Planta de Cobertura, Parcela 1, com marcação dos materiais. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor.
103
Figura 90 - Perfil GH, com marcação dos materiais. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro.
104
Figura 91 - Gráfico demonstrativo da vocação funcional da proposta de intervenção para a área restrita. Fonte: autor.
105
Figura 92 - Vista Norte da zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
107
Figura 93 - Vista Norte da proposta para a zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
108
Figura 94 - Vista Nascente/Norte da zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
109
Figura 95 - Vista Nascente/Norte da proposta para a zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
110
Figura 96 - Vista Nascente da zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
111
Figura 97 - Vista Nascente da proposta para a zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 112
Figura 98 - Vista Poente/Sul da zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
113
Figura 99 - Vista Poente/Sul da proposta para a zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.114
Figura 100 - Vista da Rua dos Rubins (Nascente), situação actual. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
115
Figura 101- Vista da Rua dos Rubins (Nascente). Proposta para a entrada do quarteirão. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo
autor.
115
Figura 102 - Vista da Rua General Luis do Rego (Norte), situação actual. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 116
Figura 103 - Vista da Rua General Luis do Rego (Norte). Proposta para a entrada do quarteirão. Fonte: Desenho do autor.
116
Figura 104 - Vista da Rua da Védoria (Poente), situação actual. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
117
Figura 105 - Vista da Rua da Védoria (Poente). Proposta para a entrada do quarteirão. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo
autor.
118
Figura 106 - Vista da proposta para a praça no interior do quarteirão. Fonte: Desenho autor.
119
Figura 107 - Vista da proposta para a zona cultural e de lazer. Fonte: Desenho do autor.
119
Figura 108- Proposta de intervenção da zona do espaço cultural e lazer. Fonte: Desenho do autor.
120
Figura 109 - Vista da proposta de intervenção. Anexo convertido na biblioteca. Fonte: Desenho do autor.
121
Figura 110 - Vista da proposta para a zona cultural e de lazer. Fonte: Desenho do autor.
122
Figura 111 - Vista do acesso ao interior do quarteirão junto à Escola da Avenida. Fonte: autor.
123
Figura 112 - Perspectiva inicial da situação proposta. Fonte: Desenho do autor.
127
Figura 113 - Vista sobre anexo no interior do quarteirão, situação actual. Fonte: Desenho do autor.
128
Figura 114 - Vista sobre anexo no interior do quarteirão, situação proposta. Fonte: Desenho do autor.
128
Figura 115 - Vista sobre árvores preservadas no interior do quarteirão, situação proposta. Fonte: Desenho do autor.
129
Figura 116 - Geometrização e marcação dos elementos fundamentais que suportaram o desenho proposto. Fonte: Desenho do
autor.
129
VIII
Índice de Figuras
Figura 117 - Vista do acesso ao interior do quarteirão junto à Escola da Avenida. Fonte: autor.
130
Figura 118 - Esquema sobre a integração dos vários conceitos e mecanismos ecológicos. Fonte: desenho do autor.
131
Figura 119 - Definições e métodos aplicados na reconstrução dos alçados. Fonte: esquema do autor.
132
Figura 120 - Simulação de várias configurações possíveis através da fachada verde para os alçados propostos. Fonte: Desenho do
autor.
133
Figura 121 - Esquema construtivo sobre o tipo de fachada verde proposto. Fonte: Desenho do autor.
134
Figura 122 - Vista sobre as coberturas convertidas em sistemas de produção de energia renovável. Fonte: Desenho do autor. 135
Figura 123 - Perfil com o aero-gerador e luminárias “solartree” em vista, situação proposta. Fonte: Desenho do autor.
135
Figura 124 - Marcação dos pontos de recolha do lixo e áreas de influência. Fonte: Desenho do autor.
136
Figura 125 - Vista do Interior Norte do quarteirão. Fonte: Imagem do autor.
137
Figura 126 - Vista do Interior Norte do quarteirão. Fonte: Imagem do autor.
138
Figura 127 - Vista do Interior Norte do quarteirão. Fonte: Imagem do autor.
139
Figura 128 - Vista do Interior Sul do quarteirão. Fonte: Imagem do autor.
140
Figura 129 - Vista aérea do interior Noroeste do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do
autor.
141
Figura 130 - Vista aérea do interior Sudoeste do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do
autor.
142
Figura 131 - Vista aérea do interior Sudeste do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do
autor.
143
Figura 132 - Vista aérea do interior Nordeste do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do
autor.
144
Figura 133 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor.
145
Figura 134 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor.
146
Figura 135 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor.
147
Figura 136 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor.
148
Figura 137 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor.
149
Figura 138 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor.
150
Figura 139 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor.
151
Figura 140 – Planta da zona de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001, Informação do PP do CH. Planta manipulada
pelo autor.
158
Figura 141 – Planta da zona de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor.
159
Figura 142 - Planta de Cobertura com enumeração de patologias existentes. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor.
160
Figura 143 - Perfis com enumeração de patologias existentes. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do
centímetro.
161
Figura 144 - Perfis com enumeração de patologias existentes. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do
centímetro.
162
Figura 145 - Planta de Cobertura com marcação de materiais e técnicas construtivas. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada
pelo autor.
164
Figura 146 - Perfis com enumeração de materiais existentes. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do
centímetro.
165
Figura 147 - Perfis com enumeração de materiais existentes. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do
centímetro.
166
Figura 148 - Planta de Cobertura com marcação de materiais e técnicas construtivas. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada
pelo autor.
168
Figura 149 - Perfis com marcação do estado de conservação. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do
centímetro.
169
Figura 150 - Perfis com marcação do estado de conservação. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do
centímetro.
170
Figura 151 – Planta da zona de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor.
171
Figura 152–Planta de Património “Classificado” e “Em Vias de Classificação”. Fonte: Planta do PDM de 2001 com informação
retirada do IGESPAR, 2014. Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico. Disponível em: <http://www.
igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel> Acedido em 05 de Janeiro de 2014. Planta manipulada pelo autor.172
Figura 153 – Planta da zona de intervenção alargada com identificação do património. Fonte: Planta do PDM de 2001 com
informação retirada da Planta do Património Construído e Arqueológico de Viana do Castelo de Janeiro de 2008. Planta manipulada
pelo autor.
175
Figura 154 – Planta da zona de intervenção alargada. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor.
177
IX
AGRADECIMENTOS
Para a realização da presente dissertação contei com o apoio e colaboração de várias pessoas e
entidades. Em todas as visitas ao local de estudo fui acolhido com grande receptividade, e neste
caso, agradeço em particular à Dona Julieta Canosa, à Radio Alto Minho e ao Sport Clube Vianense
por me terem recebido e permitido o acesso ao quarteirão e seu interior.
Em especial, devo agradecer também ao João Cancelo pela colaboração e entrega no levantamento
fotográfico aéreo da zona em estudo. Os elementos recolhidos tornaram-se fundamentais para o
desenvolvimento do trabalho.
Estou grato à Câmara Municipal de Viana do Castelo e ao Arquivo Municipal por me facultarem
o acesso às plantas topográficas, aos elementos históricos e aos dados estatísticos considerados
relevantes.
A presente dissertação assenta numa base de trabalho desenvolvida na disciplina de Projecto III e
por isso devo reconhecer todo o apoio e orientação do professor Jorge Barbosa.
Com especial apreço, agradeço ao meu orientador, Professor Doutor Sérgio Infante pelo estimulo,
orientação, disponibilidade e partilha de conhecimentos.
Este trabalho é o culminar de uma importante etapa na minha formação como arquitecto e por
isso devo agradecer à Universidade Lusíada de Vila Nova de Famalicão e a todo o corpo docente
que me acompanhou e orientou ao longo destes cinco anos. Uma palavra de gratidão para os meus
colegas e amigos que fizeram parte deste percurso, em especial o Luís Costa, o Francisco Carneiro
e o Francisco Gonçalves. Obrigado pela partilha, pelo saudável trabalho em equipa e pelo incentivo
nos momentos mais difíceis.
XI
RESUMO
A reabilitação dos centros históricos urbanos e todo o seu património edificado assumem uma
importância extrema, seja pela necessidade de preservação dos valores culturais e protecção da
identidade de um povo ou nação, pela manutenção da imagem estética e formal da cidade, ou pela
necessária dinamização social e económica. Porém, é fundamental associar novas dinâmicas aos
conceitos de reabilitação, regeneração e restauro de forma a tornar os centros históricos novamente
atractivos e competitivos. Por outro lado, as preocupações ambientais são actualmente uma forte
problemática à escala global, exigem ao ser humano uma resposta rápida e eficaz a todos os níveis.
Este desafio complexo obriga a reflectir sobre novas formas de habitar e fazer cidade, é inevitável
minimizar e inverter as consequências nefastas causadas pelo homem ao ecossistema.
Com a presente dissertação estabelecemos como objectivo principal abordar a reabilitação nos
centros históricos, inserindo novos pressupostos ecológicos e técnicas de minimização do impacto
ambiental, incluídas nos projectos das cidades do futuro. Existe o intuito de explorar um caminho
onde os princípios de salvaguarda da autenticidade e memória do lugar se relacionam com valores
de sustentabilidade ecológica, social e económica. Deste ponto de vista, é abordado o tema através
do exercício de reformulação de um quarteirão localizado no centro histórico de Viana do Castelo.
A operação parte da reestruturação geral do conjunto para a pormenorização do seu interior.
A intervenção em causa sugere um caminho real para a regeneração de zonas históricas degradadas
e desabitadas, dotando o espaço de uma atractividade exponencial mantendo a sua autenticidade
e tradição. Apesar da ideia principal incidir na reformulação do desenho do interior do quarteirão
salvaguardando a sua linguagem formal, a prática projectual inclui sistemas técnicos ecológicos,
como os leitos de macrófitas, os canais de água, os sistemas de produção de energia limpa, o
sistema de recolha de lixo integrado, os eixos de circulação pedonal e ciclovias. Porém, a atribuição
de logradouro a todos os fogos, a dotação de hortas urbanas, a conversão de zonas degradadas em
espaços culturais e desportivos e a inclusão de parque automóvel subterrâneo com eixo de cargas e
descargas, constituem também valências acrescidas do ponto de vista social e económico.
Acreditamos que a intervenção no quarteirão do “Vianense” recupera e regenera, promove a
transmissibilidade cultural, busca o equilíbrio entre arquitectura e natureza, difunde a socialização
e dinamização económica e tenciona tornar o centro histórico atractivo, habitado e competitivo.
Palavras-chave: Reabilitação, Regeneração, Sustentabilidade, Património
XIII
ABSTRACT
The rehabilitation of the historical city centres and all of its architectural heritage takes on an
utmost importance, whether by the need to preserve the cultural values and to protect the identity
of a people or nation, whether to maintain the aesthetic and formal image of the city, whether due
to the necessary social and economic boosting. However, it is necessary to commit new dynamics
to the rehabilitation, regeneration and rebuilding concepts in order to make the historical centres
attractive and competitive again. On the other hand, the environmental concerns are currently one
strong issue at a global scale, which requires that the human beings give a timely and effective
response at all levels. This complex challenge requires to reflect upon new ways of living and
making the city and it is inevitable to minimize and reverse the harmful effects caused by man to
the ecosystem.
With the present dissertation we set as main objective to address the rehabilitation in the historical
centres, placing new ecological assumptions and minimization techniques of the environmental
impact included in the projects of the cities of the future. There is the intention to explore a path
where the principles of safeguarding the authenticity and memory of the place relate to values of
ecological, social and economic sustainability. From this point of view, the subject is addressed
through the exercise of redesigning a block located in the historical centre of Viana do Castelo. The
intervention starts with the general restructuring and finishes with the precise details of the interior.
The intervention in question suggests a real way for the regeneration of degraded and uninhabited
historical areas, giving the space an exponential attractiveness maintaining its authenticity and
tradition. Although the main idea focus on redesigning the interior of the block safeguarding its
formal language, the project-technical practice includes ecological technical systems, such as the
constructed wetlands, the water channels, systems of clean energy output, the integrated service
of waste collection, the axes of pedestrian circulation and bicycle lanes. However, the allocation
of patio areas to all dwellings, the allocation of urban kitchen gardens, the conversion of degraded
areas in cultural and sports areas and the inclusion of underground car parks fitted with shaft for
loading and unloading, are also assets from a social and economic point of view.
We believe that the intervention in the block of “Vianense” recovers and regenerates, promotes
the cultural transmissibility, aims the equilibrium between architecture and nature, spreads the
socialization and economic boosting and intends to make the historical city centre attractive,
inhabited and competitive.
Keywords: Rehabilitation, Regeneration, Sustainability, Heritage
XIV
INTRODUÇÃO
A construção de novas cidades que pretendem responder ás exigências actuais da população
com um menor impacto no meio ambiente está a aumentar consideravelmente. Existem já vários
projectos em construção, como é o caso de Masdar City nos Emirados Árabes Unidos e Dongtan
na China, cidades “carbon zero”, que pretendem ter um impacto ambiental praticamente nulo e
que ao mesmo tempo sugerem melhores condições de vida para os seus habitantes. No entanto,
este caminho, obriga a uma reflexão sobre o destino dos actuais centros urbanos. Serão as actuais
cidades, no futuro, lugares desabitados que não souberam evoluir em relação às novas exigências
da sociedade? Estarão os actuais centros urbanos destinados às classes sociais inferiores? Estará
a “nossa” cidade, e todo o seu património, condenada a se tornar exclusivamente num espaço
museológico conotado negativamente com as feridas causadas no meio ambiente?
A Comissão Europeia iniciou em 2008 um programa com o fim de premiar, todos os anos, a
European Green Capital, cidade onde se verifiquem esforços efectivos na melhoria da qualidade de
vida, diminuição do impacto ambiental e incremento de modos de vida mais sustentáveis. De facto,
há técnicas extremamente eficazes e revolucionárias que estão já a ser implementadas nas cidades
históricas, muito embora tenham sido também projectadas para as cidades do futuro.
Levanta-se então a questão: como podem estas novas técnicas e medidas ser implementadas nos
centros históricos das cidades portuguesas?
Por outro lado, os centros históricos das cidades portuguesas encontram-se, na sua grande maioria,
bastante degradados e desabitados, deixando de ser atrativos para a população em geral. Em muitos
casos, este facto levou a que o centro histórico restasse apenas para as camadas sociais inferiores.
No entanto, são zonas de grande interesse histórico e patrimonial, manifestantes da nossa cultura,
que devem ser conservadas, restauradas e regeneradas. De que forma é possível então reabilitar o
centro histórico mantendo a sua autenticidade física e formal, ao mesmo tempo que se englobam
novos padrões socioeconómicos assim como novas técnicas de carácter sustentável?
Embora haja várias definições para o conceito de sustentabilidade, na prática um modo de vida
sustentável existe quando se verifica uma forte ligação com a mãe natureza, quando o ar que
respiramos é puro, quando a poluição é nula e o lixo reciclado, quando sabemos que a energia
provém de fontes renováveis, quando estamos a provocar um impacto mínimo no planeta e quando
não colocamos em causa o futuro das gerações vindouras. Porém, esta cidade potência modos de
vida ainda mais sustentáveis quando responde a outras problemáticas actuais, como por exemplo,
o custo de vida, o desenvolvimento económico, a criminalidade e a violência, o emprego, o
isolamento, o sedentarismo, as desigualdades sociais, o ruído, entre outros.
15
Introdução
Tendo em conta todas estas dúvidas e questões, estabelecemos como objectivo principal, enumerar
um conjunto de medidas que permitam tornar os actuais centros urbanos competitivos com os
novos grandes planos que estão hoje em projecto e construção. Assim, através de um caso de estudo
específico, o Quarteirão do Vianense, serão postas em práticas essas mesmas medidas sob a forma
de reabilitação do seu interior e seu edificado.
A reformulação dos interiores dos quarteirões permitirão desenvolver novas formas de lidar
com as exigências anteriormente referidas e os problemas da sociedade actual. Objectivamente,
pretende-se então, manter a autenticidade global e a memória do local ao mesmo tempo que se
introduzem sistemas de energia renovável e técnicas de reciclagem, tratamento e aproveitamento
das águas, percursos pedonais e ciclovias, sistemas de recolha e separação de lixo eficazes, hortas
e jardins urbanos, corredores natura e espaços multi-facetados (cultura, desporto e lazer). Assim,
a conversação e restauro, aliados à nova relação entre todos estes elementos no interior dos
quarteirões, tornarão novamente os centros históricos dinâmicos e apelativos, ligados ao conceito
de eco-cidade.
Neste sentido, partimos da elaboração de um plano estratégico para a cidade e para a zona em
específico, passando posteriormente à reformulação do interior de um quarteirão. Ao nível
da metodologia de análise e desenvolvimento da proposta de intervenção, foi definido como
fundamental, construir previamente uma base de trabalho real e completa do ambiente em estudo.
Partimos do princípio que a realização de um trabalho coerente, integrado e adequado à realidade
existente, depende consideravelmente do conhecimento das varias características físicas, sociais e
económicas do espaço.
Foram efectuadas várias visitas ao quarteirão em estudo, do qual resultou um levantamento
aéreo fotográfico, e estabeleceu-se um contacto forte com alguns dos seus habitantes de forma a
inventariar com rigor todas as particularidades, potencialidades, debilidades e condicionantes do
espaço. Efectuou-se uma análise cuidada, não só ao local em estudo mas também à própria zona
alargada de intervenção, no sentido de perceber como se processou a evolução do espaço ao longo
dos tempos, de forma a clarificar quais as singularidades e pormenores que tornam o local autentico.
Paralelamente ao contacto directo com o caso em estudo, foram também integrados no processo de
análise, cartas e plantas topográficas do local criadas em vários períodos, levantamentos fotográficos
de épocas distintas, elementos estatísticos e indicadores das dinâmicas sociais e económicas e
efectuada uma consulta bibliográfica sobre o local em vários campos de análise.
16
ESTADO DA ARTE
As cidades portuguesas confrontam actualmente grandes dificuldades ao nível da sua competitividade
e atractividade. Este facto não se relaciona apenas com o contexto económico do país mas também
devido à ausência de políticas de incentivo ao restauro e conservação que levaram à degradação
dos centros históricos.
Infelizmente, muitos destes locais nas cidades portuguesas são zonas degradadas e desabitadas,
que nos últimos anos sofreram apenas intervenções pontuais, e que tornam a sua reintegração
muito difícil e dispendiosa. Para além do mau estado que se verifica no património edificado, o
empobrecimento económico-social também depressa se fixou levando a problemas de isolamento
social, pobreza, criminalidade, entre outros.
Património e Princípios de Salvaguarda
A noção de património tem sofrido alterações aos longos dos tempos assim como os princípios
da sua salvaguarda. Hoje entendemos claramente que o património cultural constitui a verdadeira
identidade de um povo, uma herança do passado a que deverá ser assegurada a sua preservação e
consequente transmissão para as gerações vindouras.
Na Europa, esta problemática começou ser debatida afincadamente a partir da Segunda Guerra
Mundial, pois à época, os centros urbanos antigos, ou estavam destruídos pela guerra ou ameaçados
pelas políticas de desenvolvimento urbano.
Apenas em 1964, a Carta de Veneza veio clarificar que “Os monumentos de um povo, portadores
de uma mensagem do passado, são um testemunho vivo das suas tradições seculares.” 1, e torna-se
“nosso dever mantê-los com a riqueza da sua autenticidade” 2.
Figura 1 - Fotografia da cidade de Berlin destruída na 2ª Guerra Mundial. Fonte: Fotografia de Carl Weinrother, Junho 1945. BundesArchiv
1
2
Carta de Veneza, 1964, Carta Internacional Sobre a Conservação de Monumentos e Sítios, pag 1
Carta de Veneza, 1964, Carta Internacional Sobre a Conservação de Monumentos e Sítios, pag 1
19
Estado da Arte
Contudo, “as políticas de salvaguarda do património espelham, em cada momento histórico, os
valores que cada comunidade atribuí a esse património, tendo presente a sua memória colectiva” 3 ,e
este facto, traduz uma certa ambiguidade que sempre tem acompanhado o conceito de salvaguarda.
Ao longo dos tempos surgiram várias perspectivas diferentes sobre como se deveria restaurar e
preservar um determinado monumento ou local considerado importante. Viollet-le-Duc defendia
que se deveria conservar a mensagem original e eliminar todas as alterações efectuadas pelo homem
ou pela natureza ao passo que a perspectiva de John Ruskin se traduzia num restauro bastante mais
romântico. Para ele, o restauro de um edifício é a sua própria destruição, é mais correcto preservar
uma ruína do que tentar restaurá-la.
Autenticidade
As dualidades de critérios inerentes aos princípios de conservação e restauro reflectem a forma
como a noção de autenticidade pode ser interpretada e colocada em prática. Então, a salvaguarda
do património edificado “assenta em princípios que são a expressão duma atitude cultural e ética
face à substância física e às formalizações que gerações anteriores nos transmitiram” 4.
Deste ponto de vista, hoje definimos que a autenticidade “procura a relação de verdade e sinceridade
entre o suporte físico da mensagem e a mensagem em si mesmo” 5. É de extrema importância
assegurar tanto a autenticidade formal original como a autenticidade histórica, reflexo de todas as
intervenções sofridas em vários momentos temporais pelo homem e pela natureza. Consideramos
hoje, que uma peça fielmente reproduzida não apresenta o mesmo valor do que a original. Posto
isto, não podemos consentir tanto a destruição como a constante substituição do suporte físico do
monumento ou local a conservar sob pena de estarmos a adulterar a mensagem que se traduzirá
numa mentira para as gerações futuras. Contudo, “não quer dizer que não se substituam peças cuja
degradação é irreversível e definitiva, mas isso deve constituir a excepção” 6.
Cartas de Salvaguarda do Património
Durante o século XX várias foram as conferências onde se debateram os princípios gerais e
doutrinas relativas à conservação e restauro do património edificado.
Em 1931, a “Conferência Internacional de Atenas sobre o Restauros dos Monumentos”, da qual
surge a Carta de Atenas, foi importante para a afirmação e definição das políticas de salvaguarda.
O conceito de anastilose começa a ser definido como um caminho a seguir no processo de restauro,
processo este que valoriza a substância física e material. Surge um especial enfoque no “respeito
pela obra histórica e artística do passado sem banir o estilo de nenhuma época” 7.
3
20
Lopes, Flávio, 2012, Património Arquitectónico e Arqueológico, pag 36
4
Infante, Sérgio, 2010, Autenticidade e Conservação Integrada, pag 94
5
Infante, Sérgio, 2010, Autenticidade e Conservação Integrada, pag 94
6
Infante, Sérgio, 1997, Cadernos ESAP, 2-3, pag 91
7
Carta de Atenas, 1931, Conclusões da C. I. de Atenas sobre o Restauro de Monumentos, pag 1
Estado da Arte
Considera-se sensato o emprego dos mais variados recursos e técnicas construtivas, apesar de
se conferir maior ênfase ao uso do betão armado. Nesta conferência defende-se também que os
valores de protecção de testemunhos devem ser educados desde a infância pelos governos e poderes
públicos.
A Carta de Veneza sobre a Conservação e Restauro de Monumentos e Sítios, aprofunda o paradigma
da salvaguarda em relação ao conceito em si e aos seus princípios fundamentais. Nesta altura o
conceito de monumento deixa de englobar os edifícios arquitectónicos isolados mas também os
sítios, rurais ou urbanos “nos quais sejam patentes os testemunhos de uma civilização particular,
de uma fase significativa da evolução ou do progresso, ou algum acontecimento histórico” 8.
Aborda-se o tema no sentido de facilitar a utilização dos monumentos para fins sociáveis, apesar
de se defender que sempre que o espaço externo tradicional subsista, não devem ser permitidas
adulterações, construções, demolições ou outras alterações significativas, sejam elas num plano
volumétrico ou cromático. Por outro lado, qualquer intervenção adicional necessária, deverá
constituir uma composição distinta da original e evidenciar claramente a linguagem do tempo
presente. Neste sentido, “as contribuições válidas de todas as épocas para a construção de um
monumento devem ser respeitadas, dado que a unidade de estilo não é o objectivo que se pretende
alcançar nos trabalhos de restauro” 9.
No ano de 1975, o Conselho da Europa através da Declaração de Amsterdão, intensifica a campanha
de sensibilização para a adopção de políticas de salvaguarda dos centros históricos (Flávio Lopes,
2012: 52). Por esta altura, surge o conceito de conservação integrada, que se traduz no tratamento
das zonas históricas focando o plano da arquitectura e da imagem formal mas também o plano
social, económico e jurídico, entre outros. Assim, “A consideração dos factores sociais condiciona
o resultado de qualquer política de conservação integrada. Uma política de conservação implica
também a integração do património cultural na vida social” 10.
Como refere o documento, “Ao aplicar os princípios da conservação integrada, estes devem
ter em consideração a continuidade das realidades sociais e físicas existentes nas comunidades
urbanas e rurais. O futuro não pode e não deve ser construído às custas do passado” 11. Desta
forma, é necessário incluir nos princípios de conservação e restauro uma base de análise da textura
urbana e rural onde os monumentos e sítios se inserem. Por outro lado, estes locais deverão possuir
uma actividade pública ou função que respondam ás necessidades actuais de forma a permitirem
a sua subsistência. Existe a intensão de convocar as populações para colaborar nos programas
de salvaguarda, sensibilizando-as para os valores históricos e culturais dos monumentos e sítios.
8
Carta de Veneza, 1964, Carta Internacional Sobre a Conservação
9
Carta de Veneza, 1964, Carta Internacional Sobre a Conservação
10
Carta de Amsterdão, 1975, Conselho da Europa, pag 6
11
Carta de Amsterdão, 1975, Conselho da Europa, pag 5
de Monumentos e Sítios, pag 2
de Monumentos e Sítios, pag 4
21
Estado da Arte
Acredita-se que é necessário fornecer indicações à comunidade sobre a base regulamentar que
apoia a conservação e restauro, uma vez que nesta altura existe a necessidade de restaurar bairros
inteiros.
A Carta de Nairobi, em 1976, que resulta da Conferência Geral da Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, coloca uma vez mais pressão na importância da
“salvaguarda dos conjuntos históricos ou tradicionais, e o seu papel na vida contemporânea” 12.
Considera-se que o confronto com os perigos da uniformização e despersonalização manifestados
na época contribuem para uma valorização vital dos testemunhos de épocas anteriores, uma vez
que o ser humano encontra neles a expressão da sua cultura e os fundamentos da sua identidade.
Em 1987, surge a Carta de Washington – “Carta Internacional para a Salvaguarda das Cidades
Históricas” pelo ICOMOS. Esta define-se como um complemento à Carta de Veneza, que enumera
“os princípios e os objectivos, os métodos e os instrumentos de acção adequados à salvaguarda da
qualidade das cidades históricas, no sentido de favorecer a harmonia da vida individual e social,
e perpetuar o conjunto de bens, mesmo modestos, que constituem a memória da humanidade” 13.
Em certa medida, aborda-se com maior rigor a regulamentação e responsabilização no processo de
salvaguarda, pois a sua eficácia depende claramente de uma política coerente de desenvolvimento
económico-social, e da sua consideração nos planos de ordenamento e de urbanismo. Uma vez
mais se apela claramente ao envolvimento dos habitantes para o sucesso do plano de salvaguarda
que “deverá definir uma articulação harmoniosa dos bairros históricos no conjunto da cidade” 14.
Neste capítulo discutem-se problemáticas que começam a surgir na época, como por exemplo,
a necessidade de regulamentar o uso de veículos no interior das cidades e bairros históricos ao
mesmo tempo que se determina que as zonas de estacionamento não deverão degradar essas zonas
e envolvente em si. Assim, “As novas funções e as redes de infra-estruturas exigidas pela vida
contemporânea devem adaptar-se às especificidades das cidades históricas” 15.
Realidade em Portugal
Em Portugal, poucos foram os exemplos de conservação e valorização de conjuntos arquitectónicos,
exceptuando-se Óbidos, Marvão e Monsaraz pelo Estado Novo nas décadas de 1930/40, e Valença
do Minho, Monção, Almeida e Alfama entre 1954 e 1967. Porém, muitos defendem que estas
intervenções foram meramente desejos do Estado Novo em atribuir significados simbólicos a
alguns aglomerados urbanos medievais em vez de se terem iniciado como uma forte preocupação
no plano urbano. Assim, as políticas e incentivos praticados em Portugal não foram de encontro
ao que se praticou noutros países da Europa, por exemplo, em 2004, apenas 10% do sector da
construção foi destinado à reabilitação, ao passo que na Suécia o número rondava os 60%.
12
22
Carta de Nairobi, 1976, Organização das Nações Unidas Para a Educação, Ciência e Cultura, pag 1
Carta de Washington, 1987, Carta Internacional para a Salvaguarda das Cidades Históricas, pag 1
Carta de Washington, 1987, Carta Internacional para a Salvaguarda das Cidades Históricas, pag 2
Carta de Washington, 1987, Carta Internacional para a Salvaguarda das Cidades Históricas, pag 3
13
14
15
Estado da Arte
Felizmente, nas últimas décadas têm surgido projectos de requalificação de zonas históricas e aldeias
antigas que evidenciam uma grande qualidade projectual manifestada pela forte sensibilidade na
preservação e conservação do património, seja ao nível do desenho como também no retomar às
técnicas e materiais construtivos base do aglomerado em questão.
Um destes bons exemplos é o Plano de Pormenor da Recuperação da Zona do Chiado, dirigido pelo
Arquitecto Álvaro Siza, tem como principais objectivos a manutenção das características físicas e a
autenticidade histórica e formal. Preserva o desenho pombalino do edificado para além de incentivar
novas dinâmicas necessárias para fortalecer o comércio e tornar a zona novamente atractiva para
a população. Foram criados percursos pedonais e ligados os interiores dos quarteirões, e hoje o
Chiado tem uma nova vida sendo um dos principais pontos turísticos e comerciais da cidade de
Lisboa, que no entanto, soube preservar o carácter do seu património edificado.
O Plano de Salvaguarda de Angra do Heroísmo é um exemplo de referência no plano nacional. Angra
do Heroísmo localiza-se na costa sul da Ilha Terceira no arquipélago do Açores e em 1983 a zona
central da cidade foi classificada como Património Mundial pela UNESCO. A base metodológica
desenvolvida pelo Arquitecto Sérgio Infante para a salvaguarda do património define-se em primeira
instância como um “instrumento que pretende compatibilizar a conservação do Património com o
Desenvolvimento” 16. Considera-se de extrema importância encontrar um equilíbrio entre conforto
e qualidade ambiental na zona histórica, por se considerar um local de eleição para o harmonia
entre a vida activa e o lazer, entre a cultura e os serviços. No plano de salvaguarda aborda-se com
rigor a mobilidade e a deslocação das pessoas no centro e estabelece-se uma filosofia de correcção
das dinâmicas negativas já existentes. Desta forma, é fundamental eliminar as zonas de conflito,
favorecer os transportes públicos, melhorar as condições de circulação pedonal e criar as zonas de
estacionamento numa zona mais periférica para revitalizar o turismo cultural.
Figura 2 - Vista sobre Angra do Heroísmo. Fonte: WIKIMEDIA, 2015. Disponível em <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/12/
Vista_sobre_Angra_do_Heroismo.jpg> Acedido em 16 de Março de 2015. Imagem manipulada pelo autor.
16
Infante, Sérgio, 1997, Cadernos ESAP, 2-3, pag 91
23
Estado da Arte
Foi estabelecido então, um plano hierárquico rodoviário, dividido em três níveis, a circular externa,
a circular interna e as vias em anéis tangenciais ao centro. A circular externa de Angra permite
um esquema de aproximações ao centro sem tráfego de atravessamento ao passo de que a circular
interna favorece a escolha do anel mais eficaz para chegar ao local de destino.
A filosofia de salvaguarda do Centro Histórico de Angra do Heroísmo, embora aborde a necessidade
de recuperação dos vários elementos de forma isolada, realça a vontade de recuperar os espaços
que interliga esses elementos.
Por outro lado, identifica-se o interior dos quarteirões como espaços privilegiados para crianças e
idosos, “áreas que podem vir a constituir uma amenidade para moradores das zonas envolventes
e peões em geral” 17 pois serão protegidos da poluição e do incomodo do tráfego rodoviário. Do
ponto de vista do edifício, considera-se que a substância física é de extrema importância e que esta
base deve ser mantida, apesar da consciência de que o modo de vida actual incentiva à alteração
tipológica. No entanto, deve ser efectuado um esforço em compatibilizar a manutenção das
características físicas com as novas necessidades, e apenas partir para “a destruição do existente
depois de esgotadas as hipóteses de adequação desses espaços às exigências actuais” 18.
No plano de intervenção, seja num espaço ou edifício, deve-se evitar a perda do valor cultural, ou
seja, no processo de recuperação e restauro devem ser empregues materiais e técnicas construtivas
compatíveis com o existente e com uma durabilidade à escala da vida útil do monumento em
questão. Porém, promove-se a pesquisa e o conhecimento sério da realidade local, a intervenção
em edifícios antigos apenas deve ser efectuada depois do levantamento, análise, interpretação da
situação existente e diagnóstico das patologias. Em toda a Europa surgem vários casos de referência
neste ponto de intervenções nos centros históricos como é o caso de Barcelona, Bordeaux, Freiburg,
entre outras.
Sustentabilidade
Apesar de um maior incentivo e sensibilização para as questões de salvaguarda dos centros
históricos e consequente conservação do património arquitectónico, surge nos dias de hoje, uma
problemática feroz que obriga o arquitecto a adoptar novas posturas para requalificação destes
ambientes. Actualmente, no centro de todas as questões, emergem os problemas ecológicos, o
impacto ambiental, o aquecimento global e o possível contributo da arquitectura para alcançar um
planeta mais saudável.
O desenvolvimento de pensamentos e questões relacionadas com o domínio da sustentabilidade
começou a ser colocado em prática na década de 60 por alguns visionários como Richard
Buckminster Fuller e Reyner Banham.
24
17
18
Infante, Sérgio, 1997, Cadernos ESAP, 2-3, pag 93
Infante, Sérgio, 1997, Cadernos ESAP, 2-3, pag 93
Estado da Arte
Na altura os efeitos relacionados com o aquecimento global ainda não tinham despertado atenção
na consciência do homem, com a excepção de alguns cientistas que já sabiam que o ser humano e
as suas práticas estavam relacionadas com as alterações climáticas.
No entanto, as consequências e catástrofes relacionadas com o efeito de estufa foram dando cada vez
mais relevo a este tema. De facto, só em 1975 se conhece a expressão “aquecimento global” através
do geoquímico Wallace, porém já muitos defendiam uma atenção especial para a problemática do
impacto do homem no meio ambiente.
“Banham defendia que as tecnologias ecológicas eram tão importantes para dar forma à arquitectura
como o betão e o aço.” (Brian Edwards, 2005: 39)
A industria da construção é responsável pelo consumo de 50% dos recursos naturais do planeta e o
uso de combustíveis fósseis para a climatização, ventilação e iluminação dos edifícios é igualmente
responsável por 50% do aquecimento global. A actividade da construção, segundo Brian Edwards,
é uma das menos sustentáveis do planeta. Porém, só em 1972 se começa a formar o conceito
de sustentabilidade através da conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano
realizada em Estocolmo. A Conferência das Nações Unidas de 1992 realizada no Rio de Janeiro,
estabelece uma forte consciencialização e um sério alerta para os governos sobre os problemas
ecológicos associados ao desenvolvimento urbano. Dessa mesma conferência nasce a Agenda
21, um documento que revela a importância de cada país na reflexão e no estudo sobre as várias
questões sócio-ambientais, como o consumo energético, a conservação e gestão dos seus próprios
recursos naturais, a biodiversidade e o compromisso de se estabelecerem planos de acção para
potenciar a recuperação do meio-ambiente.
Figura 3 - Fotografia Aérea de Tacloban Philippines. Fonte: Agência Reuters, 10 Novembro de 2013. Imagem manipulada pelo autor.
25
Estado da Arte
O conceito de sustentabilidade foi evoluindo também ao longo das últimas décadas do século XX,
e em 1987 a comissão de Brundtland classifica como desenvolvimento sustentável “a satisfação
das presentes necessidades sem comprometer a capacidade das gerações futuras na satisfação das
suas próprias necessidades” 19. Embora existam algumas variantes deste conceito, cada uma com
especificidades da sua área de estudo, a protecção do meio ambiente, a preocupação do consumo
energético e a diminuição da utilização dos recursos naturais são noções transversais nas várias
indústrias e áreas do conhecimento. Desde então, os projectos e políticas sustentáveis foram-se
multiplicando, tanto no plano do edifício como na escala urbana, agora com uma maior ênfase,
pois hoje existe uma clara noção de que o futuro do planeta e da espécie humana está colocado em
causa.
É fundamental reflectir sobre “pegada ecológica”, existe a consciência de que o ser humano é
semelhante às outras espécies, no sentido de que cada organismo vivo necessita de uma quantidade
mínima de espaço natural produtivo para sobreviver. A nossa sobrevivência depende da existência
de alimentos, de uma fonte constante de energia, da capacidade de absorção dos vários resíduos
que produzimos e da disponibilidade de matérias-primas para os processos produtivos, no entanto,
teremos que viver de acordo com a capacidade de carga do planeta, ou seja, “de acordo com o que
a Terra pode fornecer e não com o que gostaríamos que fornecesse” 20.
Alguns dos arquitectos pioneiros nesta matéria são sem dúvida Renzo Piano, Ken Yeang e Norman
Foster. Do ponto de vista urbano, Hammarby Sjostad em Estocolmo estabelece um padrão pioneiro
na implementação de novas medidas na cidade para o alcance de um impacto mínimo no meio
ambiente. Este eco-bairro baseia-se em critérios ambientais rígidos, onde a reconstrução em
terrenos industriais antigos permitiu uma revitalização do lugar. Por outro lado, dinamizam-se os
transportes públicos, rápidos e atractivos, diminuindo assim o coeficiente de poluição relacionado
com o uso do automóvel particular. No campo das energias, foi estabelecido um padrão exigente
relativamente à eficiência energética dos edifícios, bem como a utilização de energias renováveis,
biogás e reutilização do calor residual. Da mesma forma, novas tecnologias permitem um maior
controlo na utilização e reciclagem da água, assim como do lixo e outros resíduos.
Em Sutton (Reino Unido), foi desenvolvido o Beddington Zero (Fossil) Energy Development, mais
conhecido como BEDZED. O objectivo inicial, pretende utilizar 0% de combustíveis fósseis na
produção de energia, e produzir no próprio local a energia necessária na sua utilização. No entanto,
BEDZED é muito mais do que isso pois empenha-se também na sustentabilidade social, onde dois
terços da habitação é barata ou acessível economicamente. O empreendimento é constituído por
espaços desportivos, culturais e de lazer e por zonas que promovem emprego local e o alojamento
de empresas que pretendem aproveitar o potencial energético amigo do meio ambiente.
26
20
19
Relatório de Brundtland, 1987, Our Common Future, pag 16
Fernandes, Eduardo Oliveira, et al, 2009, Energias Renováveis, pag 13
Estado da Arte
Figura 4 - Esquema representativo do Conceito BedZed. Fonte: SAMANZOMORODI, 2012. Energy and Our Buildings, Disponível em < http://
saman3230.wordpress.com/2012/10/16/addington/ > Acedido em 02 de Fevereiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor.
Estas tipologias são conhecidas na Europa por Zero Carbon House, Zero Energy House, entre
outras, e caracterizam-se por possuírem um elevado nível de isolamento térmico, um reduzido
número de renovações de ar, recuperação de energia para fins de aquecimento ou arrefecimento,
uso das técnicas solares passivas e activas e janelas eficientes energeticamente.
Escolha dos Materiais
O conceito de zero energy house, sob o ponto de vista do Ciclo de Vida, apresenta uma “perspectiva
redutora, pois não contempla a energia a montante e a jusante do edifício pronto a operar” 21. Este
factor, denominado de energia ncorporada (embodied energy), é a energia usada desde a extracção
das matérias primas até às unidades de transformação, obra, e mesmo até à fase de desconstrução,
incluindo o transporte e excluindo a energia operacional.
Deste ponto de vista, “Goverse, considera que o incremento no uso de madeira na construção
poderia reduzir em 50% as emissões de CO2 na Holanda, e More, considera uma redução de 215%
da energia envolvida na construção de edifícios ao serem usados materiais locais” 22.
Pode-se considerar, que finalizado o edifício já foi utilizada energia equivalente a 10 anos do seu
funcionamento. Assim, é extremamente importante adequar a escolha dos materiais na construção
de forma a potenciar uma redução da quantidade de energia necessária na actividade da construção.
21
22
Oliveira,C; Reaes Pinto, Alberto. 2011, Características de Sustentabilidade de Materiais de Construção Renováveis, pag 65
Oliveira,C; Reaes Pinto, Alberto. 2011, Características de Sustentabilidade de Materiais de Construção Renováveis, pag 65
27
Estado da Arte
Por outro lado, o tempo de vida útil do edifício também condiciona a escolha dos materiais, ou seja,
uma maior durabilidade diminui a importância da energia incorporada. Isto significa, que do ponto
de vista sustentável, pode ser mais favorável a utilização de materiais com alto nível de energia
incorporada se isso permitir uma construção de maior longevidade.
Na escolha dos materiais, é também importante abordar a componente da reutilização e reciclagem,
no entanto, de um modo geral define-se os materiais locais provenientes da natureza como os
mais passíveis de serem reciclados e reutilizados. Pelo contrário, os materiais frequentemente
utilizados pela industria da construção não são concebidos na óptica do Ciclo de Vida e por isso
são potencialmente mais poluentes do solo, da água e do ar aquando da deposição em aterro ou
incineração.
Em contraposição surgem os materiais renováveis (renewable materials) que se destacam por
serem provenientes da agricultura e de origem vegetal, como por exemplo, a madeira, a cortiça, ou
o cânhamo. Para além de todas as vantagens enunciadas, estes materiais podem ser encontrados em
muitas regiões do globo, no entanto é importante perceber se os materiais naturais podem substituir
os sintéticos tendo em conta o tempo necessário de crescimento das culturas. De facto, a celulose
pode ser obtida a partir de culturas plurianuais em rotatividade com os cereais e outras agriculturas
o que define o miscanto, o linho e o cânhamo como alternativas viáveis na utilização para fins
construtivos.
Outra vantagem na utilização de produtos naturais relaciona-se com o conceito de “sequestrador de
carbono” presente tanto durante o ciclo de vida da cultura como no tempo de vida da construção,
tornando estes materiais aliados na mitigação dos efeitos das alterações climáticas.
Um material de referência neste sentido é o Cânhamo (Cannabis Sativa) e a partir das suas fibras
deriva um sem número de opções para a construção, desde os “painéis, blocos, módulos préfabricados, betão ou rebocos com altas performances isolantes, térmicas e acústicas” 23. Este
material recente, tem ganho um enorme sucesso, nomeadamente na utilização do betão leve de
cânhamo (hemp lime), em países de referência no campo da “sustentabilidade e construção
sustentável, como a França a Alemanha e o Reino Unido” 24.
O material é composto por agregados renováveis sequestradores de carbono, derivados de uma
planta de crescimento rápido e ligantes de cal hidráulica, de forma a potenciar uma solução leve
e dinâmica na utilização, podendo ser aplicado em paredes exteriores, isolamento de coberturas e
lajes de soleiras.
28
23
24
Oliveira,C; Reaes Pinto, Alberto. 2011, Características de Sustentabilidade de Materiais de Construção Renováveis, pag 71
Oliveira,C; Reaes Pinto, Alberto. 2011, Características de Sustentabilidade de Materiais de Construção Renováveis, pag 71
Estado da Arte
Energias Renováveis
A par da escolha e adequação dos materiais na actividade da construção, a inclusão de sistemas
e tecnologias de energia renovável é também um aspecto preponderante para o alcance da
sustentabilidade ecológica e consequente minimização do impacto ambiental. É fundamental, para
o futuro do planeta e da humanidade, eliminar o uso indiscriminado dos recursos fósseis seja para
produção de energia seja para outros fins. De facto, “A concentração de CO2 na atmosfera passou
a ser um indicador, mas também condição sine qua non do futuro. As consequências são para
serem interpretadas e assumidas” 25.
As alterações climáticas são hoje a maior ameaça ambiental a nível global com fortes consequências
para o ecossistema, para a saúde humana, para a qualidade e disponibilidade de água e para a
economia, tendo esta problemática sido abordada seriamente na Convenção Quadro das Nações
Unidas sobre Alterações Climáticas, CQNUAC, e no Protocolo de Quioto em 1997.
O futuro está nas energias renováveis e na democratização ao seu acesso e mais importante do
que perceber quais os sistemas e técnicas a adoptar é essencial perceber quais as necessidades
energéticas. Desta forma, o planeamento tonar-se substancial numa óptica que assume a integração
de sistemas, utilizando os avanços das tecnologias de informação valorizando o “matching de
oferta/procura” e potenciando os armazenamentos de todos os tipos em detrimento de uma “lógica
de autosuficiência heróica” 26.
Energia Solar
A energia solar é a energia contida na radiação electromagnética proveniente do sol e a utilização
de sistemas que permitem a sua produção apresentam um sem número de vantagens. Uma vez
que se trata de uma energia renovável, esta é ilimitada e gratuita. Para além disso, o processo de
captação e armazenamento através dos sistemas solares não alteram nem afectam as condições
naturais do clima nem do meio ambiente. A aposta neste tipo de sistemas potencia a diminuição do
aquecimento global ao mesmo tempo que valoriza a independência energética do ponto de vista
quer dos custos quer da autonomia em si. Os sistemas relacionados com a energia solar podem ser
divididos em: sistema solar térmico, sistema solar termoeléctrico e sistema solar fotovoltaico.
O sistema solar térmico permite a captação, transformação e armazenamento da energia solar para
posteriormente ser utilizada na resposta ás necessidades térmicas. Este sistema é essencialmente
utilizado no mercado doméstico, nomeadamente para o aquecimento das águas sanitárias, ou seja,
banhos, cozinha e máquinas de lavagem. Este tipo de sistemas são compostos por um colector solar
onde a radiação electromagnética proveniente do sol se transforma em energia térmica.
25
26
Fernandes, Eduardo Oliveira, et al, 2009, Energias Renováveis, pag 5
Fernandes, Eduardo Oliveira, et al, 2009, Energias Renováveis, pag 6
29
Estado da Arte
A placa absorsora transfere a energia térmica para um fluído, normalmente água com aditivos e
anticongelantes e este sistema aumenta a temperatura para valores acima da temperatura ambiente.
Posteriormente o fluído circula entre o colector e o depósito solar onde a energia é captada e
transferida num permutador e armazenada sob a forma de água quente pronta a ser utilizada. Os
sistemas deverão ser colocados em zonas orientadas a sul, sem sombra ao longo do ano de forma
a potenciar um maior rendimento. Os sistemas de termoelectricidade solar funcionam, em certa
medida, como as centrais de produção de energia convencionais onde a fonte de calor passa a ser
o Sol. A captação de energia solar é efectuada através da concentração de variados meios ópticos
com o fim de se atingirem temperaturas elevadas para o aquecimento de água ou aquecimento de ar,
que irão alimentar as turbinas das centrais. Neste processo, é efectuada a captação de energia solar
e transformada em calor e posteriormente convertido o esse calor em electricidade.
Os sistemas solares fotovoltaicos estão disponíveis em várias tecnologias, porém, o princípio base
consiste na conversão directa da luz do sol (fotões) em energia eléctrica. Neste sentido, quanto
maior for a radiação solar incidente maior será a corrente eléctrica. Estes sistemas apresentam um
sem número de vantagens, desde logo uma grande fiabilidade e moldurabilidade, utilização de
uma fonte de energia inesgotável, ausência de ruído e sem emissões de gases de efeito de estufa.
Tecnicamente, ao atravessar a “célula fotovoltaica, a energia contida nos fotões permite libertar
electrões dos átomos de silício, o que os torna disponíveis para condução. A existência de duas
zonas do material, uma onde existe um excesso de electrões e outra onde esses electrões estão
em défice cria uma barreira na zona de junção, permitindo que, ao fechar um circuito eléctrico
exterior através de contactos metálicos existentes nos extremos das zonas, possa haver fluxo de
electrões da zona onde existe excesso de cargas negativas para a zona onde há falta o que não é
mais do que uma corrente eléctrica...” 27.
Figura 5 - Solar Tree. Fonte: Ross Lovegrove, 2015. Disponível em <http://www.rosslovegrove.com/index.php/custom_type/solartree/?category=environment> Acedido em 13 de Março de 2015. Imagem manipulada pelo autor.
30
27
Fernandes, Eduardo Oliveira, et al, 2009, Energias Renováveis, pag 113
Estado da Arte
Energia Eólica
O ser humana aproveita a energia dos ventos à milhares de anos, desde a utilização dos moinhos
na agricultura até à utilização de barcos à vela. No entanto, hoje a tecnologia esta claramente mais
avançada tornando este tipo de sistemas bastante mais dinâmicos e eficazes na produção de energia
eléctrica.
Os parques eólicos começaram a ser instalados em larga escala no final do século XX na América,
no entanto, a partir dos anos 90 a Europa evidenciou-se “no âmbito do desenvolvimento tecnológico
com taxas de crescimento muito significativo” 28.
Hoje em dia, o aproveitamento do vento através de aerogeradores é um dos mais competitivos
sistemas de produção de energia com custos externos ambientais e sociais reduzidos. De facto as
turbinas eólicas tiveram um desenvolvimento tecnológico muito importante ao longo dos últimos 15
anos, quer em termos de potência unitária, quer em termos de dimensão. Este processo tecnológico
apresenta inúmeras vantagens, no entanto, apesar de uma aceitação pública considerável, existem
aspectos que devem ser adequados na sua instalação e utilização sob pena de se tornarem negativos,
nomeadamente ao nível do ruído, do impacto visual, ou da perturbação da vida animal (aves).
Existem vários tipos de aerogeradores, desde os aerogeradores de eixo vertical, aerogeradores de
uma pá e aerogeradores modernos. Do ponto de vista técnico, estes sistemas convertem a “energia
cinética do vento em energia mecânica utilizando pás com características aerodinâmicas adequadas
e posteriormente, em energia eléctrica...” 29, contudo, a produção de electricidade começa apenas
quando o vento atinge uma velocidade entre os 18 e o 20 km/h e chega à potencia nominal por volta
dos 46 km/h. Nesta fase, a produção de energia eléctrica mantém-se constante.
Existem actualmente variados sistemas de produção de energia de cariz renovável, como o
aproveitamento terrestre através da Geotermia, Biomassa, Biogás de Digestão, Biogás de Aterro
e Biodiesel, ou o aproveitamento das águas, através das Hídricas, Mini-Hídricas, e Oceanos. No
entanto, não existe intenção de abordar todos os sistemas neste trabalho.
Tratamento de Águas
O tratamento dos resíduos urbanos e das águas constitui um ponto fulcral para o alcance de um
caminho sustentável e neste ponto de vista, a arquitectura desempenha um papel importante uma
vez que deve ser sensível a este tipo de questões, seja ao nível do seu conceito seja na inclusão de
sistemas e técnicas ecológicas.
28
29
Fernandes, Eduardo Oliveira, et al, 2009, Energias Renováveis, pag 210
Fernandes, Eduardo Oliveira, et al, 2009, Energias Renováveis, pag 220
31
Estado da Arte
Figura 6 - Esquema de um leito com macrófitas emergentes de escoamento superficial. Fonte: FBDS. Disponível em <http://www.fbds.org.br/
Apresentacoes/Controle_Qualid_Agua_Wetlands_ES_out06.pdf> Acedido em 10 de Fevereiro de 2015. Imagem manipulada pelo autor.
Figura 7 - Esquema de um leito com macrófitas emergentes de escoamento subsuperficial. Fonte: FBDS. Disponível em <http://www.fbds.org.br/
Apresentacoes/Controle_Qualid_Agua_Wetlands_ES_out06.pdf> Acedido em 10 de Fevereiro de 2015. Imagem manipulada pelo autor.
Actualmente, os leitos de macrófitas são uma solução técnica cada vez mais utilizada e relevante
que obedece aos pressupostos da sustentabilidade para o tratamento biológico de efluentes,
nomeadamente em pequenos aglomerados. Este sistema, consiste na criação de zonas húmidas
que configuram um habitat propicio ao desenvolvimento de comunidades de microrganismos, pela
diversidade de nichos físicos e biológicos nele existentes. As comunidades biológicas presentes
no leito são responsáveis pela remoção da matéria orgânica solúvel presente, traduzindo-se num
sistema de baixo custo financeiro e de baixa manutenção. Estas valências permitem ainda um
potencial alargado ao nível da imagem e integração paisagística, apesar disso, é essencial que a
vegetação esteja morfologicamente adaptada a crescer e viver em solos saturados. As espécies de
macrófitas aquáticas emergentes mais utilizadas são os caniços (Phragmites australis), os juncos
(Scrirpus lacustris) e as espadanas (Typha latifolia).
O conceito base na utilização destes sistemas visa “reconstruir as propriedades existentes nos
sistemas naturais, sendo constituída por um leito, geralmente impermeabilizado por recurso a
argila ou geomembrana para impedir a infiltração no solo, que é posteriormente preenchido com
água ou um meio de enchimento poroso” 30.
Segundo Kadlec, os leitos de macrófitas podem ser classificados em dois grupos conforme a forma
de escoamento :
- Escoamento superficial, em que o efluente escoa através de um leito preenchido com água
e plantas aquáticas;
- Escoamento subsuperficial, em que o efluente escoa através de um leito preenchido com
um meio poroso (geralmente gravilha), que apresenta na superfície plantas macrófitas.
32
30
Galvão, Ana. Matos, José, 1987, A Contribuição da Evapotranspiração no Tratamento de Águas Residuais Através de Leitos
de Macrófitas, pag 54
Estado da Arte
No entanto, hoje em dia é possível encontrar soluções híbridas, onde existe a composição de um ou
vários leitos do tipo subsuperficial juntamente com uma lagoa de escoamento superficial.
De forma geral, os leitos de macrófitas apresentam variadas vantagens em relação aos sistema de
tratamento mais convencionais, ou seja, aliado ao baixo custo e baixa manutenção, não existe a
necessidade de inspecção e controlo de forma assídua, não é necessário pessoal especializado para
a manutenção e operacionalização das infra-estruturas, o sistema depende de energias renováveis,
como a energia solar, a energia eólica, a energia química da precipitação, da água superficial e
subterrânea e a energia potencial armazenada na biomassa e no solo (Kadlec e Knight, 1996). Por
outro lado são potenciados novos dinamismos ao nível dos ecossistemas que permitem uma boa
integração paisagística.
Apesar disto, os leitos de macrófitas estão sujeitos ás mais variadas condições climatéricas, “as
quais podem influenciar de forma significativa o desempenho do leito através do balanço de água
ao sistema” 31. Por outro lado, se o sistema estiver ligado a fossas sépticas ou se a constituição
do efluente for bastante orgânica, podem sentir-se maus cheiros nos dias mais quentes. Os leitos
devem ser dimensionados e adequados ao local em si de forma a eliminar problemas operacionais
relacionados com os caminhos preferenciais de escoamento e a problemas na colmatação do meio
de enchimento que pode conduzir ao afloramento de água à superfície do leito.
Sistemas Activos e Passivos
Os avanços tecnológicos das ultimas décadas, permitiram a criação dos mais variados sistemas
técnicos com vista a um futuro mais sustentável, desde os sistemas de produção de energia
renovável, de racionalização de água e electricidade, de climatização e controlo de iluminação,
entre outros. Estes produtos artificiais denominam-se por sistemas activos.
Por outro lado, esta vasta gama de técnicas não proporciona, por si só, que um local ou edifício seja
realmente ecológico e sustentável. Para além da escolha e adequação dos materiais, é necessário
conhecer a realidade física e morfológica do local, assim como ter consciência sobre o impacto
dos factores naturais, uma vez que estes podem condicionar e afectar, positiva ou negativamente,
o desempenho da estrutura projectada. O incremento do conforto, seja no edifício ou na cidade,
através do controlo de métodos naturais denomina-se por sistemas passivos.
Como referido, é fundamental conhecer a geografia física do local para assim tirar partido das
condicionantes ambientais e projectar tendo em consideração a “orientação solar, oscilação da
temperatura local, movimento do ar e do vento, percentagem de humidade local, vegetação,
tradição construtiva e percentagem de luz local, de modo a potenciar, no projecto, as componentes
que possibilitam o arrefecimento, aquecimento, ventilação, luminosidade, entre outros...” 32.
31
Galvão, Ana. Matos, José, 1987, A Contribuição da Evapotranspiração no Tratamento de Águas Residuais Através de Leitos
de Macrófitas, pag 55
32
Fernandes, Eduardo Oliveira, et al, 2009, Energias Renováveis, pag 72
33
Estado da Arte
Figura 8 - Esquiço inicial sobre a integração dos sistemas activos na proposta de intervenção . Imagem do autor.
Estes factores, se forem tidos em conta na fase de projecto, podem contribuir para um maior sucesso
da solução quer do ponto de vista do conforto, quer do impacto ambiental decorrente da utilização
durante o tempo de vida útil do edifício ou espaço. Contudo, a sensibilidade para estas questões não
elimina a necessidade de inclusão dos sistemas artificiais, e assim, os sistemas integrados, sistemas
passivos juntamente com sistemas activos, constituem uma enorme vantagem para a optimização
do conforto reduzindo as consequências para o meio ambiente.
Futuro
O mundo continua atento e preocupado com o meio ambiente e estudos recentes definem um futuro
cinzento no que diz respeito ás consequências prováveis que derivam do impacto na mãe-natureza
pelas actividades do homem. Muito mais deve ser feito, e o ser humano encontra-se hoje numa
luta contra o tempo para sarar, ou pelo menos minimizar, as feridas causadas no planeta que se
revelam catastróficas sob o efeito dos mais variados fenómenos. No entanto, “é preciso evitar, com
efeito, que o ecológico não se faça em prejuízo do social, em particular para as camadas socais
modestas, periurbanas e suburbanas” 33, o que torna o projecto sustentável um processo complexo
que engloba diferentes matérias bastante sensíveis entre si.
34
33
Asher, François. 2012. Novos Princípios do Urbanismo, pag 161
Estado da Arte
O European Green Capital é um prémio criado e atribuído anualmente pela União Europeia para
as cidades que revelem um maior empenho na optimização dos recursos e esforços na melhoria da
qualidade de vida dos seus habitantes. Porém, o conceito “green” evidencia uma clara atenção ás
medidas que eliminem o impacto negativo provocado pelas actividades urbanas.
A primeira cidade premiada foi Estocolmo em 2010, seguindo-se Hamburgo, Vitoria-Gasteiz,
Nantes, Copenhaga, e finalmente Bristol em 2015. Tanto o prémio em si como os incentivos e apoios
que dele derivam, demonstram a constante preocupação desta temática bem como o estímulo para a
evolução de técnicas e sistemas que permitam uma melhor relação com o planeta. Paralelamente ao
que se passa na Europa, surgem em todo o mundo novos projectos sustentáveis, quer de edificado
em si ou de carácter urbano, numa escala cada vez maior.
Masdar City é um dos exemplos mais extremos, e esta cidade dos Emirados Árabes Unidos
desenhada no seu grande plano pelo atelier Foster and Partners propõem-se a ser a primeira cidade
do mundo com 0% de emissões de CO2.
Figura 9 – Maquete virtual do plano de Masdar city. Fonte: Foster + Partners, 2007. Disponível em < http://www.fosterandpartners.com/projects/
masdar-development/>, Acedido em 15 de Outubro de 2013. Imagem manipulada pelo autor.
35
Projectos de Referência
Hammarby Sjostad - Stockholm
Figura 10 – Vista aérea sobre Hammarby Sjostad. Fonte: Ola Ericson/imagebank.sweden.se, Maio de 2011. Imagem manipulada pelo autor.
Hammarby Sjostad localiza-se a sudoeste de Estocolmo, na Suécia, e consiste num bairro
habitacional planeado para uma integração ambiental com objectivos definidos muito exigentes.
Uma vez que se trata de um dos maiores planos de cidade sustentável do mundo, e um dos mais
bem sucedidos, Hammarby Sjostad é visitada todos os anos por mais de 10000 pessoas, desde
turistas até aos especialistas em ecologia, sustentabilidade ou energia. Trata-se de uma área com
cerca de 200 hectares, dos quais 40, são constituídos por água e que inspirou o projecto e o seu
nome devido á proximidade da zona com o lago Hammarby Sjo.
Este projecto sustentável tem como base um antigo local contaminado de terrenos industriais e
responde a critérios ambientais muitos rígidos que abrangem não só o edificado mas também as
instalações técnicas e o próprio sistema de tráfego. Objectivamente, existe a meta de reduzir em
50% o impacto ambiental, tendo como referência uma área construída nos anos 90, e a criação de
edifícios duas vezes mais amigos do ambiente com base na mesma referência.
“A arquitectura é moderna, focada em materiais sustentáveis como o vidro, madeira,
ferro e pedra e o solo ser completamente descontaminado antes do início da construção”
(GlashusEtt, 2007: 10)
Quando concluído, em 2015, segundo GlashusEtt, este novo bairro será constituído por um total de
11000 edifícios e todas as infra-estruturas necessárias para albergar 25000 habitantes, porém, crêse que cerca de 35000 pessoas irão habitar e trabalhar em Hammarby Sjostad.
36
Projectos de Referência
Então, a cidade de Estocolmo define os seguintes objectivos ambientais para Hammarby Sjostad:
Uso do Solo: reabilitação sanitária, reutilização e transformação de antigos terrenos abandonados
em espaços residenciais atraentes, com belos espaços públicos verdes;
Transportes: transportes públicos rápidos e atractivos, combinados com “carpooling” e agradáveis
ciclovias, de forma a reduzir o uso do transporte privado e toda a poluição que dele deriva;
Materiais de Construção: utilização de materiais amigos do ambiente e ecológicos, saudáveis e
secos tais como a madeira, o vidro, a pedra e o ferro;
Energia: utilização de combustíveis renováveis e biogás assim como reutilização do calor residual,
tudo isto associado a novos padrões de eficiência energética nos edifícios;
Água e Esgotos: o mais limpos e eficientes possíveis, tanto no input como no output, utilizando
novas técnicas de poupança de água e tratamento dos esgotos;
Resíduos: separação exaustiva em termos práticos com os materiais e a energia a serem reciclados
sempre que possível;
Modelo e Dinâmicas de Hammarby Sjostad:
Figura 11 - Esquema do ciclo ecológico de Hammarby Sjostad. Fonte: GlashusEtt de 2007. Imagem manipulada pelo autor.
37
Projectos de Referência
Figura 12 - Imagem ilustrativa das dinâmicas do bairro. Fonte: Marie-Neige Roux, 2013. Les Temps Changent, Disponível em <http://les-tempschangent.com/quest-ce-que-le-design-thinking/> Acedido em 05 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor.
Podemos então verificar através destas duas imagens que a política e as técnicas ambientais se
aplicam em Hammarby Sjostad a vários níveis. A preocupação primordial é a mãe natureza e o
impacto negativo do homem sobre ela, e por isso mesmo, neste projecto optou-se por conservar a
natureza do local e toda a sua vegetação existente.
Foram criados novos espaços públicos verdes conectados entre sim por corredores natura ligados
aos parques e jardins. Estes novos percursos pedonais satisfazem as necessidades primárias
de deslocação dos habitantes nas suas rotinas diárias, motivando-os, através da inclusão de
biodiversidade nestes mesmos caminhos. Existe também o conceito de “cidade saudável”, ou seja,
a criação de espaços e dinâmicas que permitem a prática desportiva e de exercício físico de forma
a diminuir os níveis de sedentarismo das pessoas. No entanto, os projectistas e pensadores de
Hammarby Sjostad consideram que “A variedade de diferentes tipos de actividade cultural são
também importantes em termos de saúde global.” 34, e por isso mesmo, foram também concebidos
novos espaços culturais para serviço da população.
No plano dos transportes houve a intenção de conectar as linhas de metro e autocarros, com os
ferry-boats, e os interfaces de carpooling de forma a minimizar a utilização do automóvel pessoal.
Mesmo assim, todos os transportes públicos obedecem aos requisitos ambientais globais definidos
para o plano em si.
Durante a execução e construção do bairro serão efectuadas inspecções ecológicas periódicas
de forma a verificar em que condições é efectuada a descontaminação do solo, a reciclagem
dos materiais, a utilização dos materiais sustentáveis, e assim, inspeccionar se os objectivos e
pressupostos são cumpridos. No plano energético são aplicadas várias técnicas para obtenção
de energia de uma forma sustentável, desde a utilização de painéis fotovoltaicos na cobertura e
turbinas eólicas, até à produção de energia através das centrais de tratamento de resíduos e biogás
através do processamento de resíduos orgânicos.
38
34
GlashusEtt, 2007, Hammarby Sjöstad– a unique environmental project in Stockholm, pag 15
Projectos de Referência
A água é actualmente um bem precioso e cada vez mais escasso e por isso merece toda a atenção
dispensada neste plano. Assim, existe o compromisso em reduzir para 100 litros por dia o gasto
médio de água por pessoa no bairro através de novos sistemas de poupança. O tratamento das águas
é fundamental e neste caso vários objectivos foram também definidos, como por exemplo, 95% do
fósforo proveniente das águas sujas é utilizado na agricultura, 50% dos metais pesados presentes na
água devem ser eliminados, as águas pluviais estão conectadas com o sistema central de tratamento
de águas e não com o sistema de esgotos, as águas são tratadas em sistemas presentes no local,
entre outros. Desta forma, as águas pluviais são tratadas e filtradas no local e encaminhadas para os
canais de recolha que atravessam todo o bairro.
Todos os resíduos são intensamente separados e o processo de recolha é também amigo do meio
ambiente, ou seja, através de canais subterrâneos foi possível retirar das ruas centenas de camiões
de recolha e eliminar os habituais contentores de lixo convencionais e todos os problemas de saúde
associados. Tudo isto permite um ambiente mais limpo e um ar mais saudável.
A escolha de Hammarby Sjostad como caso de referência está relacionada com os aspectos técnicoconstrutivos, sistemas e metodologias que contribuem para a diminuição dos impactos maléficos
no meio ambiente produzidos pela cidade e pelo homem. Embora o ambiente do trabalho seja
diferente, dado que no caso de estudo se trata de um centro histórico, é necessário ter como base
um projecto com provas dadas no domínio da sustentabilidade e ecologia. Hammarby Sjostad, é
para já, um dos grandes exemplos a nível mundial onde foi possível aplicar todas estas técnicas
ecológicas, e mais importante, onde se consegue verificar a eficiência das mesmas. Por outro lado,
apesar de serem duas realidades completamente diferentes, a escala é comum, sendo que todos
estes sistemas e dinâmicas podem ser adaptados ao caso de estudo e ao seu ambiente próprio.
Então, é extremamente necessário ter este caso como referência de ordem técnica e de pensamento
ecológico de forma a transportar toda a sua eficácia prática para a ideia proposta no caso de estudo.
Figura 13 - Sistema de recolha de resíduos aplicado em Hammarby Sjostad. Fonte: EnvacGroup, 2014. Disponível em <http://www.envacgroup.
com/news-and-media/press_images/system_illustrations> Acedido em 7/02/ 2014. Imagem manipulada pelo autor.
39
Projectos de Referência
Figura 14 - Vista de Hammarby Sjostad. Fonte: TENGBOM, 2014. Disponível em <http://www.tengbom.se/en-US/projects/61/hammarby-sjostad>
Acedido em 6 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor.
Figura 15 - Vista de Hammarby Sjostad. Fonte: TENGBOM, 2014. Disponível em <http://blog.cpgcorp.com.sg/?p=2930> Acedido em 7 de Janeiro
de 2014. Imagem manipulada pelo autor.
Figura 16 - Sistema de recolha de resíduos aplicado em Hammarby Sjostad. Fonte: EnvacGroup, 2014. Disponível em <http://www.envacgroup.
com/news-and-media/press_images/system_illustrations> Acedido em 7/02/ 2014. Imagem manipulada pelo autor.
40
Projectos de Referência
Masdar City - Emirados Árabes Unidos
Figura 17 – Maquete virtual do plano de Masdar city. Fonte: Foster + Partners, 2007. Disponível em < http://www.fosterandpartners.com/projects/
masdar-development/>, Acedido em 15 de Outubro de 2013. Imagem manipulada pelo autor.
Masdar City é uma nova cidade universitária, planeada com o objectivo de cumprir requisitos
ambientais muito rígidos. Esta nova eco-cidade localiza-se nos Emirados Árabes Unidos próximo
de Abu Dhabi e ocupa uma área de 640 hectares. O plano é da autoria do atelier Foster and Partners
que combina as mais avançadas tecnologias com os conceitos das cidades e medinas árabes da
antiguidade de forma a satisfazer as novas exigências sociais, económicas e ambientais que se
colocam nos dias de hoje. Os propósitos principais são criar uma cidade “carbon-zero”, ou seja,
neutra em emissões de CO2 e com uma taxa desperdício de resíduos praticamente nula. O projecto
já se encontra numa fase avançada de construção, no entanto, as previsões para a conclusão total
do projecto têm adiantado a data, reflexo da crise económica mundial. Porém, a zona central já
se encontra em funcionamento, como é o caso do “Masdar Institute of Science and Technology”.
A cidade deverá tornar-se num centro avançado de pesquisa no que toca ao desenvolvimento de
tecnologias de energia renovável e produção de energia limpa, assim como outros tipos de soluções
amigas do meio ambiente. Apesar da tecnologia de vanguarda associada a estes sistemas, o desenho
do grande plano da cidade baseou-se em várias características das antigas cidades do médio
oriente. De facto, é fundamental perceber como se resolviam os problemas relacionados com este
local nas cidades tradicionais, como por exemplo, as altas temperaturas que se fazem sentir, e
verificar se essas mesmas técnicas permitem responder aos níveis de conforto hoje exigidos pelos
habitantes. Ao contrário do que aconteceu no desenvolvimento e concepção de outras cidades do
médio-oriente, em Masdar City existiu essa preocupação em pesquisar o passado, reflectindo no
projecto, técnicas tradicionais que permitiram diminuir as necessidades de infra-estruturas técnicas
de climatização e refrigeração, evitando os seus contributos negativos para o meio-ambiente.
41
Projectos de Referência
Figura 18 – Perfil de rua virtual em Masdar City. Fonte: Foster + Partners, 2007. Disponível em < http://www.fosterandpartners.com/projects/
masdar-development/>, Acedido em 15 de Outubro de 2013. Imagem manipulada pelo autor.
42
Projectos de Referência
A figura anterior reflecte algumas das posições tomadas para a concepção da cidade e que são
completamente antagónicas em relação aos actuais centros urbanos. Desta forma, o trafego pedonal
é completamente separado do transito mecânico, que acontece no subsolo, através dos transportes
públicos em massa e dos sistemas de PRT (personal rapid transit), ou seja, veículos eléctricos
singulares e automáticos que circulam por toda a cidade e a conectam com locais no exterior.
Todas as infra-estruturas necessárias para o abastecimento da cidade, também se localizam nos canais
subterrâneos criados para o efeito, seja o abastecimento de água, electricidade ou comunicações
como o sistema de recolha de resíduos. Ainda relacionado com o sistema de transportes, o plano
define claramente uma distribuição das zonas comerciais e económicas em diversos núcleos, de
maneira a que nenhum habitante fique distante mais de 200 metros em relação aos interfaces de
transportes.
Todos estes factores fazem com que o ambiente à superfície seja de extrema qualidade, e os longos
caminhos pedonais que se estendem por toda a cidade tornam-se desprovidos da poluição e do
ruído dos automóveis, bem como dos restantes perigos associados ao transporte mecânico.
Os percursos pedonais foram desenhados para se tornarem atractivos e convidativos para a
população se deslocar nas suas tarefas diárias. Algumas das particularidades verificadas nas
medinas da antiguidade e que foram reproduzidas no plano são exactamente as características do
desenho das ruas. Os percursos são estreitos e compridos, normalmente com 3m de largura e 7m
de comprimento para facilitar a passagem do ar que combinados com percursos de água tornam o
ambiente mais fresco e agradável. Mesmo os alinhamentos da cidade têm em conta este factor e a
sua disposição norte-sul, pretende o aproveitamento das brisas frescas vindas do mar de forma a
amenizar as altas temperaturas que se fazem sentir no meio do deserto.
Figura 19 – Interface de transportes e os PRT. Fonte: Foster + Partners, 2007. Disponível em < http://www.fosterandpartners.com/projects/masdardevelopment/>, Acedido em 15 de Outubro de 2013. Imagem manipulada pelo autor.
43
Projectos de Referência
A edificação de Masdar City também foi planeada por fases de construção de forma a evitar um
crescimento urbano disperso de baixa densidade. Como todo o projecto assenta em conceitos de
sustentabilidade, a primeira fase diz respeito á construção da maior central de painéis solares do
planeta, que suporta as necessidades energéticas para a construção do edificado e todas as infra
estruturas necessárias. Como é evidente, a energia solar é um recurso primordial nesta zona do
globo onde a incidência solar é extremamente relevante.
Ainda no plano energético, foi criada uma estrutura verde em redor da cidade de forma a criar
matéria prima para a produção de biocombustíveis com o objectivo de substituir os combustíveis
petrolíferos. Por outro lado, esta cintura verde permite também contribuir como um amenizador
climatérico. Masdar City foi planeada para cerca de 50 000 pessoas, no entanto prevê-se que possa
chegar aos 100 000 habitantes, numa estrutura destinada em 30% à habitação, 24 % para escritórios
e investigação, 13 % destinado a zonas comerciais, 6% para universidades e edifícios de apoio, 19%
para serviços e infra-estruturas de transportes e finalmente 8% para edifícios culturais e cívicos.
Em suma, pretende-se a construção de uma cidade universitária, altamente densificada e de usos
mistos, voltada para a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias relacionadas com a produção de
energia amiga do meio-ambiente, mesmo tempo que, existe o objectivo de que a cidade seja autoeficiente, ecológica e sem desperdícios energéticos.
Porém, Masdar City, torna-se referência não só do ponto de vista técnico-construtivo, mas também
com a condição conceptual enunciada no plano, ou seja, olhar para o passado e para as cidades da
antiguidade e verificar como podemos adaptar os sistemas avançados e eficazes de hoje às técnicas
ecológicas tradicionais.
Figura 20 – Vista virtual do City Centre de Masdar city. Fonte: LAVA Architects, 2008. Disponível em < http://www.l-a-v-a.net/projects/masdarcity-centre/>, Acedido em 08 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor.
44
Projectos de Referência
Figura 21 – Maquete virtual do plano de Masdar city. Fonte: Foster + Partners, 2007. Disponível em < http://www.fosterandpartners.com/projects/
masdar-development/>, Acedido em 15 de Outubro de 2013. Imagem manipulada pelo autor.
A relação entre as técnicas da antiguidade e os sistemas tecnológicos actuais, permite que a
temperatura média em Masdar City seja 10 graus celsius mais baixa do que na cidade de Abu
Dhabi, e nas restantes cidades do médio oriente que se limitaram a importar as técnicas construtivas
e modelos das cidades ocidentais.
É evidente que, à primeira vista, o caso de estudo nada tem a ver com esta referência, porém, se
analisarmos mais profundamente verificamos que Masdar City estuda as ultimas tecnologias de
vanguarda ecológica e as engloba num novo local urbano baseado em muitos aspectos nas cidades
tradicionais da zona em questão. Então, no caso de estudo, já estamos perante uma estrutura urbana
tradicional, o centro histórico de Viana do Castelo. Esta base de trabalho engloba um sem número
de técnicas tradicionais e vernaculares que deverão ser dissecadas e aprimoradas com os sistemas
tecnológicos utilizados em Masdar, não todos como é certo, mas aqueles que podem ser adaptados
á realidade do caso de estudo. Como já foi referido, tanto em Masdar City como no centro histórico
de Viana do Castelo, “ Os métodos de desenho sustentável proporcionam ao arquitecto uma
oportunidade para reintegrar saberes que foram relegados no século passado...” 35.
Por outro lado, é necessário perceber como todos estes sistemas de transportes, de produção de
energia ou de tratamento de resíduos podem interagir com a arquitectura e o plano de Masdar
City é uma optima referência neste aspectos. Existem vários tipos de soluções aplicados, uma vez
que, existiram vários arquitectos a trabalhar em conjunto seja em áreas comuns como em zonas e
aspectos distintos desta nova estrutura urbana. Evidentemente, que é impossível deixar de enunciar
o contributo de Sir Norman Foster, arquitecto referência a nível mundial, que concedeu a Masdar,
uma linguagem arquitectónica muito própria que soube interpretar os valores do passado.
35
Ordem dos Arquitectos, 2001. A Green Vitruvius , pag 1
45
Projectos de Referência
Plano de Pormenor da Recuperação da Zona Sinistrada do Chiado
Figura 22 – Vista do incêndio do Chiado, 1988. Fonte: Jornal Publico Online, 2013. Disponível em < http://www.publico.pt/temas/jornal/ointerprete-ideal-26981924>, Acedido em 10 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor.
O plano de pormenor para a recuperação da zona sinistrada do Chiado é, sem dúvida, uma referência
incontornável no âmbito da recuperação e salvaguarda em ambientes históricos. Embora o plano
nos aponte para o ano de 1989 e já tenha sido enunciado e debatido enumeras vezes, a última
previsão da conclusão total das obras apontava para o ano de 2014 (Revista Comércio de Lisboa,
nº124. p37. Julho de 2013). No entanto, a escolha deste plano pormenor de recuperação, como caso
similar de referência, prende-se com o facto de se ter confirmado como um forte caso de sucesso,
embora muito recentemente, pois o projecto tem sido questionado ao longo dos anos no que toca
ás opções tomadas. As chamas destruíram (total ou parcialmente) ao longo da Rua do Carmo,
Nova do Almada e Garret, que se confrontam em frente aos antigos Armazéns do Chiado, um total
de 17 edifícios. Todos eles são do tipo Pombalino com a excepção do Chiado e Grandella, muito
embora tenha surgido ao longo dos tempos alterações introduzidas nas fachadas deste edificado.
Na época, anos 80, esta era uma zona em decadência, devido não só à dificuldade em conversão e
adaptação dos espaços comercias que se tornaram pouco atractivos em relação aos novos centros
comerciais, mas também resultado da quase inexistência do uso habitacional, protagonizando um
espaço abandonado e inseguro. Tornou-se então extremamente urgente a estruturação de um plano
para a recuperação da zona sinistrada do Chiado, que viria ficar a cargo do arquitecto Álvaro Siza.
46
Projectos de Referência
Figura 23 – Vista da Rua do Carmo, Chiado, cidade de Lisboa. Fonte: Foto do autor, Outubro 2013.
A intervenção de Álvaro Siza pretende recuperar todos s valores tracionais e características do
Chiado com o fim de manter a identidade e autenticidade do lugar, independentemente de lhe aferir
novas dinâmicas e condições. Para o arquitecto, este não era um trabalho de confronto entre o
tradicional e o moderno, fundamentando “E eu julgo que a parte mais importante daquele trabalho
era exactamente a de procurar dar sentido ao encontro com a topografia difícil e estabelecer, ou
nalguns casos restabelecer, as relações com as zonas envolventes” (Álvaro Siza, 2013).
Porém, vários princípios orientadores foram estabelecidos pela Câmara Municipal de Lisboa
como a necessária resposta às necessidades dos utentes, moradores e trabalhadores promovendo
simultaneamente a revitalização de toda a área do Chiado. A necessidade de considerar o carácter
histórico do edificado e de valor inequívoco de forma a manter as fachadas e respeitar as volumetrias.
Considerar um novo uso das áreas para estimular o regresso das empresas ao local assim como
a definição de 30% a 40% do índice de ocupação para habitação de qualidade diversificada,
predominando as tipologias T1 e T2. Definir estratégias para reduzir as solicitações de transito para
serviço das actividades locais e ao mesmo tempo prever estacionamento para a população residente
e as actividades anteriormente referidas. Outra principio a fomentar seria melhorar a condição de
interligação da Baixa Pombalina com o Bairro Alto, como também o próprio arquitecto refere. De
facto, Álvaro Siza afirma inumeras vezes que teve um grande apoio em várias posições tomadas,
uma vez que as exigências impostas pelo município iam de encontro com o que ele próprio achava
que deveria ser feito na reconstrução do Chiado, como se verifica na seguinte afirmação, “Eu posso
referir o seguinte: toda a gente queria escritórios, e uma das decisões da Câmara era repor a função
de habitação, [cuja ausência foi] considerada, e bem, uma das causas da dimensão do desastre”
(Álvaro Siza, 2013).
47
Projectos de Referência
O plano de pormenor da recuperação da zona sinistrada do Chiado reflecte então algumas alterações
em relação aquilo que era o local antes do incêndio, nomeadamente ao nível das circulações e nos
aspectos definidos no programa referente ás acessibilidades e tratamento da frente comercial. No
entanto, e como já foi referido anteriormente, foi privilegiada a manutenção do valor ambiental,
histórico e arquitectónico de toda a zona.
No plano das circulações foram introduzidas novas relações no local, agora é possível que espaços
interiores dos quarteirões tenham uma relação directa com a rua. Em alguns destes casos, pensa-se
que essa relação já teria existido anteriormente como nos relata o arquitecto. “Há uma escada nova
que desce para a Rua do Crucifixo que se calhar existiu, porque o que se descobriu com o incêndio
é que a largura daquela escada estava ocupada pelos Armazéns do Chiado, mas era um acrescento.
Tanto que, demolido, apareceu a verdadeira fachada” (Álvaro Siza, 2013).
Assim, foi aberto um percurso sob a forma da escadaria entre as Ruas do Crucifixo e a Rua Nova
do Almada, bem como a criação de um percurso pedonal entre as traseiras dos edifícios com frente
para a Rua Garrett e a Rua do Carmo que permite um acesso à porta lateral Sul da Igreja do Carmo.
Segundo o arquitecto, foi possível acordar com a gestão metropolitana o local para a saída no
Chiado, que se feio a efectivar na Rua do Crucifixo e que levou a uma forte dinamização deste
local. Com efeito, “...a Rua do Crucifixo, que era uma rua de serviço, uma rua pobre, vamos dizer
assim, passa a ser a rua por onde se entra e sai do Chiado.” (Álvaro Siza,2013).
Foram ainda introduzidas medidas relativas ao trânsito automóvel bem como ao nível do
parqueamento tornando a zona claramente mais atractiva. A rua do Carmo foi aberta ao trânsito,
de forma controlada e para veículos ligeiros, e por outro lado, foram projectados parques de
estacionamento cobertos com localizações estratégicas de forma a beneficiar os moradores e
comerciantes do Chiado.
Figura 24 - Ortofotomapa da zona do Chiado com a marcação do edificado destruído pelo incêndio de 1988. Fonte: Google Maps, Digital Globe,
2014. Imagem manipulada pelo autor.
48
Projectos de Referência
Figura 25 – Vista da escadaria que liga as Ruas do Crucifixo e Nova do Almada, Chiado. Fonte: Carla Lourenço, Universidade Técnica de Lisboa,
2014. Disponível em < http://home.fa.utl.pt/~al066508/3.jpg> Acedido em 10 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor.
Do ponto de vista da linguagem arquitectónica, o plano articula os usos anteriores ao incêndio com
os novos conteúdos programáticos para possibilitar a conservação e a reestruturação das fachadas
numa perspectiva da manutenção da linguagem própria do edificado. Assim, foram mantidas as
características arquitectónicas originais e seleccionadas as alterações presentes. Foi necessário
fazer um levantamento exaustivo sobre a tipologia Pombalina e as regras do seu desenho, no
entanto, Álvaro Siza considera que foi bem mais do que isso, pois foi extremamente necessário
desenhar e propor uma imagem para todos os elementos que não existiam na altura e que tinham
que ser integrados. “Agora sim, a procura foi que os elementos novos não pusessem em questão
o espírito da arquitectura pombalina. Para dar um exemplo: esses quadros onde estão os furinhos
para falar e o ecrã da televisão, em vez de serem máquinas colocadas, há um espelho que unifica
tudo e é instalado, não de frente, mas na espessura das ombreiras das portas.” (Álvaro Siza, 2013).
Ainda em relação ao edificado, regra geral, foram mantidas as cérceas existentes dos edifícios
bem como as cotas de piso de todas as construções recuperadas e reconstruídas. Também houve a
preocupação em melhorar a salubridade dos edifícios o que levou à demolição de muitos elementos
colocados clandestinamente, sem regra e que punham em causa não só salubridade mas também a
própria linguagem arquitectónica do edificado.
Num plano mais técnico-construtivo, foi necessário implementar alterações ao nível das condições
de segurança e conforto de todo o edificado, fosse ele reconstruído ou recuperado. Houve a
preocupação na selecção dos materiais e técnicas construtivas e dos sistemas distributivos utilizados,
para que fosse possível respeitar os níveis de conforto exigidos evitando qualquer tipo de alteração
da imagem arquitectónica da fachada.
49
Projectos de Referência
Em resumo, tanto o arquitecto como o próprio município de Lisboa pretendem a revitalização da
zona do Chiado e a introdução de novas dinâmicas que permitem estimular não só a zona em si,
como também a zona da Baixa Pombalina e do Bairro Alto. Esta condição de charneira do Chiado
na ligação das duas zonas anteriormente enunciadas, sugerem ao arquitecto, a reconstrução destas
relações num local de topografia bastante difícil e particular.
Apesar disso, Álvaro Siza pretende a revitalização do local com base na continuidade, na manutenção
da autenticidade histórica e formal. Quando questionado sobre a possibilidade e incentivo á ruptura
de que foi vitima na época, o arquitecto considera “…que não era caso para isso, acho que os
arquitectos têm tanta oportunidade de fazer o “moderno” na periferia das cidades que não faz
sentido essa ânsia em sítios onde não interessa.” (Álvaro Siza, 2013). Assim, o plano de pormenor
para a recuperação da zona sinistrada do Chiado é enunciado como projecto de referência dado
todo este conceito de manutenção e conservação do património edificado. Também no caso de
estudo, existe o objectivo de manter a autenticidade do local, como se denomina muita vezes,
a memória do lugar. No entanto, esta é uma posição tomada segundo um contexto histórico e
urbano, que não despreza os outros tipos de intervenção, seja ela de ruptura ou não. Porém, dadas
as características do tecido urbano do centro de histórico de Viana do Castelo, foi definido como
principio orientador a inclusão e adaptação de novas técnicas e sistemas ecológicos, que permitam
melhorar o ambiente não pondo em causa a imagem do lugar, tal e qual o Chiado. Afinal de contas
“...se se constrói, numa zona antiga, um edifício que tem um desempenho importante na cidade, é
por natureza - e a arquitectura não pode evitar isso - que esse edifício se destaca, emerge e inclui
uma nova linguagem, eventualmente. Agora, se a intervenção é numa célula de um tecido - e neste
caso é exactamente isso, embora fossem dezoito edifícios - não faz sentido. Quer dizer, é forçado.”
(Álvaro Siza, 2013).
Figura 26 - Imagem da reconstrução do Chiado. Fonte: A Reconstrução do Chiado. Lisboa. Álvaro Siza, Ed. Livraria Figueirinhas, 2.ª ed. 2000, p.
117. Imagem manipulada pelo autor.
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CASO DE ESTUDO
Quarteirões adjacentes à Avenida dos Combatentes da Grande Guerra
Localização e Enquadramento Histórico
Figura 27 – Ortofotomapa da Península Ibérica com a localização de Viana do Castelo. Fonte: Bing, 2013 manipulada pelo autor.
Viana do Castelo é uma cidade Portuguesa localizada no Norte de Portugal, mais propriamente na
região do Minho. A sua localização geográfica sempre favoreceu as relações com o oceano, e por
isso mesmo, tanto a cidade em si como a sua população dependem em larga escala desta interacção,
desde logo pelo sector primário através da pesca, seguindo-se a indústria e construção naval, as
trocas comerciais, os desportos náuticos entre outros.
Esta dependência intensifica-se por volta de 1258, quando o Rei Afonso III, concede à população
da Foz do Lima a Carta de Foral, apercebendo-se da forte vocação marítima que poderia potenciar
o crescimento e enriquecimento do reino através das trocas comerciais da época. D. Sebastião
define Viana do Castelo como:
“...havendo respeito a ser hua das nobres e principais de meus reinos e de maior
rendimento, a príncipal Entre-Douro-e-Minho, e de grande povoação.” (António
Peixoto, 2009: 7).
Mais tarde, o próspero comércio marítimo com o Norte da Europa e o espírito comercial de Viana,
aliados à fidelidade da cidade para com a rainha Maria II, levaram a que em 1848 Viana fosse
elevada a cidade com o nome de “Viana do Castelo”.
Actualmente, e segundo os censos de 2011, o concelho é composto por 88 767 habitantes que se
traduzem 282,37 habitantes por metro quadrado. O concelho tem uma área de 314,36 km2 num
total de 40 freguesias.
Toda a sua tradição marítima e agrícola se traduz no carácter cultural e etnográfico, que espelham
na romaria da cidade, Romaria em honra a Nª Srª d’Agonia, todas as suas origens e costumes.
53
Evolução Urbana
As plantas de evolução urbana seguidamente apresentadas resultam da interpretação de vários
elementos recolhidos, que definem a cidade de Viana do Castelo nalgum momento da sua história.
Então, a partir da análise e interpretação de textos históricos, plantas, desenhos, fotografias e mapas
foi possível compor a malha urbana da cidade desde 1374 até aos dias de hoje. No entanto, apesar da
reflexão e análise global do desenvolvimento urbano da cidade, é apresentada a evolução referente
á zona de intervenção alargada do caso de estudo.
Por volta de 1374, a base urbana da cidade resumia-se ao interior da muralha medieval. Com o
evoluir da população, resultado da aposta e crescente mercado das rotas comerciais, a cidade foise expandindo e em 1759 verifica-se a existência de um grande edificado fora da muralha, com
uma estrutura diferenciada da medieval. Estas moradias pertenciam maioritariamente a fidalgos e
burgueses ligados aos transportes marítimos, no entanto, há também a proliferação de conventos
fora das muralhas desde o século XVI até finais do século XVII.
Ao longo dos tempos as crises económicas e as guerras foram condicionando o trafego marítimo
que por sua vez, se traduziu também na própria expansão urbana do local. No início do século XVII,
as instalações portuárias sofrem uma alteração e ampliação e na última metade do século XIX a
construção da ponte metálica sobre o rio Lima, de Gustave Eiffel, e a estação ferroviária de Alfredo
Soares, permitem uma forte expansão e desenvolvimento urbano. No início do século XX surgem
os primeiros planos de ordenamento da cidade, que reflectem várias preocupações urbanísticas e
arquitectónicas. Materializa-se mais tarde, a construção da Avenida dos Combatentes da Grande
Guerra e inicia-se a construção do ramal ferroviário que liga a estação de caminho de ferro á doca.
Entre 1940 e 1950 foi criado um novo troço rodoviário, actualmente a estrada nacional, que veio
permitir um acesso mais rápido e directo ás instalações portuárias localizadas entre Campo da
Agonia e a Praia Norte. Já em 1975 é aterrado o Carregadouro bem como uma parte do leito
fluvial paralelo ao jardim marginal, local este que se traduziu mais tarde em novas estruturas que
dotaram a cidade de novas valências, como a marina e seu complexo, um parque automóvel e
uma zona ajardinada num plano revitalizador do Espaço Público da Frente Ribeirinha paralelo
com a valorização do Centro Histórico. Em 1985, é reorganizada a Praça da República, trabalho
encomendado ao arquitecto Viana de Lima e nos anos 2000, o plano Polis, definiu a requalificação
para a zona ribeirinha a jusante da marina, e que hoje é composta com a biblioteca de Álvaro Siza,
o pavilhão Multiusos de Souto Moura, dois edifícios administrativos de Fernando Távora e a Praça
da Liberdade. Ainda segundo o plano Polis, foi requalificado o parque da cidade bem como a zona
ribeirinha adjacente e construída uma nova urbanização a nascente da cidade contígua ao rio Lima.
54
Evolução Urbana
1374
Figura 28-(in CALDAS, João Vieira e GOMES, Paulo Varela – Viana do Castelo, Lisboa: Editoral Presença,1990,p.18), manipulada pelo autor.
Encarnado: edifícios religiosos importantes Azul: edifícios civis e estatais importantes
Figura 29 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada em 1374. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor.
Por volta do ano de 1374, ano da conclusão da muralha, o aglomerado urbano de Viana do Castelo
resumia-se ao interior da muralha. Embora a planta tida como referência não faça qualquer menção
a edificado existente fora da muralha, não quer dizer que tal não existisse. Porém, tudo indica que
fora da muralha os terrenos se destinassem essencialmente à agricultura, ao apoio da actividade
pescatória e ao apoio à principal actividade económica responsável pelo desenvolvimento urbano:
o comércio marítimo.
As características do aglomerado urbano da época vão de encontro com as particularidades da
cidade medieval, ou seja, pouco espaço público com excepção da Praça da Matriz Nova, ruas
estreitas e reduzida salubridade do edificado.
55
Evolução Urbana
1759
Figura 30 - Planta da Vila de Viana, 1759. Papel Cartonado, aguarelada, 450 x 600 mm. Arquivo Histórico Militar. Imagem manipulada.
Encarnado: edifícios religiosos importantes Azul: edifícios civis e estatais importantes
Figura 31 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada em 1759. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor.
No ano de 1759 verifica-se já uma forte presença urbana fora da muralha. O comércio ultramarino
com os portos europeus e as ilhas atlânticas originou um aumento populacional e económico
que se traduziu na expansão do perímetro urbano. Houve então a necessidade de criar um novo
centro político, o campo do forno (actual Praça da República), onde foram construídos os Paços
Municipais(14), o Chafariz da Rainha (15) e o edifício da Misericórdia de Viana do Castelo (13).
As primeiras edificações construídas fora da muralha diziam respeito a conventos e igrejas como é
o caso da Igreja de Stª Cruz (S.Domingos) (16) e S. Tiago (17) e habitação civil que pertenciam a
famílias nobres ligadas ao comércio e navegações marítimas, como é o caso do Casa Luis de Rego
(7), Casa dos Werneck (3), Casa dos Védoria (6), Casa dos SotoMayor(12), entre outras.
56
Evolução Urbana
1868-1869
Figura 32 - Carta Cadastral de Viana do Castelo, 1868-1869, escala 1:500. Arquivo Histórico do Ministério do Equipamento Social.
Encarnado: edifícios religiosos importantes Azul: edifícios civis e estatais importantes
Figura 33 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada em 1869. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor.
Na década de 1860 verifica-se claramente uma maior presença de edificado numa estrutura
urbana em clara expansão. Nota-se ainda, que por esta altura certos quarteirões já possuíam
uma disposição muito semelhante à que hoje apresentam, embora com uma definição primária
em relação ao edificado presente, mas já com as ruas delimitadores nitidamente definidas. São
o caso do quarteirão da Casa dos Rego Barreto, o quarteirão da Casa dos Védoria e o quarteirão
adjacente a nascente, que diz respeito á área de intervenção restrita propriamente dita. Analisando o
edificado caracterizado como relevante, confirma-se a existência na época, da Casa do Mirante(4),
do Quartel da Infantaria (5) e da Casa dos Alpuim ou Agorreta (7). Esta ultima edificação localizase no quarteirão em estudo e está identificada nas plantas do PDM de 2001 como património
classificado, embora o processo tenha caducado no IGESPAR.
57
Evolução Urbana
1903
Figura 34 - Exemplar publicado pela Imprensa Nacional em 1903, existente na delegação de Viana do Castelo dos Portos do Norte.
Encarnado: edifícios religiosos importantes Azul: edifícios civis e estatais importantes
Figura 35 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada em 1903. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor.
No início do século XX verificam-se pequenas alterações no que diz respeito ao edificado e não
existe diferenças a assinalar em relação aos edifícios importantes. Em certos quarteirões notase uma maior presença de edificado, nomeadamente na confrontação com os arruamentos, como
o caso do quarteirão da Casa dos Védoria ou o quarteirão do Quartel da Infantaria. A principal
alteração é a construção do Jardim D. Fernando (1890) no antigo Campo da Penha, em frente à
Casa dos Rego Barreto. No que às vias de comunicação diz respeito, verifica-se já nesta altura a
presença da linha de caminho de ferro. De facto, os finais do século XIX marcam uma época de
consolidação urbana e de obras públicas na cidade. Em 1878 é inaugurada a Ponte Eiffel, ao mesmo
tempo que se iniciam as construções da estação e linha ferroviária.
58
Evolução Urbana
1948
Figura 36 - Planta inserida no Ante Plano De Urbanização de Viana do Castelo, elaborado pelo Arqº João de Aguiar.
Encarnado: edifícios religiosos importantes Azul: edifícios civis e estatais importantes
Figura 37 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada em 1948. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor.
Na planta de 1948 notam-se várias transformações importantes em relação à planta anterior. A
alteração de maior relevância tem a ver com a construção da Avenida dos Combatentes da Grande
Guerra que aproveita o alinhamento de eixos já existentes e rasga o quarteirão da Casa dos Alpuim
ou Agorreta. Desta intervenção, resultou a eliminação de quatro ruas estreitas e cerca de oitenta
edifícios, no entanto, o objectivo principal visa ligar a estação ferroviária com a nova doca. Esta
abertura estabelece a estrutura final do quarteirão da Escola da Avenida (pertencente à área de
intervenção alargada) e do quarteirão da Casa dos Sottomayor(12). Relativamente ao edificado,
verifica-se a existência da Escola Dr. Alfredo Magalhães (9) do arquitecto Rogério de Azevedo
inaugurada em 1933, e a demolição da Igreja Nossa Senhora de Monserrate, hoje Largo 9 de Abril,
em frente ao Quartel da Infantaria (5).
59
Evolução Urbana
2014
Figura 38 - Planta do Centro Histórico de Viana do Castelo. Fonte PDM de 2001. Planta manipulada pelo autor.
Encarnado: edifícios religiosos importantes Azul: edifícios civis e estatais importantes
Figura 39 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada na actualidade. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor.
A planta actual da zona de intervenção alargada do caso de estudo apresenta-se com uma densidade
de edificado muito superior à planta de 1948, no entanto, relativamente à estrutura urbana
propriamente dita não se verifica alterações a assinalar. Embora os quarteirões estejam bastante
mais definidos devido á forte presença de edificado na confrontação com as ruas, este facto não
alterou, desde 1948 até aos dias de hoje, a disposição e próprio desenho dos quarteirões neste
local. Junto á Casa dos Rego Barreto (1) foi construído o Auditório Lima de Carvalho (2) da
autoria do arquitecto Fernando Távora. Actualmente, praticamente todos os edifícios considerados
importantes são património do estado ao serviço da população, como é o caso da Casa dos Védoria
- Arquivo Municipal, a Casa dos Alpuim ou Agorreta – antiga Biblioteca Municipal, Casa dos
Werneck – Museu Municipal, entre outros.
60
Evolução Urbana
Numeração das Plantas de Evolução Urbana
Foram identificados nas plantas de evolução urbana, os edifícios mais importantes presentes na
área de intervenção alargada ao longo das épocas em análise. Embora muitos deles permaneçam na
cidade com grande utilidade pública, outros foram demolidos em algum período da história, como
é o caso da Igreja Paroquial de Monserrate, hoje Largo 9 de Abril. Então, verifica-se que a maioria
deste edificado foi construído entre o século XV e o século XVII, ou seja, durante a época de maior
expansão fora da muralha. A grande maioria do património arquitectónico identificado encontra-se
em bom estado de conservação, porém, há casos onde é necessária uma intervenção de restauro
acentuada. No entanto, ao nível das fachadas todos os edifícios se encontram bem conservados.
Os edifícios mais antigos, ambos considerados “património não classificado” pelo município de
Viana do Castelo no PDM de 2001 são a Casa dos Nichos e o Hospital Velho, onde é possível
perceber a existência dos dois exemplos na planta de 1374, dentro da muralha medieval. O edifício
construído mais tarde foi o Auditório Lima de Carvalho, projectado pelo arquitecto Fernando
Távora em 1992, junto à casa dos Rego Barreto, hoje edifício da presidência e serviços centrais do
Instituto Politécnico de Viana do Castelo.
Legenda de Numeração das Plantas de Evolução Urbana:
1 - Casa dos Rego Barreto
2 - Auditório Lima de Carvalho
3 - Solar dos Barbosa Maciel (Actual Museu Municipal)
4 - Casa do Mirante (Actual Colégio do Minho)
5 - Quartel da Infantaria (Actual Centro Académico)
6 - Casa dos Védoria (Actual Arquivo Municipal)
7 - Casa dos Alpuim ou Agorreta
8 - Casa dos Barrosa
9 - Escola Dr Alfredo Magalhães
10 - Casa dos Nichos
11 - Hospital Velho (Actual Posto de Turismo)
12 - Casa dos Sottomayor
13 - Misericórdia
14 - Antigos Passos do Concelho
15 - Chafariz da Praça da Rainha (Actual Praça da República)
16 - Convento de S. Domingos
17 - Antigo convento de S. Tiago
18 - Igreja Nossa Senhora de Monserrate
61
Evolução Cronológica
Figura 40 – Barra cronológica comparativa. Do século XIII à actualidade.
62
Análise Fotográfica
Avenida dos Combatentes da Grande Guerra
Figura 41 – Vista da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra. Fonte: Postal da cidade, meados séc. XX. Imagem manipulada pelo autor.
Figura 42 – Vista da Avenida dos combatentes da Grande Guerra, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
63
Análise Fotográfica
Avenida dos Combatentes da Grande Guerra
Figura 43– Vista da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor.
Figura 44 – Vista da Avenida dos combatentes da Grande Guerra, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
64
Análise Fotográfica
Avenida dos Combatentes da Grande Guerra
Figura 45– Vista da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor.
Figura 46 – Vista da Avenida dos combatentes da Grande Guerra, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
65
Análise Fotográfica
Avenida dos Combatentes da Grande Guerra
Figura 47 – Vista da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra.Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor.
Figura 48 – Vista da Avenida dos combatentes da Grande Guerra, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
66
Análise Fotográfica
Escola Dr. Alfredo Magalhães
Figura 49 – Vista da Escola Dr. Alfredo Magalhães. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor.
Figura 50 – Vista da Escola Dr. Alfredo Magalhães. Fonte: foto do autor, 2013.
67
Análise Fotográfica
Escola Dr. Alfredo Magalhães
Figura 51– Vista da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor.
Figura 52 – Vista da Avenida dos combatentes da Grande Guerra, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
68
Análise Fotográfica
Rua de S. Sebastião
Figura 53 – Vista da actual Rua Manuel Espregueira. Fonte: Postal da cidade, início do século XX. Imagem manipulada pelo autor.
Figura 54 – Vista da Rua Manuel Espregueira, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
69
Análise Fotográfica
Praça da República
Figura 55 – Vista da Praça da República, Viana do Castelo. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor.
Figura 56 – Vista da Praça da República, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
70
Análise Fotográfica
Praça da República
Figura 57 – Vista da Praça da República, Viana do Castelo. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor.
Figura 58 – Vista da Praça da República, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
71
Análise Fotográfica
S. Domingos
Figura 59 – Vista do Largo S. Domingos, Viana do Castelo. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor.
Figura 60 – Vista do Largo S. Domingos, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
72
Análise Fotográfica
Vista do Santuário de Stª Luzia
Figura 61– Vista de Stª Luzia sobre a cidade de Viana do Castelo. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor.
Figura 62 – Vista de Stª Luzia sobre a cidade de Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
73
Análise Fotográfica
Vista do Santuário de Stª Luzia
Figura 63– Vista de Stª Luzia sobre a cidade de Viana do Castelo. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor.
Figura 64 – Vista de Stª Luzia sobre a cidade de Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013.
74
Análise Fotográfica
Identificação das vistas do levantamento fotográfico anterior.
Figura 65 – Ortofotomapa identificativo das vistas anteriores. Fonte: Bing, 2013. Imagem manipulada pelo autor.
75
Critérios de Escolha
A escolha do local em questão para caso de estudo está relacionada com vários factores. Desde logo,
do ponto de vista arquitectónico, o centro histórico de Viana do Castelo é a zona mais nobre da
cidade, contudo, cada vez mais desabitada e que necessita de novas dinâmicas de forma a “seduzir”
novamente a população. Esteticamente, encontramos na zona, edifícios com uma arquitectura
invejável e muito própria dos seus autores, como é o caso do Edifício dos Correios e a Escola
Dr. Alfredo Magalhães de Rogério de Azevedo, a Praça da República requalificada por Viana de
Lima, o Auditório Lima de Carvalho de Fernando Távora, entre outros. Porém, coabitam na mesmo
lugar edifícios que foram consequentemente adulterados ao longo dos tempos, sem regra e sem
cuidado, deixando de se encaixarem na imagem arquitectónica definida pela maioria do edificado
existente, que tão bem caracteriza os centros históricos das cidades portuguesas. Este factor, bem
como a existência de edificado bastante degradado sugerem fragilidades a eliminar na óptica da
conservação do património arquitectónico, que se revelaram fundamentais para a escolha deste
lugar em específico.
Por outro lado, os quarteirões têm a disposição ideal para o trabalho proposto, permitindo
o desenvolvimento de todo o tipo de ideias para os seus interiores. De facto, o interior destes
quarteirões possui um ambiente muito próprio onde se verificam por vezes zonas muito degradadas,
ao abandono e construções sem qualidade ou uso. Todos estes factores, sugerem uma reorganização
destes interiores bem como do edificado destes quarteirões repletos de debilidades e potencialidades,
que têm coexistido nas últimas décadas.
Do ponto de vista histórico, esta é uma zona com uma evolução muito característica das cidades
costeiras que evoluíram de mãos dadas com as actividades marítimas. D. Afonso III atribuiu o foral
de Vila a Viana do Castelo em 1258 de forma a reforçar as qualidades marítimas da zona, e a partir
desta altura verificou-se um aumento considerável de população originando uma nova estrutura
urbana fora da muralha. Esta nova malha urbana foi evoluindo e densificando-se até aos dias de
hoje e a sua disposição baseia-se não só nas características topográficas do terreno mas também
da relação, a todos os níveis, entre a cidade e o oceano. Socialmente, este é também um local de
referência da cidade. As maiores festas da cidade (Romaria da Nª Srª D’Agonia) transformam o
centro histórico e a zona ribeirinha numa manifestação de culto não só à santa padroeira mas também
ao mar. No ponto de vista económico, a Rua Manuel Espregueira, Avenida dos Combatentes, bem
como a Praça da República, delimitadoras dos quarteirões me estudo, constituem-se como grandes
artérias comerciais da cidades. Esta relação com os quarteirões definidos para trabalho permitem
uma vez mais o desenvolvimentos de novas dinâmicas sociais e económicas a fim de se alcançar
um potenciamento comercial da cidade no trabalho a desenvolver.
76
PLANO ESTRATÉGICO
Área de Intervenção Alargada e Área de Intervenção Restrita
Existe o objectivo de regenerar e revitalizar o centro histórico da cidade tendo em conta várias
linhas orientadores que vão de encontro com a integração ecológica, a sustentabilidade (social,
cultural, económica), a conservação do património e atractividade que os actuais centros históricos
necessitam. Foi estudado um sistema de transportes e regras de trânsito para o centro histórico de
Viana do Castelo, bem como um sistema de recolha de resíduos que pode estar relacionado com
outras infra-estruturas necessárias para diminuir o impacto maléfico no meio ambiente. Há também
a intenção de enumerar as medidas que podem ser tomadas para potenciar as energias renováveis
na cidade, tirando partido da sua localização, da relação próxima com o oceano, de modo a alcançar
um aproveitamento eólico e solar efectivo.
Do ponto de vista estratégico, em relação á mobilidade, há uma forte preocupação em tornar o
transporte público numa opção viável e versátil como acontece no norte da Europa. Estudada a
cidade em si e analisadas as suas dinâmicas, verifica-se que os lugares mais frequentados da cidade
são a Praça da Liberdade, a Praça da República, o Interface de transportes, o Jardim da Marginal e
o Campo da Agonia. A ideia base assenta na criação de um novo relacionamento entre estes espaços
através de novas ligações pedonais e de bicicleta, que resultam em atravessamentos de quarteirões,
uma alternativa rápida, saudável e multifacetada para a circulação entre os vários pontos da cidade.
É criada uma ligação externa entre estes vários pontos, recorrendo a uma linha de transporte público
movido a energia limpa, como o eco-bus ou o eléctrico. Esta ligação estabelece a ponte entre os
lugares mais frequentados do centro histórico, os edifícios mais visitados e a restante cidade em si.
Marco Azul: lugar mais visitado. Marco Encarnado: edifício mais visitado. Marco Verde: interface transporte público. Tracejado Verde: linha eco de transporte
público. Tracejado Azul: atravessamento quarteirão. Linha a Azul Escuro: rua pedonal. Linha a Azul claro: rua pedonal proposta. Na parte clara da imagem
apenas podem circular veículos eléctricos, de moradores, transportes de cargas, e de serviço público.
Figura 66– Ortofotomapa estratégico do centro histórico de Viana do Castelo. Fonte: Google Earth, 2013. Imagem manipulada pelo autor.
79
Plano Estratégico
Tracejado Amarelo: rede eléctrica de fontes renováveis. Tracejado Azul: rede subterrânea de recolha de resíduos. Verde: revitalização do interior dos
quarteirões.
Figura 67 – Ortofotomapa Estratégico do centro histórico de Viana do Castelo. Fonte: Google Earth, 2013. Imagem manipulada pelo autor.
Relativamente aos quarteirões, propõem-se uma reformulação dos seus interiores respeitando o
seu contexto histórico e a sua autenticidade. É de extrema relevância tornar atractivos os actuais e
desabitados centros históricos das cidades, porém devem ser englobadas novas técnicas e políticas
para minimizar o impacto ambiental. Então, surge a proposta de multiplicar as zonas verdes da
cidade e com isso potenciar um grande incremento na biodiversidade da própria estrutura urbana.
Este novos espaços, podem acontecer no interior dos quarteirões que possuam área para tal. Desta
forma, beneficiam os atravessamentos pedonais e de ciclovias, traçados em ambientes ricos em
natureza.
Por outro lado, a vegetação ajuda na definição dos espaços privados, semi-privados e públicos e
pode também ser um elo de ligação com as hortas urbanas e os leitos de macrófitas no tratamento
das águas. Então, o mesmo espaço verde é constituído por um sem número de sistemas integrados
que ajudam a garantir qualidade do meio ambiente. Todos os materiais a utilizar quer no interior
dos quarteirões quer no edificado, devem ser “amigos” do ambiente, baixando o impacto ecológio
global do projecto. Ainda no ponto de vista ecológico, foram estudados e aplicados mecanismos
de produção de energia proveniente de fontes renováveis para estes quarteirões. De facto a
localização geográfica da cidade permitem usufruir da boa condição e incidência solar bem como
do aproveitamento dos ventos devido à proximidade com o oceano. Por outro lado, os interiores
destes quarteirões regenerados, integrarão espaços de lazer e culturais de forma a dar resposta
não ás actividades da cidade, mas dos habitantes do quarteirão em si. Promove-se a interacção, a
integração, o conhecimento da vizinhança e potencia-se a diminuição do sedentarismo e o aumento
de uma vida saudável, a integração social, e o aumento do sentimento de segurança.
80
Plano Estratégico
Área de Intervenção
Situação Actual/Proposta
Figura 68 - Ortofotomapa da do centro histórico de Viana do Castelo. Fonte: Mapas Bing de 2013, imagem manipulada pelo autor.
81
Plano Estratégico
Área de Intervenção Alargada
Figura 69 - Planta do centro histórico com a marcação da área de intervenção alargada. Fonte: Planta do PDM 2001, manipulada pelo autor.
Figura 70 – Vista aérea da cidade de Viana do Castelo com marcação de área de intervenção alargada.
Fonte: Anónimo, 2013. Viana do Castelo. A Terceira Dimensão - Fotografia Aéra, (Blog) Agosto 2012. Disponível: <http://portugalfotografiaaerea.blogspot.
pt/2012/08/viana-do-castelo.html> Acedido em 5 de Novembro, 2013. Imagem manipulada pelo autor.
A área de intervenção alargada encontra-se delimitada a Sul pela Rua Manuel Espregueira, a Norte
pela Rua General Luís do Rego, a Nascente pela Praça da República e Rua Cândido dos Reis e a
Poente pela Rua da Escola Industrial Núno Álvares e Jardim. Trata-se de uma zona composta por
cinco quarteirões divididos entre si através da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, da
Rua dos Rubins, da Rua da Vedória e pela Rua do Trigo. Maioritariamente, o edificado destinase a comércio e serviços nos pisos inferiores e habitação nos superiores, no entanto, no edificado
adjacente à Avenida dos Combatentes da Grande Guerra e Praça da República é comum existir
serviços nos pisos superiores. A zona de intervenção alargada tem uma área de 67052 m2.
82
Plano Estratégico
Área de Intervenção Alargada
Situação Actual
Figura 71-Vista aérea do centro histórico com marcação da área de intervenção alargada. Fonte: Bing 2013. Imagem manipulada pelo autor.
83
Plano Estratégico
Área de Intervenção Alargada
Situação Actual
Figura 72-Planta do centro histórico com marcação da área de intervenção alargada. Fonte: Planta do PDM de 2001, manipulada pelo autor.
84
Plano Estratégico
Área de Intervenção Restrita
Figura 73 - Planta do centro histórico com a marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM 2001, manipulada pelo autor.
Figura 74 – Vista aérea sobre a área de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
A zona de intervenção restrita encontra-se delimitada a Sul pela Rua Manuel Espregueira, a Norte
pela Rua General Luís do Rego, a Nascente pela Rua dos Rubins e a Poente pela Rua da Vedoria.
A nível funcional, o edificado deste quarteirão caracteriza-se essencialmente pelas tipologias
de habitação, comércio e serviços. Deste modo, o piso zero é destinado ao comércio e serviços,
principalmente na Rua Manuel Espregueira e na Rua General Luís do Rego, ao passo que os pisos
superiores são ocupados pela habitação.
No total, a zona restrita de intervenção apresenta uma área de 11750 m2. A área de implantação é
de 5785 m2 e a área de construção de 13014 m2. Assim, obtém-se um índice de ocupação de 49 %
e um índice de construção de 111%.
85
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Quarteirão do Vianense - Viana do Castelo
Elementos de Trabalho
Área de Intervenção Restrita
Situação Actual
Figura 75 - Vista aérea do centro histórico com marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Bing 2013. Imagem manipulada pelo autor.
89
Elementos de Trabalho
Área de Intervenção Restrita
Situação Proposta
Figura 76 - Vista aérea da proposta para a área de intervenção restrita. Fonte: Bing 2013. Imagem manipulada pelo autor.
90
Elementos de Trabalho
Área de Intervenção Restrita
Situação Actual
Figura 77 - Planta do Piso -1 (cota 3.5) com marcação da área restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor.
91
Elementos de Trabalho
Área de Intervenção Restrita
Situação Actual
Figura 78 - Planta do Piso 0 (cota 9.6) com marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor.
92
Elementos de Trabalho
Área de Intervenção Restrita
Situação Actual
Figura 79 - Planta de Cobertura com marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor.
93
Elementos de Trabalho
Área de Intervenção Restrita
Situação Proposta
Figura 80 - Planta do Piso -1 (cota 3.5) com marcação da área restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor.
94
Elementos de Trabalho
Área de Intervenção Restrita
Situação Proposta
Figura 81 - Planta do Piso 0 (cota 9.6), com marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor.
95
Elementos de Trabalho
Área de Intervenção Restrita
Situação Proposta
Figura 82 - Planta de Cobertura com marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor.
96
Elementos de Trabalho
Área de Intervenção Restrita
Situação Actual
Figura 83 - Perfil AB, CD, EF e GH. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro.
97
Elementos de Trabalho
Área de Intervenção Restrita
Situação Proposta
Figura 84 - Perfil AB, CD, EF e GH. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro.
98
Elementos de Trabalho
Área de Intervenção Restrita
Situação Actual
Figura 85 - Perfil MN, IJ, OP e KL. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro.
99
Elementos de Trabalho
Área de Intervenção Restrita
Situação Proposta
Figura 86 - Perfil MN, IJ, OP e KL. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro.
100
Elementos de Trabalho
Área de Intervenção Restrita
Situação Actual
Figura 87 - Perfil UV, QR, XZ e ST. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro.
101
Elementos de Trabalho
Área de Intervenção Restrita
Situação Proposta
Figura 88 - Perfil UV, QR, XZ e ST. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro.
102
Elementos de Trabalho
Mapeamento de Materias e Sistemas Construtivos
Situação proposta, referência para todo o quarteirão.
Figura 89 - Planta de Cobertura, Parcela 1, com marcação dos materiais. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor.
103
Elementos de Trabalho
A imagem seguinte, Perfil GH, apresenta as soluções de materiais e sistemas construtivos a aplicar
mediante a proposta de intervenção. Uma vez que a proposta apresenta materiais muito homogéneos
na sua globalidade, o perfil GH torna-se exemplificativo de todo o conjunto.
Figura 90 - Perfil GH, com marcação dos materiais. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro.
104
Elementos de Trabalho
Dados Quantificáveis
Figura 91 - Gráfico demonstrativo da vocação funcional da proposta de intervenção para a área restrita. Fonte: autor.
Tendo em conta estes dados, é necessário estabelecer os objectivos de carácter funcional e
populacional. Como o desenho e dimensão das infra-estruturas necessárias para dar resposta
ás necessidades dos habitantes vão depender do seu número, é primordial estabelecer logo no
início o número de pessoas que irão habitar, trabalhar e usufruir deste quarteirão. Por outro lado,
é importante perceber, que apesar da generosa dimensão do quarteirão, a grande maioria do seu
edificado é de dois/três pisos, e em muitos casos, o edifício tem um único uso. Uma vez que a ideia
assenta em pressupostos sustentáveis, é essencial ter em conta que os custos das infra-estruturas
serão divisíveis por um número inferior de parcelas em relação a um mesmo projecto localizado
num local propício a construção em altura. Então, como existe a intenção de tornar novamente
atraente este local, mesmo do ponto de vista económico, foi efectuado um cálculo muito rígido
de áreas necessárias para infra-estruturas (parque automóvel, leitos de macrófitas). Foi apontado
um número de habitantes com base no edificado existente e estabelecido o parâmetro geralmente
usado como padrão de 130m2 para cada 3 pessoas. Analisando as áreas de habitação existentes,
7032 m2, obtém-se uma disponibilidade para 170 habitantes. Tendo em conta os dados do INE, no
Censos de 2011 calculou-se que existem em Portugal 406,1 automóveis por cada 1000 habitantes,
ou seja, 0,4 automóveis por pessoa que corresponde a 2 carros por cada 5 pessoas. Neste caso,
foi estabelecido o parâmetro de 2 carros por cada 4 pessoas, o que faz uma necessidade de 85
lugares só para habitação. Porém, como há o objectivo de tornar o local atractivo também para
quem trabalha, foi definida a atribuição de 1 lugar de estacionamento por cada espaço comercial,
o que perfaz um total de 105 lugares de estacionamento necessários, 20 para comércio e serviços
e 85 para habitação. A proposta apresenta uma disponibilidade de 108 lugares de estacionamento..
Para o tratamento das águas no próprio local, através do leito de macrófitas, estabeleceu-se uma
necessidade de área de 5m2 por cada habitante, ou seja, 975m2 de área para os tanques dos leitos
de macrófitas, a proposta prevê uma área de 1495 m2 para leitos de macrófitas e jardins.
105
Elementos de Trabalho
Cálculos Justificativos
Vocação funcional da Proposta:
49 habitações - 7032 m2
20 comércio e serviços - 5326 m2
Suporte (anexos) - 213m2
Índices Urbanísticos da Proposta:
Área do quarteirão: 11750 m2
Área de implantação: 5317m2
Índice de Ocupação da Proposta: 45% (situação actual 49%)
Área de Construção: 12571 m2
Índice de Construção da proposta: 107% (situação actual 111%)
Vocação Habitacional da Proposta:
Se 130m2 equivale a 3 pessoas
7032/130=54,09
54,09x3=162,27, ou seja, máximo de 170 habitantes
Lugares de Estacionamento
Se são necessário 2 carros para 4 pessoas:
85 lugares de estacionamento necessários
Se é necessário 1 lugar por comércio e serviços:
20 lugares de estacionamento necessários
Total de lugares de estacionamento propostos=108
Área necessária para Leitos de Macrófitas
Se é necessária uma área de 5 m2 por cada habitante
170x5= 850 m2 necessários
Propostos 1495 m2 para responder também ás necessidades dos comércio e serviços.
Hortas necessárias no interior do quarteirão
Se existem 49 habitações e apenas 34 logradouros, tirando os afectos aos comércios e serviços:
São necessárias 15 hortas.
A proposta inclui 15 hortas urbanas.
106
Vistas Aéreas
Figura 92 - Vista Norte da zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
107
Vistas Aéreas
Figura 93 - Vista Norte da proposta para a zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
108
Vistas Aéreas
Figura 94 - Vista Nascente/Norte da zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
109
Vistas Aéreas
Figura 95 - Vista Nascente/Norte da proposta para a zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
110
Vistas Aéreas
Figura 96 - Vista Nascente da zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
111
Vistas Aéreas
Figura 97 - Vista Nascente da proposta para a zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
112
Vistas Aéreas
Figura 98 - Vista Poente/Sul da zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
113
Vistas Aéreas
Figura 99 - Vista Poente/Sul da proposta para a zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
114
Perspectivas
Penetrações do Quarteirão
Entrada Nascente
Figura 100 - Vista da Rua dos Rubins (Nascente), situação actual. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
Figura 101- Vista da Rua dos Rubins (Nascente). Proposta para a entrada do quarteirão. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
115
Perspectivas
Penetrações do Quarteirão
Entrada Norte
Figura 102 - Vista da Rua General Luis do Rego (Norte), situação actual. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
Figura 103 - Vista da Rua General Luis do Rego (Norte). Proposta para a entrada do quarteirão. Fonte: Desenho do autor.
116
Perspectivas
Penetrações do Quarteirão
Entrada Poente
Figura 104 - Vista da Rua da Védoria (Poente), situação actual. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
117
Perspectivas
Penetrações do Quarteirão
Entrada Poente
Figura 105 - Vista da Rua da Védoria (Poente). Proposta para a entrada do quarteirão. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.
118
Perspectivas
Desenhos
Perspectivas do Interior do Quarteirão
Figura 106 - Vista da proposta para a praça no interior do quarteirão. Fonte: Desenho autor.
Figura 107 - Vista da proposta para a zona cultural e de lazer. Fonte: Desenho do autor.
119
Perspectivas
Desenhos
Vista de topo com a proposta para o interior do quarteirão.
Figura 108- Proposta de intervenção da zona do espaço cultural e lazer. Fonte: Desenho do autor.
120
Perspectivas
Desenhos
Perspectiva da biblioteca, proposta para o interior do quarteirão.
Figura 109 - Vista da proposta de intervenção. Anexo convertido na biblioteca. Fonte: Desenho do autor.
121
Perspectivas
Desenhos
Perspectiva do novo espaço cultural e lazer proposto para o interior do quarteirão.
Figura 110 - Vista da proposta para a zona cultural e de lazer. Fonte: Desenho do autor.
122
Critérios de Intervenção
Figura 111 - Vista do acesso ao interior do quarteirão junto à Escola da Avenida. Fonte: autor.
A ideia formante para o desenvolvimento da proposta de intervenção baseia-se na relação objectiva
entre três conceitos, sustentabilidade ecológica, salvaguarda do património, e desenvolvimento
social e ecológico. Esta relação demonstrada na figura 111 visa integrar conceitos e técnicas
essenciais a implementar nos centros históricos das cidades portuguesas para o alcance de um
desenvolvimento sustentado do país e protecção dos seus valores culturais e ambientais.
Do ponto de vista da preservação da autenticidade do local, foram mantidos na proposta os
elementos essenciais que configuram o interior deste quarteirão, como é o caso das cotas do
terreno, da vegetação, dos anexos existentes e dos muros de vedação. Deste modo, foi efectuada
uma análise ao estado de conservação dos diversos elementos e aos seus materiais e sistemas
construtivos, de forma a eliminar debilidades e potenciar esses mesmos elementos, ainda que
ganhem um outro objectivo funcional. Nestes casos, enquadram-se as caixas de escadas de acesso
ao parque automóvel, figura 113 e 114, ou seja, embora os anexos em causa estivessem em mau
estado de conservação foram construídos para dar resposta uma necessidade que, embora diferente,
também existe na proposta. Assim, esses anexos foram reconvertidos e restaurados para um outro
uso funcional, preservando-se a memória daquele local especifico. Para além das caixas de escadas
de acesso ao parque automóvel subterrâneo, também a criação da biblioteca se baseou neste
contexto, ou seja, naquele local existe um anexo-armazém em mau estado de conservação e que
ocupa uma posição previligiada no interior do quarteirão, tornando-se evidente a sua reconstrução
e reconversão funcional. Relativamente aos muros de vedação, estes formam os alinhamentos
base para o desenho da proposta de intervenção. De facto, do ponto de vista da salvaguarda da
autenticidade, a proposta sempre se baseou primeiramente nos elementos existentes em vez de se
123
Critérios de Intervenção
propor novos, que surgem apenas para eliminar as debilidades dos anteriores.
Sendo assim, na proposta, os muros de vedação continuam a dividir os diversos espaços, embora
tenham sido cortados em determinadas locais, de modo a criar uma relação entre as diversas zonas
interiores, possibilitar a circulação pedonal e de bicicleta e a permitir o acesso aos edifícios, figura
116. Foi efectuada uma análise para a preservação da vegetação saudável, e pensada a colocação
de novas árvores com características semelhantes. Nos casos onde as árvores são conservadas,
é efectuada uma marcação diferente das mesmas, as caldeiras são consideravelmente maiores e
possuem uma cota diferente, figura 115.
Tendo em conta os pressupostos da preservação, foram eliminados apenas os acrescentos e anexos
que colocam em causa as questões de salubridade e conforto e que ao mesmo tempo adulteram
o desenho e a imagem do edificado. Sendo assim, propõe-se a demolição de uma habitação no
interior do quarteirão, e no seu local surge um novo espaço onde podem acontecer eventos culturais
e lúdicos para os habitantes do quarteirão. Neste local, uma estrutura em madeira desenha a
habitação anteriormente existente, assegurando uma vez mais a imagem do lugar ao mesmo tempo
que possibilita fechar o espaço para algum evento em especial como se percebe na figura 110.
Foram estudados os alçados dos diversos edifícios e propostos novos desenhos para aqueles em
que foram demolidos os acrescentos interiores ou aqueles em que não possuiam aberturas para o
interior do quarteirão. Nos casos em que se nota um bom desenho arquitectónico e a comunhão
dos traços com as características gerais do património edificado do local, foram replicados os
alçados posteriores da frente de rua para o interior do quarteirão. Nos casos em que não existiu
uma sensibilidade arquitectónica no desenho do edificado, foi reorganizado o alçado para a fachada
que confronta a rua de modo a preservar a identidade do local e proposto um novo alçado para a
fachada referente ao interior do quarteirão, assumindo-se aqui as características da arquitectura
verde, figura 119.
No âmbito da sustentabilidade ecológica e ambiental, a proposta de intervenção integra vários
sistemas e conceitos que foram adaptados à realidade existente.
Assim, sugere-se uma nova organização para os logradouros dos edifícios de modo a possibilitar a
todos os moradores estes recursos e potenciar a integração ecológica e a relação com a mãe-natureza.
Nas zonas onde isso não é possível, edifícios com vários pisos de habitação, atribui-se um mesmo
espaço no interior do quarteirão, uma horta ou jardim urbano, que fica à responsabilidade destes
habitantes. Alinhados com os logradouros existentes, surgem os canais propostos para depósito das
águas pluviais e descarga das águas tratadas nos leitos de macrófitas. Estes canais, atravessam as
zonas das hortas e jardins, assim como os logradouros dos próprios edifícios, permitindo a rega dos
terrenos para auxilio à actividade de jardinagem e agrícola.
124
Critérios de Intervenção
Por outro lado, estes canais funcionam como uma separação entre o espaço privado e o espaço
semi-público das hortas e dos jardins urbanos, controlando assim o aspecto da privacidade para
quem habita os pisos do rés do chão.
A zona para a integração do parque subterrâneo e dos tanques para os leitos de macrófitas foram
escolhidos com base na configuração dos terrenos e logradouros actuais. Então, acontecem na zona
nascente do quarteirão pois verifica-se que estes terrenos têm uma área bastante considerável e com
poucas divisões. Deste modo, torna-se menos dispendioso e mais fácil o restauro das características
do lugar à superfície, ou seja, é apenas necessário recolocar algumas árvores e reconstruir os muros
de vedação demolidos.
Existe ainda a intenção de minimizar as necessidades do automóvel e a criação do atravessamento
do quarteirão é exemplo disso. Neste interior orgânico, o atravessamento pedonal que liga os
diversos quarteirões assume-se com um desenho fluido, contornando os obstáculos a manter, como
a vegetação, e procura as cotas mais favoráveis para que permita um passeio confortável.
Este novo percurso que perfura os quarteirões de forma a ligar as várias zonas da cidade, permite
uma rápida movimentação de bicicleta e um fácil acesso às habitações pelo interior do quarteirão.
Foram pensados parques com abrigo para as bicicletas de forma a satisfazer as necessidades de
todas as habitações. Pretende-se que as dinâmicas do quarteirão funcionem de forma integrada e
neste caso, para além de parque coberto para bicicletas, o abrigo serve de suporte à produção de
energia através do painel solar integrado e a sua base serve de sustento para as zonas de iluminação
natural e ventilação do parque automóvel que se encontra no piso inferior, figura 118.
Outra medida presente na proposta é a integração dos pontos de recolha de lixo tanto na extremidade
nascente para dar suporte à Rua dos Rubins, como na extremidade poente para a Rua da Védoria,
assim como a instalação de um ponto de recolha no centro do quarteirão para responder às
necessidades das habitações da Rua Manuel Espregueira e Rua General Luís do Rego.
Do ponto de vista energético, são potenciadas as energias renováveis, através de painéis fotovoltaicos
integrados nas coberturas orientadas a Sul, que apenas são visíveis no interior do quarteirão. Deste
modo, é preservada a imagem do lugar para quem caminha pelas ruas do centro histórico. Ao longo
do percurso pedonal, são instaladas luminárias que produzem energia através de painéis solares
integrados, as SolarTree, figura 122 e 123. Sugere-se também a instalação de um aerogerador que
aproveita os ventos constantes dada a localização do quarteirão em relação à proximidade com o
oceano. Apesar disso, este equipamento é instalado no centro do quarteirão de forma a não ser visto
de qualquer rua do centro histórico. Deste modo, procura-se que os gastos energéticos com as infraestruturas do quarteirão, parque subterrâneo, tratamento de águas e iluminação sejam colmatados
com estas técnicas de produção de energia renovável.
125
Critérios de Intervenção
Do ponto de vista dos materiais a utilizar também se teve em conta o impacto ambiental e por isso
se define como critério a reciclagem dos materiais existentes. Por exemplo, a base do edifício da
biblioteca é construido em pedra de granito proveniente do anexo pré-existente. Todos os elementos
novos são em betão leve de cânhamo ou em madeira, provenientes de florestas sustentáveis.
Para potenciar novas dinâmicas sociais e económicas no centro histórico, a proposta visa converter
as debilidades da condição existente em pontos fortes atractivos quer para a habitação como para
o comércio e serviços. Procura-se que os habitantes se possam relacionar entre si, introduzir
dinâmicas na cidade que se verificam no meio rural, de forma a baixar os níveis de isolamento e
insegurança e aumentando a convivência dos cidadãos.
Através das hortas urbanas, é possível melhorar a relação com a natureza, ao mesmo tempo que se
promove a diminuição do sedentarismo. Aumenta-se o convívio com a vizinhança, e esta integração
que reforça o contacto físico e visual entre os habitante visa incrementar o conhecimento geral
configurando um ambiente mais seguro. Ainda relacionado com a actividade física o local torna-se
atractivo graças à instalação de um ginásio ao ar livre numa zona central e protegida com bastante
vegetação, de forma a criar um espaço confortável mesmo nas horas de maior calor. Na zona onde
se propõe a única demolição desenha-se um auditório dinâmico para uso fruto dos habitantes do
quarteirão. Aqui podem-se realizar eventos de vários níveis desde culturais a desportivos, passando
por festas temáticas, aulas de ginástica, ou feirinhas, figura 110. Este novo espaço, é criado
através de anéis de madeira espaçados entre si, de forma a criar uma zona de sombra durante o dia
protegendo as pessoas nas horas de maior calor no verão. Por outro lado, permite o atravessamento
de luz solar para os logradouros e habitações envolvente, algo que não acontece com a habitação
existente. A criação do espaço biblioteca também tem como objectivo tornar este quarteirão ainda
mais apetecível para habitar, para além de restaurar um espaço actualmente degradado. Este novo
espaço pode funcionar como uma sala de estudo para os jovens habitantes, um espaço de leitura e
lazer para os mais idosos, ou uma zona de estar, num local sossegada e previligiada do interior do
quarteirão, soalheiro e com uma vista sobre o lago receptor de águas. De forma a potenciar também
o factor económico do local, todos os edifícios comerciais têm direito a um lugar de estacionamento
subterrâneo grátis e por outro lado beneficiam das condições energéticas do local. Permite ainda,
que os espaços comerciais no piso 0 tenham uma relação com o interior do quarteirão, com vistas
agradáveis num ambiente ecológico e logradouros propícios a confortáveis esplanadas. Para além
disso, os edifícios presentes na Rua Manuel Espregueira ganham acesso a cargas e descargas pelo
nível inferior graças à criação do parque subterrâneo, valorizando quer o edificado em si como
também promovendo melhores condições para os comerciantes e trabalhadores. Desta forma, o
potenciamento económico com estas condições é notório naquela que é uma das maiores ruas
comerciais do centro histórico vianense.
126
Critérios de Intervenção
A imagem seguinte apresenta uma perspectiva da situação proposta inicial onde se percebe como
se efectua a integração de novos elementos, como os aero-geradores, os leitos de macrofitas e
logradouros, os paineis solares ao mesmo tempo que se preserva os elementos característicos do
quarteirão, como por exemplo, os muros de vedação, anexos, vegetação, etc.
Figura 112 - Perspectiva inicial da situação proposta. Fonte: Desenho do autor.
127
Critérios de Intervenção
As imagens seguintes mostram como é reconvertido um anexo existente no interior do quarteirão
num elemento fundamental de comunicação entre o parque automóvel (piso -1) e o piso 0. Valorizase assim o espaço ao passo de que é mantida a memória do lugar.
Figura 113 - Vista sobre anexo no interior do quarteirão, situação actual. Fonte: Desenho do autor.
Figura 114 - Vista sobre anexo no interior do quarteirão, situação proposta. Fonte: Desenho do autor.
128
Critérios de Intervenção
A figura seguinte explica a forma como se valoriza as árvores e vegetação protegida que foram
preservadas na proposta de intervenção.
Figura 115 - Vista sobre árvores preservadas no interior do quarteirão, situação proposta. Fonte: Desenho do autor.
Figura 116 - Geometrização e marcação dos elementos fundamentais que suportaram o desenho proposto. Fonte: Desenho do autor.
129
Critérios de Intervenção
A perspectiva seguinte exemplifica como é efectuada a marcação da entrada para o interior do
quarteirão, nomeadamente através do atravessamento pedonal e ciclovia. Neste caso, a fachada
verde alerta para um novo ambiente integrado no centro histórico da cidade.
Figura 117 - Vista do acesso ao interior do quarteirão junto à Escola da Avenida. Fonte: autor.
130
Critérios de Intervenção
Esquema sobre a relação entre os vários mecanismos ecológicos integrados na proposta, com o fim
de se alcançar uma diminuição efectiva dos gastos energéticos e aumento da qualidade dos espaços.
O parque de bicicletas com abrigo serve de suporte à produção de energia permitindo iluminação e
ventilação natural para o parque automóvel subterrâneo.
Figura 118 - Esquema sobre a integração dos vários conceitos e mecanismos ecológicos. Fonte: desenho do autor.
131
Critérios de Intervenção
Na seguinte imagem estão evidenciados os critérios que definem quais os edifícios que serão
alterados em relação à linguagem e construção da sua fachada, seja ela orientada para a rua ou para
o interior do quarteirão.
Figura 119 - Definições e métodos aplicados na reconstrução dos alçados. Fonte: esquema do autor.
132
Critérios de Intervenção
A figura seguinte mostra de que forma os alçados com fachada verde se podem tornar dinâmicos
e relacionados com a vontade dos habitantes dos edifícios. Através da cor da vegetação podem-se
configurar várias imagens para o alçado em si, mantendo no entanto a mesma estrutura e linguagem
arquitectónica.
Figura 120 - Simulação de várias configurações possíveis através da fachada verde para os alçados propostos. Fonte: Desenho do autor.
133
Critérios de Intervenção
Os esquemas seguintes explicam como se estrutura a fachada verde proposta para os edifícios no
interior do quarteirão. Trata-se de um sistema simples, de baixa manutenção e de fácil aplicação.
Figura 121 - Esquema construtivo sobre o tipo de fachada verde proposto. Fonte: Desenho do autor.
134
Critérios de Intervenção
As duas figuras seguintes explicam quais as técnicas utilizadas para produção de energia renovável
e como se implementam estes componentes no interior do quarteirão e no próprio edificado.
Figura 122 - Vista sobre as coberturas convertidas em sistemas de produção de energia renovável. Fonte: Desenho do autor.
Figura 123 - Perfil com o aero-gerador e luminárias “solartree” em vista, situação proposta. Fonte: Desenho do autor.
135
Critérios de Intervenção
A imagem seguinte demonstra os três pontos de recolha existentes e a sua respectiva área de
influência. Define também como se relacionam as condutas de lixo subterrâneas que ligarão a
cidade (traço vermelho) e os pontos de recolha onde é possível recolher o lixo armazenado através
do tradicional camião de recolha, numa fase primária de implementação do sistema.
Figura 124 - Marcação dos pontos de recolha do lixo e áreas de influência. Fonte: Desenho do autor.
136
Simulação Virtual
Maquete Virtual
Situação Proposta
Figura 125 - Vista do Interior Norte do quarteirão. Fonte: Imagem do autor.
137
Simulação Virtual
Maquete Virtual
Situação Proposta
Figura 126 - Vista do Interior Norte do quarteirão. Fonte: Imagem do autor.
138
Simulação Virtual
Maquete Virtual
Situação Proposta
Figura 127 - Vista do Interior Norte do quarteirão. Fonte: Imagem do autor.
139
Simulação Virtual
Maquete Virtual
Situação Proposta
Figura 128 - Vista do Interior Sul do quarteirão. Fonte: Imagem do autor.
140
Simulação Virtual
Maquete Virtual
Situação Proposta
Figura 129 - Vista aérea do interior Noroeste do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor.
141
Simulação Virtual
Maquete Virtual
Situação Proposta
Figura 130 - Vista aérea do interior Sudoeste do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor.
142
Simulação Virtual
Maquete Virtual
Situação Proposta
Figura 131 - Vista aérea do interior Sudeste do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor.
143
Simulação Virtual
Maquete Virtual
Situação Proposta
Figura 132 - Vista aérea do interior Nordeste do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor.
144
Simulação Virtual
Maquete Virtual
Situação Proposta
Figura 133 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor.
145
Simulação Virtual
Maquete Virtual
Situação Proposta
Figura 134 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor.
146
Simulação Virtual
Maquete Virtual
Situação Proposta
Figura 135 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor.
147
Simulação Virtual
Maquete Virtual
Situação Proposta
Figura 136 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor.
148
Simulação Virtual
Maquete Virtual
Situação Proposta
Figura 137 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor.
149
Simulação Virtual
Maquete Virtual
Situação Proposta
Figura 138 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor.
150
Simulação Virtual
Maquete Virtual
Situação Proposta
Figura 139 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor.
151
ELEMENTOS ANALÍTICOS
Quarteirão do Vianense - Viana do Castelo
Levantamento Fotográfico do Edificado
Edifício 1
Edifício 2
Edifício 3
Edifício 4
Edifício 5
Edifício 6
Edifício 7
Edifício 8
Edifício 9
Edifício 10
Edifício 11
Edifício 12
Edifício 13
Edifício 14
Edifício 15
Edifício 16
Edifício 17
Edifício 18
Edifício 19
Edifício 20
Edifício 21
Edifício 22
Edifício 23
Edifício 24
Edifício 25
155
Levantamento Fotográfico do Edificado
Edifício 26
Edifício 27
Edifício 28
Edifício 29
Edifício 30
Edifício 31
Edifício 32
Edifício 33
Edifício 34
Edifício 35
Edifício 36
Edifício 37
Edifício 38
Edifício 39
Edifício 40
Edifício 41
Edifício 42
Edifício 43
Edifício 44
Edifício 45
Tendo em conta o levantamento efectuado dos alçados de frente de rua, verifica-se que o estado geral
do aglomerado edificado se encontra em boas condições. Existe apenas um edifício em carácter de
ruína, o edifício 16, que se encontra no lado Poente da Rua dos Rubins. Ao nível do desenho do
edificado existe uma harmonia arquitectónica natural referente à “habitação oitocentista”, uma
vez que a data de construção destes edifícios remontam, na sua larga maioria, ao século XVII,
aquando da expansão do aglomerado urbano para o exterior das muralhas. Contudo, notam-se
alguns exemplos de construções com pouca sensibilidade ao nível do desenho da fachada, não
cumprindo os alinhamentos característicos na zona em si, como não adoptando as técnicas e
materiais construtivos comuns ao edificado geral.
156
Análise e Interpretação Urbana
Após analisar as plantas do plano de pormenor do centro histórico de Viana do Castelo, foi possível
identificar que o município estabelece uma hierarquia de intervenção nos edíficios pertencentes aos
quarteirões em estudo. Sendo assim, na Casa dos Alpoim (edifício13), nos edifícios 2,3, 27, 16 e
17 apenas é possível o restauro. Regra geral, todos os outros pertencem á categoria que permite a
reabilitação do edificado e por fim, estão destinados a restauro os edifícios 60,61, 55, 56, 57, 58,
29, 31, 33, 34,35,36,e 37.
Apesar disso, todo o quarteirão se encontra, segundo o pdm de 2001, na zona especial de protecção,
e que possui um regulamento próprio, definidor e orientador para as alterações que se propõem ao
edificado.
Foi também consultada base de dados do IGESPAR para a verificação da existência de património
classificado ou em vias de classificação no local. De facto, na zona alargada de intervenção se
encontram vários exemplos de edifícios como “Monumento Nacional” ou “Imóvel de interesse
público”, no entanto, na área de intervenção restrita apenas um edifício consta na base de dados,
a Casa dos Alpoim. Apesar disso, este edifício encontra-se sem protecção legal uma vez que o
processo de classificação se encontra caducado.
Analisando a planta de condicionantes do PDM de 2001 sobre a área de intervenção em questão,
verifica-se a existência de algumas condições a ter em conta. Desde logo, a “Zona de Protecção
ao Património Edificado” e a atenção também para uma “Zona de Protecção Escolar” e “Zona
Sonora Sensível” localizada na área referente à Escola Dr. Alfredo Magalhães (edifício 22). Ainda
é possível verificar uma nota sobre a Casa dos Alpoim, identificada como “Património Edificado”
e a presença de um “Poste Eléctrico” na Rua dos Rubins.
Tendo em conta estes elementos, não se verificam elementos que coloquem em causa a proposta
enunciada, no entanto, os regulamentos estabelecidos pelo plano de pormenor do centro histórico,
terão que ser levados em conta para a reformulação/proposta de edifícios ou alçados.
Relativamente à análise funcional foi possível identificar edificios destinados apenas à habitação,
habitação/comércio/serviços, comércio/serviços, ou equipamentos. No entanto, esta análise foi
aprofundada na figura 141.
157
Análise e Interpretação Urbana
Planta de Classes de Intervenção
Classes de acordo com os tipos de intervenção admitida pela gestão municipal de Viana do Castelo.
Figura 140 – Planta da zona de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001, Informação do PP do CH. Planta manipulada pelo autor.
158
Análise e Interpretação Urbana
Planta de Análise Funcional
Análise funcional interpretada pelo autor com base nas visitas ao local em Novembro de 2013.
Figura 141 – Planta da zona de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor.
159
Análise e Interpretação Urbana
Mapeamento de Patologias
Situação Actual
Figura 142 - Planta de Cobertura com enumeração de patologias existentes. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor.
160
Análise e Interpretação Urbana
Mapeamento de Patologias
Situação Actual
Figura 143 - Perfis com enumeração de patologias existentes. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro.
161
Análise e Interpretação Urbana
Mapeamento de Patologias
Situação Actual
Figura 144 - Perfis com enumeração de patologias existentes. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro.
162
Análise e Interpretação Urbana
Mapeamento de Patologias
1 - Anexo com fraca qualidade construtiva, no qual se verifica ao nível das alvenarias e coberturas
várias fissurações e infiltrações. Utilização de materiais nocivos e desadequados actualmente,
nomeadamente coberturas em amianto. Instalações eléctricas débeis e técnicas construtivas aplicadas
deficientes. O elemento coloca em causa a salubridade do edificado adjacente impossibilitando ou
condicionando a entrada de luz solar.
2 - Anexo com fraca qualidade construtiva, no qual se verifica ao nível das alvenarias e coberturas
várias fissurações e infiltrações. Utilização de materiais nocivos e desadequados actualmente,
nomeadamente coberturas em amianto. Instalações eléctricas débeis e técnicas construtivas
aplicadas deficientes.
3 - Anexo coloca em causa a salubridade do edifício adjacente ou dos edifícios envolventes.
Impossibilita ou condiciona a entrada de luz solar no edificado envolvente.
4 - Edificio localizado no interior do quarteirão coloca em causa a boa salubridade dos edifícios
localizados na sua envolvente. Acesso ao edifício estreito, comprido e sombrio.
5 - Parque de estacionamento da Rua dos Rubins condiciona o trafego nesta zona do centro histórico.
A presença de vários automóveis numa rua estreita e característica do centro histórico contribui
para uma imagem negativa do mesmo.
6 - Morfologia do terreno condiciona o seu uso funcional devido a ser muito estreito e comprido.
Logradouro sem função atribuída.
7 - Logradouro ao abandono e sem função. Verifica-se o crescimento de vegetação sem regra.
8 - Edifício ao abandono e em estado de ruína. Presença de muita vegetação que cobre o edifício
quase na totalidade.
9 - Acesso ao interior do quarteirão débil, sombrio e esguio. Deficiência ao nível das acessibilidades
tendo em conta as dimensões do caminho.
10 - Habitação não se enquadra dada a sua pequena escala, uma vez que possui apenas piso zero ao
passo que a configuração envolvente engloba edificado com dois e três pisos.
11 - Linguagem do alçado sem regra que não respeita os alinhamentos quer do edificado envolvente
quer dos seus próprios elementos. Os vãos, portas e janelas, distribuídos sem regra não se encontram
alinhados entre si. Imagem do edifício sem qualidade dada a sua localização e envolvente.
12 - Elemento desadequado devido à sua função, garagem ou armazém, uma vez que se localiza
numa zona de relevo no centro histórico.
13 - Fachada sem vãos confortáveis voltados para o interior do quarteirão uma vez que o edifício
confronta um logradouro pertencente a outro proprietário. Salubridade condicionada.
163
Análise e Interpretação Urbana
Mapeamento de Materiais e Sistemas Construtivos
Situação Actual
Cobertura Inclinada em Telha Cerâmica
Terra Vegetal
Cobertura Plana
Pavimento Cerâmico
Pavimento Argamassa de Cimento
Figura 145 - Planta de Cobertura com marcação de materiais e técnicas construtivas. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor.
164
Análise e Interpretação Urbana
Mapeamento de Materiais e Sistemas Construtivos
Situação Actual
Figura 146 - Perfis com enumeração de materiais existentes. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro.
165
Análise e Interpretação Urbana
Mapeamento de Materiais e Sistemas Construtivos
Situação Actual
Figura 147 - Perfis com enumeração de materiais existentes. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro.
166
Análise e Interpretação Urbana
Legenda:
1 - Revestimento exterior rebocado e pintado. Padireiras, ombreiras e peitoris em Granito. Cornija
em granito. Caixilharias em madeira e vidro. Se existir, varanda com guarda em ferro e consola em
granito.
2 - Revestimento exterior em azulejo cerâmico. Padireiras, ombreiras e peitoris em Granito. Cornija
em granito. Caixilharias em madeira e vidro. Se existir, varanda com guarda em ferro e consola em
granito.
3 - Revestimento exterior em granito. Padireiras, ombreiras e peitoris em Granito. Cornija em
granito. Caixilharias em madeira e vidro. Se existir, varanda com guarda em ferro e consola em
granito.
4 - Revestimento exterior rebocado e pintado. Padireiras, ombreiras e peitoris em Granito.
Caixilharias em madeira e vidro e alumínio e vidro. Se existir, varanda com guarda em ferro e
consola em granito.
5 - Revestimento exterior rebocado e pintado. Se existir, padireiras, ombreiras e peitoris em Granito.
Caixilharias em alumínio e vidro. Se existir, varanda com guarda em ferro e consola em granito.
6 - Revestimento exterior rebocado e pintado. Se existir, padireiras, ombreiras e peitoris em granito.
Caixilharias em madeira e vidro. Se existir, varanda com guarda em ferro e consola em granito.
7 - Revestimento exterior em azulejo cerâmico. Padireiras, ombreiras e peitoris em granito. Cornija
em granito. Caixilharias em aluminio e vidro e madeira e vidro. Se existir, varanda com guarda em
ferro e consola em granito.
8 - Revestimento exterior em granito. Padireiras, ombreiras e peitoris em Granito. Cornija em
granito. Caixilharias em aluminio e vidro e madeira e vidro. Se existir, varanda com guarda em
ferro e consola em granito.
9 - Edifício em taipa de fasquio pintado. Padireiras, ombreiras e peitoris em madeira. Caixilharias
em madeira e vidro.
10 - Revestimento exterior em azulejo cerâmico e reboco pintado. Padireiras, ombreiras e peitoris
em granito. Cornija em granito. Caixilharias em madeir e vidro e madeira e vidro. Se existir, varanda
com guarda em ferro e consola em granito.
167
Análise e Interpretação Urbana
Mapeamento do Estado de Conservação
Situação Actual
Bom estado de Conservação
Razoável Estado de Conservação
Mau Estado de Conservação
Figura 148 - Planta de Cobertura com marcação de materiais e técnicas construtivas. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor.
168
Análise e Interpretação Urbana
Mapeamento do Estado de Conservação
Situação Actual
Bom estado de Conservação
Razoável Estado de Conservação
Mau Estado de Conservação
Figura 149 - Perfis com marcação do estado de conservação. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro.
169
Análise e Interpretação Urbana
Mapeamento do Estado de Conservação
Situação Actual
Bom estado de Conservação
Razoável Estado de Conservação
Mau Estado de Conservação
Figura 150 - Perfis com marcação do estado de conservação. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro.
170
Análise e Interpretação Urbana
Planta do Existente a Demolir, Alterar e Preservar
Amarelo: Edificado Convertido
Vermelho: Edificado Demolido
Verde: Edificado Proposto
Azul: Alteração de Fachada
Figura 151 – Planta da zona de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor.
171
Análise e Interpretação Urbana
Planta de Património “Classificado” e “Em Vias de Classificação”
Identificação do património envolvente à zona de intervenção alargada segundo consulta ao
IGESPAR.
Figura 152–Planta de Património “Classificado” e “Em Vias de Classificação”. Fonte: Planta do PDM de 2001 com informação retirada do
IGESPAR, 2014. Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico. Disponível em: <http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/
geral/patrimonioimovel> Acedido em 05 de Janeiro de 2014. Planta manipulada pelo autor.
172
Análise e Interpretação Urbana
Património Classificado ou Em Vias de Classificação
1 - Paços Municipais de Viana do Castelo
Classificado como MN - Monumento Nacional
Cronologia: Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136, de 23-06-1910
Abrangido por ZEP: Sim, Portaria publicada no DG, II Série, n.º 149, de 27-06-1973
2 - MISERICÓRDIA DE VIANA DO CASTELO
Classificado como MN - Monumento Nacional
Cronologia: Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136, de 23-06-1910
Abrangido por ZEP: Sim, Portaria publicada no DG, II Série, n.º 149, de 27-06-1973
3 - CHAFARIZ DA PRAÇA DA RAINHA
Classificado como MN - Monumento Nacional
Cronologia: Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136, de 23-06-1910
Abrangido por ZEP: Sim, Portaria publicada no DG, II Série, n.º 149, de 27-06-1973
4 - CASA CHAMADA DE JOÃO VELHO OU DOS ARCOS
Classificado como MN - Monumento Nacional
Cronologia: Decreto 11 454, DG, I Série n.º 35, de 19-02-1926
Abrangido por ZEP: Sim, Portaria publicada no DG, II Série, n.º 149, de 27-06-1973
5 - CASA DE MIGUEL DE VASCONCELOS
Classificado como MN - Monumento Nacional
Cronologia: Decreto 11 454, DG, I Série n.º 35, de 19-02-1926
Abrangido por ZEP: Sim, Portaria publicada no DG, II Série, n.º 149, de 27-06-1973
6 - PALÁCIO DOS VISCONDE CARREIRA OU DOS TÁVORAS
Classificado como MN - Monumento Nacional
Cronologia: Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136, de 23-06-1910
Abrangido por ZEP: Sim, Portaria publicada no DG, II Série, n.º 149, de 27-06-1973
7 - Igreja de Santa Cruz (S. Domingos)
Classificado como MN - Monumento Nacional
Cronologia: Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136, de 23-06-1910
Abrangido por ZEP: Sim, Portaria publicada no DG, II Série, n.º 149, de 27-06-1973
8 - CASA DA PRAÇA
Classificado como IPP - Imóvel de Interesse Público
Cronologia: Decreto n.º 5/2002, DR, 1ª Série-B. nº 42, de 19-02-2002
Abrangido por ZEP: Não
173
Análise e Interpretação Urbana
Património Classificado ou em Vias de Classificação
9 - IGREJA MATRIZ DE VIANA DO CASTELO
Classificado como IPP - Imóvel de Interesse Público
Cronologia: Decreto n.º 39 175, DG, I Série, n.º 77, de 17-04-1953
Abrangido por ZEP: Sim, Portaria publicada no DG, II Série, n.º 149, de 27-06-1973
10 - CASA DOS WERNECK
Classificado como IPP - Imóvel de Interesse Público
Cronologia: Portaria n.º 443/2006, DR, II Série, n.º 49, de 9-03-2006
Abrangido por ZEP: Não
11 - CASA DOS ALPOIM
Procedimento caducado - sem protecção legal
Cronologia:
Procedimento caducado nos termos do artigo 78.º do Decreto-Lei n.º 309/2009, DR, 1.ª série, N.º
206, de 23-10-2009, alterado pelo Decreto-Lei n.º 265/2012, DR, 1.ª série, N.º 251, de 28-12-2012;
Procedimento prorrogado até 31 de Dezembro de 2012 pelo Decreto-Lei n.º 115/2011, DR, 1.ª
série, n.º 232, de 5-12-2011;
Procedimento prorrogado pelo Despacho n.º 19338/2010, DR, 2.ª série, n.º 252, de 30 de Dezembro;
Despacho de abertura de 5-07-1999;
Abrangido por ZEP: Não
174
Análise e Interpretação Urbana
Planta do Património Construído e Arqueológico de Viana do Castelo
Identificação do património definido pela gestão municipal através planta acima descrita em JAN
2008.
Figura 153 – Planta da zona de intervenção alargada com identificação do património. Fonte: Planta do PDM de 2001 com informação retirada da
Planta do Património Construído e Arqueológico de Viana do Castelo de Janeiro de 2008. Planta manipulada pelo autor.
175
Análise e Interpretação Urbana
Legenda da Planta Anterior
Legenda segundo a Planta do Património Construído e Arqueológico de Viana do Castelo, Câmara
Municipal de Viana do Castelo, Janeiro de 2008.
1 - Casa do General Luís do Rego
55 - Casa do João Velho ou dos Arcos
2 - Solar dos Barbosa Maciel
56 - Igreja Matriz
3 - Casa de Pero Galego
57 - Casa dos Védoria
5 - Igreja de Santa Cruz (S. Domingos)
58 - Casa da Rua do Poço
6 - Convento de S. Domingos
59 - Hospital Velho
7 - Capela da Srª das Candeias
60 - Casa de Miguel Vasconcelos
8 - Capela de Stª Catarina
61 - Casa dos Sá Sottomayor
17 - Casa do Largo de Stº Homem Bom
62 - Misericórdia de Viana do Castelo
18 - Chafariz de Mercúrio
63 - Chafariz da Praça da Rainha
19 - Casa dos Nichos
64 - Paços Municipais de Viana do Castelo
33 - Igreja das Ursulinas
83 - Casa dos Werneck
42 - Hospital da Caridade
92 - Teatro Sá de Miranda
44 - Casa dos Visconde Carreira ou dos Távora
93 - Estação Caminho de Ferro
45 - Casa dos Monfalim
94 - Casa dos Barrosa
46 - Casa dos Alpuim
95 - Antigo Convento de S. Tiago
47 - Solar dos Melo Alvins
96 - Casa do Mirante
48 - Quartel da Infantaria
52 - Casa dos Alpuim ou Agorreta
53 - Casa da Praça
54 - Hospital de Viana do castelo
176
Análise e Interpretação Urbana
Planta de Condicionantes
Resumo das condicionantes afectas à área de intervenção alargada segundo o PDM de 2001.
Figura 154 – Planta da zona de intervenção alargada. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor.
177
CONCLUSÃO
A necessidade de tornar os centros históricos novamente atractivos e competitivos é uma realidade
fundamental para a revitalização dos vários sectores sociais, económicos e culturais intervenientes
e dependentes da cidade. Estas zonas urbanas e o seu património carecem de uma regeneração
urgente, pela necessidade de preservação e transmissibilidade dos valores culturais, pela manutenção
da imagem estética e formal e pela obrigação de devolver uma vida activa aos centros históricos.
O arquitecto assume um papel responsável na reabilitação, porém as características da substância
física em questão, exigem uma sensibilidade natural para a prática de uma arquitectura de integração,
de forma a compatibilizar a conservação do património com desenvolvimento.
Contudo, o sector da construção é amplamente responsável pelo impacto causado no meio
ambiente, sendo fundamental incorporar no processo de restauro sistemas ecológicos activos e
passivos, integrados com os pressupostos de manutenção da autenticidade. A reabilitação é, por si
só, um processo de preservação de recursos, e a sua definição como prioridade reflecte um caminho
real para a sustentabilidade.
Neste ponto de vista, acreditamos que a prática da reabilitação e regeneração urbana, deverá
apelar a uma arquitectura de integração rumo a um futuro sustentável. Com o desenvolvimento
do trabalho, fomos definindo o acto de recuperar, como um processo baseado em soluções que
privilegiam a utilização de materiais locais e o respeito pelas técnicas construtivas tradicionais, ao
mesmo tempo que incorpora sistemas de produção de energia renovável, métodos ecológicos de
tratamento de água e resíduos e medidas impulsionadoras do contacto com a natureza.
Neste processo, apontamos um caminho que articula os princípios de salvaguarda com novas
valências sociais, com o objectivo de proporcionar melhores condições de vida e conforto
para os habitantes. Reflexo desta interacção, defendemos que a reabilitação do centro histórico
poderá contribuir em larga escala para um estímulo do desenvolvimento económico, e como
tal, consideramos essencial a inclusão de um processo criativo de novas dinâmicas, que tornem
a recuperação do património economicamente viável e os custos durante o tempo de vida útil
sustentáveis.
O quarteirão em estudo apresenta várias debilidades no seu todo, que lhe conferem uma
predisposição clara para o desenvolvimento das matérias em objecto. O processo de análise
utilizado foi fundamental para a definição da imagem real do local e para a criação de uma base de
trabalho rigorosa, que permitiu adequar a proposta de intervenção à situação existente.
179
Conclusão
Consideramos que no plano da reabilitação, o novo deve-se adaptar ao antigo, e não o contrário, e
como tal, as acções de análise ao estado de conservação e patologias, a inventariação dos materiais
e sistemas construtivos, a análise funcional e a caracterização dos aspectos sociais e económicas
permitiram sustentar a intervenção proposta. Julgamos que a metodologia adoptada se revelou
essencial para a adequação do projecto ás particularidades do quarteirão e tendo em conta que
o “processo de reabilitação se pratica com recurso a bisturi e não a buldózer”, acreditamos que
este é um processo que poderá preservar a memória do local e evitar uma intervenção demasiado
intrusiva.
A nossa proposta de intervenção, deverá, para além de reabilitar e salvaguardar a imagem do
quarteirão, adapta-lo às exigências actuais, elevando os padrões de qualidade e conforto, de forma
a fixar os habitantes. Acreditamos que a polivalência funcional da proposta conseguirá fomentar
novas dinâmicas e estimular novamente a vitalidade social e económica da zona. Ao nível do
edificado, a correcção dos alçados sem regra e divergentes da linguagem local, permitirá uma
valorização estética e formal de todo o conjunto.
O desenho proposto para o interior do quarteirão deverá salvaguardar os traços gerais da sua
imagem original, e ao mesmo tempo incorporar novos componentes técnicos e funcionais de forma
equilibrada. Consideramos que a estrutura interna proposta, conseguirá assegurar uma relação
coesa entre espaço público e privado e revitalizar o carácter da mobilidade interna e externa.
A proposta de intervenção acrescenta ao quarteirão novas condições, políticas ecológicas, hortas
urbanas, um espaço biblioteca, estacionamento subterrâneo, zonas desportivas, zonas culturais e
lazer, sistemas de produção de energia renovável e sistemas de tratamento de águas e resíduos.
Todo o processo ideológico e conceptual deverá apontar a uma arquitectura de integração, baseandose na relação previamente definida entre sustentabilidade, conservação/reabilitação e potencial
socioeconómico.
180
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Elementos técnicos importantes no desenvolvimento da proposta de intervenção.
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