O DESENVOLVIMENTO DE UM OBJETO VIRTUAL DE APRENDIZAGEM, POR MEIO DA ABORDAGEM INVESTIGATIVA 1 Henrique dos Santos Pires (IC), [email protected]. Ana Paula Alves Baleeiro¹ (PQ) ¹Universidade Estadual de Goiás, Campus Cora Coralina Resumo: Este artigo relata sobre a construção de um OVA (Objeto Virtual de Aprendizagem), que foi por meio das aulas de Mídias, na qual foram discutidas a importância das TICs (tecnologias de informação e comunicação), estas proporcionam uma nova forma de aprendizado. Este OVA foi trabalhado com uma turma do terceiro ano do ensino médio, no Colégio Estadual de Aplicação Manuel Caiado, Cidade de Goiás-GO. Demonstra que a partir do Estágio I e II, no qual foram observadas várias formas de metodologia, como a abordagem investigativa, em que o aluno se torna sujeito da construção do seu conhecimento e o professor se torna auxiliador deste processo. Juntamente com a bolsa de pró-licenciatura à essa metodologia, surgiu o projeto de desenvolver o OVA durante o estágio . Este artigo é emergente da bolsa e da fase da pós-regência, em que foi feito um projeto de intervenção, durante o Estágio Supervisionado II, da Universidade Estadual de Goiás, Campus Goiás, no ano de 2016. Palavras chave: OVA, projeto de intervenção, Estágio Supervisionado II. Introdução Este artigo surgiu de uma das fases do Estágio Supervisionado II juntamente com a bolsa pró-licenciatura, do Curso de Licenciatura em Matemática, da Universidade Estadual de Goiás, onde é feito um projeto de intervenção para tentar suprir algumas dificuldades dos alunos da escola campo. Nesse caso a escola campo escolhida foi o Colégio Estadual de Aplicação Manuel Caiado, que possui uma parceria com a UEG, e recebe estagiários de todos os cursos de licenciatura da universidade. No Estágio Supervisionado II, é feita a escolha da escola campo, após isso, é iniciado o estágio na escola. O estágio possui a fase de observação da escola campo, onde é feito um conhecimento do espaço físico; a fase de observação da sala de aula de matemática, que é quando o estagiário observa o professor regente e os alunos; a fase de semi-regência, onde parcialmente o estagiário começa a intervir, auxiliando o professor regente; a fase de regência, que é quando o estagiário planeja as aulas e leciona em um acordo com o professor regente; e por último a fase de pós-regência, onde é elaborado o projeto de intervenção, motivo deste artigo. Para o desenvolvimento do projeto de intervenção que foi desenvolvido durante o processo da bolsa de pró-licenciatura foi feito a escolha do OVA. A escolha do Objeto Virtual de Aprendizagem (OVA) como recurso, partiu do contato com o mesmo na disciplina de Mídias Digitais na Educação Matemática, onde foram discutidas as possibilidades que as tecnologias de informação e comunicação (TIC) para o ensino de matemática, uma vez que “as crianças já nascem num mundo tecnológico, que nossos jovens operam os recursos da informática com tal presteza e naturalidade, que lhes é natural tanto a manipulação quanto o adentramento num mundo em que relações entre pares são estabelecidas virtualmente, posto que pensam numa lógica operante própria do mundo informatizado em que se constituem sujeitos”, segundo Guérios e Sausen (2012). Durante as aulas de Mídias, além das possibilidades que as TICs trazem como recurso para a educação matemática, foi percebida a grande inovação na didática, já que o aluno pode ser mais autônomo na sua construção do conhecimento, mas isso não ocorrerá de forma espontânea pois não se trata de defender a mera incorporação de equipamentos, recursos ou novos métodos, por si, como inovação na prática pedagógica. Inovação haverá se esta incorporação estiver vinculada à modificação da performance didática do professor.(Guérios e Sausen, p. 560, 2012) Desta forma foi se fazendo o estudo sobre as Mídias, e na última atividade da disciplina foi proposta a construção do OVA, onde divididos por grupos, cada um realizaria contemplando o conteúdo escolhido pela professora. O meu grupo ficou com funções, e para a elaboração do objeto, utilizamos a abordagem investigativa. Dessa maneira, foi feita a escolha de utilizar o OVA, diferenciando apenas o público alvo, que a priori eram os alunos do ensino fundamental e agora são os do ensino médio, uma vez que este trabalho será desenvolvido durante o processo do Estágio Supervisionado II, que é direcionado ao ensino médio. Inicialmente a ideia do trabalho com OVAs, é de que cada aluno sozinho, possa fazer o uso deste, para que ele detenha a decisão dos caminhos a ser seguido. Mas como os computadores da escola que foi escolhida para o desenvolvimento deste projeto estão sucateados, foi feita uma adaptação do método com o que seria proposto aos alunos. Desta forma, o OVA foi exposto aos alunos por um data show, e mesmo assim os alunos não perderam a sua autonomia na construção do conhecimento, pois a metodologia para este desenvolvimento será a abordagem investigativa e dialógica. Para o aluno ser autônomo no seu processo de construção do conhecimento é importante não ficarmos baseados no ensino “tradicional”, que para Bernardi e Ramos (2012, p.04) se preocupa “mais com a variedade e quantidade de noções/conceitos/informações que com a formação do pensamento reflexivo”. Sendo assim um ensino baseado na verbalismo do professor e da memorização do aluno, com exercícios que se distanciam da realidade dos alunos. As autoras ainda salientam que “O fato de não considerar o contexto social em que o aluno está inserido impede de se considerar a dimensão sóciopolítica do ensino da matemática.”(Bernardi e Ramos, p. 04, 2012) O OVA que se trata de funções do primeiro grau e aborda como situaçõesproblemas a venda do leite da produção diária de um fazendeiro, este não tem condições de fazer o transporte até o laticínio, assim tendo duas opções de laticínios que vão buscar o leite, então os alunos devem analisar as propostas oferecidas. Levando em conta o conteúdo do OVA e todo o assunto abordado, foi escolhida uma turma do terceiro ano do ensino médio do turno vespertino, pois a maioria dos alunos da escola que estudam neste turno são oriundos do espaço rural e estão habituados no seu cotidiano a lidarem com essas questões, tendo entre estes alunos até mesmo os que fazem a ordenha. Nesse sentido de fazer a utilização de um recurso inovador com assuntos voltados ao contexto dos alunos, é importante construir um cenário investigativo em que o aluno seja o sujeito na construção do seu conhecimento. Desta forma o ensino tradicional não pode ser à base desse processo, uma vez que se apoia na transmissão de conhecimentos e para Freire devemos todos nos convencer “de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção.”(FREIRE, 2002, p. 12) Então para fugir dessa prática, o professor deve criar possibilidades para que o aluno possa construir os seus próprios conhecimentos, de uma forma crítica, nesse sentido elenco novamente a meteracia dita por Skovsmose que não se refere apenas às habilidades matemáticas, mas também à competência de interpretar e agir numa situação social e política estruturada pela matemática. A educação matemática crítica inclui o interesse pelo desenvolvimento da educação matemática como suporte da democracia, implicando que as micro-sociedades de salas de aulas de matemática devem também mostrar aspectos de democracia. ( Skovsmose, p. 02, 2000) Desta forma, para o desenvolvimento será criado um cenário para investigação que Skovsmose (p.03, 2000) define como “um ambiente que pode dar suporte a um trabalho de investigação” e ainda convida os alunos a serem mais participativos formulando questões e procurando respostas. Para isso o professor deve sempre fazer perguntas acerca das possibilidades, para que os alunos possam ver os vários caminhos que podem ser seguidos e se sentirem instigados a construírem mais conhecimentos. Para que tudo isso possa ocorrer, é necessário haver muito diálogo entre o professor e seus alunos. Uma vez que o professor não é o portador da verdade e segundo Freire (2000), os professores devem aprender a escutar os seus alunos, pois só assim é possível estabelecer um convívio em que o seu discurso se transforma em uma fala com ele. Com base nisso, o OVA não contém exercícios com resoluções definidas por fórmulas antes expostas, e sim problemas que serão desencadeados por várias situações propostas por uma história contida no objeto, caberá aos alunos chegarem as suas próprias conclusões por meio de questionamentos que foram levantados no decorrer do processo. Nesse sentido eles tiveram voz e autonomia na construção dos seus conhecimentos com mais interação com os outros alunos e com o professor. Foi feita a escolha pelo o projeto de intervenção para o artigo, pois nesse projeto foi trabalhada uma metodologia com uma abordagem diferenciada, para a efetivação do ensino de uma melhor qualidade. Assim neste projeto foi escolhida uma metodologia diferente, em que está voltada ao aluno, que não é mais o objeto, e não sofreu apenas uma transferência de conhecimento. Material e Métodos Com o grande desenvolvimento da globalização nas últimas décadas, as tecnologias emergiram de forma incontrolável e constantemente evoluem. Cada vez mais o contato com esses aparelhos vão se tornando mais estreitos, por possuírem variados recursos que facilitam o cotidiano. Desta forma, tratando-se de informática e educação, o uso com os computadores pode propiciar momentos de suma importância na construção do conhecimento de qualquer indivíduo. Em diversas vezes surge alguns discursos de perigos que o uso do computador pode trazer principalmente ao se trabalhar com a matemática, segundo Borba e Penteado (2007), como “ o de que o aluno iria só apertar teclas e obedecer a orientação dada pela máquina. Isso contribuiria ainda mais para torná-lo um mero repetidor de tarefas.’’, assim a parte de fazer o uso do raciocínio lógico ficaria sob responsabilidade do computador. Em contra partida a esse perigo, como o professor pode trabalhar os recursos contidos no computador com os alunos? Como o uso do computador pode transformar a prática educativa? Essas são algumas questões que motivam esse trabalho, em que o uso do computador não fique em apenas deixar o aluno mero repetidor, como nas aulas ditas tradicionais, em que o professor somente transmite o conhecimento, já que segundo FREIRE (2002), ensinar é criar condições para que o aluno possa construir seus próprios conhecimentos. Nesse sentido, de ensinar matemática com o uso de computadores, Borba e Penteado (2007), elencam vários exemplos de funcionalidades que são possíveis por meio desta tecnologia. Um destes é a calculadora gráfica, onde pode se trabalhar diversos conteúdos, como Geometria, Cálculo Diferencial, Estatística e Funções entre outros. Além de softwares que também podem contemplar estes conteúdos e muitos outros. Os autores ainda consideram que a informática, sendo uma recente mídia abre possibilidades de mudanças dentro do próprio conhecimento e que é possível haver uma ressonância entre uma dada pedagogia, uma mídia e uma visão de conhecimento. Não se trata de dizer que existe uma relação biunívoca entre conhecimento e pedagogia ou entre mídia e pedagogia.... uma determinada mídia não determina a prática pedagógica ( p. 45, Borba e Penteado, 2007) Com o uso da informática os alunos podem fazer simulações, experimentações e se sentirem responsáveis pelos caminhos que vão escolher. Então há uma liberdade de construção de conhecimento por parte destes aprendizes. Ainda no sentido de que a tecnologia é importante pra a educação matemática, Bernardi e Ramos (2012), defende o conhecer tecnológico que se refere às habilidades em aplicar a matemática e às competências em construir e usar um modelo matemático. Tem ênfase na tendência dirigida para aplicações em educação matemática. Representa o entendimento necessário para usar uma ferramenta tecnológica para alcançar alguns objetivos tecnológicos. Também o chamaríamos de conhecimento pragmático.( Bernardi e Ramos, p. 4, 2012) O cenário ideal para o desenvolvimento de uma aula com uso das tecnologias é o cenário investigativo. Assim sendo, a metodologia utilizada no projeto se trata da sala de aula voltada como cenário para a investigação, que Skovsmose (2000) define que “é aquele que convida os alunos a formularem questões e procurarem explicações”. Cabendo ao professor o papel de transformar o ambiente em cenário investigativo, fazendo questionamentos que abrem as discussões entre os colegas de sala, para que eles possam ver as diferentes possibilidades assumindo o papel de explorador e explicador. Desta forma o ambiente de aprendizagem toma um novo significado, em que o aluno se torna responsável pela sua construção de conhecimento. Desta forma todas as direções durante a aplicação do projeto, foram tomadas em acordo com a turma, em que a todo o instante se fazia questionamentos a turma sobre novas possibilidades. Resultados e Discussão O OVA foi desenvolvido na fase de pós-regência, conversado com o professor regente, sobre o que seria trabalhado. De acordo com algumas dificuldades averiguadas durante todo o percurso do estágio e do projeto feito para bolsa de pró-licenciatura. Assim, o OVA foi trabalhado em uma turma do terceiro ano do ensino médio que o professor ministrava as aulas de matemática no turno vespertino. Os alunos foram levados à uma sala de mídias, e lá foi desenvolvido o projeto. No primeiro instante os alunos foram comunicados de como funcionaria aquela aula, após, foi iniciada a aula com o uso do data show, em que continha várias situações problemas. Os alunos eram solicitados a ler a história que se formava pelo OVA, sempre sendo instruídos, principalmente quando as situações-problemas surgiam em que eles discutiam entre si para chegar em uma resposta. Quando os alunos chegavam à algumas conclusões, era pedido que eles compartilhassem as suas ideias, o que gerava mais discussão. Posteriormente eles iam ao quadro e explicavam no que tinham chegado. Depois do encerramento do OVA, foi discutidos com eles qual o conteúdo em que se encaixavam as situações problemas, e após foi tratado conceitos sobre as funções em que a situações-problemas foram abordadas. Considerações Finais Com esse projeto pude perceber que os novos métodos estudados durante o Estágio Supervisionado I e II, trouxeram resultados diferentes de uma aula tradicional, na qual somente havia transmissão de conhecimentos. Agora o foco é que o professor se torne auxiliar na construção dos conhecimentos dos alunos. Dessa forma os alunos ao ter contato com uma metodologia diferenciada, mostraram um novo comportamento em relação a atividade, querendo participar e discutir para chegar nas respostas. É de suma importância o professor quando for desenvolver uma atividade com essa metodologia, que também a leve pras aulas do cotidiano formando a sala em um cenário investigativo, como ocorreu a todo momento durante as atividades do estágio. Referências BERNARDI, Luci dos Santos e RAMOS, Elenita E. de Lima. Cenários para investigação e a perspectiva dialógica de paulo freire: caminhos para uma ação reflexiva. Ponta Grossa, 2012. BORBA, Marcelo de Carvalho e PENTEADO, Miriam Godoy. Informática e educação Matemática. Belo Horizonte, 2007. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996 e 2000. GUÉRIOS, Ettiène e SAUSEN, Sandra. Ambiente virtual de aprendizagem e educação presencial: uma integração possível na formação de professores. Ponta Grossa, 2012. SKOVSMOSE, Ole. Cenários para investigação. Bolema. Ano 13, n. 14, 2000.