diagnóstico do manejo de resíduos de serviços de saúde

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DIAGNÓSTICO DO MANEJO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE
SAÚDE REALIZADO NA UNIDADE DE SAÚDE SÃO LUCAS –
SIDERÓPOLIS
Lívia Caroline FELTRIN
Departamento de Farmácia
Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC
88860-000, Siderópolis, Santa Catarina, Brasil
E-mail: [email protected]
Juliana LORA
Departamento de Farmácia
Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC
88802-250, Criciúma, Santa Catarina, Brasil
E-mail: [email protected]
Autor responsável: L.C. Feltrin
1.
INTRODUÇÃO
Os impactos ao meio ambiente e à saúde humana, provocados pelo
gerenciamento inadequado dos Resíduos de Serviços de Saúde – RSS, podem atingir
grandes proporções chegando a influenciar na manutenção da qualidade de vida de uma
sociedade (NAIME et al. 2007), já que os resíduos gerados em estabelecimentos de
2
saúde representam uma parcela significativa dos resíduos sólidos totais e podem
oferecer perigo aos trabalhadores, pacientes e comunidade em geral (TAKADA, 2003).
A RDC nº 306 de 07 de setembro de 2004 da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária – ANVISA e a Resolução nº 358 de 29 de abril de 2005 do
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, definem como geradores de RSS
todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive
as unidades básicas de saúde que, portanto, devem realizar o gerenciamento dos RSS, a
partir da elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde –
PGRSS.
A fim de estabelecer o manejo seguro e adequado a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária – ANVISA classifica os RSS em cinco grupos (A, B, C, D e E). O
grupo A compreende resíduos potencialmente infectantes, devido à presença de agentes
biológicos (BRASIL, 2004). O Grupo B compreende os resíduos que apresentam risco à
saúde pública e ao meio ambiente devido as suas características físicas, químicas e
físico-químicas (SCHNEIDER, 2004). O Grupo C abrange os rejeitos radioativos,
resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos (BRASIL, 1993). O
Grupo D compreende os resíduos comuns que não necessitam de tratamento
diferenciado e são considerados resíduos sólidos urbanos (BRASIL, 2004). O grupo E
compreende os objetos perfurocortantes, que contém superfície capaz de cortar ou
perfurar (BRASIL, 2004).
A seguir, descreve-se resumidamente o manejo dos de resíduos de serviços
de saúde, segundo a RDC nº306/04, publicada pela ANVISA.
Os resíduos resultantes de atividades de vacinação fazem parte do grupo A e
devem receber tratamento físico antes da disposição final. Recipientes e materiais
resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos,
3
pertencentes ao grupo A, devem ser acondicionados em saco vermelho ou branco, sendo
substituídos ao atingirem 2/3 de sua capacidade ou pelo menos 1 vez a cada 24 horas.
Devem ser submetidos a tratamento físico antes da disposição final e caso este seja
realizado fora da unidade os RSS devem ser transportados em recipiente rígido,
resistente, com tampa provida de controle de fechamento, devidamente identificado,
garantindo o transporte seguro até a unidade de tratamento (BRASIL, 2004).
Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não
contenham sangue ou líquidos corpóreos na forma livre, podem ser dispostos sem
tratamento prévio em local devidamente licenciado para disposição final de RSS, mas
devem ser acondicionados e identificados como RSS do grupo A (BRASIL, 2004).
As etapas de segregação e acondicionamento devem ocorrer no local de
geração do resíduo, evitando acidentes que possam ocorrer ao transportar material
potencialmente infectante de uma sala para outra, o que expõe riscos à saúde do
funcionário. A legislação recomenda ainda que a segregação, acondicionamento e
identificação dos RSS do grupo A devam ser realizadas devidamente, em saco branco
leitoso, resistente e impermeável, respeitando seus limites de peso, sendo proibido seu
esvaziamento ou reaproveitamento, identificado através de símbolo de substância
infectante, com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos. O recipiente para
acondicionamento deve ser provido de tampa com sistema de abertura sem contato
manual, para que não exista risco de contaminação entre o resíduo descartado e o
funcionário. A capacidade dos recipientes de acondicionamento deve ser compatível
com a geração (BRASIL, 2004).
A legislação separa os resíduos do Grupo B em dois subgrupos: resíduos
químicos que apresentam risco a saúde e ao meio ambiente e resíduos químicos que não
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apresentam risco a saúde e ao meio ambiente, e adota atividades distintas para o manejo
destes, conforme descrito na figura 1.
Figura 1. Manejo dos RSS do grupo B com risco à saúde e ao meio
ambiente e manejo dos RSS do grupo B sem risco à saúde e ao meio ambiente de
acordo com a RDC 306/04 da ANVISA.
Os resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à
saúde e ao meio ambiente são considerados RSS do grupo D. Para que estes resíduos
recebam manejo adequado, deve-se seguir as recomendações da RDC nº306/04 da
ANVISA, como demonstra a figura 2.
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Grupo D
Acondicionados em saco impermeável , em recipiente
comum
Identificados como resíduo reciclável, através de símbolo
Transporte interno e armazenamento
Coleta e transporte externo
Tratamento: reciclagem ou reutilização
Figura 2. Manejo dos RSS do grupo D, segundo a RDC 306/04, ANVISA.
De acordo com a RDC nº306/04, da ANVISA, os materiais perfurocortantes
devem ser descartados separadamente, no local de sua geração, imediatamente após o
uso ou necessidade de descarte e devem seguir as etapas constadas na figura 3.
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Grupo E
Acondicionados em recipiente rígido, resistente à
ruptura, punctura e vazamento
Identificados com símbolo de risco associado e frases de
risco: Perfurocortante
Armazenamento e transporte interno
Coleta e transporte externo
Tratamento físico em estufa ou autoclave
Disposição final em aterro industrial
Figura 3. Manejo dos RSS do grupo E de acordo com a RDC 306/04 da
ANVISA.
A segregação é o ponto fundamental de toda a discussão sobre a
periculosidade dos RSS, onde todos os resíduos que entram em contato com material
infectante deverá ser tratado como tal, exigindo procedimentos específicos para o
acondicionamento, coleta, transporte e disposição final, elevando os custos de
tratamento desses resíduos (GARCIA & RAMOS, 2004). Com a realização adequada
destas etapas, poderá haver uma redução da quantidade e de custos para o tratamento e
disposição final dos resíduos infectantes (PILGER & SCHENATO, 2007).
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Dentre os RSS, os infectantes são os que apresentam riscos mais evidentes,
podendo provocar contaminação química e biológica. Pacientes e profissionais da área
da saúde, bem como funcionários encarregados do manuseio dos RSS, são os que mais
estão sujeitos a adquirir infecções. Desta forma os estabelecimentos de saúde devem
reunir condições sanitárias indispensáveis para proporcionar um ambiente cômodo e
higiênico aos pacientes, funcionários e público em geral (SCHNEIDER, 2004).
O PGRSS estabelece como deve ser realizado o manejo dos resíduos em
todas as suas etapas, compreendendo a segregação, o acondicionamento, identificação,
transporte interno, armazenamento temporário, tratamento, armazenamento externo,
coleta e transporte externo e disposição final (BRASIL, 2004). Para elaborar o PGRSS
deve-se conhecer os resíduos gerados no estabelecimento de saúde em que o plano será
implantado, através da realização do diagnóstico do atual manejo, pois é com base nas
condições reais do local que o plano poderá ser elaborado.
Este trabalho teve como objetivo realizar o diagnóstico da atual situação da
Unidade de Saúde São Lucas em Siderópolis, através da identificação dos resíduos
gerados e da verificação das condições de realização do manejo dos RSS envolvendo
todas as etapas pertinentes: Segregação, acondicionamento, identificação, transporte
interno, armazenamento temporário, tratamento, armazenamento externo, coleta e
transporte externo e disposição final dos RSS.
2.
METODOLOGIA
O estudo foi realizado na Unidade de Saúde São Lucas, que pertence à
Prefeitura Municipal de Siderópolis. Foi construída e inaugurada pelo governo de Dilnei
Rossa em 1988, está localizada na cidade de Siderópolis e tem como característica
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atender pacientes da região, prestando assistência médica de qualidade, oferecendo 8
especialidades médicas e em média 395 consultas agendadas por semana, além de 5
médicos de plantão para atendimentos de urgência e emergência, totalizando uma média
de 320 consultas emergenciais por semana. Oferece recursos de diagnóstico e terapia,
como ultra-som, raio-x, eletrocardiograma, exames de sangue, além de fisioterapia,
fonoaudiologia e psicologia, entre outros.
A unidade de saúde possui 55 funcionários no total, sendo 37 profissionais
da saúde, 2 da vigilância sanitária, 6 profissionais administrativos e 10 funcionários de
manutenção e serviços gerais.
O estudo compreende a pesquisa observacional para a realização do
diagnóstico da atual situação do manejo dos resíduos de serviço de saúde, gerados pela
unidade de saúde pertinente, compreendendo ações técnicas para implantação do plano.
A observação da atual situação dos RSS foi realizada tendo como instrumento de
referência a RDC 306 de 2004 da ANVISA que trata sobre o PGRSS em
estabelecimentos de saúde.
A observação consistiu na permanência do pesquisador, durante os meses de
março e abril de 2010, em cada setor do estabelecimento para verificação do tipo de
RSS gerado e de que forma se dava o manejo do mesmo.
Após esta etapa, fez-se um estudo comparativo entre os resultados obtidos
com as informações pertinentes na legislação citada anteriormente, informando os
pontos críticos do manejo de RSS no estabelecimento.
Para identificação dos resíduos gerados no estabelecimento, fez-se
necessário realizar um levantamento das atividades realizadas em cada setor, a saber:
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Farmácia: Local destinado ao armazenamento, controle e distribuição de
medicamentos para o setor de enfermagem e público em geral. Neste setor são gerados
resíduos do grupo B e D.
Sala de pequenas cirurgias: Este setor é dividido em duas áreas. A sala
séptica é o local onde são realizados procedimentos de urgência e emergência como
curativos contaminados, preparo e administração de medicações. Na sala asséptica
realizam-se pequenas cirurgias, troca de curativos limpos. Os resíduos gerados neste
setor fazem parte do grupo A, B, D e E.
Sala de emergências: Recebe pacientes para atendimentos e procedimentos
de urgência e emergência, gerando resíduos do grupo A, B, D e E.
Vacina: Setor responsável pelo Programa Nacional de Imunização (PNI),
que promove vacinação da população de Siderópolis. Os resíduos gerados pertencem ao
grupo A, D e E.
Sala de observação: Destinada a manter pacientes em observação médica.
Neste local também são realizadas atividades como aplicação de soro e nebulização,
gerando resíduos do grupo A, D e E.
Sala de preventivo: Realização de consultas e exames ginecológicos como:
colposcopia, cauterização uterina, coleta de material para preventivo, topicação de DST,
colocada e retirada de DIU, gerando resíduos do grupo A e D.
Ultra-som: Realização de ultra-sonografias (abdominais, do aparelho
urinário, obstétrico e transvaginal). Os RSS incluem resíduos do grupo A e do grupo D.
Planejamento Familiar: Atividades relacionadas ao programa Saúde da
Família com ênfase na mulher, epidemiologia social, consultas gestacionais e pré-natal.
Além disso, o setor é responsável pela distribuição controlada de contraceptivos orais às
mulheres do município. Por este motivo, há geração de RSS do grupo B e D.
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Consultórios médicos: Consultas médicas agendadas nas especialidades
oferecidas pela Unidade, além de consultas de urgência e emergência. Neste setor há
geração de resíduos do grupo A e D.
Fonoaudiologia:
Avaliação
da
comunicação
de
pacientes,
complementando o trabalho das Equipes de Saúde da Família. Este setor gera resíduos
do grupo A e D.
Dentre os setores que geram apenas RSS do grupo D, tem-se o seguinte
diagnóstico:
Recepção: Recepção dos pacientes e encaminhamento dos mesmos para as
outras áreas da unidade de saúde.
Pronto Socorro: Este setor funciona 24 horas para atendimentos de
urgência e emergência. Os pacientes são recebidos ali e encaminhados para consultórios
médicos ou para sala de pequenas cirurgias.
Enfermagem: Triagem dos pacientes (aferição de pressão arterial, pesagem,
entre outros serviços), para atendimento médico agendado e de urgência e emergência.
Expurgo: Local destinado a receber, lavar e secar materiais provenientes da
sala de pequenas cirurgias e sala de emergências.
Fisioterapia: Este setor realiza atividades de terapia e reabilitação para
pacientes de todo o município.
Pesagem: Acompanhamento de bebês após o nascimento.
Serviço social: Serviço de ouvidoria, e auxílio aos pacientes e familiares
nas questões sociais e financeiras.
Vigilância sanitária local: Atividades administrativas relacionadas com
visitas para vistoria e notificação aos estabelecimentos públicos do município.
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Administração: Realização de atividades e competências de diversas
origens, tanto relacionadas à unidade, quanto a secretaria da saúde municipal.
Central de agendamento: Agendamento de consultas por convênio
Prefeitura Municipal de Siderópolis e SUS.
Refeitório: Local destinado a alimentação dos funcionários.
Lavanderia: Local destinado à limpeza de roupas sujas e contaminadas.
Quartos destinados aos médicos e enfermeiros de plantão: Locais de
descanso de funcionários que estiverem de plantão.
Central de Transportes: Atividades administrativas referentes ao uso de
carros, agendamento de viagens, ligações de urgência e emergência e encaminhamento
de ambulâncias para atendê-las.
Central telefônica: Realização e recebimento de ligações.
Concluído o levantamento dos RSS gerados, realizou-se a verificação das
atividades pertinentes ao manejo de cada grupo de resíduos em todos os setores.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estabelecimento analisado apresenta um total de 25 setores. De acordo
com a observação realizada, verificou-se que todos os setores geram RSS do grupo D,
sendo que 70% (15) geram exclusivamente este tipo de resíduo; 24% (8) geram RSS do
grupo A; 16% (4) geram RSS do grupo B e 16% (4) geram RSS do grupo E.
A partir do levantamento das atividades, identificou-se os RSS gerados em
cada setor. A tabela 1 contempla os setores geradores de RSS dos grupos A, B e E e o
tipo de resíduo gerados por cada um deles.
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TABELA 1: Relação dos RSS gerados classificados por grupos de resíduos em cada setor da
Unidade de Saúde São Lucas.
SETORES
Farmácia
RSS do grupo A
Não há geração deste tipo de
resíduo.
RSS do grupo B
Medicamentos inutilizáveis
e sua embalagem primária.
Pequenas
cirurgias
Materiais
oriundos
da
assistência médica e outros
contaminados com secreções
de pacientes.
Medicamentos inutilizáveis
e sua embalagem primária.
Embalagens primárias e
injetáveis, seringas, agulhas,
ampolas de vidro, lâminas
de bisturi, escalpes.
Vacinas
Materiais contaminados com
secreções
de
pacientes.
Vacinas impróprias para uso e
sua embalagem primária.
Não há geração deste tipo
de resíduo.
Embalagens primárias das
vacinas e seringas.
Observação
Materiais contaminados com
secreções de pacientes, como
agulhas, equipos e seringas.
Materiais
utilizados
na
realização de exames e
procedimentos, contaminados
com secreções de pacientes.
Não há geração deste tipo
de resíduo.
Ultra-Som
Materiais
utilizados
na
realização
de
exames,
contaminados com secreções
de pacientes.
Não há geração deste tipo
de resíduo.
Planejamento
familiar
Não há geração deste tipo de
resíduo.
Medicamentos inutilizáveis
e sua embalagem primária.
Consultórios
médicos
Materiais de apoio utilizados
em
procedimentos,
contaminados com secreções
de pacientes.
Não há geração deste tipo
de resíduo.
Fonoaudiologia
Materiais de apoio utilizados
em
procedimentos,
contaminados com secreções
de pacientes.
Materiais
oriundos
da
assistência médica, e outros,
contaminados com secreções
de pacientes.
Não há geração deste tipo
de resíduo.
Não há geração deste tipo de
resíduo.
Medicamentos inutilizáveis
e sua embalagem primária.
Embalagens primárias e
injetáveis, seringas, agulhas,
ampolas de vidro, equipos.
Preventivo
Sala de
emergências
Não há geração deste tipo
de resíduo.
RSS do grupo D
Embalagem
secundária e bulas
de medicamentos
impróprios para
uso;
Materiais de
escritório;
Papel toalha;
Embalagens e
restos
alimentares;
Embalagens de
materiais
utilizados em
processos de
atenção à saúde.
RSS do grupo E
Não há geração deste tipo de
resíduo.
Embalagens primárias e
injetáveis, seringas, agulhas,
ampolas de vidro, equipos.
Não há geração deste tipo de
resíduo.
Não há geração deste tipo de
resíduo.
Não há geração deste tipo de
resíduo.
Não há geração deste tipo de
resíduo.
Segue a descrição do manejo dividida de acordo com os grupos de RSS.
3.1 MANEJO DO GRUPO A
Os RSS do grupo A compreendem seis subclasses, que são divididas de
acordo com as características específicas de cada material (ABNT, NBR 12808, 1993).
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Assim, classificou-se os resíduos deste grupo gerados em cada setor de acordo com esta
divisão, conforme exposto na tabela 2.
De acordo com o exposto, a grande parte dos resíduos gerados pertencem ao
subgrupo A6, seguido pelo subgrupo A3 e A1.
TABELA 2: Relação dos setores da Unidade de Saúde São Lucas que geram RSS do
grupo A e o subgrupo correspondente.
SETORES
Vacina
Pequenas cirurgias
Sala de observação
Sala de preventivo
Ultra-som
Consultórios
Fonoaudiologia
Sala de emergências
RSS
Vacinas vencidas e inutilizadas e qualquer resíduo
contaminado por estes materiais.
Secreções, líquidos orgânicos de pacientes e
demais resíduos contaminados por estes materiais.
Subclasse
A1
Tecidos, sangue e outros líquidos orgânicos e
resíduos contaminados por estes materiais.
Secreções, líquidos orgânicos de pacientes e
demais resíduos contaminados por estes materiais.
Sangue e outros líquidos orgânicos e resíduos
contaminados por estes materiais.
Secreções, líquidos orgânicos de pacientes e
demais resíduos contaminados por estes materiais.
Secreções, líquidos orgânicos de pacientes e
demais resíduos contaminados por estes materiais.
Secreções, líquidos orgânicos de pacientes e
demais resíduos contaminados por estes materiais.
Secreções, líquidos orgânicos de pacientes e
demais resíduos contaminados por estes materiais.
Secreções, líquidos orgânicos de pacientes e
demais resíduos contaminados por estes materiais.
Secreções, líquidos orgânicos de pacientes e
demais resíduos contaminados por estes materiais.
A3
A6
A6
A3
A6
A6
A6
A6
A6
A6
A unidade de saúde em estudo adota diferentes tipos de manejo para os
resíduos gerados no estabelecimento. Como demonstra a figura 4, o manejo dos RSS
dos subgrupos A6 e A3, gerados nos setores: sala de observação, sala de cirurgias,
vacina, sala de emergências e sala de preventivo, é realizado de forma semelhante.
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Resíduos são
descartados em sacos
plásticos branco leitosos,
identificados conforme o
recomendado.
Acondicionados em
recipientes com sistema
de abertura sem contato
manual.
Recolhidos por faxineiras
devidamente
paramentadas e
treinadas.
Ali são armazenados os
resíduos do grupo A,
onde permanecem até
serem recolhidos por
empresa terceirizada COLIX.
O abrigo interno possui
duas portas com chave,
no seu interior há cinco
bambonas de cor azul,
devidamente
identificadas.
Encaminhados por elas
até o abrigo de resíduos,
no pátio interno da
unidade, com acesso
restrito a funcionários.
A empresa é responsável
pela coleta, transporte e
disposição final dos
resíduos.
Disposição final: Aterro
Sanitário - Classe I
Figura 4. Manejo dos RSS dos subgrupos A3 e A6 realizado nos setores: sala de
observação, sala de cirurgias, vacina e sala de preventivo na Unidade de Saúde São
Lucas.
Durante o levantamento de dados e observação do manejo, constatou-se que
a etapa de segregação ocorre de maneira inadequada, onde resíduos do grupo D são
dispostos ocasionalmente como resíduos do grupo A. Os resíduos gerados na sala de
observação são acondicionados em um dos recipientes da sala de pequenas cirurgias,
sendo transportados até ali por enfermeiras em bandejas de aço inox. Além disso, é
importante comentar o fato de existirem dois recipientes para acondicionamento de
resíduos (de um total de cinco), onde o sistema de abertura sem contato manual
encontra-se quebrado.
O manejo dos RSS do subgrupo A1, gerados no setor vacina, é realizado
conforme demonstra a figura 5:
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Resíduos são
descartados em caixas
para perfurocortantes,
juntamente com
resíduos do grupo E.
Quando o volume do
recipiente atinge 2/3 de
sua capacidade, o
mesmo é lacrado.
Encaminhado pela
enfermeira responsável
até a estufa, onde passa
por tratamento físico a
180ºC por 2 horas
Disposição final em
Aterro Industrial
A empresa é
responsável pelo
transporte e disposição
final do resíduo.
O resíduo gerado é
coletado pela empresa
terceirizada.
Figura 5. Manejo dos RSS do subgrupo A1 realizado no setor: vacina, na Unidade de
Saúde São Lucas.
De acordo com a ANVISA, através da RDC nº306/04, o manejo desses resíduos
é realizado de maneira correta em todas as suas etapas.
Nos setores: consultórios médicos, fonoaudiologia e ultra-som, o manejo
dos RSS do subgrupo A6 é realizado de forma semelhante, como demonstra a figura 6.
Resíduos descartados
em sacos pretos,
impermeáveis, sem
identificação
Acondicionados em
recipientes desprovidos
de tampa, juntamente
com resíduos do grupo
D
Recolhidos por
faxineiras devidamente
paramentadas e
treinadas
A disposição final é dada
pela empresa, em
aterro domiciliar
Coletados e
transportados pelo
sistema de coleta
pública do município,
que é terceirizado
Encaminhados pelas
faxineiras ao
armazenamento
externo de resíduos
Figura 6. Manejo dos RSS do subgrupo A6 gerados nos consultórios médicos,
fonoaudiologia e ultra-som da Unidade de Saúde São Lucas.
Desta forma pode-se observar que os resíduos do grupo A6 gerados nestes
locais têm seu manejo realizado de maneira inadequada, pois os RSS são descartados
16
como se fossem resíduos do grupo D, pondo em risco a saúde do meio ambiente e das
pessoas que manusearão estes resíduos após o seu descarte, pelo fato de serem
considerados potencialmente infectantes devido à presença de agentes biológicos
segundo a Resolução nº 283/01, publicada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente –
CONAMA. O manejo, então, apresenta falhas nas etapas de segregação,
acondicionamento e identificação dos RSS do grupo A, estando o estabelecimento em
desacordo com a legislação nestas etapas.
3.2 MANEJO DO GRUPO B
Os medicamentos inadequados para uso foram classificados neste estudo
como resíduos do grupo B, uma vez que se trata de substâncias químicas. De acordo
com a RDC 306/04 da ANVISA, aqueles medicamentos preparados com substâncias de
produtos hormonais, antimicrobianos, citostáticos, antineoplásicos, imunossupressores,
digitálicos, imunomoduladores, antiretrovirais e medicamentos sujeitos a controle
especial, devem ser considerados RSS do grupo B com risco, para os quais deve-se
seguir o manejo de RSS do grupo B com risco e os demais medicamentos receberão o
manejo para RSS do grupo B sem risco, conforme descrito na figura 1.
De acordo com levantamento realizado na unidade de saúde, os setores que
geram esse tipo de resíduo são: farmácia, sala de emergências, sala de cirurgias e
planejamento familiar, que realizam o manejo de forma semelhante, conforme
demonstra a figura 7.
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Identificação dos
medicamentos com
prazo de validade
vencido.
Encaminhados para a
farmácia (quando não
gerados ali).
Dispostos em caixas de
papelão, que são
lacradas pelo
farmacêutico.
Os RSS são coletados e
transportados
juntamente com
resíduos do grupo A.
Armazenadas no
mesmo local que o RSS
do grupo A.
As caixas são
encaminhadas para o
abrigo de resíduos.
A empresa é
responsável pela coleta
, transporte e
disposição final dos
RSS.
Disposição final em
Aterro sanitário Classe I
Figura 7. Manejo dos RSS do grupo B gerados nos setores: Farmácia, Sala cirurgias e
Planejamento familiar da Unidade de Saúde São Lucas.
Desta forma, no manejo destes resíduos, não é realizado corretamente as
etapas de segregação, identificação, armazenamento e tratamento. No entanto, nota-se a
preocupação em mantê-los armazenados em local específico, longe do alcance de
estranhos, evitando até certo ponto a sua utilização de forma inadequada e aos cuidados
do profissional responsável pelo setor.
Os produtos hormonais e imunossupressores, se inadequados para uso, são
devolvidos a 12ª Regional/DIAF – Diretoria de Assistência Farmacêutica, responsável
pela sua disposição final, havendo desta forma, apenas a etapa de transporte interno.
Após serem acondicionados em recipiente rígido, resistente, com tampa provida de
controle de fechamento, devidamente identificado, são conduzidos ao referido local que
se encontra na cidade de Criciúma, Rua Domenico Sônigo, nº 39, Centro.
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3.3 MANEJO DO GRUPO D
Através do levantamento realizado na unidade de saúde em questão,
observou-se que os RSS do grupo D são gerados em todas as áreas e setores da Unidade
de Saúde onde o seu manejo é realizado de maneira semelhante, conforme a figura 8.
Resíduos descartados
em sacos pretos, sem
identificação
Acondicionados em
recipientes desprovidos
de tampa
Recolhidos por
faxineiras devidamente
paramentadas e
treinadas
A disposição final é dada
em aterro domiciliar
Coletados e
transportados pelo
sistema de coleta
municipal, terceirizado
Encaminhados por elas
ao armazenamento
externo
Figura 8. Manejo dos RSS do grupo D gerados em todos os setores da Unidade de
Saúde São Lucas.
O estabelecimento realiza o manejo do grupo D de maneira inadequada nas
etapas de segregação, acondicionamento e identificação. Em alguns setores observou-se
que funcionários descartam resíduos deste grupo em recipientes para acondicionamento
de RSS do grupo A e E, gerando contaminação e gastos desnecessários.
3.4 MANEJO DO GRUPO E
O levantamento de dados apontou como geradores destes RSS, os setores:
Vacina, sala de cirurgia, sala de emergências e sala de observação. Em todos os setores
o manejo é realizado de maneira semelhante, conforme demonstra a figura 9.
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Resíduos descartados
em caixa para
perfurocortantes,
devidamente
identificada
Ao atingir 2/3 da
capacidade, o
recipiente é lacrado
Encaminhado por
faxineiras treinadas e
paramentadas ao
abrigo de resíduos
Disposição final em
aterro industrial
A empresa é
responsável pela
disposição final
Coletados e
transportados por
empresa terceirizada
Figura 9. Manejo dos RSS do grupo E gerados nos setores: Vacina, Salas de cirurgias e
Sala de observação da Unidade de Saúde São Lucas.
Desta forma, considera-se que o manejo do grupo E no estabelecimento
segue as recomendações da ANVISA.
Atualmente, na Unidade de Saúde São Lucas, o manejo dos RSS não segue
as recomendações propostas pelas legislações vigentes. A partir da análise realizada,
pode-se apontar como pontos críticos do manejo dos RSS os seguintes itens:
Mistura dos grupos A e D em um dos setores, sendo tratados como D;
Transporte interno inadequado do grupo A;
Recipientes quebrados promovendo a utilização das mãos;
Manejo inadequado do grupo B onde não são segregados em
RSS com risco e sem risco a saúde e meio ambiente.
Esta realidade pode ser atribuída a fatores como: desconhecimento da
legislação no que diz respeito, principalmente, à classificação de RSS, permitindo desta
forma o acondicionamento e demais etapas de RSS do grupo A juntamente com o grupo
D em locais acima citados e da mesma forma; a realização do manejo dos RSS do grupo
B de forma igual, sem distinção entre aqueles com risco e sem risco à saúde e ao meio
ambiente. Outro fator pode ser atribuído ao desconhecimento relacionado ao perigo que
20
o manejo inadequado de alguns RSS pode provocar para o trabalhador e para o meio
ambiente em decorrência da presença de componentes químicos e biológicos nestes.
É necessária a minimização da geração, através de uma segregação eficiente
e utilização de tratamentos que diminuam o volume dos resíduos a serem dispostos no
solo, provendo proteção à saúde e ao meio ambiente. Assim, a gestão dos RSS é
indispensável para se obter o desenvolvimento sustentável.
Para elaborar o PGRSS, primeiramente deve-se identificar o problema
através do levantamento do que já é realizado na gestão de resíduos no estabelecimento
e o que é gerado e então definir uma equipe de trabalho para elaborar a implantação do
PGRSS, promover a mobilização e sensibilização dos funcionários sobre o processo que
será iniciado através da disseminação de informações sobre RSS e o PGRSS. A
realização do diagnóstico da situação dos RSS identifica as condições atuais do
estabelecimento, apontando as áreas críticas, além de fornecer dados necessários para a
implantação do plano de gestão. Com a realização do diagnóstico concluída a equipe
deve definir metas, objetivos e o período de implantação, além de ações básicas para dar
continuidade ao PGRSS. Somente após a realização desses passos é que será iniciada a
elaboração do plano para o gerenciamento dos RSS, tendo como próximo passo a
implementação do PGRSS, baseada na documentação que o contém, validada pelo
gestor do estabelecimento, sendo que o plano deve ser periodicamente avaliado.
Siderópolis, assim como muitos municípios brasileiros, em razão de
limitações financeiras e falta de pessoal capacitado e qualificado, têm enfrentado
diversas dificuldades na implantação do PGRSS, que vêm sendo resolvidas de maneira
paliativa, sendo considerado um dos maiores desafios na administração municipal.
Tendo isto em vista o presente trabalho traz a proposta de iniciar a elaboração e
implementação do plano de gerenciamento de RSS na FARMÁCIA da unidade de
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saúde, por ser um setor que gera um volume pequeno de RSS e também por ser um dos
locais que a VISA exige a implantação do PGRSS.
Para tanto, faz-se a seguinte proposta:
Conscientizar farmacêuticos e funcionários quanto aos benefícios de um correto
manejo dos RSS em prol da saúde humana e do meio ambiente;
Conhecimento dos RSS gerados no local e sua classificação, bem como as
etapas de manejo adequadas;
Treinamento relacionado ao manejo adequado dos RSS;
Alterações na infra estrutura do setor, aquisição de materiais, designação de um
local para o acondicionamento dos RSS; local para descarte de medicamentos
líquidos do grupo B sem risco; aquisição de recipientes e sacos para o
acondicionamento dos dois tipos de RSS do grupo B;
Relatórios de acompanhamento para verificar melhorias pertinentes às alterações
realizadas, que compreendam, por exemplo, volume de RSS gerados a partir do
novo método para comparar custos com o manejo.
Com o sucesso da implantação do PGRSS na farmácia, pode-se ampliar a
proposta para outras áreas do estabelecimento, principalmente nas áreas críticas.
4
CONCLUSÃO
A geração e o descarte inadequado de RSS representam hoje um grande
desafio a ser enfrentado pela população do mundo todo, por implicarem riscos tanto à
saúde humana quanto ambiental, portanto todo estabelecimento de saúde gerador de
RSS tem a obrigação de elaborar o PGRSS garantindo o manejo adequado dos mesmos.
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Para que o PGRSS seja implementado com sucesso em um estabelecimento
de saúde, é imprescindível diagnosticar a situação atual do manejo dos RSS no local,
pois o diagnóstico fornecerá informações necessárias para a elaboração do PGRSS.
A partir do estudo realizado, foi possível descrever o Manejo de Resíduos
de Serviço de Saúde Realizado na Unidade de Saúde São Lucas, em Siderópolis,
baseado em legislações e normas específicas bem como determinar seus pontos críticos,
sendo que a unidade de saúde gera resíduos do grupo A, B, D e E, e o manejo destes
RSS apresenta diversas falhas em alguns setores.
Essas falhas podem ser concertadas a partir da elaboração do PGRSS, que
no caso de serviços públicos, tem sua implementação dificultada em virtude da escassez
de recursos e pessoal devidamente capacitado. A unidade de saúde em questão vem
melhorando a sua realidade, já que durante a elaboração deste trabalho passou por
reformas em sua estrutura física e agora vêm adquirindo equipamentos, como
recipientes para acondicionamento de resíduos do grupo A e desta forma espera-se que
o gerenciamento dos RSS seja melhorado através da realização das etapas de
acondicionamento e identificação, logo será possível diminuir os riscos e quantidades
de resíduos a serem tratados e também reaproveitar materiais recicláveis através da
etapa de segregação, reduzindo desta forma custos para tratamento e disposição final
dos RSS através do PGRSS.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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DF, 10 dez. 2004.
23
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de abril de 2005. Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos
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