NEWTON C. BRAGA 1 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Newton C. Braga Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica PATROCÍNIO Editora Newton C. Braga São Paulo - 2017 Instituto NCB www.newtoncbraga.com.br [email protected] 2 NEWTON C. BRAGA Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Autor: Newton C. Braga São Paulo - Brasil - 2017 Palavras-chave: Eletrônica - Componentes – Circuitos práticos – Coletânea de circuitos – Projetos eletrônicos – Experiências e Brincadeiras com Eletrônica – Eletrônica Júnior – Aprenda eletrônica – Montagens – Mágicas – Truques Tecnologia Copyright by INTITUTO NEWTON C BRAGA. 1ª edição Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos, atualmente existentes ou que venham a ser inventados. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou parcial em qualquer parte da obra em qualquer programa juscibernético atualmente em uso ou que venha a ser desenvolvido ou implantado no futuro. Essas proibições aplicam-se também às características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal, cf. Lei nº 6.895, de 17/12/80) com pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenização diversas (artigos 122, 123, 124, 126 da Lei nº 5.988, de 14/12/73, Lei dos Direitos Autorais). Diretor responsável: Newton C. Braga Diagramação e Coordenação: Renato Paiotti 3 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Índice Índice.........................................................................................4 APRESENTAÇÃO..........................................................................6 LÂMPADA MÁGICA......................................................................7 -Como Funciona...............................................................8 -Montagem....................................................................10 -Prova e Uso..................................................................13 -Temas Transversais.......................................................15 LÂMPADA MÁGICA II.................................................................17 -Como Funciona.............................................................19 -Os Componentes...........................................................22 -Montagem....................................................................24 -Prova...........................................................................28 -Brincando com a lâmpada..............................................30 ABAJUR DE TOQUE....................................................................33 -Como Funciona.............................................................34 -Montagem ...................................................................36 -Prova e Uso..................................................................38 CHAVE SÔNICA.........................................................................40 -Como Funciona.............................................................41 -Montagem....................................................................44 -Prova e Uso..................................................................46 TELEPATIA ELETRÔNICA...........................................................50 -Como Funciona.............................................................51 -Montagem....................................................................52 -Prova e Uso..................................................................56 PISCA-PISCA MISTERIOSO........................................................59 -Os Componentes...........................................................64 -Montagem....................................................................65 -Prova e Operação..........................................................69 -A Origem do Mistério.....................................................70 ROLHA MÁGICA.........................................................................72 -Como Funciona ............................................................73 -Material........................................................................78 -Montagem....................................................................80 4 NEWTON C. BRAGA -Prova e Uso..................................................................83 GRILO ELETRÔNICO..................................................................85 -Como Funciona ............................................................85 -Montagem....................................................................86 -Prova e Uso..................................................................88 MOVIMENTO MISTERIOSO.........................................................89 SALTO MISTERIOSO..................................................................91 -Funcionamento.............................................................91 -Montagem....................................................................91 -Demonstração...............................................................93 O QUE FAZER COM UM ALTO-FALANTE VELHO............................94 -Som Misterioso.............................................................96 -Telégrafo......................................................................98 -Adivinhação do Pensamento...........................................98 -Pula-Pula......................................................................99 -Testando Capacitores Eletrolíticos..................................100 -Alto-Falante de Prova...................................................101 LÂMPADA DE RAIOS ...............................................................103 -Como Funciona ...........................................................104 -Montagem..................................................................108 -Prova e Uso................................................................112 O JOGO DA TRAVESSIA............................................................116 -Como Funciona ...........................................................118 -Montagem e Componentes............................................122 -Experimentando e Usando o Jogo..................................129 -Solução......................................................................130 QUEBRA-CABEÇAS ELETRÔNICO..............................................133 -Montagem..................................................................134 LUZ DESVANESCENTE CÍCLICA................................................138 -Suas características:....................................................139 -O Circuito...................................................................139 -Montagem..................................................................141 -Prova e Uso................................................................142 QUEBRA CABEÇAS CMOS.........................................................144 MOLA MÁGICA.........................................................................145 5 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica APRESENTAÇÃO A eletrônica oferece aos mágicos ou simplesmente aos leitores que gostam de truques uma infinidade de opções. Normalmente as pessoas que assistem aos espetáculos não têm condições de saber se existe eletrônica envolvida e mesmo que saibam, não têm a mínima ideia de como ela funciona. Assim, os leitores que dominarem um pouco da eletrônica podem construir circuitos simples com componentes de fácil obtenção, e obter resultados interessantes. Não é necessário usar nenhum dispositivo de alta tecnologia ou de custo elevado para se tornar um “mágico eletrônico” e é justamente isso que abordamos neste livro. Selecionamos então uma boa quantidade de projetos que publicamos ao longo de nossa carreira de truques e mágicas com circuitos que vão dos muitos simples, que podem ser usados por estudantes e iniciantes, até alguns mais elaborados que exigem um bom conhecimento de montagens e até mesmo o treinamento de uma ou mais pessoas. Os projetos são de todas as épocas, alguns com mais de 40 anos, mas de nossa autoria, quando muita coisa de eletrônica era novidade, até os mais modernos, mas todos usando componentes que ainda são comuns no nosso mercado e por isso não devem oferecer dificuldades de obtenção. Se você gosta de truques e mágicas e ainda tem uma queda pela eletrônica este livro lhe dará algumas ideias interessantes. Mais do que isso, muitas delas podem ser aperfeiçoadas para usar recursos mais modernos como microcontroladores, conexões wireless, tabletes, o computador e muito mais. Newton C. Braga 6 NEWTON C. BRAGA LÂMPADA MÁGICA Uma montagem de muito efeito em feiras, eventos e mesmo demonstrações feitas em salas de aula é a lâmpada mágica. Você também pode usá-la para impressionar seus amigos com seus “conhecimentos de eletrônica”. A lâmpada mágica é uma lâmpada comum incandescente que acende com um fósforo ou isqueiro e apaga com um sopro. Como isso é possível é o que leitor vai ver neste artigo, e se quiser, poder montar com poucos componentes de baixo custo. Observação do autor: esta montagem dos anos 80 marcou nosso trabalho, pois não foram poucos que a realizaram. De fato, pelos efeitos obtidos em demonstrações trata-se de um projeto muito interessante que pode ainda ser montado com muita facilidade pelos componentes que utiliza. Tudo que foge ao normal é atraente, principalmente quando envolve mistério ou ainda um comportamento inusitado para algo que é comum. A lâmpada mágica que escrevemos neste artigo é um caso. Se bem que ela esteja ligada a uma tomada de energia, o fato de podermos acendê-la com a chama de um fósforo e apagá-la com um sopro é muito interessante e, para quem não sabe como funciona, é intrigante. O processo que usaremos para acender ou apagar a lâmpada nada tem a ver com a era da eletrônica, pois é exatamente o mesmo que se empregava com uma vela, lampião ou lamparina: acenderemos a vela usando um fósforo ou isqueiro e apagaremos com um sopro. É claro que demonstrando isso para os amigos ou para visitantes de uma feira, teremos neste projeto uma atração toda especial e a curiosidade de saber como funciona pode render muitos pontos positivos. O circuito apresentado utiliza uma lâmpada comum de 15 a 60 W e funciona tanto na rede de 110 V como 220 V e sua montagem é bastante simples. 7 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Obs. Esta montagem só funciona com lâmpadas incandescentes que tendem a desaparecer. De fato, os tipos de 60 W e maiores não mais são vendidos na época da edição deste livro (2017) devendo ser usados os tipos de 40 W e menores, como as usadas em geladeiras. -Como Funciona É claro que o fogo não pode atingir o filamento de uma lâmpada incandescente comum, assim recorremos a truques que servem também para apagar a lâmpada, já que um sopro, como todos sabem não pode atingir o filamento. O que fazemos então é utiliza um circuito que vê a luz do fósforo ou isqueiro para estabelecer então a corrente pela lâmpada. Este circuito tem por base um LDR (Foto-Resistor) que será instalado sob um pequeno furo, apontado diretamente para a lâmpada e para o local onde deve ser posicionado o fósforo no momento em que ela deve ser acesa, conforme mostra a figura 1. Figura 1 – Acedendo uma lâmpada com um fósforo 8 NEWTON C. BRAGA Assim, ao acender o fósforo, sua luz incide no LDR e dispara o SCR responsável pelo acendimento da lâmpada. O trimpot P1 tem por finalidade ajustar a sensibilidade do circuito em função da luz ambiente. Uma vez que a lâmpada esteja acesa, sua luz se encarrega de realimentar o circuito, iluminando o LDR e mantendo o SCR disparado, dispensando-se assim a luz do fósforo que pode ser afastado. Para apagar teremos a segunda parte do truque: colocando as mãos em concha, conforme mostra a figura 2, ao mesmo tempo em que sopramos, interrompemos a luz que incide no LDR e com isso o SCR deixa de conduzir. Figura 2 – apagando a lâmpada “abafando-a” Nestas condições, a lâmpada apaga. Quem estiver observando o fato não pensará que foi a interrupção da luz que desligou a lâmpada, mas sim que o sopro a apagou. O resistor R1 juntamente com R2 forma um divisor de tensão que produz algo em torno de 10 V para alimentação do 9 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica LED. Esse resistor deve ser de 100 k ohms se a rede for de 220 V. Para uma lâmpada até 40 W o SCR não precisa de radiador de calor, mas para potências maiores será interessante prender nesse componente uma chapinha de metal para ajudar a dissipar o calor gerado. Para que o efeito de mágica seja mais visível, recomendamos usar uma lâmpada de vidro transparente, para que todos vejam que no seu interior não existe nenhum truque. -Montagem Na figura 3 damos o diagrama completo da lâmpada mágica. Figura 3 – Diagrama completo da lâmpada mágica O SCR é o TIC106-B se a rede for de 110 V e o TIC106-D se a rede for de 220 V. A lâmpada deve ser de acordo com a rede de energia. Uma possibilidade de montagem para os leitores menos experientes é a que faz uso de ponta de terminais isolados. A disposição dos componentes e ligações para esta versão é mostrada na figura 4. 10 NEWTON C. BRAGA Figura 4 – Montagem em ponte de terminais Os leitores mais habilidosos e que tiverem recursos para elaboração de placas podem fazer a montagem em placa de circuito impresso, usando a disposição mostrada na figura 5. 11 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 5 – Montagem em placa de circuito impresso Para fixar o LDR em posição de receber a luz pelo furinho da caixa, pode ser usada uma ponte de 3 terminais. A figura 6 mostra a disposição dos diversos componentes que formam o circuito na caixa de plástico ou madeira sugerida para o projeto. 12 NEWTON C. BRAGA Figura 6 – Instalação na caixa Qualquer LDR comum redondo pode ser usado no projeto. Podem até ser aproveitados LDR retirados de aparelhos antigos que os usem como alarmes, televisores com controles automáticos de brilho, etc. A lâmpada é instalada num soquete convencional de uso doméstico. Será interessante não deixar as partes ligadas à rede expostas pois pode haver o perigo acidental de choques. O trimpot P1 deve se reposicionado num local que permita fazer o ajuste através de um segundo furinho na caixa. De preferência esse furinho deve ficar do lado oposto àquele em que se posicionam as pessoas que vão assistir à demonstração, para que elas não o vejam. -Prova e Uso Depois de conferir cuidadosamente a montagem, com especial atenção para curto-circuitos, coloque uma lâmpada no 13 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica soquete e ligue o plugue numa tomada da rede de alimentação. Girando vagarosamente o eixo do trimpot com uma chavinha de fendas chegará o instante em que se encontra o ponto em que a lâmpada acende. Ajuste então o trimpot para que a lâmpada fique apagada mas logo abaixo do ponto em que ela acede. Observe que o aparelho deve ficar numa mesa posicionada de tal forma que a lâmpada faça sombra sobre o furo quando apagada de modo a diminuir a ação da luz ambiente sobre o LDR, como mostra a figura 7. Figura 7 - posicionamento Depois acendendo um fósforo na posição em que sua luz incida no LDR, conforme já explicamos, a lâmpada deve acender e assim permanecer. Se a lâmpada apagar quando o fósforo for apagado, tente novo ajuste do trimpot. Com a lâmpada acesa, coloque as mãos em concha em sua volta para que elas façam sombra no LDR. A lâmpada deve 14 NEWTON C. BRAGA apagar e assim permanecer quando afastarmos a mão. Para acender basta usar o fósforo ou isqueiro novamente. Não será conveniente usar lâmpada de mais de 40 W, pois as lâmpadas de 50 e 60 W esquentam muito podendo queimar a mão da pessoa quando ela for apagar. Depois, é só usar a lâmpada nas demonstrações. Explique que você é “mágico” e consegue acender uma lâmpada com um fósforo e apagá-la com um sopro. -Temas Transversais A montagem desta lâmpada mágica pode ser inserida como atividade prática ou para ilustrar aulas servindo de temas transversais nas disciplinas de física. O princípio de funcionamento dos LDRs, a propagação retilínea da luz, realimentação e como funciona uma lâmpada incandescente são alguns temas dos currículos que podem ser lembrados com esta montagem. Sugestão: o professor de física ou ciências pode propor um desafio fazendo a demonstração da operação desta lâmpada e depois deixar por conta dos alunos explicarem o que está acontecendo, baseados no que aprenderam nas aulas. Lista de Material Semicondutores: SCR – TIC106B (TIC106D) – Diodo Controlado de Silício ou SCR D1 – 1N4002 ou equivalente – diodo de silício Resistores: (1/8 W, 5%) R1 – 47 k ohms – amarelo, violeta, laranja (100 k para 220 V – marrom, preto, amarelo) R2 – 4,7 k ohms – amarelo, violeta, vermelho R3 – 1 k ohms – marrom, preto, vermelho R4 – 10 k ohms – marrom, preto, laranja P1 – 47 k – trimpot 15 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Diversos: X1 – Lâmpada incandescente de 15 a 60 W LDR – Foto-Resistor (LDR) – comum Placa de circuito impresso ou ponte de terminais, cabo de força, soquete para a lâmpada, caixa para montagem, fios, parafusos e porcas, solda, etc. 16 NEWTON C. BRAGA LÂMPADA MÁGICA II Divirta-se! Deixe seus amigos perplexos acendendo uma lâmpada com um fósforo ou isqueiro e apagando-a com um sopro! Isso mesmo, é uma lâmpada comum (incandescente), mas que funciona como uma vela. Algo para você montar, apostar com seus amigos que realmente existe e depois divertir-se a valer diante de sua perplexidade. Obs. Esta versão é semelhante à anterior com pequenas alterações no circuito do projeto de Lâmpada Mágica que tem outras versões no site saiu no meu livro Brincadeiras e Experiências com Eletrônica Vol 8 de 1981, mas é atualíssimo, tanto pelos efeitos como pelos componentes usados que são ainda comuns no mercado. Uma lâmpada é uma lâmpada! Para acendê-la acionamos um interruptor que estabelece a corrente em seu circuito a para apaga-Ia desligamos este mesmo interruptor que impede então a passagem da corrente. Este pelo menos é o funcionamento “normal" de uma lâmpada incandescente comum com o qual o leitor está habituado. O que propomos neste artigo é algo totalmente inédito em matéria de acender e apagar lâmpadas comuns o que permite a realização de algumas mágicas ou brincadeiras interessantes. O nosso circuito ”sente" a presença da luz de um fósforo ou isqueiro nas proximidades da lâmpada fazendo-a acender e do mesmo modo também ”sente" a presença de certos corpos opacos nas suas proximidades apagando-a. Resultado: quando acendemos um fósforo o isqueiro perto da lâmpada, ela simplesmente acende também dando real impressão de que o responsável por isso é o fogo que chega de algum modo “misterioso" até o seu interior (figura 1). 17 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 1 – O efeito “mágico” É interessante ver como as pessoas ficam espantadas quando dizemos que a nossa lâmpada acende de modo "diferente" e riscamos um fósforo nas suas proximidades. “Naturalmente, este sujeito está brincando, ou está louco!" - é o que pensam. Mas, o espanto é ainda maior quando a lâmpada realmente acende com a presença do fósforo!... Você também pode divertir-se com seus amigos montando o circuito eletrônico de acionamento desta lâmpada e fazendo dela um abajur diferente, conforme sugere a figura 2. 18 NEWTON C. BRAGA Figura 2 – Instalando num abajur Usando componentes que podem ser conseguidos com facilidade e baixo custo, e sendo muito simples de montar, este projeto não oferece qualquer tipo de dificuldades ao leitor, mesmo que sem experiência alguma. Para brincadeiras, mágicas, demonstrações ou feiras de ciências, está é uma montagem de efeitos excelentes. Obs.: este aparelho usa lâmpadas absolutamente comuns que não precisam de qualquer adaptação especial que possa levar seus amigos a suspeitar de "truques". -Como Funciona Já demos a entender na introdução que o segredo desta lâmpada está num circuito que ”sente" a presença de luz de um fósforo ou isqueiro nas suas proximidades. Na verdade, o responsável, pela tarefa de ”ver" a luz do fósforo ou isqueiro é um LDR (light dependent resistor) que é um 19 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica dispositivo que tem uma resistência elétrica que depende da intensidade da luz que incide em sua face sensível (figura 3). Figura 3 – O LDR Quando um LDR se encontra no escuro, sua resistência é muito alta e praticamente nenhuma corrente pode circular por ele. Quando o LDR é iluminado, sua resistência diminui a ponto de uma corrente algo intensa poder circular. Infelizmente, os LDRs comuns de baixo custo não admitem a circulação de uma corrente elevada como a que precisa uma lâmpada comum, mesmo que pequena, para acender, de modo que não podemos ligar este dispositivo diretamente na lâmpada em questão, pois ele queimaria com facilidade. Entretanto, o LDR pode ser usado para controlar a corrente da lâmpada através de um dispositivo intermediário, uma espécie de "chave eletrônica" que liga a lâmpada quando o LDR é iluminado e a desliga quando o LDR é escurecido. Esta chave eletrônica é um SCR (diodo controlado de silício). Quando então o LDR é iluminado, a corrente que passa por ele pode ligar o SCR que então aciona a lâmpada, acedendo-a. Quando o LDR está no escuro, o SCR permanece "desligado" e consequentemente, a lâmpada fica apagada. Com o SCR que recomendamos neste aparelho, o leitor pode controlar sem a necessidade de elementos adicionais, lâmpadas de até 100 W o que é mais do que suficiente para as aplicações recreativas. 20 NEWTON C. BRAGA O importante neste circuito é então a disposição do LDR em relação à lâmpada e a posição do fósforo ou isqueiro em relação ao LDR. Na figura 4 mostramos o modo segundo o qual o LDR deve ser colocado para funcionar segundo os efeitos que queremos. Figura 4 – Posicionamento dos elementos do circuito Nesta posição, ao receber luz do fósforo ou isqueiro que se aproxima da lâmpada, o LDR dispara alimentando-a. A partir de então, a própria luz da lâmpada realimenta o LDR mantendo-o excitado e, portanto, o circuito disparado. A luz permanece acesa, portanto, mesmo depois de retirado o fósforo. Para apagar a lâmpada basta colocar a mão entre o LDR e esta lâmpada de modo a interromper o feixe de luz. Este movimento de colocar a mão ou “abafar" a lâmpada deve ser acompanhado de um sopro do “mágico" que então "disfarçará" o que está fazendo dando a impressão nítida de que realmente é o "vento" que a apaga! Completa o circuito, um controle de sensibilidade de disparo que visa colocar o LDR perto do ponto de disparo em função da iluminação ambiente. Este controle fica na própria caixa que aloja o aparelho e deve ser ajustado cuidadosamente antes de cada demonstração. 21 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Como a luz do fósforo ou isqueiro apenas dispara o circuito, a lâmpada deve receber energia da tomada de 110 V ou de 220 V. -Os Componentes Todos os componentes usados nesta montagem são comuns em nosso mercado havendo a possibilidade até de aproveitamento de velhos rádios, televisores ou outros fora de uso. Começamos com a caixa que pode ser de qualquer material desde que, totalmente opaca (não deve passar luz de modo algum). A caixa deve ser totalmente vedada, com exceção do local onde vai o LDR para que a luz ambiente não prejudique o seu funcionamento. Na figura 5 temos a nossa sugestão de caixa. Figura 5 – Sugestão de caixa O LDR é um componente que, em princípio, não é crítico já que praticamente qualquer tipo pode ser experimentado, com bons resultados. 22 NEWTON C. BRAGA O que poderá variar será a sensibilidade do circuito. Em particular, sugerimos o tipo pequeno, redondo de 1 cm de diâmetro, que pode ser encontrado em velhos televisores fora de uso¡ que tenham controle automático de luminosidade. Estes LDRs são instalados na parte frontal destes aparelhos. O SCR recomendado é o MCR 106, IR106, TIC106 ou C106 para 200 V se o aparelho for ligado na rede de 110 V e para 400 V se o aparelho for usado na rede de 220 V. O leitor poderá eventualmente usar um SCR TIC106, mas, neste caso, pode ser necessária a ligação de um resistor adicional de 1 k x 1/8 W entre seu catodo e sua comporta (G e K) se a lâmpada permanecer sempre acesa não dando ajuste. A lâmpada controlada pode ser de qualquer tipo cuja potência se situe entre 15 W e 100 W. O tipo ideal para as aplicações práticas é de 60 W de potência com tensão de acordo com sua rede. Temos na comporta do SCR um diodo. Este componente pode ser de qualquer tipo para uma tensão de trabalho de pelo menos 100 V com corrente mínima de 100 mA. Optamos pelo superdimensionado 1N4004 e seus equivalentes 1N4007, BY127 que são muito comuns em nosso mercado e a custo bem acessível. Com relação ao potenciômetro, seu valor não é crítico podendo situar-se entre 1M e 2M2. O leitor pode inclusive aproveitar um potenciômetro de controle de tom ou volume de velhos rádios a válvulas cujo valor normalmente é de 470 k (mas serve!). Não há necessidade de se usar interruptor junto ao potenciômetro porque a lâmpada será totalmente comandada pelo fósforo e pelo sopro. Os resistores são todos de 1/8 W em vista de suas dimensões reduzidas, mas se o leitor não fizer questão de espaço, pode usar outros maiores mas de mesmo valor em resistência elétrica (mesmas cores). Completa a nossa lista de material uma ponte de terminais para soldagem dos componentes e uma ponte menor para 23 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica soldagem do LDR: soquete para a fixação da lâmpada, cabo de alimentação e knob para o potenciômetro. Estes materiais podem ser comprados em casas especializadas ou aproveitados de sua sucata. -Montagem Para a montagem você deve usar um soldador pequeno (máximo 30 W); solda de boa qualidade, alicate de corte lateral, alicate de ponta fina e chaves de fenda. Comece preparando a caixa onde vai ser montado o aparelho e fixando o suporte da lâmpada e o potenciômetro. Passe o cabo de alimentação e dê um nó na sua ponta para que ele não escape. Se a caixa for metálica ou de material fino, use uma borracha de passagem para evitar que as bordas afiadas do furo cortem o fio (figura 6). Figura 6 – Nó do cabo de alimentação Na figura 7 temos então o diagrama completo da lâmpada mágica válido tanto para a rede de 110 V como para a rede de 220 V. 24 NEWTON C. BRAGA Figura 7 – Diagrama completo do aparelho Os valores dos componentes entre parêntesis são para a rede de 220 V. Na figura 8 é dada a disposição real dos componentes na caixa e na ponte de terminais. 25 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 8 – Aspecto da montagem Oriente-se por esta figura e pela anterior para realizar a sua montagem. Alguns cuidados são necessários para a realização da soldagem dos componentes. Por isso, para garantir sucesso na montagem, sugerimos que o leitor siga a sequência dada: a) Solde em primeiro lugar o SCR na ponte de terminais que ainda deve estar fora da caixa. Veja que o SCR tem modo certo para ser colocado. Se for invertido a lâmpada não funcionará e este componente ficará estragado. Para a soldagem, dobre seus terminais de modo a abri-los, encostando-os na ponte em seguida. b) Solde o diodo que vai ligado à comporta do SCR (D1). Veja que este componente tem um anel ou um símbolo que identifica o seu catodo. Obedeça a posição certa para a ligação deste componente, pois sua inversão põe em risco a integridade do SCR. Os seus terminais devem ser cortados num comprimento que permita sua colocação fácil na ponte. A soldagem deve ser feita rapidamente para que o calor não o afete. 26 NEWTON C. BRAGA c) Solde os resistores em posição na ponte de terminais. Estes componentes não têm polaridade, mas você deve fazer as soldagens rapidamente para que o calor não os danifique. Corte antes da soldagem os seus terminais no comprimento apropriado. d) O LDR será soldado numa ponte menor (pedaço de uma barra maior cortado com o alicate de corte lateral) a qual será por sua vez fixada nas proximidades do orifício para a entrada de luz. Veja na figura 9 o modo como o LDR deve ser soldado e montado na ponte. Figura 9 – Posicionamento do LDR Para fixar a ponte use um parafuso comum curto com porca. Solde o LDR bem rápido, pois sendo seu invólucro plástico o calor propagado pode danifica-lo o com facilidade. e) Fixe a ponte de terminais com o SCR na caixa, usando parafuso curto com porca e em seguida faça as interligações com os demais componentes com fio flexível de capa plástica. Os fios devem ser curtos para facilitar o fechamento posterior da caixa por baixo (não obrigatório). Com todas as interligações feitas, coloque o knob (botão) no potenciômetro, confira a montagem e coloque a lâmpada no suporte. Você pode passar ao item seguinte que ensina como fazer a prova de funcionamento e os ajustes. 27 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica -Prova Ligue o plugue na tomada. Coloque o dedo no furo que deixa a luz incidir no LDR e ao mesmo tempo, vá girando o potenciômetro que controla a sensibilidade até conseguir um ponto pouco antes de a lâmpada acender. Veja que, atuando sobre o controle de sensibilidade nestas condições estando o aparelho bom, deve haver uma faixa em que a lâmpada permanece apagada e outra em que ela permanece acesa. Em seguida, tire o dedo do furo e coloque a lâmpada mágica numa posição em que a iluminação ambiente permita a formação de uma sombra da própria lâmpada (dê preferência às lâmpadas de vidro translúcido para melhor funcionamento) sobre o furo, conforme mostra a figura 10. Figura 10 – Posicionamento do aparelho em uso Se a lâmpada acender, tampe momentaneamente o furo com o dedo e reajuste o potenciômetro para mantê-la apagada somente com a iluminação ambiente. 28 NEWTON C. BRAGA Pegue agora um fósforo e acenda-o nas proximidades da lâmpada na posição mostrada na figura 11. Figura 11 – acendendo a lâmpada A lâmpada deve acender e assim permanecer mesmo quando afastarmos o fósforo. Se isso não acontecer, aumente a sensibilidade, mas sem deixar que a lâmpada responda à iluminação ambiente. O potenciômetro deve ser deixado na posição que permita acender a lâmpada com o fósforo mas não com a luz ambiente. Para apagar a lâmpada, coloque a mão entre ela e o LDR, conforme mostra a figura 12. A sombra produzida pela mão deve ser suficiente para desligar o circuito. 29 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 12 – apagando a lâmpada O ajuste ideal do potenciômetro, levando em conta a iluminação ambiente é obtido quando a mesma acende com o flash de um fósforo ou isqueiro e apaga com a sombra não sendo influenciada pela luz da sala. -Brincando com a lâmpada Diga aos seus amigos que você é “mágico" e que é capaz de acender uma lâmpada comum com um fósforo ou isqueiro e apagá-la com um sopro. Naturalmente, eles não acreditarão. Você pode até fazer algumas apostas interessantes. Depois, é só levar a lâmpada na presença de seus amigos (será conveniente escolher um local, 30 NEWTON C. BRAGA para a qual a lâmpada já tenha sua sensibilidade pré-ajustada) e acendê-la de modo espetacular. Para apagar, ao mesmo tempo em que você sopra, “abafea" para fazer sombra sobre o LDR que desliga o circuito, mas não deixe seus amigos perceberem que é a sombra no furo do LDR que faz o circuito desligar. Usando um pequeno espelho, preso à corrente de seu relógio, pode-se acender a lâmpada com um gesto de mágica, bastando para isso focalizar sobre o furo do LDR o reflexo de uma lâmpada ambiente mais forte, conforme sugere a figura 13. Figura 13 – Acendendo com um gesto Com um pouco de prática você pode fazer sucesso como mágico num show em casa ou em festas. 31 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica LISTA DE MATERIAL SCR - MCR106, IR106, C106 ou TIC106 - para 200 V se a rede for de 110 V e para 400 V se a rede for de 220 V. D1 - 1N4004 ou BY127 - diodo de silício P1 - potenciômetro de 1M ou 2M2 R1 – 150 k x 1/8 W - resistor (marrom, verde, amarelo) – 110 V – 220 k x 1/8 W - resistor (vermelho, vermelho, amarelo) R2 - 15k x 1/8 W - resistor (marrom, verde, laranja) LDR - Foto resistor comum LDR L1 - lâmpada incandescente (15 à 100 W) Diversos: cabo de alimentação, suporte para a lâmpada, knob para o potenciômetro, pontes de terminas, caixa, parafusos, porcas, borracha de passagem, fios, etc. 32 NEWTON C. BRAGA ABAJUR DE TOQUE Tocando em qualquer parte do abajur, a lâmpada acende e assim permanece por um intervalo de tempo pré-determinado. Também podemos usar o mesmo circuito para acender uma lâmpada no teto, sem a necessidade de um interruptor que pode ser difícil de localizar. Outras aplicações incluem o acionamento de pequenas estufas ou motores universais por tempo prédeterminado. O circuito funciona tanto na rede de 110 V como 220 V. Observação: este projeto é de 2005, mas perfeitamente viável, pois utiliza componentes que podem ser encontrados com facilidade ainda hoje (2015). Eis uma montagem cuja finalidade básica é se obter um acionamento temporizado por toque para uma lâmpada incandescente comum. Podemos ter uma curiosa lâmpada que acende pelo simples toque em qualquer parte de sua base, que na realidade é o sensor. Tocando, ou mesmo aproximando a mão dos elementos sensores, a lâmpada acende e assim permanece por um intervalo de tempo pré-determinado. Uma ideia é como “mágica” em que você terá na sua sala um abajur, sem interruptores, que acende pelo simples toque em qualquer ponto de sua estrutura. O circuito é simples baseado em peças comuns de baixo custo e é sensível o bastante para disparar até mesmo pela aproximação. A carga pode ser formada por qualquer lâmpada incandescente comum de 5 watts até 200 watts. Obs. Este circuito só funciona com lâmpadas incandescentes. Veja a observação sobre estas 33 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica lâmpadas que tendem a desaparecer no primeiro artigo deste livro. O segredo da sensibilidade desta montagem está no uso do circuito integrado CMOS 7555 que utiliza transistores de efeito de campo na entrada. -Como Funciona O circuito integrado 7555 ou TLC7555 consiste na versão CMOS, ou seja, com transistores de efeito de campo na entrada, do conhecido timer 555. Os transistores de efeito de campo na entrada de disparo (pino 2) conferem a este componente uma enorme sensibilidade. Assim, o simples toque dos dedos neste pino, convenientemente polarizado, faz com que a tensão caia a um nível suficientemente baixo para provocar o seu disparo. Na figura 1 temos a configuração básica de monoestável para este componente. Figura 1 – O 555 monoestável O resistor R1 polariza a entrada de disparo de modo que ela permaneça no nível alto. 34 NEWTON C. BRAGA Nestas condições, o circuito integrado manterá sua saída no nível baixo, com 0 V de tensão enquanto o pino 2, em que está ligado R1 estiver com uma tensão de 1/3 ou mais da tensão de alimentação. Quando tocamos no pino, o contacto de nosso corpo com este ponto do circuito e com a terra representa um resistor que, em conjunto com R1, forma um divisor de tensão. O valor da resistência do corpo é bem mais baixo do que R1, escolhido para o projeto, o que garante que a tensão caia a um valor inferior a 1/3 da tensão de alimentação. Nestas condições, o circuito integrado dispara e a tensão de saída é levada ao nível alto, apresentando uma tensão de aproximadamente 9 V, que é a tensão de alimentação deste setor. O monoestável se caracteriza por não permanecer indefinidamente no estado em que o colocamos. O tempo durante o qual ele permanece ligado depende do resistor R2 e do capacitor C1. No projeto original fazemos o resistor variável de modo que podemos ajustar à vontade o tempo de acionamento do circuito. Assim, após o toque, o circuito liga e assim permanece pelo tempo dado por R2 e C1. O circuito integrado não pode acionar diretamente a lâmpada pois ele trabalha em regime de baixa tensão. Usamos então o sinal que ele fornece para disparar um SCR que pode controlar cargas de potência elevada. O SCR usado é um TIC106 que na versão com sufixo B pode opera na rede de 110 V e sufixo D para a rede de 220 V. Para o setor de baixa tensão que alimentação o circuito integrado, temos uma fonte redutora sem transformador. Um zener de 9 V garante a estabilidade da alimentação, se bem que isso não seja crítico no nosso caso. Observamos que, apesar do circuito estar diretamente ligado à rede de energia, o resistor de 220 k ohms na entrada limita de tal forma qualquer corrente que possa circular pelo sensor, que não existe perigo de choque para o usuário. 35 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica No entanto, é preciso tomar muito cuidado para que todas as demais partes do circuito estejam muito bem protegidas. -Montagem Começamos por dar o diagrama completo do aparelho na figura 2. Figura 2 – Diagrama completo do aparelho Na figura 3 temos uma sugestão de placa de circuito impresso para a montagem. 36 NEWTON C. BRAGA Figura 3 – Placa para a montagem Os resistores usados são de 1/8 ou 1/4 W com qualquer tolerância. O capacitor C2 é opcional. Este componente só deve ser usado se for notado disparo errático, isto é, se a lâmpada tender a acender sozinha, sem que ninguém toque no sensor. O SCR deverá ser dotado de um pequeno radiador de calor que consiste numa chapinha dobrada e parafusada em seu invólucro. O resistor R5 é o único componente de maior dissipação (1 ou 2 W) pois tende a aquecer levemente quando o aparelho está em funcionamento. O sensor pode ser qualquer parte metálica do objeto, uma chapa de metal, ou ainda uma rede de fios descascados. 37 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Uma outra possibilidade, se desejamos ocultar o modo de acionamento, é o uso de uma cabeça de alfinete na base da montagem, conforme mostra a figura 4. Figura 4 – O sensor O fio de ligação ao sensor não pode ser longo. Acima de 1 ou 2 metros, começa a haver a captação de ruídos que disparam de modo errático o aparelho. Os valores entre parênteses de R5 é para o componente quando o circuito é ligado na rede de 220 V. O circuito deve ser montado em soquete próprio e os capacitores eletrolíticos devem ter tensões de trabalho de 16 V ou mais. Na rede de 110 V o diodo pode ser o 1N4004 e para a rede de 220 V o 1N4007. -Prova e Uso A prova pode ser feita logo que o projeto esteja montado. Basta ligar o aparelho na tomada, colocar P1 na posição de 38 NEWTON C. BRAGA menor tempo (menor resistência) e tocar no sensor. Se a lâmpada não acender, inverta a posição da tomada. Tocando no sensor, a lâmpada deve ficar acesa por alguns segundos. Ajuste então P1 para o tempo de acendimento desejado. Lista de Material Semicondutores: CI-1 – 7555 – circuito integrado CMOS SCR – TIC106B (110 V) ou TIC106D (220 V) – diodo controlado de silício D1 – 1N4004 ou 1N4007 – diodo de silício – ver texto Z1 – Diodo zener de 9 V x 1 W Resistores: (1/8 W, 5%) R1 – 220 k ohms – vermelho, vermelho, amarelo R2, R3 – 10 M ohms – marrom, preto, azul R4 – 10 k ohms - marrom, preto, laranja R5 – 10 k ohms x 2 W – resistor (110 V) ou 22 k ohms x 2 W (220 V) R6, R7 – 10 k ohms – marrom, preto, laranja P1 – 1 M ohms – trimpot Capacitores: C1 – 10 nF – capacitor cerâmico ou poliéster C2 – 1 pF – capacitor cerâmico (ver texto) C3 – 10 uF a 47 uF x 16 V – capacitor eletrolítico C4 – 100 nF – capacitor cerâmico ou poliéster C5 – 1000 uF x 16 V – capacitor eletrolítico Diversos: F1 – 4 A – fusível L1 – Lâmpada incandescente comum até 200 W Caixa para montagem, radiador de calor para o SCR, cabo de alimentação, soquete para a lâmpada, suporte para o fusível, soquete para o circuito integrado, fios, solda, etc. 39 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica CHAVE SÔNICA Eis um projeto que encontra muitas aplicações práticas interessantes: trata-se de um sistema sensor que pode disparar um alarme, acender uma lâmpada, ativar um transmissor ou ligar um gravador, ao menor som ambiente. Os radioamadores poderão utilizar este circuito para eliminar a chave no microfone (PTT), pois ao falar, sua própria voz desligará a recepção e ativará o transmissor. A sensibilidade do aparelho é excelente e sua montagem é bastante simples. Obs. O artigo é de 1986. Hoje podemos fazer o mesmo que este circuito com soluções wireless digitais e outras. Também lembramos que as lâmpadas incandescentes estão saindo de linha. Num filme de espionagem, o herói faz uso de uma chave sônica para acusar a presença de um intruso num armazém próximo: a chave sônica ativa um pequeno transmissor, que emite um “bip" para um rádio colocado nas proximidades do agente. Em outro filme, a chave sônica é usada para ativar um gravador, registrando assim uma importante conversa entre dois agentes inimigos, a qual servirá de prova para sua posterior condenação. Estas são apenas duas aplicações possíveis para uma chave sônica, interruptor sônico ou VOX como também é chamada. O circuito que descrevemos é simples, sensível e versátil, podendo ser usado nas seguintes aplicações práticas: - Ligado à noite em sua casa, ele disparará um alarme quando ocorrer algum ruído estranho: um objeto caindo¡ uma porta sendo forçada ou mesmo os passos de uma pessoa. - Em radioamadorismo, poderá ser ligado ao circuito transmissor, ativando-o através da própria voz do operador e 40 NEWTON C. BRAGA eliminando, desse modo, a chave de câmbio (PTT) junto ao microfone. - Brincadeiras podem ser feitas com a detecção de pessoas pelo barulho que fazem. Colocado numa sala, quando alguém falar, uma lâmpada ou sirene pode ser ativada (no caso da sirene, precauções devem ser tomadas com a realimentação). - Conectado ao sistema elétrico de disparo de máquinas fotográficas, ele permitirá que você tire sua própria foto, bastando para isso determinar o momento, pela emissão de um som, assobio ou batida de palmas. - Finalmente, você pode ter um interessante "controle remoto", em que aparelhos diversos podem ser ativados pela voz. É claro que neste caso, para a ativação de aparelhos de som deve haver um sistema que evite a realimentação acústica. O circuito pode ser alimentado por 4 pilhas (6 V) ou fonte (12 V) e tem condição de espera com consumo de corrente baixo. O relé pode controlar cargas de até 2A em cada contato, o que permite o controle de eletrodomésticos até de médio porte, como abajures, alarmes, lâmpadas comuns, etc. Características do Circuito Circuitos integrados: 2 Alimentação: 6 ou 12 V Corrente de espera (tip.): 5 mA Tipo de operação: monoestável Faixa de tempos: 1 a 100 segundos Carga máxima: 2 A Tipo de microfone: 4 a 600 ohms (dinâmico) -Como Funciona Basicamente o sistema tem duas etapas: um sistema de sensoriamento e um sistema de disparo. O sistema de sensoriamento tem, como elemento principal, um microfone dinâmico (que pode ser uma cápsula telefônica, um microfone de gravador ou mesmo um pequeno 41 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica alto-falante), o qual é ligado a um amplificador operacional com transistores de efeito de campo do tipo CA3140. Este operacional trabalha em modo comum (microfone ligado entre as entradas) e o ganho depende da realimentação, o que pode ser controlado por P1. Com este potenciômetro na posição de máxima resistência temos o máximo ganho, o que leva este controle a determinar a sensibilidade do circuito. O ganho pode ser variado entre 2 e 40, aproximadamente. A saída deste circuito dispara a segunda etapa, que consiste num monoestável com duas escalas de tempo selecionadas por S1. Com o capacitor de menor valor (C4) temos a ativação do sistema por curtos intervalos de tempo, os quais são ajustados em P2. Esta é a posição para a operação como VOX (chave de câmbio em transmissores), pois apenas quando pararmos de falar é que o relé desativará, passando para a condição de recepção, e não entre as palavras de uma mesma frase. (figura 1) 42 NEWTON C. BRAGA Figura 1 – Operação do circuito Com o valor mais alto (C3) temos tempos que podem ultrapassar 1 minuto, o que será importante se o sistema for usado na ativação de uma lâmpada ou um circuito remoto de aviso. O tempo total será também ajustado em P2. O disparo do monoestável ocorre quando a saída 6 do CA3140 for levada ao nível de tensão alto, pela presença do sinal de áudio, o qual polariza o transistor Q1 no sentido de haver sua saturação. Com isso, o pino 2 do 555 é momentaneamente aterrado, ocorrendo o disparo. O resistor R5 mantém o pino 2 do 555 em nível alto na ausência de sinal ou quando Q1 está no corte. Com a manutenção do pino 2 no nível alto, o pino 3 de saída se mantém no nível baixo. 43 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica A saída do 555 (CI-2) é ligada à base de um transistor via R6, o qual será polarizado até a saturação no nível alto do pino 3 de Cl-2, ativando desta forma o relé. A alimentação do circuito pode ser feita com tensão de 6 ou 12 V, conforme o relé seja de 6 V ou 12 V. Para o microfone, obtivemos excelente sensibilidade com a utilização de uma cápsula telefônica de 600 ohms. No entanto, pode ser usado um microfone dinâmico de gravador (200 a 600 ohms) ou um pequeno alto-falante, cuja impedância será elevada com a ajuda de um transformador de saída (100 a 1000 ohms x 4 ou 8 ohms), conforme mostra a figura 2. Figura 2 – Usando um transformador de saída -Montagem O diagrama completo do aparelho é mostrado na figura 3. 44 NEWTON C. BRAGA Figura 3 – Diagrama do aparelho A placa de circuito impresso na figura 4. Figura 4 – Placa para a montagem Os componentes externos à placa são os de controle. Observe que o uso de um microrrelé (DIL) possibilita sua inclusão em suporte na própria placa, com vantagens. 45 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Para os integrados recomendamos a utilização de soquete DIL de 8 pinos (CI-1 e Cl-2), e para a ligação do microfone, se esta for a mais de 1ocm da placa, recomendamos o uso de cabo blindado duplo com a malha ligada ao negativo da fonte. Este cabo tem dois condutores internos para conexão aos pinos 2 e 3 de Cl-1. Os resistores podem ser de 1/8 ou ¼ W com qualquer tolerância, e para os capacitores temos as seguintes indicações: para C1 e C3 usamos eletrolíticos com tensão de trabalho não inferior à tensão de alimentação (6 ou 12V). Para os demais capacitores podem ser usados tipos cerâmicos, de poliéster ou styroflex. Em especial, observamos que a influência de C2 no funcionamento permite que se façam experiências com valores entre 22onF e1pF, que levam a respostas mais acentuadas na região dos sons graves, enquanto valores menores, entre 47nF e 22onF, nos levam a uma resposta mais acentuada nos agudos. O diodo é do tipo 1N4148 ou equivalente, e os transistores admitem equivalentes, como o BC237, BC238, BC547 ou BC549. P1 e P2 são potenciômetros comuns e seus valores não são críticos. P1 determina o ganho e deve ser o maior possível. P2 determina o tempo de ativação e pode ter valores entre 220 k e 1 M. S1 é uma chave H comum, de onde utilizamos somente 3 dos 6 terminais existentes. S2 é um interruptor simples, que pode ser conjugado ao potenciômetro de sensibilidade (P1). Se for usada fonte de alimentação externa, esta deve ter boa regulagem e filtragem, para não influir na sensibilidade do sistema ou provocar disparos erráticos. -Prova e Uso Para a prova, podemos nos orientar pelo estalido que o relé dá ao ser ativado, que também pode ser observado pela movimentação dos contatos se o tipo for de invólucro plástico 46 NEWTON C. BRAGA transparente, ou então com a ligação de um LED em série com um resistor de 470 ohms (6 V) ou 1 k (12 V) ao pino 3 do 555, conforme mostra a figura 5. Figura 5 – Conexão do LED de teste Para testar, proceda da seguinte maneira: - Ligue 52 e coloque S1 na posição em que C4 fica no circuito (menor tempo). P2 deve estar na posição de máxima resistência. - Abra P1 de modo que ele fique com a máxima resistência (maior ganho). - Faça qualquer tipo de ruído diante do microfone (fale, estale os dedos, assobie, etc.). O relé deve ser ativado apenas durante alguns segundos (e acender o LED se estiver no circuito). - Coloque agora S1 na posição que conecta C3 ao circuito (maior tempo) e faça ruído diante do microfone. O relé deve fechar e assim permanecer por tempo mais longo (até alguns minutos). A conexão do relé a fontes externas é mostrada na figura 6. 47 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 6 – Controle de cargas externas Se a sensibilidade for muito grande, reduza-a em P1. A montagem em caixa plástica ajudará a obter um conjunto de fácil transporte e utilização. As pilhas sugeridas para alimentação são as médias ou grandes, que proporcionam maior autonomia. Para a conexão de aparelhos externos de 110/220 V, sugerimos o emprego de uma tomada de embutir. Não alimente aparelhos que exijam mais de 200 W na rede de 110 V ou 400 W na rede de 220 V. 48 NEWTON C. BRAGA A operação em lugares com muito barulho deve ser evitada por motivos óbvios. Caso o aparelho não funcione, o exame deve ser feito da seguinte forma: Desligue a base de Q1 por um instante e ligue entre ela e o positivo da alimentação um resistor de 10 k a 22 k. Isso deve provocar o disparo do circuito de modo temporizado, com a ativação do relé. Se nada acontecer, verifique o transistor e o 555. Se o circuito ainda não operar, então o problema pode estar no CI-1 ou no próprio microfone. LISTA DE MATERIAL CI-1 - CA3140 - circuito integrado CI-2 - 555 - circuito integrado Q1, Q2 - BC548 ou equivalentes - transistores NPN de uso geral D1 - 1N4148 - diodo de silício de uso geral MIC - microfone dinâmico de 200 a 600 ohms (ver texto) K1 – 6 V ou 12 V microrrelé DIL S1 - chave de 1 polo x 2 posições (ou H) S2 - interruptor simples (ou conjugado a P1) P1 - 4M7 - potenciômetro (Iin ou Iog) P2 - 1M - potenciômetro (Iin ou Iog) Resistores (1/8 ou 1/ 4W - 10 ou 20%): R1 – 220 k - vermelho, vermelho, amarelo R2 – 100 k - marrom, preto, amarelo R3, R6 – 1 k - marrom, preto, vermelho R4 – 10 k - marrom, preto, laranja R5 – 47 k - amarelo, violeta, laranja Capacitores (eletrolíticos para 6 ou alimentação): C1 – 470 uF - eletrolítico C2 – 470 nF (473) - poliéster ou cerâmica C3 – 47u F - eletrolítico C4, C5 – 100 nF (104) - poliéster ou cerâmica 12 V conforme Diversos: placa de circuito impresso, suportes para os integrados, tomada de saída, cabo de alimentação, caixa para montagem, cabo blindado de entrada, botões, suporte para pilhas, fios, solda, etc. 49 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica TELEPATIA ELETRÔNICA Uma mágica simples, mas extremamente convincente, que pode ser feita com recursos eletrônicos: um pequeno transmissor, oculto em um radinho do tipo “Orelhinha” (*), escondido por baixo do cabelo da parceira do telepata Com certeza vai fazer sucesso em números de teatro e animação de festas, pois ninguém vai descobrir de que modo “mensagens telepáticas” são transmitidas. (*) O artigo é de 1986 quando o rádio Orelhinha era uma novidade. Hoje o mesmo projeto pode ser feito com receptores equivalentes que usam de fone e de muito baixo custo. Números de telepatia são normalmente apresentados em circos, teatros de variedades e mesmo na televisão. Nesses números, a forma como a pergunta é feita, a ordem e as palavras empregadas revelam ao parceiro do telepata o objeto que ele tem na mão. O que faremos com recursos eletrônicos é muito mais amplo, pois não estaremos limitados a uma lista prévia de objetos decorados, e para surpresa dos que conhecem a forma antiga. As perguntas são formuladas sempre do mesmo modo. A ideia básica consiste em colocar um pequeno transmissor de rádio, operado por um terceiro parceiro, sob os cabelos da parceira número 2 (dizemos parceira pois deve ter os cabelos compridos). Indicamos o receptor miniatura “Orelhinha" da Embracom, que sintoniza a faixa de ondas médias. (figura 1) 50 NEWTON C. BRAGA Figura 1 – O rádio Orelhinha de 1986 A parceira fica com os olhos vendados, mas o terceiro parceiro observa os objetos mostrados pelo telepata, lê palavras ou números escritos num quadro e os transmite em código para o pequeno receptor. A parceira saberá, com este procedimento, exatamente do que se trata. O transmissor é alimentado por pilhas comuns e tem um alcance da ordem de 5 metros, o suficiente para aplicação sugerida. Sua operação é feita por meio de um interruptor de pressão que, ao ser apertado, modula o sinal, produzindo apitos codificados no receptor. A codificação, que é bastante simples, será explicada mais adiante. -Como Funciona O leitor deve montar basicamente apenas o transmissor, já que o receptor é um radinho tipo “orelhinha”, a ser fixado no ouvido O transmissor tem duas etapas: uma, osciladora de alta frequência, que opera na faixa de ondas médias e que tem por base um transmissor TlP31. 51 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Esta etapa fornece uma potência de alguns miliwatts, o que é suficiente para alcançar a distância desejada. Não podemos nem devemos aumentar a potência por diversos motivos, sendo o principal as proibições legais, depois o consumo de energia da pilha e o próprio aquecimento dos componentes básicos. A frequência é dada pelo circuito formado por L1 e Cv. Em Cv ajustamos o ponto de operação para uma frequência em que não haja nenhuma estação operando, ou seja, num ponto livre da faixa de ondas médias, em torno de 1 000 kHz. A modulação, ou seja, o sinal de áudio que corresponde ao “apito” ouvido no Radinho, vem de um multivibrador astável. Os capacitores C1 e C2 é que, em conjunto com R2 e R3, determinam se o som vai ser mais grave ou mais agudo. Para tornar mais grave, basta aumentar os valores destes componentes até 100 nF (104). O manipulador S1, que pode ser um interruptor de pressão, é que controla este oscilador, permitindo, assim, que o operador produza os toques em código, para quem estiver com os olhos vendados adivinhar o que o telepata pergunta. O circuito todo é alimentado por 4 pilhas pequenas que terão grande durabilidade, em vista de a operação do aparelho não ser contínua. Não é usada antena, já que a própria bobina L1 de ferrite se encarrega de fazer a irradiação na distância desejada. -Montagem Na Figura 2, temos o circuito completo do transmissor telepático. 52 NEWTON C. BRAGA Figura 2 – O circuito do transmissor Os principiantes e estudantes que não tenham recursos para realização da montagem em placa de circuito impresso podem optar pela ponte de terminais que é mostrada na figura 3. 53 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 3 – Montagem em ponte de terminais A bobina L1 deve ser enrolada pelo próprio montador. Ela consiste de 80 voltas de fio esmaltado 28 (ou próximo disso), ou mesmo fio comum com capa plástica, enroladas em um bastão de ferrite de 1cm de diâmetro aproximadamente, e de 15 a 25 cm de comprimento. Uma tomada é feita na metade ao enrolamento onde se dá um laço, conforme mostra a figura. O transistor Q3 pode tanto ser o TIP31, em qualquer versão (até com a letra F), ou equivalente, como o BD135, BD137 ou BD139. Para estes, entretanto, os terminais de base e emissor são invertidos. (figura 4) 54 NEWTON C. BRAGA Figura 4 – Pinagem dos transistores Os demais componentes não oferecem problemas. O variável CV pode ser aproveitado de qualquer velho rádio de AM ou até substituído por um “padder”, que é um capacitor ajustável, encontrado em alguns tipos de rádios antigos. A ligação pontilhada, que aparece no desenho em ponte, deve ser feita se, no ajuste, o aparelho não atingir a frequência desejada. Os capacitores, preferivelmente, devem ser todos cerâmicos e para C1 e C2 existe a possibilidade de alteração de valores. O resistor R5 também pode ter seu valor modificado. Se for reduzido até o mínimo de 4k7, teremos um pequeno aumento da potência, mas neste caso pode ser necessário montar o transistor Q3 num pequeno radiador de calor. Para S1, além do interruptor de pressão comum, existe a possibilidade de se usar um pequeno manipulador de metal, feito com duas lâminas ou uma lâmina e' um parafuso, conforme mostra a figura 5. 55 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 5 – O manipulador Ao ser pressionada, a lâmina encosta no parafuso, fechando o contato e produzindo o sinal de transmissão. Para as pilhas, deve ser usado um suporte apropriado, observando-se sua polaridade. -Prova e Uso A prova de funcionamento é feita com seu “orelhinha" ou com qualquer outro rádio de ondas médias sintonizado num ponto livre da faixa, ou seja, numa frequência em que não haja estações. Coloque o radinho a uma distância de uns 3 metros do transmissor e acione S2. Em seguida, aperte S1 e ajuste o variável CV até ouvir o apito do transmissor claramente no radinho. Se nada acontecer, confira as ligações de Q2 e principalmente de L1. Veja também se não há algum problema 56 NEWTON C. BRAGA com o variável e, em último caso, procure nova frequência no radinho. Uma vez comprovado o funcionamento, você pode ensaiar bem a “mágica", que será realizada da seguinte forma: 1. Instale o transmissor (Orelhinha) com a parceira n° 2, a uma distância não maior do que 5 metros de onde vai ficar o parceiro n° 1. 2. Vende os olhos da parceira n° 2 não deixando transparecer o radinho, que deve estar coberto pelos cabelos. Faça-a sentar numa cadeira. 3. Anuncie o número, dizendo que vai transmitir por “telepatia” o nome de objetos, de pessoas, mesmo os coletados da plateia. 4. A transmissão dos nomes dos objetos deve ser feita pelo código Morse, que é dado seguir. CÓDIGO MORSE 57 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Treine bem o código antes de falar. No treinamento, comece decorando as letras e números e transmitindo-os isoladamente. Um toque curto representa um ponto, e um toque longo, um traço. A duração do traço é aproximadamente três vezes maior que a do ponto. Somente depois de decorar bem as letras e números é que o leitor deve treinar a transmissão e recepção de palavras. 5. Pegue na plateia objetos, como relógios, canetas, bolsas, etc. e levante-os, simplesmente perguntando “O que eu tenho na mão”, para que o parceiro n° 2.os veja bem e possa passar a mensagem à parceira n°1 6. No final do número, ao tirar as vendas da parceira, tome cuidado para não deixar aparecer o “Orelhinha”. LISTA DE MATERIAL Q1, Q2 - BC548 ou equivalentes – Transistores NPN Q3 - TIP31 ou equivalentes - transistor de potência NPN L1 - Bobina de antena (ver texto) CV - Capacitor variável para AM S1 - Interruptor de pressão (ver texto) S2 - Interruptor simples B1 – 6 V - 4 pilhas pequenas R1, R4 - 2k2 x 1/8 W - resistores (vermelho, vermelho, vermelho) R3, R2 – 47 k x1/8 W - resistores (amarelo, violeta, laranja) R5 - 8k2 x 1/8 W - resistor (cinza, vermelho, vermelho) C1, C2 – 22 nF - capacitores cerâmicos (223) C3 – 47 nF - capacitor cerâmico (473) C4 – 100 nF - capacitor cerâmico (104) Diversos: 1 rádio “Orelhinha“, ponte de terminais, suporte para 4 pilhas pequenas, caixa para montagem, solda, bastão de ferrite, fios esmaltados ou comuns para enrolar a bobina, radiador de calor para Q3 (optativo), etc. Obs. O rádio de ouvido Orelhinha não existe mais. O leitor pode pensar em soluções alternativas. 58 NEWTON C. BRAGA PISCA-PISCA MISTERIOSO Existem muitos circuitos de pisca-pisca para o leitor montar. O que oferecemos neste artigo, entretanto, é algo interessante: um circuito experimental de potência que pode alimentar lâmpadas de até 100 W que apresenta uma característica incomum para o leitor estudar. Mesmo sem usar foto-células ou transdutores semelhantes este circuito é sensível à luz. Obs. Este é um truque para ser aplicado aos que estudam eletrônica ou se julgam entendidos onde eles têm de explicar como o fenômeno ocorre. Onde está o sensor? Um pisca-pisca comum de potência pode servir para muitas aplicações interessantes: alarmes, decorações de vitrines e árvores de natal, alertas de saídas de garagens, etc. Entretanto, um pisca-pisca com características incomuns como este, que é sensível à luz, vai muito mais além. Partindo das aplicações acima citadas podemos ainda sugerir aos leitores que os usem em trabalhos escolares, feiras de ciências, demonstrações, como sensores de luz, como simples curiosidade, etc. De fato, o que é curioso neste circuito é que ele não usa qualquer sensor especifico para luz como, por exemplo, fototransistores, foto-células, LDRs e, no entanto, muda de frequência em função da iluminação ambiente. (figura 1) 59 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 1 – sensibilidade à luz O leitor pode estar muito curioso para saber como isso é possível, mas não adianta nada ler apenas esta introdução. Vá até o fim, monte este aparelho e veja você mesmo, pois somente no final do artigo é que daremos as explicações para este comportamento inusitado. É justamente por este comportamento diferente que podemos dar uma indicação básica para ouso deste aparelho: montagem experimental. Se o leitor se sente atraído por comportamentos diferentes dos aparelhos que monta e gosta de fazer suas próprias “investigações" que tal esta sugestão. Podemos dar então as seguintes características para este pisca-pisca: - Pode ser alimentado tanto com tensões de 110 V como 220 V. - Sua frequência pode variar entre algumas piscadas por segundo (no escuro) até uma piscada em cada 2 ou 3 segundos (no claro). - Pode controlar cargas de até 100 W (lâmpadas incandescentes ou outros aparelhos resistivos). 60 NEWTON C. BRAGA - Possui dois ajustes de funcionamento. - Usa poucos componentes de baixo custo. Passemos ao seu funcionamento: É claro que nos$a descrição de funcionamento não abrangerá a parte referente ao estranho comportamento em relação à luz, que ficará para depois. A base deste circuito é um oscilador bastante antigo, talvez desconhecido dos novos praticantes da eletrônica, mas familiar aos veteranos do tempo das válvulas. Trata-se do oscilador de relaxação com lâmpada neon. Na figura 2 mostramos o aspecto e o símbolo do componente básico usado neste circuito que é a lâmpada neon. Figura 2 – A lâmpada neon Trata-se de um pequeno bulbo de vidro cheio de gás neon com dois eletrodos metálicos. Quando a tensão entre os dois eletrodos atinge um certo valor, normalmente em torno de 80 V o gás se ioniza, acendendo com luz alaranjada, e a resistência da lâmpada que até então era muito elevada cai abruptamente. Se a tensão entre os eletrodos cair abaixo da tensão de manutenção da ionização, um pouco abaixo da tensão de ionização, portanto, o gás volta a sua situação inicial e a lâmpada deixa de conduzir a corrente apagando, portanto. 61 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Este comportamento elétrico pode ser usado para formar um interessante e simples oscilador cujo diagrama é mostrado na figura 3. Figura 3 – O oscilador de relaxação Neste circuito, o capacitor carrega-se pelo resistor de modo que a tensão entre suas armaduras cresce gradativamente. A lâmpada neste intervalo inicial de funcionamento não influi na carga do capacitor por se encontrar apagada. Uma vez, entretanto, que a tensão de disparo da lâmpada é atingida no capacitor, esta muda bruscamente de resistência curtocircuitando este componente que se descarrega. A lâmpada neon acende, e o capacitor se descarrega até que entre suas armaduras a tensão caia abaixo do valor de manutenção. Com a descarga do capacitor, um novo ciclo se inicia até ser atingida novamente a tensão de disparo da lâmpada. Veja na figura 4 que este circuito produz uma forma de onda “dente de serra" com um funcionamento bastante semelhante ao oscilador de relaxação com transistor unijunção já conhecido dos leitores. 62 NEWTON C. BRAGA Figura 4 – A forma de onda do sinal A duração de cada ciclo depende do valor do resistor R e do capacitor C do circuito. Veja que, para que o funcionamento deste oscilador ocorra normalmente sua alimentação deve ser feita com uma tensão maior que 80 V. É claro que, a descarga do capacitor através da lâmpada neon só permite obter uma corrente muito pequena, muito fraca para acender uma lâmpada ou comandar qualquer outro aparelho. No entanto, podemos usar esta corrente para fazer o disparo de um SCR. O SCR ou diodo controlado de silício é um componente que funciona como uma “chave" controlada eletronicamente cujo símbolo e aspecto aparecem na figura 5. Figura 5 – O SCR 63 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Se a lâmpada neon for ligada no oscilador de relaxação na comporta do SCR, podemos fazer com que ela controle através deste componente uma lâmpada muito maior, de 110 V ou 220 V com potência de até mais de 100 W sem problema. Assim, cada vez que o capacitor se descarrega através da lâmpada neon, esta ligará o SCR fazendo com que a lâmpada incandescente a ele ligada também pisque, conforme sugere o circuito da figura 6. Figura 6 – Disparando o SCR Temos então a versão final do nosso aparelho, acrescentando-se a parte que fornece a alta tensão contínua que a lâmpada neon precisa para funcionar. O porquê ao iluminarmos os componentes deste circuito a frequência das piscadas diminui e ao fazermos sombra sobre os seus componentes a frequência aumenta é algo em que o leitor deve pensar... -Os Componentes Os componentes usados nesta montagem são comuns, não oferecendo dificuldade alguma de obtenção mesmo pelos menos experientes. Se a montagem for experimental, ela pode ser realizada numa base de material isolante na qual serão fixados os componentes. 64 NEWTON C. BRAGA Em outro caso fica a cargo do montador a escolha de melhor técnica, assim como a obtenção do material não eletrônico para isso. O primeiro componente a ser analisado é a, lâmpada neon. Sugerimos o tipo NE-2H de fácil obtenção que não possui resistência interna incorporada e que tem terminais paralelos. Na verdade, qualquer tipo de lâmpada neon equivalente a esta poderá ser usado. O SCR utilizado deve ser do tipo MCR106, TIC106 ou então C106. Não recomendamos a' utilização de outros que neste circuito podem nâo funcionar como o esperado. São usados dois diodos que podem ser do tipo 1N4004 ou seus equivalentes de maior tensão como o 1N4005, 1N4007, BY127, etc. Os resistores são todos de 1/8 W com tolerância de 10% ou 20% e o capacitor deve ser de ou 1,5 uF de poliéster metalizado com tensão de trabalho de pelo menos 250 V. Os potenciômetros têm valores diferentes: um pode ter valores entre 10 k e 22 k de qualquer tipo, e o outro pode ter valores entre 1 M e 4,7 M. Este último é que determinará a faixa de frequências das piscadas. Em especial recomendamos o maior valor por permitir que maiores tempos entre as piscadas possam ser conseguidos. A carga sugerida para a montagem experimental é uma lâmpada incandescente de 40 W devendo então o leitor também adquirir seu suporte. Como componentes adicionais o leitor precisará de uma ponte de terminais, cabo de alimentação e fios. -Montagem Para a montagem o leitor não precisará de nenhum equipamento especial. As ferramentas são comuns: um soldador de pequena potência (máximo 30 W), um alicate de corte lateral, um alicate de ponta fina, chave de fendas e o que for necessário para a realização da parte mecânica. 65 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Sugerimos a utilização de uma base de madeira ou acrílico com as dimensões indicadas na figura 7, na qual será fixada a ponte de terminais e o suporte da lâmpada. Figura 7 – Base para a montagem O leitor deve seguir o diagrama da figura 8. Figura 8 – Diagrama do aparelho A disposição real dos componentes é mostrada na figura 9. 66 NEWTON C. BRAGA Figura 9 – Montagem usando ponte de terminais Alguns cuidados devem ser tomados na montagem pelo que recomendamos a sequência de operações conforme se segue: a) Solde em primeiro lugar o SCR observando bem a sua posição. A soldagem deste componente deve ser feita rapidamente para que o excesso de calor não o danifique. Se o leitor for controlar lâmpadas de potências superiores a 100 W (máximo de 400 W na rede de 110 V), o SCR precisará ser montado num dissipador de calor conforme sugere a figura 10. 67 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 10 – O dissipador para o SCR Para potências até 60 W não será preciso este acessório. b) Para soldar os diodos você precisa observar bem a polaridade deste componente a qual é dada pela posição do anel. No caso do BY 127 0 símbolo do componente é gravado em seu corpo indicando a posição de sua ligação, de acordo com o diagrama. c) A lâmpada neon é soldada diretamente por seus fios terminais. Se o leitor quiser pode cortá-los um pouco mas nunca deixando menos de 2 cm do corpo da lâmpada pois isso poderia causar problemas com uma eventual quebra. Esta lâmpada não tem polaridade para ligação. d) Solde os resistores observando seus valores que são dados pelas faixas coloridas em seu corpo de acordo com a lista de material. A operação deve ser feita rapidamente por causa do calor gerado. e) O próximo componente a ser soldado será o capacitor. Este componente tem seu valor dado pelas faixas coloridas, podendo ser de 1 ou 1,5 uF (marrom, preto, verde ou marrom, verde, verde) não havendo posição certa para sua colocação. Corte um pouco seus terminais para que sua colocação possa ser feita com mais facilidade mas não demore na soldagem para que o Calor não chegue ao seu corpo a ponto de estragá-lo. f) Os potenciômetros podem ser fixados em um de madeira ou de metal, conforme sugere a própria figura 9, ou 68 NEWTON C. BRAGA simplesmente ficarem soltos na base de madeira, o que não é recomendado se o leitor não tiver muito cuidado no manuseio do aparelho. Observe os valores dos componentes e os terminais que são usadas nas ligações. Se o leitor usar potenciômetros com chaves, pode ser esta aproveitada para ligar e desligar o piscapisca. g) Complete a montagem fazendo a conexão do cabo de alimentação tendo cuidado para deixar bem afastados seus extremos, a colocação e ligação do suporte da lâmpada e as interligações na ponte de terminais, estas feitas com fio flexível de capa plástica. Terminadas as conexões, confira toda a montagem antes de fazer uma prova de funcionamento. -Prova e Operação Estando o aparelho em perfeitas condições e não faltando nada, coloque no suporte uma lâmpada de até 100 W e ligue o cabo de alimentação à tomada. Conforme os pontos em que os potenciômetros estiverem ajustados o aparelho já poderá entrar em funcionamento com a lâmpada neon e a lâmpada incandescente piscando ritmadamente. Se isso não acontecer, ajuste inicialmente o potenciômetro P2 de 10 k até obter as piscadas da lâmpada neon e da lâmpada principal. A seguir, ajuste o outro potenciômetro para obter a frequência desejada para as piscadas. Se apenas a lâmpada neon piscar, não se obtendo a piscada da lâmpada incandescente que permanece acesa continuamente é indicativo de que o SCR se encontra com problemas devendo ser substituído. Para obter maior frequência das piscadas o leitor pode ligar em paralelo com o capacitor outro de mesmo valor, obtendo com isso maior capacitância total. Comprovado o funcionamento perfeito, ajuste o aparelho para piscar a uma velocidade de uma piscada por segundo aproximadamente. 69 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica A seguir, faça sombra sobre o aparelho, verificando de que modo isso interfere na velocidade das piscadas. Procure descobrir qual é o componente sensível à luz. Descoberto este componente, aproxime sua mão deste componente. Você verá que ao tocar nele ou mesmo chegar perto, isso também influi na frequência das piscadas. Inverta a posição da tomada se não notar sensibilidade deste componente. -A Origem do Mistério Já descobriu qual é o componente sensível à luz neste pisca-pisca? Poderia o prezado leitor me dizer por que isso acontece? Não? Então, neste caso aqui vão as explicações: Sim, realmente, é a lâmpada neon que manifesta sensibilidade à luz modificando o comportamento do circuito. A razão disto está no seu próprio princípio de funcionamento, não se constituindo mistério a não ser para os que não estejam familiarizados com este componente. A lâmpada neon ioniza e, portanto, acende porque a tensão entre os eletrodos em seu interior atinge o valor necessário a liberação dos elétrons do gás inerte (neon) existente em seu interior. Ora, a tensão que o gás precisa para ionizar depende fundamentalmente da energia de ligação dos elétrons aos átomos. Esta energia, entretanto, pode não só ser suprida pela tensão que é aplicada à lâmpada como também pela luz. Assim, quando o gás se encontra iluminado, a tensão para ionizá-lo de origem elétrica pode ser menor o que significa uma mudança nas características elétricas do circuito, ou seja, em sua frequência. Lista de Material SCR - MCR106, IR106, TIC106 ou C06 -para 200 V se a rede for de 1110 V ou para 400 V se a rede for de 220 V. NE-1 - lâmpada neon NE-2H ou equivalente D1, D2 - 1N4004 ou BY127- diodos de silício C1 - capacitor de poliéster metalizado 1 ou 1,5 uF x 250V 70 NEWTON C. BRAGA R1 – 220 k x 1/8 W - resistor ( vermelho, vermelho, amarelo) R2 - 4k7 x 1/8 W - resistor (amarelo, violeta, vermelho) P1 - potenciômetro de 1 M à 4M7 P2 - potenciômetro de 10 k à 22 k Diversos: cabo de alimentação, base de montagem, ponte de terminais, lâmpada de 5 à 100 W de acordo com a rede local, suporte para a lâmpada, fios, parafusos e porcas, "L” ara a montagem dos potenciômetros, knobs plásticos para os potenciômetros, etc. 71 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica ROLHA MÁGICA Mágicas e truques interessantes podem ser feitos com a ajuda da eletrônica. Se você gosta de impressionar seus amigos com truques e mágicas, por que não utilizar recursos eletrônicos? Simples de montar, esta “mágica” sem dúvida deixará seus amigos impressionados. Uma rolha que salta com um gesto seu, mas que não obedece outras pessoas que não conhecem o segredo. Obs. O artigo é de 1982 ma ainda pode ser montado com facilidade. Uma das vantagens da eletrônica na realização de truques e mágicas é que, não sendo técnicos, dificilmente os assistentes chegam a desconfiar do segredo que os envolve. Ao contrário das mágicas comuns que usam objetos, como linhas, lenços, argolas, cartas, etc., que são objetos que todos conhecem, a eletrônica pode não fazer uso de coisas conhecidas, tornando muito mais difícil a descoberta do funcionamento. A brincadeira que descrevemos, que pode ser usada como "mágica" eletrônica, é bastante simples, mas não será facilmente desmascarada" por quem não entenda de eletrônica. O leitor, sem dúvida, poderá usá-la em reuniões familiares, brincadeiras e até ganhar algumas apostas com seus amigos. A ideia básica é mostrada na figura 1. 72 NEWTON C. BRAGA Figura 1 – A rolha mágica Trata-se de uma caixinha de qualquer material (madeira, plástico ou metal), em cuja parte superior existe uma pequena taça de plástico na qual é colocada uma rolha. A aproximação da mão do mágico a uma distância de até 70 cm faz com que a rolha salte. O segredo está no modo como o “mágico" aproxima sua mão da caixinha, que provoca o disparo do circuito existente no seu interior. A montagem do aparelho de mágica é muito simples, podendo ser realizada até pelos leitores que pouca ou nenhuma experiência tenham em eletrônica. Podemos dizer que basta ter um ferro de soldar e algumas ferramentas comuns para que o equipamento básico seja construído com sucesso. -Como Funciona O segredo do salto da rolha está num dispositivo denominado "solenoide", que nada mais é do que uma bobina com muitas voltas de fio esmaltado fino enrolado em um núcleo de metal livre, conforme mostra a figura 2. 73 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 2 – O solenoide O núcleo fica na posição de repouso praticamente fora da bobina. Quando uma corrente elétrica é aplicada à bobina, esta cria um forte campo magnético que atrai violentamente o núcleo para seu interior. O resultado é um movimento de "soco". Colocando sobre a bobina uma rolha, com este movimento, ela é atirada com força para o alto, conforme ilustra a figura 3. 74 NEWTON C. BRAGA Figura 3 – Lançando a rolha Mas, importante além do segredo do salto é como o mágico consegue fazer a rolha pular no momento em que ele quer. Isso é conseguido com um circuito eletrônico que usa dois componentes interessantes que são mostrados na figura 4. 75 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 4 - O SCR e o LDR O primeiro é denominado SCR e funciona como uma chave que liga quando um pequeno impulso elétrico é aplicado à sua comporta (G). O segundo é um LDR que consiste num dispositivo sensível à luz. O LDR tem sua resistência diminuída quando incide luz em sua face sensível. No escuro sua resistência é de milhões de ohms, e este valor cai para algumas dezenas ou centenas de ohms quando iluminado. O circuito básico é então mostrado na figura 5. 76 NEWTON C. BRAGA Figura 5 – Circuito básico Neste circuito, um diodo retificador permite obter uma tensão contínua a partir da rede local de energia elétrica que fornece tensões alternantes. Um resistor em série com o díodo limita a corrente do circuito a um valor relativamente baixo, para maior segurança de funcionamento. No caso da rede de 110 V, obtemos após o diodo uma tensão retificada cujo valor de pico é da ordem de 150 V. Esta tensão é usada para carregar um capacitor eletrolítico. Os capacitores são componentes que armazenam energia elétrica, mas em quantidade não muito grande. No nosso caso, a energia armazenada serve perfeitamente para energizar o solenoide. Pois bem, o SCR é quem controla a corrente que vai do capacitor para o solenoide. Ligado à comporta do SCR está o LDR de tal modo que ele mantém o solenoide desligado enquanto estiver iluminado. Ao incidir uma pequena sombra no LDR, sua mudança de resistência faz o SCR disparar, energizando p solenoide que atira a rolha para cima. 77 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Veja o leitor que a sombra que incide sobre o LDR é justamente da mão do mágico, conforme mostra a figura 6. Figura 6 – Acionamento pela sombra A energia para o solenoide vem justamente da descarga do capacitor. Assim, tão logo ocorra a descarga, o circuito volta em sua situação inicial, com nova carga do capacitor. Uma nova operação de “mágica" pode então ser feita. A força do solenoide ao atirar a rolha para cima depende basicamente da carga do capacitor. Existe um ajuste que permite colocar o circuito em ponto de funcionamento, conforme a iluminação ambiente. -Material O solenoide é o único componente que deve ser montado pelo leitor. Este solenoide consiste em aproximadamente 400 voltas de fio esmaltado 28 enrolado em um carretel com as dimensões dadas na figura 7. 78 NEWTON C. BRAGA Figura 7 – O solenoide O carretel é de material não ferroso, ou seja, não pode ser de metal, e as pontas do fio esmaltado devem ser raspadas no local da soldagem no aparelho, conforme veremos posteriormente. Os demais componentes são todos comprados. Veja o leitor que o fio esmaltado pode ser aproveitado de velhos transformadores ou bobinas. O SCR é do tipo MCR106, IR106 ou TIC106 para 400 V, enquanto que o LDR é do tipo redondo comum. O capacitor eletrolítico deve ter valores entre 16 uF e 50 uF e uma tensão de trabalho de pelo menos 250 V se sua rede for de 119 V e 350 V se sua rede for de 220 V. O potenciômetro é comum de 470 k e os resistores não oferecem dificuldades de obtensão. Veja que R1 é de fio com 5 W de dissipação. A caixa deve ser elaborada com cuidado, observando-se a posição do furo do solenoide e do LDR. O furo para a saída do cabo de alimentação e o ajuste de funcionamento fica na parte traseira. Na figura 8 damos a nossa sugestão de caixa. 79 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 8 – Sugestão de caixa Como chassi para a montagem usamos uma pequena barra de terminais que pode ser adquirida em tiras. -Montagem Para a montagem tudo que o leitor precisa é de um bom soldador e algumas ferramentas adicionais comuns, conforme dissemos na introdução. Na figura 9 temos então o diagrama completo do aparelho. 80 NEWTON C. BRAGA Figura 9 – Diagrama do aparelho A montagem feita na ponte de terminais é mostrada na figura 10. Figura 10 – Montagem em ponte de terminais 81 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica São os seguintes os cuidados que devem ser tomados durante a montagem: a) Solde em primeiro lugar o diodo D1 observando sua polaridade que é dada pelo seu anel. Este diodo pode ser do tipo 1N4004 ou 1N4007 ou ainda BY127. b) Em seguida, solde o resistor R1. Este componente não tem polaridade para ser observada, mas deve ser mantido conforme mostra o desenho, com os terminais longos, pois é através dele que boa parte do calor desenvolvido em funcionamento se dissipa. c) O próximo componente a ser soldado é o SCR que deve ter sua posição observada. Abra um pouco seus terminais para que se ajustem à ponte e faça a soldagem rapidamente, pois este componente é sensível ao calor. d) Para soldar o capacitor eletrolítico C1 você deve observar sua polaridade e isso é muito importante. Se este componente for invertido ele pode até explodir! e) Solde agora o resistor R2 para o qual não é preciso observar a polaridade. f) Faça as interligações entre os componentes da ponte e solde o cabo de alimentação, tendo o cuidado de antes passá-lo pelo furo da caixa. g) Fixe o solenoide na posição indicada na figura 11. 82 NEWTON C. BRAGA Figura 11 – Montagem do solenoide Solde seus fios de ligação à ponte. Estes fios podem ter aproximadamente 30 cm de comprimento. h) Fixe o potenciômetro e o LDR nas posições indicadas e faça sua ligação à ponte usando pedaços de fio flexível. -Prova e Uso Coloque o aparelho em funcionamento, deixando como núcleo do solenoide um parafuso de 2,5 cm x 1/8, o qual deve correr livremente no seu interior. O parafuso fica apenas com uns 0,5 cm de sua ponta para dentro do solenoide na posição de repouso. Ligue o aparelho na tomada e veja se o núcleo (parafuso) do solenoide vibra. Coloque o aparelho sob uma lâmpada na sala, de modo que a luz incida quase verticalmente no LDR. Ajuste o potenciômetro até que o parafuso pare de vibrar, ficando em repouso, apoiado na parte inferior da peça que o segura. Passando a mão na frente do LDR de modo a fazer sombra, o parafuso deve saltar. Colocando uma rolha no pequeno 83 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica copo na parte superior da caixa, com o salto do parafuso, ela deve ser jogada longe. Ajuste o potenciômetro para máxima sensibilidade, de modo que a rolha seja jogada mesmo quando passamos a sombra bem longe do LDR. Para fazer a mágica, deve ser levada em conta a habilidade do leitor em convencer a plateia que se trata de "rolha encantada" que obedece à sua ordem de saltar. Passe a mão longe da caixa, mas fazendo a sombra incidir no LDR. Procure uma posição em local que a iluminação permita isso. Lista de Material SCR - MCR106, C106, TIC106 ou IR106 para 400 V D1 - 1N4004 ou 1N4007 - diodo de silício LDR - LDR comum redondo C1 - 16 ou 32 uF x 350 V - capacitor eletrolítico (para baixo de chassi) RI - 1k x 5 W - resistor de fio R2 - 1M5 x 1/8 W - resistor (marrom, verde, verde) P1 – 470 k potenciômetro X1 - solenoide (ver texto) Diversos: ponte de terminais, fio esmaltado, cabo de alimentação, parafusos, porcas, caixa para montagem, etc. 84 NEWTON C. BRAGA GRILO ELETRÔNICO Eis mais uma versão de um circuito que emite um som semelhante ao grilo e que pode ser usado em brincadeiras, brinquedos, animações, etc. Com ele podemos fazer brincadeiras como deixá-lo nas proximidades de um vaso de flores ou mesmo no jardim que todos terão a impressão de que existe um grilo de verdade escondido. Se o vaso estiver numa sala, certamente todos procurarão localizar o grilo e ficarão surpresos em descobrir que se trata de um aparelho eletrônico. Além desta simples brincadeira, este circuito também tem outras finalidades práticas, que podem ser interessantes, como por exemplo, ajudar na obtenção de efeitos sonoros num teatro, onde haja uma cena noturna e seja preciso um fundo com o som de grilos, ou ainda para fazer parte de um brinquedo, instalandoo dentro de um inseto de madeira ou plástico. Alimentado com uma bateria de 9 V, este grilo apresenta um consumo de corrente muito baixo, o que representa uma boa durabilidade para a fonte de energia. Usamos dois 'integrados e o transdutor é um buzzer cerâmico de pequenas dimensões, o que permite uma montagem muito compacta para a unidade. -Como Funciona São usados dois integrados 555, que funcionam como osciladores sendo que, um opera numa frequência muito baixa, determinando os intervalos entre as emissões de som pelo grilinho, e o outro, numa frequência da faixa de áudio no limite superior, bastante agudo portanto, imitando, assim, o inseto. No primeiro oscilador a duração do sinal e a interrupção são dadas por R1, R2 e C1. Alterações nos valores destes componentes podem ser feitas de acordo com o som desejado. Não deixe, entretanto, que R1 ou R2 seja menor que 2k2. 85 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica No segundo integrado, a frequência do som é dada basicamente por C2. Este componente também pode ser alterado na faixa de 4n7 até 22 nF, lembrando apenas que os 'valores menores produzem sons mais agudos. Os resistores R3 e R4 também influem no timbre, podendo, eventualmente, ser alterados, mas nunca reduzidos para valores abaixo de 2k2. -Montagem Na figura 1 temos o diagrama completo do aparelho. Figura 1 – Diagrama completo do grilo Na figura 2 temos a disposição dos componentes numa matriz de contatos, caso você queira fazer uma montagem experimental. 86 NEWTON C. BRAGA Figura 2 – Montagem em matriz de contatos Para uma montagem definitiva, sugerimos a utilização de placa universal de mesmo traçado, pois bastará fazer a transferência dos componentes, soldando-os. Os resistores são todos de 1/8 W com 5 ou 10% de tolerância. Os capacitores C1 e C3 são eletrolíticos para 9 V ou mais. C2 pode ser tanto cerâmico como de poliéster. Os integrados poderão ser montados em soquetes DIL de 8 pinos e o buzzer é do tipo cerâmico. A instalação do aparelho pode ser feita numa pequena caixa plástica, que deve prever furos para a saída do som emitido, e onde, justamente, deve ser colocado o buzzer. Para a alimentação, podemos usar tanto uma bateria de 9 V, que nos dará maior potência de áudio, como uma de 6 V, formada por 4 pilhas. 87 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica -Prova e Uso Ligando S1 deve haver emissão de som. Não há qualquer ajuste a ser feito. Se quiser alterar o som, mude os valores dos capacitores C1 e C2. Comprovado o funcionamento, basta fazer a instalação definitiva e utilizar da melhor maneira o aparelho, lembrando que o consumo de corrente é baixo e que ele pode ficar bastante tempo ligado, sem problemas. LISTA DE MATERIAL CI-1, Cl-2 - 555 - circuitos integrados - timer Buzzer - buzzer cerâmico comum S1 - interruptor simples Bi- 9 V - bateria C1, C3 – 10 uF - capacitores eletrolíticos C2 – 10 nF - capacitor cerâmico ou de poliéster R1, R3, R4 - 22k - resistores (vermelho, vermelho, laranja) R2 - 27k - resistor (vermelho, violeta, laranja) Diversos: placa de circuito impresso ou matriz de contatos, conector para bateria de 9 V, soquetes DlL de 8 pinos para os integrados, caixa para montagem, fios, solda etc. 88 NEWTON C. BRAGA MOVIMENTO MISTERIOSO Aperte um botão (S1) e uma agulha sem conexão elétrica alguma se move misteriosamente. Esta montagem, baseada na Experiência de Oersted pode servir como curiosidade ou em demonstrações em feiras de ciências. Quando S1 é pressionado, o capacitor que se carrega via R1 se descarrega através de uma bobina criando assim um forte campo magnético capaz de movimentar uma agulha colocada a alguma distância. Se o capacitor tiver um valor elevado e o circuito alimentado com tensões de 6 a 9 V, o movimento pode ser brusco mesmo a uma boa distância e a agulha pode dar diversas voltas, numa espécie de motor magnético. A bobina é formada por dois enrolamentos com 20 a 100 espiras de fio esmaltado fino numa pequena caixa que poderá ser vista nas figuras seguintes. A agulha pode ser uma pequena bússola. Assim, na figura 1 temos o diagrama para o experimento. Figura 1 – Circuito para o movimento misterioso A montagem pode ser feita soldando-se os principais componentes numa pequena ponte de terminais, conforme mostra a figura 2. 89 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 2 – Aspecto da montagem Lista de Material B1- 3 V – duas pilhas pequenas R1 – 1 k ohms x 1/8 W- resistor – marrom, preto, vermelho C1 – 470 uF a 1 500 uF (ou mesmo 2 200 uF) x 6 V ou mais – capacitor eletrolítico S1 – Interruptor de pressão L1 – Bobina – ver texto Diversos: ponte de terminais, agulha imantada, fios, suporte de pilhas, solda, etc. 90 NEWTON C. BRAGA SALTO MISTERIOSO Nesta experiência demonstramos de uma maneira curiosa a conversão de energia elétrica em energia mecânica. Bolinhas de papel são jogadas para cima na conversão da energia, obtida a partir de uma pilha comum. Na verdade, o ciclo de conversão de energia é maior com a conversão de energia química em elétrica, elétrica em mecânica no alto-falante, jogando bolinhas para cima e também com o estalo audível que é produzido. Temos ainda o armazenamento de energia elétrica num capacitor, numa etapa intermediária. -Funcionamento No circuito apresentado, a pilha fornece energia elétrica a um capacitor que então se carrega. Quando S é pressionado, a energia armazenada no capacitor é transferida para o alto-falante por uma forte corrente. O resultado é o surgimento de uma força que impulsiona o cone do alto-falante, fazendo com que ele lance pelotinhas de papel ou grãos de feijão para cima e ainda produza som. -Montagem Na figura experiência. 1 temos o 91 circuito eletrônico usado na Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 1 Na figura 2 temos o aspecto real da montagem. Figura 2 O alto-falante pode ser aproveitado de um velho rádio ou amplificador, sendo apoiado na mesa com o cone para cima. Nele são jogadas bolinhas de papel ou grãos de feijão. O capacitor deve ser de 470 uF ou 1 000 F x 6 V ou mais. 92 NEWTON C. BRAGA Para S1 usamos um interruptor de pressão, mas na sua falta podemos encostar um fio no outro. -Demonstração Encostando um fio no outro ou pressionando S1 deve haver um estalido no alto-falante e as bolinhas devem saltar. Se o salto for muito pequeno, inverta as ligações do alto-falante. Faça um diagrama do aparelho e explique seu funcionamento Explique como funcionam os alto-falantes Lista de Material: C1 – 470 uF a 1 000 uF- capacitor eletrolítico S1 – Interruptor de pressão R1 – 470 ohms x 1/8 W- resistor – amarelo, violeta, marrom B1- 4 pilhas pequenas FTE- alto-falante de 4 ou 8 ohms, Diversos: Ponte de terminais, suporte de pilhas, fios, solda, bolinhas de papel, isopor ou grãos de feijão. 93 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica O QUE FAZER COM UM ALTO-FALANTE VELHO Para os muito jovens que estão começando a se interessar agora pela eletrônica, aproveitar um alto-falante velho de uma sucata pode trazer muitas surpresas. Os mesmos projetos também podem ser usados nos cursos de iniciação tecnológica no nível fundamental com muito sucesso. Um alto-falante velho, mas que ainda funcione, obtido de um antigo amplificador, rádio ou televisor pode servir para muitos experimentos interessantes envolvendo sons, efeitos, conversão de energia, brincadeiras e muito mais. Através destes experimentos podemos aprender como funciona o próprio alto-falante e ainda alguns fenômenos e circuitos importantes, ideais para quem está começando. O alto-falante é um transdutor eletroacústico que tem a estrutura mostrada na figura 1. 94 NEWTON C. BRAGA Figura 1 – Um alto-falante em corte Quando uma corrente elétrica circula através de sua bobina, o campo magnético criado interage com o campo do imã surgindo uma força que empurra ou puxa o cone. Com este movimento, o cone cria ondas sonoras que se propagam pelo espaço. Se a corrente aplicada à bobina for um sinal de áudio, ou seja, corresponder a um som complexo como a música ou a voz, teremos a sua reprodução. Os alto-falantes são dispositivos de baixa impedância, ou seja, sua bobina tem uma resistência elétrica muito baixa, exigindo cuidados especiais no seu uso. Veremos, a seguir, alguns experimentos interessantes que poderemos programar usando um alto-falante comum de 10 cm a 30 cm de diâmetro. 95 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica -Som Misterioso Este experimento também serve para verificar se o altofalante está em condições de funcionamento. Conforme mostra a figura 2, se tocarmos com os terminais de uma ou mais pilhas nos terminais do alto-falante por um curto intervalo de tempo, teremos a reprodução de um estalo. Figura 2 – Produzindo som Um som mais complexo, semelhante ao de raspar de um objeto pode ser obtido com o arranjo mostrado na figura 3. 96 NEWTON C. BRAGA Figura 3 – Um som prolongado Raspamos o fio numa lima para obter este som estranho. Podemos fazer uma brincadeira, “assombrando” um local, ligando ao alto-falante um fio comprido para produzir o som a uma distância segura, conforme mostra a figura 4. Figura 4- O som fantasma 97 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica -Telégrafo Na figura 5 temos o modo de se montar um telégrafo experimental de duas vias usando dois alto-falantes. Figura 5 – Telégrafo experimental Quando uma estação transmitir, a outra deve estar com o fio encostado na lima de modo a manter a continuidade do circuito. Na tabela abaixo, temos o código Morse, usado nas transmissões telegráficas. Uma raspada longa na lima significa um traço e raspada curta, um ponto. Combinando pontos e traços formamos letras e números e também as palavras. É preciso ter um ouvido bem treinado para entender as transmissões, mas o sistema é ideal para demonstrações em feiras de ciências. -Adivinhação do Pensamento Com o arranjo mostrado na figura 6 podemos fazer uma mágica que consiste em adivinhar o número que uma pessoa escreve num quadro, mesmo estando de olhos vendados. 98 NEWTON C. BRAGA Figura 6 – A mágica da adivinhação do pensamento O truque consiste em se esconder sob a cadeira em que sentará o adivinho um pequeno alto-falante. Um assistente escondido lê o número escrito pelo mágico e o transmite através de fios que vão até o alto-falante. Com os dedos no alto-falante o adivinho recebe a informação na forma de vibrações. Pode ser necessário ligar em série um resistor de 10 a 100 ohms para reduzir o ruído de modo que a plateia não o ouça. -Pula-Pula Este arranjo demonstra as vibrações do alto-falante utilizando bolinhas de isopor ou ouro material leve no arranjo mostrado na figura 7. 99 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 7 – O pula-pula O recipiente em torno do alto-falante, se o leitor o usar um alto-falante de tamanho apropriado, é uma garrafa PET cortada. Raspando o fio na lima, o movimento do cone faz com que as bolinhas de isopor saltem. -Testando Capacitores Eletrolíticos Podemos verificar se um capacitor eletrolítico acima de 1 uF retém a carga e, portanto, está em bom estado com o procedimento mostrado na figura 8. 100 NEWTON C. BRAGA Figura 8 – Testando eletrolíticos Encoste os terminais do capacitor nos terminais do suporte de pilha para que ele se carregue. Depois, ligue o capacitor eletrolítico por um instante no alto-falante, conforme mostra a mesma figura. Se o capacitor reteve a carga e, portanto, está em bom estado, ocorre sua descarga com a produção de um estalo. Para repetir o teste, o capacitor deve ser carregado novamente. -Alto-Falante de Prova Finalmente, você pode instalar seu alto-falante numa pequena caixa acústica e ligar fios com garras aos seus terminais, conforme mostra a figura 8. 101 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 9 – Alto-falante de testes Você poderá usar então este alto-falante para testes de pequenos amplificadores e rádios experimentais que você montar e em outros experimentos que você criar. 102 NEWTON C. BRAGA LÂMPADA DE RAIOS Uma montagem extremamente atraente quanto aos efeitos, é a lâmpada ou abajur de raios. Uma lâmpada comum de alta potência "gera" campos de alta tensão capazes de produzir faíscas de grande porte, e até acender uma lâmpada fluorescente sem contacto algum, pela simples aproximação! Esse verdadeiro efeito "mágico" é excelente para demonstrações em palestras, aulas, feiras de ciências e mesmo em festas. Já publicamos este circuito em diversas versões, mas com a que apresentamos agora é a que, mesmo usando componentes tradicionais, usamos em nossas aulas e demonstrações. Assim, o que descrevemos é uma versão bipolar tradicional da lâmpada de raios. Obs. Este projeto é de 1983. Uma dificuldade para sua montagem em nossos dias é anão disponibilidade da lâmpada incandescente usada nos efeitos, pois elas deixaram de ser fabricadas. Em diversas palestras que realizamos demonstramos os efeitos dos campos de alta tensão acendendo lâmpadas fluorescentes comuns sem contacto, além de fazermos com que potentes faíscas, de dezenas de milhares de volts, saltem para nossos dedos sem perigo algum de choque. Evidentemente, os efeitos dessas demonstrações sempre foram grandes, principalmente nas plateias leigas. Para os que dominam as técnicas de montagem, possuir um aparelho desse tipo, pode ser muito interessante, e é isso justamente o que vamos descrever neste artigo. Ensinaremos o leitor a montar um circuito inversor de alta tensão, que gera algumas dezenas de milhares de volts. Aplicados numa lâmpada comum tem por resultado o aparecimento de faíscas luminosas de grande efeito visual. Lembramos, entretanto, que as altas tensões geradas por este aparelho têm certo grau de perigo e que, por este motivo, 103 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica todos os cuidados citados no texto devem ser tomados no seu manuseio e na realização das experiências que descreveremos. O importante do projeto é que a lâmpada de raios não tem nada de especial: usamos uma lâmpada incandescente comum de 150 a 300 watts (quanto maior, melhor) do tipo "de filamento" para a rede local de energia. Essa lâmpada não vai funcionar do modo normal, com a corrente passando pelo seu filamento para aquecê-lo, mas de um modo diferente, devido à presença de gás no seu interior, e que ficará patente nas nossas explicações. Características: Tensão de alimentação: 110/220 VCA Frequência de operação (alta tensão): 100 Hz a 10 kHz Tensão na lâmpada (raios): 15 000 a 40 000 volts Tensão no setor de baixa potência: 12 a 16V Consumo: 50W (tip) -Como Funciona As lâmpadas incandescentes modernas (que já estão se tornando obsoletas), para não se tornarem muito frágeis devido à pressão atmosférica (externa), não têm o vácuo no seu interior. Essas lâmpadas, em lugar disso, são cheias com uma mistura de gases inertes como o neônio, argônio, e outros. O resultado disso, é que, estando com uma pressão algo baixa, esses gases se ionizam com certa facilidade quando submetidos à alta tensão, quando então se tornam condutores emitindo uma luminosidade cuja coloração depende de sua natureza. Assim, conforme a lâmpada, na ionização os "filetes" ou raios ionizados podem ter coloração que vai do vermelho, passando pelo verde e até chegando ao amarelo e azul. Se a tensão aplicada nessa lâmpada for baixa, a corrente só pode passar pelo seu filamento, aquecendo e havendo então a emissão de luz, da forma convencional. 104 NEWTON C. BRAGA No entanto, se aplicarmos uma tensão muito alta no filamento, apenas um polo, para que não tenhamos corrente entre as extremidades desse filamento, ocorre um fenômeno interessante: a corrente, em lugar de percorrer o filamento aquecendo-o, tenderá a "escapar" formando "fluxos" de cargas que tendem a sair para o exterior, dirigindo-se para o vidro que envolve a lâmpada, conforme mostra a figura 1. Como estas cargas percorrem um gás que se ioniza, e elas se movimentam com grande velocidade, forma-se um turbilhonamento no gás fazendo com que as trajetórias variem constantemente de uma forma mais ou menos imprevisível. Temos então raios saltando de forma desordenada, em várias direções com um efeito de luz muito interessante. O leitor verá então que as cargas escapam do filamento justamente pelos seus suportes, que possuem pontas e, dirigindo-se para o vidro formam verdadeiros chuveiros de luz e cor. Colocando a mão no vidro da lâmpada, o fluxo de cargas tende a se concentrar e passar para nosso corpo, mas como o 105 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica vidro é um isolante, existe uma limitação para a intensidade da corrente, o que evita que levemos um choque desagradável ou perigoso. O que vamos sentir nestas condições é apenas uma espécie de leve "formigamento". O campo elétrico produzido por tão alta tensão, da ordem de centenas de volts por centímetro, faz com que os gases de uma lâmpada fluorescente que se aproxime, ionizem. O resultado é que, se aproximarmos da lâmpada de raios uma lâmpada fluorescente comum, mesmo que enfraquecida pelo uso, ocorre a ionização do gás no seu interior e ela acende, conforme mostra a figura 2. O efeito obtido é muito interessante, pois as pessoas se surpreendem ao ver uma lâmpada na sua mão, sem ligação alguma com qualquer fonte de energia, acender como que "por mágica". Evidentemente, o brilho da lâmpada fluorescente não é 106 NEWTON C. BRAGA máximo o que exige que a experiência não seja feita em local muito claro. Para gerar as altas tensões, o que usamos é um inversor que tem por componente básico um flyback (transformador de saída horizontal) do tipo encontrado em televisores comuns antigos, para produzir a alta tensão do cinescópio. Temos então um oscilador elaborado em torno de uma das quatro portas do circuito integrado 4093B, cuja frequência pode ser ajustada pelo potenciômetro P1. O ajuste da frequência é importante para se conseguir o ponto de maior rendimento do circuito. Os sinais retangulares gerados por este oscilador são levados às outras portas do mesmo circuito integrado que funcionam como amplificadores - isoladores (buffers). A partir destas portas, o sinal vai para uma etapa de amplificação de alta potência. Nessa etapa encontramos inicialmente um transistor TIP32C que funciona como excitador e, na saída final um transistor NPN de potência de alta tensão do tipo BUY69A ou equivalente. Este transistor de alta potência excita diretamente o enrolamento de baixa tensão de um transformador de saída horizontal (flyback). Aparece então, no secundário de alta tensão do transformador, uma tensão muito alta (MAT) que pode variar entre 15 000 e 40 000 volts, conforme as características dos componentes usados. Essa altíssima tensão (MAT) é então aplicada à lâmpada, de modo a se produzir o efeito descrito na introdução. O circuito de retorno da alta tensão é um dos polos da rede de energia. Como em muitos casos, essa conexão não é segura, sugerimos usar uma garra jacaré que possa ser ligada a uma boa terra no local da demonstração. 107 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica -Montagem O diagrama completo do aparelho é mostrado na figura 3. O protótipo foi montado numa caixa de madeira do tipo usado para arquivar fichas em escritórios, com aproximadamente 22 x 22 x 14 cm de dimensões. Na figura 4 temos a disposição dos componentes do oscilador e do setor de excitação do flyback, que são montados numa placa de circuito impresso. 108 NEWTON C. BRAGA O tamanho do transformador influi bastante na escolha da caixa, devendo eventualmente ser usada uma maior, conforme as dimensões dos componentes usados. 109 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica 110 NEWTON C. BRAGA O transistor BUY69A deve ser montado num excelente radiador de calor, dada a intensidade da corrente com que trabalha, e que resulta num bom aquecimento. O transformador de alimentação tem um enrolamento primário de acordo com a rede local de energia. O secundário pode ser de 12+12 ou 15 +15 V com uma corrente de 2 a 3 ampères. Na versão com transformador de 15 V teremos maior rendimento com maior tensão na lâmpada. O transformador de saída horizontal (flyback) pode ser aproveitado de algum velho televisor fora de uso, já que qualquer tipo serve. Devemos apenas ter certeza de que ele se encontra em bom estado. Umidade ou sinais de deterioração impedem o uso. Enrolaremos de 22 a 35 espiras de fio comum na parte de baixo do núcleo deste componente, conforme mostra a figura 6, obtendo assim o enrolamento primário. O circuito integrado CI-2 não precisa de radiador de calor e o resistor R3 deve ser de fio de 27 ohms ou 33 ohms com pelo 111 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica menos 5W de dissipação, já que este componente deve trabalhar algo quente. Para maior segurança será interessante usar um circuito integrado para CI-1. O fusível será importante para a proteção do aparelho. A lâmpada incandescente é do tipo comum de filamento de 150 a 300 watts. Como não vai haver a circulação da corrente normal de filamento, e com isso seu aquecimento, ela pode ser tanto de 110 V como de 220 V, independentemente da tensão usada na alimentação do aparelho. O potenciômetro P1 pode conjugar o interruptor geral que liga e desliga a alimentação. As tensões mínimas de trabalho dos capacitores eletrolíticos são as especificadas na relação de material. Os diodos admitem equivalentes, desde que sejam capazes de operar com correntes de 2 ampères e tenham uma tensão inversa de pico de pelo menos 50 V. O potenciômetro P1 pode ter valores na faixa de 220 k ohms a 1 M ohm. Potenciômetros de valores maiores permitem alcançar frequências mais baixas de operação. -Prova e Uso Confira bem a montagem e, se tudo estiver em ordem, coloque no soquete uma lâmpada de 150 W a 300 W comum. (*) (*) Não mais fabricadas em nossos dias. Ligue o aparelho a uma tomada da rede de energia e acione S1. Deve haver um leve ruído de oscilação indicando que o circuito está em funcionamento. Aproxime a mão da lâmpada a alguns milímetros, mas sem tocar e ajuste vagarosamente P1 até obter a emissão de raios, conforme mostra a figura 7. 112 NEWTON C. BRAGA A garra jacaré do fio terra deve estar em algum objeto de metal de grande porte ou simplesmente com o fio esticado e solto. Dependendo da montagem e da umidade, os raios podem ser manter mesmo depois quando você afastar a mão. Se tocar na lâmpada faça-o com a palma da mão, ou com a parte que tenha pele mais grossa, pois tocando com as pontas dos dedos a concentração de cargas pode ser maior dando assim uma sensação desagradável de choque, se bem que algo leve. Nunca faça experiências ou demonstrações descalço. Esteja sempre com sapatos bem isolados e preferivelmente sobre material isolante como, por exemplo, assoalho de madeira, tablado, tapete de borracha ou carpete. Quando estiver tocando na lâmpada ou segurando a fluorescente não toque em nada com a outra mão, pois isso vai criar percurso para a descarga causando assim choques perigosos. Segurando uma lâmpada fluorescente, aproxime-a da lâmpada de raios. A uma distância de alguns centímetros ela deve acender com um brilho menor que o normal. 113 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Se você subir num banquinho, ou estiver sobre um tapete de borracha ou plástico, faça a experiência mostrada na figura 8. Segure a lâmpada com uma das mãos e com a outra, toque na lâmpada de raios de modo a haver um fluxo de cargas. A lâmpada na outra mão deve acender pela corrente que passa através de seu corpo que, no entanto, pela sua baixíssima intensidade não lhe causa qualquer sensação. Não use o aparelho por tempos prolongados. Deixe-o ligado apenas por alguns minutos de cada vez, para não haver sobrecarga com aquecimento excessivo dos componentes internos. Nunca toque diretamente em qualquer parte do aparelho diretamente submetida a alta tensão. 114 NEWTON C. BRAGA LISTA DE MATERIAL Semicondutores: CI-1 - 7812 - circuito integrado, regulador de tensão CI-2 - 4093B - circuito integrado CMOS Q1 - TIP31C - transistor NPN de potência Q2 - BUY69A - transistor NPN de alta potência D1, D2 - 1N5402 ou 1N5404 - diodos retificadores Resistores: (1/8 W, 5%) R1 - 4,7k ohms (amarelo, violeta, vermelho) R2 - 10 k ohms (marrom, preto, laranja) R3 - 27 ohms x 5 W - fio P1 - 470 k ohms - potenciômetro Capacitores: C1 - 4 700 uF/50V - eletrolítico C2 - 100 uF/16V - eletrolítico C3 - 10 nF - poliéster ou cerâmico Diversos: S1 - Interruptor simples F1 - 2 A - fusível T1 - Transformador com primário de acordo com a rede de energia e secundário de 12+12 V ou 15+15 V com pelo menos 2A T2 - Transformador de saída horizontal (flyback) de qualquer tipo ver texto Placa de circuito impresso, cabo de alimentação, suporte de fusível, soquete DIL para o circuito integrado CI-2, soquete para a lâmpada, caixa de madeira de 22 x 22 x 16 cm, radiador de calor grande para Q2, fio rígido, fio comum, botão para o potenciômetro, radiador pequeno para Q1, solda, material para experiências (fluorescente, lâmpada neon), etc. 115 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica O JOGO DA TRAVESSIA Um homem, levando um lobo, uma cabra e um pé de alface deseja atravessar um rio. Entretanto, só dispõe de um barco que pode levar um dos "passageiros" de cada vez. Se levar o lobo, a cabra come o pé de alface; se levar o pé de alface, o lobo come a cabra. Como fazer para atravessar os três? Na introdução resumimos o que se deseja desse jogo, na sua versão original. Com o circuito que descrevemos, temos uma versão eletrônica em que um circuito lógico dispara um alarme sempre que uma situação indesejada for alcançada. Em suma, quando houver a possibilidade de um comer o outro, o alarme tocará. A função do jogador é, portanto, atravessar os três "passageiros" sem deixar um comer o outro, levando apenas um de cada vez. (figura 1) Observação: Este artigo foi publicado originalmente no livro Experiências e Brincadeiras com Eletrônica – Volume 3, que agora reeditamos em segunda edição atualizada e modificada para atender os montadores de nossos dias. Nela, conforme as observações dadas neste artigo, trocamos alguns componentes por outros que são mais fáceis de obter. O projeto é bastante atual e interessante, podendo ser usado como base para um interessante trabalho escolar. Temos no site WWW.newtoncbraga.com.br uma versão com chaves que opera exatamente sobre o mesmo princípio. 116 NEWTON C. BRAGA Figura 1 – O problema Cada um dos quatro personagens de nosso problema consiste num potenciômetro do tipo deslizante que pode se deslocar de uma margem para outra do nosso rio. Assim, o jogador, sempre tomando dois de cada vez ou um só, pode realizar a travessia levando-o para uma ou outra margem do rio. Se uma situação em que o lobo coma a cabra, ou que a cabra coma a alface seja alcançada, o circuito a detectará acionando um oscilador. (figura 2). Lembramos evidentemente, que os lobos não são vegetarianos, isto é, não comem alface! 117 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 2 – O aparelho montado e a situação de alarme Se bem que a versão usando potenciômetros do tipo "slide" seja a mais interessante pelo realismo que pode proporcionar, na falta desse componente, podem ser usadas chaves reversíveis. Para facilitar os leitores daremos os diagramas para as duas montagens. Do mesmo modo, no final, daremos a solução para o problema, para que o leitor que montou o aparelho não passe nenhum vexame diante de seus amigos! -Como Funciona Podemos dizer que o nosso circuito consta basicamente de um sistema lógico capaz de fornecer uma saída quando uma situação indesejada é estabelecida, acionando com isso um circuito oscilador que emite o som de alarme. Cada potenciômetro pode ser deslocado para cima ou para baixo, colocando suas extremidades num potencial bastante baixo, já que os cursores se encontram ligados à terra (figura 3). 118 NEWTON C. BRAGA Figura 3 – Os potenciômetros slide Com isso, os diodos ligados de tal modo a conduzirem somente quando situações indesejadas são alcançadas, podem acionar ou não o sistema de alarme. Assim, a disposição dos diodos e a ligação dos potenciômetros são feitas de tal modo que, não há sinal na saída a não ser quando uma situação em que um "passageiro" possa comer o outro seja alcançada. Em suma, a disposição dos diodos é feita de modo que temos na comporta de um SCR, ou seja, na saída do circuito um sinal quando a cabra se encontra sozinha com a alface numa margem do rio, ou quando o lobo se encontra sozinho com a cabra numa margem do rio. O mesmo sistema impede que haja uma saída, inibe, quando o homem se encontra perto. Deste modo o alarme não tocará quando na mesma margem se encontra o homem, a cabra e o lobo, o que equivale a dizer que "o homem não deixa a cabra comer o pé de alface". A saída do circuito é aplicada diretamente à comporta de um SCR que, portanto, será disparado quando qualquer sinal de situação proibida for alcançado. Conforme já sabemos, de outras montagens, um SCR, ou diodo controlado de silício consiste num dispositivo que conduz intensamente a corrente quando um sinal é aplicado à sua comporta. (figura 4) 119 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 4 - O SCR Esse SCR está ligado em série com um circuito oscilador cuja função é produzir um sinal de alarme quando a situação proibida for estabelecida. Trata-se de um oscilador Hartley, um circuito dotado de um transistor e de um transformador com uma tomada central. Através da derivação do transformador é feita a realimentação de sinal que mantém o circuito em oscilação (figura 5). A frequência de operação deste oscilador e, portanto, o timbre do sinal de alarme, pode ser ajustado ligeiramente pela realimentação feita por meio do resistor de base, que no nosso projeto será do tipo variável (trimpot). 120 NEWTON C. BRAGA Figura 5 – O oscilador Hartley Obs. Outros osciladores com configurações mais modernas podem ser usados como os que fazem uso do 555 ou mesmo 4093. Diversos deles estão disponíveis no site do autor. O circuito todo será alimentado por uma tensão contínua de 6 Volts, e neste ponto deve ser feita uma observação em relação ao único ponto crítico de seu funcionamento: Os SCRs só "desligam" quando a tensão entre seu anodo e catodo cai a um valor suficientemente baixo, depois de um pulso de excitação. Assim, no nosso caso, essa tensão é obtida pelo comportamento "indutivo" do transformador do oscilador. Se o transformador não for do tipo recomendado na lista de material, pode ocorrer que após um jogador errar na travessia e o alarme ser acionado, voltando à posição inicial o aparelho não desligue. Neste caso, deve-se procurar substituir o transformador por um de tipo que leve aos resultados. 121 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica -Montagem e Componentes Para a montagem deste jogo, o leitor necessitará das ferramentas que normalmente são empregadas nos trabalhos de eletrônica, ou seja, um ferro de soldar de pequena potência (máximo de 30 Watts), solda de boa qualidade, um alicate de corte, um alicate de ponta e chaves de fenda. As ferramentas para a elaboração da caixa que alojará o aparelho também devem ser consideradas neste caso. Com relação aos componentes usados temos duas observações a ser feitas: a) Os potenciômetros "slide" ou deslizantes. Esses potenciômetros, se bem que já possam ser encontrados com facilidade em cidades de comércio eletrônico mais intenso, como São Paulo e Rio, talvez não o possam em cidades menores, já que são componentes relativamente novos. (figura 6) Assim, se houver dificuldade em sua obtenção, o leitor deve optar pelo circuito que usa chaves reversíveis á que estas são mais comuns, podendo ser encontradas com muito maior facilidade. Os circuitos para as duas versões serão dados. Figura 6 – Os potenciômetros tipo deslizante (slide) e as chaves Obs. Hoje, estes componentes são comuns e podem ser adquiridos de diversos fornecedores pela internet. 122 NEWTON C. BRAGA b) O transformador do oscilador. O transformador utilizado no circuito do oscilador é do tipo miniatura encontrado normalmente nos circuito de saída de rádios portáteis. Esses transformadores possuem um primário com tomada central com uma impedância entre 200 e 1.000 ohms e um secundário de 8 ohms, ou seja, de acordo com o alto-falante usado. (figura 7) Se na montagem, o oscilador' não desligar quando volta de uma situação permitida, deve o leitor procurar substituir um com características que melhor se adapte à finalidade do projeto. Figura 7 – Transformador de saída miniatura Voltando à montagem, comece preparando a caixa para receber os potenciômetros ou as chaves. Para o caso das chaves estas podem ser montados lado à lado, conforme feito no protótipo, realizando-se um orifício retangular no painel da caixa do aparelho de 6 x 4 cm. O alto-falante pode ser instalado internamente, se houver espaço, ou externamente, ficando na parte lateral o interruptor que liga e desliga o circuito. Os diodos que formam o circuito detector da situação proibida serão soldados diretamente nos terminais do potenciômetro ou das chaves. Para esta finalidade siga o circuito para as duas versões, dados nas figuras 8 e 9. 123 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 8 – Circuito com potenciômetros 124 NEWTON C. BRAGA Figura 9 – Versão com chaves Acompanhe a disposição (chapeado) nas figuras 10 e 11. 125 na ponte de terminais Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 10 – Montagem em ponte de terminais 126 NEWTON C. BRAGA Figura 11 – Montagem das chaves A alimentação será feita por meio de 4 pilhas pequenas que serão instaladas num suporte apropriado colocado no interior da caixa. Como o consumo do aparelho é muito pequeno, a duração das pilhas será grande. Completada a ligação dos diodos, trabalhe na ponte de terminais, soldando em primeiro lugar o SCR, observando cuidadosamente sua posição (o lado achatado deve ficar para a direita, ou ainda, a parte plástica para cima). Em seguida solte o transistor oscilador, observando também sua posição. Se este for do tipo plástico, o lado achatado deve ficar para cima. Se for do tipo de invólucro metálico, veja a identificação de seus terminais na figura 12. 127 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 12 – Identificação dos transistores Obs. Os tipos com invólucros metálicos quase não mais são encontrados em nossos dias. Se o transformador for do tipo com terminais rígidos, estes poderão ser soldados diretamente na ponte mantendo em posição esse componente. Se os terminais forem flexíveis, proceda a sua soldagem, fixando depois o componente de modo apropriado. Solde em seguida, em posição o trimpot e os demais componentes, observando no caso do diodo sua posição. Completada a soldagem dos componentes, proceda as interligações entre estes, e entre os potenciômetros deslizantes, o suporte de pilhas e o alto-falante com fio fino flexível. Os fios podem ser comprimidos que não há problema. A chave S1 serve para ligar e desligar o aparelho sendo fixada na parte lateral da caixa que aloja o aparelho. Complete a montagem recortando o painel frontal, desenhando neste um rio, conforme sugere a figura na introdução, e nos botões dos potenciômetros deslizantes desenhe ou escreva o "passageiro" que representam. No caso da montagem com chaves (em lugar dos potenciômetros deslizantes), muda apenas o painel frontal devendo no caso em cada uma ser indicada o "passageiro" que representam. 128 NEWTON C. BRAGA -Experimentando e Usando o Jogo Completada a montagem, confira todas as ligações, e se tudo estiver em ordem ligue a chave que estabelece a alimentação do circuito. A seguir, coloque todas as chaves na posição que corresponda a um lado do rio, ou seja, todas para cima ou para baixo (o mesmo sendo válido para os potenciômetros slides), e leve para o outro lado a chave correspondente ao homem. O oscilador deve imediatamente emitir seu som característico, ou seja, um apito. (figura 13) Figura 13 – Testando o aparelho Se isso não ocorrer, ajuste o trimpot para que haja emissão do som. Se, em nenhuma posição do trimpot houver emissão de som, confira novamente a montagem, pois algo está errado. Uma vez conseguido o ajuste, volte a chave ou potenciômetro correspondente ao homem para a margem do rio em que se encontram todos os "passageiros". O oscilador deve parar de tocar. Se isso não ocorrer isso pode ser devido às 129 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica características impróprias do transformador, devendo ser providenciada sua substituição por um equivalente. Se tudo estiver em ordem, você pode ser o primeiro a tentar a travessia "Sem deixar o alarme tocar, ou seja, sem deixar um passageiro comer o outro". Para isso, você deve empurrar para a margem oposta do rio, somente dois potenciômetros ou chaves de cada vez, sendo um deles obrigatoriamente o correspondente ao homem (pois só ele sabe remar). Na volta da outra margem, pode voltar o homem sozinho, ou se ele quiser, com um único passageiro. Experimente a travessia, e se não conseguir, veja a solução abaixo. -Solução a) Leve o homem e a cabra para a outra margem do rio, pois ficando de um lado o lobo e o alface não acontece nada, porque o lobo não come alface! b) A seguir, volte o homem. c) O homem então passa para a outra margem levando a alface. Ao chegar na outra margem não acontece nada porque a presença do homem, impede que a cabra coma o alface. d) Na volta, o homem deve trazer a cabra, pois se ela ficar na outra margem, ela comerá o pé de alface. e) Na margem de cá, deixe a cabra e leve o lobo, deixando o 'lobo na outra margem, voltando o homem sozinho. Ficando o lobo e o pé de alface na outra margem, não acontece nada, porque como vimos, o lobo não come alface. f) Voltando sozinho, o homem pode levar a cabra, completando o transporte dos três passageiros como era desejado. (figura 14) 130 NEWTON C. BRAGA Figura 14 – A sequência para a solução LISTA DE MATERIAL R1, R2, R3, R4 - 22 K ohms x 1/4 W - resistor (vermelho, vermelho, laranja) R5 – 10 K ohms x 1/4 W - resistor (marrom, preto, laranja) R6 – 100 K ohms x 1/4 W - resistor (marrom, preto, amarelo). R7 - 2,2 K ohms x 1/4 W - resistor (vermelho, vermelho, vermelho). R8 – 47 K ohms - trimpot P1, P2, P3, P4 - potenciômetros slide de 1M ohms ou 500 K ohms. (470k) D1, D2, D3, D4, D5, D6, D7, D8, D9 - diodos de silício comum (1N914 ou equivalente). SCR - TIC1 O6, MCR106, C1O6 - diodo controlado de silício para 50 V ou mais. Q1 - BC307, BC308, BC309 - transistor. (BC547, 548 ou BC549) T1 - transformador de saída para transistores (ver texto). FTE - alto-falante de 8 ohms. B1 - 2 pilhas pequenas ligadas em série. S1 - Interruptor simples. 131 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Diversos: caixa para alojar o conjunto, suporte de pilhas, ponte de terminais, botões para os potenciômetros slide, parafusos, fios, porcas, solda, etc. OBSERVAÇÕES a) No caso da versão com chaves reversíveis, em lugar de P1, P2, P3 e P4, devem ser adquiridas: Sa, Sb, Sc, Sd - chaves reversíveis 2 polos x 2 posições ou 1 polo por duas posições, alavanca, faca ou deslizantes. b) Nos pontos A e B no circuito pode ser ligada uma cigarra do tipo usada como buzina de bicicleta, para 3 volts com os mesmos efeitos do oscilador. 132 NEWTON C. BRAGA QUEBRA-CABEÇAS ELETRÔNICO Um jogo de paciência em que o competidor deve encontrara combinação única de chaves que permita acender as lâmpadas do painel. Para dificultar mais ainda o jogo, quando você descobrir uma combinação, ela pode ser facilmente trocada. Obs. Este artigo saiu originalmente no livro Experiências e Brincadeiras com Eletrônica, Volume 5 de 1979, sendo alterado, para utilizar componentes mais modernos. Existem diversos tipos de quebra-cabeças como, por exemplo, os tipos em que peças devem ser encaixadas até formar uma figura em que deve-se encontrar uma certa combinação de letras ou números de acordo com regras pré-estabelecidas, etc. O nosso quebra cabeças é diferente a partir do momento que se trata de um quebra-cabeças eletrônico. O que temos é um conjunto de chaves que devem ser acionadas de modo a se obter o acendimento de um certo número de lâmpadas no painel. Somente a combinação das chaves de determinada maneira é que permite isso, o que leva o jogador à muitas tentativas antes de conseguir o desejado. Veja que, para cada chave usada multiplicamos por 2 o número de tentativas que devem ser feitas antes de se conseguir a combinação final. Assim, para 3 chaves, a chance que o jogador tem de acertar na primeira é de 1 em 8, para 4 chaves 1 em 16, para 5 chaves 1 em 32, etc. No nosso quebra-cabeças usaremos então 6 chaves no painel para a obtenção das combinações que fazem as 4 lâmpadas acender, e na parte posterior teremos mais 4 chaves que permitem mudar a combinação. 133 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica -Montagem O circuito completo do quebra-cabeças é mostrado na figura 1. Figura 1 – Circuito completo do quebra-cabeças Se bem que pareça complicado, sua montagem é simples se for feita com cuidado e ordem. Temos sempre os mesmos tipos de componentes que podem ser facilmente tratados nos momentos de se fazer as soldagens de suas ligações. Na figura 2 é mostrado o aparelho visto por baixo, com a colocação das chaves de codificação e as chaves do painel. 134 NEWTON C. BRAGA Figura 2 – Visão da montagem De preferência o leitor deve usar no painel chaves do tipo alavanca, conforme mostrado na figura 3, pela maior facilidade de manuseio. 135 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 3 – Chaves tipo alavanca As chaves são todas tipo H (2 polos x 2 posições) enquanto que as lâmpadas usadas são de 6 V x 50 ,A (*). (*) Numa versão atual use LEDs em série com resistores de 470 ohms em lugar de cada lâmpada, observando sua polaridade. A fonte de alimentação consiste em 4 pilhas médias ligadas em série. Um suporte apropriado deve ser usado para esta finalidade, não havendo necessidade de se observar sua polaridade. A caixa para o aparelho pode ser de madeira de uns 20 X15 X 10 cm tendo na parte superior as chaves de tentativa, e na parte posterior, as chaves que permitem trocar a combinação vencedora. Uma vez montado o teste é muito simples pois já é um quebra-cabeças: vá mexendo nas chaves do painel até conseguir fazer todas as lâmpadas acenderem. Quando você conseguir, 136 NEWTON C. BRAGA basta mudar a combinação mexendo aleatoriamente nas chaves de codificação. Se uma ou outra lâmpada negar-se a acender retire-a do aparelho e teste-a. Lista de Material QUEBRA-CABEÇAS L1 à L4 - lâmpadas de 6 V X 50 mA (Philips 7121 D ou equivalente) (ver texto) S1 à S10 - Chaves H deslizantes ou alavanca S2- interruptor simples B1 – 6 V - 4 pilhas médias Diversos: caixa para a montagem, suporte para 4 pilhas, fios, solda, etc. 137 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica LUZ DESVANESCENTE CÍCLICA Este é um circuito de efeitos inéditos de luz - uma lâmpada acende repentinamente com o máximo de brilho e depois desvanece vagarosamente até apagar. Depois de alguns segundos ela volta a acender, repetindo o ciclo. O sistema suporta lâmpadas até 1600 W na rede de 220 V (metade na rede de 110 V) e pode ser usado no lar, na decoração de vitrines ou num interessante e misterioso abajur. Obs. O circuito funciona apenas com lâmpadas incandescentes. Não se trata de um simples pisca-pisca pelo tipo de efeito que descrevemos na introdução. A lâmpada parece realmente que enfraquece até que toda sua luz some, num processo suave. O circuito utiliza como base um triac de 8A da Texas lnstruments e um disparador com transistor unijunção, além de um oscilador dente de serra com outro unijunção. O único ajuste que existe é da frequência do efeito que pode variar entre um ciclo por segundo até um ciclo em cada 30 ou 40 segundos. Todos os componentes são pequenos, de modo que no caso de um abajur nada impede que todos eles sejam instalados na própria base do objeto. No caso de controles de maior potência, como o triac tende a aquecer e precisa ser montado num radiador de calor, recomendamos a utilização de uma caixa com dimensões de belo menos 10 x 6 x 5 cm. Na figura 1 damos a forma de onda que ilustra o comportamento deste circuito. 138 NEWTON C. BRAGA Figura 1 – Formas de onda do circuito -Suas características: Carga máxima: 800 watts (110 V) 1 600 watts (220 V) Faixa de tempos: 1 a 40 segundos Tensões de alimentação: 110 ou 220 V CA -O Circuito O tempo que ocorre entre o início de um semiciclo da alimentação e o ponto em que é gerado o pulso de disparo do triac determina a potência que é aplicada à carga (lâmpada). Se o pulso ocorrer com pequeno retardo, o disparo ocorre no início do semiciclo e a maior potência é aplicada à carga. No caso, esta carga é a lâmpada que acende com o máximo brilho. Se o pulso for aplicado no final do semiciclo, menos potência é levada à carga e o brilho da lâmpada é menor (figura 2). 139 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 2 – Disparo em diversos pontos do semiciclo Para controlar o disparo do unijunção que gera estes pulsos utilizamos um segundo oscilador com outro unijunção bastante lento (Q3). À medida que capacitor C3 se carrega através de P2 e de R8, a tensão no emissor do transistor Q3 também se eleva e com isso a tensão de base de Q2. A tensão aplicada à base de Q2 controla justamente ç atraso na produção do pulso de disparo do triac pelo transistor unijunção Q1. Quando a tensão de base de Q2 é baixa (início da carga de C3), a resistência representada por Q2 é alta, de modo que o divisor formado por P1, R5, Q2 e R6 pode aplicar uma tensão mais elevada no capacitor C2 logo no início do semiciclo e provocar o disparo de Q1. O pulso é produzido no início do semiciclo e a lâmpada tem seu máximo brilho. Este máximo brilho é justamente ajustado por P1. À medida que a tensão no capacitor C3 se eleva pela sua carga, aumenta a tensão de base de Q2 que o leva gradualmente a apresentar menor resistência. 140 NEWTON C. BRAGA Com isso é retardada a carga de C2 que vai atingir a tensão de disparo de Q1 cada vez mais próxima do fim do semiciclo. A potência aplicada à carga reduz-se então lentamente com a carga de C3 até o momento em que Q3 comuta. Quando isso ocorre, repentinamente a tensão em C3 cai praticamente a zero, e com isso a tensão de base de Q2. Novamente o pulso de disparo passa a ser produzido no início do semiciclo coma lâmpada acendendo e um novo ciclo começando. P2 pode ser aumentado para se obter um ciclo mais longo. -Montagem Na figura 3 temos o diagrama completo de nosso aparelho. Figura 3 – Diagrama completo do aparelho Na figura 4 damos a placa de circuito impresso para a montagem. 141 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica Figura 4 – Placa para a montagem As posições de todos os componentes polarizados, tais como o diodo D1, os transistores unijunção, o triac e o transistor Q2, devem ser observadas rigorosamente. Os valores entre parênteses para R1 e R2 correspondem à rede de 220 V. Nesta tensão também é conveniente usar para D1 o 1N4007 ou BY127. P1 e P2 podem tanto ser trimpots como potenciômetros, tudo dependendo da necessidade de se alterar o comportamento do aparelho com maior ou menor frequência. C3 e C4 são capacitores eletrolíticos para 25 V ou mais e os resistores podem ser de1/8 ou1/4 W. O triac deve ser dotado de um bom radiador de calor, principalmente se tiver que trabalhar com potências máximas. C1 e C2 são de cerâmica ou de poliéster, com qualquer tensão a partir de 25 V. -Prova e Uso Para provar o aparelho, coloque uma lâmpada a partir de 5 watts como carga (L1), ligue a unidade e ajuste P1 para que seja obtido o mínimo de brilho ou então aproximadamente 1/3 do brilho máximo. Depois ajuste P2 para obter ciclos de variação de brilho, na frequência desejada. Volte então a ajustar P1 para que a variação de brilho da lâmpada ocorra entre o máximo e zero, com acendimento brusco. 142 NEWTON C. BRAGA Comprovado o funcionamento, é só fazer a instalação definitiva, lembrando que para cargas de alta potência os fios de conexão devem ser grossos. LISTA DE MATERIAL Triac - TIC226 para 200 V se sua rede for de 110 V ou para 400 V se sua rede for de 220 V Q1, Q3 - 2N2646 - transistores unijunção Q2 - BC548 ou equivalente - transistor NPN de uso geral D1 - 1N4004 ou 1N4007 - diodo de silício L1 - lâmpada até 800 watts na rede de 110 V e até 1600 watts na rede de 220 V P1, P2 - 100k - trimpots ou potenciômetros F1 - fusível de 10 A S1 - interruptor simples R1, R2 – 33 k x 1 W - resistores (laranja, laranja, laranja) para a rede de 110 V ou 56 k x 1 W - resistores (verde, azul, laranja) para a rede de 220V R3, R9 - 470 ohms x 1/8 W - resistores (amarelo, violeta, marrom) R4 - 330 ohms x 1/8 W - resistor (laranja, laranja, marrom) R5, R8 – 10 k x 1/8 W – resistores (marrom, preto, laranja) R6 - 2k2 x 1/8 W - resistor (vermelho, vermelho, vermelho) R7 – 100 k x 1/8 W - resistor (marrom, preto, amarelo) R9 - 470 ohms x 1/8 W - resistor (amarelo, violeta, marrom) Cl – 10 nF - capacitor cerâmico C2 – 100 nF - capacitor cerâmico ou de poliéster C3 – 1 000 uF x 25 V - capacitor eletrolítico C4 – 100 uF x 25 V - Capacitor eletrolítico Diversos: placa de circuito impresso, caixa para montagem, cabo de alimentação, suporte para fusível, radiador de calor para o triac, soquete para a lâmpada ou lâmpadas controladas, knobs para os potenciômetros, fios, solda etc. 143 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica QUEBRA CABEÇAS CMOS A finalidade deste jogo é encontrar a combinação em sequência de chaves que leve todos os três LEDs a acender. O circuito pode ser alimentado por tensões de 5 a 9 V, com alterações nos resistores em série com os LEDs. 144 NEWTON C. BRAGA MOLA MÁGICA Eis um circuito interessante para ser usado em demonstrações de física envolvendo transformação de energia e campos magnéticos. Na figura temos o diagrama de uma "mola mágica" que funciona da seguinte maneira. Quando o circuito é energizado a molda se encontra distendida com a ponta encostando num sensor de metal. Nestas condições o capacitor C carrega-se e o transistor é polarizado no sentido de conduzir uma forte corrente que circula pela molda. O resultado é que a mola se contrai, desfazendo o contacto com o sensor. Depois de algum tempo, o capacitor que retém a carga e polariza o transistor se descarrega cortando a corrente no transistor. A mola se distende novamente e com isso um novo contacto é estabelecido com nova contração. Dimensionando bem o capacitor e a mola podemos fazê-la contrair e distender num movimento contínuo. Uma mola típica terá de 100 a 200 espiras de fio 28. Um resistor limitador de corrente pode ser interessante para evitar o aquecimento tanto do transistor como da própria mola. 145 Mágicas, Truques e Quebra-Cabeças com Eletrônica ONDE OBTER OS COMPONENTES www.mouser.com 146