UNIVERSIDADE LUSÍADA DE V. N. DE FAMALICÃO REGENERAÇÃO URBANA PARA UM FUTURO SUSTENTÁVEL Quarteirão do Vianense Viana do Castelo Licínio Miguel Enes da Torre Dissertação para obtenção de Grau de Mestre Vila Nova de Famalicão, 2015 A presente dissertação foi redigida segundo as normas do antigo acordo ortográfico. ÍNDICE AGRADECIMENTOS XI ELEMENTOS ANALÍTICOS RESUMO XIII ABSTRACT XIV INTRODUÇÃO 15 ESTADO DA ARTE 17 Património e Princípios de Salvaguarda Autenticidade Cartas de Salvaguarda do Património Realidade em Portugal Sustentabilidade Escolha dos Materiais Energias Renováveis Tratamento de Águas Sistemas Activos e Passivos Futuro Hammarby Sjostad - Stockholm Masdar City - Emirados Árabes Unidos Plano de Pormenor da Recuperação da Zona Sinistrada do Chiado CASO DE ESTUDO Localização e Enquadramento Histórico Evolução Urbana Evolução Cronológica Análise Fotográfica Critérios de Escolha PLANO ESTRATÉGICO Área de Intervenção Alargada Área de Intervenção Restrita PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Mapeamento de Materias e Sistemas Construtivos Dados Quantificáveis Penetrações do Quarteirão Desenhos Critérios de Intervenção 19 20 20 22 24 27 29 31 33 34 36 41 Levantamento Fotográfico do Edificado Análise e Interpretação Urbana Planta de Classes de Intervenção Planta de Análise Funcional Mapeamento de Patologias Materiais e Sistemas Construtivos Mapeamento do Estado de Conservação Existente a Demolir, Alterar e Preservar Planta de Património “Classificado” Património “Classificado” Património Construído e Arqueológico Planta de Condicionantes 153 155 157 158 159 160 164 168 171 172 173 175 177 CONCLUSÃO 179 BIBLIOGRAFIA 181 WEBGRAFIA 184 ANEXOS 185 46 51 53 54 62 63 76 77 82 85 87 103 105 115 119 123 V ÍNDICE DE FIGURAS FIGURAS: Figura 1 - Fotografia da cidade de Berlin destruída na 2ª Guerra Mundial. Fonte: Fotografia de Carl Weinrother, Junho 1945. BundesArchiv 19 Figura 2 - Vista sobre Angra do Heroísmo. Fonte: WIKIMEDIA, 2015. Disponível em <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/1/12/Vista_sobre_Angra_do_Heroismo.jpg> Acedido em 16 de Março de 2015. Imagem manipulada pelo autor. 23 Figura 3 - Fotografia Aérea de Tacloban Philippines. Fonte: Agência Reuters, 10 Novembro de 2013. Imagem manipulada pelo autor. 25 Figura 4 - Esquema representativo do Conceito BedZed. Fonte: SAMANZOMORODI, 2012. Energy and Our Buildings, Disponível em < http://saman3230.wordpress.com/2012/10/16/addington/ > Acedido em 02 de Fevereiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor. 27 Figura 5 - Solar Tree. Fonte: Ross Lovegrove, 2015. Disponível em <http://www.rosslovegrove.com/index.php/custom_type/ solar-tree/?category=environment> Acedido em 13 de Março de 2015. Imagem manipulada pelo autor. 30 Figura 6 - Esquema de um leito com macrófitas emergentes de escoamento superficial. Fonte: FBDS. Disponível em <http://www. fbds.org.br/Apresentacoes/Controle_Qualid_Agua_Wetlands_ES_out06.pdf> Acedido em 10 de Fevereiro de 2015. Imagem manipulada pelo autor. 32 Figura 7 - Esquema de um leito com macrófitas emergentes de escoamento subsuperficial. Fonte: FBDS. Disponível em <http:// www.fbds.org.br/Apresentacoes/Controle_Qualid_Agua_Wetlands_ES_out06.pdf> Acedido em 10 de Fevereiro de 2015. Imagem manipulada pelo autor. 32 Figura 8 - Esquiço inicial sobre a integração dos sistemas activos na proposta de intervenção . Imagem do autor. 34 Figura 9 – Maquete virtual do plano de Masdar city. Fonte: Foster + Partners, 2007. Disponível em < http://www.fosterandpartners. com/projects/masdar-development/>, Acedido em 15 de Outubro de 2013. Imagem manipulada pelo autor. 35 Figura 10 – Vista aérea sobre Hammarby Sjostad. Fonte: Ola Ericson/imagebank.sweden.se, Maio de 2011. Imagem manipulada pelo autor. 36 Figura 11 - Esquema do ciclo ecológico de Hammarby Sjostad. Fonte: GlashusEtt de 2007. Imagem manipulada pelo autor. 37 Figura 12 - Imagem ilustrativa das dinâmicas do bairro. Fonte: Marie-Neige Roux, 2013. Les Temps Changent, Disponível em <http://les-temps-changent.com/quest-ce-que-le-design-thinking/> Acedido em 05 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor. 38 Figura 13 - Sistema de recolha de resíduos aplicado em Hammarby Sjostad. Fonte: EnvacGroup, 2014. Disponível em <http:// www.envacgroup.com/news-and-media/press_images/system_illustrations> Acedido em 7/02/ 2014. Imagem manipulada pelo autor. 39 Figura 14 - Vista de Hammarby Sjostad. Fonte: TENGBOM, 2014. Disponível em <http://www.tengbom.se/en-US/projects/61/ hammarby-sjostad> Acedido em 6 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor. 40 Figura 15 - Vista de Hammarby Sjostad. Fonte: TENGBOM, 2014. Disponível em <http://blog.cpgcorp.com.sg/?p=2930> Acedido em 7 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor. 40 Figura 16 - Sistema de recolha de resíduos aplicado em Hammarby Sjostad. Fonte: EnvacGroup, 2014. Disponível em <http:// www.envacgroup.com/news-and-media/press_images/system_illustrations> Acedido em 7/02/ 2014. Imagem manipulada pelo autor. 40 Figura 17 – Maquete virtual do plano de Masdar city. Fonte: Foster + Partners, 2007. Disponível em < http://www.fosterandpartners. com/projects/masdar-development/>, Acedido em 15 de Outubro de 2013. Imagem manipulada pelo autor. 41 Figura 18 – Perfil de rua virtual em Masdar City. Fonte: Foster + Partners, 2007. Disponível em < http://www.fosterandpartners. com/projects/masdar-development/>, Acedido em 15 de Outubro de 2013. Imagem manipulada pelo autor. 42 Figura 19 – Interface de transportes e os PRT. Fonte: Foster + Partners, 2007. Disponível em < http://www.fosterandpartners.com/ projects/masdar-development/>, Acedido em 15 de Outubro de 2013. Imagem manipulada pelo autor. 43 Figura 20 – Vista virtual do City Centre de Masdar city. Fonte: LAVA Architects, 2008. Disponível em < http://www.l-a-v-a.net/ projects/masdar-city-centre/>, Acedido em 08 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor. 44 Figura 21 – Maquete virtual do plano de Masdar city. Fonte: Foster + Partners, 2007. Disponível em < http://www.fosterandpartners. com/projects/masdar-development/>, Acedido em 15 de Outubro de 2013. Imagem manipulada pelo autor. 45 Figura 22 – Vista do incêndio do Chiado, 1988. Fonte: Jornal Publico Online, 2013. Disponível em < http://www.publico.pt/temas/ jornal/o-interprete-ideal-26981924>, Acedido em 10 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor. 46 Figura 23 – Vista da Rua do Carmo, Chiado, cidade de Lisboa. Fonte: Foto do autor, Outubro 2013. 47 Figura 24 - Ortofotomapa da zona do Chiado com a marcação do edificado destruído pelo incêndio de 1988. Fonte: Google Maps, Digital Globe, 2014. Imagem manipulada pelo autor. 48 Figura 25 – Vista da escadaria que liga as Ruas do Crucifixo e Nova do Almada, Chiado. Fonte: Carla Lourenço, Universidade Técnica de Lisboa, 2014. Disponível em < http://home.fa.utl.pt/~al066508/3.jpg> Acedido em 10 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor. 49 Figura 26 - Imagem da reconstrução do Chiado. Fonte: A Reconstrução do Chiado. Lisboa. Álvaro Siza, Ed. Livraria Figueirinhas, 2.ª ed. 2000, p. 117. Imagem manipulada pelo autor. 50 Figura 27 – Ortofotomapa da Península Ibérica com a localização de Viana do Castelo. Fonte: Bing, 2013 manipulada pelo autor. 53 Figura 28-(in CALDAS, João Vieira e GOMES, Paulo Varela – Viana do Castelo, Lisboa: Editoral Presença,1990,p.18), manipulada VI Índice de Figuras pelo autor. 55 Figura 29 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada em 1374. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor. 55 Figura 30 - Planta da Vila de Viana, 1759. Papel Cartonado, aguarelada, 450 x 600 mm. Arquivo Histórico Militar. Imagem manipulada. 56 Figura 31 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada em 1759. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor. 56 Figura 32 - Carta Cadastral de Viana do Castelo, 1868-1869, escala 1:500. Arquivo Histórico do Ministério do Equipamento Social. 57 Figura 33 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada em 1869. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor. 57 Figura 34 - Exemplar publicado pela Imprensa Nacional em 1903, existente na delegação de Viana do Castelo dos Portos do Norte. 58 Figura 35 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada em 1903. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor. 58 Figura 36 - Planta inserida no Ante Plano De Urbanização de Viana do Castelo, elaborado pelo Arqº João de Aguiar. 59 Figura 37 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada em 1948. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor. 59 Figura 38 - Planta do Centro Histórico de Viana do Castelo. Fonte PDM de 2001. Planta manipulada pelo autor. 60 Figura 39 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada na actualidade. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor. 60 Figura 40 – Barra cronológica comparativa. Do século XIII à actualidade. 62 Figura 41 – Vista da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra. Fonte: Postal da cidade, meados séc. XX. Imagem manipulada pelo autor. 63 Figura 42 – Vista da Avenida dos combatentes da Grande Guerra, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 63 Figura 43– Vista da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor. 64 Figura 44 – Vista da Avenida dos combatentes da Grande Guerra, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 64 Figura 45– Vista da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor. 65 Figura 46 – Vista da Avenida dos combatentes da Grande Guerra, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 65 Figura 47 – Vista da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra.Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor. 66 Figura 48 – Vista da Avenida dos combatentes da Grande Guerra, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 66 Figura 49 – Vista da Escola Dr. Alfredo Magalhães. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor. 67 Figura 50 – Vista da Escola Dr. Alfredo Magalhães. Fonte: foto do autor, 2013. 67 Figura 51– Vista da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor. 68 Figura 52 – Vista da Avenida dos combatentes da Grande Guerra, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 68 Figura 53 – Vista da actual Rua Manuel Espregueira. Fonte: Postal da cidade, início do século XX. Imagem manipulada pelo autor. 69 Figura 54 – Vista da Rua Manuel Espregueira, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 69 Figura 55 – Vista da Praça da República, Viana do Castelo. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor. 70 Figura 56 – Vista da Praça da República, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 70 Figura 57 – Vista da Praça da República, Viana do Castelo. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor. 71 Figura 58 – Vista da Praça da República, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 71 Figura 59 – Vista do Largo S. Domingos, Viana do Castelo. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor. 72 Figura 60 – Vista do Largo S. Domingos, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 72 Figura 61– Vista de Stª Luzia sobre a cidade de Viana do Castelo. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor. 73 Figura 62 – Vista de Stª Luzia sobre a cidade de Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 73 Figura 63– Vista de Stª Luzia sobre a cidade de Viana do Castelo. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor. 74 Figura 64 – Vista de Stª Luzia sobre a cidade de Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 74 Figura 65 – Ortofotomapa identificativo das vistas anteriores. Fonte: Bing, 2013. Imagem manipulada pelo autor. 75 Figura 66– Ortofotomapa estratégico do centro histórico de Viana do Castelo. Fonte: Google Earth, 2013. Imagem manipulada pelo autor. 79 Figura 67 – Ortofotomapa Estratégico do centro histórico de Viana do Castelo. Fonte: Google Earth, 2013. Imagem manipulada pelo autor. 80 Figura 68 - Ortofotomapa da do centro histórico de Viana do Castelo. Fonte: Mapas Bing de 2013, imagem manipulada pelo autor. VII Índice de Figuras 81 Figura 69 - Planta do centro histórico com a marcação da área de intervenção alargada. Fonte: Planta do PDM 2001, manipulada pelo autor. 82 Figura 70 – Vista aérea da cidade de Viana do Castelo com marcação de área de intervenção alargada. 82 Figura 71-Vista aérea do centro histórico com marcação da área de intervenção alargada. Fonte: Bing 2013. Imagem manipulada pelo autor. 83 Figura 72-Planta do centro histórico com marcação da área de intervenção alargada. Fonte: Planta do PDM de 2001, manipulada pelo autor. 84 Figura 73 - Planta do centro histórico com a marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM 2001, manipulada pelo autor. 85 Figura 74 – Vista aérea sobre a área de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 85 Figura 75 - Vista aérea do centro histórico com marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Bing 2013. Imagem manipulada pelo autor. 89 Figura 76 - Vista aérea da proposta para a área de intervenção restrita. Fonte: Bing 2013. Imagem manipulada pelo autor. 90 Figura 77 - Planta do Piso -1 (cota 3.5) com marcação da área restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 91 Figura 78 - Planta do Piso 0 (cota 9.6) com marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 92 Figura 79 - Planta de Cobertura com marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 93 Figura 80 - Planta do Piso -1 (cota 3.5) com marcação da área restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 94 Figura 81 - Planta do Piso 0 (cota 9.6), com marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 95 Figura 82 - Planta de Cobertura com marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 96 Figura 83 - Perfil AB, CD, EF e GH. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 97 Figura 84 - Perfil AB, CD, EF e GH. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 98 Figura 85 - Perfil MN, IJ, OP e KL. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 99 Figura 86 - Perfil MN, IJ, OP e KL. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 100 Figura 87 - Perfil UV, QR, XZ e ST. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 101 Figura 88 - Perfil UV, QR, XZ e ST. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 102 Figura 89 - Planta de Cobertura, Parcela 1, com marcação dos materiais. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 103 Figura 90 - Perfil GH, com marcação dos materiais. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 104 Figura 91 - Gráfico demonstrativo da vocação funcional da proposta de intervenção para a área restrita. Fonte: autor. 105 Figura 92 - Vista Norte da zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 107 Figura 93 - Vista Norte da proposta para a zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 108 Figura 94 - Vista Nascente/Norte da zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 109 Figura 95 - Vista Nascente/Norte da proposta para a zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 110 Figura 96 - Vista Nascente da zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 111 Figura 97 - Vista Nascente da proposta para a zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 112 Figura 98 - Vista Poente/Sul da zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 113 Figura 99 - Vista Poente/Sul da proposta para a zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor.114 Figura 100 - Vista da Rua dos Rubins (Nascente), situação actual. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 115 Figura 101- Vista da Rua dos Rubins (Nascente). Proposta para a entrada do quarteirão. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 115 Figura 102 - Vista da Rua General Luis do Rego (Norte), situação actual. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 116 Figura 103 - Vista da Rua General Luis do Rego (Norte). Proposta para a entrada do quarteirão. Fonte: Desenho do autor. 116 Figura 104 - Vista da Rua da Védoria (Poente), situação actual. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 117 Figura 105 - Vista da Rua da Védoria (Poente). Proposta para a entrada do quarteirão. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 118 Figura 106 - Vista da proposta para a praça no interior do quarteirão. Fonte: Desenho autor. 119 Figura 107 - Vista da proposta para a zona cultural e de lazer. Fonte: Desenho do autor. 119 Figura 108- Proposta de intervenção da zona do espaço cultural e lazer. Fonte: Desenho do autor. 120 Figura 109 - Vista da proposta de intervenção. Anexo convertido na biblioteca. Fonte: Desenho do autor. 121 Figura 110 - Vista da proposta para a zona cultural e de lazer. Fonte: Desenho do autor. 122 Figura 111 - Vista do acesso ao interior do quarteirão junto à Escola da Avenida. Fonte: autor. 123 Figura 112 - Perspectiva inicial da situação proposta. Fonte: Desenho do autor. 127 Figura 113 - Vista sobre anexo no interior do quarteirão, situação actual. Fonte: Desenho do autor. 128 Figura 114 - Vista sobre anexo no interior do quarteirão, situação proposta. Fonte: Desenho do autor. 128 Figura 115 - Vista sobre árvores preservadas no interior do quarteirão, situação proposta. Fonte: Desenho do autor. 129 Figura 116 - Geometrização e marcação dos elementos fundamentais que suportaram o desenho proposto. Fonte: Desenho do autor. 129 VIII Índice de Figuras Figura 117 - Vista do acesso ao interior do quarteirão junto à Escola da Avenida. Fonte: autor. 130 Figura 118 - Esquema sobre a integração dos vários conceitos e mecanismos ecológicos. Fonte: desenho do autor. 131 Figura 119 - Definições e métodos aplicados na reconstrução dos alçados. Fonte: esquema do autor. 132 Figura 120 - Simulação de várias configurações possíveis através da fachada verde para os alçados propostos. Fonte: Desenho do autor. 133 Figura 121 - Esquema construtivo sobre o tipo de fachada verde proposto. Fonte: Desenho do autor. 134 Figura 122 - Vista sobre as coberturas convertidas em sistemas de produção de energia renovável. Fonte: Desenho do autor. 135 Figura 123 - Perfil com o aero-gerador e luminárias “solartree” em vista, situação proposta. Fonte: Desenho do autor. 135 Figura 124 - Marcação dos pontos de recolha do lixo e áreas de influência. Fonte: Desenho do autor. 136 Figura 125 - Vista do Interior Norte do quarteirão. Fonte: Imagem do autor. 137 Figura 126 - Vista do Interior Norte do quarteirão. Fonte: Imagem do autor. 138 Figura 127 - Vista do Interior Norte do quarteirão. Fonte: Imagem do autor. 139 Figura 128 - Vista do Interior Sul do quarteirão. Fonte: Imagem do autor. 140 Figura 129 - Vista aérea do interior Noroeste do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 141 Figura 130 - Vista aérea do interior Sudoeste do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 142 Figura 131 - Vista aérea do interior Sudeste do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 143 Figura 132 - Vista aérea do interior Nordeste do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 144 Figura 133 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 145 Figura 134 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 146 Figura 135 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 147 Figura 136 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 148 Figura 137 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 149 Figura 138 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 150 Figura 139 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 151 Figura 140 – Planta da zona de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001, Informação do PP do CH. Planta manipulada pelo autor. 158 Figura 141 – Planta da zona de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 159 Figura 142 - Planta de Cobertura com enumeração de patologias existentes. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 160 Figura 143 - Perfis com enumeração de patologias existentes. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 161 Figura 144 - Perfis com enumeração de patologias existentes. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 162 Figura 145 - Planta de Cobertura com marcação de materiais e técnicas construtivas. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 164 Figura 146 - Perfis com enumeração de materiais existentes. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 165 Figura 147 - Perfis com enumeração de materiais existentes. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 166 Figura 148 - Planta de Cobertura com marcação de materiais e técnicas construtivas. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 168 Figura 149 - Perfis com marcação do estado de conservação. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 169 Figura 150 - Perfis com marcação do estado de conservação. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 170 Figura 151 – Planta da zona de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 171 Figura 152–Planta de Património “Classificado” e “Em Vias de Classificação”. Fonte: Planta do PDM de 2001 com informação retirada do IGESPAR, 2014. Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico. Disponível em: <http://www. igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel> Acedido em 05 de Janeiro de 2014. Planta manipulada pelo autor.172 Figura 153 – Planta da zona de intervenção alargada com identificação do património. Fonte: Planta do PDM de 2001 com informação retirada da Planta do Património Construído e Arqueológico de Viana do Castelo de Janeiro de 2008. Planta manipulada pelo autor. 175 Figura 154 – Planta da zona de intervenção alargada. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 177 IX AGRADECIMENTOS Para a realização da presente dissertação contei com o apoio e colaboração de várias pessoas e entidades. Em todas as visitas ao local de estudo fui acolhido com grande receptividade, e neste caso, agradeço em particular à Dona Julieta Canosa, à Radio Alto Minho e ao Sport Clube Vianense por me terem recebido e permitido o acesso ao quarteirão e seu interior. Em especial, devo agradecer também ao João Cancelo pela colaboração e entrega no levantamento fotográfico aéreo da zona em estudo. Os elementos recolhidos tornaram-se fundamentais para o desenvolvimento do trabalho. Estou grato à Câmara Municipal de Viana do Castelo e ao Arquivo Municipal por me facultarem o acesso às plantas topográficas, aos elementos históricos e aos dados estatísticos considerados relevantes. A presente dissertação assenta numa base de trabalho desenvolvida na disciplina de Projecto III e por isso devo reconhecer todo o apoio e orientação do professor Jorge Barbosa. Com especial apreço, agradeço ao meu orientador, Professor Doutor Sérgio Infante pelo estimulo, orientação, disponibilidade e partilha de conhecimentos. Este trabalho é o culminar de uma importante etapa na minha formação como arquitecto e por isso devo agradecer à Universidade Lusíada de Vila Nova de Famalicão e a todo o corpo docente que me acompanhou e orientou ao longo destes cinco anos. Uma palavra de gratidão para os meus colegas e amigos que fizeram parte deste percurso, em especial o Luís Costa, o Francisco Carneiro e o Francisco Gonçalves. Obrigado pela partilha, pelo saudável trabalho em equipa e pelo incentivo nos momentos mais difíceis. XI RESUMO A reabilitação dos centros históricos urbanos e todo o seu património edificado assumem uma importância extrema, seja pela necessidade de preservação dos valores culturais e protecção da identidade de um povo ou nação, pela manutenção da imagem estética e formal da cidade, ou pela necessária dinamização social e económica. Porém, é fundamental associar novas dinâmicas aos conceitos de reabilitação, regeneração e restauro de forma a tornar os centros históricos novamente atractivos e competitivos. Por outro lado, as preocupações ambientais são actualmente uma forte problemática à escala global, exigem ao ser humano uma resposta rápida e eficaz a todos os níveis. Este desafio complexo obriga a reflectir sobre novas formas de habitar e fazer cidade, é inevitável minimizar e inverter as consequências nefastas causadas pelo homem ao ecossistema. Com a presente dissertação estabelecemos como objectivo principal abordar a reabilitação nos centros históricos, inserindo novos pressupostos ecológicos e técnicas de minimização do impacto ambiental, incluídas nos projectos das cidades do futuro. Existe o intuito de explorar um caminho onde os princípios de salvaguarda da autenticidade e memória do lugar se relacionam com valores de sustentabilidade ecológica, social e económica. Deste ponto de vista, é abordado o tema através do exercício de reformulação de um quarteirão localizado no centro histórico de Viana do Castelo. A operação parte da reestruturação geral do conjunto para a pormenorização do seu interior. A intervenção em causa sugere um caminho real para a regeneração de zonas históricas degradadas e desabitadas, dotando o espaço de uma atractividade exponencial mantendo a sua autenticidade e tradição. Apesar da ideia principal incidir na reformulação do desenho do interior do quarteirão salvaguardando a sua linguagem formal, a prática projectual inclui sistemas técnicos ecológicos, como os leitos de macrófitas, os canais de água, os sistemas de produção de energia limpa, o sistema de recolha de lixo integrado, os eixos de circulação pedonal e ciclovias. Porém, a atribuição de logradouro a todos os fogos, a dotação de hortas urbanas, a conversão de zonas degradadas em espaços culturais e desportivos e a inclusão de parque automóvel subterrâneo com eixo de cargas e descargas, constituem também valências acrescidas do ponto de vista social e económico. Acreditamos que a intervenção no quarteirão do “Vianense” recupera e regenera, promove a transmissibilidade cultural, busca o equilíbrio entre arquitectura e natureza, difunde a socialização e dinamização económica e tenciona tornar o centro histórico atractivo, habitado e competitivo. Palavras-chave: Reabilitação, Regeneração, Sustentabilidade, Património XIII ABSTRACT The rehabilitation of the historical city centres and all of its architectural heritage takes on an utmost importance, whether by the need to preserve the cultural values and to protect the identity of a people or nation, whether to maintain the aesthetic and formal image of the city, whether due to the necessary social and economic boosting. However, it is necessary to commit new dynamics to the rehabilitation, regeneration and rebuilding concepts in order to make the historical centres attractive and competitive again. On the other hand, the environmental concerns are currently one strong issue at a global scale, which requires that the human beings give a timely and effective response at all levels. This complex challenge requires to reflect upon new ways of living and making the city and it is inevitable to minimize and reverse the harmful effects caused by man to the ecosystem. With the present dissertation we set as main objective to address the rehabilitation in the historical centres, placing new ecological assumptions and minimization techniques of the environmental impact included in the projects of the cities of the future. There is the intention to explore a path where the principles of safeguarding the authenticity and memory of the place relate to values of ecological, social and economic sustainability. From this point of view, the subject is addressed through the exercise of redesigning a block located in the historical centre of Viana do Castelo. The intervention starts with the general restructuring and finishes with the precise details of the interior. The intervention in question suggests a real way for the regeneration of degraded and uninhabited historical areas, giving the space an exponential attractiveness maintaining its authenticity and tradition. Although the main idea focus on redesigning the interior of the block safeguarding its formal language, the project-technical practice includes ecological technical systems, such as the constructed wetlands, the water channels, systems of clean energy output, the integrated service of waste collection, the axes of pedestrian circulation and bicycle lanes. However, the allocation of patio areas to all dwellings, the allocation of urban kitchen gardens, the conversion of degraded areas in cultural and sports areas and the inclusion of underground car parks fitted with shaft for loading and unloading, are also assets from a social and economic point of view. We believe that the intervention in the block of “Vianense” recovers and regenerates, promotes the cultural transmissibility, aims the equilibrium between architecture and nature, spreads the socialization and economic boosting and intends to make the historical city centre attractive, inhabited and competitive. Keywords: Rehabilitation, Regeneration, Sustainability, Heritage XIV INTRODUÇÃO A construção de novas cidades que pretendem responder ás exigências actuais da população com um menor impacto no meio ambiente está a aumentar consideravelmente. Existem já vários projectos em construção, como é o caso de Masdar City nos Emirados Árabes Unidos e Dongtan na China, cidades “carbon zero”, que pretendem ter um impacto ambiental praticamente nulo e que ao mesmo tempo sugerem melhores condições de vida para os seus habitantes. No entanto, este caminho, obriga a uma reflexão sobre o destino dos actuais centros urbanos. Serão as actuais cidades, no futuro, lugares desabitados que não souberam evoluir em relação às novas exigências da sociedade? Estarão os actuais centros urbanos destinados às classes sociais inferiores? Estará a “nossa” cidade, e todo o seu património, condenada a se tornar exclusivamente num espaço museológico conotado negativamente com as feridas causadas no meio ambiente? A Comissão Europeia iniciou em 2008 um programa com o fim de premiar, todos os anos, a European Green Capital, cidade onde se verifiquem esforços efectivos na melhoria da qualidade de vida, diminuição do impacto ambiental e incremento de modos de vida mais sustentáveis. De facto, há técnicas extremamente eficazes e revolucionárias que estão já a ser implementadas nas cidades históricas, muito embora tenham sido também projectadas para as cidades do futuro. Levanta-se então a questão: como podem estas novas técnicas e medidas ser implementadas nos centros históricos das cidades portuguesas? Por outro lado, os centros históricos das cidades portuguesas encontram-se, na sua grande maioria, bastante degradados e desabitados, deixando de ser atrativos para a população em geral. Em muitos casos, este facto levou a que o centro histórico restasse apenas para as camadas sociais inferiores. No entanto, são zonas de grande interesse histórico e patrimonial, manifestantes da nossa cultura, que devem ser conservadas, restauradas e regeneradas. De que forma é possível então reabilitar o centro histórico mantendo a sua autenticidade física e formal, ao mesmo tempo que se englobam novos padrões socioeconómicos assim como novas técnicas de carácter sustentável? Embora haja várias definições para o conceito de sustentabilidade, na prática um modo de vida sustentável existe quando se verifica uma forte ligação com a mãe natureza, quando o ar que respiramos é puro, quando a poluição é nula e o lixo reciclado, quando sabemos que a energia provém de fontes renováveis, quando estamos a provocar um impacto mínimo no planeta e quando não colocamos em causa o futuro das gerações vindouras. Porém, esta cidade potência modos de vida ainda mais sustentáveis quando responde a outras problemáticas actuais, como por exemplo, o custo de vida, o desenvolvimento económico, a criminalidade e a violência, o emprego, o isolamento, o sedentarismo, as desigualdades sociais, o ruído, entre outros. 15 Introdução Tendo em conta todas estas dúvidas e questões, estabelecemos como objectivo principal, enumerar um conjunto de medidas que permitam tornar os actuais centros urbanos competitivos com os novos grandes planos que estão hoje em projecto e construção. Assim, através de um caso de estudo específico, o Quarteirão do Vianense, serão postas em práticas essas mesmas medidas sob a forma de reabilitação do seu interior e seu edificado. A reformulação dos interiores dos quarteirões permitirão desenvolver novas formas de lidar com as exigências anteriormente referidas e os problemas da sociedade actual. Objectivamente, pretende-se então, manter a autenticidade global e a memória do local ao mesmo tempo que se introduzem sistemas de energia renovável e técnicas de reciclagem, tratamento e aproveitamento das águas, percursos pedonais e ciclovias, sistemas de recolha e separação de lixo eficazes, hortas e jardins urbanos, corredores natura e espaços multi-facetados (cultura, desporto e lazer). Assim, a conversação e restauro, aliados à nova relação entre todos estes elementos no interior dos quarteirões, tornarão novamente os centros históricos dinâmicos e apelativos, ligados ao conceito de eco-cidade. Neste sentido, partimos da elaboração de um plano estratégico para a cidade e para a zona em específico, passando posteriormente à reformulação do interior de um quarteirão. Ao nível da metodologia de análise e desenvolvimento da proposta de intervenção, foi definido como fundamental, construir previamente uma base de trabalho real e completa do ambiente em estudo. Partimos do princípio que a realização de um trabalho coerente, integrado e adequado à realidade existente, depende consideravelmente do conhecimento das varias características físicas, sociais e económicas do espaço. Foram efectuadas várias visitas ao quarteirão em estudo, do qual resultou um levantamento aéreo fotográfico, e estabeleceu-se um contacto forte com alguns dos seus habitantes de forma a inventariar com rigor todas as particularidades, potencialidades, debilidades e condicionantes do espaço. Efectuou-se uma análise cuidada, não só ao local em estudo mas também à própria zona alargada de intervenção, no sentido de perceber como se processou a evolução do espaço ao longo dos tempos, de forma a clarificar quais as singularidades e pormenores que tornam o local autentico. Paralelamente ao contacto directo com o caso em estudo, foram também integrados no processo de análise, cartas e plantas topográficas do local criadas em vários períodos, levantamentos fotográficos de épocas distintas, elementos estatísticos e indicadores das dinâmicas sociais e económicas e efectuada uma consulta bibliográfica sobre o local em vários campos de análise. 16 ESTADO DA ARTE As cidades portuguesas confrontam actualmente grandes dificuldades ao nível da sua competitividade e atractividade. Este facto não se relaciona apenas com o contexto económico do país mas também devido à ausência de políticas de incentivo ao restauro e conservação que levaram à degradação dos centros históricos. Infelizmente, muitos destes locais nas cidades portuguesas são zonas degradadas e desabitadas, que nos últimos anos sofreram apenas intervenções pontuais, e que tornam a sua reintegração muito difícil e dispendiosa. Para além do mau estado que se verifica no património edificado, o empobrecimento económico-social também depressa se fixou levando a problemas de isolamento social, pobreza, criminalidade, entre outros. Património e Princípios de Salvaguarda A noção de património tem sofrido alterações aos longos dos tempos assim como os princípios da sua salvaguarda. Hoje entendemos claramente que o património cultural constitui a verdadeira identidade de um povo, uma herança do passado a que deverá ser assegurada a sua preservação e consequente transmissão para as gerações vindouras. Na Europa, esta problemática começou ser debatida afincadamente a partir da Segunda Guerra Mundial, pois à época, os centros urbanos antigos, ou estavam destruídos pela guerra ou ameaçados pelas políticas de desenvolvimento urbano. Apenas em 1964, a Carta de Veneza veio clarificar que “Os monumentos de um povo, portadores de uma mensagem do passado, são um testemunho vivo das suas tradições seculares.” 1, e torna-se “nosso dever mantê-los com a riqueza da sua autenticidade” 2. Figura 1 - Fotografia da cidade de Berlin destruída na 2ª Guerra Mundial. Fonte: Fotografia de Carl Weinrother, Junho 1945. BundesArchiv 1 2 Carta de Veneza, 1964, Carta Internacional Sobre a Conservação de Monumentos e Sítios, pag 1 Carta de Veneza, 1964, Carta Internacional Sobre a Conservação de Monumentos e Sítios, pag 1 19 Estado da Arte Contudo, “as políticas de salvaguarda do património espelham, em cada momento histórico, os valores que cada comunidade atribuí a esse património, tendo presente a sua memória colectiva” 3 ,e este facto, traduz uma certa ambiguidade que sempre tem acompanhado o conceito de salvaguarda. Ao longo dos tempos surgiram várias perspectivas diferentes sobre como se deveria restaurar e preservar um determinado monumento ou local considerado importante. Viollet-le-Duc defendia que se deveria conservar a mensagem original e eliminar todas as alterações efectuadas pelo homem ou pela natureza ao passo que a perspectiva de John Ruskin se traduzia num restauro bastante mais romântico. Para ele, o restauro de um edifício é a sua própria destruição, é mais correcto preservar uma ruína do que tentar restaurá-la. Autenticidade As dualidades de critérios inerentes aos princípios de conservação e restauro reflectem a forma como a noção de autenticidade pode ser interpretada e colocada em prática. Então, a salvaguarda do património edificado “assenta em princípios que são a expressão duma atitude cultural e ética face à substância física e às formalizações que gerações anteriores nos transmitiram” 4. Deste ponto de vista, hoje definimos que a autenticidade “procura a relação de verdade e sinceridade entre o suporte físico da mensagem e a mensagem em si mesmo” 5. É de extrema importância assegurar tanto a autenticidade formal original como a autenticidade histórica, reflexo de todas as intervenções sofridas em vários momentos temporais pelo homem e pela natureza. Consideramos hoje, que uma peça fielmente reproduzida não apresenta o mesmo valor do que a original. Posto isto, não podemos consentir tanto a destruição como a constante substituição do suporte físico do monumento ou local a conservar sob pena de estarmos a adulterar a mensagem que se traduzirá numa mentira para as gerações futuras. Contudo, “não quer dizer que não se substituam peças cuja degradação é irreversível e definitiva, mas isso deve constituir a excepção” 6. Cartas de Salvaguarda do Património Durante o século XX várias foram as conferências onde se debateram os princípios gerais e doutrinas relativas à conservação e restauro do património edificado. Em 1931, a “Conferência Internacional de Atenas sobre o Restauros dos Monumentos”, da qual surge a Carta de Atenas, foi importante para a afirmação e definição das políticas de salvaguarda. O conceito de anastilose começa a ser definido como um caminho a seguir no processo de restauro, processo este que valoriza a substância física e material. Surge um especial enfoque no “respeito pela obra histórica e artística do passado sem banir o estilo de nenhuma época” 7. 3 20 Lopes, Flávio, 2012, Património Arquitectónico e Arqueológico, pag 36 4 Infante, Sérgio, 2010, Autenticidade e Conservação Integrada, pag 94 5 Infante, Sérgio, 2010, Autenticidade e Conservação Integrada, pag 94 6 Infante, Sérgio, 1997, Cadernos ESAP, 2-3, pag 91 7 Carta de Atenas, 1931, Conclusões da C. I. de Atenas sobre o Restauro de Monumentos, pag 1 Estado da Arte Considera-se sensato o emprego dos mais variados recursos e técnicas construtivas, apesar de se conferir maior ênfase ao uso do betão armado. Nesta conferência defende-se também que os valores de protecção de testemunhos devem ser educados desde a infância pelos governos e poderes públicos. A Carta de Veneza sobre a Conservação e Restauro de Monumentos e Sítios, aprofunda o paradigma da salvaguarda em relação ao conceito em si e aos seus princípios fundamentais. Nesta altura o conceito de monumento deixa de englobar os edifícios arquitectónicos isolados mas também os sítios, rurais ou urbanos “nos quais sejam patentes os testemunhos de uma civilização particular, de uma fase significativa da evolução ou do progresso, ou algum acontecimento histórico” 8. Aborda-se o tema no sentido de facilitar a utilização dos monumentos para fins sociáveis, apesar de se defender que sempre que o espaço externo tradicional subsista, não devem ser permitidas adulterações, construções, demolições ou outras alterações significativas, sejam elas num plano volumétrico ou cromático. Por outro lado, qualquer intervenção adicional necessária, deverá constituir uma composição distinta da original e evidenciar claramente a linguagem do tempo presente. Neste sentido, “as contribuições válidas de todas as épocas para a construção de um monumento devem ser respeitadas, dado que a unidade de estilo não é o objectivo que se pretende alcançar nos trabalhos de restauro” 9. No ano de 1975, o Conselho da Europa através da Declaração de Amsterdão, intensifica a campanha de sensibilização para a adopção de políticas de salvaguarda dos centros históricos (Flávio Lopes, 2012: 52). Por esta altura, surge o conceito de conservação integrada, que se traduz no tratamento das zonas históricas focando o plano da arquitectura e da imagem formal mas também o plano social, económico e jurídico, entre outros. Assim, “A consideração dos factores sociais condiciona o resultado de qualquer política de conservação integrada. Uma política de conservação implica também a integração do património cultural na vida social” 10. Como refere o documento, “Ao aplicar os princípios da conservação integrada, estes devem ter em consideração a continuidade das realidades sociais e físicas existentes nas comunidades urbanas e rurais. O futuro não pode e não deve ser construído às custas do passado” 11. Desta forma, é necessário incluir nos princípios de conservação e restauro uma base de análise da textura urbana e rural onde os monumentos e sítios se inserem. Por outro lado, estes locais deverão possuir uma actividade pública ou função que respondam ás necessidades actuais de forma a permitirem a sua subsistência. Existe a intensão de convocar as populações para colaborar nos programas de salvaguarda, sensibilizando-as para os valores históricos e culturais dos monumentos e sítios. 8 Carta de Veneza, 1964, Carta Internacional Sobre a Conservação 9 Carta de Veneza, 1964, Carta Internacional Sobre a Conservação 10 Carta de Amsterdão, 1975, Conselho da Europa, pag 6 11 Carta de Amsterdão, 1975, Conselho da Europa, pag 5 de Monumentos e Sítios, pag 2 de Monumentos e Sítios, pag 4 21 Estado da Arte Acredita-se que é necessário fornecer indicações à comunidade sobre a base regulamentar que apoia a conservação e restauro, uma vez que nesta altura existe a necessidade de restaurar bairros inteiros. A Carta de Nairobi, em 1976, que resulta da Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, coloca uma vez mais pressão na importância da “salvaguarda dos conjuntos históricos ou tradicionais, e o seu papel na vida contemporânea” 12. Considera-se que o confronto com os perigos da uniformização e despersonalização manifestados na época contribuem para uma valorização vital dos testemunhos de épocas anteriores, uma vez que o ser humano encontra neles a expressão da sua cultura e os fundamentos da sua identidade. Em 1987, surge a Carta de Washington – “Carta Internacional para a Salvaguarda das Cidades Históricas” pelo ICOMOS. Esta define-se como um complemento à Carta de Veneza, que enumera “os princípios e os objectivos, os métodos e os instrumentos de acção adequados à salvaguarda da qualidade das cidades históricas, no sentido de favorecer a harmonia da vida individual e social, e perpetuar o conjunto de bens, mesmo modestos, que constituem a memória da humanidade” 13. Em certa medida, aborda-se com maior rigor a regulamentação e responsabilização no processo de salvaguarda, pois a sua eficácia depende claramente de uma política coerente de desenvolvimento económico-social, e da sua consideração nos planos de ordenamento e de urbanismo. Uma vez mais se apela claramente ao envolvimento dos habitantes para o sucesso do plano de salvaguarda que “deverá definir uma articulação harmoniosa dos bairros históricos no conjunto da cidade” 14. Neste capítulo discutem-se problemáticas que começam a surgir na época, como por exemplo, a necessidade de regulamentar o uso de veículos no interior das cidades e bairros históricos ao mesmo tempo que se determina que as zonas de estacionamento não deverão degradar essas zonas e envolvente em si. Assim, “As novas funções e as redes de infra-estruturas exigidas pela vida contemporânea devem adaptar-se às especificidades das cidades históricas” 15. Realidade em Portugal Em Portugal, poucos foram os exemplos de conservação e valorização de conjuntos arquitectónicos, exceptuando-se Óbidos, Marvão e Monsaraz pelo Estado Novo nas décadas de 1930/40, e Valença do Minho, Monção, Almeida e Alfama entre 1954 e 1967. Porém, muitos defendem que estas intervenções foram meramente desejos do Estado Novo em atribuir significados simbólicos a alguns aglomerados urbanos medievais em vez de se terem iniciado como uma forte preocupação no plano urbano. Assim, as políticas e incentivos praticados em Portugal não foram de encontro ao que se praticou noutros países da Europa, por exemplo, em 2004, apenas 10% do sector da construção foi destinado à reabilitação, ao passo que na Suécia o número rondava os 60%. 12 22 Carta de Nairobi, 1976, Organização das Nações Unidas Para a Educação, Ciência e Cultura, pag 1 Carta de Washington, 1987, Carta Internacional para a Salvaguarda das Cidades Históricas, pag 1 Carta de Washington, 1987, Carta Internacional para a Salvaguarda das Cidades Históricas, pag 2 Carta de Washington, 1987, Carta Internacional para a Salvaguarda das Cidades Históricas, pag 3 13 14 15 Estado da Arte Felizmente, nas últimas décadas têm surgido projectos de requalificação de zonas históricas e aldeias antigas que evidenciam uma grande qualidade projectual manifestada pela forte sensibilidade na preservação e conservação do património, seja ao nível do desenho como também no retomar às técnicas e materiais construtivos base do aglomerado em questão. Um destes bons exemplos é o Plano de Pormenor da Recuperação da Zona do Chiado, dirigido pelo Arquitecto Álvaro Siza, tem como principais objectivos a manutenção das características físicas e a autenticidade histórica e formal. Preserva o desenho pombalino do edificado para além de incentivar novas dinâmicas necessárias para fortalecer o comércio e tornar a zona novamente atractiva para a população. Foram criados percursos pedonais e ligados os interiores dos quarteirões, e hoje o Chiado tem uma nova vida sendo um dos principais pontos turísticos e comerciais da cidade de Lisboa, que no entanto, soube preservar o carácter do seu património edificado. O Plano de Salvaguarda de Angra do Heroísmo é um exemplo de referência no plano nacional. Angra do Heroísmo localiza-se na costa sul da Ilha Terceira no arquipélago do Açores e em 1983 a zona central da cidade foi classificada como Património Mundial pela UNESCO. A base metodológica desenvolvida pelo Arquitecto Sérgio Infante para a salvaguarda do património define-se em primeira instância como um “instrumento que pretende compatibilizar a conservação do Património com o Desenvolvimento” 16. Considera-se de extrema importância encontrar um equilíbrio entre conforto e qualidade ambiental na zona histórica, por se considerar um local de eleição para o harmonia entre a vida activa e o lazer, entre a cultura e os serviços. No plano de salvaguarda aborda-se com rigor a mobilidade e a deslocação das pessoas no centro e estabelece-se uma filosofia de correcção das dinâmicas negativas já existentes. Desta forma, é fundamental eliminar as zonas de conflito, favorecer os transportes públicos, melhorar as condições de circulação pedonal e criar as zonas de estacionamento numa zona mais periférica para revitalizar o turismo cultural. Figura 2 - Vista sobre Angra do Heroísmo. Fonte: WIKIMEDIA, 2015. Disponível em <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/12/ Vista_sobre_Angra_do_Heroismo.jpg> Acedido em 16 de Março de 2015. Imagem manipulada pelo autor. 16 Infante, Sérgio, 1997, Cadernos ESAP, 2-3, pag 91 23 Estado da Arte Foi estabelecido então, um plano hierárquico rodoviário, dividido em três níveis, a circular externa, a circular interna e as vias em anéis tangenciais ao centro. A circular externa de Angra permite um esquema de aproximações ao centro sem tráfego de atravessamento ao passo de que a circular interna favorece a escolha do anel mais eficaz para chegar ao local de destino. A filosofia de salvaguarda do Centro Histórico de Angra do Heroísmo, embora aborde a necessidade de recuperação dos vários elementos de forma isolada, realça a vontade de recuperar os espaços que interliga esses elementos. Por outro lado, identifica-se o interior dos quarteirões como espaços privilegiados para crianças e idosos, “áreas que podem vir a constituir uma amenidade para moradores das zonas envolventes e peões em geral” 17 pois serão protegidos da poluição e do incomodo do tráfego rodoviário. Do ponto de vista do edifício, considera-se que a substância física é de extrema importância e que esta base deve ser mantida, apesar da consciência de que o modo de vida actual incentiva à alteração tipológica. No entanto, deve ser efectuado um esforço em compatibilizar a manutenção das características físicas com as novas necessidades, e apenas partir para “a destruição do existente depois de esgotadas as hipóteses de adequação desses espaços às exigências actuais” 18. No plano de intervenção, seja num espaço ou edifício, deve-se evitar a perda do valor cultural, ou seja, no processo de recuperação e restauro devem ser empregues materiais e técnicas construtivas compatíveis com o existente e com uma durabilidade à escala da vida útil do monumento em questão. Porém, promove-se a pesquisa e o conhecimento sério da realidade local, a intervenção em edifícios antigos apenas deve ser efectuada depois do levantamento, análise, interpretação da situação existente e diagnóstico das patologias. Em toda a Europa surgem vários casos de referência neste ponto de intervenções nos centros históricos como é o caso de Barcelona, Bordeaux, Freiburg, entre outras. Sustentabilidade Apesar de um maior incentivo e sensibilização para as questões de salvaguarda dos centros históricos e consequente conservação do património arquitectónico, surge nos dias de hoje, uma problemática feroz que obriga o arquitecto a adoptar novas posturas para requalificação destes ambientes. Actualmente, no centro de todas as questões, emergem os problemas ecológicos, o impacto ambiental, o aquecimento global e o possível contributo da arquitectura para alcançar um planeta mais saudável. O desenvolvimento de pensamentos e questões relacionadas com o domínio da sustentabilidade começou a ser colocado em prática na década de 60 por alguns visionários como Richard Buckminster Fuller e Reyner Banham. 24 17 18 Infante, Sérgio, 1997, Cadernos ESAP, 2-3, pag 93 Infante, Sérgio, 1997, Cadernos ESAP, 2-3, pag 93 Estado da Arte Na altura os efeitos relacionados com o aquecimento global ainda não tinham despertado atenção na consciência do homem, com a excepção de alguns cientistas que já sabiam que o ser humano e as suas práticas estavam relacionadas com as alterações climáticas. No entanto, as consequências e catástrofes relacionadas com o efeito de estufa foram dando cada vez mais relevo a este tema. De facto, só em 1975 se conhece a expressão “aquecimento global” através do geoquímico Wallace, porém já muitos defendiam uma atenção especial para a problemática do impacto do homem no meio ambiente. “Banham defendia que as tecnologias ecológicas eram tão importantes para dar forma à arquitectura como o betão e o aço.” (Brian Edwards, 2005: 39) A industria da construção é responsável pelo consumo de 50% dos recursos naturais do planeta e o uso de combustíveis fósseis para a climatização, ventilação e iluminação dos edifícios é igualmente responsável por 50% do aquecimento global. A actividade da construção, segundo Brian Edwards, é uma das menos sustentáveis do planeta. Porém, só em 1972 se começa a formar o conceito de sustentabilidade através da conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano realizada em Estocolmo. A Conferência das Nações Unidas de 1992 realizada no Rio de Janeiro, estabelece uma forte consciencialização e um sério alerta para os governos sobre os problemas ecológicos associados ao desenvolvimento urbano. Dessa mesma conferência nasce a Agenda 21, um documento que revela a importância de cada país na reflexão e no estudo sobre as várias questões sócio-ambientais, como o consumo energético, a conservação e gestão dos seus próprios recursos naturais, a biodiversidade e o compromisso de se estabelecerem planos de acção para potenciar a recuperação do meio-ambiente. Figura 3 - Fotografia Aérea de Tacloban Philippines. Fonte: Agência Reuters, 10 Novembro de 2013. Imagem manipulada pelo autor. 25 Estado da Arte O conceito de sustentabilidade foi evoluindo também ao longo das últimas décadas do século XX, e em 1987 a comissão de Brundtland classifica como desenvolvimento sustentável “a satisfação das presentes necessidades sem comprometer a capacidade das gerações futuras na satisfação das suas próprias necessidades” 19. Embora existam algumas variantes deste conceito, cada uma com especificidades da sua área de estudo, a protecção do meio ambiente, a preocupação do consumo energético e a diminuição da utilização dos recursos naturais são noções transversais nas várias indústrias e áreas do conhecimento. Desde então, os projectos e políticas sustentáveis foram-se multiplicando, tanto no plano do edifício como na escala urbana, agora com uma maior ênfase, pois hoje existe uma clara noção de que o futuro do planeta e da espécie humana está colocado em causa. É fundamental reflectir sobre “pegada ecológica”, existe a consciência de que o ser humano é semelhante às outras espécies, no sentido de que cada organismo vivo necessita de uma quantidade mínima de espaço natural produtivo para sobreviver. A nossa sobrevivência depende da existência de alimentos, de uma fonte constante de energia, da capacidade de absorção dos vários resíduos que produzimos e da disponibilidade de matérias-primas para os processos produtivos, no entanto, teremos que viver de acordo com a capacidade de carga do planeta, ou seja, “de acordo com o que a Terra pode fornecer e não com o que gostaríamos que fornecesse” 20. Alguns dos arquitectos pioneiros nesta matéria são sem dúvida Renzo Piano, Ken Yeang e Norman Foster. Do ponto de vista urbano, Hammarby Sjostad em Estocolmo estabelece um padrão pioneiro na implementação de novas medidas na cidade para o alcance de um impacto mínimo no meio ambiente. Este eco-bairro baseia-se em critérios ambientais rígidos, onde a reconstrução em terrenos industriais antigos permitiu uma revitalização do lugar. Por outro lado, dinamizam-se os transportes públicos, rápidos e atractivos, diminuindo assim o coeficiente de poluição relacionado com o uso do automóvel particular. No campo das energias, foi estabelecido um padrão exigente relativamente à eficiência energética dos edifícios, bem como a utilização de energias renováveis, biogás e reutilização do calor residual. Da mesma forma, novas tecnologias permitem um maior controlo na utilização e reciclagem da água, assim como do lixo e outros resíduos. Em Sutton (Reino Unido), foi desenvolvido o Beddington Zero (Fossil) Energy Development, mais conhecido como BEDZED. O objectivo inicial, pretende utilizar 0% de combustíveis fósseis na produção de energia, e produzir no próprio local a energia necessária na sua utilização. No entanto, BEDZED é muito mais do que isso pois empenha-se também na sustentabilidade social, onde dois terços da habitação é barata ou acessível economicamente. O empreendimento é constituído por espaços desportivos, culturais e de lazer e por zonas que promovem emprego local e o alojamento de empresas que pretendem aproveitar o potencial energético amigo do meio ambiente. 26 20 19 Relatório de Brundtland, 1987, Our Common Future, pag 16 Fernandes, Eduardo Oliveira, et al, 2009, Energias Renováveis, pag 13 Estado da Arte Figura 4 - Esquema representativo do Conceito BedZed. Fonte: SAMANZOMORODI, 2012. Energy and Our Buildings, Disponível em < http:// saman3230.wordpress.com/2012/10/16/addington/ > Acedido em 02 de Fevereiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor. Estas tipologias são conhecidas na Europa por Zero Carbon House, Zero Energy House, entre outras, e caracterizam-se por possuírem um elevado nível de isolamento térmico, um reduzido número de renovações de ar, recuperação de energia para fins de aquecimento ou arrefecimento, uso das técnicas solares passivas e activas e janelas eficientes energeticamente. Escolha dos Materiais O conceito de zero energy house, sob o ponto de vista do Ciclo de Vida, apresenta uma “perspectiva redutora, pois não contempla a energia a montante e a jusante do edifício pronto a operar” 21. Este factor, denominado de energia ncorporada (embodied energy), é a energia usada desde a extracção das matérias primas até às unidades de transformação, obra, e mesmo até à fase de desconstrução, incluindo o transporte e excluindo a energia operacional. Deste ponto de vista, “Goverse, considera que o incremento no uso de madeira na construção poderia reduzir em 50% as emissões de CO2 na Holanda, e More, considera uma redução de 215% da energia envolvida na construção de edifícios ao serem usados materiais locais” 22. Pode-se considerar, que finalizado o edifício já foi utilizada energia equivalente a 10 anos do seu funcionamento. Assim, é extremamente importante adequar a escolha dos materiais na construção de forma a potenciar uma redução da quantidade de energia necessária na actividade da construção. 21 22 Oliveira,C; Reaes Pinto, Alberto. 2011, Características de Sustentabilidade de Materiais de Construção Renováveis, pag 65 Oliveira,C; Reaes Pinto, Alberto. 2011, Características de Sustentabilidade de Materiais de Construção Renováveis, pag 65 27 Estado da Arte Por outro lado, o tempo de vida útil do edifício também condiciona a escolha dos materiais, ou seja, uma maior durabilidade diminui a importância da energia incorporada. Isto significa, que do ponto de vista sustentável, pode ser mais favorável a utilização de materiais com alto nível de energia incorporada se isso permitir uma construção de maior longevidade. Na escolha dos materiais, é também importante abordar a componente da reutilização e reciclagem, no entanto, de um modo geral define-se os materiais locais provenientes da natureza como os mais passíveis de serem reciclados e reutilizados. Pelo contrário, os materiais frequentemente utilizados pela industria da construção não são concebidos na óptica do Ciclo de Vida e por isso são potencialmente mais poluentes do solo, da água e do ar aquando da deposição em aterro ou incineração. Em contraposição surgem os materiais renováveis (renewable materials) que se destacam por serem provenientes da agricultura e de origem vegetal, como por exemplo, a madeira, a cortiça, ou o cânhamo. Para além de todas as vantagens enunciadas, estes materiais podem ser encontrados em muitas regiões do globo, no entanto é importante perceber se os materiais naturais podem substituir os sintéticos tendo em conta o tempo necessário de crescimento das culturas. De facto, a celulose pode ser obtida a partir de culturas plurianuais em rotatividade com os cereais e outras agriculturas o que define o miscanto, o linho e o cânhamo como alternativas viáveis na utilização para fins construtivos. Outra vantagem na utilização de produtos naturais relaciona-se com o conceito de “sequestrador de carbono” presente tanto durante o ciclo de vida da cultura como no tempo de vida da construção, tornando estes materiais aliados na mitigação dos efeitos das alterações climáticas. Um material de referência neste sentido é o Cânhamo (Cannabis Sativa) e a partir das suas fibras deriva um sem número de opções para a construção, desde os “painéis, blocos, módulos préfabricados, betão ou rebocos com altas performances isolantes, térmicas e acústicas” 23. Este material recente, tem ganho um enorme sucesso, nomeadamente na utilização do betão leve de cânhamo (hemp lime), em países de referência no campo da “sustentabilidade e construção sustentável, como a França a Alemanha e o Reino Unido” 24. O material é composto por agregados renováveis sequestradores de carbono, derivados de uma planta de crescimento rápido e ligantes de cal hidráulica, de forma a potenciar uma solução leve e dinâmica na utilização, podendo ser aplicado em paredes exteriores, isolamento de coberturas e lajes de soleiras. 28 23 24 Oliveira,C; Reaes Pinto, Alberto. 2011, Características de Sustentabilidade de Materiais de Construção Renováveis, pag 71 Oliveira,C; Reaes Pinto, Alberto. 2011, Características de Sustentabilidade de Materiais de Construção Renováveis, pag 71 Estado da Arte Energias Renováveis A par da escolha e adequação dos materiais na actividade da construção, a inclusão de sistemas e tecnologias de energia renovável é também um aspecto preponderante para o alcance da sustentabilidade ecológica e consequente minimização do impacto ambiental. É fundamental, para o futuro do planeta e da humanidade, eliminar o uso indiscriminado dos recursos fósseis seja para produção de energia seja para outros fins. De facto, “A concentração de CO2 na atmosfera passou a ser um indicador, mas também condição sine qua non do futuro. As consequências são para serem interpretadas e assumidas” 25. As alterações climáticas são hoje a maior ameaça ambiental a nível global com fortes consequências para o ecossistema, para a saúde humana, para a qualidade e disponibilidade de água e para a economia, tendo esta problemática sido abordada seriamente na Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, CQNUAC, e no Protocolo de Quioto em 1997. O futuro está nas energias renováveis e na democratização ao seu acesso e mais importante do que perceber quais os sistemas e técnicas a adoptar é essencial perceber quais as necessidades energéticas. Desta forma, o planeamento tonar-se substancial numa óptica que assume a integração de sistemas, utilizando os avanços das tecnologias de informação valorizando o “matching de oferta/procura” e potenciando os armazenamentos de todos os tipos em detrimento de uma “lógica de autosuficiência heróica” 26. Energia Solar A energia solar é a energia contida na radiação electromagnética proveniente do sol e a utilização de sistemas que permitem a sua produção apresentam um sem número de vantagens. Uma vez que se trata de uma energia renovável, esta é ilimitada e gratuita. Para além disso, o processo de captação e armazenamento através dos sistemas solares não alteram nem afectam as condições naturais do clima nem do meio ambiente. A aposta neste tipo de sistemas potencia a diminuição do aquecimento global ao mesmo tempo que valoriza a independência energética do ponto de vista quer dos custos quer da autonomia em si. Os sistemas relacionados com a energia solar podem ser divididos em: sistema solar térmico, sistema solar termoeléctrico e sistema solar fotovoltaico. O sistema solar térmico permite a captação, transformação e armazenamento da energia solar para posteriormente ser utilizada na resposta ás necessidades térmicas. Este sistema é essencialmente utilizado no mercado doméstico, nomeadamente para o aquecimento das águas sanitárias, ou seja, banhos, cozinha e máquinas de lavagem. Este tipo de sistemas são compostos por um colector solar onde a radiação electromagnética proveniente do sol se transforma em energia térmica. 25 26 Fernandes, Eduardo Oliveira, et al, 2009, Energias Renováveis, pag 5 Fernandes, Eduardo Oliveira, et al, 2009, Energias Renováveis, pag 6 29 Estado da Arte A placa absorsora transfere a energia térmica para um fluído, normalmente água com aditivos e anticongelantes e este sistema aumenta a temperatura para valores acima da temperatura ambiente. Posteriormente o fluído circula entre o colector e o depósito solar onde a energia é captada e transferida num permutador e armazenada sob a forma de água quente pronta a ser utilizada. Os sistemas deverão ser colocados em zonas orientadas a sul, sem sombra ao longo do ano de forma a potenciar um maior rendimento. Os sistemas de termoelectricidade solar funcionam, em certa medida, como as centrais de produção de energia convencionais onde a fonte de calor passa a ser o Sol. A captação de energia solar é efectuada através da concentração de variados meios ópticos com o fim de se atingirem temperaturas elevadas para o aquecimento de água ou aquecimento de ar, que irão alimentar as turbinas das centrais. Neste processo, é efectuada a captação de energia solar e transformada em calor e posteriormente convertido o esse calor em electricidade. Os sistemas solares fotovoltaicos estão disponíveis em várias tecnologias, porém, o princípio base consiste na conversão directa da luz do sol (fotões) em energia eléctrica. Neste sentido, quanto maior for a radiação solar incidente maior será a corrente eléctrica. Estes sistemas apresentam um sem número de vantagens, desde logo uma grande fiabilidade e moldurabilidade, utilização de uma fonte de energia inesgotável, ausência de ruído e sem emissões de gases de efeito de estufa. Tecnicamente, ao atravessar a “célula fotovoltaica, a energia contida nos fotões permite libertar electrões dos átomos de silício, o que os torna disponíveis para condução. A existência de duas zonas do material, uma onde existe um excesso de electrões e outra onde esses electrões estão em défice cria uma barreira na zona de junção, permitindo que, ao fechar um circuito eléctrico exterior através de contactos metálicos existentes nos extremos das zonas, possa haver fluxo de electrões da zona onde existe excesso de cargas negativas para a zona onde há falta o que não é mais do que uma corrente eléctrica...” 27. Figura 5 - Solar Tree. Fonte: Ross Lovegrove, 2015. Disponível em <http://www.rosslovegrove.com/index.php/custom_type/solartree/?category=environment> Acedido em 13 de Março de 2015. Imagem manipulada pelo autor. 30 27 Fernandes, Eduardo Oliveira, et al, 2009, Energias Renováveis, pag 113 Estado da Arte Energia Eólica O ser humana aproveita a energia dos ventos à milhares de anos, desde a utilização dos moinhos na agricultura até à utilização de barcos à vela. No entanto, hoje a tecnologia esta claramente mais avançada tornando este tipo de sistemas bastante mais dinâmicos e eficazes na produção de energia eléctrica. Os parques eólicos começaram a ser instalados em larga escala no final do século XX na América, no entanto, a partir dos anos 90 a Europa evidenciou-se “no âmbito do desenvolvimento tecnológico com taxas de crescimento muito significativo” 28. Hoje em dia, o aproveitamento do vento através de aerogeradores é um dos mais competitivos sistemas de produção de energia com custos externos ambientais e sociais reduzidos. De facto as turbinas eólicas tiveram um desenvolvimento tecnológico muito importante ao longo dos últimos 15 anos, quer em termos de potência unitária, quer em termos de dimensão. Este processo tecnológico apresenta inúmeras vantagens, no entanto, apesar de uma aceitação pública considerável, existem aspectos que devem ser adequados na sua instalação e utilização sob pena de se tornarem negativos, nomeadamente ao nível do ruído, do impacto visual, ou da perturbação da vida animal (aves). Existem vários tipos de aerogeradores, desde os aerogeradores de eixo vertical, aerogeradores de uma pá e aerogeradores modernos. Do ponto de vista técnico, estes sistemas convertem a “energia cinética do vento em energia mecânica utilizando pás com características aerodinâmicas adequadas e posteriormente, em energia eléctrica...” 29, contudo, a produção de electricidade começa apenas quando o vento atinge uma velocidade entre os 18 e o 20 km/h e chega à potencia nominal por volta dos 46 km/h. Nesta fase, a produção de energia eléctrica mantém-se constante. Existem actualmente variados sistemas de produção de energia de cariz renovável, como o aproveitamento terrestre através da Geotermia, Biomassa, Biogás de Digestão, Biogás de Aterro e Biodiesel, ou o aproveitamento das águas, através das Hídricas, Mini-Hídricas, e Oceanos. No entanto, não existe intenção de abordar todos os sistemas neste trabalho. Tratamento de Águas O tratamento dos resíduos urbanos e das águas constitui um ponto fulcral para o alcance de um caminho sustentável e neste ponto de vista, a arquitectura desempenha um papel importante uma vez que deve ser sensível a este tipo de questões, seja ao nível do seu conceito seja na inclusão de sistemas e técnicas ecológicas. 28 29 Fernandes, Eduardo Oliveira, et al, 2009, Energias Renováveis, pag 210 Fernandes, Eduardo Oliveira, et al, 2009, Energias Renováveis, pag 220 31 Estado da Arte Figura 6 - Esquema de um leito com macrófitas emergentes de escoamento superficial. Fonte: FBDS. Disponível em <http://www.fbds.org.br/ Apresentacoes/Controle_Qualid_Agua_Wetlands_ES_out06.pdf> Acedido em 10 de Fevereiro de 2015. Imagem manipulada pelo autor. Figura 7 - Esquema de um leito com macrófitas emergentes de escoamento subsuperficial. Fonte: FBDS. Disponível em <http://www.fbds.org.br/ Apresentacoes/Controle_Qualid_Agua_Wetlands_ES_out06.pdf> Acedido em 10 de Fevereiro de 2015. Imagem manipulada pelo autor. Actualmente, os leitos de macrófitas são uma solução técnica cada vez mais utilizada e relevante que obedece aos pressupostos da sustentabilidade para o tratamento biológico de efluentes, nomeadamente em pequenos aglomerados. Este sistema, consiste na criação de zonas húmidas que configuram um habitat propicio ao desenvolvimento de comunidades de microrganismos, pela diversidade de nichos físicos e biológicos nele existentes. As comunidades biológicas presentes no leito são responsáveis pela remoção da matéria orgânica solúvel presente, traduzindo-se num sistema de baixo custo financeiro e de baixa manutenção. Estas valências permitem ainda um potencial alargado ao nível da imagem e integração paisagística, apesar disso, é essencial que a vegetação esteja morfologicamente adaptada a crescer e viver em solos saturados. As espécies de macrófitas aquáticas emergentes mais utilizadas são os caniços (Phragmites australis), os juncos (Scrirpus lacustris) e as espadanas (Typha latifolia). O conceito base na utilização destes sistemas visa “reconstruir as propriedades existentes nos sistemas naturais, sendo constituída por um leito, geralmente impermeabilizado por recurso a argila ou geomembrana para impedir a infiltração no solo, que é posteriormente preenchido com água ou um meio de enchimento poroso” 30. Segundo Kadlec, os leitos de macrófitas podem ser classificados em dois grupos conforme a forma de escoamento : - Escoamento superficial, em que o efluente escoa através de um leito preenchido com água e plantas aquáticas; - Escoamento subsuperficial, em que o efluente escoa através de um leito preenchido com um meio poroso (geralmente gravilha), que apresenta na superfície plantas macrófitas. 32 30 Galvão, Ana. Matos, José, 1987, A Contribuição da Evapotranspiração no Tratamento de Águas Residuais Através de Leitos de Macrófitas, pag 54 Estado da Arte No entanto, hoje em dia é possível encontrar soluções híbridas, onde existe a composição de um ou vários leitos do tipo subsuperficial juntamente com uma lagoa de escoamento superficial. De forma geral, os leitos de macrófitas apresentam variadas vantagens em relação aos sistema de tratamento mais convencionais, ou seja, aliado ao baixo custo e baixa manutenção, não existe a necessidade de inspecção e controlo de forma assídua, não é necessário pessoal especializado para a manutenção e operacionalização das infra-estruturas, o sistema depende de energias renováveis, como a energia solar, a energia eólica, a energia química da precipitação, da água superficial e subterrânea e a energia potencial armazenada na biomassa e no solo (Kadlec e Knight, 1996). Por outro lado são potenciados novos dinamismos ao nível dos ecossistemas que permitem uma boa integração paisagística. Apesar disto, os leitos de macrófitas estão sujeitos ás mais variadas condições climatéricas, “as quais podem influenciar de forma significativa o desempenho do leito através do balanço de água ao sistema” 31. Por outro lado, se o sistema estiver ligado a fossas sépticas ou se a constituição do efluente for bastante orgânica, podem sentir-se maus cheiros nos dias mais quentes. Os leitos devem ser dimensionados e adequados ao local em si de forma a eliminar problemas operacionais relacionados com os caminhos preferenciais de escoamento e a problemas na colmatação do meio de enchimento que pode conduzir ao afloramento de água à superfície do leito. Sistemas Activos e Passivos Os avanços tecnológicos das ultimas décadas, permitiram a criação dos mais variados sistemas técnicos com vista a um futuro mais sustentável, desde os sistemas de produção de energia renovável, de racionalização de água e electricidade, de climatização e controlo de iluminação, entre outros. Estes produtos artificiais denominam-se por sistemas activos. Por outro lado, esta vasta gama de técnicas não proporciona, por si só, que um local ou edifício seja realmente ecológico e sustentável. Para além da escolha e adequação dos materiais, é necessário conhecer a realidade física e morfológica do local, assim como ter consciência sobre o impacto dos factores naturais, uma vez que estes podem condicionar e afectar, positiva ou negativamente, o desempenho da estrutura projectada. O incremento do conforto, seja no edifício ou na cidade, através do controlo de métodos naturais denomina-se por sistemas passivos. Como referido, é fundamental conhecer a geografia física do local para assim tirar partido das condicionantes ambientais e projectar tendo em consideração a “orientação solar, oscilação da temperatura local, movimento do ar e do vento, percentagem de humidade local, vegetação, tradição construtiva e percentagem de luz local, de modo a potenciar, no projecto, as componentes que possibilitam o arrefecimento, aquecimento, ventilação, luminosidade, entre outros...” 32. 31 Galvão, Ana. Matos, José, 1987, A Contribuição da Evapotranspiração no Tratamento de Águas Residuais Através de Leitos de Macrófitas, pag 55 32 Fernandes, Eduardo Oliveira, et al, 2009, Energias Renováveis, pag 72 33 Estado da Arte Figura 8 - Esquiço inicial sobre a integração dos sistemas activos na proposta de intervenção . Imagem do autor. Estes factores, se forem tidos em conta na fase de projecto, podem contribuir para um maior sucesso da solução quer do ponto de vista do conforto, quer do impacto ambiental decorrente da utilização durante o tempo de vida útil do edifício ou espaço. Contudo, a sensibilidade para estas questões não elimina a necessidade de inclusão dos sistemas artificiais, e assim, os sistemas integrados, sistemas passivos juntamente com sistemas activos, constituem uma enorme vantagem para a optimização do conforto reduzindo as consequências para o meio ambiente. Futuro O mundo continua atento e preocupado com o meio ambiente e estudos recentes definem um futuro cinzento no que diz respeito ás consequências prováveis que derivam do impacto na mãe-natureza pelas actividades do homem. Muito mais deve ser feito, e o ser humano encontra-se hoje numa luta contra o tempo para sarar, ou pelo menos minimizar, as feridas causadas no planeta que se revelam catastróficas sob o efeito dos mais variados fenómenos. No entanto, “é preciso evitar, com efeito, que o ecológico não se faça em prejuízo do social, em particular para as camadas socais modestas, periurbanas e suburbanas” 33, o que torna o projecto sustentável um processo complexo que engloba diferentes matérias bastante sensíveis entre si. 34 33 Asher, François. 2012. Novos Princípios do Urbanismo, pag 161 Estado da Arte O European Green Capital é um prémio criado e atribuído anualmente pela União Europeia para as cidades que revelem um maior empenho na optimização dos recursos e esforços na melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes. Porém, o conceito “green” evidencia uma clara atenção ás medidas que eliminem o impacto negativo provocado pelas actividades urbanas. A primeira cidade premiada foi Estocolmo em 2010, seguindo-se Hamburgo, Vitoria-Gasteiz, Nantes, Copenhaga, e finalmente Bristol em 2015. Tanto o prémio em si como os incentivos e apoios que dele derivam, demonstram a constante preocupação desta temática bem como o estímulo para a evolução de técnicas e sistemas que permitam uma melhor relação com o planeta. Paralelamente ao que se passa na Europa, surgem em todo o mundo novos projectos sustentáveis, quer de edificado em si ou de carácter urbano, numa escala cada vez maior. Masdar City é um dos exemplos mais extremos, e esta cidade dos Emirados Árabes Unidos desenhada no seu grande plano pelo atelier Foster and Partners propõem-se a ser a primeira cidade do mundo com 0% de emissões de CO2. Figura 9 – Maquete virtual do plano de Masdar city. Fonte: Foster + Partners, 2007. Disponível em < http://www.fosterandpartners.com/projects/ masdar-development/>, Acedido em 15 de Outubro de 2013. Imagem manipulada pelo autor. 35 Projectos de Referência Hammarby Sjostad - Stockholm Figura 10 – Vista aérea sobre Hammarby Sjostad. Fonte: Ola Ericson/imagebank.sweden.se, Maio de 2011. Imagem manipulada pelo autor. Hammarby Sjostad localiza-se a sudoeste de Estocolmo, na Suécia, e consiste num bairro habitacional planeado para uma integração ambiental com objectivos definidos muito exigentes. Uma vez que se trata de um dos maiores planos de cidade sustentável do mundo, e um dos mais bem sucedidos, Hammarby Sjostad é visitada todos os anos por mais de 10000 pessoas, desde turistas até aos especialistas em ecologia, sustentabilidade ou energia. Trata-se de uma área com cerca de 200 hectares, dos quais 40, são constituídos por água e que inspirou o projecto e o seu nome devido á proximidade da zona com o lago Hammarby Sjo. Este projecto sustentável tem como base um antigo local contaminado de terrenos industriais e responde a critérios ambientais muitos rígidos que abrangem não só o edificado mas também as instalações técnicas e o próprio sistema de tráfego. Objectivamente, existe a meta de reduzir em 50% o impacto ambiental, tendo como referência uma área construída nos anos 90, e a criação de edifícios duas vezes mais amigos do ambiente com base na mesma referência. “A arquitectura é moderna, focada em materiais sustentáveis como o vidro, madeira, ferro e pedra e o solo ser completamente descontaminado antes do início da construção” (GlashusEtt, 2007: 10) Quando concluído, em 2015, segundo GlashusEtt, este novo bairro será constituído por um total de 11000 edifícios e todas as infra-estruturas necessárias para albergar 25000 habitantes, porém, crêse que cerca de 35000 pessoas irão habitar e trabalhar em Hammarby Sjostad. 36 Projectos de Referência Então, a cidade de Estocolmo define os seguintes objectivos ambientais para Hammarby Sjostad: Uso do Solo: reabilitação sanitária, reutilização e transformação de antigos terrenos abandonados em espaços residenciais atraentes, com belos espaços públicos verdes; Transportes: transportes públicos rápidos e atractivos, combinados com “carpooling” e agradáveis ciclovias, de forma a reduzir o uso do transporte privado e toda a poluição que dele deriva; Materiais de Construção: utilização de materiais amigos do ambiente e ecológicos, saudáveis e secos tais como a madeira, o vidro, a pedra e o ferro; Energia: utilização de combustíveis renováveis e biogás assim como reutilização do calor residual, tudo isto associado a novos padrões de eficiência energética nos edifícios; Água e Esgotos: o mais limpos e eficientes possíveis, tanto no input como no output, utilizando novas técnicas de poupança de água e tratamento dos esgotos; Resíduos: separação exaustiva em termos práticos com os materiais e a energia a serem reciclados sempre que possível; Modelo e Dinâmicas de Hammarby Sjostad: Figura 11 - Esquema do ciclo ecológico de Hammarby Sjostad. Fonte: GlashusEtt de 2007. Imagem manipulada pelo autor. 37 Projectos de Referência Figura 12 - Imagem ilustrativa das dinâmicas do bairro. Fonte: Marie-Neige Roux, 2013. Les Temps Changent, Disponível em <http://les-tempschangent.com/quest-ce-que-le-design-thinking/> Acedido em 05 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor. Podemos então verificar através destas duas imagens que a política e as técnicas ambientais se aplicam em Hammarby Sjostad a vários níveis. A preocupação primordial é a mãe natureza e o impacto negativo do homem sobre ela, e por isso mesmo, neste projecto optou-se por conservar a natureza do local e toda a sua vegetação existente. Foram criados novos espaços públicos verdes conectados entre sim por corredores natura ligados aos parques e jardins. Estes novos percursos pedonais satisfazem as necessidades primárias de deslocação dos habitantes nas suas rotinas diárias, motivando-os, através da inclusão de biodiversidade nestes mesmos caminhos. Existe também o conceito de “cidade saudável”, ou seja, a criação de espaços e dinâmicas que permitem a prática desportiva e de exercício físico de forma a diminuir os níveis de sedentarismo das pessoas. No entanto, os projectistas e pensadores de Hammarby Sjostad consideram que “A variedade de diferentes tipos de actividade cultural são também importantes em termos de saúde global.” 34, e por isso mesmo, foram também concebidos novos espaços culturais para serviço da população. No plano dos transportes houve a intenção de conectar as linhas de metro e autocarros, com os ferry-boats, e os interfaces de carpooling de forma a minimizar a utilização do automóvel pessoal. Mesmo assim, todos os transportes públicos obedecem aos requisitos ambientais globais definidos para o plano em si. Durante a execução e construção do bairro serão efectuadas inspecções ecológicas periódicas de forma a verificar em que condições é efectuada a descontaminação do solo, a reciclagem dos materiais, a utilização dos materiais sustentáveis, e assim, inspeccionar se os objectivos e pressupostos são cumpridos. No plano energético são aplicadas várias técnicas para obtenção de energia de uma forma sustentável, desde a utilização de painéis fotovoltaicos na cobertura e turbinas eólicas, até à produção de energia através das centrais de tratamento de resíduos e biogás através do processamento de resíduos orgânicos. 38 34 GlashusEtt, 2007, Hammarby Sjöstad– a unique environmental project in Stockholm, pag 15 Projectos de Referência A água é actualmente um bem precioso e cada vez mais escasso e por isso merece toda a atenção dispensada neste plano. Assim, existe o compromisso em reduzir para 100 litros por dia o gasto médio de água por pessoa no bairro através de novos sistemas de poupança. O tratamento das águas é fundamental e neste caso vários objectivos foram também definidos, como por exemplo, 95% do fósforo proveniente das águas sujas é utilizado na agricultura, 50% dos metais pesados presentes na água devem ser eliminados, as águas pluviais estão conectadas com o sistema central de tratamento de águas e não com o sistema de esgotos, as águas são tratadas em sistemas presentes no local, entre outros. Desta forma, as águas pluviais são tratadas e filtradas no local e encaminhadas para os canais de recolha que atravessam todo o bairro. Todos os resíduos são intensamente separados e o processo de recolha é também amigo do meio ambiente, ou seja, através de canais subterrâneos foi possível retirar das ruas centenas de camiões de recolha e eliminar os habituais contentores de lixo convencionais e todos os problemas de saúde associados. Tudo isto permite um ambiente mais limpo e um ar mais saudável. A escolha de Hammarby Sjostad como caso de referência está relacionada com os aspectos técnicoconstrutivos, sistemas e metodologias que contribuem para a diminuição dos impactos maléficos no meio ambiente produzidos pela cidade e pelo homem. Embora o ambiente do trabalho seja diferente, dado que no caso de estudo se trata de um centro histórico, é necessário ter como base um projecto com provas dadas no domínio da sustentabilidade e ecologia. Hammarby Sjostad, é para já, um dos grandes exemplos a nível mundial onde foi possível aplicar todas estas técnicas ecológicas, e mais importante, onde se consegue verificar a eficiência das mesmas. Por outro lado, apesar de serem duas realidades completamente diferentes, a escala é comum, sendo que todos estes sistemas e dinâmicas podem ser adaptados ao caso de estudo e ao seu ambiente próprio. Então, é extremamente necessário ter este caso como referência de ordem técnica e de pensamento ecológico de forma a transportar toda a sua eficácia prática para a ideia proposta no caso de estudo. Figura 13 - Sistema de recolha de resíduos aplicado em Hammarby Sjostad. Fonte: EnvacGroup, 2014. Disponível em <http://www.envacgroup. com/news-and-media/press_images/system_illustrations> Acedido em 7/02/ 2014. Imagem manipulada pelo autor. 39 Projectos de Referência Figura 14 - Vista de Hammarby Sjostad. Fonte: TENGBOM, 2014. Disponível em <http://www.tengbom.se/en-US/projects/61/hammarby-sjostad> Acedido em 6 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor. Figura 15 - Vista de Hammarby Sjostad. Fonte: TENGBOM, 2014. Disponível em <http://blog.cpgcorp.com.sg/?p=2930> Acedido em 7 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor. Figura 16 - Sistema de recolha de resíduos aplicado em Hammarby Sjostad. Fonte: EnvacGroup, 2014. Disponível em <http://www.envacgroup. com/news-and-media/press_images/system_illustrations> Acedido em 7/02/ 2014. Imagem manipulada pelo autor. 40 Projectos de Referência Masdar City - Emirados Árabes Unidos Figura 17 – Maquete virtual do plano de Masdar city. Fonte: Foster + Partners, 2007. Disponível em < http://www.fosterandpartners.com/projects/ masdar-development/>, Acedido em 15 de Outubro de 2013. Imagem manipulada pelo autor. Masdar City é uma nova cidade universitária, planeada com o objectivo de cumprir requisitos ambientais muito rígidos. Esta nova eco-cidade localiza-se nos Emirados Árabes Unidos próximo de Abu Dhabi e ocupa uma área de 640 hectares. O plano é da autoria do atelier Foster and Partners que combina as mais avançadas tecnologias com os conceitos das cidades e medinas árabes da antiguidade de forma a satisfazer as novas exigências sociais, económicas e ambientais que se colocam nos dias de hoje. Os propósitos principais são criar uma cidade “carbon-zero”, ou seja, neutra em emissões de CO2 e com uma taxa desperdício de resíduos praticamente nula. O projecto já se encontra numa fase avançada de construção, no entanto, as previsões para a conclusão total do projecto têm adiantado a data, reflexo da crise económica mundial. Porém, a zona central já se encontra em funcionamento, como é o caso do “Masdar Institute of Science and Technology”. A cidade deverá tornar-se num centro avançado de pesquisa no que toca ao desenvolvimento de tecnologias de energia renovável e produção de energia limpa, assim como outros tipos de soluções amigas do meio ambiente. Apesar da tecnologia de vanguarda associada a estes sistemas, o desenho do grande plano da cidade baseou-se em várias características das antigas cidades do médio oriente. De facto, é fundamental perceber como se resolviam os problemas relacionados com este local nas cidades tradicionais, como por exemplo, as altas temperaturas que se fazem sentir, e verificar se essas mesmas técnicas permitem responder aos níveis de conforto hoje exigidos pelos habitantes. Ao contrário do que aconteceu no desenvolvimento e concepção de outras cidades do médio-oriente, em Masdar City existiu essa preocupação em pesquisar o passado, reflectindo no projecto, técnicas tradicionais que permitiram diminuir as necessidades de infra-estruturas técnicas de climatização e refrigeração, evitando os seus contributos negativos para o meio-ambiente. 41 Projectos de Referência Figura 18 – Perfil de rua virtual em Masdar City. Fonte: Foster + Partners, 2007. Disponível em < http://www.fosterandpartners.com/projects/ masdar-development/>, Acedido em 15 de Outubro de 2013. Imagem manipulada pelo autor. 42 Projectos de Referência A figura anterior reflecte algumas das posições tomadas para a concepção da cidade e que são completamente antagónicas em relação aos actuais centros urbanos. Desta forma, o trafego pedonal é completamente separado do transito mecânico, que acontece no subsolo, através dos transportes públicos em massa e dos sistemas de PRT (personal rapid transit), ou seja, veículos eléctricos singulares e automáticos que circulam por toda a cidade e a conectam com locais no exterior. Todas as infra-estruturas necessárias para o abastecimento da cidade, também se localizam nos canais subterrâneos criados para o efeito, seja o abastecimento de água, electricidade ou comunicações como o sistema de recolha de resíduos. Ainda relacionado com o sistema de transportes, o plano define claramente uma distribuição das zonas comerciais e económicas em diversos núcleos, de maneira a que nenhum habitante fique distante mais de 200 metros em relação aos interfaces de transportes. Todos estes factores fazem com que o ambiente à superfície seja de extrema qualidade, e os longos caminhos pedonais que se estendem por toda a cidade tornam-se desprovidos da poluição e do ruído dos automóveis, bem como dos restantes perigos associados ao transporte mecânico. Os percursos pedonais foram desenhados para se tornarem atractivos e convidativos para a população se deslocar nas suas tarefas diárias. Algumas das particularidades verificadas nas medinas da antiguidade e que foram reproduzidas no plano são exactamente as características do desenho das ruas. Os percursos são estreitos e compridos, normalmente com 3m de largura e 7m de comprimento para facilitar a passagem do ar que combinados com percursos de água tornam o ambiente mais fresco e agradável. Mesmo os alinhamentos da cidade têm em conta este factor e a sua disposição norte-sul, pretende o aproveitamento das brisas frescas vindas do mar de forma a amenizar as altas temperaturas que se fazem sentir no meio do deserto. Figura 19 – Interface de transportes e os PRT. Fonte: Foster + Partners, 2007. Disponível em < http://www.fosterandpartners.com/projects/masdardevelopment/>, Acedido em 15 de Outubro de 2013. Imagem manipulada pelo autor. 43 Projectos de Referência A edificação de Masdar City também foi planeada por fases de construção de forma a evitar um crescimento urbano disperso de baixa densidade. Como todo o projecto assenta em conceitos de sustentabilidade, a primeira fase diz respeito á construção da maior central de painéis solares do planeta, que suporta as necessidades energéticas para a construção do edificado e todas as infra estruturas necessárias. Como é evidente, a energia solar é um recurso primordial nesta zona do globo onde a incidência solar é extremamente relevante. Ainda no plano energético, foi criada uma estrutura verde em redor da cidade de forma a criar matéria prima para a produção de biocombustíveis com o objectivo de substituir os combustíveis petrolíferos. Por outro lado, esta cintura verde permite também contribuir como um amenizador climatérico. Masdar City foi planeada para cerca de 50 000 pessoas, no entanto prevê-se que possa chegar aos 100 000 habitantes, numa estrutura destinada em 30% à habitação, 24 % para escritórios e investigação, 13 % destinado a zonas comerciais, 6% para universidades e edifícios de apoio, 19% para serviços e infra-estruturas de transportes e finalmente 8% para edifícios culturais e cívicos. Em suma, pretende-se a construção de uma cidade universitária, altamente densificada e de usos mistos, voltada para a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias relacionadas com a produção de energia amiga do meio-ambiente, mesmo tempo que, existe o objectivo de que a cidade seja autoeficiente, ecológica e sem desperdícios energéticos. Porém, Masdar City, torna-se referência não só do ponto de vista técnico-construtivo, mas também com a condição conceptual enunciada no plano, ou seja, olhar para o passado e para as cidades da antiguidade e verificar como podemos adaptar os sistemas avançados e eficazes de hoje às técnicas ecológicas tradicionais. Figura 20 – Vista virtual do City Centre de Masdar city. Fonte: LAVA Architects, 2008. Disponível em < http://www.l-a-v-a.net/projects/masdarcity-centre/>, Acedido em 08 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor. 44 Projectos de Referência Figura 21 – Maquete virtual do plano de Masdar city. Fonte: Foster + Partners, 2007. Disponível em < http://www.fosterandpartners.com/projects/ masdar-development/>, Acedido em 15 de Outubro de 2013. Imagem manipulada pelo autor. A relação entre as técnicas da antiguidade e os sistemas tecnológicos actuais, permite que a temperatura média em Masdar City seja 10 graus celsius mais baixa do que na cidade de Abu Dhabi, e nas restantes cidades do médio oriente que se limitaram a importar as técnicas construtivas e modelos das cidades ocidentais. É evidente que, à primeira vista, o caso de estudo nada tem a ver com esta referência, porém, se analisarmos mais profundamente verificamos que Masdar City estuda as ultimas tecnologias de vanguarda ecológica e as engloba num novo local urbano baseado em muitos aspectos nas cidades tradicionais da zona em questão. Então, no caso de estudo, já estamos perante uma estrutura urbana tradicional, o centro histórico de Viana do Castelo. Esta base de trabalho engloba um sem número de técnicas tradicionais e vernaculares que deverão ser dissecadas e aprimoradas com os sistemas tecnológicos utilizados em Masdar, não todos como é certo, mas aqueles que podem ser adaptados á realidade do caso de estudo. Como já foi referido, tanto em Masdar City como no centro histórico de Viana do Castelo, “ Os métodos de desenho sustentável proporcionam ao arquitecto uma oportunidade para reintegrar saberes que foram relegados no século passado...” 35. Por outro lado, é necessário perceber como todos estes sistemas de transportes, de produção de energia ou de tratamento de resíduos podem interagir com a arquitectura e o plano de Masdar City é uma optima referência neste aspectos. Existem vários tipos de soluções aplicados, uma vez que, existiram vários arquitectos a trabalhar em conjunto seja em áreas comuns como em zonas e aspectos distintos desta nova estrutura urbana. Evidentemente, que é impossível deixar de enunciar o contributo de Sir Norman Foster, arquitecto referência a nível mundial, que concedeu a Masdar, uma linguagem arquitectónica muito própria que soube interpretar os valores do passado. 35 Ordem dos Arquitectos, 2001. A Green Vitruvius , pag 1 45 Projectos de Referência Plano de Pormenor da Recuperação da Zona Sinistrada do Chiado Figura 22 – Vista do incêndio do Chiado, 1988. Fonte: Jornal Publico Online, 2013. Disponível em < http://www.publico.pt/temas/jornal/ointerprete-ideal-26981924>, Acedido em 10 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor. O plano de pormenor para a recuperação da zona sinistrada do Chiado é, sem dúvida, uma referência incontornável no âmbito da recuperação e salvaguarda em ambientes históricos. Embora o plano nos aponte para o ano de 1989 e já tenha sido enunciado e debatido enumeras vezes, a última previsão da conclusão total das obras apontava para o ano de 2014 (Revista Comércio de Lisboa, nº124. p37. Julho de 2013). No entanto, a escolha deste plano pormenor de recuperação, como caso similar de referência, prende-se com o facto de se ter confirmado como um forte caso de sucesso, embora muito recentemente, pois o projecto tem sido questionado ao longo dos anos no que toca ás opções tomadas. As chamas destruíram (total ou parcialmente) ao longo da Rua do Carmo, Nova do Almada e Garret, que se confrontam em frente aos antigos Armazéns do Chiado, um total de 17 edifícios. Todos eles são do tipo Pombalino com a excepção do Chiado e Grandella, muito embora tenha surgido ao longo dos tempos alterações introduzidas nas fachadas deste edificado. Na época, anos 80, esta era uma zona em decadência, devido não só à dificuldade em conversão e adaptação dos espaços comercias que se tornaram pouco atractivos em relação aos novos centros comerciais, mas também resultado da quase inexistência do uso habitacional, protagonizando um espaço abandonado e inseguro. Tornou-se então extremamente urgente a estruturação de um plano para a recuperação da zona sinistrada do Chiado, que viria ficar a cargo do arquitecto Álvaro Siza. 46 Projectos de Referência Figura 23 – Vista da Rua do Carmo, Chiado, cidade de Lisboa. Fonte: Foto do autor, Outubro 2013. A intervenção de Álvaro Siza pretende recuperar todos s valores tracionais e características do Chiado com o fim de manter a identidade e autenticidade do lugar, independentemente de lhe aferir novas dinâmicas e condições. Para o arquitecto, este não era um trabalho de confronto entre o tradicional e o moderno, fundamentando “E eu julgo que a parte mais importante daquele trabalho era exactamente a de procurar dar sentido ao encontro com a topografia difícil e estabelecer, ou nalguns casos restabelecer, as relações com as zonas envolventes” (Álvaro Siza, 2013). Porém, vários princípios orientadores foram estabelecidos pela Câmara Municipal de Lisboa como a necessária resposta às necessidades dos utentes, moradores e trabalhadores promovendo simultaneamente a revitalização de toda a área do Chiado. A necessidade de considerar o carácter histórico do edificado e de valor inequívoco de forma a manter as fachadas e respeitar as volumetrias. Considerar um novo uso das áreas para estimular o regresso das empresas ao local assim como a definição de 30% a 40% do índice de ocupação para habitação de qualidade diversificada, predominando as tipologias T1 e T2. Definir estratégias para reduzir as solicitações de transito para serviço das actividades locais e ao mesmo tempo prever estacionamento para a população residente e as actividades anteriormente referidas. Outra principio a fomentar seria melhorar a condição de interligação da Baixa Pombalina com o Bairro Alto, como também o próprio arquitecto refere. De facto, Álvaro Siza afirma inumeras vezes que teve um grande apoio em várias posições tomadas, uma vez que as exigências impostas pelo município iam de encontro com o que ele próprio achava que deveria ser feito na reconstrução do Chiado, como se verifica na seguinte afirmação, “Eu posso referir o seguinte: toda a gente queria escritórios, e uma das decisões da Câmara era repor a função de habitação, [cuja ausência foi] considerada, e bem, uma das causas da dimensão do desastre” (Álvaro Siza, 2013). 47 Projectos de Referência O plano de pormenor da recuperação da zona sinistrada do Chiado reflecte então algumas alterações em relação aquilo que era o local antes do incêndio, nomeadamente ao nível das circulações e nos aspectos definidos no programa referente ás acessibilidades e tratamento da frente comercial. No entanto, e como já foi referido anteriormente, foi privilegiada a manutenção do valor ambiental, histórico e arquitectónico de toda a zona. No plano das circulações foram introduzidas novas relações no local, agora é possível que espaços interiores dos quarteirões tenham uma relação directa com a rua. Em alguns destes casos, pensa-se que essa relação já teria existido anteriormente como nos relata o arquitecto. “Há uma escada nova que desce para a Rua do Crucifixo que se calhar existiu, porque o que se descobriu com o incêndio é que a largura daquela escada estava ocupada pelos Armazéns do Chiado, mas era um acrescento. Tanto que, demolido, apareceu a verdadeira fachada” (Álvaro Siza, 2013). Assim, foi aberto um percurso sob a forma da escadaria entre as Ruas do Crucifixo e a Rua Nova do Almada, bem como a criação de um percurso pedonal entre as traseiras dos edifícios com frente para a Rua Garrett e a Rua do Carmo que permite um acesso à porta lateral Sul da Igreja do Carmo. Segundo o arquitecto, foi possível acordar com a gestão metropolitana o local para a saída no Chiado, que se feio a efectivar na Rua do Crucifixo e que levou a uma forte dinamização deste local. Com efeito, “...a Rua do Crucifixo, que era uma rua de serviço, uma rua pobre, vamos dizer assim, passa a ser a rua por onde se entra e sai do Chiado.” (Álvaro Siza,2013). Foram ainda introduzidas medidas relativas ao trânsito automóvel bem como ao nível do parqueamento tornando a zona claramente mais atractiva. A rua do Carmo foi aberta ao trânsito, de forma controlada e para veículos ligeiros, e por outro lado, foram projectados parques de estacionamento cobertos com localizações estratégicas de forma a beneficiar os moradores e comerciantes do Chiado. Figura 24 - Ortofotomapa da zona do Chiado com a marcação do edificado destruído pelo incêndio de 1988. Fonte: Google Maps, Digital Globe, 2014. Imagem manipulada pelo autor. 48 Projectos de Referência Figura 25 – Vista da escadaria que liga as Ruas do Crucifixo e Nova do Almada, Chiado. Fonte: Carla Lourenço, Universidade Técnica de Lisboa, 2014. Disponível em < http://home.fa.utl.pt/~al066508/3.jpg> Acedido em 10 de Janeiro de 2014. Imagem manipulada pelo autor. Do ponto de vista da linguagem arquitectónica, o plano articula os usos anteriores ao incêndio com os novos conteúdos programáticos para possibilitar a conservação e a reestruturação das fachadas numa perspectiva da manutenção da linguagem própria do edificado. Assim, foram mantidas as características arquitectónicas originais e seleccionadas as alterações presentes. Foi necessário fazer um levantamento exaustivo sobre a tipologia Pombalina e as regras do seu desenho, no entanto, Álvaro Siza considera que foi bem mais do que isso, pois foi extremamente necessário desenhar e propor uma imagem para todos os elementos que não existiam na altura e que tinham que ser integrados. “Agora sim, a procura foi que os elementos novos não pusessem em questão o espírito da arquitectura pombalina. Para dar um exemplo: esses quadros onde estão os furinhos para falar e o ecrã da televisão, em vez de serem máquinas colocadas, há um espelho que unifica tudo e é instalado, não de frente, mas na espessura das ombreiras das portas.” (Álvaro Siza, 2013). Ainda em relação ao edificado, regra geral, foram mantidas as cérceas existentes dos edifícios bem como as cotas de piso de todas as construções recuperadas e reconstruídas. Também houve a preocupação em melhorar a salubridade dos edifícios o que levou à demolição de muitos elementos colocados clandestinamente, sem regra e que punham em causa não só salubridade mas também a própria linguagem arquitectónica do edificado. Num plano mais técnico-construtivo, foi necessário implementar alterações ao nível das condições de segurança e conforto de todo o edificado, fosse ele reconstruído ou recuperado. Houve a preocupação na selecção dos materiais e técnicas construtivas e dos sistemas distributivos utilizados, para que fosse possível respeitar os níveis de conforto exigidos evitando qualquer tipo de alteração da imagem arquitectónica da fachada. 49 Projectos de Referência Em resumo, tanto o arquitecto como o próprio município de Lisboa pretendem a revitalização da zona do Chiado e a introdução de novas dinâmicas que permitem estimular não só a zona em si, como também a zona da Baixa Pombalina e do Bairro Alto. Esta condição de charneira do Chiado na ligação das duas zonas anteriormente enunciadas, sugerem ao arquitecto, a reconstrução destas relações num local de topografia bastante difícil e particular. Apesar disso, Álvaro Siza pretende a revitalização do local com base na continuidade, na manutenção da autenticidade histórica e formal. Quando questionado sobre a possibilidade e incentivo á ruptura de que foi vitima na época, o arquitecto considera “…que não era caso para isso, acho que os arquitectos têm tanta oportunidade de fazer o “moderno” na periferia das cidades que não faz sentido essa ânsia em sítios onde não interessa.” (Álvaro Siza, 2013). Assim, o plano de pormenor para a recuperação da zona sinistrada do Chiado é enunciado como projecto de referência dado todo este conceito de manutenção e conservação do património edificado. Também no caso de estudo, existe o objectivo de manter a autenticidade do local, como se denomina muita vezes, a memória do lugar. No entanto, esta é uma posição tomada segundo um contexto histórico e urbano, que não despreza os outros tipos de intervenção, seja ela de ruptura ou não. Porém, dadas as características do tecido urbano do centro de histórico de Viana do Castelo, foi definido como principio orientador a inclusão e adaptação de novas técnicas e sistemas ecológicos, que permitam melhorar o ambiente não pondo em causa a imagem do lugar, tal e qual o Chiado. Afinal de contas “...se se constrói, numa zona antiga, um edifício que tem um desempenho importante na cidade, é por natureza - e a arquitectura não pode evitar isso - que esse edifício se destaca, emerge e inclui uma nova linguagem, eventualmente. Agora, se a intervenção é numa célula de um tecido - e neste caso é exactamente isso, embora fossem dezoito edifícios - não faz sentido. Quer dizer, é forçado.” (Álvaro Siza, 2013). Figura 26 - Imagem da reconstrução do Chiado. Fonte: A Reconstrução do Chiado. Lisboa. Álvaro Siza, Ed. Livraria Figueirinhas, 2.ª ed. 2000, p. 117. Imagem manipulada pelo autor. 50 CASO DE ESTUDO Quarteirões adjacentes à Avenida dos Combatentes da Grande Guerra Localização e Enquadramento Histórico Figura 27 – Ortofotomapa da Península Ibérica com a localização de Viana do Castelo. Fonte: Bing, 2013 manipulada pelo autor. Viana do Castelo é uma cidade Portuguesa localizada no Norte de Portugal, mais propriamente na região do Minho. A sua localização geográfica sempre favoreceu as relações com o oceano, e por isso mesmo, tanto a cidade em si como a sua população dependem em larga escala desta interacção, desde logo pelo sector primário através da pesca, seguindo-se a indústria e construção naval, as trocas comerciais, os desportos náuticos entre outros. Esta dependência intensifica-se por volta de 1258, quando o Rei Afonso III, concede à população da Foz do Lima a Carta de Foral, apercebendo-se da forte vocação marítima que poderia potenciar o crescimento e enriquecimento do reino através das trocas comerciais da época. D. Sebastião define Viana do Castelo como: “...havendo respeito a ser hua das nobres e principais de meus reinos e de maior rendimento, a príncipal Entre-Douro-e-Minho, e de grande povoação.” (António Peixoto, 2009: 7). Mais tarde, o próspero comércio marítimo com o Norte da Europa e o espírito comercial de Viana, aliados à fidelidade da cidade para com a rainha Maria II, levaram a que em 1848 Viana fosse elevada a cidade com o nome de “Viana do Castelo”. Actualmente, e segundo os censos de 2011, o concelho é composto por 88 767 habitantes que se traduzem 282,37 habitantes por metro quadrado. O concelho tem uma área de 314,36 km2 num total de 40 freguesias. Toda a sua tradição marítima e agrícola se traduz no carácter cultural e etnográfico, que espelham na romaria da cidade, Romaria em honra a Nª Srª d’Agonia, todas as suas origens e costumes. 53 Evolução Urbana As plantas de evolução urbana seguidamente apresentadas resultam da interpretação de vários elementos recolhidos, que definem a cidade de Viana do Castelo nalgum momento da sua história. Então, a partir da análise e interpretação de textos históricos, plantas, desenhos, fotografias e mapas foi possível compor a malha urbana da cidade desde 1374 até aos dias de hoje. No entanto, apesar da reflexão e análise global do desenvolvimento urbano da cidade, é apresentada a evolução referente á zona de intervenção alargada do caso de estudo. Por volta de 1374, a base urbana da cidade resumia-se ao interior da muralha medieval. Com o evoluir da população, resultado da aposta e crescente mercado das rotas comerciais, a cidade foise expandindo e em 1759 verifica-se a existência de um grande edificado fora da muralha, com uma estrutura diferenciada da medieval. Estas moradias pertenciam maioritariamente a fidalgos e burgueses ligados aos transportes marítimos, no entanto, há também a proliferação de conventos fora das muralhas desde o século XVI até finais do século XVII. Ao longo dos tempos as crises económicas e as guerras foram condicionando o trafego marítimo que por sua vez, se traduziu também na própria expansão urbana do local. No início do século XVII, as instalações portuárias sofrem uma alteração e ampliação e na última metade do século XIX a construção da ponte metálica sobre o rio Lima, de Gustave Eiffel, e a estação ferroviária de Alfredo Soares, permitem uma forte expansão e desenvolvimento urbano. No início do século XX surgem os primeiros planos de ordenamento da cidade, que reflectem várias preocupações urbanísticas e arquitectónicas. Materializa-se mais tarde, a construção da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra e inicia-se a construção do ramal ferroviário que liga a estação de caminho de ferro á doca. Entre 1940 e 1950 foi criado um novo troço rodoviário, actualmente a estrada nacional, que veio permitir um acesso mais rápido e directo ás instalações portuárias localizadas entre Campo da Agonia e a Praia Norte. Já em 1975 é aterrado o Carregadouro bem como uma parte do leito fluvial paralelo ao jardim marginal, local este que se traduziu mais tarde em novas estruturas que dotaram a cidade de novas valências, como a marina e seu complexo, um parque automóvel e uma zona ajardinada num plano revitalizador do Espaço Público da Frente Ribeirinha paralelo com a valorização do Centro Histórico. Em 1985, é reorganizada a Praça da República, trabalho encomendado ao arquitecto Viana de Lima e nos anos 2000, o plano Polis, definiu a requalificação para a zona ribeirinha a jusante da marina, e que hoje é composta com a biblioteca de Álvaro Siza, o pavilhão Multiusos de Souto Moura, dois edifícios administrativos de Fernando Távora e a Praça da Liberdade. Ainda segundo o plano Polis, foi requalificado o parque da cidade bem como a zona ribeirinha adjacente e construída uma nova urbanização a nascente da cidade contígua ao rio Lima. 54 Evolução Urbana 1374 Figura 28-(in CALDAS, João Vieira e GOMES, Paulo Varela – Viana do Castelo, Lisboa: Editoral Presença,1990,p.18), manipulada pelo autor. Encarnado: edifícios religiosos importantes Azul: edifícios civis e estatais importantes Figura 29 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada em 1374. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor. Por volta do ano de 1374, ano da conclusão da muralha, o aglomerado urbano de Viana do Castelo resumia-se ao interior da muralha. Embora a planta tida como referência não faça qualquer menção a edificado existente fora da muralha, não quer dizer que tal não existisse. Porém, tudo indica que fora da muralha os terrenos se destinassem essencialmente à agricultura, ao apoio da actividade pescatória e ao apoio à principal actividade económica responsável pelo desenvolvimento urbano: o comércio marítimo. As características do aglomerado urbano da época vão de encontro com as particularidades da cidade medieval, ou seja, pouco espaço público com excepção da Praça da Matriz Nova, ruas estreitas e reduzida salubridade do edificado. 55 Evolução Urbana 1759 Figura 30 - Planta da Vila de Viana, 1759. Papel Cartonado, aguarelada, 450 x 600 mm. Arquivo Histórico Militar. Imagem manipulada. Encarnado: edifícios religiosos importantes Azul: edifícios civis e estatais importantes Figura 31 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada em 1759. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor. No ano de 1759 verifica-se já uma forte presença urbana fora da muralha. O comércio ultramarino com os portos europeus e as ilhas atlânticas originou um aumento populacional e económico que se traduziu na expansão do perímetro urbano. Houve então a necessidade de criar um novo centro político, o campo do forno (actual Praça da República), onde foram construídos os Paços Municipais(14), o Chafariz da Rainha (15) e o edifício da Misericórdia de Viana do Castelo (13). As primeiras edificações construídas fora da muralha diziam respeito a conventos e igrejas como é o caso da Igreja de Stª Cruz (S.Domingos) (16) e S. Tiago (17) e habitação civil que pertenciam a famílias nobres ligadas ao comércio e navegações marítimas, como é o caso do Casa Luis de Rego (7), Casa dos Werneck (3), Casa dos Védoria (6), Casa dos SotoMayor(12), entre outras. 56 Evolução Urbana 1868-1869 Figura 32 - Carta Cadastral de Viana do Castelo, 1868-1869, escala 1:500. Arquivo Histórico do Ministério do Equipamento Social. Encarnado: edifícios religiosos importantes Azul: edifícios civis e estatais importantes Figura 33 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada em 1869. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor. Na década de 1860 verifica-se claramente uma maior presença de edificado numa estrutura urbana em clara expansão. Nota-se ainda, que por esta altura certos quarteirões já possuíam uma disposição muito semelhante à que hoje apresentam, embora com uma definição primária em relação ao edificado presente, mas já com as ruas delimitadores nitidamente definidas. São o caso do quarteirão da Casa dos Rego Barreto, o quarteirão da Casa dos Védoria e o quarteirão adjacente a nascente, que diz respeito á área de intervenção restrita propriamente dita. Analisando o edificado caracterizado como relevante, confirma-se a existência na época, da Casa do Mirante(4), do Quartel da Infantaria (5) e da Casa dos Alpuim ou Agorreta (7). Esta ultima edificação localizase no quarteirão em estudo e está identificada nas plantas do PDM de 2001 como património classificado, embora o processo tenha caducado no IGESPAR. 57 Evolução Urbana 1903 Figura 34 - Exemplar publicado pela Imprensa Nacional em 1903, existente na delegação de Viana do Castelo dos Portos do Norte. Encarnado: edifícios religiosos importantes Azul: edifícios civis e estatais importantes Figura 35 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada em 1903. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor. No início do século XX verificam-se pequenas alterações no que diz respeito ao edificado e não existe diferenças a assinalar em relação aos edifícios importantes. Em certos quarteirões notase uma maior presença de edificado, nomeadamente na confrontação com os arruamentos, como o caso do quarteirão da Casa dos Védoria ou o quarteirão do Quartel da Infantaria. A principal alteração é a construção do Jardim D. Fernando (1890) no antigo Campo da Penha, em frente à Casa dos Rego Barreto. No que às vias de comunicação diz respeito, verifica-se já nesta altura a presença da linha de caminho de ferro. De facto, os finais do século XIX marcam uma época de consolidação urbana e de obras públicas na cidade. Em 1878 é inaugurada a Ponte Eiffel, ao mesmo tempo que se iniciam as construções da estação e linha ferroviária. 58 Evolução Urbana 1948 Figura 36 - Planta inserida no Ante Plano De Urbanização de Viana do Castelo, elaborado pelo Arqº João de Aguiar. Encarnado: edifícios religiosos importantes Azul: edifícios civis e estatais importantes Figura 37 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada em 1948. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor. Na planta de 1948 notam-se várias transformações importantes em relação à planta anterior. A alteração de maior relevância tem a ver com a construção da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra que aproveita o alinhamento de eixos já existentes e rasga o quarteirão da Casa dos Alpuim ou Agorreta. Desta intervenção, resultou a eliminação de quatro ruas estreitas e cerca de oitenta edifícios, no entanto, o objectivo principal visa ligar a estação ferroviária com a nova doca. Esta abertura estabelece a estrutura final do quarteirão da Escola da Avenida (pertencente à área de intervenção alargada) e do quarteirão da Casa dos Sottomayor(12). Relativamente ao edificado, verifica-se a existência da Escola Dr. Alfredo Magalhães (9) do arquitecto Rogério de Azevedo inaugurada em 1933, e a demolição da Igreja Nossa Senhora de Monserrate, hoje Largo 9 de Abril, em frente ao Quartel da Infantaria (5). 59 Evolução Urbana 2014 Figura 38 - Planta do Centro Histórico de Viana do Castelo. Fonte PDM de 2001. Planta manipulada pelo autor. Encarnado: edifícios religiosos importantes Azul: edifícios civis e estatais importantes Figura 39 – Planta interpretativa da zona de intervenção alargada na actualidade. Fonte: Planta do PDM de 2001 decomposta pelo autor. A planta actual da zona de intervenção alargada do caso de estudo apresenta-se com uma densidade de edificado muito superior à planta de 1948, no entanto, relativamente à estrutura urbana propriamente dita não se verifica alterações a assinalar. Embora os quarteirões estejam bastante mais definidos devido á forte presença de edificado na confrontação com as ruas, este facto não alterou, desde 1948 até aos dias de hoje, a disposição e próprio desenho dos quarteirões neste local. Junto á Casa dos Rego Barreto (1) foi construído o Auditório Lima de Carvalho (2) da autoria do arquitecto Fernando Távora. Actualmente, praticamente todos os edifícios considerados importantes são património do estado ao serviço da população, como é o caso da Casa dos Védoria - Arquivo Municipal, a Casa dos Alpuim ou Agorreta – antiga Biblioteca Municipal, Casa dos Werneck – Museu Municipal, entre outros. 60 Evolução Urbana Numeração das Plantas de Evolução Urbana Foram identificados nas plantas de evolução urbana, os edifícios mais importantes presentes na área de intervenção alargada ao longo das épocas em análise. Embora muitos deles permaneçam na cidade com grande utilidade pública, outros foram demolidos em algum período da história, como é o caso da Igreja Paroquial de Monserrate, hoje Largo 9 de Abril. Então, verifica-se que a maioria deste edificado foi construído entre o século XV e o século XVII, ou seja, durante a época de maior expansão fora da muralha. A grande maioria do património arquitectónico identificado encontra-se em bom estado de conservação, porém, há casos onde é necessária uma intervenção de restauro acentuada. No entanto, ao nível das fachadas todos os edifícios se encontram bem conservados. Os edifícios mais antigos, ambos considerados “património não classificado” pelo município de Viana do Castelo no PDM de 2001 são a Casa dos Nichos e o Hospital Velho, onde é possível perceber a existência dos dois exemplos na planta de 1374, dentro da muralha medieval. O edifício construído mais tarde foi o Auditório Lima de Carvalho, projectado pelo arquitecto Fernando Távora em 1992, junto à casa dos Rego Barreto, hoje edifício da presidência e serviços centrais do Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Legenda de Numeração das Plantas de Evolução Urbana: 1 - Casa dos Rego Barreto 2 - Auditório Lima de Carvalho 3 - Solar dos Barbosa Maciel (Actual Museu Municipal) 4 - Casa do Mirante (Actual Colégio do Minho) 5 - Quartel da Infantaria (Actual Centro Académico) 6 - Casa dos Védoria (Actual Arquivo Municipal) 7 - Casa dos Alpuim ou Agorreta 8 - Casa dos Barrosa 9 - Escola Dr Alfredo Magalhães 10 - Casa dos Nichos 11 - Hospital Velho (Actual Posto de Turismo) 12 - Casa dos Sottomayor 13 - Misericórdia 14 - Antigos Passos do Concelho 15 - Chafariz da Praça da Rainha (Actual Praça da República) 16 - Convento de S. Domingos 17 - Antigo convento de S. Tiago 18 - Igreja Nossa Senhora de Monserrate 61 Evolução Cronológica Figura 40 – Barra cronológica comparativa. Do século XIII à actualidade. 62 Análise Fotográfica Avenida dos Combatentes da Grande Guerra Figura 41 – Vista da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra. Fonte: Postal da cidade, meados séc. XX. Imagem manipulada pelo autor. Figura 42 – Vista da Avenida dos combatentes da Grande Guerra, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 63 Análise Fotográfica Avenida dos Combatentes da Grande Guerra Figura 43– Vista da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor. Figura 44 – Vista da Avenida dos combatentes da Grande Guerra, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 64 Análise Fotográfica Avenida dos Combatentes da Grande Guerra Figura 45– Vista da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor. Figura 46 – Vista da Avenida dos combatentes da Grande Guerra, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 65 Análise Fotográfica Avenida dos Combatentes da Grande Guerra Figura 47 – Vista da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra.Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor. Figura 48 – Vista da Avenida dos combatentes da Grande Guerra, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 66 Análise Fotográfica Escola Dr. Alfredo Magalhães Figura 49 – Vista da Escola Dr. Alfredo Magalhães. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor. Figura 50 – Vista da Escola Dr. Alfredo Magalhães. Fonte: foto do autor, 2013. 67 Análise Fotográfica Escola Dr. Alfredo Magalhães Figura 51– Vista da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor. Figura 52 – Vista da Avenida dos combatentes da Grande Guerra, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 68 Análise Fotográfica Rua de S. Sebastião Figura 53 – Vista da actual Rua Manuel Espregueira. Fonte: Postal da cidade, início do século XX. Imagem manipulada pelo autor. Figura 54 – Vista da Rua Manuel Espregueira, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 69 Análise Fotográfica Praça da República Figura 55 – Vista da Praça da República, Viana do Castelo. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor. Figura 56 – Vista da Praça da República, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 70 Análise Fotográfica Praça da República Figura 57 – Vista da Praça da República, Viana do Castelo. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor. Figura 58 – Vista da Praça da República, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 71 Análise Fotográfica S. Domingos Figura 59 – Vista do Largo S. Domingos, Viana do Castelo. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor. Figura 60 – Vista do Largo S. Domingos, Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 72 Análise Fotográfica Vista do Santuário de Stª Luzia Figura 61– Vista de Stª Luzia sobre a cidade de Viana do Castelo. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor. Figura 62 – Vista de Stª Luzia sobre a cidade de Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 73 Análise Fotográfica Vista do Santuário de Stª Luzia Figura 63– Vista de Stª Luzia sobre a cidade de Viana do Castelo. Fonte: Arquivo Municipal V.C., 1930/1940. Imagem manipulada pelo autor. Figura 64 – Vista de Stª Luzia sobre a cidade de Viana do Castelo. Fonte: foto do autor, 2013. 74 Análise Fotográfica Identificação das vistas do levantamento fotográfico anterior. Figura 65 – Ortofotomapa identificativo das vistas anteriores. Fonte: Bing, 2013. Imagem manipulada pelo autor. 75 Critérios de Escolha A escolha do local em questão para caso de estudo está relacionada com vários factores. Desde logo, do ponto de vista arquitectónico, o centro histórico de Viana do Castelo é a zona mais nobre da cidade, contudo, cada vez mais desabitada e que necessita de novas dinâmicas de forma a “seduzir” novamente a população. Esteticamente, encontramos na zona, edifícios com uma arquitectura invejável e muito própria dos seus autores, como é o caso do Edifício dos Correios e a Escola Dr. Alfredo Magalhães de Rogério de Azevedo, a Praça da República requalificada por Viana de Lima, o Auditório Lima de Carvalho de Fernando Távora, entre outros. Porém, coabitam na mesmo lugar edifícios que foram consequentemente adulterados ao longo dos tempos, sem regra e sem cuidado, deixando de se encaixarem na imagem arquitectónica definida pela maioria do edificado existente, que tão bem caracteriza os centros históricos das cidades portuguesas. Este factor, bem como a existência de edificado bastante degradado sugerem fragilidades a eliminar na óptica da conservação do património arquitectónico, que se revelaram fundamentais para a escolha deste lugar em específico. Por outro lado, os quarteirões têm a disposição ideal para o trabalho proposto, permitindo o desenvolvimento de todo o tipo de ideias para os seus interiores. De facto, o interior destes quarteirões possui um ambiente muito próprio onde se verificam por vezes zonas muito degradadas, ao abandono e construções sem qualidade ou uso. Todos estes factores, sugerem uma reorganização destes interiores bem como do edificado destes quarteirões repletos de debilidades e potencialidades, que têm coexistido nas últimas décadas. Do ponto de vista histórico, esta é uma zona com uma evolução muito característica das cidades costeiras que evoluíram de mãos dadas com as actividades marítimas. D. Afonso III atribuiu o foral de Vila a Viana do Castelo em 1258 de forma a reforçar as qualidades marítimas da zona, e a partir desta altura verificou-se um aumento considerável de população originando uma nova estrutura urbana fora da muralha. Esta nova malha urbana foi evoluindo e densificando-se até aos dias de hoje e a sua disposição baseia-se não só nas características topográficas do terreno mas também da relação, a todos os níveis, entre a cidade e o oceano. Socialmente, este é também um local de referência da cidade. As maiores festas da cidade (Romaria da Nª Srª D’Agonia) transformam o centro histórico e a zona ribeirinha numa manifestação de culto não só à santa padroeira mas também ao mar. No ponto de vista económico, a Rua Manuel Espregueira, Avenida dos Combatentes, bem como a Praça da República, delimitadoras dos quarteirões me estudo, constituem-se como grandes artérias comerciais da cidades. Esta relação com os quarteirões definidos para trabalho permitem uma vez mais o desenvolvimentos de novas dinâmicas sociais e económicas a fim de se alcançar um potenciamento comercial da cidade no trabalho a desenvolver. 76 PLANO ESTRATÉGICO Área de Intervenção Alargada e Área de Intervenção Restrita Existe o objectivo de regenerar e revitalizar o centro histórico da cidade tendo em conta várias linhas orientadores que vão de encontro com a integração ecológica, a sustentabilidade (social, cultural, económica), a conservação do património e atractividade que os actuais centros históricos necessitam. Foi estudado um sistema de transportes e regras de trânsito para o centro histórico de Viana do Castelo, bem como um sistema de recolha de resíduos que pode estar relacionado com outras infra-estruturas necessárias para diminuir o impacto maléfico no meio ambiente. Há também a intenção de enumerar as medidas que podem ser tomadas para potenciar as energias renováveis na cidade, tirando partido da sua localização, da relação próxima com o oceano, de modo a alcançar um aproveitamento eólico e solar efectivo. Do ponto de vista estratégico, em relação á mobilidade, há uma forte preocupação em tornar o transporte público numa opção viável e versátil como acontece no norte da Europa. Estudada a cidade em si e analisadas as suas dinâmicas, verifica-se que os lugares mais frequentados da cidade são a Praça da Liberdade, a Praça da República, o Interface de transportes, o Jardim da Marginal e o Campo da Agonia. A ideia base assenta na criação de um novo relacionamento entre estes espaços através de novas ligações pedonais e de bicicleta, que resultam em atravessamentos de quarteirões, uma alternativa rápida, saudável e multifacetada para a circulação entre os vários pontos da cidade. É criada uma ligação externa entre estes vários pontos, recorrendo a uma linha de transporte público movido a energia limpa, como o eco-bus ou o eléctrico. Esta ligação estabelece a ponte entre os lugares mais frequentados do centro histórico, os edifícios mais visitados e a restante cidade em si. Marco Azul: lugar mais visitado. Marco Encarnado: edifício mais visitado. Marco Verde: interface transporte público. Tracejado Verde: linha eco de transporte público. Tracejado Azul: atravessamento quarteirão. Linha a Azul Escuro: rua pedonal. Linha a Azul claro: rua pedonal proposta. Na parte clara da imagem apenas podem circular veículos eléctricos, de moradores, transportes de cargas, e de serviço público. Figura 66– Ortofotomapa estratégico do centro histórico de Viana do Castelo. Fonte: Google Earth, 2013. Imagem manipulada pelo autor. 79 Plano Estratégico Tracejado Amarelo: rede eléctrica de fontes renováveis. Tracejado Azul: rede subterrânea de recolha de resíduos. Verde: revitalização do interior dos quarteirões. Figura 67 – Ortofotomapa Estratégico do centro histórico de Viana do Castelo. Fonte: Google Earth, 2013. Imagem manipulada pelo autor. Relativamente aos quarteirões, propõem-se uma reformulação dos seus interiores respeitando o seu contexto histórico e a sua autenticidade. É de extrema relevância tornar atractivos os actuais e desabitados centros históricos das cidades, porém devem ser englobadas novas técnicas e políticas para minimizar o impacto ambiental. Então, surge a proposta de multiplicar as zonas verdes da cidade e com isso potenciar um grande incremento na biodiversidade da própria estrutura urbana. Este novos espaços, podem acontecer no interior dos quarteirões que possuam área para tal. Desta forma, beneficiam os atravessamentos pedonais e de ciclovias, traçados em ambientes ricos em natureza. Por outro lado, a vegetação ajuda na definição dos espaços privados, semi-privados e públicos e pode também ser um elo de ligação com as hortas urbanas e os leitos de macrófitas no tratamento das águas. Então, o mesmo espaço verde é constituído por um sem número de sistemas integrados que ajudam a garantir qualidade do meio ambiente. Todos os materiais a utilizar quer no interior dos quarteirões quer no edificado, devem ser “amigos” do ambiente, baixando o impacto ecológio global do projecto. Ainda no ponto de vista ecológico, foram estudados e aplicados mecanismos de produção de energia proveniente de fontes renováveis para estes quarteirões. De facto a localização geográfica da cidade permitem usufruir da boa condição e incidência solar bem como do aproveitamento dos ventos devido à proximidade com o oceano. Por outro lado, os interiores destes quarteirões regenerados, integrarão espaços de lazer e culturais de forma a dar resposta não ás actividades da cidade, mas dos habitantes do quarteirão em si. Promove-se a interacção, a integração, o conhecimento da vizinhança e potencia-se a diminuição do sedentarismo e o aumento de uma vida saudável, a integração social, e o aumento do sentimento de segurança. 80 Plano Estratégico Área de Intervenção Situação Actual/Proposta Figura 68 - Ortofotomapa da do centro histórico de Viana do Castelo. Fonte: Mapas Bing de 2013, imagem manipulada pelo autor. 81 Plano Estratégico Área de Intervenção Alargada Figura 69 - Planta do centro histórico com a marcação da área de intervenção alargada. Fonte: Planta do PDM 2001, manipulada pelo autor. Figura 70 – Vista aérea da cidade de Viana do Castelo com marcação de área de intervenção alargada. Fonte: Anónimo, 2013. Viana do Castelo. A Terceira Dimensão - Fotografia Aéra, (Blog) Agosto 2012. Disponível: <http://portugalfotografiaaerea.blogspot. pt/2012/08/viana-do-castelo.html> Acedido em 5 de Novembro, 2013. Imagem manipulada pelo autor. A área de intervenção alargada encontra-se delimitada a Sul pela Rua Manuel Espregueira, a Norte pela Rua General Luís do Rego, a Nascente pela Praça da República e Rua Cândido dos Reis e a Poente pela Rua da Escola Industrial Núno Álvares e Jardim. Trata-se de uma zona composta por cinco quarteirões divididos entre si através da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, da Rua dos Rubins, da Rua da Vedória e pela Rua do Trigo. Maioritariamente, o edificado destinase a comércio e serviços nos pisos inferiores e habitação nos superiores, no entanto, no edificado adjacente à Avenida dos Combatentes da Grande Guerra e Praça da República é comum existir serviços nos pisos superiores. A zona de intervenção alargada tem uma área de 67052 m2. 82 Plano Estratégico Área de Intervenção Alargada Situação Actual Figura 71-Vista aérea do centro histórico com marcação da área de intervenção alargada. Fonte: Bing 2013. Imagem manipulada pelo autor. 83 Plano Estratégico Área de Intervenção Alargada Situação Actual Figura 72-Planta do centro histórico com marcação da área de intervenção alargada. Fonte: Planta do PDM de 2001, manipulada pelo autor. 84 Plano Estratégico Área de Intervenção Restrita Figura 73 - Planta do centro histórico com a marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM 2001, manipulada pelo autor. Figura 74 – Vista aérea sobre a área de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. A zona de intervenção restrita encontra-se delimitada a Sul pela Rua Manuel Espregueira, a Norte pela Rua General Luís do Rego, a Nascente pela Rua dos Rubins e a Poente pela Rua da Vedoria. A nível funcional, o edificado deste quarteirão caracteriza-se essencialmente pelas tipologias de habitação, comércio e serviços. Deste modo, o piso zero é destinado ao comércio e serviços, principalmente na Rua Manuel Espregueira e na Rua General Luís do Rego, ao passo que os pisos superiores são ocupados pela habitação. No total, a zona restrita de intervenção apresenta uma área de 11750 m2. A área de implantação é de 5785 m2 e a área de construção de 13014 m2. Assim, obtém-se um índice de ocupação de 49 % e um índice de construção de 111%. 85 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Quarteirão do Vianense - Viana do Castelo Elementos de Trabalho Área de Intervenção Restrita Situação Actual Figura 75 - Vista aérea do centro histórico com marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Bing 2013. Imagem manipulada pelo autor. 89 Elementos de Trabalho Área de Intervenção Restrita Situação Proposta Figura 76 - Vista aérea da proposta para a área de intervenção restrita. Fonte: Bing 2013. Imagem manipulada pelo autor. 90 Elementos de Trabalho Área de Intervenção Restrita Situação Actual Figura 77 - Planta do Piso -1 (cota 3.5) com marcação da área restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 91 Elementos de Trabalho Área de Intervenção Restrita Situação Actual Figura 78 - Planta do Piso 0 (cota 9.6) com marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 92 Elementos de Trabalho Área de Intervenção Restrita Situação Actual Figura 79 - Planta de Cobertura com marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 93 Elementos de Trabalho Área de Intervenção Restrita Situação Proposta Figura 80 - Planta do Piso -1 (cota 3.5) com marcação da área restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 94 Elementos de Trabalho Área de Intervenção Restrita Situação Proposta Figura 81 - Planta do Piso 0 (cota 9.6), com marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 95 Elementos de Trabalho Área de Intervenção Restrita Situação Proposta Figura 82 - Planta de Cobertura com marcação da área de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 96 Elementos de Trabalho Área de Intervenção Restrita Situação Actual Figura 83 - Perfil AB, CD, EF e GH. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 97 Elementos de Trabalho Área de Intervenção Restrita Situação Proposta Figura 84 - Perfil AB, CD, EF e GH. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 98 Elementos de Trabalho Área de Intervenção Restrita Situação Actual Figura 85 - Perfil MN, IJ, OP e KL. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 99 Elementos de Trabalho Área de Intervenção Restrita Situação Proposta Figura 86 - Perfil MN, IJ, OP e KL. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 100 Elementos de Trabalho Área de Intervenção Restrita Situação Actual Figura 87 - Perfil UV, QR, XZ e ST. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 101 Elementos de Trabalho Área de Intervenção Restrita Situação Proposta Figura 88 - Perfil UV, QR, XZ e ST. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 102 Elementos de Trabalho Mapeamento de Materias e Sistemas Construtivos Situação proposta, referência para todo o quarteirão. Figura 89 - Planta de Cobertura, Parcela 1, com marcação dos materiais. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 103 Elementos de Trabalho A imagem seguinte, Perfil GH, apresenta as soluções de materiais e sistemas construtivos a aplicar mediante a proposta de intervenção. Uma vez que a proposta apresenta materiais muito homogéneos na sua globalidade, o perfil GH torna-se exemplificativo de todo o conjunto. Figura 90 - Perfil GH, com marcação dos materiais. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 104 Elementos de Trabalho Dados Quantificáveis Figura 91 - Gráfico demonstrativo da vocação funcional da proposta de intervenção para a área restrita. Fonte: autor. Tendo em conta estes dados, é necessário estabelecer os objectivos de carácter funcional e populacional. Como o desenho e dimensão das infra-estruturas necessárias para dar resposta ás necessidades dos habitantes vão depender do seu número, é primordial estabelecer logo no início o número de pessoas que irão habitar, trabalhar e usufruir deste quarteirão. Por outro lado, é importante perceber, que apesar da generosa dimensão do quarteirão, a grande maioria do seu edificado é de dois/três pisos, e em muitos casos, o edifício tem um único uso. Uma vez que a ideia assenta em pressupostos sustentáveis, é essencial ter em conta que os custos das infra-estruturas serão divisíveis por um número inferior de parcelas em relação a um mesmo projecto localizado num local propício a construção em altura. Então, como existe a intenção de tornar novamente atraente este local, mesmo do ponto de vista económico, foi efectuado um cálculo muito rígido de áreas necessárias para infra-estruturas (parque automóvel, leitos de macrófitas). Foi apontado um número de habitantes com base no edificado existente e estabelecido o parâmetro geralmente usado como padrão de 130m2 para cada 3 pessoas. Analisando as áreas de habitação existentes, 7032 m2, obtém-se uma disponibilidade para 170 habitantes. Tendo em conta os dados do INE, no Censos de 2011 calculou-se que existem em Portugal 406,1 automóveis por cada 1000 habitantes, ou seja, 0,4 automóveis por pessoa que corresponde a 2 carros por cada 5 pessoas. Neste caso, foi estabelecido o parâmetro de 2 carros por cada 4 pessoas, o que faz uma necessidade de 85 lugares só para habitação. Porém, como há o objectivo de tornar o local atractivo também para quem trabalha, foi definida a atribuição de 1 lugar de estacionamento por cada espaço comercial, o que perfaz um total de 105 lugares de estacionamento necessários, 20 para comércio e serviços e 85 para habitação. A proposta apresenta uma disponibilidade de 108 lugares de estacionamento.. Para o tratamento das águas no próprio local, através do leito de macrófitas, estabeleceu-se uma necessidade de área de 5m2 por cada habitante, ou seja, 975m2 de área para os tanques dos leitos de macrófitas, a proposta prevê uma área de 1495 m2 para leitos de macrófitas e jardins. 105 Elementos de Trabalho Cálculos Justificativos Vocação funcional da Proposta: 49 habitações - 7032 m2 20 comércio e serviços - 5326 m2 Suporte (anexos) - 213m2 Índices Urbanísticos da Proposta: Área do quarteirão: 11750 m2 Área de implantação: 5317m2 Índice de Ocupação da Proposta: 45% (situação actual 49%) Área de Construção: 12571 m2 Índice de Construção da proposta: 107% (situação actual 111%) Vocação Habitacional da Proposta: Se 130m2 equivale a 3 pessoas 7032/130=54,09 54,09x3=162,27, ou seja, máximo de 170 habitantes Lugares de Estacionamento Se são necessário 2 carros para 4 pessoas: 85 lugares de estacionamento necessários Se é necessário 1 lugar por comércio e serviços: 20 lugares de estacionamento necessários Total de lugares de estacionamento propostos=108 Área necessária para Leitos de Macrófitas Se é necessária uma área de 5 m2 por cada habitante 170x5= 850 m2 necessários Propostos 1495 m2 para responder também ás necessidades dos comércio e serviços. Hortas necessárias no interior do quarteirão Se existem 49 habitações e apenas 34 logradouros, tirando os afectos aos comércios e serviços: São necessárias 15 hortas. A proposta inclui 15 hortas urbanas. 106 Vistas Aéreas Figura 92 - Vista Norte da zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 107 Vistas Aéreas Figura 93 - Vista Norte da proposta para a zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 108 Vistas Aéreas Figura 94 - Vista Nascente/Norte da zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 109 Vistas Aéreas Figura 95 - Vista Nascente/Norte da proposta para a zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 110 Vistas Aéreas Figura 96 - Vista Nascente da zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 111 Vistas Aéreas Figura 97 - Vista Nascente da proposta para a zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 112 Vistas Aéreas Figura 98 - Vista Poente/Sul da zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 113 Vistas Aéreas Figura 99 - Vista Poente/Sul da proposta para a zona de intervenção restrita. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 114 Perspectivas Penetrações do Quarteirão Entrada Nascente Figura 100 - Vista da Rua dos Rubins (Nascente), situação actual. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. Figura 101- Vista da Rua dos Rubins (Nascente). Proposta para a entrada do quarteirão. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 115 Perspectivas Penetrações do Quarteirão Entrada Norte Figura 102 - Vista da Rua General Luis do Rego (Norte), situação actual. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. Figura 103 - Vista da Rua General Luis do Rego (Norte). Proposta para a entrada do quarteirão. Fonte: Desenho do autor. 116 Perspectivas Penetrações do Quarteirão Entrada Poente Figura 104 - Vista da Rua da Védoria (Poente), situação actual. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 117 Perspectivas Penetrações do Quarteirão Entrada Poente Figura 105 - Vista da Rua da Védoria (Poente). Proposta para a entrada do quarteirão. Fonte: Imagem captada e manipulada pelo autor. 118 Perspectivas Desenhos Perspectivas do Interior do Quarteirão Figura 106 - Vista da proposta para a praça no interior do quarteirão. Fonte: Desenho autor. Figura 107 - Vista da proposta para a zona cultural e de lazer. Fonte: Desenho do autor. 119 Perspectivas Desenhos Vista de topo com a proposta para o interior do quarteirão. Figura 108- Proposta de intervenção da zona do espaço cultural e lazer. Fonte: Desenho do autor. 120 Perspectivas Desenhos Perspectiva da biblioteca, proposta para o interior do quarteirão. Figura 109 - Vista da proposta de intervenção. Anexo convertido na biblioteca. Fonte: Desenho do autor. 121 Perspectivas Desenhos Perspectiva do novo espaço cultural e lazer proposto para o interior do quarteirão. Figura 110 - Vista da proposta para a zona cultural e de lazer. Fonte: Desenho do autor. 122 Critérios de Intervenção Figura 111 - Vista do acesso ao interior do quarteirão junto à Escola da Avenida. Fonte: autor. A ideia formante para o desenvolvimento da proposta de intervenção baseia-se na relação objectiva entre três conceitos, sustentabilidade ecológica, salvaguarda do património, e desenvolvimento social e ecológico. Esta relação demonstrada na figura 111 visa integrar conceitos e técnicas essenciais a implementar nos centros históricos das cidades portuguesas para o alcance de um desenvolvimento sustentado do país e protecção dos seus valores culturais e ambientais. Do ponto de vista da preservação da autenticidade do local, foram mantidos na proposta os elementos essenciais que configuram o interior deste quarteirão, como é o caso das cotas do terreno, da vegetação, dos anexos existentes e dos muros de vedação. Deste modo, foi efectuada uma análise ao estado de conservação dos diversos elementos e aos seus materiais e sistemas construtivos, de forma a eliminar debilidades e potenciar esses mesmos elementos, ainda que ganhem um outro objectivo funcional. Nestes casos, enquadram-se as caixas de escadas de acesso ao parque automóvel, figura 113 e 114, ou seja, embora os anexos em causa estivessem em mau estado de conservação foram construídos para dar resposta uma necessidade que, embora diferente, também existe na proposta. Assim, esses anexos foram reconvertidos e restaurados para um outro uso funcional, preservando-se a memória daquele local especifico. Para além das caixas de escadas de acesso ao parque automóvel subterrâneo, também a criação da biblioteca se baseou neste contexto, ou seja, naquele local existe um anexo-armazém em mau estado de conservação e que ocupa uma posição previligiada no interior do quarteirão, tornando-se evidente a sua reconstrução e reconversão funcional. Relativamente aos muros de vedação, estes formam os alinhamentos base para o desenho da proposta de intervenção. De facto, do ponto de vista da salvaguarda da autenticidade, a proposta sempre se baseou primeiramente nos elementos existentes em vez de se 123 Critérios de Intervenção propor novos, que surgem apenas para eliminar as debilidades dos anteriores. Sendo assim, na proposta, os muros de vedação continuam a dividir os diversos espaços, embora tenham sido cortados em determinadas locais, de modo a criar uma relação entre as diversas zonas interiores, possibilitar a circulação pedonal e de bicicleta e a permitir o acesso aos edifícios, figura 116. Foi efectuada uma análise para a preservação da vegetação saudável, e pensada a colocação de novas árvores com características semelhantes. Nos casos onde as árvores são conservadas, é efectuada uma marcação diferente das mesmas, as caldeiras são consideravelmente maiores e possuem uma cota diferente, figura 115. Tendo em conta os pressupostos da preservação, foram eliminados apenas os acrescentos e anexos que colocam em causa as questões de salubridade e conforto e que ao mesmo tempo adulteram o desenho e a imagem do edificado. Sendo assim, propõe-se a demolição de uma habitação no interior do quarteirão, e no seu local surge um novo espaço onde podem acontecer eventos culturais e lúdicos para os habitantes do quarteirão. Neste local, uma estrutura em madeira desenha a habitação anteriormente existente, assegurando uma vez mais a imagem do lugar ao mesmo tempo que possibilita fechar o espaço para algum evento em especial como se percebe na figura 110. Foram estudados os alçados dos diversos edifícios e propostos novos desenhos para aqueles em que foram demolidos os acrescentos interiores ou aqueles em que não possuiam aberturas para o interior do quarteirão. Nos casos em que se nota um bom desenho arquitectónico e a comunhão dos traços com as características gerais do património edificado do local, foram replicados os alçados posteriores da frente de rua para o interior do quarteirão. Nos casos em que não existiu uma sensibilidade arquitectónica no desenho do edificado, foi reorganizado o alçado para a fachada que confronta a rua de modo a preservar a identidade do local e proposto um novo alçado para a fachada referente ao interior do quarteirão, assumindo-se aqui as características da arquitectura verde, figura 119. No âmbito da sustentabilidade ecológica e ambiental, a proposta de intervenção integra vários sistemas e conceitos que foram adaptados à realidade existente. Assim, sugere-se uma nova organização para os logradouros dos edifícios de modo a possibilitar a todos os moradores estes recursos e potenciar a integração ecológica e a relação com a mãe-natureza. Nas zonas onde isso não é possível, edifícios com vários pisos de habitação, atribui-se um mesmo espaço no interior do quarteirão, uma horta ou jardim urbano, que fica à responsabilidade destes habitantes. Alinhados com os logradouros existentes, surgem os canais propostos para depósito das águas pluviais e descarga das águas tratadas nos leitos de macrófitas. Estes canais, atravessam as zonas das hortas e jardins, assim como os logradouros dos próprios edifícios, permitindo a rega dos terrenos para auxilio à actividade de jardinagem e agrícola. 124 Critérios de Intervenção Por outro lado, estes canais funcionam como uma separação entre o espaço privado e o espaço semi-público das hortas e dos jardins urbanos, controlando assim o aspecto da privacidade para quem habita os pisos do rés do chão. A zona para a integração do parque subterrâneo e dos tanques para os leitos de macrófitas foram escolhidos com base na configuração dos terrenos e logradouros actuais. Então, acontecem na zona nascente do quarteirão pois verifica-se que estes terrenos têm uma área bastante considerável e com poucas divisões. Deste modo, torna-se menos dispendioso e mais fácil o restauro das características do lugar à superfície, ou seja, é apenas necessário recolocar algumas árvores e reconstruir os muros de vedação demolidos. Existe ainda a intenção de minimizar as necessidades do automóvel e a criação do atravessamento do quarteirão é exemplo disso. Neste interior orgânico, o atravessamento pedonal que liga os diversos quarteirões assume-se com um desenho fluido, contornando os obstáculos a manter, como a vegetação, e procura as cotas mais favoráveis para que permita um passeio confortável. Este novo percurso que perfura os quarteirões de forma a ligar as várias zonas da cidade, permite uma rápida movimentação de bicicleta e um fácil acesso às habitações pelo interior do quarteirão. Foram pensados parques com abrigo para as bicicletas de forma a satisfazer as necessidades de todas as habitações. Pretende-se que as dinâmicas do quarteirão funcionem de forma integrada e neste caso, para além de parque coberto para bicicletas, o abrigo serve de suporte à produção de energia através do painel solar integrado e a sua base serve de sustento para as zonas de iluminação natural e ventilação do parque automóvel que se encontra no piso inferior, figura 118. Outra medida presente na proposta é a integração dos pontos de recolha de lixo tanto na extremidade nascente para dar suporte à Rua dos Rubins, como na extremidade poente para a Rua da Védoria, assim como a instalação de um ponto de recolha no centro do quarteirão para responder às necessidades das habitações da Rua Manuel Espregueira e Rua General Luís do Rego. Do ponto de vista energético, são potenciadas as energias renováveis, através de painéis fotovoltaicos integrados nas coberturas orientadas a Sul, que apenas são visíveis no interior do quarteirão. Deste modo, é preservada a imagem do lugar para quem caminha pelas ruas do centro histórico. Ao longo do percurso pedonal, são instaladas luminárias que produzem energia através de painéis solares integrados, as SolarTree, figura 122 e 123. Sugere-se também a instalação de um aerogerador que aproveita os ventos constantes dada a localização do quarteirão em relação à proximidade com o oceano. Apesar disso, este equipamento é instalado no centro do quarteirão de forma a não ser visto de qualquer rua do centro histórico. Deste modo, procura-se que os gastos energéticos com as infraestruturas do quarteirão, parque subterrâneo, tratamento de águas e iluminação sejam colmatados com estas técnicas de produção de energia renovável. 125 Critérios de Intervenção Do ponto de vista dos materiais a utilizar também se teve em conta o impacto ambiental e por isso se define como critério a reciclagem dos materiais existentes. Por exemplo, a base do edifício da biblioteca é construido em pedra de granito proveniente do anexo pré-existente. Todos os elementos novos são em betão leve de cânhamo ou em madeira, provenientes de florestas sustentáveis. Para potenciar novas dinâmicas sociais e económicas no centro histórico, a proposta visa converter as debilidades da condição existente em pontos fortes atractivos quer para a habitação como para o comércio e serviços. Procura-se que os habitantes se possam relacionar entre si, introduzir dinâmicas na cidade que se verificam no meio rural, de forma a baixar os níveis de isolamento e insegurança e aumentando a convivência dos cidadãos. Através das hortas urbanas, é possível melhorar a relação com a natureza, ao mesmo tempo que se promove a diminuição do sedentarismo. Aumenta-se o convívio com a vizinhança, e esta integração que reforça o contacto físico e visual entre os habitante visa incrementar o conhecimento geral configurando um ambiente mais seguro. Ainda relacionado com a actividade física o local torna-se atractivo graças à instalação de um ginásio ao ar livre numa zona central e protegida com bastante vegetação, de forma a criar um espaço confortável mesmo nas horas de maior calor. Na zona onde se propõe a única demolição desenha-se um auditório dinâmico para uso fruto dos habitantes do quarteirão. Aqui podem-se realizar eventos de vários níveis desde culturais a desportivos, passando por festas temáticas, aulas de ginástica, ou feirinhas, figura 110. Este novo espaço, é criado através de anéis de madeira espaçados entre si, de forma a criar uma zona de sombra durante o dia protegendo as pessoas nas horas de maior calor no verão. Por outro lado, permite o atravessamento de luz solar para os logradouros e habitações envolvente, algo que não acontece com a habitação existente. A criação do espaço biblioteca também tem como objectivo tornar este quarteirão ainda mais apetecível para habitar, para além de restaurar um espaço actualmente degradado. Este novo espaço pode funcionar como uma sala de estudo para os jovens habitantes, um espaço de leitura e lazer para os mais idosos, ou uma zona de estar, num local sossegada e previligiada do interior do quarteirão, soalheiro e com uma vista sobre o lago receptor de águas. De forma a potenciar também o factor económico do local, todos os edifícios comerciais têm direito a um lugar de estacionamento subterrâneo grátis e por outro lado beneficiam das condições energéticas do local. Permite ainda, que os espaços comerciais no piso 0 tenham uma relação com o interior do quarteirão, com vistas agradáveis num ambiente ecológico e logradouros propícios a confortáveis esplanadas. Para além disso, os edifícios presentes na Rua Manuel Espregueira ganham acesso a cargas e descargas pelo nível inferior graças à criação do parque subterrâneo, valorizando quer o edificado em si como também promovendo melhores condições para os comerciantes e trabalhadores. Desta forma, o potenciamento económico com estas condições é notório naquela que é uma das maiores ruas comerciais do centro histórico vianense. 126 Critérios de Intervenção A imagem seguinte apresenta uma perspectiva da situação proposta inicial onde se percebe como se efectua a integração de novos elementos, como os aero-geradores, os leitos de macrofitas e logradouros, os paineis solares ao mesmo tempo que se preserva os elementos característicos do quarteirão, como por exemplo, os muros de vedação, anexos, vegetação, etc. Figura 112 - Perspectiva inicial da situação proposta. Fonte: Desenho do autor. 127 Critérios de Intervenção As imagens seguintes mostram como é reconvertido um anexo existente no interior do quarteirão num elemento fundamental de comunicação entre o parque automóvel (piso -1) e o piso 0. Valorizase assim o espaço ao passo de que é mantida a memória do lugar. Figura 113 - Vista sobre anexo no interior do quarteirão, situação actual. Fonte: Desenho do autor. Figura 114 - Vista sobre anexo no interior do quarteirão, situação proposta. Fonte: Desenho do autor. 128 Critérios de Intervenção A figura seguinte explica a forma como se valoriza as árvores e vegetação protegida que foram preservadas na proposta de intervenção. Figura 115 - Vista sobre árvores preservadas no interior do quarteirão, situação proposta. Fonte: Desenho do autor. Figura 116 - Geometrização e marcação dos elementos fundamentais que suportaram o desenho proposto. Fonte: Desenho do autor. 129 Critérios de Intervenção A perspectiva seguinte exemplifica como é efectuada a marcação da entrada para o interior do quarteirão, nomeadamente através do atravessamento pedonal e ciclovia. Neste caso, a fachada verde alerta para um novo ambiente integrado no centro histórico da cidade. Figura 117 - Vista do acesso ao interior do quarteirão junto à Escola da Avenida. Fonte: autor. 130 Critérios de Intervenção Esquema sobre a relação entre os vários mecanismos ecológicos integrados na proposta, com o fim de se alcançar uma diminuição efectiva dos gastos energéticos e aumento da qualidade dos espaços. O parque de bicicletas com abrigo serve de suporte à produção de energia permitindo iluminação e ventilação natural para o parque automóvel subterrâneo. Figura 118 - Esquema sobre a integração dos vários conceitos e mecanismos ecológicos. Fonte: desenho do autor. 131 Critérios de Intervenção Na seguinte imagem estão evidenciados os critérios que definem quais os edifícios que serão alterados em relação à linguagem e construção da sua fachada, seja ela orientada para a rua ou para o interior do quarteirão. Figura 119 - Definições e métodos aplicados na reconstrução dos alçados. Fonte: esquema do autor. 132 Critérios de Intervenção A figura seguinte mostra de que forma os alçados com fachada verde se podem tornar dinâmicos e relacionados com a vontade dos habitantes dos edifícios. Através da cor da vegetação podem-se configurar várias imagens para o alçado em si, mantendo no entanto a mesma estrutura e linguagem arquitectónica. Figura 120 - Simulação de várias configurações possíveis através da fachada verde para os alçados propostos. Fonte: Desenho do autor. 133 Critérios de Intervenção Os esquemas seguintes explicam como se estrutura a fachada verde proposta para os edifícios no interior do quarteirão. Trata-se de um sistema simples, de baixa manutenção e de fácil aplicação. Figura 121 - Esquema construtivo sobre o tipo de fachada verde proposto. Fonte: Desenho do autor. 134 Critérios de Intervenção As duas figuras seguintes explicam quais as técnicas utilizadas para produção de energia renovável e como se implementam estes componentes no interior do quarteirão e no próprio edificado. Figura 122 - Vista sobre as coberturas convertidas em sistemas de produção de energia renovável. Fonte: Desenho do autor. Figura 123 - Perfil com o aero-gerador e luminárias “solartree” em vista, situação proposta. Fonte: Desenho do autor. 135 Critérios de Intervenção A imagem seguinte demonstra os três pontos de recolha existentes e a sua respectiva área de influência. Define também como se relacionam as condutas de lixo subterrâneas que ligarão a cidade (traço vermelho) e os pontos de recolha onde é possível recolher o lixo armazenado através do tradicional camião de recolha, numa fase primária de implementação do sistema. Figura 124 - Marcação dos pontos de recolha do lixo e áreas de influência. Fonte: Desenho do autor. 136 Simulação Virtual Maquete Virtual Situação Proposta Figura 125 - Vista do Interior Norte do quarteirão. Fonte: Imagem do autor. 137 Simulação Virtual Maquete Virtual Situação Proposta Figura 126 - Vista do Interior Norte do quarteirão. Fonte: Imagem do autor. 138 Simulação Virtual Maquete Virtual Situação Proposta Figura 127 - Vista do Interior Norte do quarteirão. Fonte: Imagem do autor. 139 Simulação Virtual Maquete Virtual Situação Proposta Figura 128 - Vista do Interior Sul do quarteirão. Fonte: Imagem do autor. 140 Simulação Virtual Maquete Virtual Situação Proposta Figura 129 - Vista aérea do interior Noroeste do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 141 Simulação Virtual Maquete Virtual Situação Proposta Figura 130 - Vista aérea do interior Sudoeste do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 142 Simulação Virtual Maquete Virtual Situação Proposta Figura 131 - Vista aérea do interior Sudeste do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 143 Simulação Virtual Maquete Virtual Situação Proposta Figura 132 - Vista aérea do interior Nordeste do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 144 Simulação Virtual Maquete Virtual Situação Proposta Figura 133 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 145 Simulação Virtual Maquete Virtual Situação Proposta Figura 134 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 146 Simulação Virtual Maquete Virtual Situação Proposta Figura 135 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 147 Simulação Virtual Maquete Virtual Situação Proposta Figura 136 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 148 Simulação Virtual Maquete Virtual Situação Proposta Figura 137 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 149 Simulação Virtual Maquete Virtual Situação Proposta Figura 138 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 150 Simulação Virtual Maquete Virtual Situação Proposta Figura 139 - Vista do interior do quarteirão. Simulação virtual com a proposta de intervenção. Fonte: Imagem do autor. 151 ELEMENTOS ANALÍTICOS Quarteirão do Vianense - Viana do Castelo Levantamento Fotográfico do Edificado Edifício 1 Edifício 2 Edifício 3 Edifício 4 Edifício 5 Edifício 6 Edifício 7 Edifício 8 Edifício 9 Edifício 10 Edifício 11 Edifício 12 Edifício 13 Edifício 14 Edifício 15 Edifício 16 Edifício 17 Edifício 18 Edifício 19 Edifício 20 Edifício 21 Edifício 22 Edifício 23 Edifício 24 Edifício 25 155 Levantamento Fotográfico do Edificado Edifício 26 Edifício 27 Edifício 28 Edifício 29 Edifício 30 Edifício 31 Edifício 32 Edifício 33 Edifício 34 Edifício 35 Edifício 36 Edifício 37 Edifício 38 Edifício 39 Edifício 40 Edifício 41 Edifício 42 Edifício 43 Edifício 44 Edifício 45 Tendo em conta o levantamento efectuado dos alçados de frente de rua, verifica-se que o estado geral do aglomerado edificado se encontra em boas condições. Existe apenas um edifício em carácter de ruína, o edifício 16, que se encontra no lado Poente da Rua dos Rubins. Ao nível do desenho do edificado existe uma harmonia arquitectónica natural referente à “habitação oitocentista”, uma vez que a data de construção destes edifícios remontam, na sua larga maioria, ao século XVII, aquando da expansão do aglomerado urbano para o exterior das muralhas. Contudo, notam-se alguns exemplos de construções com pouca sensibilidade ao nível do desenho da fachada, não cumprindo os alinhamentos característicos na zona em si, como não adoptando as técnicas e materiais construtivos comuns ao edificado geral. 156 Análise e Interpretação Urbana Após analisar as plantas do plano de pormenor do centro histórico de Viana do Castelo, foi possível identificar que o município estabelece uma hierarquia de intervenção nos edíficios pertencentes aos quarteirões em estudo. Sendo assim, na Casa dos Alpoim (edifício13), nos edifícios 2,3, 27, 16 e 17 apenas é possível o restauro. Regra geral, todos os outros pertencem á categoria que permite a reabilitação do edificado e por fim, estão destinados a restauro os edifícios 60,61, 55, 56, 57, 58, 29, 31, 33, 34,35,36,e 37. Apesar disso, todo o quarteirão se encontra, segundo o pdm de 2001, na zona especial de protecção, e que possui um regulamento próprio, definidor e orientador para as alterações que se propõem ao edificado. Foi também consultada base de dados do IGESPAR para a verificação da existência de património classificado ou em vias de classificação no local. De facto, na zona alargada de intervenção se encontram vários exemplos de edifícios como “Monumento Nacional” ou “Imóvel de interesse público”, no entanto, na área de intervenção restrita apenas um edifício consta na base de dados, a Casa dos Alpoim. Apesar disso, este edifício encontra-se sem protecção legal uma vez que o processo de classificação se encontra caducado. Analisando a planta de condicionantes do PDM de 2001 sobre a área de intervenção em questão, verifica-se a existência de algumas condições a ter em conta. Desde logo, a “Zona de Protecção ao Património Edificado” e a atenção também para uma “Zona de Protecção Escolar” e “Zona Sonora Sensível” localizada na área referente à Escola Dr. Alfredo Magalhães (edifício 22). Ainda é possível verificar uma nota sobre a Casa dos Alpoim, identificada como “Património Edificado” e a presença de um “Poste Eléctrico” na Rua dos Rubins. Tendo em conta estes elementos, não se verificam elementos que coloquem em causa a proposta enunciada, no entanto, os regulamentos estabelecidos pelo plano de pormenor do centro histórico, terão que ser levados em conta para a reformulação/proposta de edifícios ou alçados. Relativamente à análise funcional foi possível identificar edificios destinados apenas à habitação, habitação/comércio/serviços, comércio/serviços, ou equipamentos. No entanto, esta análise foi aprofundada na figura 141. 157 Análise e Interpretação Urbana Planta de Classes de Intervenção Classes de acordo com os tipos de intervenção admitida pela gestão municipal de Viana do Castelo. Figura 140 – Planta da zona de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001, Informação do PP do CH. Planta manipulada pelo autor. 158 Análise e Interpretação Urbana Planta de Análise Funcional Análise funcional interpretada pelo autor com base nas visitas ao local em Novembro de 2013. Figura 141 – Planta da zona de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 159 Análise e Interpretação Urbana Mapeamento de Patologias Situação Actual Figura 142 - Planta de Cobertura com enumeração de patologias existentes. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 160 Análise e Interpretação Urbana Mapeamento de Patologias Situação Actual Figura 143 - Perfis com enumeração de patologias existentes. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 161 Análise e Interpretação Urbana Mapeamento de Patologias Situação Actual Figura 144 - Perfis com enumeração de patologias existentes. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 162 Análise e Interpretação Urbana Mapeamento de Patologias 1 - Anexo com fraca qualidade construtiva, no qual se verifica ao nível das alvenarias e coberturas várias fissurações e infiltrações. Utilização de materiais nocivos e desadequados actualmente, nomeadamente coberturas em amianto. Instalações eléctricas débeis e técnicas construtivas aplicadas deficientes. O elemento coloca em causa a salubridade do edificado adjacente impossibilitando ou condicionando a entrada de luz solar. 2 - Anexo com fraca qualidade construtiva, no qual se verifica ao nível das alvenarias e coberturas várias fissurações e infiltrações. Utilização de materiais nocivos e desadequados actualmente, nomeadamente coberturas em amianto. Instalações eléctricas débeis e técnicas construtivas aplicadas deficientes. 3 - Anexo coloca em causa a salubridade do edifício adjacente ou dos edifícios envolventes. Impossibilita ou condiciona a entrada de luz solar no edificado envolvente. 4 - Edificio localizado no interior do quarteirão coloca em causa a boa salubridade dos edifícios localizados na sua envolvente. Acesso ao edifício estreito, comprido e sombrio. 5 - Parque de estacionamento da Rua dos Rubins condiciona o trafego nesta zona do centro histórico. A presença de vários automóveis numa rua estreita e característica do centro histórico contribui para uma imagem negativa do mesmo. 6 - Morfologia do terreno condiciona o seu uso funcional devido a ser muito estreito e comprido. Logradouro sem função atribuída. 7 - Logradouro ao abandono e sem função. Verifica-se o crescimento de vegetação sem regra. 8 - Edifício ao abandono e em estado de ruína. Presença de muita vegetação que cobre o edifício quase na totalidade. 9 - Acesso ao interior do quarteirão débil, sombrio e esguio. Deficiência ao nível das acessibilidades tendo em conta as dimensões do caminho. 10 - Habitação não se enquadra dada a sua pequena escala, uma vez que possui apenas piso zero ao passo que a configuração envolvente engloba edificado com dois e três pisos. 11 - Linguagem do alçado sem regra que não respeita os alinhamentos quer do edificado envolvente quer dos seus próprios elementos. Os vãos, portas e janelas, distribuídos sem regra não se encontram alinhados entre si. Imagem do edifício sem qualidade dada a sua localização e envolvente. 12 - Elemento desadequado devido à sua função, garagem ou armazém, uma vez que se localiza numa zona de relevo no centro histórico. 13 - Fachada sem vãos confortáveis voltados para o interior do quarteirão uma vez que o edifício confronta um logradouro pertencente a outro proprietário. Salubridade condicionada. 163 Análise e Interpretação Urbana Mapeamento de Materiais e Sistemas Construtivos Situação Actual Cobertura Inclinada em Telha Cerâmica Terra Vegetal Cobertura Plana Pavimento Cerâmico Pavimento Argamassa de Cimento Figura 145 - Planta de Cobertura com marcação de materiais e técnicas construtivas. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 164 Análise e Interpretação Urbana Mapeamento de Materiais e Sistemas Construtivos Situação Actual Figura 146 - Perfis com enumeração de materiais existentes. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 165 Análise e Interpretação Urbana Mapeamento de Materiais e Sistemas Construtivos Situação Actual Figura 147 - Perfis com enumeração de materiais existentes. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 166 Análise e Interpretação Urbana Legenda: 1 - Revestimento exterior rebocado e pintado. Padireiras, ombreiras e peitoris em Granito. Cornija em granito. Caixilharias em madeira e vidro. Se existir, varanda com guarda em ferro e consola em granito. 2 - Revestimento exterior em azulejo cerâmico. Padireiras, ombreiras e peitoris em Granito. Cornija em granito. Caixilharias em madeira e vidro. Se existir, varanda com guarda em ferro e consola em granito. 3 - Revestimento exterior em granito. Padireiras, ombreiras e peitoris em Granito. Cornija em granito. Caixilharias em madeira e vidro. Se existir, varanda com guarda em ferro e consola em granito. 4 - Revestimento exterior rebocado e pintado. Padireiras, ombreiras e peitoris em Granito. Caixilharias em madeira e vidro e alumínio e vidro. Se existir, varanda com guarda em ferro e consola em granito. 5 - Revestimento exterior rebocado e pintado. Se existir, padireiras, ombreiras e peitoris em Granito. Caixilharias em alumínio e vidro. Se existir, varanda com guarda em ferro e consola em granito. 6 - Revestimento exterior rebocado e pintado. Se existir, padireiras, ombreiras e peitoris em granito. Caixilharias em madeira e vidro. Se existir, varanda com guarda em ferro e consola em granito. 7 - Revestimento exterior em azulejo cerâmico. Padireiras, ombreiras e peitoris em granito. Cornija em granito. Caixilharias em aluminio e vidro e madeira e vidro. Se existir, varanda com guarda em ferro e consola em granito. 8 - Revestimento exterior em granito. Padireiras, ombreiras e peitoris em Granito. Cornija em granito. Caixilharias em aluminio e vidro e madeira e vidro. Se existir, varanda com guarda em ferro e consola em granito. 9 - Edifício em taipa de fasquio pintado. Padireiras, ombreiras e peitoris em madeira. Caixilharias em madeira e vidro. 10 - Revestimento exterior em azulejo cerâmico e reboco pintado. Padireiras, ombreiras e peitoris em granito. Cornija em granito. Caixilharias em madeir e vidro e madeira e vidro. Se existir, varanda com guarda em ferro e consola em granito. 167 Análise e Interpretação Urbana Mapeamento do Estado de Conservação Situação Actual Bom estado de Conservação Razoável Estado de Conservação Mau Estado de Conservação Figura 148 - Planta de Cobertura com marcação de materiais e técnicas construtivas. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 168 Análise e Interpretação Urbana Mapeamento do Estado de Conservação Situação Actual Bom estado de Conservação Razoável Estado de Conservação Mau Estado de Conservação Figura 149 - Perfis com marcação do estado de conservação. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 169 Análise e Interpretação Urbana Mapeamento do Estado de Conservação Situação Actual Bom estado de Conservação Razoável Estado de Conservação Mau Estado de Conservação Figura 150 - Perfis com marcação do estado de conservação. Fonte: Perfis desenhados pelo autor, margem de erro na ordem do centímetro. 170 Análise e Interpretação Urbana Planta do Existente a Demolir, Alterar e Preservar Amarelo: Edificado Convertido Vermelho: Edificado Demolido Verde: Edificado Proposto Azul: Alteração de Fachada Figura 151 – Planta da zona de intervenção restrita. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 171 Análise e Interpretação Urbana Planta de Património “Classificado” e “Em Vias de Classificação” Identificação do património envolvente à zona de intervenção alargada segundo consulta ao IGESPAR. Figura 152–Planta de Património “Classificado” e “Em Vias de Classificação”. Fonte: Planta do PDM de 2001 com informação retirada do IGESPAR, 2014. Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico. Disponível em: <http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/ geral/patrimonioimovel> Acedido em 05 de Janeiro de 2014. Planta manipulada pelo autor. 172 Análise e Interpretação Urbana Património Classificado ou Em Vias de Classificação 1 - Paços Municipais de Viana do Castelo Classificado como MN - Monumento Nacional Cronologia: Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136, de 23-06-1910 Abrangido por ZEP: Sim, Portaria publicada no DG, II Série, n.º 149, de 27-06-1973 2 - MISERICÓRDIA DE VIANA DO CASTELO Classificado como MN - Monumento Nacional Cronologia: Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136, de 23-06-1910 Abrangido por ZEP: Sim, Portaria publicada no DG, II Série, n.º 149, de 27-06-1973 3 - CHAFARIZ DA PRAÇA DA RAINHA Classificado como MN - Monumento Nacional Cronologia: Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136, de 23-06-1910 Abrangido por ZEP: Sim, Portaria publicada no DG, II Série, n.º 149, de 27-06-1973 4 - CASA CHAMADA DE JOÃO VELHO OU DOS ARCOS Classificado como MN - Monumento Nacional Cronologia: Decreto 11 454, DG, I Série n.º 35, de 19-02-1926 Abrangido por ZEP: Sim, Portaria publicada no DG, II Série, n.º 149, de 27-06-1973 5 - CASA DE MIGUEL DE VASCONCELOS Classificado como MN - Monumento Nacional Cronologia: Decreto 11 454, DG, I Série n.º 35, de 19-02-1926 Abrangido por ZEP: Sim, Portaria publicada no DG, II Série, n.º 149, de 27-06-1973 6 - PALÁCIO DOS VISCONDE CARREIRA OU DOS TÁVORAS Classificado como MN - Monumento Nacional Cronologia: Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136, de 23-06-1910 Abrangido por ZEP: Sim, Portaria publicada no DG, II Série, n.º 149, de 27-06-1973 7 - Igreja de Santa Cruz (S. Domingos) Classificado como MN - Monumento Nacional Cronologia: Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136, de 23-06-1910 Abrangido por ZEP: Sim, Portaria publicada no DG, II Série, n.º 149, de 27-06-1973 8 - CASA DA PRAÇA Classificado como IPP - Imóvel de Interesse Público Cronologia: Decreto n.º 5/2002, DR, 1ª Série-B. nº 42, de 19-02-2002 Abrangido por ZEP: Não 173 Análise e Interpretação Urbana Património Classificado ou em Vias de Classificação 9 - IGREJA MATRIZ DE VIANA DO CASTELO Classificado como IPP - Imóvel de Interesse Público Cronologia: Decreto n.º 39 175, DG, I Série, n.º 77, de 17-04-1953 Abrangido por ZEP: Sim, Portaria publicada no DG, II Série, n.º 149, de 27-06-1973 10 - CASA DOS WERNECK Classificado como IPP - Imóvel de Interesse Público Cronologia: Portaria n.º 443/2006, DR, II Série, n.º 49, de 9-03-2006 Abrangido por ZEP: Não 11 - CASA DOS ALPOIM Procedimento caducado - sem protecção legal Cronologia: Procedimento caducado nos termos do artigo 78.º do Decreto-Lei n.º 309/2009, DR, 1.ª série, N.º 206, de 23-10-2009, alterado pelo Decreto-Lei n.º 265/2012, DR, 1.ª série, N.º 251, de 28-12-2012; Procedimento prorrogado até 31 de Dezembro de 2012 pelo Decreto-Lei n.º 115/2011, DR, 1.ª série, n.º 232, de 5-12-2011; Procedimento prorrogado pelo Despacho n.º 19338/2010, DR, 2.ª série, n.º 252, de 30 de Dezembro; Despacho de abertura de 5-07-1999; Abrangido por ZEP: Não 174 Análise e Interpretação Urbana Planta do Património Construído e Arqueológico de Viana do Castelo Identificação do património definido pela gestão municipal através planta acima descrita em JAN 2008. Figura 153 – Planta da zona de intervenção alargada com identificação do património. Fonte: Planta do PDM de 2001 com informação retirada da Planta do Património Construído e Arqueológico de Viana do Castelo de Janeiro de 2008. Planta manipulada pelo autor. 175 Análise e Interpretação Urbana Legenda da Planta Anterior Legenda segundo a Planta do Património Construído e Arqueológico de Viana do Castelo, Câmara Municipal de Viana do Castelo, Janeiro de 2008. 1 - Casa do General Luís do Rego 55 - Casa do João Velho ou dos Arcos 2 - Solar dos Barbosa Maciel 56 - Igreja Matriz 3 - Casa de Pero Galego 57 - Casa dos Védoria 5 - Igreja de Santa Cruz (S. Domingos) 58 - Casa da Rua do Poço 6 - Convento de S. Domingos 59 - Hospital Velho 7 - Capela da Srª das Candeias 60 - Casa de Miguel Vasconcelos 8 - Capela de Stª Catarina 61 - Casa dos Sá Sottomayor 17 - Casa do Largo de Stº Homem Bom 62 - Misericórdia de Viana do Castelo 18 - Chafariz de Mercúrio 63 - Chafariz da Praça da Rainha 19 - Casa dos Nichos 64 - Paços Municipais de Viana do Castelo 33 - Igreja das Ursulinas 83 - Casa dos Werneck 42 - Hospital da Caridade 92 - Teatro Sá de Miranda 44 - Casa dos Visconde Carreira ou dos Távora 93 - Estação Caminho de Ferro 45 - Casa dos Monfalim 94 - Casa dos Barrosa 46 - Casa dos Alpuim 95 - Antigo Convento de S. Tiago 47 - Solar dos Melo Alvins 96 - Casa do Mirante 48 - Quartel da Infantaria 52 - Casa dos Alpuim ou Agorreta 53 - Casa da Praça 54 - Hospital de Viana do castelo 176 Análise e Interpretação Urbana Planta de Condicionantes Resumo das condicionantes afectas à área de intervenção alargada segundo o PDM de 2001. Figura 154 – Planta da zona de intervenção alargada. Fonte: Planta do PDM de 2001 manipulada pelo autor. 177 CONCLUSÃO A necessidade de tornar os centros históricos novamente atractivos e competitivos é uma realidade fundamental para a revitalização dos vários sectores sociais, económicos e culturais intervenientes e dependentes da cidade. Estas zonas urbanas e o seu património carecem de uma regeneração urgente, pela necessidade de preservação e transmissibilidade dos valores culturais, pela manutenção da imagem estética e formal e pela obrigação de devolver uma vida activa aos centros históricos. O arquitecto assume um papel responsável na reabilitação, porém as características da substância física em questão, exigem uma sensibilidade natural para a prática de uma arquitectura de integração, de forma a compatibilizar a conservação do património com desenvolvimento. Contudo, o sector da construção é amplamente responsável pelo impacto causado no meio ambiente, sendo fundamental incorporar no processo de restauro sistemas ecológicos activos e passivos, integrados com os pressupostos de manutenção da autenticidade. A reabilitação é, por si só, um processo de preservação de recursos, e a sua definição como prioridade reflecte um caminho real para a sustentabilidade. Neste ponto de vista, acreditamos que a prática da reabilitação e regeneração urbana, deverá apelar a uma arquitectura de integração rumo a um futuro sustentável. Com o desenvolvimento do trabalho, fomos definindo o acto de recuperar, como um processo baseado em soluções que privilegiam a utilização de materiais locais e o respeito pelas técnicas construtivas tradicionais, ao mesmo tempo que incorpora sistemas de produção de energia renovável, métodos ecológicos de tratamento de água e resíduos e medidas impulsionadoras do contacto com a natureza. Neste processo, apontamos um caminho que articula os princípios de salvaguarda com novas valências sociais, com o objectivo de proporcionar melhores condições de vida e conforto para os habitantes. Reflexo desta interacção, defendemos que a reabilitação do centro histórico poderá contribuir em larga escala para um estímulo do desenvolvimento económico, e como tal, consideramos essencial a inclusão de um processo criativo de novas dinâmicas, que tornem a recuperação do património economicamente viável e os custos durante o tempo de vida útil sustentáveis. O quarteirão em estudo apresenta várias debilidades no seu todo, que lhe conferem uma predisposição clara para o desenvolvimento das matérias em objecto. O processo de análise utilizado foi fundamental para a definição da imagem real do local e para a criação de uma base de trabalho rigorosa, que permitiu adequar a proposta de intervenção à situação existente. 179 Conclusão Consideramos que no plano da reabilitação, o novo deve-se adaptar ao antigo, e não o contrário, e como tal, as acções de análise ao estado de conservação e patologias, a inventariação dos materiais e sistemas construtivos, a análise funcional e a caracterização dos aspectos sociais e económicas permitiram sustentar a intervenção proposta. Julgamos que a metodologia adoptada se revelou essencial para a adequação do projecto ás particularidades do quarteirão e tendo em conta que o “processo de reabilitação se pratica com recurso a bisturi e não a buldózer”, acreditamos que este é um processo que poderá preservar a memória do local e evitar uma intervenção demasiado intrusiva. A nossa proposta de intervenção, deverá, para além de reabilitar e salvaguardar a imagem do quarteirão, adapta-lo às exigências actuais, elevando os padrões de qualidade e conforto, de forma a fixar os habitantes. Acreditamos que a polivalência funcional da proposta conseguirá fomentar novas dinâmicas e estimular novamente a vitalidade social e económica da zona. Ao nível do edificado, a correcção dos alçados sem regra e divergentes da linguagem local, permitirá uma valorização estética e formal de todo o conjunto. O desenho proposto para o interior do quarteirão deverá salvaguardar os traços gerais da sua imagem original, e ao mesmo tempo incorporar novos componentes técnicos e funcionais de forma equilibrada. Consideramos que a estrutura interna proposta, conseguirá assegurar uma relação coesa entre espaço público e privado e revitalizar o carácter da mobilidade interna e externa. A proposta de intervenção acrescenta ao quarteirão novas condições, políticas ecológicas, hortas urbanas, um espaço biblioteca, estacionamento subterrâneo, zonas desportivas, zonas culturais e lazer, sistemas de produção de energia renovável e sistemas de tratamento de águas e resíduos. Todo o processo ideológico e conceptual deverá apontar a uma arquitectura de integração, baseandose na relação previamente definida entre sustentabilidade, conservação/reabilitação e potencial socioeconómico. 180 BIBLIOGRAFIA Livros: Peixoto, António. 2001. O Litoral e a Cidade: matrizes cartográficas. Viana do Castelo: Arquivo Municipal de Viana do Castelo. Gráfica Casa dos Rapazes Asher, François. 2012. Novos Princípios do Urbanismo. 3ª edição. Lisboa: Livros Horizonte. Tradução de Margarida de Souza Lobo e Ana Valente Milheiro, Ana Vaz. Afonso, João. Nunes, Jorge. 2007. Álvaro Siza, Candidatura ao Prémio UIA Gold Medal 2005. 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