UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS, DA TERRA E DO MAR CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – ÊNFASE EM BIOTECNOLOGIA Recuperação de Mata Ciliar com Sistema Agroflorestal, Itajaí - SC Karoline Lisanne Fendel Orientadora: Rosemeri Carvalho Marenzi Itajaí, novembro/2007 pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS, DA TERRA E DO MAR CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – ÊNFASE EM BIOTECNOLOGIA Recuperação de Mata Ciliar com Sistema Agroflorestal Karoline Lisanne Fendel Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Ciências Biológicas, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas. Orientadora: Rosemeri Carvalho Marenzi Itajaí, novembro/2007 pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! ii Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! “É melhor ser alegre que ser triste Alegria é a melhor coisa que existe É assim como a luz do coração.” Vinícius de Moraes/Baden Powell Samba da Bênção pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! iii Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente ao Grande Espírito, que através da sua criatividade me inspira cada dia em observar e interagir cada vez mais com a natureza e ao mesmo tempo me fascina pela perfeição e sincronicidade dos eventos. Espero que todos tenham a oportunidade de escreverem sobre o que gostam numa monografia, eu tive essa chance e sou eternamente grata, pela minha orientadora abraçado essa idéia comigo. Agradeço aos meus pais e minha família por me darem a oportunidade de estudar e sempre me incentivaram a buscar minha felicidade, da qual eu achei dentro de mim mesma. Agradeço também a minha outra família que está além dos laços sangüineos, de irmãos e irmãs, que estiveram comigo nestes cinco anos de acadêmia, como também à todos aqueles amigos (as) que sempre diziam: Você consegue ! A aqueles que estiveram diretamente ligados a este projeto: Rosimeri C. Marenzi (minha mãe da academia), Antônio Henrique dos Santos (meu pai da agrofloresta), aos atores sociais envolvidos que me receberam com amor e humildade. Aos amigos: Aninha (medições e visitas), Paola Chacon (apoio espiritual), Nina Castro (pelos layouts), Amaro (mudas), Hendrik Fendel (apoio gráfico), as amigas biólogas queridas (pelas risadas e distrações): Carolzinha, Mariela, Juli Saldanha, Maria Laura, Camila e Aline. Aos amigos pesquisadores e extensionistas da Epagri e Microbacias e à todos os professores intitulados que a vida colocou no meu caminho. Obrigada irmãos e irmãs, aqui se encerra um ciclo e começa-se outro. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! iv Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS........................................................................................................ VI LISTA DE QUADROS.....................................................................................................VII RESUMO ........................................................................................................................ VIII INTRODUÇÃO ....................................................................................................................1 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL PERTINENTE ................................................................................2 AGRICULTURA FAMILIAR .....................................................................................................4 SISTEMA AGROFLORESTAL ..................................................................................................6 TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO ...............................................................................................8 OBJETIVOS.......................................................................................................................10 OBJETIVO GERAL ...............................................................................................................10 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .....................................................................................................10 MATERIAIS E MÉTODOS ..............................................................................................11 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO .............................................................................11 Área de Estudo 1 ..........................................................................................................12 Área de Estudo 2 ..........................................................................................................14 ANÁLISE DA PERCEPÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS ENVOLVIDOS ................................................15 DESENVOLVIMENTO DO DESENHO DO SISTEMA AGROFLORESTAL .......................................16 Uso de Espécies Arbóreas.............................................................................................16 Uso de Espécies Arbustivas e Herbáceas ......................................................................17 Análise das condições edáficas do solo.........................................................................18 MONITORAMENTO E ANÁLISE DO SISTEMA.........................................................................18 ANÁLISE COMPARATIVA DOS SISTEMAS .............................................................................19 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................20 PERCEPÇÃO DOS ATORES ENVOLVIDOS ..............................................................................20 Percepção do Espaço....................................................................................................20 Percepção Ambiental....................................................................................................21 IMPLANTAÇÃO DO DESENHO E MONITORAMENTO DO SISTEMA ...........................................23 Condições Edáficas ......................................................................................................23 Espécies Arbóreas ........................................................................................................24 Espécies Medicinais......................................................................................................34 Espécies Agrícolas........................................................................................................35 COMPARAÇÃO DOS SISTEMAS ............................................................................................39 Comparação Ecológica ................................................................................................39 Comparação Econômica...............................................................................................48 PROPOSTA........................................................................................................................51 CONCLUSÃO ....................................................................................................................53 REFERÊNCIAS .................................................................................................................56 APÊNDICES.......................................................................................................................61 ANEXOS..................................................................................................................................79 pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! v Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Lista de Figuras FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO MUNICÍPIO DE ITAJAÍ..........................................................................11 FIGURA 2 - REPRESENTAÇÃO DO MEIO RURAL DE ITAJAÍ -SC, DESTACANDO PELO CIRCULO EM VERMELHO, O BAIRRO BRILHANTE II. ..................................................................................................................................12 FIGURA 3 - VISTA AÉREA DA ESTUDO 1 - NO BAIRRO BRILHNTE II, JUNHO DE 2006. ...............................................13 FIGURA 4 – FOTO DA ÁREA DE ESTUDO 1, BAIRRO BRILHANTE, ITAJAÍ. ..................................................................14 FIGURA 5: FOTO AÉREA DA SISTEMA 2, NO BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ ..............................................................14 FIGURA 6 - FOTO DA ÁREA DE ESTUDO 2, TAMBÉM EM MATA CILIAR, BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ......................15 FIGURA 7 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA MÉDIA MENSAL DO CRESCIMENTO DA ALTURA E DO COLO DAS ESPÉCIES ARBÓREAS NATIVAS DO SISTEMA 1, NO BAIRRO BRILHANTE, ITAJAÍ. ............................................................27 FIGURA 8 – PORCENTAGEM DOS GRUPOS ECOLÓGICOS DAS ESPÉCIES IMPLANTADAS NO SISTEMA 1, BAIRRO BRILHANTE, ITAJAÍ. ......................................................................................................................................30 FIGURA 9 – ESPÉCIES ARBÓREAS NATIVAS PRESENTES NO SISTEMA 2, BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ.....................33 FIGURA 10– PLANTAS MEDICINAIS PLANTADAS APROVEITANDO O ESPAÇO ENTRE AS ESPÉCIES ARBÓREAS, BAIRRO BRILHANTE, ITAJAÍ. ......................................................................................................................................34 FIGURA 11– MILHO INTERCALANDO AS ÁRVORES PLANTADAS APROVEITANDO O ESPAÇO EXISTENTE PARA A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS NA ÁREA DE ESTUDO 1, BAIRRO BRILHANTE, ITAJAÍ. ..........................................36 FIGURA 12 – ÁREA DO CULTIVO DE HORLIÇAS NO SISTEMA 2, BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ. ................................37 FIGURA 13 – A) CONSÓRCIOS FEITOS PELO ATOR 3, CARÁ-DO-AR COM BANANEIRA; B) TAIÁS (XANTHOSOMA SAGITTIFOLIUM SCHOTT) COM MANDIOCA E OUTRAS ARBÓREAS, BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ....................42 FIGURA 14 – TAIÁS PLANTADOS NO ESTRATO HERBÁCEO DA AGROFLORESTA ENVOLVIDOS POR RESTOS DE FOLHA DE BANANEIRA EM DECOMPOSIÇÃO, BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ...............................................................44 pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! vi Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Lista de Quadros QUADRO 1 - LARGURA EXIGIDA POR LEI DA FAIXA DE ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP).................... 2 QUADRO 2 – ESPÉCIES USADAS PARA COMPOR O SISTEMA ADOTADO, BAIRRO BRILHANTE, ITAJAÍ. .......................25 QUADRO 3 – ESPÉCIES ARBÓREAS DO SISTEMA 1, BAIRRO BRILHANTE, ITAJAÍ.......................................................29 QUADRO 4 – ESPÉCIES ARBÓREAS E ARBUSTIVAS, NATIVAS E EXÓTICAS EXISTENTES NO SISTEMA 2, BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ............................................................................................................................................31 QUADRO 5 – ESPÉCIES MEDICINAIS TÍPICAS ENCONTRADAS NA SISTEMA 2, NO BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ. ......35 QUADRO 6 – MOSTRA O DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA 1, NO BAIRRO BRILHANTE, ITAJAÍ.................................37 QUADRO 7 – COMPARAÇÃO ECOLÓGICA ENTRE OS SISTEMAS AGROFLORESTAIS. ...................................................39 QUADRO 8 – VALORES DOS NUTRIENTES VOLTADOS AO SOLO PELAS PODAS EM UM SISTEMA AGROFLORESTAL. ...45 QUADRO 9– MOSTRA AS DIFERENTES FASES DE UM SISTEMA AGROFLORESTAL ADAPTADO PARA A ÁREA DE ESTUDO. ........................................................................................................................................................52 pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! vii Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! RESUMO A mata ciliar é considerada por lei Área de Preservação Permanente (APP), sendo valiosa para a proteção e manutenção dos recursos hídricos. Também é habitat de inúmeras espécies de vegetais e animais. Muitos fazem uso da área de mata ciliar para cultivos de subsistência, produção agrícola ou pecuária e para moradia e não estão dispostos a desocuparem da mesma, pois dela dependem economicamente, como ocorre em muitas propriedades de agricultura familiar de Santa Catarina. Contudo, a resolução do CONAMA no 369 de 2006, permite que ocorram atividades de baixo impacto na mata ciliar, como o manejo sustentável. Portanto, o objetivo deste trabalho é adotar um modelo de desenho agroflorestal para recuperar a mata ciliar no bairro Brilhante (Itajaí, SC), comparando com um sistema agroflorestal já existente no bairro São Vicente (Itajaí, SC). O sistema Agroflorestal é considerado uma atividade de baixo impacto, cumprindo ao mesmo tempo as funções ecológicas da mata ciliar, proporcionando subsistência aos agricultores e sendo economicamente viável. A metodologia utilizada contou com entrevistas aos atores sociais, planejamento e implantação do sistema, com plantio de espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas com produtos como: óleo, resina e goma; tanino; pigmentos; fibras; propriedades medicinais; alimentação; e funções como: quebra-vento; fixação de nitrogênio; produção de mel; potencial de recuperar áreas degradadas e, por fim, atração a fauna. Também foi realizado o monitoramento por meio de medições mensais da altura e diâmetro de colo das espécies arbóreas nativas implantadas durante um ano. A análise da altura mostrou que a espécie Aroeira (Schinus terebinthifolius) obteve maior crescimento e o Guarapuvu (Schizolobium parahyba) maior desenvolvimento de diâmetro de colo. A comparação ecológica e econômica mostrou como um sistema agroflorestal bem estruturado pode ser produtivo e envolvente. Esta proposta parece ser viável à agricultura familiar, pois reconecta os atores sociais com a proteção e conservação da mata ciliar e permite uso destes espaços para cultivos de baixo impacto. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! viii Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! INTRODUÇÃO A água é essencial para a vida no planeta, pois sem ela, com certeza, nada existiria. Todo o ser vivo necessita de água para viver, sendo que o homem é constituído de 70% de água e para manter esta porcentagem ele precisa constantemente bebê-la, assim como plantas e outros animais têm a água como um importante alimento (SEÓ, 1998). À medida que o homem evoluiu abdicando da vida nômade, nas áreas por ele cultivadas, a água sempre foi um fator limitante e as matas ciliares não valorizadas como elementos de qualidade dos recursos hídricos não escaparam da destruição, sendo alvo de degradação. Basta considerar que muitas cidades foram formadas às margens de rios, eliminando-se todo tipo de vegetação ciliar; e muitas acabaram pagando um preço alto por isto, através de constantes inundações (MARTINS, 2001). Mata ciliar é definida por Prochnow e Schaffer (2002) como “um conjunto de árvores, arbustos, capins, cipó e flores que crescem nas margens dos rios, lagoas e nascentes”, funciona como um filtro de toda a água que atravessa o conjunto de sistemas componentes da bacia de drenagem. Portanto, a floresta protegida pode diminuir significativamente a concentração de herbicidas nos cursos da água, bem como a retenção de nutrientes e sedimentos. Garante, assim, a quantidade e a qualidade da água, à fauna e à flora e a população humana ali existente (FRANK, 2005). As matas ciliares são fundamentais para o equilíbrio do meio ambiente. Conservá-las e recuperá-las são ações muito importantes que beneficiam uma grande quantidade de animais que se alimentam de frutos e folhas ali existentes, como também a biota aquática e os microorganismos do solo que se beneficiam do material orgânico resultante da vegetação ciliar. Além disto, a mata ciliar, tem como função a proteção (cílios) das águas e do solo, evitando a erosão e o assoreamento dos rios. Portanto, também o ser humano aproveita de melhor qualidade hídrica. O Código Florestal, Lei n.° 4.771/65 (BRASIL, 1965) inclui as matas ciliares na categoria de áreas de preservação permanente, mas é difícil encontrar propriedades rurais que tenham mata ciliar preservada e quando existente encontra-se alterada, erodida ou afetada pelo pisoteio do gado. No entanto, é possível que o ator tenha interesse de desenvolver atividades econômicas de baixo impacto associadas à recuperação. Se for considerado que o termo “recuperação” dá possibilidade de retornar o local a um estado diferente do original, é preciso pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across1 nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! admitir tal possibilidade e assessorá-lo para que estas atividades sejam feitas adequadamente, fornecendo o retorno econômico esperado, porém, na medida do possível, respeitando princípios básicos de conservação da natureza (INSERNHANGEN, 2004). Segundo Rodrigues & Gandolfi (1998) é preciso demonstrar claramente as vantagens a longo prazo da manutenção de áreas de preservação permanente e do correto manejo das áreas de reserva legal. Sendo assim, a relevância deste trabalho pode ser pelo fato de procurar demonstrar a vantagem de unir duas atividades importantes: como a conservação da mata ciliar e o hábito de cultivo de alimento, e/ou produtos naturais (condimentos, ervas medicinais, frutas e conservas) de forma orgânica e responsável, considerada como agricultura familiar. Legislação Ambiental Pertinente De acordo com o Código Florestal Brasileiro, Lei n° 4771/65 (BRASIL, 1965) as matas ciliares são Áreas de Preservação Permanente (APP), sendo definida como toda área, revestida ou não com cobertura vegetal, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, de proteger o solo e de assegurar o bem-estar das populações humanas, ao longo dos rios ou qualquer curso de água (ALMEIDA et al, 2005). De acordo com o artigo 2° desta lei, a largura de faixa de APP está relacionada com largura do curso d’água, conforme mostra o Quadro 1. Quadro 1 - Largura exigida por lei da faixa de Área de Preservação Permanente (APP). Largura do Rio Inferior a 10 metros Rios com 10m a 50m de largura Rios com 50m a 200m de largura Rios com 200m a 600m de largura Rios com largura superior a 600 metros Nascentes Largura mínima da Mata Ciliar 30 metros em cada margem 50 metros em cada margem 100 metros em cada margem 200 metros em cada margem 500 metros em cada margem Raio de 50 metros Fonte: ALMEIDA et al (2005) com modificações. Para Meirelles (2003), as leis ambientais, por sua vez, tentam proteger o que restou de áreas ainda preservadas. Porém, sem uma política de extensão rural florestal ou de formação de técnicas e agricultores que estimule este tipo de uso da terra, as ameaças e os problemas irão continuar e, inclusive, agravar-se. Infelizmente no Brasil a legislação ainda não é de conhecimento de todos e muitos cidadãos não sabem o que é uma área de preservação permanente. De outro lado, a ação pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across2 nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! meramente coercitiva e repressiva por parte do estado não tem se mostrado suficiente para garantir o cumprimento da legislação ambiental por parte dos agricultores. Além disso, existem barreiras culturais, normativas e técnicas para que estas exigências legais sejam cumpridas. No caso dos pequenos agricultores familiares, o problema tende a agravar-se, em função da pouca disponibilidade de área para produção (RAMOS FILHO; FRANCISCO; JUNIOR, 2007). Segundo Mello (2007) uma proposta de recuperação de mata ciliar deve ter viabilidade econômica. Métodos convencionais de recuperação da mata ciliar não resolvem essa questão, pois se enquadram na legislação florestal que permite somente o aproveitamento de recursos não-madeireiros, impedindo qualquer outra intervenção. Para Dubois et al (1996), formar agroflorestas ciliares em áreas desmatadas nas margens de cursos d’água é uma forma útil de obedecer à lei que proíbe a destruição de florestas ciliares. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), em sua nova resolução n°369 publicada em 28 de março de 2006, possibilita a intervenção de baixo impacto ambiental de vegetação em APP, com fins de interesse social (Art.10). No artigo 11 desta mesma seção considera-se intervenção ou supressão de vegetação, eventual e de baixo impacto ambiental, em APP: Abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, quando necessárias à travessia de um curso de água, ou à retirada de produtos oriundos das atividades de manejo agroflorestal sustentável praticado na pequena propriedade ou posse rural familiar; Coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e produção de mudas, como sementes, castanhas e frutos, desde que eventual e respeitada a legislação específica a respeito do acesso a recursos genéticos; O plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros produtos vegetais em áreas alteradas, plantados junto ou de modo misto; Como também outras ações ou atividades similares, reconhecidas como eventual e de baixo impacto ambiental pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente. Esta resolução ainda considera no artigo 11, § 1o : A intervenção ou supressão eventual de baixo impacto ambiental da vegetação em APP não poderá comprometer as funções ambientais destes espaços, tais como a estabilidade das encostas e margens dos rios, os corredores de fauna, a drenagem e os cursos de água intermitentes, a manutenção da biota, a regeneração e a manutenção da vegetação nativa e a qualidade das águas.). Ainda no § 2o, a intervenção ou supressão, eventual e de baixo impacto ambiental, da vegetação em APP não pode, em qualquer caso, exceder ao percentual de 5% (cinco por cento) da APP impactada localizada na posse ou propriedade (BRASIL, 2006). pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across3 nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! O artigo 4, desta mesma resolução sugere que: Toda obra, plano, atividade ou projeto de utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto ambiental, deverá obter do órgão ambiental competente a autorização para intervenção ou supressão de vegetação em APP, em processo administrativo próprio, nos termos previstos nesta resolução, no âmbito do processo de licenciamento ou autorização, motivado tecnicamente, observadas as normas ambientais aplicáveis. Esta resolução facilita ao ator rural o melhor aproveitamento do espaço de mata ciliar para obter produtos para a subsistência familiar. Sobre esta resolução, Bessa (2000) explica que a constituição não proibiu que todas as áreas de proteção legal pudessem ser utilizadas ou exploradas economicamente, contudo, proibiu a utilização que alterasse as características e os atributos que deram fundamento à especial proteção. Isto é, como consta no art. 1o, § 2o, especificando “que não descaracterizem a cobertura vegetal e não prejudiquem a função ambiental da área”. Sendo assim, um sistema agroflorestal, cumpre as funções ecológicas necessárias em mata ciliar para a manutenção do ecossistema e seu manejo de extrativismo segue a legislação que permite um manejo sustentável. Segundo Garrity & Agus (2000) os sistemas agroflorestais criam soluções práticas que reduzem a tensão de duas atividades ambientais, proteção da mata ciliar e a produção de alimentos de subsistência das populações rurais. Porém, a referida permissão de manejo, por um lado, poderá beneficiar famílias mais carentes, mas por outro, abre brechas, para a exploração desordenada, daqueles que não possuem orientação técnica, devido a falta de conhecimento mesmo das próprias autoridades ambientais responsáveis (FRANCO, 2005). Por isso, é necessária conscientização dos técnicos de órgãos ambientais para que esse sistema, que tem como intuito a sucessão ecológica, possa ser divulgado e compreendido a fim de serem incentivados. Agricultura familiar A expressão “agricultura familiar” vem ganhando legitimidade social e política no Brasil, mesmo constituindo-se em um universo extremamente heterogêneo, seja em termos de disponibilidade de recursos, acesso ao mercado, capacidade de geração de renda e acumulação, os agricultores familiares brasileiros são responsáveis por 37,9% do valor bruto da produção agropecuária e 50,9% da renda total agropecuária nacional (NASCIMENTO, 2005). A agricultura familiar tem uma significativa parcela na economia nacional, respondendo em média 60% de todos os alimentos consumidos, representa mais de 84% dos imóveis rurais do país (INCRA/FAO, 2007). Os agricultores familiares são os principais responsáveis pela pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across4 nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! manutenção da biodiversidade, recursos hídricos e das riquíssimas manifestações culturais nacionais. Em 2003 o valor gerado pelas cadeias produtivas da agricultura familiar correspondeu 38% da produção agropecuária do país e 10% do PIB (FIPE, 2007). Entretanto a agricultura familiar catarinense vem decrescendo gradativamente ao longo dos últimos anos. Segundo Ferrari (2004), em 1981 era de 77,9% decaindo para 22,8% em 1999. Esses dados preocupantes mostram a falta de incentivo ao produtor rural, ameaçando a produção nacional. Santa Catarina possui 293 municípios, distribuídos em regiões que diferem entre si em termos socioeconômicos, ambientais e culturais. De acordo com dados do IBGE (1998), 27% por cento de seus 1.308.533 habitantes vivem no espaço rural. Desse total, cerca de 90% tem estabelecimentos rurais de menos de 50 hectares de área, ocupados por unidades familiares de produção agropecuária. Deste modo, como afirmam Paulilo e Schmidt (2003), a imagem do Estado ainda é fortemente associada a uma agricultura do tipo “colonial”, com base no modelo de agricultura familiar de origem européia, sendo lembrado, como o “paraíso dos minifúndios”. Acompanhando de certo modo a trajetória mundial de modernização da agricultura, em Santa Catarina foi igualmente implantado um modelo de desenvolvimento rural com ênfase no crescimento econômico, através de incentivos ao uso do crédito rural e de insumos subsidiados. As políticas voltadas para a implantação deste modelo, como salienta Stropasolas (2003), foram impulsionadas por complexos agroindustriais nas áreas de avicultura, suinocultura, soja, maçã, fumo e madeira, através do “sistema de integração de produtores familiares”1, colocando o estado durante décadas, como quinto produtor de alimentos do Brasil. Portanto, a agricultura familiar tem uma significativa parcela na economia nacional, entretanto a mesma, em Santa Catarina, vem decrescendo gradativamente ao longo dos últimos anos, pois segundo Ferrari (2004), em 1981, era de 77,9% decaindo para 22,8% em 1999. Esses dados preocupantes mostram que falta incentivo ao pequeno agricultor familiar. Segundo Contini (1989), “ao se contemplar o pequeno produtor, estaremos, ao mesmo tempo, contribuindo para a produção de mais alimentos, já que os pequenos são os maiores produtores de alimentos” p.122. Devido a este fato, o estado tem um grande potencial agroflorestal para pequenas propriedades rurais que praticam a agricultura familiar. Segundo Armando et al (2002), esta 1 Segundo Paulilo (1990) “Tecnicamente, esse sistema é definido como uma forma de articulação vertical entre empresas agroindustriais e pequenos produtores agrícolas, em que o processo de produção é organizado industrialmente, ou o mais próximo possível desse modelo, com aplicação maciça de tecnologia e capital. São produtores integrados aqueles que, recebendo insumos e orientação técnica de uma empresa agroindustrial, produzem matéria prima exclusivamente para ela”(p. 20). pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across5 nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! técnica (Sistemas agroflorestais) é interessante para a agricultura familiar por reunir vantagens econômicas e ambientais. A utilização sustentável dos recursos naturais, aliada a menor dependência de insumos externo, resulta em segurança alimentar e economia, tanto para agricultores, como para os consumidores. Sistema Agroflorestal Os sistemas agroflorestais (SAFs) podem ser definidos como cultivos combinados de essências florestais com culturas anuais e/ou com explorações animais, buscando otimizar a produção por unidade de área, mantendo o princípio do rendimento sustentado (DA CROCE, 1994). A pesquisa em sistemas agroflorestais está se expandindo no Brasil. Em Santa Catarina, foram obtidos resultados promissores nesse sentido com erva-mate e culturas anuais tradicionais da região, quais sejam milho, soja e feijão (DA CROCE, 1994). Estes sistemas podem contribuir para a solução de problemas no uso dos recursos naturais devido às funções biológicas e socioeconômicas que podem cumprir. A presença de árvores no sistema traz benefícios diretos e indiretos, tais como o controle da erosão e manutenção da fertilidade do solo, o aumento da biodiversidade, a diversificação da produção e o alongamento do ciclo de manejo de uma área (ENGEL, 1999). Nos sistemas agroflorestais de alta diversidade convivem na mesma área, plantas frutíferas, madeireiras, graníferas, ornamentais, medicinais e forrageiras. Cada cultura é implantada no espaçamento adequado ao seu desenvolvimento e as suas necessidades de luz, de fertilidade e porte (altura e tipo da copa) são cuidadosamente combinados (ARMANDO et al, 2002). O sistema agroflorestal propõe otimizar a distribuição da luz solar nos diferentes estratos, sendo eles: arbóreos, arbustivos e herbáceos. Quando se otimiza o aproveitamento de luz solar em todos esses extratos de forma a aproveitar todos os espaços, acaba-se diminuindo o crescimento de gramíneas invasoras. Quanto a estratégias para melhorar a estratificação do uso da energia luminosa em SAF´s, Tieszen2 (1983) citado por Engel (1999), recomenda algumas estratégias de manejo: Consorciar espécies com diferentes necessidades de luz; Inter-plantio de culturas com alturas semelhantes e diferentes ciclos de vida; 2 TIESZEN, L.L. Photosynthetics systems: implication for agroforestry. In: HUXLEY, R.A. (Ed). Plant research and agroforestry, Naibori, ICRA, 1983, p.323-345. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across6 nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Utilização de espécies decíduas, controle do espaçamento e seleção de árvores com arquitetura adequada; Consorciação de plantas anuais C4 de crescimento rápido com C3 tolerantes na fase inicial; Utilização de arbóreas heliófilas em espaçamentos abertos. Na primeira fase do sistema, o que realmente importa em relação às espécies usadas como pioneiras é que cumprem a função de cobrir o solo com sua biomassa, produzam algum tipo de retorno aos interesses humanos e que, nesse processo, sejam eficientes em conservar a energia do lugar (VIVAN, 1998). Para o manejo do sistema agroflorestal, Gliessman (2000) salienta ser um processo muito simples e baseado nos princípios da agroecologia, o qual proporciona uma estrutura com a qual é possível analisar os sistemas de produção de alimentos como um todo, incluindo seus conjuntos complexos de insumos e produção e as interconexões entre as partes que os compõe. Segundo Vivan (1998) para a escolha das espécies deverão ser analisados alguns fatores que podem influenciar no desenho definitivo do sistema agroflorestal, sendo que cada espécie deverá ser analisada perante os seguintes fatores: 1. Arquitetura das espécies: Este dado é importante para posicionar as espécies no desenho agroflorestal, sendo que a forma da copada influencia na quantidade de sombra, assim como também na altura das árvores e na disposição das raízes. 2. Características Ecológicas: Caracterizar a espécie em caducifólia, decídua, semidecídua, heliófita e esciófita. 3. Grupo Ecológico: Caracterização do estágio de sucessão ecológica da espécie, como primária, secundária inicial, secundária tardia, terciária ou clímax (MARTINS, 2000). 4. Habitat: Tipo de área que a espécie melhor desenvolve-se, podendo ser: encharcada, bem drenada, sujeita a leves inundações. 5. Tempo: O tempo é importante para conhecer a época de plantio, floração e frutificação das espécies, assim como para as anuais, o momento de colheita. 6. Produtos: Informações sobre a forma de uso de cada espécie, dos quais podem variar de alimentícia, medicinal, conservação e melhoramento do solo, para condimento, atração pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across7 nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! de fauna silvestre, quebra-vento, fixação de nitrogênio, melífera, óleos, resinas, goma, pigmentos, fibras. Técnicas de Recuperação O termo recuperação é definido, como: a restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original; Já a restauração, é a restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original (BRASIL, 2000). Portanto, o projeto aqui proposto teve o intuito de recuperar a área, sendo que esta está em condições diferentes da original. Via de regra, recomenda-se adotar os seguintes critérios básicos na relação de espécies para recuperação de matas ciliares, segundo Martins (2001): Plantar espécies nativas com ocorrência em matas ciliares da região; Plantar o maior número possível de espécies para gerar alta diversidade; Utilizar combinações de espécies pioneiras de rápido crescimento junto com espécies não pioneiras (secundárias tardias e de clímax); Plantar espécies atrativas à fauna; Respeitar a tolerância das espécies à umidade do solo, isto é, plantar espécies adaptadas a cada condição de umidade do solo. As matas ciliares apresentam grande diversidade de espécies, que resultam em uma vegetação arbustiva - arbórea adaptada a grandes variações de fatores ecológicos, tais como inundações, ventos, umidade e secas. Por isso a escolha das espécies faz-se primordial. O modelo de sucessão de espécie é uma das alternativas usadas para recuperação de matas ciliares. Parte do princípio de que espécies de início de sucessão, intolerantes à sombra e de crescimento rápido, devem fornecer condições ecológicas, principalmente sombreamento, favoráveis ao desenvolvimento de espécies finais de sucessão, ou seja, aquelas que necessitam de sombra, pelo menos na fase inicial de crescimento (MARTINS, 2001). O posicionamento das espécies arbóreas e arbustivas, segundo Engel (1999) na composição dos vários extratos no SAF deve ser baseado no conhecimento do nível de tolerância das espécies componentes. As árvores mais altas devem ser heliófilas, com altas taxas de evapotranspiração, enquanto os componentes dos extratos inferiores devem ser tolerantes à sombra e à alta umidade relativa do ar. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across8 nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Almeida et al (2005) recomenda que para o desenvolvimento das espécies, faz-se necessário o controle de “espécies daninhas”, tais como a gramínea Braquiária (Brachiaria sp) que é muito encontrada nas margens dos rios, sendo necessário o coroamento das mudas plantadas, incorporando-se a biomassa ao solo. No entanto, nem toda espécie ruderal pode ser considerada “daninha”, mas apenas aquelas exóticas que competem com vantagem perante às nativas plantadas e requeridas no sistema ecológico sucessional. O controle da erosão e assoreamento dos rios é um dos objetivos que justifica a recuperação da mata ciliar, segundo FVSA & CA (2006), a agrofloresta protege com maior firmeza as margens dos rios, diminuindo a velocidade da água, sendo que em solos desprotegidos a maior parte desta é perdida ao invés de filtrar-se no solo para poder ser aproveitada pelas plantas. A água também arrasta a camada mais fértil do solo deixando este desses cada vez mais pobre e improdutivo. Diante fatores, a implantação de sistemas agroflorestais, na modalidade agrofloresta de uso múltiplo, constitui-se numa opção alternativa aos procedimentos convencionais de recuperação da mata ciliar. Três aspectos básicos a justificam: ambientais, culturais e econômicos (MELLO, 2007). Portanto, foi implantado um modelo de agrofloresta em área de mata ciliar em uma propriedade no bairro Brilhante, Itajaí. Como o sistema implantado não terá idade suficiente que permita uma análise de sua sustentabilidade, será comparado com um sistema agroflorestal já estabelecido, localizado em uma área urbana no bairro São Vicente, nas margens do rio Itajaí - mirim, também em Itajaí. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across9 nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! OBJETIVOS Objetivo geral Este projeto tem como objetivo adotar um modelo de desenho agroflorestal para recuperar a mata ciliar no bairro Brilhante (Itajaí, SC), comparando com um sistema agroflorestal já existente no bairro São Vicente (Itajaí, SC). Objetivos específicos 1) Identificar espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas adequadas ao uso sustentável e recuperação da área, 2) Valorizar espécies medicinais potenciais já existentes na área de preservação permanente, 3) Verificar as condições edáficas nas áreas de estudo, 4) Acompanhar o desenvolvimento das espécies plantadas, 5) Analisar e relacionar a percepção dos atores sociais e suas interações com o uso e a recuperação da mata ciliar a fim de integrá-los com a área, 6) Proporcionar condições que contribuam para gerar subsistência e/ou fonte de renda aos atores sociais, 7) Propor medidas de continuidade para recuperação da área. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 10 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! MATERIAIS E MÉTODOS Caracterização da área de estudo O Município de Itajaí possui uma área de 289.255 Km2, com aproximadamente 147 mil habitantes. Situa-se a 26º latitude sul e 48º de longitude oeste, no litoral norte de Santa Catarina, na foz do rio Itajaí, a meio caminho entre a capital de Santa Catarina, Florianópolis e a cidade catarinense mais populosa, Joinville. Assim sendo, é o escoadouro natural da economia estadual (IBGE, 2006). Figura 1 - Localização geográfica do Município de Itajaí Fonte: CIASC, 2007. O município de Itajaí está envolto por grandes rios, inúmeros córregos e muitas nascentes, todos seus habitantes utilizam essas águas. Além de ser o maior município pesqueiro e principal exportador de produtos congelados do Brasil através do Porto, que depende das águas do rio Itajaí-Açú para funcionamento e locomoção, a população depende da água, mais do que imaginamos (FITUR, 2006). Infelizmente a grande maioria dos cursos d`água do município ainda encontram-se desprovidos de Mata Ciliar. Segundo Frank et al (2005), foi verificado que no trecho de Blumenau até Navegantes não existe um único remanescente florestal na planície do Rio Itajaí pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 11 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! e suas margens, que pudesse servir de modelo para a recuperação da vegetação ciliar. As áreas encontram-se descobertas de vegetação de proteção e o solo apresenta diferentes usos: agricultura, pastagens, mineração, ocupação urbana, rodovias e aterros. Área de Estudo 1 A área de estudo 1 denominada (sistema 1) está situada no bairro Brilhante II (Figura 2), situado a 30km do centro de Itajaí, onde existe a atuação do Projeto Microbacias 2 da EPAGRI. As comunidades do Brilhante I e II, zona rural, constituem a Área de Proteção Ambiental (APA), aprovadas através da Lei municipal nº 2832, em 1993, abrangendo uma área de 2.015 hectares. Esta localidade possui cascata, pesque e pague, trilhas, área esportiva e comida típica, apresentando ótimos quesitos para a implantação da atividade turística (Vieira, 2006). Figura 2 - Representação do meio rural de Itajaí -SC, destacando pelo circulo em vermelho, o bairro Brilhante II. Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento, 2006. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 12 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Esta área de estudo possui 2 ha, estando toda ela situada em área de preservação permanente, conforme Anexo 1. A área disponível pelo ator para a recuperação de mata ciliar com um sistema agroflorestal foi de 330m² (Figura 3 e Figura 4). Em março de 2007, devido a problemas financeiros a família decidiu vender a metade do terreno. A área foi dividida igualmente (um hectare cada) sendo que, o novo ator construiu uma lagoa de 6 metros de diâmetro e uma pequena casa dentro do imóvel, alguns meses após a implantação deste estudo. A propriedade 13 é constituída por 5 pessoas que ali residem, não utiliza o imóvel para a produção agrícola ou pastoril. A Propriedade 24 se constitui em “casa de campo”, cujo ator reside em no bairro Cabeçudas, Itajaí. Figura 3 - Vista área de estudo 1 - no bairro Brilhante II, junho de 2006. Fonte: Google Earth, 2007. 3 4 Propriedade ou Ator Social 1: Ademir Eduardo Neves e Maria Lurdes dos Santos Propriedade ou Ator Social 2: Manuel Borges pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 13 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Figura 4 – Foto da área de estudo 1, bairro Brilhante, Itajaí. Área de Estudo 2 Para comparação entre a área de estudo 1, implantada nesta pesquisa e outra já instalada, selecionou-se a área de estudo 2 denominada de sistema 2, uma propriedade no bairro São Vicente, zona urbana de Itajaí. Esta sistema 25 é constituída atualmente por um casal que utiliza a área para subsistência, está mesma área já sustentou 9 filhos (Figura 5 e Figura 6). Figura 5: Foto aérea da sistema 2, no bairro São Vicente, Itajaí 5 Propriedade ou Ator social 3:Ernesto e Hilda Hoier pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 14 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Fonte: Google Earth (2007). Figura 6 - Foto da área de estudo 2, também em mata ciliar, bairro São Vicente, Itajaí. Análise da Percepção e Integração dos Envolvidos Este trabalho, com característica de pesquisa participativa, utilizou um roteiro semiestruturado com perguntas abertas para investigar a percepção dos diferentes atores sociais envolvidos com o estudo. Segundo Seixas (2005), a pesquisa participativa foi difundida principalmente nos anos 90, tornou-se então uma ferramenta muito útil para o envolvimento comunitário no desenvolvimento e na gestão de recursos naturais. Segundo a autora, a pesquisa participativa mobiliza diversas abordagens (ou processos) e técnicas que podem ser utilizadas no planejamento, implementação, monitoramento e avaliação da gestão de recursos naturais. Na ocasião, houve troca de conhecimento, sendo esclarecidas informações sobre as leis pertinentes, a temática mata ciliar e o projeto a ser proposto, e proporcionou a integração dos atores. A conversa com o ator 1 foi gravada e transcrita posteriormente, sendo que as duas outras entrevistas somente foram registradas por escrita.. A entrevista realizada com o ator 1 em forma de lista de perguntas fluiu como uma conversa e foi gravada e redigida depois. Nesse tipo de entrevista segundo Seixas (2005), o pesquisador prepara uma lista (mentalmente ou por escrito) de questões sobre um tópico específico, definindo, além disso, o que perguntar, como e a quem. A formação (integração) com o ator 1 se deu por meio de conversa e troca de informações. Ainda, foi propiciado uma visita ao ator 3 no bairro São Vicente e participação pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 15 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! em um mini-curso fornecido pelo Projeto AgroFam, realizado pelas instituições nãogovernamentais: Associação de Preservação do Meio Ambiente do Alto Vale de Itajaí (Apremavi) e o Centro Vianei de Educação Popular (Vianei) no município de Atalanta e Lages, no Alto Vale catarinense, sobre Agrofloresta para a Agricultura Familiar, no qual estavam presentes outros agricultores locais, que também estavam implantando um sistema agroflorestal. Desenvolvimento do Desenho do Sistema Agroflorestal O modelo para a recuperação de mata ciliar com sistema agroflorestal seguiu o que estabelece Vivan (1998), principalmente em relação à escolha das espécies arbóreas, cujas características avaliadas foram: Arquitetura, características ecológicas, grupo ecológico, habitat, tempo e produtos. A representação dos sistemas foi elaborada por meio do softwear Autocard para facilitar a visualização espacial dos mesmos, cujas etapas de implantação e análise comparativa foram: Uso de Espécies Arbóreas Além das características citadas por Vivan (1998), foram selecionadas espécies que poderiam estar contribuindo com o sistema, funções tais como: melhoramento e conservação do solo, fixação de nitrogênio, utilização medicinal, alimentícia e atração da fauna silvestre, além de disponibilidade das espécies nativas encontradas em viveiros da região. A primeira fase do plantio das espécies arbóreas foi realizada pela pesquisadora, amigos e funcionários da Secretaria de Agricultura de Itajaí, em outubro de 2006. As espécies arbóreas foram doadas pelo Viveiro Fazenda Nativa de Itajaí e o transporte foi realizado com veículo da Univali. No mesmo dia do plantio do sistema agroflorestal, foram plantadas algumas espécies na outra margem do rio, objetivando um melhor resultado na recuperação, otimizando o espaço do terreno e respeitando espaçamento de 2m. Estas espécies não receberam monitoramento. A área encontrava-se com grama de jardim São Carlos (Anoxopus afinis), como mostra a Figura 3, comum em gramados expostos ao sol e sombra. As covas foram abertas manualmente com enxadão e cavadeira “boca-de-lobo” com uma profundidade aproximada de 30x30x30cm, e para a adubação das mudas foi colocado húmus de minhoca em cada cova. Considerando o que estabelece Armando et al (2002), foram plantadas as espécies arbóreas selecionadas em um espaçamento 3 x 3 metros, formando a base do sistema agroflorestal. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 16 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Na segunda fase do sistema, verão de 2007, foram substituídas algumas arbóreas que haviam morrido e adicionadas mais mudas. Na terceira fase do sistema, maio de 2007, foi adicionado mais mudas na área de estudo 1. Uso de Espécies Arbustivas e Herbáceas As herbáceas e arbustivas escolhidas foram aquelas que poderiam estar contribuindo com alimentação da família, de fácil cultivo e manejo, segundo informações da entrevista com os envolvidos. Foram identificadas as espécies vegetais com princípios medicinais dentro da área de APP, e foi orientado a família que estas deveriam permanecer ali para servirem também para auxilio na medicina da família. A identificação destas espécies foi realizada pelos profissionais da Epagri*, laboratório de plantas bioativas, que identificaram as potenciais espécies. Além destas, foram plantadas outras espécies medicinais popularmente conhecidas na área de SAF, as espécies medicinais foram doadas pela Secretaria de Agricultura de Itajaí. Na primeira fase do plantio foram plantadas as espécies medicinais rasteiras, em núcleos, num espaçamento mínimo de 30cm entre as espécies. Arbustivas como o café (Coffea arabica), doadas pela Secretaria da Agricultura de Camboriú foram plantadas em fileiras intercaladas num espaçamento 2m x 2m, recomendado por ARMANDO et al (2002). Esta espécie foi utilizada considerando que fosse mudas de café, mas houve um engano na identificação das mudas, que não foram indentificadas. Sementes de abóbora e abobrinha (Curcubita sp.) foram plantadas junto com algumas arbóreas intercaladas, como sugere Armando et al (2002). Este utilizou hortaliças rústicas, como a abóbora, semeadas nas covas de florestais e de frutíferas, aproveitando a adubação já feita para as árvores. As espécies anuais e herbáceas foram plantadas em aléias com as arbóreas, girassol e abóbora foram plantadas, também na primeira fase, entre as linhas das espécies arbóreas. O feijão foi plantado com mudas e sementes e o milho com sementes crioulas disponibilizadas pelo ator 3. Na segunda fase, no verão de 2007, foram replantadas algumas anuais que estavam faltando, utiizando sementes de origem crioula. Ainda no mesmo verão foram adicionadas mais algumas mudas de espécies comestíveis. Na terceira fase, foi feita uma adubação verde para promover um aumento da matéria verde na área devido a seca que acabam prejudicando a vida * Antônio Amaury Silva Júnior e Airton Rodrigues Salerno. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 17 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! do solo. Segundo Armando et al (2002) é interessante incluir leguminosas nesta fase, para formar uma serrapilheira mais rica em nutrientes que permaneça cobrindo o solo na estação seca. A espécie escolhida para desenvolver esta função foi a ervilhava (Vicia sativa). A adubação foi realizada como uma alternativa funcional para diminuir o gasto de mãode-obra e aumentar a fertilidade do solo, devido ao ator 1 não estar muito envolvido em adubar e cuidar do sistema. Análise das condições edáficas do solo Para o melhor conhecimento da qualidade de nutrientes do solo foram retiradas amostras dos sistemas 1 e 2, já que a propriedade 2 é adjunta a primeira e com mesmas características. Estas amostras foram encaminhadas para o laboratório de análise de solos da Epagri em Chapecó. Monitoramento e Análise do Sistema O monitoramento foi feito pela pesquisadora, pelas técnicas da Secretaria de Agricultura, da Epagri e também pelo agricultor. Além da obtenção de dados, as visitas feitas a área de estudo, tem como objetivo fornecer esclarecimentos de algum tipo de dúvida por parte dos atores. A espécies arbóreas receberam um tutoramento de bambu, para demarcar e proteger as espécies e servir também como guia de crescimento. O monitoramento também consistiu no coroamento e a adubação das espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas, estas foram periodicamente adubadas com esterco bovino. Segundo Almeida et al (2005), o coroamento ou limpeza dos locais onde as plantas se estabelecem, é realizado a fim de evitar a competição aérea e radicular com ervas daninhas. Sendo que os atores 1 e 2 encarregaram-se em fazer o controle das espécies daninhas e adubações necessárias. O monitoramento também constituiu no replantio de mudas que morreram freqüentemente por indivíduos da mesma espécie. O manejo necessário no sistema implica, segundo Vivan (2003), em remover as plantas doentes, enriquecer com árvores que irão fazer o futuro da área (sucessão), podar árvores que estejam sombreando em excesso, e fazer isso para renová-las e não matá-las. As medições (altura e colo) das espécies arbóreas foram feitas mensalmente para avaliar o crescimento de cada espécie, assim como também observações na fenologia da espécie, se houve florescimento ou frutificação durante os meses de estudo. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 18 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Análise Comparativa dos sistemas Para comparar o sistema implantado (sistema 1) com o sistema já avançado (sistema 2), foi analisado o sistema ecológico por meio dos atributos: diversidade, estabilidade, ciclagem de nutrientes e interações bióticas. Foi estimado também o custo de implantação do sistema agroflorestal, para analisar o quanto o agricultor gastaria para comprar as mudas e sementes. A mão-de-obra não foi calculada, pois a intenção é a construção de um sistema de acordo com a disponibilidade de mão-de-obra familiar. O transporte também não foi contabilizado, sendo que a intenção do projeto foi estabelecer vínculos com a prefeitura (secretarias), de forma que contribuísse com a logística. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 19 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! RESULTADOS e DISCUSSÃO Percepção dos Atores Envolvidos Percepção do Espaço Os três atores possuem diferentes percepções, sendo estes classificados em três tipos: urbano que vive no rural-1 (ator 1), urbano sitiante-2 (ator 2) e agricultor-3 (ator 3). Através das entrevistas nota-se que o envolvimento destes com o lugar ou espaço é muito variada. A diferente conexão e percepção do ator 1 com a área, pode ser um desafio quando planejamos um sistema agroflorestal e a recuperação de uma mata ciliar, pois ambos necessitam de cuidados e manejo, sendo que segundo Garrity & Agus (2000), a falta de envolvimento das pessoas que vivem dentro de áreas que estão em processo de recuperação é um dos grandes motivos do fracasso de projetos de recuperação de mata ciliar convencionais. Alguns projetos de recuperação de mata ciliar convencionais não fornecem descrições adequadas da experiência, porque separa pessoa e mundo; pessoa (corpo, mente, emoção, vontade) e mundo estão engajados em um só processo, que implica no fenômeno perceptivo e não pode ser estudado como um evento isolado, nem pode ser isolável da vida cotidiana das pessoas (MACHADO, 1996). Por isso, objetivando envolver os atores, visitas foram feitas no sistema 1 e tinham o intuito de estabelecer uma relação de amizade entre a pesquisadora e os atores. Segundo Seixas (2005), a antropologia social aplicada sugere a importância de estabelecer uma relação de confiança com a população local, através de prolongadas visitas a campo, onde o pesquisador deve ser paciente, observador e bastante comunicativo. No entanto, em relação ao ator 1, no primeiro semestre da pesquisa, este não mostrou-se envolvido e interessado com a proposta. Diversas vezes a esposa do ator 1 citou que gostaria de sair dali, pois seu marido não arranjava emprego. Portanto, não havia uma ligação de conectividade com a área, segundo Oliveira et al (1996), a categoria cognitiva de espaço (quando um local não apresenta mais do que significados funcionais e destituídos de sentimentos) distingue-se da de lugar (quando o local é percebido como único e repleto de valores e significados). Esta percepção pode, ao longo do tempo, mudar, pois, segundo Machado (1996), o significado de espaço freqüentemente se funde com o de lugar “o que começa como espaço indiferenciado transforma-se em lugar à medida que o conhecemos melhor e o dotamos de valor” p. 78. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 20 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Este ator não via a propriedade como uma futura fonte de renda, ao contrário do ator 3 que retira da área de 0,8 ha uma grande quantidade dos produtos consumidos, sendo que esta área já alimentou uma família de 11 pessoas. Segundo Tuan (1980), o sentimento topofílico entre os agricultores difere enormemente de acordo com seu status sócio-econômico. Portanto, a não necessidade de uma grande quantidade de alimentos pode também ter influenciado no pouco envolvimento do ator 1. A topofilia (relação do homem com o ambiente em que vive) do agricultor está formada desta intimidade física, da dependência material e do fato de que a terra é um repositório de lembranças e mantém esperança (TUAN, 1980). Conforme o autor a consciência do passado é um elemento importante no amor pelo lugar, o ator 3 possui uma forte ligação familiar com a propriedade, passada de geração para geração e sempre cultivada com sistema agroflorestal, a área era de seus pais e está repleta de lembranças e recordações. O ator 2 também tem uma relação de lugar com a área adquirida, mesmo possuindo menor tempo de uso e convívio com a área. Através da entrevista foi descoberto que este foi criado em área rural e sempre teve muita intimidade com a floresta, sendo, segundo ele, um excaçador de animais. Os atores 2 e 3 cresceram em famílias que tinham o costume de plantar. Portanto, aprenderam técnicas e maneiras de cultivo com seus pais. Diferente do ator 1, que não teve essa vivência. Esse fato pode vir a explicar a causa do não envolvimento deste ator com a área de estudo, devido não possuir uma relação de afeto (lembranças) com a terra, pois segundo Jordana (1992) a percepção ambiental é condicionada por fatores inerentes ao próprio indivíduo (capacidade imaginativa, mecanismos de associações de imagens, forma de olhar, etc), por fatores educativos e culturais (influência de aprendizagem, experiências vividas, gostos e padrões adquiridos, etc), e fatores emotivos, afetivos e sensitivos (relações e familiaridade com o meio, inclinações emocionais provocadas por associações pessoais, etc). O conjunto destes fatores resultará em nossa capacidade de perceber e, portanto, de nos comportarmos perante o meio em que vivemos. Percepção Ambiental Através das entrevistas foi observado também que os atores 1 e 3 não conheciam a definição de Área de Preservação Permanente (APP) e mata ciliar. O ator 2 soube definir APP, porém também não sabia sobre a mata ciliar. Os termos foram, então, explicados e mostrada a importância de recuperar e manter essas áreas. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 21 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Ao longo de conversas com o ator 3 e na entrevista dos atores 1 e 2 foi perguntado sobre o Palmito Jussara (Euterpe edulis) e sua utilização. Todos conheciam a palmeira, porém como fonte de palmito Então, foi explicado como utilizar os frutos desta espécie para produzir o açaí, que é extremante rico em vitaminas e sais minerais. Segundo Vivan (2003) sua semente é alimento básico e sustentação de toda uma cadeira trófica no ecossistema Sobre as espécies vegetais, o ator 1 possui algum tipo de conhecimento sobre culturas mais comuns, como mandioca, milho, feijão, etc. No entanto, vivendo no local há 10 anos, a produção de alimentos é mínima, isso mostra o quanto um sistema agroflorestal pode ser útil para esta família. O ator 2 vem se envolvendo com o plantio e com local. Com apenas alguns meses de posse da nova área já foi notável a diferença de organização entre os dois terrenos. Segundo Machado (1996), todos nós somos artistas e arquitetos da paisagem, criando ordem e organizando espaços. Este também possui bastante conhecimento sobre as espécies vegetais e constantemente traz esterco bovino, adubando todas as mudas. A adubação e o cuidado são primordiais, principalmente para o crescimento inicial das mudas. Segundo Young (1989), existe sempre uma responsabilidade inicial de aplicação de nitrogênio dentro do sistema. A construção da lagoa na área de mata ciliar do ator 2 foi bastante questionada no princípio, devido a ocupação em APP e ter interferido no crescimento de algumas mudas que foram transferidas ou acabaram mortas pelo diferente microclima úmido ali criado. Porém, mesmo com a implantação, trouxe para a área um novo ambiente que pode ser aproveitado pelo ator para o cultivo em meio úmido, assim como diversidade de animais, peixes, patos e marrecos, a pesar destes últimos poderem prejudicar algumas mudas pelo pisoteio ou predação. O ator 3 está constantemente interagindo com a área. Ele e sua esposa possuem uma relação muito harmoniosa com o local. Possuem um conhecimento mais específico sobre diferentes plantios em sombra, tais como as raízes: taias, inhames, carás e mangarito, as quais são bastante cultivadas no estrato herbáceo da agrofloresta, assim como consórcio entre espécies. Estas raízes, por ele cultivadas, abrem um novo leque de produtos da agrofloresta. Segundo Santos (2005), o consumo de pães de raízes que são raladas e misturadas com fubá de milho, também é um potencial a ser explorado junto a restaurantes naturais e para a população que possui intolerância ao glúten presente no trigo (celíacos). Esse conhecimento tradicional de cultivo destas raízes vem diminuindo gradativamente, com o crescimento de monocultivos de banana, arroz irrigado e gado de corte. Os efeitos nocivos ocorreram também no manejo destas culturas (SANTOS, 2005). Segundo o autor, pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 22 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! esses conhecimentos foram passados dos indígenas para os caboclos e esses para os alemães, que hoje são os que cultivam a tradição de plantar essas raízes. O ator 3, por ser de origem alemã, possui esse conhecimento, passado pelos seus pais. Por isto, juntar os saberes da antiga agricultura dos indígenas e dos imigrantes com a moderna agricultura de base ecológica é tão importante. Esta é a base para ser entendida e aperfeiçoada quando falamos de sistemas agroflorestais sustentáveis (MEIRELLES, 2003). Implantação do Desenho e Monitoramento do Sistema Através dos resultados obtidos no plantio, foi plotado no programa Autocad, as espécies escolhidas para a recuperação da área, formando assim o layout 1 (Apêndice 4) do desenho após o plantio inicial. Também foi gerado o layout 2 (Apêndice 5), resultando no desenho final do sistema implantado. Na implantação do SAF foram incluídas plantas de ciclo curto, médio e longo, de forma a fornecer renda desde o primeiro ano e permitir a utilização de culturas perenes, que depois de implantadas diminuem a demanda de mão-de-obra e proporcionam renda por muitos anos (RIBEIRO, 2001). A base para a implantação do sistema foi, portanto, a sucessão de vegetação e fauna associada aos ecossistemas onde foi instalado, de modo a harmonizar o objetivo do agricultor e as espécies que lhe interessam com as características do local conforme estabelece Vivan (1998). Portanto foram plantadas junto com as arbóreas, espécies agrícolas e medicinais, que poderão estar fornecendo alimentos e fonte de renda alternativa, obtendo-se, assim, um sistema multi-estrato, com o aproveitamento máximo de energia solar e de nutrientes (ROCKENBACH & DOS ANJOS, 1994). Condições Edáficas Foram analisadas as condições edáficas do sistema 1 e do sistema 2, conforme Anexos 2 e 3. Segundo padrões de qualidade do solo, estipulados pela Comissão de Química e Fertilidade do Solo do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina (2004), o sistema 2 apresentou maiores níveis de fertilidade do que o sistema 1. Níveis de CTC, (capacidade de troca de cátions do solo) no sistema 1 foram de 26,02 e no sistema 2 de 76,49 (média6). Segundo 6 Os valores indicados do sistema 2 são médias dos três tipos de solo encontrados: Solo arenoso, solo argiloso e solo de clareira (horta). pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 23 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Gliessman (2000), quanto mais alta a CTC melhor a capacidade do solo de reter e trocar cátions, prevenir a lixiviação de nutrientes e fornecer nutrição adequada às plantas. Os níveis de pH encontrados no sistema 1 foram de 4,8 e no sistema 2 de 5,83, sendo ambos considerados ácidos, porém o sistema 2 apresenta um pH propício ao desenvolvimento de plantas, segundo padrões estipulados. A acidez, segundo Gliessman (2000), é resultado da perda de bases pela lixiviação de água no perfil do solo, da absorção de íons de nutrientes pelas plantas e da produção de ácidos orgânicos por raízes de plantas e microrganismos. Segundo o autor, as espécies leguminosas são sensíveis a pH baixo, devido ao impacto que os solos ácidos tem sobre os simbiontes microbianos na fixação do nitrogênio. Portanto, altos níveis de acidez podem vir a prejudicar as espécies leguminosas, principalmente no sistema 1. O sistema 2 não apresentou presença de Alumínio, entretanto no sistema 1 a amostra de solo mostrou a presença deste metal, de 1,5 cmolc/dm3. Sendo este tóxico, pode vir a prejudicar as plantas. Esta presença pode se dar, conforme Durigan e Pagano (2000), em ecossistemas florestais perturbados e em fase de regeneração, os quais apresentam espécies com baixa absorção de Al. Portanto, o sistema 1 ainda não apresenta capacidade de absorção do Alumínio presente no solo, ao contrário do sistema 2, já maduro. A porcentagem de matéria orgânica presente no sistema 1 foi de 2,6%, já no sistema 2 foi de 4,5%. Esses valores mostram que o sistema 2, possui maior produção de matéria orgânica, sendo que para Gliessman (2000) esta é formada por raízes, microrganismos, pedofauna, metabólicos microbianos e substâncias húmicas. Segundo o autor, além de fornecer a fonte mais óbvia de nutrientes para o crescimento das plantas, ela constrói, promove e protege e mantém o ecossistema do solo. Foram também encontradas diferenças nos níveis de macronutrientes (K, P, Mg, Ca), sendo todos esses em maior quantidade no sistema 2. Espécies Arbóreas Área de Estudo 1 As espécies arbóreas plantadas podem ser verificadas no Quadro 2. O plantio ocorreu em três fases, sendo utilizados na primeira fase, 15 indivíduos de 13 espécies, havendo uma mortalidade de 40% (6 indivíduos). Este fato deve ter ocorrido em função do calor intenso e baixa fertilidade do solo, somente constatada depois da implantação, sendo que se verificado anteriormente, poderia ter sido reforçada a adubação. Na segunda fase foram introduzidos 6 indivíduos de Palmito Jussara na sombra existente no local, como também foram substituídas 2 mudas de Guanandi e Pata-de-vaca por outros indivíduos na mesma espécie e adicionados mais 2 mudas de Guarapuvu. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 24 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Na terceira fase foram adicionadas mais 5 mudas para incrementar e aproveitar espaços na área, podendo ser observadas no Quadro 2. Quadro 2 – Espécies usadas para compor o sistema adotado, bairro Brilhante, Itajaí. Fase Família Anarcadiaceae Anonaceae Bignoniaceae Caesalpinaceae 1 Clusiaceae Mimosaceae Margem esquerda Meliaceae Myrtaceae Palmaceae Ulmaceae Verbenaceae Palmaceae Margem esquerda 3 Nome popular Schinus terebinthifolius Aroeira Annona cacans Tabebuia umbellata Peltophorum dubim Schizolobium parahyba Bauhinia forficata Calophyllum brasiliensis Inga uruguensis Cedrela fissilis Eugenia uniflora Euterpes edulis Trema micrantha Cytharexyllum myrianthum Euterpes edulis Anona Ipê Canafístula Guarapuvu Pata de vaca Guanandi Ingá Cedro Pitanga Jussara Grandiúva Tucaneira Quantidade de mudas usadas 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 1 1 Jussara 1 Cedro 1 Schinus terebinthifolius Aroeira 1 Palmaceae Euterpes edulis Jussara 6 Caesalpinaceae Bauhinia forficata Pata de vaca 1 Schizolobium parahyba Guarapuvu 2 Clusiaceae Calophyllum brasiliensis Guanandi 1 Bombacaceae Bombacopsis glabra Cacau do maranhão 1 Bignoniaceae Jacaranda puberula Carobinha 1 Ulmaceae Trema micrantha Campomanesia xanthocarpa Peschiera sp Grandiúva 1 Margem Meliaceae direita Anarcadiaceae 2 Nome científico Margem Myrtaceae esquerda Apocynaceae Cedrela fissilis Guabiroba Leiteiro 1 1 Tanto as espécies pioneiras como as secundárias e climácicas, foram plantadas no mesmo dia, uma vez que, as pioneiras por crescerem mais rápido forneceram sombra às pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 25 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! demais, já as secundárias tardias e climácicas foram plantadas na borda inferior, onde há mais sombra. Segundo Kageyama & Gandara (2000), o uso de espécies arbóreas pioneiras nos plantios mistos, cria condições de sombreamento para as espécies dos estágios posteriores da sucessão. Este modelo proporcionou um grande avanço nos modelos de restauração que vêm sendo utilizados, sendo que as espécies pioneiras normalmente possuem um grande número de polinizadores e dispersores mais generalistas e em seu grupo ecológico são consideradas mais importantes para a estrutura da floresta. Para a escolha das espécies arbóreas foram descritas as características de cada uma (Apêndice 6). Além dos grupos e características ecológicas, é possível considerar que todas disponibilizam diversos produtos que podem estar sendo aproveitados pelos atores. Estes produtos a serem aproveitados foram baseados em Engel (1999); Lorenzi (1998; 2006) e Martins (2001), e abrangem um grande leque de utilização como: óleo, resina e goma; tanino; pigmentos; fibras; propriedades medicinais; alimentação; e funções como: quebra-vento; fixação de nitrogênio; produção de mel; potencial de recuperar áreas degradadas e, por fim, atração à fauna. A multifuncionalidade, isto é, diferentes funções e produtos oferecidos pelas espécies caracterizam o sistema agroflorestal proposto. Essa característica multifuncional possibilita uma maior interação entre planta-plantador (MOLLISSON, 1991). Para verificação do desenvolvimento das espécies arbóreas do sistema 1, estas foram medidas mensalmente, sendo gerado o gráfico (Figura 7), com as espécies que sobreviveram até o final do projeto. Portanto, resultando em 76% de sobrevivência. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 26 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Crescimento Mensal Médio 10,0 9,0 Altura e Colo (cm) 8,0 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 A no na A C a ier ro au ac o la tu hã an fís a ar n M Ca do ba ro Ca G n ra a úv di 2 G ba ro bi a u G di an n ua G pu ra ua vu 1, Espécies Arbóreas 3 2, g In á s Ju ra sa 3 2, 1, Altura ca ,2 ir o va ite a1 g Le de n ta ta Pi Pa Colo Figura 7 – Representação gráfica da média mensal do crescimento da altura e do colo das espécies arbóreas nativas do sistema 1, no bairro Brilhante, Itajaí. As espécies que responderam ao maior crescimento em altura média mensal foram: Aroeira (8,7 cm), Ingá (7,2 cm), Canafístula (5,00 cm) e a Pata de vaca (5,00 cm). As espécies que apresentaram maior expansão do diâmetro do colo foram: Guarapuvu (1,23 cm), Aroeira (0,60 cm) e Caroba (0,50 cm). Sendo assim, foi verificado que a Aroeira pode ser uma espécie de rápido desenvolvimento em mata ciliar. Este dado também foi constatado por Almeida et al (2005). A Canafístula também apresentou crescimento significativo em altura, sendo esta espécie pioneira, também é importante para a recuperação de matas ciliares, tanto como para sistema agroflorestais, por apresentar características ecológicas caducifólias e também por permitir a fixação de nitrogênio. A Pata de Vaca apresentou a mesma média de crescimento da Canafístula, sendo esta muito recomendada para a recuperação de ambientes degradados, é muito usada devido a suas flores exuberantes e qualidades medicinais (LORENZI, 2001; ENGEL, 1999). Percebe-se que algumas espécies como Guanandi que apresentou um crescimento rápido, pertence ao grupo ecológico das secundárias iniciais. Para Kageyama & Gandara (2000), certas espécies têm comportamentos diferentes em ambientes distintos, algumas espécies de secundárias fazem papel de pioneiras antrópicas, mesmo não sendo pioneiras, em ambientes muito degradados pelo homem. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 27 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! O Guarapuvu apresentou um crescimento médio do diâmetro do colo significativo em comparação com as outras espécies, esta espécie mostrou ter um crescimento rápido e adaptada as condições do ambiente. No Quadro 3 podemos observar as espécies arbóreas que apresentaram destaque no sistema 1. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 28 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Quadro 3 – Espécies arbóreas do sistema 1, bairro Brilhante, Itajaí. Aroeira - Espécie com maior crescimento Guarapuvu – Espécie com maior médio mensal de altura. desenvolvimento médio mensal de diâmetro do colo. Ingá – Segunda espécie com crescimento médio mensal de altura. maior Canafístula – Terceira espécie com maior crescimento médio mensal de altura. Pitanga – Apresentou frutos em Outubro de 2007. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 29 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! As outras espécies apresentaram-se adaptadas as condições do solo e clima local, inclusive a Pitanga apresentou frutificação. Entretanto, o Palmito Jussara, apresentou alto índice de mortalidade, sendo que desta espécie foram plantados oito indivíduos, restando apenas três. Deduz-se que não há ainda condições adequadas para esta espécie. Trabalhos realizados por Almeida et al (2005), mostram que está espécie quando plantada cedo demais, sem o devido sombreamento necessário e sem condições edáficas propícias tendem a não adaptarem-se ao ambiente. A utilização desta espécie foi destacada devido a forte presença nas áreas de mata ciliar, assim como também o seu importante papel ecológico. Segundo Vivan (2003), o Palmito Jussara é uma espécie de ciclo longo (podendo alcançar mais de 100 anos), se instala no subbosque sombreado da floresta. Sendo assim, respeitando a sucessão ecológica, está espécie por ser uma secundária tardia, deve ser introduzida mais tarde no sistema agroflorestal proposto. Portanto, Kageyama & Gandara (2000) recomendam para plantio de recuperação 60% das mudas de espécies pioneiras, sendo 30% de pioneiras típicas e 30% de secundárias iniciais. Das espécies arbóreas nativas usadas no sistema, 31% (6) são pioneiras típicas, 21 % (4) são pioneiras e secundárias iniciais, 37 % (7) são classificadas como secundárias iniciais e 11% (2) são secundárias tardias (Figura 8). Espécies Arbóreas Pioneira Pioneira, secundária inicial Secundária inicial Secundária tardia Figura 8 – Porcentagem dos grupos ecológicos das espécies implantadas no sistema 1, bairro Brilhante, Itajaí. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 30 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! O ator 1 adicionou no sistema algumas espécies frutíferas exóticas na como: Acerola (Mapighia emarginata), Uva (Vitis spp), Laranja (Citrus sp) e nativas como: Pitanga (Eugenia uniflora), Guabiroba (Campomanesia xanthocarpa) e Jaboticaba (Myrciaria cauliflora). O ator 2 também adicionou mais algumas mudas de árvores, como Ipês (Tapebuia sp), Jaboticaba (Myrciaria cauliflora), Cítricos (Citrus sp) e mudas de Palmeira Real (Archontophoenix cunninghamiana), sendo estas duas últimas exóticas. Segundo Ziller (2006) espécies exóticas invasoras são aquelas que, além de chegar a ecossistemas de onde não fazem parte naturalmente e aí sobreviver, conseguem adaptar-se, reproduzir-se e dispersar-se intensamente, a ponto de expulsar espécies nativas e dominar o ambiente. O uso de espécies exóticas em área de APP não é recomendável, porém espécies exóticas diversas que não apresentam comportamento invasor e agressivo talvez possam ser uma alternativa viável para a produção de frutos nestas áreas, principalmente considerando a iniciativa do ator social como positiva em relação à percepção da diversidade biótica no sistema. Área de Estudo 2 Das 46 espécies arbóreas e arbustivas analisadas no sistema 2, 26 espécies são nativas (57%) e 20 espécies exóticas (43%). Conforme mostra o Quadro 4 abaixo: Quadro 4 – Espécies arbóreas e arbustivas, nativas e exóticas existentes no sistema 2, bairro São Vicente, Itajaí. Família Anarcadiaceae Annonaceae Araucariaceae Arecaceae Bignoniaceae Bixaceae Boraginaceae Caricaceae Clusiaceae Ebenaceae Euphorbiaceae Espécies Arbóreas e Arbustivas Nome Científico Espécies Nativas Schinus terebinthifolius Aroeira Fruta de conde Rollinia mucosa Annona cacans Anona Araucaria augustifolia Araucária Syagrus romanzoffiana Jerivá Tabebuia sp Ipê Bixa orelana Urucum Cordia trichotoma Louro-pardo Mamão Carica papaya Calophyllum brasiliensis Guanandi Caqui Diospyros kaki Alchornea triplinervia Tanheiro Pachystroma longiloluim Espinheira Santa Jatropha curcas Pinhão-de-cachorro Origem Nativa Exótica Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Exótica Nativa Exótica Nativa Nativa Exótica pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 31 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Flacourtiaceae Guttiferae Junglandaceae Casearia sylvestris Rheedia gardneriana Carya illinoensis Nectandra sp Persea americana Lauraceae Mangifera indica Leguminosae Andira fraxinifolia Malpighia emarginata Malpighiaceae Bunchosia armeniaca Mimosaceae Inga sp Ficus insipida Moraceae Artocarpus heterophyllus Musaceae Musa paradisiaca L. Myrsinaceae Rapanea ferruginea Psidium cattleianum Psidium guajava Myrtaceae Campomanesia xanthocarpa Myrciaria cauliflora Oxalidaceae Averrhoa carambola Euterpes edulis Palmaceae Cocos nucifera Syagrus romanzoffiana Passifloraceae Passiflora edulis Rhamnaceae Hovenia dulcis Eriobotrya japonica Rosaceae Prunus persica Rubiaceae Coffea arabica Citrus limonia Rutaceae Citrus latifolia Sapindaceae Cupania vernalis Ulmaceae Trema micrantha Verbenaceae Cytharexyllum myrianthum Cafezeiro do mato Bacupari Noz pecã Canela-amarela Abacate Mangueira Angelim Acerola Ameixa do Pará Ingá Figueira Jaca Banana Capororoca Araça Goiabeira Guabiroba Jaboticaba Carambola Jussara Coco-da-Bahia Jerivá Maracujá Uva do japão Jambolão Pêssego Café Limão Cravo Limão tahiti Arco de peneira Grandiúva Tucaneira Nativa Nativa Exótica Nativa Exótica Exótica Nativa Exótica Exótica Nativa Nativa Exótica Exótica Nativa Nativa Nativa Nativa Nativa Exótica Nativa Nativa Nativa Exótica Exótica Exótica Exótica Exótica Exótica Exótica Nativa Nativa Nativa As espécies nativas foram então classificadas segundo Vivan (1998), (Apêndice 7). Destas 26 nativas 35% (9), são pioneiras típicas, 27% (7) são pioneiras e secundárias iniciais, 27% (7) são secundárias iniciais, 7% (2) são secundárias tardias e 4% (1) é climácica (Figura 9). pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 32 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Espécies Arbóreas Nativas Pioneira Pioneira e Secunária Inicial Secundaria inical Secundária tardia Climácica Figura 9 – Espécies arbóreas nativas presentes no sistema 2, bairro São Vicente, Itajaí. Algumas espécies usadas pelo ator 3 são frutíferas, bem adaptadas ao clima com origens diversas. Segundo Shiva (2003), algumas árvores frutíferas são componentes importantes, pois após um período de “gestação”, as árvores fornecem safras anuais de biomassa comestível numa base sustentável e renovável. Espécies exóticas como os cítricos e outras frutíferas parecem não possuir comportamento invasor e podem não apresentar perigo à biodiversidade, possibilitando a regeneração natural do sistema. Para Kageyama & Gandara (2002), para ambientes com uma razoável cobertura vegetal remanescente, que possuem uma grande diversidade, apresentam significativa regeneração que pode ser observada também no sub-bosque de plantios de espécies arbóreas exóticas. As espécies que apresentam potencial invasor no sistema 2, são segundo ZILLER (2007) a Uva do japão (Hovenia dulcis) e a Jaqueira (Artocarpus heterophyllus). Porém, este ator ainda não teve problemas com essas espécies, principalmente considerando que o tamanho da propriedade não permite a invasão incontrolável das mesmas. Dentre as espécies menos conhecidas destaca-se o Pinhão manso (Jathopha curcas), que possui um óleo que vem sendo estudado para a produção do biodiesel, sendo sua origem bastante controversa, originária da América do Sul (BIODIESELBR, 2007). pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 33 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Espécies Medicinais Área de estudo 1 Foram identificadas 27 espécies vegetais herbáceas e arbustos com princípios medicinais dentro da área de APP (Apêndice 8) no sistema 1. Algumas destas espécies não são muito populares para a população em geral, sendo denominadas vulgarmente por “matinhos”, mas além de propriedades medicinais são essenciais para a sucessão ecológica, e normalmente são retiradas pelos atores, por ignorar suas multifunções. As espécies selvagens continuam em volta da mata ciliar, porém estes atores ainda não as utilizam para fins medicinais. Segundo Pavan (2000), o extrativismo de plantas medicinais apresenta grande potencial para a utilização racional, uma vez que não implica na remoção da floresta e, comparativamente com outros usos, pode gerar menores impactos ambientais. Outras 7 espécies medicinais foram plantadas em núcleo (Figura 10) em dois locais na área, as quais: quatro exemplares de Ginseng Brasileiros (Pfaffia glomerata), duas Losnas (Artemisia absinthium), um Boldo (Plectrathus barbatus Andr.), uma Menta (Echinodorus macrophyllum), duas Malvas (Malva parviflora), dois Oréganos (Origanum vulgare L) e dois Poejos Miúdos (Cunila microcephala Benth). As espécies medicinais: Menta, Boldo e Ginseng, ainda encontram-se presentes no sistema 1. Os atores 1 e 2 não acrescentaram nenhuma espécie medicinal dentro do sistema. Figura 10– Plantas Medicinais plantadas aproveitando o espaço entre as espécies arbóreas, bairro Brilhante, Itajaí. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 34 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Área de estudo 2 Foram catalogadas 13 espécies de plantas medicinais típicas (Quadro 5) no sistema 2. Contudo, muitas das espécies arbóreas presentes no sistema também apresentam características medicinais. Estas são freqüentemente usadas pelo ator 3 e sua família, estes estão sempre adicionando novas espécies medicinais ao sistema. Quadro 5 – Espécies medicinais típicas encontradas na sistema 2, no bairro São Vicente, Itajaí. Espécies Medicinais Nome Científico Ocismum sp Ocismum basilicum Aloe vera Vernonia condensata Cymbopogon citratus Symphytum officinale Melissa officinalis Helianthus sp Mikania guaco Mentha piperita Artemisia absinthium Malva sylvestris Alternanthera sp Sambucus nigra Nome Vulgar Alfavaca anizada Alfavaca normal Babosa Boldo Cana de cheiro Confrei Erva cidreira Girassol Guaco Hortelã Losna Malva Penicilina Sabugueiro Espécies Agrícolas Área de estudo 1 Como enriquecimento do sistema e também como característica de um sistema agroflorestal, foram plantadas espécies anuais entre as linhas de arbóreas (Figura 11). As espécies semeadas foram as popularmente usadas em SAFs e mais consumidas pela população em geral, as quais, o milho (Zea mays), feijão (Phaseolus sp), girassol (Helianthus sp), abóbora (Cucurbita sp), taiá (Xanthosoma sagittifolium), abacaxi (Ananas sp), maracujá (Passiflora sp), abobrinha (Cucurbita sp) e mamão (Papaya sp). O ator 1 adicionou 15 mudas de banana dentro dos espaços vazios dentro da área de mata ciliar após a venda e divisão dos terrenos. Esta intervenção do ator 1 mostrou que ele pode estar se envolvendo com a área de plantio. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 35 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! As espécies que tiveram menor desenvolvimento foram: As cucurbitáceas, como as abóboras e abobrinhas, as anuais como milho (Figura 11) e feijão, taía e o mamão. As espécies que melhor se desenvolveram foram: abacaxi, maracujá e o girassol. Figura 11– Milho intercalando as árvores plantadas aproveitando o espaço existente para a produção de alimentos na área de estudo 1, bairro Brilhante, Itajaí. A adubação verde feita com ervilhaca (Vicia sativa) no sistema 1, não se desenvolveu, sendo que a intenção do plantio era o aumento de massa verde para incorporação no solo. Segundo Monegat (1991) entre as leguminosas, as ervilhacas são consideradas de grande importância em função ao seu uso múltiplo, notadamente na alimentação animal e como plantas de cobertura. Área de Estudo 2 O sistema 2 possui espécies anuais plantadas dentro do sistema agroflorestal, tais como: cana-de-açúcar (Saccharum officinarum), mandioca (Manihot esculenta), café (Coffea arabica), feijão (Phaseolus sp), batata doce (Ipomoea batatas), taiás (Xanthosoma sp), inhames (Colocaisa sp), diversos tipos de carás (Dioscorea sp) e mangarito (Xanthosoma sp). As hortaliças exóticas comuns, como: alface (Lectuca sativa), brócolis (Brassica oleracea), couves (Brassica sp), rabanetes (Raphanus sativus) e etc, são plantadas numa clareira aberta (Figura 12), muitas vezes em consórcio, onde também é feito o plantio de espécies anuais como: milho (Zea mays), ervilhas (Pisum sativum), feijões (Phaseolus sp) e outras espécies as quais adaptam-se melhor em áreas abertas. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 36 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Figura 12 – Área do cultivo de hortaliças no sistema 2, bairro São Vicente, Itajaí. Evolução do Sistema 1 No Quadro 6, pode ser verificadas fotos do desenvolvimento da área durante um ano de pesquisa, é notável a diferença da propriedade com um todo. O ator 1 nos últimos meses de pesquisa, mostrou-se mais envolvido com a propriedade e este reproduziu um sistema agroflorestal com árvores e bananeiras no outro lado da margem do rio e começou uma horta. Outra mudança notável nas fotografias, é a construção de uma casa pelo ator 2 (Quadro 6). Quadro 6 – Mostra o desenvolvimento do sistema 1, no bairro Brilhante, Itajaí. Junho de 2006 Outubro de 2006 pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 37 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Janeiro de 2007 Maio de 2007 Junho de 2007 Setembro de 2007 Sistema Agroflorestal implantado pelo Ator 1 do outro lado da margem. Outubro de 2007 Divisão dos terrenos, a esquerda propriedade 1 e a direita propriedade 2. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 38 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Comparação dos Sistemas Comparação Ecológica A comparação ecológica foi feita entre os sistemas dos atores 1 e 2 (sistema 1) comparados com o do ator 3 (sistema 2), buscando analisar a dinâmica desses ambientes e como funciona a ecologia dos dois sistemas. O Quadro 7 mostra os parâmetros comparados, sendo os resultados descritos em seguida. Quadro 7 – Comparação ecológica entre os sistemas agroflorestais. Atributos Ecológicos Diversidade 19 Sistema 1 (inicial) Sistema 2 (avançado) 31 espécies vegetais 58 espécies vegetais 7 nativas exóticas Interações Bióticas Ciclagem de Nutrientes Estabilidade 5 19 26 13 medicinais exóticas nativas medicinais Menor Maior Decíduas e semi-decíduas: 58% Decíduas e semi-decíduas: 44% Fixadoras de Nitrogênio: 26% Fixadoras de Nitrogênio: 7 % Maior Resiliência Maior Resistência Diversidade de Espécies Conforme Gliessman (2005), a diversidade é, simultaneamente, um produto, uma medida e uma base da complexidade de um sistema e, portanto da sua habilidade de manter um funcionamento sustentável. Sendo assim, o sistema 1, por possuírem uma menor área cultivada (330m2) e menor densidade de plantas7 e uma menor diversidade de espécies, portanto, possuem menor habilidade de funcionamento sustentável. O fator qualidade do solo, permite que o ator 3 tenha uma regeneração natural de espécies dentro do sistema agroflorestal, permitindo uma área cultivada com uma alta qualidade e diversidade de espécies. Segundo Da Croce (1994), a diversificação de cultivos nas propriedades rurais, minimiza riscos decorrentes de fatores climáticos, favorecendo de forma decisiva a conservação do solo e da água, como também, possibilita o aumento do leque de fatores de renda. Desta forma, podemos afirmar que o sistema 2 possui características ecológicas 7 A densidade entre o sistema 1 e o sistema 2 foi observada visualmente. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 39 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! importantes de proteção da mata ciliar complementada com a diversificação de cultivos que auxilia sua renda. A diversificação tem uma importância que vai além do fator renda, que são as interações que ocorrem em função da diversidade de um sistema que o levam a uma estabilidade. Segundo Gliessman (2005), quanto mais diversidade maior a resistência à perturbações e à interferências, facilitando também a capacidade de recuperação e restauração do equilíbrio em seus processos de ciclagem de materiais e fluxo de energia. A diversidade de espécies encontrada no sistema 2 consiste em 26 espécies nativas e 19 espécies exóticas, sendo a maioria árvores frutíferas comuns. Além das 13 espécies de plantas medicinais e os cultivos anuais plantados nas clareiras (Apêndice 7), resultando em 58 espécies. Algumas das espécies comestíveis cultivadas dentro do sistema agroflorestal neste sistema, de base amilácea são: o cará do ar (Dioscorea bulbifera L.), o cará de pão (Dioscorea alata L.), o cará mimoso roxo e branco (Dioscorea trifida L.), o taiá (Xanthosoma sagittifolium Schott), o inhame (Colocasia esculenta Schott), que são colhidos nos meses de inverno (abril a agosto). Outras plantas amiláceas que fazem parte da alimentação, passíveis de serem colhidas durante todo o ano são: o aipim (Manihot esculenta) e a batata-doce (Ipomoea batatas), segundo estudo já realizados na propriedade (SANTOS, 2005). Devido ao fato deste sistema ser manejado a mais de 60 anos, é natural que a diversidade deste seja mais complexa. O ator 3 também contribuiu muito com a diversidade do sistema através da adição de diversas espécies ao longo dos anos. Segundo a entrevista realizada com o mesmo e conversas informais ao longo do projeto, o sistema sempre foi cultivado pelos pais do ator dessa forma mista. Esta informação nos leva a perceber que o sistema agroflorestal é um sistema funcional de sucesso quando bem manejado, podendo ser produtivo. A respeito do manejo necessário no sistema, a grande diversidade de espécies pode significar a necessitada de maior mão-de-obra. Segundo Vaz da Silva (2002), o sistema agroflorestal é uma alternativa para a recuperação da mata ciliar ao pequeno agricultor, dependendo da quantidade de mão-de-obra disponível, sendo um SAF simples uma opção, pois necessita de um menor manejo. O sistema simples proposto pela autora consiste em árvores nativas (pioneiras e não-pioneiras), duas espécies de leguminosas, o Guandu (Cajanus cajan) e o feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) ambos utilizados como adubação verde. O responsável pelo manejo do sistema deve ao longo do tempo acrescentar, estudar e manejar o posicionamento das espécies, para obter resultados favoráveis. Portanto é importante pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 40 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! o estudo das espécies, suas características e grupos ecológicos como também a preferência de habitat. Mesmo assim, existem muitas variáveis que podem influenciar no desenvolvimento e crescimento destas espécies. O sistema 2, além da diversidade de espécies vegetais, possui também animais, como: 1 vaca, 1 égua, 12 porcos, 2 patas, 17 marrecos e 50 galinhas. Alguns animais são abatidos e comercializados, deles também provem o esterco, que é usado para adubar algumas áreas, carne, leite e ovos, usados na confecção dos produtos consumidos pela família. Segundo Mollison (1991), os animais são muito importantes para fecharem ciclos dentro do sistema, tanto pelo controle de pragas e doenças, como pela produção de carne e esterco, que é usado para adubar as mudas. Interações Bióticas Muitas espécies possuem comportamentos diferentes quando estão em conjunto com outras espécies (ODUM, 2007). Fatores como a competição, mutualismo e a simbiose são fatores relevantes em um sistema agroflorestal, assim como também em uma floresta. A larga aceitação da idéia darwiniana da “sobrevivência do mais apto” como meio importante de se realizar a seleção natural dirigiu a atenção aos aspectos competitivos da natureza. Em conseqüência, a cooperação entre espécies na natureza foi subestimada (ODUM, 2007). Portanto, os sistemas agroflorestais são baseados na cooperação e efeitos positivos entre espécies. Sistemas diversos, como o encontrado no sistema 2 mostram efeitos clássicos de mutualismo e cooperativismo entre as espécies. No sistema 2, foram catalogadas as interações visíveis dentro do sistema ali existente, segundo SANTOS (2005b) sendo: “A integração é total, pois plantas de tangerina suportam plantas de cará e as bananeiras estão localizadas dentro do galinheiro, e árvores de guabiroba sombreiam as bananeiras. A Grandiúva está presente espalhada por toda a propriedade. Hortaliças, como couve manteiga, couve-flor, brócolis, alface também são cultivadas em pequenos talhões, sempre cercados por outras plantas. O milho é consorciado com abóbora, o taiá é consorciado com cará de pão, café sombreado e outras árvores de porte maior sombreiam o café, como o ingá e a Grandiúva. Também são encontradas no sistema diversas plantas medicinais, que são utilizadas freqüentemente pela família”. Os diversos consórcios feitos pelo ator 3 ( Figura 13 ), mostra a interação benéfica entre as espécies, resultando em produtividade e otimização de espaço. Segundo Gliessman (2005), o rendimento resultante dos consórcios é maior do que aquele das culturas “solteiras”. É provável pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 41 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! que estes aumentos sejam resultado da complementaridade das características de nichos, pois para obter sucesso no consórcio cada espécie deve ter um nicho levemente diferente, para não ocorrer competição entre espécies. a b Figura 13 – a) Consórcios feitos pelo ator 3, cará-do-ar com bananeira; b) Taiás (Xanthosoma sagittifolium Schott) com mandioca e outras arbóreas, bairro São Vicente, Itajaí. Portanto, é importante o conhecimento do nicho de cada espécie, sendo que o autor também cita que o manejo bem sucedido de cultivos consorciados depende do conhecimento da dinâmica populacional de cada membro, bem como as características específicas de nicho. Esse conhecimento esta muitas vezes, atrelado ao conhecimento tradicional de muitas comunidades e também de agricultores. Os sistemas agrícolas tradicionais baseiam-se em sistemas de rotação de cultura, com diferentes espécies em consórcio, incluindo a relação simbiótica do solo, água, plantas e animais domésticos (SHIVA, 2003). Entre as interações bióticas mais conhecidas destacam-se as leguminosas e as bactérias nitrificantes (Rhizobium) que possibilitam a fixação eficiente do nitrogênio. Além das leguminosas, outras plantas ao redor delas se beneficiam desta característica. Por isso foi priorizado na escolhas das espécies, árvores com capacidade de fixação de nitrogênio. No sistema 1, das 19 espécies arbóreas, 5 (26%) espécies apresentam essa característica, já no sistema 2 das 26 espécies nativas, são apenas 3 (11,5%) espécies, sendo que uma delas é Grandiúva (Trema micrantha), a qual faz fixação biológica de nitrogênio atmosférico e absorve fósforo através de fungos com suas raízes formando micorrizas (SANTOS, 2005a). O sistema 2 pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 42 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! possui um menor número de espécies fixadoras de nitrogênio porém, existem uma alta densidade de Grandiúvas espalhadas pelo sistema todo. Conforme Young (1989), algumas plantas não-leguminosas em associação com fungos do gênero Frankia, também fixam nitrogênio. Estas o fazem com tanta eficiência quanto às bactérias Rhizobium. Até agora 160 espécies de cinco gêneros de oito famílias de dicotiledônias provaram possuir esse tipo de associação (ODUM, 2007). O sistema 2, por ser manejado há 60 anos pela família, possui uma alta rede de interações. Segundo Odum (2007), a quantidade de interações é influenciada pela maturidade do sistema. Sendo assim, o sistema 1 possui uma menor interação entres as espécies, devido a sua imaturidade. Ciclagem de Nutrientes A produção de serrapilheira é o parâmetro mais estudado na ciclagem de nutrientes, uma vez que representa a principal via de retorno de nutrientes e de matéria orgânica à superfície do solo mineral que suporta a floresta (PAGANO & DURIGAN, 2000). Esta via de retorno é muito importante para a independência de insumos externos e para o desenvolvimento do sistema como um todo. A diferença da ciclagem de nutrientes e a produção de serrapilheira entre os dois sistemas é visivelmente distinta. No sistema 1 este ainda não é cíclica, ou seja, eficiente o bastante para não necessitar de insumos externos. Segundo Pagano & Durigan (2000) e Odum (2007), a mata ciliar mais jovem é responsável pela maior produção anual de serrapilheira, uma vez que as espécies pioneiras apresentam rápido crescimento e ciclo de vida mais curto, investem pesadamente na produção de biomassa em um curto espaço de tempo. É possível que exista um desequilíbrio de ciclos de nutrientes no sistema, pois segundo Odum (2007) os ciclos podem se tornar imperfeitos, acíclicos, resultando na situação paradoxal de haver carências de minerais em um lugar e excesso em outros. Como já mencionado algumas plantas apresentaram-se fracas e suscetíveis a pragas e doenças, sendo que algumas não sobreviveram e tiveram que ser substituídas. A qualidade do solo está relacionada com o fortalecimento das plantas, pois conforme a Teoria da Trofobiose, explica a relação de resistência da planta, baseia-se nos elementos nutricionais que ela pode oferecer ao parasita, demonstrando que a resistência encontra-se realmente ligada a uma carência da planta por algum elemento a ela essencial pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 43 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! (CHABOUSSOU, 1987). Como verificado, as amostras de solo retiradas no sistema 1, mostram baixos índices de nutrientes e minerais. Pode-se dizer que o sistema 2 possui um ciclo de nutrientes bem formado pois, a análise de solo deste sistema mostrou-se muito rica em quantidade de nutrientes. Estes resultados podem estar relacionados com a abundante serrapilheira e material em decomposição no solo (Figura 14 ), sendo a ação foliar o componente principal de toda a serrapilheira produzida (PAGANO & DURIGAN, 2000). Figura 14 – Taiás plantados no estrato herbáceo da agrofloresta envolvidos por restos de folha de bananeira em decomposição, bairro São Vicente, Itajaí. No sistema 1, (Apêndice 6), das 19 espécies usadas, 8 apresentam a característica ecológica decídua (42%) como também 3 espécies são semi-decíduas (16%). No sistema 2, das 26 espécies nativas 6 são decíduas (22%) e 6 semi-decíduas (22%). A constante incorporação de folhas ou cobertura morta (serrapilheira) no solo permite uma ciclagem de nutrientes eficiente, podendo, talvez, ser dispensada a adubação externa. A participação das árvores decíduas exerce esta função naturalmente dentro do sistema. Ainda, as decíduas ou semi-decíduas, tendo como característica no inverno ou em períodos de estiagem perderem as folhas permitindo também a entrada de luz no sistema, possibilitando que outras espécies possam beneficiarem-se da luminosidade. Estudos feitos por Young (1989) mostram dados (Quadro 8) dos nutrientes contidos nas folhas das plantas em algumas árvores usadas em sistemas agroflorestais. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 44 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Quadro 8 – Valores dos nutrientes voltados ao solo pelas podas em um sistema agroflorestal. Nutrientes % do nutriente nas folhas Nitrogênio 2.0 – 3.0 Nutriente potencial que retorna ao solo pelas folhas (kg/ha/ano) 80 – 120 Fósforo 0.2 – 0.3 8 – 12 Potássio 1.0 – 3.0 40 – 120 Cálcio 0.5 – 1.5 20 – 60 Fonte: Young (1989). Estes dados mostram a importância da decomposição da matéria orgânica no solo, sendo que o ator 3, realiza também um sistema de manejo de podas na Grandiúva no inverno e a biomassa é usada como forragem para animais e também é incorporada no solo. A distribuição de podas ao longo da área aumenta a cobertura do solo e a fertilidade, resultado do efeito da decomposição das folhas (YOUNG, 1989). Além do aumento da fertilidade do solo, as podas realizadas aumentam a entrada de luz no sistema. A cobertura do solo permite que o nitrogênio, um dos mais importantes nutrientes para as plantas, possa estar disponível (YOUNG, 1989). Este entra continuamente na atmosfera pela ação das bactérias desnitrificantes, e continuamente retorna ao ciclo pela ação das bactérias ou algas fixadoras de nitrogênio, por meio da radiação e por outras formas de fixação física (ODUM, 2007). Como já mencionado, o sistema 1 possui mais espécies leguminosas do que o sistema 2, mesmo assim apresenta menor quantidade de serrapilheira. Segundo Pagano e Durigan (2000), a produção de serrapilheira em matas ciliares varia não somente com o tipo de vegetação que as compõem, mas também com o teor de umidade, da fertilidade do solo que as suportam e do grau de perturbação da vegetação (PAGANO & DURIGAN, 2000). O nitrogênio também possui outra função importante no sistema, pois conforme Young (1989) pode também reduzir a competição de raízes com as culturas anuais. Nenhum dos sistemas apresentou competição entre raízes, sendo que nos consórcios usados pelo ator 3, a presença de lianas é bastante expressiva, tendo um papel importante na produção de serrapilheira, de acordo com Pagano e Durigan (2000). pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 45 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Estabilidade dos Sistemas De acordo com Odum (2007) existem duas formas de estabilidade: a estabilidade de resistência (a capacidade de se manter “estável” diante de estresse) e a estabilidade de resiliência ou elasticidade (a capacidade de se recuperar rapidamente). As duas formas podem estar inversamente relacionadas. O sistema implantado no sistema 1, mostra tender para uma estabilidade mais voltada a resiliência, devido a recuperação rápida depois do período de estresse do alto verão e do ataque de formigas. Conforme Odum (2007), temperaturas altas do verão geralmente exigem que a planta gaste na respiração uma proporção da sua energia de produção bruta. Sendo assim, custa mais as plantas (menos as C4) manterem sua estrutura no verão. Possivelmente, esta tendência a menor resistência é decorrente do caráter imaturo do sistema, sem desenvolver sua cibernética, ou ciência do controle, conforme Odum (2007). No sistema 2 a ocorrência de pragas e doenças é insignificante, não sendo necessária a aplicação de agrotóxicos ou fertilizantes químicos. De acordo com Altieri (2001) isto é resultante da manutenção da biodiversidade no sistema, pois microorganismos do solo, polinizadores, inimigos naturais, minhocas são componentes chave que exercem um importante papel ecológico, através de controle natural, ciclagem de nutrientes, decomposição, equilíbrio de microorganismos indesejados no solo e decomposição de produtos nocivos. O sistema 1 sofreu a aplicação de inseticida contra formigas pelo ator 1. O sistema 2 apresenta uma tendência para a estabilidade de resistência, pois é capaz de se manter estável após períodos de estiagem e manejo realizado. Como manejo se considera a poda, a introdução de novas espécies, extrativismo de plantas medicinais, frutas e raízes, adubações orgânicas (esterco, pena de aves, cinza, lixo orgânico) e capinas seletiva. O processo extrativista, executado em intensidade reduzida, não altera as freqüências fenotípicas ou genotípicas das populações de plantas, além disso, no caso de espécies não madeireiras, não alteram a paisagem, nem a estrutura do componente biótico (REIS et al, 2002). Portanto, não prejudica as funções ecológicas previstas na resolução no 369 , Art. 11, para APP. Esta mesma resolução permite um manejo sustentável dentro da APP, ou seja, na mata ciliar. Segundo Reis et al (2002), o manejo só é sustentável na medida em que a retirada de um número de indivíduos (ou partes destes), a cada ciclo de exploração, puder ser reposta pelo próprio dinamismo da espécie. Portanto, em função desta definição, o manejo que o ator 3 pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 46 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! exerce sobre o sistema pode ser considerado sustentável, pois as podas realizadas nas espécies, principalmente na Grandiúva, é recomposta pela própria espécie. Vemos então que o manejo sustentável deve ser vista de forma a valorizar áreas florestais, já que este exclui a possibilidade de retorno mais rápido e rentável (SIMÕES, 2002). Para Odum (2007), o grau de estabilidade realmente alcançado por um determinado ecossistema depende, não somente da sua história evolutiva e da eficiência dos seus controles internos (cibernética), mas também da natureza do ambiente de entrada de energia e também da complexidade estrutural. São os controles internos, como o manejo (podas, extrativismo e introdução de espécies) que o ator 3 realiza que caracterizam a estabilidade de resistência do sistema 2, pois este se mantém estável diante do estresse produzido pelo manejo. Entretanto, o manejo em um sistema agroflorestal tem como função acelerar a sucessão, com espécies que forneçam recursos que nos interessam. Conforme Vivan (1998), o manejo é feito de modo a não comprometer o fluxo de complexificação da vida que está sendo levado naturalmente. O autor explica que, o manejo ocorre naturalmente através de vendavais e enxurradas e a intervenção deve visar a renovação do sistema. As perturbações (estresse) causadas pelas podas ou mesmo por colheitas (raízes, frutos e folhas) feitas pelo ator 3, permite a renovação dos espaços no sistema. Segundo Ricklefs (1996), as perturbações causadas por condições físicas, abrem espaço para a colonização e iniciam um ciclo de sucessão de espécies adaptadas a colonizar sítios perturbados. Com níveis moderados de perturbação, a comunidade torna-se um mosaico de partes de hábitat em diferentes estágios de regeneração, as partes juntas contêm a variedade completa das espécies características da série de sucessão. Portanto, o manejo auxilia no incremento de diversidade no sistema. O sistema 2 como já discutido possui, maior diversidade de espécies vegetais que o sistema 1. A diversidade tem papel fundamental na manutenção da estabilidade do sistema, sendo que a destruição da diversidade e a criação da uniformidade envolvem simultaneamente a destruição da estabilidade e a criação da vulnerabilidade (SHIVA, 2003). Entretanto, uma alta diversidade nem sempre significa maior complexidade, pois para Odum (2007), a complexidade funcional parece aumentar a estabilidade mais do que a complexidade estrutural a aumenta. São, portanto, as interações bióticas e a multifuncionalidade das espécies no sistema 2 que podem colaborar também com a estabilidade. A estabilidade alcançada pelo ator 3 é também resultado do tempo de manejo do sistema (60 anos). pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 47 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! A erosão considerada uma instabilidade física nos dois sistemas é praticamente nula, devido a pouca declividade de ambas as propriedades, com topografia suave. O sistema 2, por estar localizada nas margens do rio Itajaí-mirim, sendo este um curso d’água consideravelmente largo (+/- 10 metros), poderia ser perigosa se ali houvesse erosão. Felizmente, essa preocupação não existe devido a mata ciliar agroflorestal ali presente. Segundo Young (1989), o sistema agroflorestal permite meios de combinar o controle de erosão com o uso produtivo da terra. Como também o efeito do dossel das árvores, diminui o impacto das gotas de chuvas no solo. Comparação Econômica Considerando a necessidade de tornar atrativo o sistema de recuperação de mata ciliar com a agrofloresta para os pequenos agricultores que dependem da zona de APP para a subsistência, foram estimados os gastos para a implantação do sistema. O transporte e a mão-de-obra não foram considerados, devido a ajuda das instituições: Secretaria de Agricultura de Itajaí, Epagri (Microbacias 2) e Univali. O valor das mudas e sementes foi estimado através da pesquisa de mercado em redes agropecuárias e viveiros da região, resultando, assim, em um custo inicial de implantação de 135,40 reais (Apêndice 11). Porém, a idéia do projeto é que ocorra apoio e convênio entre órgãos governamentais e não governamentais para que a implantação do sistema seja viável para os pequenos agricultores. Esse valor pode ser recuperado em curto, médio ou a longo prazo, dependendo do tipo de cultura a ser utilizada, no caso do sistema 1 é necessário plantio na área ainda disponível e, com isso maior envolvimento dos atores. No entanto, o sistema quando maduro produzirá frutos, raízes e essências medicinais. Talvez a falta de habilidade e de relação com a terra referente ao ator 1 tenha influenciado na falta de aproveitamento dos recursos que poderiam ter sido gerados no sistema 1 desde o primeiro ano de plantio. Segundo Poltroniéri (1996), a influência dos recursos do meio ambiente varia de acordo com a percepção humana. Há, portanto, diferentes níveis de riqueza do espaço e diversos níveis de habilidade humana para aproveitar os recursos, gerando diferentes formas de organização espacial. Foi feita uma mesma tabela seguindo o modelo de SANTOS (2005b) para as sistema 1, analisando as frutíferas e espécies perenes que podem futuramente também gerar colheitas o ano todo (Apêndice 9). pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 48 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Devido o ator 3 manter espécies remanescentes na mata ciliar, dispensa o valor estipulado para a implantação do sistema. Isto mostra que devido o sistemas 1 encontrar-se desprovido de mata ciliar houve custos para a implantação. Segundo Osterroht (2002), uma alta diversidade tem um custo maior de implantação enquanto depender do trabalho humano. Porém, após o sistema entrar em autodinâmica, a reprodução e o replantio das muitas espécies será exercido pelos animais silvestres, a um custo muito baixo. O sistema 2, hoje é um sistema dinâmico, resultado de investimentos de energia inicial investidas no sistema agroflorestal, está até hoje fornecendo uma renda indireta a família, produzindo o ano todo (Apêndice 10), sendo que, o excedente o ator comercializa com os vizinhos. O ator 3 gasta hoje em dia em média 100,00 reais mensais no supermercado, sendo que compra basicamente produtos de limpeza, farinhas e outros insumos que não são produzidos pelo sistema como um todo (incluindo os animais). Hoje em dia, o sistema não possui muitas demandas de mão-de-obra, este como já possui uma produção contínua e uma ciclagem de nutrientes dinâmica, resultando numa alta fertilidade cultivada por anos, acaba por diminuir a mão-de-obra, necessária no sistema 1 imaturo. Portanto, a mão-de-obra tende a diminuir com a maturidade do sistema. Para a diminuição da mão-de-obra faz-se necessária a utilização intensiva do solo através de consórcios, sendo que isto diminui a área efetiva a ser trabalhada e pode manter os mesmos níveis de produção (ROCKENBACH & DOS ANJOS, 1994). Em um trabalho realizado na comunidade rural do Córrego do Sossego, em Simonésia, no estado de Minas Gerais foi constatado uma diminuição da mão-de-obra de 30%, isto devido ao fato da sombra das árvores leguminosas e da eficiência da adubação verde (Franco et al, 2004). A sombra permite que espécies de gramíneas cresçam menos, necessitado assim, mesmo capinas e coroamentos. A comparação econômica da produtividade em sistemas agroflorestais com o monocultivo de espécies agrícolas é muito difícil, pois uma comparação deste tipo envolve sistemas inteiros e não pode ser comparados a fragmentos de sistemas agrícolas. Como em sistemas agroflorestais, a produção também envolve a conservação das condições de produtividade (SHIVA, 2000), é possível que estes sejam claramente mais produtivos, pelo fato dos insumos necessários provirem da ciclagem de nutrientes dentro do próprio sistema. Ao contrário dos monocultivos que dependem de insumos externos (fertilizantes, adubos químicos, sementes) para poderem alcançar uma produção almejada e mantém o produtor dependente do mercado externo. Quando se trabalha com sistemas agroflorestais, de forma a respeitar o limite das espécies, não é necessário o uso de adubos químicos ou fertilizantes para acelerar e aumentar a pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 49 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! produção. O atual problema encontrado entre os pequenos agricultores é a visão curto-prazista, pois segundo Young (2002), os ganhos a curto prazo podem se revelar desastrosos a médio e longo prazos para a comunidade como um todo, sendo que o imediatismo econômico impede que os sistemas de médio e longo prazos sejam considerados ações cotidianas. Conforme o autor, não é porque a floresta não gera produtos de importância econômica que ela acaba sendo destruída, mas sim porque existem outras formas de uso da terra que garantem recursos financeiros maiores ou mais rápidos para os que promovem o desmatamento. Sendo o sistema aqui proposto mais produtivo economicamente quando maduro, é necessário persistência dos envolvidos. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 50 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! PROPOSTA Para a continuidade do processo de recuperação da mata ciliar com SAF, primeiramente recomenda-se ações para proporcionar melhoras na condição da fertilidade do solo do sistema 1, podendo ser realizado plantio de espécies com característica de adubação verde, como guandu e crotalária. A grama seria então coberta, diminuindo a competição por nutrientes destas com outras espécies. A matéria orgânica também estaria melhorando as condições do solo, aumentando a fertilidade e a ciclagem de nutrientes. Deveriam ser introduzidas no sistema 1 mais espécies arbustivas e herbáceas de ciclo curto e lianas a fim de proporcionar uma subsistência a curto prazo e estimular as relações bióticas através dos consórcios. No sistema 2 poderiam ser catalogadas as espécies que estão na sombra, semi-sombra e pleno sol do sistema agroflorestal, para futuras indicações em outros sistemas, assim como também poderiam ser feitos estudos sobre o manejo e o conhecimento tradicional do ator 3. Recomenda-se que o auxilio técnico entre o pesquisador e o ator continue sendo constante, por meio de visitas a área de estudo, a fim de estimular a criação de novas estratégias e metodologias. A parceria entre instituições governamentais e não governamentais é também importante, para que ocorra o fortalecimento das redes locais de incentivo a uma produção agroecológica livre de agrotóxicos. Ainda, para uma produção agroecológica, sugerem-se procedimentos como: adubações orgânicas (esterco, cinza), manejo (podas e por introdução de espécies) e produção de matéria orgânica (serrapilheira) para a incorporação desta no solo, sendo fatores essenciais ao longo do projeto. Para auxiliar no processo de sucessão de espécies, visando a recuperação de mata ciliar com sistema agroflorestal foram organizados dados8 (Quadro 9), conforme o modelo proposto por Ribeiro (2001). 8 Importante salientar que esta tabela consiste num modelo, muitas condições podem interferir num sistema agroflorestal, pois não existe um “pacote pronto” para sistemas agroflorestais. O anos citados são apenas referenciais para servir como um guia. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 51 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Quadro 9– Mostra as diferentes fases de um sistema agroflorestal adaptado para a área de estudo. Fase Idade (anos) Espécies Ambiente e Manejo 01 0-3 Árvores: Nativas da Floresta Atlântica (pioneiras leguminosas e frutíferas menos exigentes). Espécies comestíveis: Milho, feijão, soja, girassol, abacaxi, mamão, banana, abóbora, abobrinha e café9. Espécies adubadoras: arbustos que produzem grandes quantidades de matéria verde. Espécies Medicinais. 02 4-7 03 8-15+ Árvores: Palmito Jussara, Louropardo, frutíferas mais exigentes. Espécies comestíveis: cará-do-ar, mangarito, feijão trepador, abacaxi, pepino, chuchu, favas. Espécies arbustivas de sombra rala como: mamão, erva mate, amoras e raízes como taiás e inhames. Espécies adubadoras: arbustos que produzem grandes quantidades de matéria verde. Espécies Medicinais. Espécies nobres que necessitam de sombra inicial, como Palmito Jussara, Espinheira Santa, Canela, Louropardo. Espécies comestíveis: taiás, inhames. Área com grande quantidade luz solar. Sugere-se o aproveitamento da luz através do plantio de espécies que necessitam de luz na fase inicial. O solo encontra-se fraco e com pouca fertilidade. Importante a incorporação de matéria orgânica (serrapilheira) no solo e adubações orgânicas. Área com sombra esparsa. Introdução de espécies de sub-bosque, mas que não sejam muito exigentes. Aproveitamento das árvores para apoio à trepadeiras. Solo de fertilidade média, manejo e podas leves de algumas árvores para a entrada de luz; incorporação das folhagens no solo. Sistema Agroflorestal adulto produzindo frutos e produtos diversos. Ambiente com sombra e solo com alta fertilidade. Alta reciclagem de nutrientes. Podas e manejo leves para entrada de luz (clareiras) plantio de espécies com necessidade de luz. Fonte: Adaptada de Ribeiro (2001). 9 Espécies exóticas; o café é recomendado, mesmo não tendo sido plantado no sistema 1. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 52 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! CONCLUSÃO Os resultados deste trabalho poderão subsidiar ações locais e servir de modelo para fortalecer a agricultura familiar de outros produtores rurais, inclusive aqueles que ocupam Área de Proteção Permanente (APP), principalmente a mata ciliar. O sistema agroflorestal pode trazer muitos benefícios para a agricultura familiar, porém ainda fazem-se necessários esclarecimentos sobre a legislação vigente, principalmente relacionada ao manejo e uso da APP e a divulgação desta até para técnicos e extensionistas. O modelo testado para a recuperação da mata ciliar com sistema agroflorestal obteve resultados positivos, sendo constatado ser um sistema interessante para a agricultura familiar de Itajaí, pois este envolve as esferas: ecológica (recuperação e conservação dos recursos hídricos e a manutenção da fertilidade do solo), econômica (auxílio para a subsistência familiar e geração de renda) e, por fim, social devido ao fato de envolver os atores sociais com a área de mata ciliar. As análises de solo realizadas nas áreas de estudo indicaram que o sistema 1 possui baixos níveis de fertilidade (CTC - capacidade de troca de cátions do solo, pouca matéria orgânica e macronutrientes) e pH muito ácido. Entretanto, o sistema 2 apresentou um solo com condições ótimas de fertilidade, segundo padrões estipulados pela Epagri. Foram identificadas espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas que podem estar sendo usadas para a recuperação da mata ciliar com sistema agroflorestal, sendo que no sistema 1 as espécies herbáceas e arbustivas plantadas são em maioria medicinais, já no sistema 2 estas espécies possuem mais características agrícolas. As espécies medicinais identificadas no sistema 1 foram importantes para que os atores pudessem conhecê-las e utilizá-las para uso medicinal caseiro, além de permanecerem na área, sem que os mesmos as retirassem, como é comum em outras áreas por serem consideradas “ervas daninhas”. As espécies arbóreas plantadas no sistema 1 foram todas nativas, sendo que 26% destas são leguminosas, eleitas pela eficiência de fixação de nitrogênio. Apesar do sistema 2 ter apenas 11,5 % de espécies leguminosas, a Grandiúva (Trema micrantha) também fixa nitrogênio através de micorrizas e encontra-se espalhada por toda a propriedade. A participação do ator 1 em recuperar a mata ciliar foi mínima no princípio, porém a proposta de estar introduzindo espécies que fornecem frutas, raízes, essências medicinais, fibras, e outros produtos, despertou mais interesse do mesmo. Entretanto, este ator continua pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 53 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! realizando roçadas no outro lado da margem do curso d’água onde existe um declive acentuado. O ator 2 parece perceber a importância da mata ciliar. Este por sua vez, não roça a área de declive acentuado, pois sabe da importância das raízes das plantas na manutenção da estabilidade da encosta. O ator 3 parece estar sensibilizado com a área de mata ciliar devido esta ter sempre sido mantida através de gerações. A sensibilização do ator 1 com o sistema agroflorestal e a função ecológica da propriedade como um todo foi lenta, porém ao final do projeto foram verificados avanços, resultando no plantio de novas espécies, na reprodução do sistema agroflorestal em parte da outra margem do córrego e na implantação de uma horta, sendo ainda necessária a compreensão da importância em manter a vegetação na encosta. O ator 2 esteve ao longo do projeto disposto e sensibilizado a continuar cuidando e introduzindo novas espécies na propriedade. O ator 3 sempre esteve envolvido com sua agrofloresta, pois é dela que retira grande parte do seu sustento. Foi constatado que a relação dos atores com as suas áreas é muito importante para a continuidade do projeto, sendo necessários vínculos com a área a ser recuperada. Devido o sistema agroflorestal carecer de manejo constante, principalmente em fase inicial precisa de pessoas que estejam realmente a fim de desenvolver um bom trabalho. Muitas características influenciam no processo de construção de um sistema agroflorestal, assim como também na recuperação da mata ciliar. Herança familiar, conhecimento tradicional, conectividade com a terra, objetivos, valores e princípios estão estreitamente relacionados. Das 19 espécies plantadas na área de estudo 1, sobreviveram 76%, após o enriquecimento. As espécies: Aroeira (Schinus terebinthifolius), Ingá (Inga uruguensis), Canafístula (Peltophorum dubim) e Pata de Vaca (Bauhinia forficata) apresentaram maior crescimento vertical. Para desenvolvimento de diâmetro de colo, o Guarapuvu (Schizolobium parahyba), Aroeira e a Caroba (Jacaranda puberula) apresentaram destaque em relação ao desenvolvimento do colo. A comparação entre os sistemas mostra que os fatores analisados, diversidade, interações bióticas, ciclagem de nutrientes e estabilidade estão relacionados. As diferenças ecológicas encontradas entre os sistemas dependem do momento sucessional que cada um encontra-se. Portanto, todas as fases de evolução do sistema fazem parte do processo de recuperação de uma área. O sistema 2, considerado maduro, possui características ecológicas favoráveis para uma maior produtividade, sendo que, o sistema 1 pode com o tempo apresentar estas características. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 54 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Para a continuidade do projeto proposto será necessária a introdução de mais espécies de ciclo médio e curto, para fornecer uma subsistência a curto prazo, já que as espécies arbóreas, de ciclo longo, irão demorar a produzir frutos. Como também serão necessárias adubações constantes e um maior envolvimento dos atores. As condições propostas para a subsistência do sistema 1 a curto prazo com espécies agrícolas não foram muito satisfatórias, sendo que as espécies agrícolas não se desenvolveram bem na área devido a baixa fertilidade do solo e a competição de gramíneas. Entretanto, as espécies arbóreas plantadas podem contribuir significativamente com uma futura fonte de renda para as famílias dos atores envolvidos, através de frutos, resinas, óleos, essências medicinais e pigmentos. Para futuras áreas a serem recuperadas com sistema agroflorestal, faz-se necessário o envolvimento dos atores, técnicos e pesquisadores, assim como também é essencial a sensibilização destes pela questão ambiental atual que se encontra grande parte das matas ciliares do estado de Santa Catarina. O sistema agroflorestal é uma alternativa para que a agricultura familiar possa ser um exemplo de equilíbrio harmonioso e integrado, unindo a conservação dos recursos naturais e a produção agroecológica sustentável. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 55 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! REFERÊNCIAS 1. ALMEIDA, S. ª, MARENZI, R.C., DI GREGORIO, C. ª S, TOMAZI, M.L. Projeto de Recuperação da mata ciliar do rio Tijucas. 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Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Apêndices 1. Entrevista com o ator social 1 2. Entrevista com ator social 2 3. Entrevista com o ator social 3 4. Layout – Fase 1 – sistema 1 5. Layout – Fase 3 – sistema 1 6. Espécies arbóreas nativas do sistema 1 7. Espécies arbóreas nativas do sistema 2 8. Espécies medicinais encontradas no sistema 1 9. Calendário de colheita do sistema 1 10. Calendário de colheita do sistema 2 11. Tabela de custo do plantio no sistema 1. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 61 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Anexos 1. Visualização aérea da área de mata ciliar da área de estudo 1, destacando a Área de Preservação Permanente. 2. Análise dos macronutrientes do solo da área de estudo 1. 3. Análise dos macronutrientes do solo da área de estudo 2. pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! 62 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!