Recuperação de Mata Ciliar com Sistema Agroflorestal, Itajaí

Propaganda
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS, DA TERRA E DO MAR
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – ÊNFASE EM BIOTECNOLOGIA
Recuperação de Mata Ciliar com Sistema
Agroflorestal, Itajaí - SC
Karoline Lisanne Fendel
Orientadora: Rosemeri Carvalho Marenzi
Itajaí, novembro/2007
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS, DA TERRA E DO MAR
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – ÊNFASE EM BIOTECNOLOGIA
Recuperação de Mata Ciliar com Sistema
Agroflorestal
Karoline Lisanne Fendel
Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso
de Ciências Biológicas, como parte dos
requisitos para obtenção do grau de Bacharel
em Ciências Biológicas.
Orientadora: Rosemeri Carvalho Marenzi
Itajaí, novembro/2007
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
ii
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
“É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz do coração.”
Vinícius de Moraes/Baden Powell
Samba da Bênção
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
iii
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente ao Grande Espírito, que através da sua criatividade me
inspira cada dia em observar e interagir cada vez mais com a natureza e ao mesmo tempo me
fascina pela perfeição e sincronicidade dos eventos.
Espero que todos tenham a oportunidade de escreverem sobre o que gostam numa
monografia, eu tive essa chance e sou eternamente grata, pela minha orientadora abraçado
essa idéia comigo.
Agradeço aos meus pais e minha família por me darem a oportunidade de estudar e
sempre me incentivaram a buscar minha felicidade, da qual eu achei dentro de mim mesma.
Agradeço também a minha outra família que está além dos laços sangüineos, de irmãos e
irmãs, que estiveram comigo nestes cinco anos de acadêmia, como também à todos aqueles
amigos (as) que sempre diziam: Você consegue !
A aqueles que estiveram diretamente ligados a este projeto: Rosimeri C. Marenzi
(minha mãe da academia), Antônio Henrique dos Santos (meu pai da agrofloresta), aos atores
sociais envolvidos que me receberam com amor e humildade.
Aos amigos: Aninha (medições e visitas), Paola Chacon (apoio espiritual), Nina
Castro (pelos layouts), Amaro (mudas), Hendrik Fendel (apoio gráfico), as amigas biólogas
queridas (pelas risadas e distrações): Carolzinha, Mariela, Juli Saldanha, Maria Laura, Camila
e Aline. Aos amigos pesquisadores e extensionistas da Epagri e Microbacias e à todos os
professores intitulados que a vida colocou no meu caminho. Obrigada irmãos e irmãs, aqui se
encerra um ciclo e começa-se outro.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
iv
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS........................................................................................................ VI
LISTA DE QUADROS.....................................................................................................VII
RESUMO ........................................................................................................................ VIII
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................1
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL PERTINENTE ................................................................................2
AGRICULTURA FAMILIAR .....................................................................................................4
SISTEMA AGROFLORESTAL ..................................................................................................6
TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO ...............................................................................................8
OBJETIVOS.......................................................................................................................10
OBJETIVO GERAL ...............................................................................................................10
OBJETIVOS ESPECÍFICOS .....................................................................................................10
MATERIAIS E MÉTODOS ..............................................................................................11
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO .............................................................................11
Área de Estudo 1 ..........................................................................................................12
Área de Estudo 2 ..........................................................................................................14
ANÁLISE DA PERCEPÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS ENVOLVIDOS ................................................15
DESENVOLVIMENTO DO DESENHO DO SISTEMA AGROFLORESTAL .......................................16
Uso de Espécies Arbóreas.............................................................................................16
Uso de Espécies Arbustivas e Herbáceas ......................................................................17
Análise das condições edáficas do solo.........................................................................18
MONITORAMENTO E ANÁLISE DO SISTEMA.........................................................................18
ANÁLISE COMPARATIVA DOS SISTEMAS .............................................................................19
RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................20
PERCEPÇÃO DOS ATORES ENVOLVIDOS ..............................................................................20
Percepção do Espaço....................................................................................................20
Percepção Ambiental....................................................................................................21
IMPLANTAÇÃO DO DESENHO E MONITORAMENTO DO SISTEMA ...........................................23
Condições Edáficas ......................................................................................................23
Espécies Arbóreas ........................................................................................................24
Espécies Medicinais......................................................................................................34
Espécies Agrícolas........................................................................................................35
COMPARAÇÃO DOS SISTEMAS ............................................................................................39
Comparação Ecológica ................................................................................................39
Comparação Econômica...............................................................................................48
PROPOSTA........................................................................................................................51
CONCLUSÃO ....................................................................................................................53
REFERÊNCIAS .................................................................................................................56
APÊNDICES.......................................................................................................................61
ANEXOS..................................................................................................................................79
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
v
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Lista de Figuras
FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO MUNICÍPIO DE ITAJAÍ..........................................................................11
FIGURA 2 - REPRESENTAÇÃO DO MEIO RURAL DE ITAJAÍ -SC, DESTACANDO PELO CIRCULO EM VERMELHO, O
BAIRRO BRILHANTE II. ..................................................................................................................................12
FIGURA 3 - VISTA AÉREA DA ESTUDO 1 - NO BAIRRO BRILHNTE II, JUNHO DE 2006. ...............................................13
FIGURA 4 – FOTO DA ÁREA DE ESTUDO 1, BAIRRO BRILHANTE, ITAJAÍ. ..................................................................14
FIGURA 5: FOTO AÉREA DA SISTEMA 2, NO BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ ..............................................................14
FIGURA 6 - FOTO DA ÁREA DE ESTUDO 2, TAMBÉM EM MATA CILIAR, BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ......................15
FIGURA 7 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA MÉDIA MENSAL DO CRESCIMENTO DA ALTURA E DO COLO DAS ESPÉCIES
ARBÓREAS NATIVAS DO SISTEMA 1, NO BAIRRO BRILHANTE, ITAJAÍ. ............................................................27
FIGURA 8 – PORCENTAGEM DOS GRUPOS ECOLÓGICOS DAS ESPÉCIES IMPLANTADAS NO SISTEMA 1, BAIRRO
BRILHANTE, ITAJAÍ. ......................................................................................................................................30
FIGURA 9 – ESPÉCIES ARBÓREAS NATIVAS PRESENTES NO SISTEMA 2, BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ.....................33
FIGURA 10– PLANTAS MEDICINAIS PLANTADAS APROVEITANDO O ESPAÇO ENTRE AS ESPÉCIES ARBÓREAS, BAIRRO
BRILHANTE, ITAJAÍ. ......................................................................................................................................34
FIGURA 11– MILHO INTERCALANDO AS ÁRVORES PLANTADAS APROVEITANDO O ESPAÇO EXISTENTE PARA A
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS NA ÁREA DE ESTUDO 1, BAIRRO BRILHANTE, ITAJAÍ. ..........................................36
FIGURA 12 – ÁREA DO CULTIVO DE HORLIÇAS NO SISTEMA 2, BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ. ................................37
FIGURA 13 – A) CONSÓRCIOS FEITOS PELO ATOR 3, CARÁ-DO-AR COM BANANEIRA; B) TAIÁS (XANTHOSOMA
SAGITTIFOLIUM SCHOTT) COM MANDIOCA E OUTRAS ARBÓREAS, BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ....................42
FIGURA 14 – TAIÁS PLANTADOS NO ESTRATO HERBÁCEO DA AGROFLORESTA ENVOLVIDOS POR RESTOS DE FOLHA
DE BANANEIRA EM DECOMPOSIÇÃO, BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ...............................................................44
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
vi
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Lista de Quadros
QUADRO 1 - LARGURA EXIGIDA POR LEI DA FAIXA DE ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP).................... 2
QUADRO 2 – ESPÉCIES USADAS PARA COMPOR O SISTEMA ADOTADO, BAIRRO BRILHANTE, ITAJAÍ. .......................25
QUADRO 3 – ESPÉCIES ARBÓREAS DO SISTEMA 1, BAIRRO BRILHANTE, ITAJAÍ.......................................................29
QUADRO 4 – ESPÉCIES ARBÓREAS E ARBUSTIVAS, NATIVAS E EXÓTICAS EXISTENTES NO SISTEMA 2, BAIRRO SÃO
VICENTE, ITAJAÍ............................................................................................................................................31
QUADRO 5 – ESPÉCIES MEDICINAIS TÍPICAS ENCONTRADAS NA SISTEMA 2, NO BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ. ......35
QUADRO 6 – MOSTRA O DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA 1, NO BAIRRO BRILHANTE, ITAJAÍ.................................37
QUADRO 7 – COMPARAÇÃO ECOLÓGICA ENTRE OS SISTEMAS AGROFLORESTAIS. ...................................................39
QUADRO 8 – VALORES DOS NUTRIENTES VOLTADOS AO SOLO PELAS PODAS EM UM SISTEMA AGROFLORESTAL. ...45
QUADRO 9– MOSTRA AS DIFERENTES FASES DE UM SISTEMA AGROFLORESTAL ADAPTADO PARA A ÁREA DE
ESTUDO. ........................................................................................................................................................52
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
vii
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
RESUMO
A mata ciliar é considerada por lei Área de Preservação Permanente (APP), sendo valiosa
para a proteção e manutenção dos recursos hídricos. Também é habitat de inúmeras espécies
de vegetais e animais. Muitos fazem uso da área de mata ciliar para cultivos de subsistência,
produção agrícola ou pecuária e para moradia e não estão dispostos a desocuparem da mesma,
pois dela dependem economicamente, como ocorre em muitas propriedades de agricultura
familiar de Santa Catarina. Contudo, a resolução do CONAMA no 369 de 2006, permite que
ocorram atividades de baixo impacto na mata ciliar, como o manejo sustentável. Portanto, o
objetivo deste trabalho é adotar um modelo de desenho agroflorestal para recuperar a mata
ciliar no bairro Brilhante (Itajaí, SC), comparando com um sistema agroflorestal já existente
no bairro São Vicente (Itajaí, SC). O sistema Agroflorestal é considerado uma atividade de
baixo impacto, cumprindo ao mesmo tempo as funções ecológicas da mata ciliar,
proporcionando subsistência aos agricultores e sendo economicamente viável. A metodologia
utilizada contou com entrevistas aos atores sociais, planejamento e implantação do sistema,
com plantio de espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas com produtos como: óleo, resina e
goma; tanino; pigmentos; fibras; propriedades medicinais; alimentação; e funções como:
quebra-vento; fixação de nitrogênio; produção de mel; potencial de recuperar áreas
degradadas e, por fim, atração a fauna. Também foi realizado o monitoramento por meio de
medições mensais da altura e diâmetro de colo das espécies arbóreas nativas implantadas
durante um ano. A análise da altura mostrou que a espécie Aroeira (Schinus terebinthifolius)
obteve maior crescimento e o Guarapuvu (Schizolobium parahyba) maior desenvolvimento de
diâmetro de colo. A comparação ecológica e econômica mostrou como um sistema
agroflorestal bem estruturado pode ser produtivo e envolvente. Esta proposta parece ser viável
à agricultura familiar, pois reconecta os atores sociais com a proteção e conservação da mata
ciliar e permite uso destes espaços para cultivos de baixo impacto.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
viii
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
INTRODUÇÃO
A água é essencial para a vida no planeta, pois sem ela, com certeza, nada existiria.
Todo o ser vivo necessita de água para viver, sendo que o homem é constituído de 70% de água
e para manter esta porcentagem ele precisa constantemente bebê-la, assim como plantas e
outros animais têm a água como um importante alimento (SEÓ, 1998).
À medida que o homem evoluiu abdicando da vida nômade, nas áreas por ele
cultivadas, a água sempre foi um fator limitante e as matas ciliares não valorizadas como
elementos de qualidade dos recursos hídricos não escaparam da destruição, sendo alvo de
degradação. Basta considerar que muitas cidades foram formadas às margens de rios,
eliminando-se todo tipo de vegetação ciliar; e muitas acabaram pagando um preço alto por isto,
através de constantes inundações (MARTINS, 2001).
Mata ciliar é definida por Prochnow e Schaffer (2002) como “um conjunto de árvores,
arbustos, capins, cipó e flores que crescem nas margens dos rios, lagoas e nascentes”, funciona
como um filtro de toda a água que atravessa o conjunto de sistemas componentes da bacia de
drenagem. Portanto, a floresta protegida pode diminuir significativamente a concentração de
herbicidas nos cursos da água, bem como a retenção de nutrientes e sedimentos. Garante,
assim, a quantidade e a qualidade da água, à fauna e à flora e a população humana ali existente
(FRANK, 2005).
As matas ciliares são fundamentais para o equilíbrio do meio ambiente. Conservá-las e
recuperá-las são ações muito importantes que beneficiam uma grande quantidade de animais
que se alimentam de frutos e folhas ali existentes, como também a biota aquática e os
microorganismos do solo que se beneficiam do material orgânico resultante da vegetação ciliar.
Além disto, a mata ciliar, tem como função a proteção (cílios) das águas e do solo, evitando a
erosão e o assoreamento dos rios. Portanto, também o ser humano aproveita de melhor
qualidade hídrica.
O Código Florestal, Lei n.° 4.771/65 (BRASIL, 1965) inclui as matas ciliares na
categoria de áreas de preservação permanente, mas é difícil encontrar propriedades rurais que
tenham mata ciliar preservada e quando existente encontra-se alterada, erodida ou afetada pelo
pisoteio do gado. No entanto, é possível que o ator tenha interesse de desenvolver atividades
econômicas de baixo impacto associadas à recuperação. Se for considerado que o termo
“recuperação” dá possibilidade de retornar o local a um estado diferente do original, é preciso
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across1
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
admitir tal possibilidade e assessorá-lo para que estas atividades sejam feitas adequadamente,
fornecendo o retorno econômico esperado, porém, na medida do possível, respeitando
princípios básicos de conservação da natureza (INSERNHANGEN, 2004).
Segundo Rodrigues & Gandolfi (1998) é preciso demonstrar claramente as vantagens a
longo prazo da manutenção de áreas de preservação permanente e do correto manejo das áreas
de reserva legal. Sendo assim, a relevância deste trabalho pode ser pelo fato de procurar
demonstrar a vantagem de unir duas atividades importantes: como a conservação da mata ciliar
e o hábito de cultivo de alimento, e/ou produtos naturais (condimentos, ervas medicinais, frutas
e conservas) de forma orgânica e responsável, considerada como agricultura familiar.
Legislação Ambiental Pertinente
De acordo com o Código Florestal Brasileiro, Lei n° 4771/65 (BRASIL, 1965) as matas
ciliares são Áreas de Preservação Permanente (APP), sendo definida como toda área, revestida
ou não com cobertura vegetal, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, de
proteger o solo e de assegurar o bem-estar das populações humanas, ao longo dos rios ou
qualquer curso de água (ALMEIDA et al, 2005). De acordo com o artigo 2° desta lei, a largura
de faixa de APP está relacionada com largura do curso d’água, conforme mostra o Quadro 1.
Quadro 1 - Largura exigida por lei da faixa de Área de Preservação Permanente (APP).
Largura do Rio
Inferior a 10 metros
Rios com 10m a 50m de largura
Rios com 50m a 200m de largura
Rios com 200m a 600m de largura
Rios com largura superior a 600 metros
Nascentes
Largura mínima da Mata Ciliar
30 metros em cada margem
50 metros em cada margem
100 metros em cada margem
200 metros em cada margem
500 metros em cada margem
Raio de 50 metros
Fonte: ALMEIDA et al (2005) com modificações.
Para Meirelles (2003), as leis ambientais, por sua vez, tentam proteger o que restou de
áreas ainda preservadas. Porém, sem uma política de extensão rural florestal ou de formação de
técnicas e agricultores que estimule este tipo de uso da terra, as ameaças e os problemas irão
continuar e, inclusive, agravar-se.
Infelizmente no Brasil a legislação ainda não é de conhecimento de todos e muitos
cidadãos não sabem o que é uma área de preservação permanente. De outro lado, a ação
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across2
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
meramente coercitiva e repressiva por parte do estado não tem se mostrado suficiente para
garantir o cumprimento da legislação ambiental por parte dos agricultores. Além disso, existem
barreiras culturais, normativas e técnicas para que estas exigências legais sejam cumpridas. No
caso dos pequenos agricultores familiares, o problema tende a agravar-se, em função da pouca
disponibilidade de área para produção (RAMOS FILHO; FRANCISCO; JUNIOR, 2007).
Segundo Mello (2007) uma proposta de recuperação de mata ciliar deve ter viabilidade
econômica. Métodos convencionais de recuperação da mata ciliar não resolvem essa questão,
pois se enquadram na legislação florestal que permite somente o aproveitamento de recursos
não-madeireiros, impedindo qualquer outra intervenção. Para Dubois et al (1996), formar
agroflorestas ciliares em áreas desmatadas nas margens de cursos d’água é uma forma útil de
obedecer à lei que proíbe a destruição de florestas ciliares.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), em sua nova resolução n°369
publicada em 28 de março de 2006, possibilita a intervenção de baixo impacto ambiental de
vegetação em APP, com fins de interesse social (Art.10). No artigo 11 desta mesma seção
considera-se intervenção ou supressão de vegetação, eventual e de baixo impacto ambiental,
em APP:

Abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, quando necessárias à
travessia de um curso de água, ou à retirada de produtos oriundos das atividades de manejo
agroflorestal sustentável praticado na pequena propriedade ou posse rural familiar;

Coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e produção de mudas, como
sementes, castanhas e frutos, desde que eventual e respeitada a legislação específica a respeito
do acesso a recursos genéticos;

O plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros produtos
vegetais em áreas alteradas, plantados junto ou de modo misto;

Como também outras ações ou atividades similares, reconhecidas como eventual e de baixo
impacto ambiental pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente.
Esta resolução ainda considera no artigo 11, § 1o :
A intervenção ou supressão eventual de baixo impacto ambiental da vegetação em APP não
poderá comprometer as funções ambientais destes espaços, tais como a estabilidade das
encostas e margens dos rios, os corredores de fauna, a drenagem e os cursos de água
intermitentes, a manutenção da biota, a regeneração e a manutenção da vegetação nativa e a
qualidade das águas.).
Ainda no § 2o, a intervenção ou supressão, eventual e de baixo impacto ambiental, da vegetação
em APP não pode, em qualquer caso, exceder ao percentual de 5% (cinco por cento) da APP
impactada localizada na posse ou propriedade (BRASIL, 2006).
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across3
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
O artigo 4, desta mesma resolução sugere que:
Toda obra, plano, atividade ou projeto de utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto
ambiental, deverá obter do órgão ambiental competente a autorização para intervenção ou
supressão de vegetação em APP, em processo administrativo próprio, nos termos previstos
nesta resolução, no âmbito do processo de licenciamento ou autorização, motivado
tecnicamente, observadas as normas ambientais aplicáveis.
Esta resolução facilita ao ator rural o melhor aproveitamento do espaço de mata ciliar
para obter produtos para a subsistência familiar. Sobre esta resolução, Bessa (2000) explica que
a constituição não proibiu que todas as áreas de proteção legal pudessem ser utilizadas ou
exploradas economicamente, contudo, proibiu a utilização que alterasse as características e os
atributos que deram fundamento à especial proteção. Isto é, como consta no art. 1o, § 2o,
especificando “que não descaracterizem a cobertura vegetal e não prejudiquem a função
ambiental da área”.
Sendo assim, um sistema agroflorestal, cumpre as funções ecológicas necessárias em
mata ciliar para a manutenção do ecossistema e seu manejo de extrativismo segue a legislação
que permite um manejo sustentável. Segundo Garrity & Agus (2000) os sistemas agroflorestais
criam soluções práticas que reduzem a tensão de duas atividades ambientais, proteção da mata
ciliar e a produção de alimentos de subsistência das populações rurais.
Porém, a referida permissão de manejo, por um lado, poderá beneficiar famílias mais
carentes, mas por outro, abre brechas, para a exploração desordenada, daqueles que não
possuem orientação técnica, devido a falta de conhecimento mesmo das próprias autoridades
ambientais responsáveis (FRANCO, 2005). Por isso, é necessária conscientização dos técnicos
de órgãos ambientais para que esse sistema, que tem como intuito a sucessão ecológica, possa
ser divulgado e compreendido a fim de serem incentivados.
Agricultura familiar
A expressão “agricultura familiar” vem ganhando legitimidade social e política no
Brasil, mesmo constituindo-se em um universo extremamente heterogêneo, seja em termos de
disponibilidade de recursos, acesso ao mercado, capacidade de geração de renda e acumulação,
os agricultores familiares brasileiros são responsáveis por 37,9% do valor bruto da produção
agropecuária e 50,9% da renda total agropecuária nacional (NASCIMENTO, 2005).
A agricultura familiar tem uma significativa parcela na economia nacional, respondendo
em média 60% de todos os alimentos consumidos, representa mais de 84% dos imóveis rurais
do país (INCRA/FAO, 2007). Os agricultores familiares são os principais responsáveis pela
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across4
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
manutenção da biodiversidade, recursos hídricos e das riquíssimas manifestações culturais
nacionais. Em 2003 o valor gerado pelas cadeias produtivas da agricultura familiar
correspondeu 38% da produção agropecuária do país e 10% do PIB (FIPE, 2007).
Entretanto a agricultura familiar catarinense vem decrescendo gradativamente ao longo
dos últimos anos. Segundo Ferrari (2004), em 1981 era de 77,9% decaindo para 22,8% em
1999. Esses dados preocupantes mostram a falta de incentivo ao produtor rural, ameaçando a
produção nacional.
Santa Catarina possui 293 municípios, distribuídos em regiões que diferem entre si em
termos socioeconômicos, ambientais e culturais. De acordo com dados do IBGE (1998), 27%
por cento de seus 1.308.533 habitantes vivem no espaço rural. Desse total, cerca de 90% tem
estabelecimentos rurais de menos de 50 hectares de área, ocupados por unidades familiares de
produção agropecuária. Deste modo, como afirmam Paulilo e Schmidt (2003), a imagem do
Estado ainda é fortemente associada a uma agricultura do tipo “colonial”, com base no modelo
de agricultura familiar de origem européia, sendo lembrado, como o “paraíso dos minifúndios”.
Acompanhando de certo modo a trajetória mundial de modernização da agricultura, em
Santa Catarina foi igualmente implantado um modelo de desenvolvimento rural com ênfase no
crescimento econômico, através de incentivos ao uso do crédito rural e de insumos subsidiados.
As políticas voltadas para a implantação deste modelo, como salienta Stropasolas (2003),
foram impulsionadas por complexos agroindustriais nas áreas de avicultura, suinocultura, soja,
maçã, fumo e madeira, através do “sistema de integração de produtores familiares”1, colocando
o estado durante décadas, como quinto produtor de alimentos do Brasil.
Portanto, a agricultura familiar tem uma significativa parcela na economia nacional,
entretanto a mesma, em Santa Catarina, vem decrescendo gradativamente ao longo dos últimos
anos, pois segundo Ferrari (2004), em 1981, era de 77,9% decaindo para 22,8% em 1999. Esses
dados preocupantes mostram que falta incentivo ao pequeno agricultor familiar. Segundo
Contini (1989), “ao se contemplar o pequeno produtor, estaremos, ao mesmo tempo,
contribuindo para a produção de mais alimentos, já que os pequenos são os maiores produtores
de alimentos” p.122.
Devido a este fato, o estado tem um grande potencial agroflorestal para pequenas
propriedades rurais que praticam a agricultura familiar. Segundo Armando et al (2002), esta
1
Segundo Paulilo (1990) “Tecnicamente, esse sistema é definido como uma forma de articulação vertical entre
empresas agroindustriais e pequenos produtores agrícolas, em que o processo de produção é organizado
industrialmente, ou o mais próximo possível desse modelo, com aplicação maciça de tecnologia e capital. São
produtores integrados aqueles que, recebendo insumos e orientação técnica de uma empresa agroindustrial,
produzem matéria prima exclusivamente para ela”(p. 20).
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across5
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
técnica (Sistemas agroflorestais) é interessante para a agricultura familiar por reunir vantagens
econômicas e ambientais. A utilização sustentável dos recursos naturais, aliada a menor
dependência de insumos externo, resulta em segurança alimentar e economia, tanto para
agricultores, como para os consumidores.
Sistema Agroflorestal
Os sistemas agroflorestais (SAFs) podem ser definidos como cultivos combinados de
essências florestais com culturas anuais e/ou com explorações animais, buscando otimizar a
produção por unidade de área, mantendo o princípio do rendimento sustentado (DA CROCE,
1994).
A pesquisa em sistemas agroflorestais está se expandindo no Brasil. Em Santa Catarina,
foram obtidos resultados promissores nesse sentido com erva-mate e culturas anuais
tradicionais da região, quais sejam milho, soja e feijão (DA CROCE, 1994).
Estes sistemas podem contribuir para a solução de problemas no uso dos recursos
naturais devido às funções biológicas e socioeconômicas que podem cumprir. A presença de
árvores no sistema traz benefícios diretos e indiretos, tais como o controle da erosão e
manutenção da fertilidade do solo, o aumento da biodiversidade, a diversificação da produção e
o alongamento do ciclo de manejo de uma área (ENGEL, 1999).
Nos sistemas agroflorestais de alta diversidade convivem na mesma área, plantas
frutíferas, madeireiras, graníferas, ornamentais, medicinais e forrageiras. Cada cultura é
implantada no espaçamento adequado ao seu desenvolvimento e as suas necessidades de luz, de
fertilidade e porte (altura e tipo da copa) são cuidadosamente combinados (ARMANDO et al,
2002).
O sistema agroflorestal propõe otimizar a distribuição da luz solar nos diferentes
estratos, sendo eles: arbóreos, arbustivos e herbáceos. Quando se otimiza o aproveitamento de
luz solar em todos esses extratos de forma a aproveitar todos os espaços, acaba-se diminuindo o
crescimento de gramíneas invasoras.
Quanto a estratégias para melhorar a estratificação do uso da energia luminosa em
SAF´s, Tieszen2 (1983) citado por Engel (1999), recomenda algumas estratégias de manejo:

Consorciar espécies com diferentes necessidades de luz;

Inter-plantio de culturas com alturas semelhantes e diferentes ciclos de vida;
2
TIESZEN, L.L. Photosynthetics systems: implication for agroforestry. In: HUXLEY, R.A. (Ed). Plant research
and agroforestry, Naibori, ICRA, 1983, p.323-345.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across6
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!

Utilização de espécies decíduas, controle do espaçamento e seleção de árvores
com arquitetura adequada;

Consorciação de plantas anuais C4 de crescimento rápido com C3 tolerantes na
fase inicial;

Utilização de arbóreas heliófilas em espaçamentos abertos.
Na primeira fase do sistema, o que realmente importa em relação às espécies usadas
como pioneiras é que cumprem a função de cobrir o solo com sua biomassa, produzam algum
tipo de retorno aos interesses humanos e que, nesse processo, sejam eficientes em conservar a
energia do lugar (VIVAN, 1998).
Para o manejo do sistema agroflorestal, Gliessman (2000) salienta ser um processo
muito simples e baseado nos princípios da agroecologia, o qual proporciona uma estrutura com
a qual é possível analisar os sistemas de produção de alimentos como um todo, incluindo seus
conjuntos complexos de insumos e produção e as interconexões entre as partes que os compõe.
Segundo Vivan (1998) para a escolha das espécies deverão ser analisados alguns fatores que
podem influenciar no desenho definitivo do sistema agroflorestal, sendo que cada espécie
deverá ser analisada perante os seguintes fatores:
1. Arquitetura das espécies:
Este dado é importante para posicionar as espécies no desenho agroflorestal, sendo que
a forma da copada influencia na quantidade de sombra, assim como também na altura
das árvores e na disposição das raízes.
2. Características Ecológicas:
Caracterizar a espécie em caducifólia, decídua, semidecídua, heliófita e esciófita.
3. Grupo Ecológico:
Caracterização do estágio de sucessão ecológica da espécie, como primária, secundária
inicial, secundária tardia, terciária ou clímax (MARTINS, 2000).
4. Habitat:
Tipo de área que a espécie melhor desenvolve-se, podendo ser: encharcada, bem
drenada, sujeita a leves inundações.
5. Tempo:
O tempo é importante para conhecer a época de plantio, floração e frutificação das
espécies, assim como para as anuais, o momento de colheita.
6. Produtos:
Informações sobre a forma de uso de cada espécie, dos quais podem variar de
alimentícia, medicinal, conservação e melhoramento do solo, para condimento, atração
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across7
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
de fauna silvestre, quebra-vento, fixação de nitrogênio, melífera, óleos, resinas, goma,
pigmentos, fibras.
Técnicas de Recuperação
O termo recuperação é definido, como: a restituição de um ecossistema ou de uma
população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua
condição original; Já a restauração, é a restituição de um ecossistema ou de uma população
silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original (BRASIL, 2000).
Portanto, o projeto aqui proposto teve o intuito de recuperar a área, sendo que esta está em
condições diferentes da original.
Via de regra, recomenda-se adotar os seguintes critérios básicos na relação de espécies
para recuperação de matas ciliares, segundo Martins (2001):

Plantar espécies nativas com ocorrência em matas ciliares da região;

Plantar o maior número possível de espécies para gerar alta diversidade;

Utilizar combinações de espécies pioneiras de rápido crescimento junto com espécies
não pioneiras (secundárias tardias e de clímax);

Plantar espécies atrativas à fauna;

Respeitar a tolerância das espécies à umidade do solo, isto é, plantar espécies adaptadas
a cada condição de umidade do solo.
As matas ciliares apresentam grande diversidade de espécies, que resultam em uma
vegetação arbustiva - arbórea adaptada a grandes variações de fatores ecológicos, tais como
inundações, ventos, umidade e secas. Por isso a escolha das espécies faz-se primordial.
O modelo de sucessão de espécie é uma das alternativas usadas para recuperação de
matas ciliares. Parte do princípio de que espécies de início de sucessão, intolerantes à sombra e
de crescimento rápido, devem fornecer condições ecológicas, principalmente sombreamento,
favoráveis ao desenvolvimento de espécies finais de sucessão, ou seja, aquelas que necessitam
de sombra, pelo menos na fase inicial de crescimento (MARTINS, 2001).
O posicionamento das espécies arbóreas e arbustivas, segundo Engel (1999) na
composição dos vários extratos no SAF deve ser baseado no conhecimento do nível de
tolerância das espécies componentes. As árvores mais altas devem ser heliófilas, com altas
taxas de evapotranspiração, enquanto os componentes dos extratos inferiores devem ser
tolerantes à sombra e à alta umidade relativa do ar.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across8
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Almeida et al (2005) recomenda que para o desenvolvimento das espécies, faz-se
necessário o controle de “espécies daninhas”, tais como a gramínea Braquiária (Brachiaria sp)
que é muito encontrada nas margens dos rios, sendo necessário o coroamento das mudas
plantadas, incorporando-se a biomassa ao solo. No entanto, nem toda espécie ruderal pode ser
considerada “daninha”, mas apenas aquelas exóticas que competem com vantagem perante às
nativas plantadas e requeridas no sistema ecológico sucessional.
O controle da erosão e assoreamento dos rios é um dos objetivos que justifica a
recuperação da mata ciliar, segundo FVSA & CA (2006), a agrofloresta protege com maior
firmeza as margens dos rios, diminuindo a velocidade da água, sendo que em solos
desprotegidos a maior parte desta é perdida ao invés de filtrar-se no solo para poder ser
aproveitada pelas plantas. A água também arrasta a camada mais fértil do solo deixando este
desses cada vez mais pobre e improdutivo.
Diante fatores, a implantação de sistemas agroflorestais, na modalidade agrofloresta de uso
múltiplo, constitui-se numa opção alternativa aos procedimentos convencionais de recuperação
da mata ciliar. Três aspectos básicos a justificam: ambientais, culturais e econômicos (MELLO,
2007).
Portanto, foi implantado um modelo de agrofloresta em área de mata ciliar em uma
propriedade no bairro Brilhante, Itajaí. Como o sistema implantado não terá idade suficiente
que permita uma análise de sua sustentabilidade, será comparado com um sistema agroflorestal
já estabelecido, localizado em uma área urbana no bairro São Vicente, nas margens do rio Itajaí
- mirim, também em Itajaí.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across9
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
OBJETIVOS
Objetivo geral
Este projeto tem como objetivo adotar um modelo de desenho agroflorestal para
recuperar a mata ciliar no bairro Brilhante (Itajaí, SC), comparando com um sistema
agroflorestal já existente no bairro São Vicente (Itajaí, SC).
Objetivos específicos
1) Identificar espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas adequadas ao uso sustentável e
recuperação da área,
2) Valorizar espécies medicinais potenciais já existentes na área de preservação
permanente,
3) Verificar as condições edáficas nas áreas de estudo,
4) Acompanhar o desenvolvimento das espécies plantadas,
5) Analisar e relacionar a percepção dos atores sociais e suas interações com o uso e a
recuperação da mata ciliar a fim de integrá-los com a área,
6) Proporcionar condições que contribuam para gerar subsistência e/ou fonte de renda aos
atores sociais,
7) Propor medidas de continuidade para recuperação da área.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
10
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
MATERIAIS E MÉTODOS
Caracterização da área de estudo
O Município de Itajaí possui uma área de 289.255 Km2, com aproximadamente 147 mil
habitantes. Situa-se a 26º latitude sul e 48º de longitude oeste, no litoral norte de Santa
Catarina, na foz do rio Itajaí, a meio caminho entre a capital de Santa Catarina, Florianópolis e
a cidade catarinense mais populosa, Joinville. Assim sendo, é o escoadouro natural da
economia estadual (IBGE, 2006).
Figura 1 - Localização geográfica do Município de Itajaí
Fonte: CIASC, 2007.
O município de Itajaí está envolto por grandes rios, inúmeros córregos e muitas
nascentes, todos seus habitantes utilizam essas águas. Além de ser o maior município pesqueiro
e principal exportador de produtos congelados do Brasil através do Porto, que depende das
águas do rio Itajaí-Açú para funcionamento e locomoção, a população depende da água, mais
do que imaginamos (FITUR, 2006).
Infelizmente a grande maioria dos cursos d`água do município ainda encontram-se
desprovidos de Mata Ciliar. Segundo Frank et al (2005), foi verificado que no trecho de
Blumenau até Navegantes não existe um único remanescente florestal na planície do Rio Itajaí
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
11
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
e suas margens, que pudesse servir de modelo para a recuperação da vegetação ciliar. As áreas
encontram-se descobertas de vegetação de proteção e o solo apresenta diferentes usos:
agricultura, pastagens, mineração, ocupação urbana, rodovias e aterros.
Área de Estudo 1
A área de estudo 1 denominada (sistema 1) está situada no bairro Brilhante II (Figura
2), situado a 30km do centro de Itajaí, onde existe a atuação do Projeto Microbacias 2 da
EPAGRI.
As comunidades do Brilhante I e II, zona rural, constituem a Área de Proteção
Ambiental (APA), aprovadas através da Lei municipal nº 2832, em 1993, abrangendo uma área
de 2.015 hectares. Esta localidade possui cascata, pesque e pague, trilhas, área esportiva e
comida típica, apresentando ótimos quesitos para a implantação da atividade turística (Vieira,
2006).
Figura 2 - Representação do meio rural de Itajaí -SC, destacando pelo circulo em vermelho, o
bairro Brilhante II.
Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento, 2006.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
12
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Esta área de estudo possui 2 ha, estando toda ela situada em área de preservação
permanente, conforme Anexo 1. A área disponível pelo ator para a recuperação de mata ciliar
com um sistema agroflorestal foi de 330m² (Figura 3 e Figura 4). Em março de 2007, devido a
problemas financeiros a família decidiu vender a metade do terreno. A área foi dividida
igualmente (um hectare cada) sendo que, o novo ator construiu uma lagoa de 6 metros de
diâmetro e uma pequena casa dentro do imóvel, alguns meses após a implantação deste estudo.
A propriedade 13 é constituída por 5 pessoas que ali residem, não utiliza o imóvel para a
produção agrícola ou pastoril. A Propriedade 24 se constitui em “casa de campo”, cujo ator
reside em no bairro Cabeçudas, Itajaí.
Figura 3 - Vista área de estudo 1 - no bairro Brilhante II, junho de 2006.
Fonte: Google Earth, 2007.
3
4
Propriedade ou Ator Social 1: Ademir Eduardo Neves e Maria Lurdes dos Santos
Propriedade ou Ator Social 2: Manuel Borges
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
13
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Figura 4 – Foto da área de estudo 1, bairro Brilhante, Itajaí.
Área de Estudo 2
Para comparação entre a área de estudo 1, implantada nesta pesquisa e outra já
instalada, selecionou-se a área de estudo 2 denominada de sistema 2, uma propriedade no
bairro São Vicente, zona urbana de Itajaí. Esta sistema 25 é constituída atualmente por um casal
que utiliza a área para subsistência, está mesma área já sustentou 9 filhos (Figura 5 e Figura 6).
Figura 5: Foto aérea da sistema 2, no bairro São Vicente, Itajaí
5
Propriedade ou Ator social 3:Ernesto e Hilda Hoier
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
14
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Fonte: Google Earth (2007).
Figura 6 - Foto da área de estudo 2, também em mata ciliar, bairro São Vicente, Itajaí.
Análise da Percepção e Integração dos Envolvidos
Este trabalho, com característica de pesquisa participativa, utilizou um roteiro semiestruturado com perguntas abertas para investigar a percepção dos diferentes atores sociais
envolvidos com o estudo. Segundo Seixas (2005), a pesquisa participativa foi difundida
principalmente nos anos 90, tornou-se então uma ferramenta muito útil para o envolvimento
comunitário no desenvolvimento e na gestão de recursos naturais. Segundo a autora, a pesquisa
participativa mobiliza diversas abordagens (ou processos) e técnicas que podem ser utilizadas
no planejamento, implementação, monitoramento e avaliação da gestão de recursos naturais.
Na ocasião, houve troca de conhecimento, sendo esclarecidas informações sobre as leis
pertinentes, a temática mata ciliar e o projeto a ser proposto, e proporcionou a integração dos
atores. A conversa com o ator 1 foi gravada e transcrita posteriormente, sendo que as duas
outras entrevistas somente foram registradas por escrita..
A entrevista realizada com o ator 1 em forma de lista de perguntas fluiu como uma
conversa e foi gravada e redigida depois. Nesse tipo de entrevista segundo Seixas (2005), o
pesquisador prepara uma lista (mentalmente ou por escrito) de questões sobre um tópico
específico, definindo, além disso, o que perguntar, como e a quem.
A formação (integração) com o ator 1 se deu por meio de conversa e troca de
informações. Ainda, foi propiciado uma visita ao ator 3 no bairro São Vicente e participação
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
15
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
em um mini-curso fornecido pelo Projeto AgroFam, realizado pelas instituições nãogovernamentais: Associação de Preservação do Meio Ambiente do Alto Vale de Itajaí
(Apremavi) e o Centro Vianei de Educação Popular (Vianei) no município de Atalanta e Lages,
no Alto Vale catarinense, sobre Agrofloresta para a Agricultura Familiar, no qual estavam
presentes outros agricultores locais, que também estavam implantando um sistema
agroflorestal.
Desenvolvimento do Desenho do Sistema Agroflorestal
O modelo para a recuperação de mata ciliar com sistema agroflorestal seguiu o que
estabelece Vivan (1998), principalmente em relação à escolha das espécies arbóreas, cujas
características avaliadas foram: Arquitetura, características ecológicas, grupo ecológico,
habitat, tempo e produtos.
A representação dos sistemas foi elaborada por meio do softwear Autocard para facilitar
a visualização espacial dos mesmos, cujas etapas de implantação e análise comparativa foram:
Uso de Espécies Arbóreas
Além das características citadas por Vivan (1998), foram selecionadas espécies que
poderiam estar contribuindo com o sistema, funções tais como: melhoramento e conservação
do solo, fixação de nitrogênio, utilização medicinal, alimentícia e atração da fauna silvestre,
além de disponibilidade das espécies nativas encontradas em viveiros da região.
A primeira fase do plantio das espécies arbóreas foi realizada pela pesquisadora, amigos
e funcionários da Secretaria de Agricultura de Itajaí, em outubro de 2006. As espécies arbóreas
foram doadas pelo Viveiro Fazenda Nativa de Itajaí e o transporte foi realizado com veículo da
Univali. No mesmo dia do plantio do sistema agroflorestal, foram plantadas algumas espécies
na outra margem do rio, objetivando um melhor resultado na recuperação, otimizando o espaço
do terreno e respeitando espaçamento de 2m. Estas espécies não receberam monitoramento.
A área encontrava-se com grama de jardim São Carlos (Anoxopus afinis), como mostra
a Figura 3, comum em gramados expostos ao sol e sombra.
As covas foram abertas manualmente com enxadão e cavadeira “boca-de-lobo” com
uma profundidade aproximada de 30x30x30cm, e para a adubação das mudas foi colocado
húmus de minhoca em cada cova. Considerando o que estabelece Armando et al (2002), foram
plantadas as espécies arbóreas selecionadas em um espaçamento 3 x 3 metros, formando a
base do sistema agroflorestal.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
16
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Na segunda fase do sistema, verão de 2007, foram substituídas algumas arbóreas que
haviam morrido e adicionadas mais mudas. Na terceira fase do sistema, maio de 2007, foi
adicionado mais mudas na área de estudo 1.
Uso de Espécies Arbustivas e Herbáceas
As herbáceas e arbustivas escolhidas foram aquelas que poderiam estar contribuindo
com alimentação da família, de fácil cultivo e manejo, segundo informações da entrevista com
os envolvidos.
Foram identificadas as espécies vegetais com princípios medicinais dentro da área de
APP, e foi orientado a família que estas deveriam permanecer ali para servirem também para
auxilio na medicina da família. A identificação destas espécies foi realizada pelos profissionais
da Epagri*, laboratório de plantas bioativas, que identificaram as potenciais espécies. Além
destas, foram plantadas outras espécies medicinais popularmente conhecidas na área de SAF,
as espécies medicinais foram doadas pela Secretaria de Agricultura de Itajaí.
Na primeira fase do plantio foram plantadas as espécies medicinais rasteiras, em
núcleos, num espaçamento mínimo de 30cm entre as espécies. Arbustivas como o café (Coffea
arabica), doadas pela Secretaria da Agricultura de Camboriú foram plantadas em fileiras
intercaladas num espaçamento 2m x 2m, recomendado por ARMANDO et al (2002). Esta
espécie foi utilizada considerando que fosse mudas de café, mas houve um engano na
identificação das mudas, que não foram indentificadas.
Sementes de abóbora e abobrinha (Curcubita sp.) foram plantadas junto com algumas
arbóreas intercaladas, como sugere Armando et al (2002). Este utilizou hortaliças rústicas,
como a abóbora, semeadas nas covas de florestais e de frutíferas, aproveitando a adubação já
feita para as árvores.
As espécies anuais e herbáceas foram plantadas em aléias com as arbóreas, girassol e
abóbora foram plantadas, também na primeira fase, entre as linhas das espécies arbóreas. O
feijão foi plantado com mudas e sementes e o milho com sementes crioulas disponibilizadas
pelo ator 3.
Na segunda fase, no verão de 2007, foram replantadas algumas anuais que estavam
faltando, utiizando sementes de origem crioula. Ainda no mesmo verão foram adicionadas mais
algumas mudas de espécies comestíveis. Na terceira fase, foi feita uma adubação verde para
promover um aumento da matéria verde na área devido a seca que acabam prejudicando a vida
*
Antônio Amaury Silva Júnior e Airton Rodrigues Salerno.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
17
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
do solo. Segundo Armando et al (2002) é interessante incluir leguminosas nesta fase, para
formar uma serrapilheira mais rica em nutrientes que permaneça cobrindo o solo na estação
seca. A espécie escolhida para desenvolver esta função foi a ervilhava (Vicia sativa).
A adubação foi realizada como uma alternativa funcional para diminuir o gasto de mãode-obra e aumentar a fertilidade do solo, devido ao ator 1 não estar muito envolvido em adubar
e cuidar do sistema.
Análise das condições edáficas do solo
Para o melhor conhecimento da qualidade de nutrientes do solo foram retiradas
amostras dos sistemas 1 e 2, já que a propriedade 2 é adjunta a primeira e com mesmas
características. Estas amostras foram encaminhadas para o laboratório de análise de solos da
Epagri em Chapecó.
Monitoramento e Análise do Sistema
O monitoramento foi feito pela pesquisadora, pelas técnicas da Secretaria de
Agricultura, da Epagri e também pelo agricultor. Além da obtenção de dados, as visitas feitas a
área de estudo, tem como objetivo fornecer esclarecimentos de algum tipo de dúvida por parte
dos atores.
A espécies arbóreas receberam um tutoramento de bambu, para demarcar e proteger as
espécies e servir também como guia de crescimento. O monitoramento também consistiu no
coroamento e a adubação das espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas, estas foram
periodicamente adubadas com esterco bovino. Segundo Almeida et al (2005), o coroamento ou
limpeza dos locais onde as plantas se estabelecem, é realizado a fim de evitar a competição
aérea e radicular com ervas daninhas. Sendo que os atores 1 e 2 encarregaram-se em fazer o
controle das espécies daninhas e adubações necessárias. O monitoramento também constituiu
no replantio de mudas que morreram freqüentemente por indivíduos da mesma espécie.
O manejo necessário no sistema implica, segundo Vivan (2003), em remover as plantas
doentes, enriquecer com árvores que irão fazer o futuro da área (sucessão), podar árvores que
estejam sombreando em excesso, e fazer isso para renová-las e não matá-las.
As medições (altura e colo) das espécies arbóreas foram feitas mensalmente para avaliar
o crescimento de cada espécie, assim como também observações na fenologia da espécie, se
houve florescimento ou frutificação durante os meses de estudo.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
18
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Análise Comparativa dos sistemas
Para comparar o sistema implantado (sistema 1) com o sistema já avançado (sistema 2),
foi analisado o sistema ecológico por meio dos atributos: diversidade, estabilidade, ciclagem de
nutrientes e interações bióticas.
Foi estimado também o custo de implantação do sistema agroflorestal, para analisar o
quanto o agricultor gastaria para comprar as mudas e sementes. A mão-de-obra não foi
calculada, pois a intenção é a construção de um sistema de acordo com a disponibilidade de
mão-de-obra familiar.
O transporte também não foi contabilizado, sendo que a intenção do projeto foi
estabelecer vínculos com a prefeitura (secretarias), de forma que contribuísse com a logística.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
19
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
RESULTADOS e DISCUSSÃO
Percepção dos Atores Envolvidos
Percepção do Espaço
Os três atores possuem diferentes percepções, sendo estes classificados em três tipos:
urbano que vive no rural-1 (ator 1), urbano sitiante-2 (ator 2) e agricultor-3 (ator 3). Através
das entrevistas nota-se que o envolvimento destes com o lugar ou espaço é muito variada.
A diferente conexão e percepção do ator 1 com a área, pode ser um desafio quando
planejamos um sistema agroflorestal e a recuperação de uma mata ciliar, pois ambos
necessitam de cuidados e manejo, sendo que segundo Garrity & Agus (2000), a falta de
envolvimento das pessoas que vivem dentro de áreas que estão em processo de recuperação é
um dos grandes motivos do fracasso de projetos de recuperação de mata ciliar convencionais.
Alguns projetos de recuperação de mata ciliar convencionais não fornecem descrições
adequadas da experiência, porque separa pessoa e mundo; pessoa (corpo, mente, emoção,
vontade) e mundo estão engajados em um só processo, que implica no fenômeno perceptivo e
não pode ser estudado como um evento isolado, nem pode ser isolável da vida cotidiana das
pessoas (MACHADO, 1996). Por isso, objetivando envolver os atores, visitas foram feitas no
sistema 1 e tinham o intuito de estabelecer uma relação de amizade entre a pesquisadora e os
atores. Segundo Seixas (2005), a antropologia social aplicada sugere a importância de
estabelecer uma relação de confiança com a população local, através de prolongadas visitas a
campo, onde o pesquisador deve ser paciente, observador e bastante comunicativo.
No entanto, em relação ao ator 1, no primeiro semestre da pesquisa, este não mostrou-se
envolvido e interessado com a proposta. Diversas vezes a esposa do ator 1 citou que gostaria de
sair dali, pois seu marido não arranjava emprego. Portanto, não havia uma ligação de
conectividade com a área, segundo Oliveira et al (1996), a categoria cognitiva de espaço
(quando um local não apresenta mais do que significados funcionais e destituídos de
sentimentos) distingue-se da de lugar (quando o local é percebido como único e repleto de
valores e significados). Esta percepção pode, ao longo do tempo, mudar, pois, segundo
Machado (1996), o significado de espaço freqüentemente se funde com o de lugar “o que
começa como espaço indiferenciado transforma-se em lugar à medida que o conhecemos
melhor e o dotamos de valor” p. 78.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
20
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Este ator não via a propriedade como uma futura fonte de renda, ao contrário do ator 3
que retira da área de 0,8 ha uma grande quantidade dos produtos consumidos, sendo que esta
área já alimentou uma família de 11 pessoas. Segundo Tuan (1980), o sentimento topofílico
entre os agricultores difere enormemente de acordo com seu status sócio-econômico. Portanto,
a não necessidade de uma grande quantidade de alimentos pode também ter influenciado no
pouco envolvimento do ator 1.
A topofilia (relação do homem com o ambiente em que vive) do agricultor está formada
desta intimidade física, da dependência material e do fato de que a terra é um repositório de
lembranças e mantém esperança (TUAN, 1980). Conforme o autor a consciência do passado é
um elemento importante no amor pelo lugar, o ator 3 possui uma forte ligação familiar com a
propriedade, passada de geração para geração e sempre cultivada com sistema agroflorestal, a
área era de seus pais e está repleta de lembranças e recordações.
O ator 2 também tem uma relação de lugar com a área adquirida, mesmo possuindo
menor tempo de uso e convívio com a área. Através da entrevista foi descoberto que este foi
criado em área rural e sempre teve muita intimidade com a floresta, sendo, segundo ele, um excaçador de animais.
Os atores 2 e 3 cresceram em famílias que tinham o costume de plantar. Portanto,
aprenderam técnicas e maneiras de cultivo com seus pais. Diferente do ator 1, que não teve essa
vivência. Esse fato pode vir a explicar a causa do não envolvimento deste ator com a área de
estudo, devido não possuir uma relação de afeto (lembranças) com a terra, pois segundo
Jordana (1992) a percepção ambiental é condicionada por fatores inerentes ao próprio
indivíduo (capacidade imaginativa, mecanismos de associações de imagens, forma de olhar,
etc), por fatores educativos e culturais (influência de aprendizagem, experiências vividas,
gostos e padrões adquiridos, etc), e fatores emotivos, afetivos e sensitivos (relações e
familiaridade com o meio, inclinações emocionais provocadas por associações pessoais, etc). O
conjunto destes fatores resultará em nossa capacidade de perceber e, portanto, de nos
comportarmos perante o meio em que vivemos.
Percepção Ambiental
Através das entrevistas foi observado também que os atores 1 e 3 não conheciam a
definição de Área de Preservação Permanente (APP) e mata ciliar. O ator 2 soube definir APP,
porém também não sabia sobre a mata ciliar. Os termos foram, então, explicados e mostrada a
importância de recuperar e manter essas áreas.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
21
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Ao longo de conversas com o ator 3 e na entrevista dos atores 1 e 2 foi perguntado
sobre o Palmito Jussara (Euterpe edulis) e sua utilização. Todos conheciam a palmeira, porém
como fonte de palmito Então, foi explicado como utilizar os frutos desta espécie para produzir
o açaí, que é extremante rico em vitaminas e sais minerais. Segundo Vivan (2003) sua semente
é alimento básico e sustentação de toda uma cadeira trófica no ecossistema
Sobre as espécies vegetais, o ator 1 possui algum tipo de conhecimento sobre culturas
mais comuns, como mandioca, milho, feijão, etc. No entanto, vivendo no local há 10 anos, a
produção de alimentos é mínima, isso mostra o quanto um sistema agroflorestal pode ser útil
para esta família.
O ator 2 vem se envolvendo com o plantio e com local. Com apenas alguns meses de
posse da nova área já foi notável a diferença de organização entre os dois terrenos. Segundo
Machado (1996), todos nós somos artistas e arquitetos da paisagem, criando ordem e
organizando espaços. Este também possui bastante conhecimento sobre as espécies vegetais e
constantemente traz esterco bovino, adubando todas as mudas. A adubação e o cuidado são
primordiais, principalmente para o crescimento inicial das mudas. Segundo Young (1989),
existe sempre uma responsabilidade inicial de aplicação de nitrogênio dentro do sistema.
A construção da lagoa na área de mata ciliar do ator 2 foi bastante questionada no
princípio, devido a ocupação em APP e ter interferido no crescimento de algumas mudas que
foram transferidas ou acabaram mortas pelo diferente microclima úmido ali criado. Porém,
mesmo com a implantação, trouxe para a área um novo ambiente que pode ser aproveitado pelo
ator para o cultivo em meio úmido, assim como diversidade de animais, peixes, patos e
marrecos, a pesar destes últimos poderem prejudicar algumas mudas pelo pisoteio ou predação.
O ator 3 está constantemente interagindo com a área. Ele e sua esposa possuem uma
relação muito harmoniosa com o local. Possuem um conhecimento mais específico sobre
diferentes plantios em sombra, tais como as raízes: taias, inhames, carás e mangarito, as quais
são bastante cultivadas no estrato herbáceo da agrofloresta, assim como consórcio entre
espécies.
Estas raízes, por ele cultivadas, abrem um novo leque de produtos da agrofloresta.
Segundo Santos (2005), o consumo de pães de raízes que são raladas e misturadas com fubá de
milho, também é um potencial a ser explorado junto a restaurantes naturais e para a população
que possui intolerância ao glúten presente no trigo (celíacos).
Esse conhecimento tradicional de cultivo destas raízes vem diminuindo gradativamente,
com o crescimento de monocultivos de banana, arroz irrigado e gado de corte. Os efeitos
nocivos ocorreram também no manejo destas culturas (SANTOS, 2005). Segundo o autor,
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
22
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
esses conhecimentos foram passados dos indígenas para os caboclos e esses para os alemães,
que hoje são os que cultivam a tradição de plantar essas raízes. O ator 3, por ser de origem
alemã, possui esse conhecimento, passado pelos seus pais.
Por isto, juntar os saberes da antiga agricultura dos indígenas e dos imigrantes com a
moderna agricultura de base ecológica é tão importante. Esta é a base para ser entendida e
aperfeiçoada quando falamos de sistemas agroflorestais sustentáveis (MEIRELLES, 2003).
Implantação do Desenho e Monitoramento do Sistema
Através dos resultados obtidos no plantio, foi plotado no programa Autocad, as espécies
escolhidas para a recuperação da área, formando assim o layout 1 (Apêndice 4) do desenho
após o plantio inicial. Também foi gerado o layout 2 (Apêndice 5), resultando no desenho final
do sistema implantado.
Na implantação do SAF foram incluídas plantas de ciclo curto, médio e longo, de forma
a fornecer renda desde o primeiro ano e permitir a utilização de culturas perenes, que depois de
implantadas diminuem a demanda de mão-de-obra e proporcionam renda por muitos anos
(RIBEIRO, 2001). A base para a implantação do sistema foi, portanto, a sucessão de vegetação
e fauna associada aos ecossistemas onde foi instalado, de modo a harmonizar o objetivo do
agricultor e as espécies que lhe interessam com as características do local conforme estabelece
Vivan (1998).
Portanto foram plantadas junto com as arbóreas, espécies agrícolas e medicinais, que
poderão estar fornecendo alimentos e fonte de renda alternativa, obtendo-se, assim, um sistema
multi-estrato, com o aproveitamento máximo de energia solar e de nutrientes (ROCKENBACH
& DOS ANJOS, 1994).
Condições Edáficas
Foram analisadas as condições edáficas do sistema 1 e do sistema 2, conforme Anexos
2 e 3. Segundo padrões de qualidade do solo, estipulados pela Comissão de Química e
Fertilidade do Solo do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina (2004), o sistema 2 apresentou
maiores níveis de fertilidade do que o sistema 1. Níveis de CTC, (capacidade de troca de
cátions do solo) no sistema 1 foram de 26,02 e no sistema 2 de 76,49 (média6). Segundo
6
Os valores indicados do sistema 2 são médias dos três tipos de solo encontrados: Solo arenoso, solo argiloso e
solo de clareira (horta).
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
23
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Gliessman (2000), quanto mais alta a CTC melhor a capacidade do solo de reter e trocar
cátions, prevenir a lixiviação de nutrientes e fornecer nutrição adequada às plantas.
Os níveis de pH encontrados no sistema 1 foram de 4,8 e no sistema 2 de 5,83, sendo
ambos considerados ácidos, porém o sistema 2 apresenta um pH propício ao desenvolvimento
de plantas, segundo padrões estipulados. A acidez, segundo Gliessman (2000), é resultado da
perda de bases pela lixiviação de água no perfil do solo, da absorção de íons de nutrientes pelas
plantas e da produção de ácidos orgânicos por raízes de plantas e microrganismos. Segundo o
autor, as espécies leguminosas são sensíveis a pH baixo, devido ao impacto que os solos ácidos
tem sobre os simbiontes microbianos na fixação do nitrogênio. Portanto, altos níveis de acidez
podem vir a prejudicar as espécies leguminosas, principalmente no sistema 1.
O sistema 2 não apresentou presença de Alumínio, entretanto no sistema 1 a amostra de
solo mostrou a presença deste metal, de 1,5 cmolc/dm3.
Sendo este tóxico, pode vir a
prejudicar as plantas. Esta presença pode se dar, conforme Durigan e Pagano (2000), em
ecossistemas florestais perturbados e em fase de regeneração, os quais apresentam espécies
com baixa absorção de Al. Portanto, o sistema 1 ainda não apresenta capacidade de absorção
do Alumínio presente no solo, ao contrário do sistema 2, já maduro.
A porcentagem de matéria orgânica presente no sistema 1 foi de 2,6%, já no sistema 2
foi de 4,5%. Esses valores mostram que o sistema 2, possui maior produção de matéria
orgânica, sendo que para Gliessman (2000) esta é formada por raízes, microrganismos,
pedofauna, metabólicos microbianos e substâncias húmicas. Segundo o autor, além de fornecer
a fonte mais óbvia de nutrientes para o crescimento das plantas, ela constrói, promove e
protege e mantém o ecossistema do solo. Foram também encontradas diferenças nos níveis de
macronutrientes (K, P, Mg, Ca), sendo todos esses em maior quantidade no sistema 2.
Espécies Arbóreas
Área de Estudo 1
As espécies arbóreas plantadas podem ser verificadas no Quadro 2. O plantio ocorreu
em três fases, sendo utilizados na primeira fase, 15 indivíduos de 13 espécies, havendo uma
mortalidade de 40% (6 indivíduos). Este fato deve ter ocorrido em função do calor intenso e
baixa fertilidade do solo, somente constatada depois da implantação, sendo que se verificado
anteriormente, poderia ter sido reforçada a adubação.
Na segunda fase foram introduzidos 6 indivíduos de Palmito Jussara na sombra
existente no local, como também foram substituídas 2 mudas de Guanandi e Pata-de-vaca por
outros indivíduos na mesma espécie e adicionados mais 2 mudas de Guarapuvu.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
24
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Na terceira fase foram adicionadas mais 5 mudas para incrementar e aproveitar espaços
na área, podendo ser observadas no Quadro 2.
Quadro 2 – Espécies usadas para compor o sistema adotado, bairro Brilhante, Itajaí.
Fase
Família
Anarcadiaceae
Anonaceae
Bignoniaceae
Caesalpinaceae
1
Clusiaceae
Mimosaceae
Margem
esquerda Meliaceae
Myrtaceae
Palmaceae
Ulmaceae
Verbenaceae
Palmaceae
Margem
esquerda
3
Nome popular
Schinus terebinthifolius
Aroeira
Annona cacans
Tabebuia umbellata
Peltophorum dubim
Schizolobium parahyba
Bauhinia forficata
Calophyllum brasiliensis
Inga uruguensis
Cedrela fissilis
Eugenia uniflora
Euterpes edulis
Trema micrantha
Cytharexyllum
myrianthum
Euterpes edulis
Anona
Ipê
Canafístula
Guarapuvu
Pata de vaca
Guanandi
Ingá
Cedro
Pitanga
Jussara
Grandiúva
Tucaneira
Quantidade
de mudas
usadas
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
2
1
1
Jussara
1
Cedro
1
Schinus terebinthifolius
Aroeira
1
Palmaceae
Euterpes edulis
Jussara
6
Caesalpinaceae
Bauhinia forficata
Pata de vaca
1
Schizolobium parahyba
Guarapuvu
2
Clusiaceae
Calophyllum brasiliensis
Guanandi
1
Bombacaceae
Bombacopsis glabra
Cacau do maranhão
1
Bignoniaceae
Jacaranda puberula
Carobinha
1
Ulmaceae
Trema micrantha
Campomanesia
xanthocarpa
Peschiera sp
Grandiúva
1
Margem Meliaceae
direita
Anarcadiaceae
2
Nome científico
Margem
Myrtaceae
esquerda
Apocynaceae
Cedrela fissilis
Guabiroba
Leiteiro
1
1
Tanto as espécies pioneiras como as secundárias e climácicas, foram plantadas no
mesmo dia, uma vez que, as pioneiras por crescerem mais rápido forneceram sombra às
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
25
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
demais, já as secundárias tardias e climácicas foram plantadas na borda inferior, onde há mais
sombra. Segundo Kageyama & Gandara (2000), o uso de espécies arbóreas pioneiras nos
plantios mistos, cria condições de sombreamento para as espécies dos estágios posteriores da
sucessão. Este modelo proporcionou um grande avanço nos modelos de restauração que vêm
sendo utilizados, sendo que as espécies pioneiras normalmente possuem um grande número de
polinizadores e dispersores mais generalistas e em seu grupo ecológico são consideradas mais
importantes para a estrutura da floresta.
Para a escolha das espécies arbóreas foram descritas as características de cada uma
(Apêndice 6). Além dos grupos e características ecológicas, é possível considerar que todas
disponibilizam diversos produtos que podem estar sendo aproveitados pelos atores. Estes
produtos a serem aproveitados foram baseados em Engel (1999); Lorenzi (1998; 2006) e
Martins (2001), e abrangem um grande leque de utilização como: óleo, resina e goma; tanino;
pigmentos; fibras; propriedades medicinais; alimentação; e funções como: quebra-vento;
fixação de nitrogênio; produção de mel; potencial de recuperar áreas degradadas e, por fim,
atração à fauna.
A multifuncionalidade, isto é, diferentes funções e produtos oferecidos pelas espécies
caracterizam o sistema agroflorestal proposto. Essa característica multifuncional possibilita
uma maior interação entre planta-plantador (MOLLISSON, 1991).
Para verificação do desenvolvimento das espécies arbóreas do sistema 1, estas foram
medidas mensalmente, sendo gerado o gráfico (Figura 7), com as espécies que sobreviveram
até o final do projeto. Portanto, resultando em 76% de sobrevivência.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
26
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Crescimento Mensal Médio
10,0
9,0
Altura e Colo (cm)
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
A
no
na
A
C
a
ier
ro
au
ac
o
la
tu
hã
an
fís
a
ar
n
M
Ca
do
ba
ro
Ca
G
n
ra
a
úv
di
2
G
ba
ro
bi
a
u
G
di
an
n
ua
G
pu
ra
ua
vu
1,
Espécies Arbóreas
3
2,
g
In
á
s
Ju
ra
sa
3
2,
1,
Altura
ca
,2
ir o
va
ite
a1
g
Le
de
n
ta
ta
Pi
Pa
Colo
Figura 7 – Representação gráfica da média mensal do crescimento da altura e do colo das
espécies arbóreas nativas do sistema 1, no bairro Brilhante, Itajaí.
As espécies que responderam ao maior crescimento em altura média mensal foram:
Aroeira (8,7 cm), Ingá (7,2 cm), Canafístula (5,00 cm) e a Pata de vaca (5,00 cm). As espécies
que apresentaram maior expansão do diâmetro do colo foram: Guarapuvu (1,23 cm), Aroeira
(0,60 cm) e Caroba (0,50 cm).
Sendo assim, foi verificado que a Aroeira pode ser uma espécie de rápido
desenvolvimento em mata ciliar. Este dado também foi constatado por Almeida et al (2005). A
Canafístula também apresentou crescimento significativo em altura, sendo esta espécie
pioneira, também é importante para a recuperação de matas ciliares, tanto como para sistema
agroflorestais, por apresentar características ecológicas caducifólias e também por permitir a
fixação de nitrogênio. A Pata de Vaca apresentou a mesma média de crescimento da
Canafístula, sendo esta muito recomendada para a recuperação de ambientes degradados, é
muito usada devido a suas flores exuberantes e qualidades medicinais (LORENZI, 2001;
ENGEL, 1999).
Percebe-se que algumas espécies como Guanandi que apresentou um crescimento
rápido, pertence ao grupo ecológico das secundárias iniciais. Para Kageyama & Gandara
(2000), certas espécies têm comportamentos diferentes em ambientes distintos, algumas
espécies de secundárias fazem papel de pioneiras antrópicas, mesmo não sendo pioneiras, em
ambientes muito degradados pelo homem.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
27
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
O Guarapuvu apresentou um crescimento médio do diâmetro do colo significativo em
comparação com as outras espécies, esta espécie mostrou ter um crescimento rápido e adaptada
as condições do ambiente. No Quadro 3 podemos observar as espécies arbóreas que
apresentaram destaque no sistema 1.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
28
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Quadro 3 – Espécies arbóreas do sistema 1, bairro Brilhante, Itajaí.
Aroeira - Espécie com maior crescimento Guarapuvu – Espécie com maior
médio mensal de altura.
desenvolvimento médio mensal de diâmetro
do colo.
Ingá – Segunda espécie com
crescimento médio mensal de altura.
maior Canafístula – Terceira espécie com maior
crescimento médio mensal de altura.
Pitanga – Apresentou frutos em Outubro de
2007.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
29
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
As outras espécies apresentaram-se adaptadas as condições do solo e clima local,
inclusive a Pitanga apresentou frutificação. Entretanto, o Palmito Jussara, apresentou alto
índice de mortalidade, sendo que desta espécie foram plantados oito indivíduos, restando
apenas três. Deduz-se que não há ainda condições adequadas para esta espécie. Trabalhos
realizados por Almeida et al (2005), mostram que está espécie quando plantada cedo demais,
sem o devido sombreamento necessário e sem condições edáficas propícias tendem a não
adaptarem-se ao ambiente.
A utilização desta espécie foi destacada devido a forte presença nas áreas de mata ciliar,
assim como também o seu importante papel ecológico. Segundo Vivan (2003), o Palmito
Jussara é uma espécie de ciclo longo (podendo alcançar mais de 100 anos), se instala no subbosque sombreado da floresta. Sendo assim, respeitando a sucessão ecológica, está espécie por
ser uma secundária tardia, deve ser introduzida mais tarde no sistema agroflorestal proposto.
Portanto, Kageyama & Gandara (2000) recomendam para plantio de recuperação 60%
das mudas de espécies pioneiras, sendo 30% de pioneiras típicas e 30% de secundárias iniciais.
Das espécies arbóreas nativas usadas no sistema, 31% (6) são pioneiras típicas, 21 % (4) são
pioneiras e secundárias iniciais, 37 % (7) são classificadas como secundárias iniciais e 11% (2)
são secundárias tardias (Figura 8).
Espécies Arbóreas
Pioneira
Pioneira, secundária
inicial
Secundária inicial
Secundária tardia
Figura 8 – Porcentagem dos grupos ecológicos das espécies implantadas no sistema 1,
bairro Brilhante, Itajaí.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
30
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
O ator 1 adicionou no sistema algumas espécies frutíferas exóticas na como: Acerola
(Mapighia emarginata), Uva (Vitis spp), Laranja (Citrus sp) e nativas como: Pitanga (Eugenia
uniflora), Guabiroba (Campomanesia xanthocarpa) e Jaboticaba (Myrciaria cauliflora).
O ator 2 também adicionou mais algumas mudas de árvores, como Ipês (Tapebuia sp),
Jaboticaba (Myrciaria cauliflora), Cítricos (Citrus sp) e mudas de Palmeira Real
(Archontophoenix cunninghamiana), sendo estas duas últimas exóticas. Segundo Ziller (2006)
espécies exóticas invasoras são aquelas que, além de chegar a ecossistemas de onde não fazem
parte naturalmente e aí sobreviver, conseguem adaptar-se, reproduzir-se e dispersar-se
intensamente, a ponto de expulsar espécies nativas e dominar o ambiente.
O uso de espécies exóticas em área de APP não é recomendável, porém espécies
exóticas diversas que não apresentam comportamento invasor e agressivo talvez possam ser
uma alternativa viável para a produção de frutos nestas áreas, principalmente considerando a
iniciativa do ator social como positiva em relação à percepção da diversidade biótica no
sistema.
Área de Estudo 2
Das 46 espécies arbóreas e arbustivas analisadas no sistema 2, 26 espécies são nativas
(57%) e 20 espécies exóticas (43%). Conforme mostra o Quadro 4 abaixo:
Quadro 4 – Espécies arbóreas e arbustivas, nativas e exóticas existentes no sistema 2,
bairro São Vicente, Itajaí.
Família
Anarcadiaceae
Annonaceae
Araucariaceae
Arecaceae
Bignoniaceae
Bixaceae
Boraginaceae
Caricaceae
Clusiaceae
Ebenaceae
Euphorbiaceae
Espécies Arbóreas e Arbustivas
Nome Científico
Espécies Nativas
Schinus terebinthifolius
Aroeira
Fruta
de conde
Rollinia mucosa
Annona cacans
Anona
Araucaria augustifolia
Araucária
Syagrus romanzoffiana
Jerivá
Tabebuia sp
Ipê
Bixa orelana
Urucum
Cordia trichotoma
Louro-pardo
Mamão
Carica papaya
Calophyllum brasiliensis
Guanandi
Caqui
Diospyros kaki
Alchornea triplinervia
Tanheiro
Pachystroma longiloluim
Espinheira Santa
Jatropha curcas
Pinhão-de-cachorro
Origem
Nativa
Exótica
Nativa
Nativa
Nativa
Nativa
Nativa
Nativa
Exótica
Nativa
Exótica
Nativa
Nativa
Exótica
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
31
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Flacourtiaceae
Guttiferae
Junglandaceae
Casearia sylvestris
Rheedia gardneriana
Carya illinoensis
Nectandra sp
Persea americana
Lauraceae
Mangifera indica
Leguminosae
Andira fraxinifolia
Malpighia emarginata
Malpighiaceae
Bunchosia armeniaca
Mimosaceae
Inga sp
Ficus insipida
Moraceae
Artocarpus heterophyllus
Musaceae
Musa paradisiaca L.
Myrsinaceae
Rapanea ferruginea
Psidium cattleianum
Psidium guajava
Myrtaceae
Campomanesia xanthocarpa
Myrciaria cauliflora
Oxalidaceae
Averrhoa carambola
Euterpes edulis
Palmaceae
Cocos nucifera
Syagrus romanzoffiana
Passifloraceae
Passiflora edulis
Rhamnaceae
Hovenia dulcis
Eriobotrya japonica
Rosaceae
Prunus persica
Rubiaceae
Coffea arabica
Citrus limonia
Rutaceae
Citrus latifolia
Sapindaceae
Cupania vernalis
Ulmaceae
Trema micrantha
Verbenaceae Cytharexyllum myrianthum
Cafezeiro do mato
Bacupari
Noz pecã
Canela-amarela
Abacate
Mangueira
Angelim
Acerola
Ameixa do Pará
Ingá
Figueira
Jaca
Banana
Capororoca
Araça
Goiabeira
Guabiroba
Jaboticaba
Carambola
Jussara
Coco-da-Bahia
Jerivá
Maracujá
Uva do japão
Jambolão
Pêssego
Café
Limão Cravo
Limão tahiti
Arco de peneira
Grandiúva
Tucaneira
Nativa
Nativa
Exótica
Nativa
Exótica
Exótica
Nativa
Exótica
Exótica
Nativa
Nativa
Exótica
Exótica
Nativa
Nativa
Nativa
Nativa
Nativa
Exótica
Nativa
Nativa
Nativa
Exótica
Exótica
Exótica
Exótica
Exótica
Exótica
Exótica
Nativa
Nativa
Nativa
As espécies nativas foram então classificadas segundo Vivan (1998), (Apêndice 7).
Destas 26 nativas 35% (9), são pioneiras típicas, 27% (7) são pioneiras e secundárias iniciais,
27% (7) são secundárias iniciais, 7% (2) são secundárias tardias e 4% (1) é climácica (Figura
9).
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
32
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Espécies Arbóreas Nativas
Pioneira
Pioneira e Secunária
Inicial
Secundaria inical
Secundária tardia
Climácica
Figura 9 – Espécies arbóreas nativas presentes no sistema 2, bairro São Vicente, Itajaí.
Algumas espécies usadas pelo ator 3 são frutíferas, bem adaptadas ao clima com origens
diversas. Segundo Shiva (2003), algumas árvores frutíferas são componentes importantes, pois
após um período de “gestação”, as árvores fornecem safras anuais de biomassa comestível
numa base sustentável e renovável.
Espécies exóticas como os cítricos e outras frutíferas parecem não possuir
comportamento invasor e podem não apresentar perigo à biodiversidade, possibilitando a
regeneração natural do sistema. Para Kageyama & Gandara (2002), para ambientes com uma
razoável cobertura vegetal remanescente, que possuem uma grande diversidade, apresentam
significativa regeneração que pode ser observada também no sub-bosque de plantios de
espécies arbóreas exóticas.
As espécies que apresentam potencial invasor no sistema 2, são segundo ZILLER
(2007) a Uva do japão (Hovenia dulcis) e a Jaqueira (Artocarpus heterophyllus). Porém, este
ator ainda não teve problemas com essas espécies, principalmente considerando que o tamanho
da propriedade não permite a invasão incontrolável das mesmas. Dentre as espécies menos
conhecidas destaca-se o Pinhão manso (Jathopha curcas), que possui um óleo que vem sendo
estudado para a produção do biodiesel, sendo sua origem bastante controversa, originária da
América do Sul (BIODIESELBR, 2007).
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
33
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Espécies Medicinais
Área de estudo 1
Foram identificadas 27 espécies vegetais herbáceas e arbustos com princípios
medicinais dentro da área de APP (Apêndice 8) no sistema 1.
Algumas destas espécies não são muito populares para a população em geral, sendo
denominadas vulgarmente por “matinhos”, mas além de propriedades medicinais são essenciais
para a sucessão ecológica, e normalmente são retiradas pelos atores, por ignorar suas multifunções.
As espécies selvagens continuam em volta da mata ciliar, porém estes atores ainda não
as utilizam para fins medicinais. Segundo Pavan (2000), o extrativismo de plantas medicinais
apresenta grande potencial para a utilização racional, uma vez que não implica na remoção da
floresta e, comparativamente com outros usos, pode gerar menores impactos ambientais.
Outras 7 espécies medicinais foram plantadas em núcleo (Figura 10) em dois locais na
área, as quais: quatro exemplares de Ginseng Brasileiros (Pfaffia glomerata), duas Losnas
(Artemisia absinthium), um Boldo (Plectrathus barbatus Andr.), uma Menta (Echinodorus
macrophyllum), duas Malvas (Malva parviflora), dois Oréganos (Origanum vulgare L) e dois
Poejos Miúdos (Cunila microcephala Benth). As espécies medicinais: Menta, Boldo e Ginseng,
ainda encontram-se presentes no sistema 1. Os atores 1 e 2 não acrescentaram nenhuma espécie
medicinal dentro do sistema.
Figura 10– Plantas Medicinais plantadas aproveitando o espaço entre as espécies
arbóreas, bairro Brilhante, Itajaí.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
34
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Área de estudo 2
Foram catalogadas 13 espécies de plantas medicinais típicas (Quadro 5) no sistema 2.
Contudo, muitas das espécies arbóreas presentes no sistema também apresentam características
medicinais. Estas são freqüentemente usadas pelo ator 3 e sua família, estes estão sempre
adicionando novas espécies medicinais ao sistema.
Quadro 5 – Espécies medicinais típicas encontradas na sistema 2, no bairro São Vicente,
Itajaí.
Espécies Medicinais
Nome Científico
Ocismum sp
Ocismum basilicum
Aloe vera
Vernonia condensata
Cymbopogon citratus
Symphytum officinale
Melissa officinalis
Helianthus sp
Mikania guaco
Mentha piperita
Artemisia absinthium
Malva sylvestris
Alternanthera sp
Sambucus nigra
Nome Vulgar
Alfavaca anizada
Alfavaca normal
Babosa
Boldo
Cana de cheiro
Confrei
Erva cidreira
Girassol
Guaco
Hortelã
Losna
Malva
Penicilina
Sabugueiro
Espécies Agrícolas
Área de estudo 1
Como enriquecimento do sistema e também como característica de um sistema
agroflorestal, foram plantadas espécies anuais entre as linhas de arbóreas (Figura 11). As
espécies semeadas foram as popularmente usadas em SAFs e mais consumidas pela população
em geral, as quais, o milho (Zea mays), feijão (Phaseolus sp), girassol (Helianthus sp), abóbora
(Cucurbita sp), taiá (Xanthosoma sagittifolium), abacaxi (Ananas sp), maracujá (Passiflora sp),
abobrinha (Cucurbita sp) e mamão (Papaya sp).
O ator 1 adicionou 15 mudas de banana dentro dos espaços vazios dentro da área de
mata ciliar após a venda e divisão dos terrenos. Esta intervenção do ator 1 mostrou que ele
pode estar se envolvendo com a área de plantio.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
35
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
As espécies que tiveram menor desenvolvimento foram: As cucurbitáceas, como as
abóboras e abobrinhas, as anuais como milho (Figura 11) e feijão, taía e o mamão. As espécies
que melhor se desenvolveram foram: abacaxi, maracujá e o girassol.
Figura 11– Milho intercalando as árvores plantadas aproveitando o espaço existente para
a produção de alimentos na área de estudo 1, bairro Brilhante, Itajaí.
A adubação verde feita com ervilhaca (Vicia sativa) no sistema 1, não se desenvolveu,
sendo que a intenção do plantio era o aumento de massa verde para incorporação no solo.
Segundo Monegat (1991) entre as leguminosas, as ervilhacas são consideradas de grande
importância em função ao seu uso múltiplo, notadamente na alimentação animal e como
plantas de cobertura.
Área de Estudo 2
O sistema 2 possui espécies anuais plantadas dentro do sistema agroflorestal, tais como:
cana-de-açúcar (Saccharum officinarum), mandioca (Manihot esculenta), café (Coffea arabica),
feijão (Phaseolus sp), batata doce (Ipomoea batatas), taiás (Xanthosoma sp), inhames
(Colocaisa sp), diversos tipos de carás (Dioscorea sp) e mangarito (Xanthosoma sp). As
hortaliças exóticas comuns, como: alface (Lectuca sativa), brócolis (Brassica oleracea), couves
(Brassica sp), rabanetes (Raphanus sativus) e etc, são plantadas numa clareira aberta (Figura
12), muitas vezes em consórcio, onde também é feito o plantio de espécies anuais como: milho
(Zea mays), ervilhas (Pisum sativum), feijões (Phaseolus sp) e outras espécies as quais
adaptam-se melhor em áreas abertas.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
36
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Figura 12 – Área do cultivo de hortaliças no sistema 2, bairro São Vicente, Itajaí.
Evolução do Sistema 1
No Quadro 6, pode ser verificadas fotos do desenvolvimento da área durante um ano de
pesquisa, é notável a diferença da propriedade com um todo. O ator 1 nos últimos meses de
pesquisa, mostrou-se mais envolvido com a propriedade e este reproduziu um sistema
agroflorestal com árvores e bananeiras no outro lado da margem do rio e começou uma horta.
Outra mudança notável nas fotografias, é a construção de uma casa pelo ator 2 (Quadro 6).
Quadro 6 – Mostra o desenvolvimento do sistema 1, no bairro Brilhante, Itajaí.
Junho de 2006
Outubro de 2006
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
37
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Janeiro de 2007
Maio de 2007
Junho de 2007
Setembro de 2007
Sistema Agroflorestal implantado pelo Ator
1 do outro lado da margem.
Outubro de 2007
Divisão dos terrenos, a esquerda
propriedade 1 e a direita propriedade 2.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
38
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Comparação dos Sistemas
Comparação Ecológica
A comparação ecológica foi feita entre os sistemas dos atores 1 e 2 (sistema 1)
comparados com o do ator 3 (sistema 2), buscando analisar a dinâmica desses ambientes e
como funciona a ecologia dos dois sistemas. O Quadro 7 mostra os parâmetros comparados,
sendo os resultados descritos em seguida.
Quadro 7 – Comparação ecológica entre os sistemas agroflorestais.
Atributos Ecológicos
Diversidade
19
Sistema 1 (inicial)
Sistema 2 (avançado)
31 espécies vegetais
58 espécies vegetais
7
nativas exóticas
Interações Bióticas
Ciclagem de Nutrientes
Estabilidade
5
19
26
13
medicinais
exóticas
nativas
medicinais
Menor
Maior
Decíduas e semi-decíduas: 58%
Decíduas e semi-decíduas: 44%
Fixadoras de Nitrogênio: 26%
Fixadoras de Nitrogênio: 7 %
Maior Resiliência
Maior Resistência
Diversidade de Espécies
Conforme Gliessman (2005), a diversidade é, simultaneamente, um produto, uma
medida e uma base da complexidade de um sistema e, portanto da sua habilidade de manter um
funcionamento sustentável. Sendo assim, o sistema 1, por possuírem uma menor área cultivada
(330m2) e menor densidade de plantas7 e uma menor diversidade de espécies, portanto,
possuem menor habilidade de funcionamento sustentável. O fator qualidade do solo, permite
que o ator 3 tenha uma regeneração natural de espécies dentro do sistema agroflorestal,
permitindo uma área cultivada com uma alta qualidade e diversidade de espécies.
Segundo Da Croce (1994), a diversificação de cultivos nas propriedades rurais,
minimiza riscos decorrentes de fatores climáticos, favorecendo de forma decisiva a
conservação do solo e da água, como também, possibilita o aumento do leque de fatores de
renda. Desta forma, podemos afirmar que o sistema 2 possui características ecológicas
7
A densidade entre o sistema 1 e o sistema 2 foi observada visualmente.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
39
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
importantes de proteção da mata ciliar complementada com a diversificação de cultivos que
auxilia sua renda.
A diversificação tem uma importância que vai além do fator renda, que são as
interações que ocorrem em função da diversidade de um sistema que o levam a uma
estabilidade. Segundo Gliessman (2005), quanto mais diversidade maior a resistência à
perturbações e à interferências, facilitando também a capacidade de recuperação e restauração
do equilíbrio em seus processos de ciclagem de materiais e fluxo de energia.
A diversidade de espécies encontrada no sistema 2 consiste em 26 espécies nativas e 19
espécies exóticas, sendo a maioria árvores frutíferas comuns. Além das 13 espécies de plantas
medicinais e os cultivos anuais plantados nas clareiras (Apêndice 7), resultando em 58
espécies.
Algumas das espécies comestíveis cultivadas dentro do sistema agroflorestal neste
sistema, de base amilácea são: o cará do ar (Dioscorea bulbifera L.), o cará de pão (Dioscorea
alata L.), o cará mimoso roxo e branco (Dioscorea trifida L.), o taiá (Xanthosoma sagittifolium
Schott), o inhame (Colocasia esculenta Schott), que são colhidos nos meses de inverno (abril a
agosto). Outras plantas amiláceas que fazem parte da alimentação, passíveis de serem colhidas
durante todo o ano são: o aipim (Manihot esculenta) e a batata-doce (Ipomoea batatas),
segundo estudo já realizados na propriedade (SANTOS, 2005).
Devido ao fato deste sistema ser manejado a mais de 60 anos, é natural que a
diversidade deste seja mais complexa. O ator 3 também contribuiu muito com a diversidade do
sistema através da adição de diversas espécies ao longo dos anos. Segundo a entrevista
realizada com o mesmo e conversas informais ao longo do projeto, o sistema sempre foi
cultivado pelos pais do ator dessa forma mista. Esta informação nos leva a perceber que o
sistema agroflorestal é um sistema funcional de sucesso quando bem manejado, podendo ser
produtivo.
A respeito do manejo necessário no sistema, a grande diversidade de espécies pode
significar a necessitada de maior mão-de-obra. Segundo Vaz da Silva (2002), o sistema
agroflorestal é uma alternativa para a recuperação da mata ciliar ao pequeno agricultor,
dependendo da quantidade de mão-de-obra disponível, sendo um SAF simples uma opção, pois
necessita de um menor manejo. O sistema simples proposto pela autora consiste em árvores
nativas (pioneiras e não-pioneiras), duas espécies de leguminosas, o Guandu (Cajanus cajan) e
o feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) ambos utilizados como adubação verde.
O responsável pelo manejo do sistema deve ao longo do tempo acrescentar, estudar e
manejar o posicionamento das espécies, para obter resultados favoráveis. Portanto é importante
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
40
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
o estudo das espécies, suas características e grupos ecológicos como também a preferência de
habitat. Mesmo assim, existem muitas variáveis que podem influenciar no desenvolvimento e
crescimento destas espécies.
O sistema 2, além da diversidade de espécies vegetais, possui também animais, como: 1
vaca, 1 égua, 12 porcos, 2 patas, 17 marrecos e 50 galinhas. Alguns animais são abatidos e
comercializados, deles também provem o esterco, que é usado para adubar algumas áreas,
carne, leite e ovos, usados na confecção dos produtos consumidos pela família. Segundo
Mollison (1991), os animais são muito importantes para fecharem ciclos dentro do sistema,
tanto pelo controle de pragas e doenças, como pela produção de carne e esterco, que é usado
para adubar as mudas.
Interações Bióticas
Muitas espécies possuem comportamentos diferentes quando estão em conjunto com
outras espécies (ODUM, 2007). Fatores como a competição, mutualismo e a simbiose são
fatores relevantes em um sistema agroflorestal, assim como também em uma floresta.
A larga aceitação da idéia darwiniana da “sobrevivência do mais apto” como meio
importante de se realizar a seleção natural dirigiu a atenção aos aspectos competitivos da
natureza. Em conseqüência, a cooperação entre espécies na natureza foi subestimada (ODUM,
2007). Portanto, os sistemas agroflorestais são baseados na cooperação e efeitos positivos entre
espécies.
Sistemas diversos, como o encontrado no sistema 2 mostram efeitos clássicos de
mutualismo e cooperativismo entre as espécies. No sistema 2, foram catalogadas as interações
visíveis dentro do sistema ali existente, segundo SANTOS (2005b) sendo:
“A integração é total, pois plantas de tangerina suportam plantas de cará e as bananeiras estão
localizadas dentro do galinheiro, e árvores de guabiroba sombreiam as bananeiras. A Grandiúva
está presente espalhada por toda a propriedade. Hortaliças, como couve manteiga, couve-flor,
brócolis, alface também são cultivadas em pequenos talhões, sempre cercados por outras
plantas. O milho é consorciado com abóbora, o taiá é consorciado com cará de pão, café
sombreado e outras árvores de porte maior sombreiam o café, como o ingá e a Grandiúva.
Também são encontradas no sistema diversas plantas medicinais, que são utilizadas
freqüentemente pela família”.
Os diversos consórcios feitos pelo ator 3 ( Figura 13 ), mostra a interação benéfica entre
as espécies, resultando em produtividade e otimização de espaço. Segundo Gliessman (2005), o
rendimento resultante dos consórcios é maior do que aquele das culturas “solteiras”. É provável
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
41
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
que estes aumentos sejam resultado da complementaridade das características de nichos, pois
para obter sucesso no consórcio cada espécie deve ter um nicho levemente diferente, para não
ocorrer competição entre espécies.
a
b
Figura 13 – a) Consórcios feitos pelo ator 3, cará-do-ar com bananeira; b) Taiás
(Xanthosoma sagittifolium Schott) com mandioca e outras arbóreas, bairro São Vicente,
Itajaí.
Portanto, é importante o conhecimento do nicho de cada espécie, sendo que o autor
também cita que o manejo bem sucedido de cultivos consorciados depende do conhecimento da
dinâmica populacional de cada membro, bem como as características específicas de nicho. Esse
conhecimento esta muitas vezes, atrelado ao conhecimento tradicional de muitas comunidades
e também de agricultores. Os sistemas agrícolas tradicionais baseiam-se em sistemas de rotação
de cultura, com diferentes espécies em consórcio, incluindo a relação simbiótica do solo, água,
plantas e animais domésticos (SHIVA, 2003).
Entre as interações bióticas mais conhecidas destacam-se as leguminosas e as bactérias
nitrificantes (Rhizobium) que possibilitam a fixação eficiente do nitrogênio. Além das
leguminosas, outras plantas ao redor delas se beneficiam desta característica. Por isso foi
priorizado na escolhas das espécies, árvores com capacidade de fixação de nitrogênio. No
sistema 1, das 19 espécies arbóreas, 5 (26%) espécies apresentam essa característica, já no
sistema 2 das 26 espécies nativas, são apenas 3 (11,5%) espécies, sendo que uma delas é
Grandiúva (Trema micrantha), a qual faz fixação biológica de nitrogênio atmosférico e absorve
fósforo através de fungos com suas raízes formando micorrizas (SANTOS, 2005a). O sistema 2
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
42
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
possui um menor número de espécies fixadoras de nitrogênio porém, existem uma alta
densidade de Grandiúvas espalhadas pelo sistema todo.
Conforme Young (1989), algumas plantas não-leguminosas em associação com fungos
do gênero Frankia, também fixam nitrogênio. Estas o fazem com tanta eficiência quanto às
bactérias Rhizobium. Até agora 160 espécies de cinco gêneros de oito famílias de dicotiledônias
provaram possuir esse tipo de associação (ODUM, 2007).
O sistema 2, por ser manejado há 60 anos pela família, possui uma alta rede de
interações. Segundo Odum (2007), a quantidade de interações é influenciada pela maturidade
do sistema. Sendo assim, o sistema 1 possui uma menor interação entres as espécies, devido a
sua imaturidade.
Ciclagem de Nutrientes
A produção de serrapilheira é o parâmetro mais estudado na ciclagem de nutrientes,
uma vez que representa a principal via de retorno de nutrientes e de matéria orgânica à
superfície do solo mineral que suporta a floresta (PAGANO & DURIGAN, 2000). Esta via de
retorno é muito importante para a independência de insumos externos e para o
desenvolvimento do sistema como um todo.
A diferença da ciclagem de nutrientes e a produção de serrapilheira entre os dois
sistemas é visivelmente distinta. No sistema 1 este ainda não é cíclica, ou seja, eficiente o
bastante para não necessitar de insumos externos. Segundo Pagano & Durigan (2000) e Odum
(2007), a mata ciliar mais jovem é responsável pela maior produção anual de serrapilheira, uma
vez que as espécies pioneiras apresentam rápido crescimento e ciclo de vida mais curto,
investem pesadamente na produção de biomassa em um curto espaço de tempo.
É possível que exista um desequilíbrio de ciclos de nutrientes no sistema, pois segundo
Odum (2007) os ciclos podem se tornar imperfeitos, acíclicos, resultando na situação paradoxal
de haver carências de minerais em um lugar e excesso em outros. Como já mencionado
algumas plantas apresentaram-se fracas e suscetíveis a pragas e doenças, sendo que algumas
não sobreviveram e tiveram que ser substituídas.
A qualidade do solo está relacionada com o fortalecimento das plantas, pois conforme a
Teoria da Trofobiose, explica a relação de resistência da planta, baseia-se nos elementos
nutricionais que ela pode oferecer ao parasita, demonstrando que a resistência encontra-se
realmente ligada a uma carência da planta por algum elemento a ela essencial
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
43
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
(CHABOUSSOU, 1987). Como verificado, as amostras de solo retiradas no sistema 1,
mostram baixos índices de nutrientes e minerais.
Pode-se dizer que o sistema 2 possui um ciclo de nutrientes bem formado pois, a análise
de solo deste sistema mostrou-se muito rica em quantidade de nutrientes. Estes resultados
podem estar relacionados com a abundante serrapilheira e material em decomposição no solo
(Figura 14 ), sendo a ação foliar o componente principal de toda a serrapilheira produzida
(PAGANO & DURIGAN, 2000).
Figura 14 – Taiás plantados no estrato herbáceo da agrofloresta envolvidos por restos de
folha de bananeira em decomposição, bairro São Vicente, Itajaí.
No sistema 1, (Apêndice 6), das 19 espécies usadas, 8 apresentam a característica
ecológica decídua (42%) como também 3 espécies são semi-decíduas (16%). No sistema 2, das
26 espécies nativas 6 são decíduas (22%) e 6 semi-decíduas (22%). A constante incorporação
de folhas ou cobertura morta (serrapilheira) no solo permite uma ciclagem de nutrientes
eficiente, podendo, talvez, ser dispensada a adubação externa. A participação das árvores
decíduas exerce esta função naturalmente dentro do sistema.
Ainda, as decíduas ou semi-decíduas, tendo como característica no inverno ou em
períodos de estiagem perderem as folhas permitindo também a entrada de luz no sistema,
possibilitando que outras espécies possam beneficiarem-se da luminosidade.
Estudos feitos por Young (1989) mostram dados (Quadro 8) dos nutrientes contidos nas
folhas das plantas em algumas árvores usadas em sistemas agroflorestais.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
44
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Quadro 8 – Valores dos nutrientes voltados ao solo pelas podas em um sistema
agroflorestal.
Nutrientes
% do nutriente nas folhas
Nitrogênio
2.0 – 3.0
Nutriente potencial que
retorna ao solo pelas folhas
(kg/ha/ano)
80 – 120
Fósforo
0.2 – 0.3
8 – 12
Potássio
1.0 – 3.0
40 – 120
Cálcio
0.5 – 1.5
20 – 60
Fonte: Young (1989).
Estes dados mostram a importância da decomposição da matéria orgânica no solo,
sendo que o ator 3, realiza também um sistema de manejo de podas na Grandiúva no inverno e
a biomassa é usada como forragem para animais e também é incorporada no solo.
A distribuição de podas ao longo da área aumenta a cobertura do solo e a fertilidade,
resultado do efeito da decomposição das folhas (YOUNG, 1989). Além do aumento da
fertilidade do solo, as podas realizadas aumentam a entrada de luz no sistema.
A cobertura do solo permite que o nitrogênio, um dos mais importantes nutrientes para
as plantas, possa estar disponível (YOUNG, 1989). Este entra continuamente na atmosfera pela
ação das bactérias desnitrificantes, e continuamente retorna ao ciclo pela ação das bactérias ou
algas fixadoras de nitrogênio, por meio da radiação e por outras formas de fixação física
(ODUM, 2007).
Como já mencionado, o sistema 1 possui mais espécies leguminosas do que o sistema 2,
mesmo assim apresenta menor quantidade de serrapilheira. Segundo Pagano e Durigan (2000),
a produção de serrapilheira em matas ciliares varia não somente com o tipo de vegetação que as
compõem, mas também com o teor de umidade, da fertilidade do solo que as suportam e do
grau de perturbação da vegetação (PAGANO & DURIGAN, 2000).
O nitrogênio também possui outra função importante no sistema, pois conforme Young
(1989) pode também reduzir a competição de raízes com as culturas anuais. Nenhum dos
sistemas apresentou competição entre raízes, sendo que nos consórcios usados pelo ator 3, a
presença de lianas é bastante expressiva, tendo um papel importante na produção de
serrapilheira, de acordo com Pagano e Durigan (2000).
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
45
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Estabilidade dos Sistemas
De acordo com Odum (2007) existem duas formas de estabilidade: a estabilidade de
resistência (a capacidade de se manter “estável” diante de estresse) e a estabilidade de
resiliência ou elasticidade (a capacidade de se recuperar rapidamente). As duas formas podem
estar inversamente relacionadas.
O sistema implantado no sistema 1, mostra tender para uma estabilidade mais voltada a
resiliência, devido a recuperação rápida depois do período de estresse do alto verão e do ataque
de formigas. Conforme Odum (2007), temperaturas altas do verão geralmente exigem que a
planta gaste na respiração uma proporção da sua energia de produção bruta. Sendo assim, custa
mais as plantas (menos as C4) manterem sua estrutura no verão.
Possivelmente, esta tendência a menor resistência é decorrente do caráter imaturo do
sistema, sem desenvolver sua cibernética, ou ciência do controle, conforme Odum (2007).
No sistema 2 a ocorrência de pragas e doenças é insignificante, não sendo necessária a
aplicação de agrotóxicos ou fertilizantes químicos. De acordo com Altieri (2001) isto é
resultante da manutenção da biodiversidade no sistema, pois microorganismos do solo,
polinizadores, inimigos naturais, minhocas são componentes chave que exercem um importante
papel ecológico, através de controle natural, ciclagem de nutrientes, decomposição, equilíbrio
de microorganismos indesejados no solo e decomposição de produtos nocivos. O sistema 1
sofreu a aplicação de inseticida contra formigas pelo ator 1.
O sistema 2 apresenta uma tendência para a estabilidade de resistência, pois é capaz de
se manter estável após períodos de estiagem e manejo realizado. Como manejo se considera a
poda, a introdução de novas espécies, extrativismo de plantas medicinais, frutas e raízes,
adubações orgânicas (esterco, pena de aves, cinza, lixo orgânico) e capinas seletiva.
O processo extrativista, executado em intensidade reduzida, não altera as freqüências
fenotípicas ou genotípicas das populações de plantas, além disso, no caso de espécies não
madeireiras, não alteram a paisagem, nem a estrutura do componente biótico (REIS et al,
2002). Portanto, não prejudica as funções ecológicas previstas na resolução no 369 , Art. 11,
para APP.
Esta mesma resolução permite um manejo sustentável dentro da APP, ou seja, na mata
ciliar. Segundo Reis et al (2002), o manejo só é sustentável na medida em que a retirada de um
número de indivíduos (ou partes destes), a cada ciclo de exploração, puder ser reposta pelo
próprio dinamismo da espécie. Portanto, em função desta definição, o manejo que o ator 3
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
46
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
exerce sobre o sistema pode ser considerado sustentável, pois as podas realizadas nas espécies,
principalmente na Grandiúva, é recomposta pela própria espécie. Vemos então que o manejo
sustentável deve ser vista de forma a valorizar áreas florestais, já que este exclui a possibilidade
de retorno mais rápido e rentável (SIMÕES, 2002).
Para Odum (2007), o grau de estabilidade realmente alcançado por um determinado
ecossistema depende, não somente da sua história evolutiva e da eficiência dos seus controles
internos (cibernética), mas também da natureza do ambiente de entrada de energia e também da
complexidade estrutural. São os controles internos, como o manejo (podas, extrativismo e
introdução de espécies) que o ator 3 realiza que caracterizam a estabilidade de resistência do
sistema 2, pois este se mantém estável diante do estresse produzido pelo manejo.
Entretanto, o manejo em um sistema agroflorestal tem como função acelerar a sucessão,
com espécies que forneçam recursos que nos interessam. Conforme Vivan (1998), o manejo é
feito de modo a não comprometer o fluxo de complexificação da vida que está sendo levado
naturalmente. O autor explica que, o manejo ocorre naturalmente através de vendavais e
enxurradas e a intervenção deve visar a renovação do sistema.
As perturbações (estresse) causadas pelas podas ou mesmo por colheitas (raízes, frutos
e folhas) feitas pelo ator 3, permite a renovação dos espaços no sistema. Segundo Ricklefs
(1996), as perturbações causadas por condições físicas, abrem espaço para a colonização e
iniciam um ciclo de sucessão de espécies adaptadas a colonizar sítios perturbados. Com níveis
moderados de perturbação, a comunidade torna-se um mosaico de partes de hábitat em
diferentes estágios de regeneração, as partes juntas contêm a variedade completa das espécies
características da série de sucessão.
Portanto, o manejo auxilia no incremento de diversidade no sistema. O sistema 2 como
já discutido possui, maior diversidade de espécies vegetais que o sistema 1. A diversidade tem
papel fundamental na manutenção da estabilidade do sistema, sendo que a destruição da
diversidade e a criação da uniformidade envolvem simultaneamente a destruição da
estabilidade e a criação da vulnerabilidade (SHIVA, 2003).
Entretanto, uma alta diversidade nem sempre significa maior complexidade, pois para
Odum (2007), a complexidade funcional parece aumentar a estabilidade mais do que a
complexidade
estrutural
a
aumenta.
São,
portanto,
as
interações
bióticas
e
a
multifuncionalidade das espécies no sistema 2 que podem colaborar também com a
estabilidade. A estabilidade alcançada pelo ator 3 é também resultado do tempo de manejo do
sistema (60 anos).
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
47
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
A erosão considerada uma instabilidade física nos dois sistemas é praticamente nula,
devido a pouca declividade de ambas as propriedades, com topografia suave. O sistema 2, por
estar localizada nas margens do rio Itajaí-mirim, sendo este um curso d’água
consideravelmente largo (+/- 10 metros), poderia ser perigosa se ali houvesse erosão.
Felizmente, essa preocupação não existe devido a mata ciliar agroflorestal ali presente.
Segundo Young (1989), o sistema agroflorestal permite meios de combinar o controle de
erosão com o uso produtivo da terra. Como também o efeito do dossel das árvores, diminui o
impacto das gotas de chuvas no solo.
Comparação Econômica
Considerando a necessidade de tornar atrativo o sistema de recuperação de mata ciliar
com a agrofloresta para os pequenos agricultores que dependem da zona de APP para a
subsistência, foram estimados os gastos para a implantação do sistema.
O transporte e a mão-de-obra não foram considerados, devido a ajuda das instituições:
Secretaria de Agricultura de Itajaí, Epagri (Microbacias 2) e Univali. O valor das mudas e
sementes foi estimado através da pesquisa de mercado em redes agropecuárias e viveiros da
região, resultando, assim, em um custo inicial de implantação de 135,40 reais (Apêndice 11).
Porém, a idéia do projeto é que ocorra apoio e convênio entre órgãos governamentais e não
governamentais para que a implantação do sistema seja viável para os pequenos agricultores.
Esse valor pode ser recuperado em curto, médio ou a longo prazo, dependendo do tipo
de cultura a ser utilizada, no caso do sistema 1 é necessário plantio na área ainda disponível e,
com isso maior envolvimento dos atores. No entanto, o sistema quando maduro produzirá
frutos, raízes e essências medicinais.
Talvez a falta de habilidade e de relação com a terra referente ao ator 1 tenha
influenciado na falta de aproveitamento dos recursos que poderiam ter sido gerados no sistema
1 desde o primeiro ano de plantio. Segundo Poltroniéri (1996), a influência dos recursos do
meio ambiente varia de acordo com a percepção humana. Há, portanto, diferentes níveis de
riqueza do espaço e diversos níveis de habilidade humana para aproveitar os recursos, gerando
diferentes formas de organização espacial.
Foi feita uma mesma tabela seguindo o modelo de SANTOS (2005b) para as sistema 1,
analisando as frutíferas e espécies perenes que podem futuramente também gerar colheitas o
ano todo (Apêndice 9).
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
48
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Devido o ator 3 manter espécies remanescentes na mata ciliar, dispensa o valor
estipulado para a implantação do sistema. Isto mostra que devido o sistemas 1 encontrar-se
desprovido de mata ciliar houve custos para a implantação. Segundo Osterroht (2002), uma alta
diversidade tem um custo maior de implantação enquanto depender do trabalho humano.
Porém, após o sistema entrar em autodinâmica, a reprodução e o replantio das muitas espécies
será exercido pelos animais silvestres, a um custo muito baixo.
O sistema 2, hoje é um sistema dinâmico, resultado de investimentos de energia inicial
investidas no sistema agroflorestal, está até hoje fornecendo uma renda indireta a família,
produzindo o ano todo (Apêndice 10), sendo que, o excedente o ator comercializa com os
vizinhos. O ator 3 gasta hoje em dia em média 100,00 reais mensais no supermercado, sendo
que compra basicamente produtos de limpeza, farinhas e outros insumos que não são
produzidos pelo sistema como um todo (incluindo os animais). Hoje em dia, o sistema não
possui muitas demandas de mão-de-obra, este como já possui uma produção contínua e uma
ciclagem de nutrientes dinâmica, resultando numa alta fertilidade cultivada por anos, acaba por
diminuir a mão-de-obra, necessária no sistema 1 imaturo.
Portanto, a mão-de-obra tende a diminuir com a maturidade do sistema. Para a
diminuição da mão-de-obra faz-se necessária a utilização intensiva do solo através de
consórcios, sendo que isto diminui a área efetiva a ser trabalhada e pode manter os mesmos
níveis de produção (ROCKENBACH & DOS ANJOS, 1994). Em um trabalho realizado na
comunidade rural do Córrego do Sossego, em Simonésia, no estado de Minas Gerais foi
constatado uma diminuição da mão-de-obra de 30%, isto devido ao fato da sombra das árvores
leguminosas e da eficiência da adubação verde (Franco et al, 2004). A sombra permite que
espécies de gramíneas cresçam menos, necessitado assim, mesmo capinas e coroamentos.
A comparação econômica da produtividade em sistemas agroflorestais com o
monocultivo de espécies agrícolas é muito difícil, pois uma comparação deste tipo envolve
sistemas inteiros e não pode ser comparados a fragmentos de sistemas agrícolas. Como em
sistemas agroflorestais, a produção também envolve a conservação das condições de
produtividade (SHIVA, 2000), é possível que estes sejam claramente mais produtivos, pelo fato
dos insumos necessários provirem da ciclagem de nutrientes dentro do próprio sistema. Ao
contrário dos monocultivos que dependem de insumos externos (fertilizantes, adubos químicos,
sementes) para poderem alcançar uma produção almejada e mantém o produtor dependente do
mercado externo.
Quando se trabalha com sistemas agroflorestais, de forma a respeitar o limite das
espécies, não é necessário o uso de adubos químicos ou fertilizantes para acelerar e aumentar a
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
49
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
produção. O atual problema encontrado entre os pequenos agricultores é a visão curto-prazista,
pois segundo Young (2002), os ganhos a curto prazo podem se revelar desastrosos a médio e
longo prazos para a comunidade como um todo, sendo que o imediatismo econômico impede
que os sistemas de médio e longo prazos sejam considerados ações cotidianas. Conforme o
autor, não é porque a floresta não gera produtos de importância econômica que ela acaba sendo
destruída, mas sim porque existem outras formas de uso da terra que garantem recursos
financeiros maiores ou mais rápidos para os que promovem o desmatamento. Sendo o sistema
aqui proposto mais produtivo economicamente quando maduro, é necessário persistência dos
envolvidos.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
50
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
PROPOSTA
Para a continuidade do processo de recuperação da mata ciliar com SAF, primeiramente
recomenda-se ações para proporcionar melhoras na condição da fertilidade do solo do sistema
1, podendo ser realizado plantio de espécies com característica de adubação verde, como
guandu e crotalária. A grama seria então coberta, diminuindo a competição por nutrientes
destas com outras espécies. A matéria orgânica também estaria melhorando as condições do
solo, aumentando a fertilidade e a ciclagem de nutrientes.
Deveriam ser introduzidas no sistema 1 mais espécies arbustivas e herbáceas de ciclo curto
e lianas a fim de proporcionar uma subsistência a curto prazo e estimular as relações bióticas
através dos consórcios. No sistema 2 poderiam ser catalogadas as espécies que estão na
sombra, semi-sombra e pleno sol do sistema agroflorestal, para futuras indicações em outros
sistemas, assim como também poderiam ser feitos estudos sobre o manejo e o conhecimento
tradicional do ator 3.
Recomenda-se que o auxilio técnico entre o pesquisador e o ator continue sendo
constante, por meio de visitas a área de estudo, a fim de estimular a criação de novas
estratégias e metodologias. A parceria entre instituições governamentais e não governamentais
é também importante, para que ocorra o fortalecimento das redes locais de incentivo a uma
produção agroecológica livre de agrotóxicos.
Ainda, para uma produção agroecológica, sugerem-se procedimentos como: adubações
orgânicas (esterco, cinza), manejo (podas e por introdução de espécies) e produção de matéria
orgânica (serrapilheira) para a incorporação desta no solo, sendo fatores essenciais ao longo do
projeto.
Para auxiliar no processo de sucessão de espécies, visando a recuperação de mata ciliar
com sistema agroflorestal foram organizados dados8 (Quadro 9), conforme o modelo proposto
por Ribeiro (2001).
8
Importante salientar que esta tabela consiste num modelo, muitas condições podem interferir num sistema
agroflorestal, pois não existe um “pacote pronto” para sistemas agroflorestais. O anos citados são apenas
referenciais para servir como um guia.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
51
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Quadro 9– Mostra as diferentes fases de um sistema agroflorestal adaptado para a área
de estudo.
Fase
Idade (anos)
Espécies
Ambiente e Manejo
01
0-3
Árvores: Nativas da Floresta Atlântica
(pioneiras leguminosas e frutíferas
menos exigentes).
Espécies comestíveis: Milho, feijão,
soja, girassol, abacaxi, mamão,
banana, abóbora, abobrinha e café9.
Espécies adubadoras: arbustos que
produzem grandes quantidades de
matéria verde.
Espécies Medicinais.
02
4-7
03
8-15+
Árvores: Palmito Jussara, Louropardo, frutíferas mais exigentes.
Espécies comestíveis: cará-do-ar,
mangarito, feijão trepador, abacaxi,
pepino, chuchu, favas.
Espécies arbustivas de sombra rala
como: mamão, erva mate, amoras e
raízes como taiás e inhames.
Espécies adubadoras: arbustos que
produzem grandes quantidades de
matéria verde.
Espécies Medicinais.
Espécies nobres que necessitam de
sombra inicial, como Palmito Jussara,
Espinheira Santa, Canela, Louropardo.
Espécies comestíveis: taiás, inhames.
Área
com
grande
quantidade
luz
solar.
Sugere-se o aproveitamento
da luz através do plantio de
espécies que necessitam de
luz na fase inicial. O solo
encontra-se fraco e com
pouca
fertilidade.
Importante a incorporação
de
matéria
orgânica
(serrapilheira) no solo e
adubações orgânicas.
Área com sombra esparsa.
Introdução de espécies de
sub-bosque, mas que não
sejam muito exigentes.
Aproveitamento das árvores
para apoio à trepadeiras.
Solo de fertilidade média,
manejo e podas leves de
algumas árvores para a
entrada
de
luz;
incorporação das folhagens
no solo.
Sistema
Agroflorestal
adulto produzindo frutos e
produtos
diversos.
Ambiente com sombra e
solo com alta fertilidade.
Alta
reciclagem
de
nutrientes. Podas e manejo
leves para entrada de luz
(clareiras)
plantio
de
espécies com necessidade
de luz.
Fonte: Adaptada de Ribeiro (2001).
9
Espécies exóticas; o café é recomendado, mesmo não tendo sido plantado no sistema 1.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
52
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
CONCLUSÃO
Os resultados deste trabalho poderão subsidiar ações locais e servir de modelo para
fortalecer a agricultura familiar de outros produtores rurais, inclusive aqueles que ocupam Área
de Proteção Permanente (APP), principalmente a mata ciliar.
O sistema agroflorestal pode trazer muitos benefícios para a agricultura familiar, porém
ainda fazem-se necessários esclarecimentos sobre a legislação vigente, principalmente
relacionada ao manejo e uso da APP e a divulgação desta até para técnicos e extensionistas.
O modelo testado para a recuperação da mata ciliar com sistema agroflorestal obteve
resultados positivos, sendo constatado ser um sistema interessante para a agricultura familiar de
Itajaí, pois este envolve as esferas: ecológica (recuperação e conservação dos recursos hídricos
e a manutenção da fertilidade do solo), econômica (auxílio para a subsistência familiar e
geração de renda) e, por fim, social devido ao fato de envolver os atores sociais com a área de
mata ciliar.
As análises de solo realizadas nas áreas de estudo indicaram que o sistema 1 possui
baixos níveis de fertilidade (CTC - capacidade de troca de cátions do solo, pouca matéria
orgânica e macronutrientes) e pH muito ácido. Entretanto, o sistema 2 apresentou um solo com
condições ótimas de fertilidade, segundo padrões estipulados pela Epagri.
Foram identificadas espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas que podem estar sendo
usadas para a recuperação da mata ciliar com sistema agroflorestal, sendo que no sistema 1 as
espécies herbáceas e arbustivas plantadas são em maioria medicinais, já no sistema 2 estas
espécies possuem mais características agrícolas.
As espécies medicinais identificadas no sistema 1 foram importantes para que os atores
pudessem conhecê-las e utilizá-las para uso medicinal caseiro, além de permanecerem na área,
sem que os mesmos as retirassem, como é comum em outras áreas por serem consideradas
“ervas daninhas”.
As espécies arbóreas plantadas no sistema 1 foram todas nativas, sendo que 26% destas
são leguminosas, eleitas pela eficiência de fixação de nitrogênio. Apesar do sistema 2 ter
apenas 11,5 % de espécies leguminosas, a Grandiúva (Trema micrantha) também fixa
nitrogênio através de micorrizas e encontra-se espalhada por toda a propriedade.
A participação do ator 1 em recuperar a mata ciliar foi mínima no princípio, porém a
proposta de estar introduzindo espécies que fornecem frutas, raízes, essências medicinais,
fibras, e outros produtos, despertou mais interesse do mesmo. Entretanto, este ator continua
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
53
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
realizando roçadas no outro lado da margem do curso d’água onde existe um declive
acentuado. O ator 2 parece perceber a importância da mata ciliar. Este por sua vez, não roça a
área de declive acentuado, pois sabe da importância das raízes das plantas na manutenção da
estabilidade da encosta. O ator 3 parece estar sensibilizado com a área de mata ciliar devido
esta ter sempre sido mantida através de gerações.
A sensibilização do ator 1 com o sistema agroflorestal e a função ecológica da
propriedade como um todo foi lenta, porém ao final do projeto foram verificados avanços,
resultando no plantio de novas espécies, na reprodução do sistema agroflorestal em parte da
outra margem do córrego e na implantação de uma horta, sendo ainda necessária a
compreensão da importância em manter a vegetação na encosta. O ator 2 esteve ao longo do
projeto disposto e sensibilizado a continuar cuidando e introduzindo novas espécies na
propriedade. O ator 3 sempre esteve envolvido com sua agrofloresta, pois é dela que retira
grande parte do seu sustento.
Foi constatado que a relação dos atores com as suas áreas é muito importante para a
continuidade do projeto, sendo necessários vínculos com a área a ser recuperada. Devido o
sistema agroflorestal carecer de manejo constante, principalmente em fase inicial precisa de
pessoas que estejam realmente a fim de desenvolver um bom trabalho. Muitas características
influenciam no processo de construção de um sistema agroflorestal, assim como também na
recuperação da mata ciliar. Herança familiar, conhecimento tradicional, conectividade com a
terra, objetivos, valores e princípios estão estreitamente relacionados.
Das 19 espécies plantadas na área de estudo 1, sobreviveram 76%, após o
enriquecimento. As espécies: Aroeira (Schinus terebinthifolius), Ingá (Inga uruguensis),
Canafístula (Peltophorum dubim) e Pata de Vaca (Bauhinia forficata) apresentaram maior
crescimento vertical. Para desenvolvimento de diâmetro de colo, o Guarapuvu (Schizolobium
parahyba), Aroeira e a Caroba (Jacaranda puberula) apresentaram destaque em relação ao
desenvolvimento do colo.
A comparação entre os sistemas mostra que os fatores analisados, diversidade,
interações bióticas, ciclagem de nutrientes e estabilidade estão relacionados. As diferenças
ecológicas encontradas entre os sistemas dependem do momento sucessional que cada um
encontra-se. Portanto, todas as fases de evolução do sistema fazem parte do processo de
recuperação de uma área. O sistema 2, considerado maduro, possui características ecológicas
favoráveis para uma maior produtividade, sendo que, o sistema 1 pode com o tempo apresentar
estas características.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
54
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Para a continuidade do projeto proposto será necessária a introdução de mais espécies
de ciclo médio e curto, para fornecer uma subsistência a curto prazo, já que as espécies
arbóreas, de ciclo longo, irão demorar a produzir frutos. Como também serão necessárias
adubações constantes e um maior envolvimento dos atores.
As condições propostas para a subsistência do sistema 1 a curto prazo com espécies
agrícolas não foram muito satisfatórias, sendo que as espécies agrícolas não se desenvolveram
bem na área devido a baixa fertilidade do solo e a competição de gramíneas. Entretanto, as
espécies arbóreas plantadas podem contribuir significativamente com uma futura fonte de
renda para as famílias dos atores envolvidos, através de frutos, resinas, óleos, essências
medicinais e pigmentos.
Para futuras áreas a serem recuperadas com sistema agroflorestal, faz-se necessário o
envolvimento dos atores, técnicos e pesquisadores, assim como também é essencial a
sensibilização destes pela questão ambiental atual que se encontra grande parte das matas
ciliares do estado de Santa Catarina. O sistema agroflorestal é uma alternativa para que a
agricultura familiar possa ser um exemplo de equilíbrio harmonioso e integrado, unindo a
conservação dos recursos naturais e a produção agroecológica sustentável.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
55
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
REFERÊNCIAS
1. ALMEIDA, S. ª, MARENZI, R.C., DI GREGORIO, C. ª S, TOMAZI, M.L. Projeto
de Recuperação da mata ciliar do rio Tijucas. In: SIMPOÓSIO DE
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS, 6, 2005, Curitiba. Anais. Curitiba:
UNIVALI, 2005. p. 708-709.
2. ALTIERI, M. Agroecologia: bases científicas para uma agricultura sustentável.
Guaíba: Ed. Agropecuária, 2001. 592 p.
3. ARMANDO, M.S.; BUENO, Y.M.; ALVES, E.R.; CAVALCANTE, C.H.
Agrofloresta para Agricultura Familiar. Circular Técnica 16, CENARGENEmbrapa, Brasília, 2002.
4. BIODIESELBR. Biodiesel no Brasil. Pinhão Manso – Jatropha curcas. Disponível
em: www.pinhaomanso.com.br . Acessado em 29 de agosto de 2007.
5. BRASIL. Lei n° 4771/65. Institui o novo código florestal brasileiro. Brasília, 1965.
6. BRASIL. Lei no 9985, de 2000, Institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação. Ministério do Meio Ambiente. Brasília, 2000.
7. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Legislação Brasileira. 2002. Disponível
em: <http://www.mma.gov.br >Acessado em: 22 mar. 2006.
8. CHABOUSSOU, F. Plantas doentes pelo uso de agrotóxicos: a teoria da
trofobiose. Porto Alegre: L&PM, 1987.
9. CIASC. Centro de informática e automação do estudo de SC. Mapa interativo de
SC. Disponível em: http://www.mapainterativo.ciasc.gov.br/sc.phtml. Acessado em 24 de
maio de 2007.
10. CONTINI, E. Comentários sobre planejamento para o desenvolvimento rural e
pesquisa agropecuária. In: CONTINI, E., ALIVIA, A. F., TOLLINI, H.; Alimentos,
política agrícola e pesquisa agropecuária. Brasília: Embrapa – DPU, 1989.
11. DA CROCE, D. M. A pesquisa em sistemas agroflorestais no estado de Santa
Catarina. In: I Seminário sobre Sistemas Agroflorestais na Região Sul do Brasil, 1.,
1994, Colombo. Anais. Colombo: EMBRAPA – CNPF, 1994. 260p.
12. DIEGUES, A. C. Aspectos sociais e culturais do uso dos recursos florestais da
mata atlântica. In: SIMÕES, L. L & LINO, C. F.; Sustentável Mata Atlântica: a
exploração de seus recursos florestais. São Paulo. SENAC:SP, 2002, p. 135-158.
13. ENGEL, V. L. Introdução aos sistemas agroflorestais: Botucatu, FCA/UNESP,
1999.
14. FERRARI, D. L; Agricultura familiar e trabalho rural em Santa Catarina.
Revista Agropecuária Catarinense, v.17. n.1. mar.2004.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
56
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
15. FIPE - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas. In: Ações do Ministério do
Desenvolvimento Agrário para a Conservação da Biodiversidade. Brasília. 2007.
(cartilha).
16. FRANCO, F. S., NONATO, H., PEDRONI, M. K.; Projeto Doces Matas:
Monitoramento Participativo de Práticas Agroecológicas. Simonésia, MG. 2004.
17. FRANCO, J. G. de O. Direito ambiental em matas ciliares: conteúdo jurídico e
biodiversidade. Curitiba: Juruá, 2005.
18. FRANK, B.; IBBOTSON, D. P.; GHODDOSI, S. M.; SANTOS SILVA, D. Projeto
Piava: Recuperação de ambientes ciliares da Bacia do Itajaí. Universidade
Regional de Blumenau – Instituto de Pesquisas Ambientais. Comitê de
Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí. Blumenau, 2005 (apostila de
curso).
19. FRANK, B.; SCHULT M. S.; SANTOS SILVA, D. Programa de Recuperação de
Mata Ciliar. Universidade Regional de Blumenau – Instituto de Pesquisas
Ambientais. Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí.
Blumenau, 2001.
20. FUNDAÇÃO IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa
Nacional de Amostragem por Domicílio. Rio de Janeiro, 2000.
21. FVSA & CA– Fundación Vida Silvestre Argentina y Conserservación Argentina.
Sistemas Agroforestales: Arboles y cultivos combinados. Argentina: Firefox
Producciones; Puerto Iguazú, Misiones. 2006.
22. GARRITY, D. P & AGUS, F. Natural resource management on a watershed
scale: What can agroforestry contribute? Disponível em: www.icraf.com.
Acessado em 5 de julho de 2007.
23. GLIESSMAN, S. R. Agroecologia: Processos ecológicos em agricultura sustentável.
Porto Alegre: universidade federal do rio grande do sul – UFRGS, 2000.
24. GOOGLE EARTH. Disponível em: www.googleearth.com. Acessado em 27 de
setembro de 2007.
25. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, ago. 1991. Disponível em
http://www.ibge.gov.br> Acessado em: 22 nov. 2006.
26. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, dez. 1998. Disponível em
http://www.ibge.gov.br> Acessado em: 08 mai. 2007.
27. INCRA/FAO. Agricultura familiar no Brasil: Uma análise a Partir do Censo
Agropecuário de 95/96. In: Ações do Ministério do Desenvolvimento Agrário para a
Conservação da Biodiversidade. Brasília. 2007. (cartilha).
28. ISERNHAGEN, I. Restauração ambiental: uma ferramenta para a conservação da
natureza.Curitiba, 2004.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
57
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
29. JORDANA, J. C. C. Curso de Introducción al Paisage: Metodologias de
Valoración. Curitiba: Universidade Federal do Paraná / Universidad de Cantábria,
1992, 60 p. (apostila)
30. KAGEYAMA, P.; GANDARA, F, B. Recuperação de áreas degradadas. In:
RODRIGUES, R, R; LEITÃO FILHO, H, F.; Matas ciliares: Conservação e
Recuperação. São Paulo. USP: Fapesp, 2000, p. 249-269.
31. LORENZI, H. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas
arbóreas nativas do Brasil. São Paulo: Editora Plantarum, 1992.
32. LORENZI, H.; SARTORI, S.; BACHER, L, B.; LACERDA, M. Frutas Brasileiras e
Exóticas Cultivadas (de consumo in natura). São Paulo: Editora Plantarum, 2006.
33. MACHADO, L. M. C. P.; A Serra do Mar Paulista: Um estudo de paisagem
valorizada. In: OLIVEIRA, de. L.; DEL RIO, V., Percepção Ambiental: a
experiência brasileira. São Paulo: Studio Nobel; São Carlos, SP: Universidade Federal
de São Carlos, 1996.
34. MARTINS, S. V; Recuperação de Matas Ciliares. Viçosa: Aprenda Fácil, 2001.
35. MEDUGNO, C. C.; DYNIA, J. F. Método para avaliação do uso sustentável dos
recursos solo e água nos trópicos. Jaguariúna-SP: Embrapa Meio Ambiente, 1999.
36. MELLO, U. P. DE. Agrofloresta: Uma alternativa para a recuperação de mata
ciliar degradada em assentamento de reforma agrária. In: II Congresso Brasileiro
de Agroecologia. Rev. Bras. Agroecologia, v.2, n.1, fev. 2007.
37. MOLLISON, B. Introdução a Permacultura. Austrália: Tagari Publications, 1991.
38. MONEGAT, C. Plantas de cobertura do solo: Características e manejo em
pequenas propriedades. Chapecó-SC: Editora do Autor; 1991.
39. NASCIMENTO, W. S; Produção de sementes de hortaliças para a agricultura
familiar. Circular Técnica. Brasília, DF. 2005.
40. ODUM, E. P. Fundamentos de Ecologia . Philadelphia: W.B. Saunders, 2005.
41. OLIVEIRA, de. L.; DEL RIO, V., Percepção Ambiental: a experiência brasileira.
São Paulo: Studio Nobel; São Carlos, SP: Universidade Federal de São Carlos, 1996.
42. OSTERROHT, M. Implantação de Agroflorestas. Revista
Agroecologia, Botucatu, v.15, n. 15, p. 07-20, jul./ago. 2002.
Brasileira
de
43. P.M.I. Prefeitura Municipal de Itajaí. Disponível em http://www.itajai.sc.gov.br>,
Acessado em: 22. nov. 2006.
44. PAGANO, S. N.; DURIGAN, G. Aspectos da ciclagem de nutrientes em matas
ciliares do estado de São Paulo, Brasil. In: RODRIGUES, R, R; LEITÃO FILHO,
H, F.; Matas ciliares: Conservação e Recuperação. São Paulo. USP: Fapesp, 2000, p.
109-123.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
58
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
45. PAULILO, M, I; SCHMIDT, W. Agricultura e espaço rural em Santa Catarina.
Florianópolis: Ed. da UFSC. 2003.
46. PAVAN, F. S. Plantas Medicinais de mata Atlântica: manejo sustentado e
amostragem. São Paulo: Annablume: Fapesp, 2000.
47. POLTRONIÉRI, L. C.; Percepção de custos e riscos provocados pelo uso de
praguicidas na agricultura. In: OLIVEIRA, de. L.; DEL RIO, V., Percepção
Ambiental: a experiência brasileira. São Paulo: Studio Nobel; São Carlos, SP:
Universidade Federal de São Carlos, 1996.
48. PROCHNOW, M; SCHAFFER W B. A Mata Atlântica e Você: Como preservar,
recuperar e se beneficiar da mais ameaçada floresta brasileira. APREMAVI.
Brasília, 2002.
49. RAMOS FILHO, L. C; FRANCISCO, DA S. C. E; JUNIOR, O.A. Legislação
ambiental de sistemas agroflorestais em assentamentos rurais no estado de São
Paulo. In: II Congresso Brasileiro de Agroecologia. Rev. Bras. Agroecologia, v.2, n.1,
fev. 2007.
50. REIS, M. S, DOS.; MARIOT, A.; CONTE, R.; GUERRA, M. P. Aspectos do
manejo de recursos da mata atlântica no contexto ecológico, fundiário e legal. In:
SIMÕES, L. L & LINO, C. F.; Sustentável Mata Atlântica: a exploração de seus
recursos florestais. São Paulo. SENAC:SP, 2002, p.159-172.
51. RIBEIRO, A. J. Campanha de valorização das reservas legais e mata ciliar: como
usar, sem destruir, as reservas legais e as matas ciliares. 2. ed. Porto Velho,
Rondônia, 2001.
52. ROCKENBACH, O. C.; DOS ANJOS, J. T. Sistemas diversificados de produção
para pequenos produtores rurais. In: I Seminário sobre Sistemas Agroflorestais na
Região Sul do Brasil, 1., 1994, Colombo. Anais. Colombo: EMBRAPA – CNPF,
1994. 260p.
53. RODRIGUES, R. R.; GANDOLFI, S. Restauração de florestas tropicais: subsídio
para uma definição metodológica e indicadores de avaliação e monitoramento. In:
DIAS, L. E.; MELLO, J. W. V. de (eds.). Recuperação de áreas degradadas.
Viçosa: UFV, 1998. p. 203-215.
54. SANTOS, A. H dos. O vale do Rio Taia-Hy – Levantamento de Aráceas e
Dioscoreáceas Comestíveis no Litoral Norte Catarinense. Florianópolis – SC. Tese
de Mestrado. 135 f. 2005a.
55. SANTOS, A. H dos. Quintal Agroflorestal em Itajaí. In: Congresso Brasileiro de
Agroecologia, 3., 2005, Florianópolis. Anais... Florianópolis: UFSC, 2005b.
56. SEIXAS, C. S. Abordagens e técnicas de pesquisa participativa em gestão de
recursos naturais. In: VIEIRA, P. F.; BERKES, F.; SEIXAS, C. S., Gestão Integrada
e Participativa de Recursos Naturais: Conceitos, Métodos e Experiências.
Florianópolis: Secco/A ped. 2005, p. 73-111.
57. SEÓ, H; Manual de Agricultura Natural. São Paulo: Cultrix Ltda,1998.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
59
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
58. SHIVA, V. Monoculturas da mente: perspectivas da biodiversidade e da
biotecnologia. São Paulo: Gaia, 2003. 240 p.
59. TUAN, Yi-Fu. Topofilia: Um estudo da Percepção, Atitudes e Valores do Meio
Ambiente. São Paulo: Difel, 1980.
60. VAZ DA SILVA, P.P. Sistemas Agroflorestais para recuperação de mata ciliar
em Piracicaba, SP. Dissertação de mestrado. Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz. USP. Piracicaba, 2002. 110 p.
61. VIEIRA, J. Identificação do potencial turístico do meio rural de Itajai, Santa
Catarina. Monografia. Universidade do Vale do Itajaí. Itajaí, 2006. 151 p
62. VIVAN, J, L. Revista dos Sistemas Agroflorestais: Centro Ecológico - Litoral
Norte: Dom Pedro de Alcântara, 2003.
63. VIVAN, J. L. Agricultura e florestas: princípios de uma interação vital. Guaíba:
Agropecuária, 1998.
64. YOUNG, A. Agroforestry for soil conservaion. Cabi- ICRAF, Wallingford, UK.
276 p. 1989.
65. YOUNG, C. E. F.; Economia do extrativismo em áreas de mata atlântica. In:
SIMÕES, L. L & LINO, C. F.; Sustentável Mata Atlântica: a exploração de seus
recursos florestais. São Paulo. SENAC:SP, 2002, p. 173-183.
66. ZILLER, S. R. Espécies invasoras que ameaçam a biodiversidade. In: Bensusan,
N; Barros, A, C; Bulhões, B; Arantes, A., Biodiversidade: para comer, vestir ou passar
no cabelo. São Paulo: Peirópolis. 2006, p. 95-98.
67. ZILLER, S. R. Instituto Horus de desenvolvimento e conservação ambiental.
Disponível em: www.institutohorus.org.br . Acessado em 9 de setembro de 2007.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
60
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Apêndices
1. Entrevista com o ator social 1
2. Entrevista com ator social 2
3. Entrevista com o ator social 3
4. Layout – Fase 1 – sistema 1
5. Layout – Fase 3 – sistema 1
6. Espécies arbóreas nativas do sistema 1
7. Espécies arbóreas nativas do sistema 2
8. Espécies medicinais encontradas no sistema 1
9. Calendário de colheita do sistema 1
10. Calendário de colheita do sistema 2
11. Tabela de custo do plantio no sistema 1.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
61
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Anexos
1. Visualização aérea da área de mata ciliar da área de estudo 1, destacando a Área de
Preservação Permanente.
2. Análise dos macronutrientes do solo da área de estudo 1.
3. Análise dos macronutrientes do solo da área de estudo 2.
pdfMachine
A pdf writer that produces quality PDF files with ease!
62
Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across
nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the
“Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!
Download