Pró-Reitoria de.. Graduação . Curso de Farmácia L Trabalho de conclusão de curso Investigação de metodologias analíticas para o monitoramento da degradação da amoxicilina em UV/H2O2, como proposta para a classe dos betalactâmicos Autor: Fernanda Pereira Santana Orientador:Profª.Drª. Sílvia Keli de Barros Alcanfor Brasília - DF 2013 FERNANDA PEREIRA SANTANA INVESTIGAÇÃO DE METODOLOGIAS ANALÍTICAS PARA O MONITORAMENTO DA DEGRADAÇÃO DA AMOXICILINA EM UV/H2O2, COMO PROPOSTA PARA A CLASSE DOS BETALACTÂMICOS. Monografia apresentada ao curso de graduação em Farmácia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção Título de Bacharel em Farmácia. Orientador: Dra. Silvia Keli de Barros Alcanfor. Brasília-DF 2013 Monografia de autoria de Fernanda Pereira Santana, intitulada INVESTIGAÇÃO DE METODOLOGIAS ANALÍTICAS PARA O MONITORAMENTO DA DEGRADAÇÃO DA AMOXICILINA EM UV/H2O2, COMO PROPOSTA PARA A CLASSE DOS BETALACTÂMICOS, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Farmácia da Universidade Católica de Brasília, em __/__/___, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: _________________________________________ Prof. Dra. Silvia Keli de Barros Alcanfor Orientadora Curso de Química – UCB _________________________________________ Prof. Msc Jônatas Gomes Curso de Química – UCB _________________________________________ Colaborador. Msc. Frederico Peres Curso de Farmácia - UCB Dedico esse trabalho a todas as pessoas que fizeram parte dessa história, nessa caminhada tão difícil, mas tão sonhada e desejada. AGRADECIMENTOS Ao Senhor nosso Deus o maior e mais importante responsável por me fazer chegar até aqui, me dando desde o início oportunidades e forças para alcançar meus objetivos. À todos os meus familiares pela confiança e em especial à minha mãe dona Marcelina pelos anos de esforço para me ver fechar esse ciclo, com projeções para um futuro até então desconhecido. À meu querido avó que infelizmente não está mais entre nós para compartilhar essa imensa alegria, ao senhor, minha eterna saudade “lembro aquele dia eu segurei a sua mão...” Aos meus amigos e professores pelos dias incansáveis onde mesmo exaustos dávamos e recebíamos o melhor de nós. À Eloá diretora do curso obrigado pela paciência de sempre. À Sílvia Keli, minha orientadora. Obrigado pela oportunidade e por ter aberto as portas de seu conhecimento e me permitir compartilhá-lo. A todas as pessoas que estiveram envolvidas nas diferentes etapas de elaboração e execução deste trabalho. Principalmente aquela a quem tive a mais grata oportunidade de conhecer que sempre acreditou em meu potencial. A todos, minha gratidão e carinho. "A vida é uma pedra de amolar, desgasta-nos ou afia-nos, conforme o metal de que somos feitos". George Bernard Shaw RESUMO REFERÊNCIA: ALCANFOR, Silvia Keli de Barros; SANTANA, Fernanda Pereira. Investigação de metodologias analíticas para o monitoramento da degradação da amoxicilina em UV/H2O2, como proposta para a classe dos betalactâmicos. 2013. 54 f. Monografia (Farmácia), Universidade Católica de Brasília, Brasília-DF, 2013. Com o crescente investimento em pesquisas para desenvolvimento e aperfeiçoamento de fármacos, eleva-se também a necessidade de medidas para garantir destinação final correta dos resíduos desses compostos. A grande preocupação a esse respeito refere-se à poluição de efluentes ambientais, pois sabe-se que a principal rota de entrada desses compostos no meio ambiente deve-se ao descarte incorreto de medicamentos vencidos ou sobras. Dentre os compostos comumente encontrados destaca-se a classe dos antibióticos, pois sua larga utilização pode contribuir com a geração de mecanismos de resistência bacteriana. Dentre estes se destaca a amoxicilina, antibiótico da classe dos betalactâmicos muito utilizado por possuir ampla atividade antimicrobiana. Processos de degradação da amoxicilina são citados na literatura, cuja eficiência é monitorada por métodos microbiológicos, métodos físico-químicos não são citados. Este trabalho teve como objetivo, propor um método físico-químico para monitorar a degradação do antibiótico amoxicilina em reator fotoquímico por processo oxidativo avançado UV/H2O2, como modelo para degradação de outros betalactâmicos. Alguns métodos foram testados para identificação da amoxicilina, dentre os quais estão cromatografia em camada delgada (CCD) e espectrofotometria UV-Vis. A CCD mostrou-se ineficiente no processo proposto, pois os produtos de degradação gerados no processo apresentaram coloração púrpura característica da amoxicilina. No método espectrofotométrico embora os produtos de degradação tenham apresentado bandas de absorção nos mesmos comprimentos de onda da amoxicilina, a utilização do método de adição padrão proporcionou determinar a quantidade de fármaco presente nas amostras após a fotodegradação, portanto a análise apresentou-se como alternativa viável para o monitoramento da degradação da amoxicilina que por possuir características estruturais semelhantes a outros de sua classe torna-se modelo para degradação de outros betalactâmicos. Palavras-chave: Betalactâmicos. Degradação. Meio ambiente. Amoxicilina. Antibióticos. Fotodegradação. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AMOX AMOXICILINA CCD CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA CG-MS CROMATOGRAFIA GASOSA ACOPLADA À ESPECTROMETRIA DE MASSAS CU (II) COBRE (II) DRIFTS ESPECTROSCOPIA DE INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADAS DE FOURIER H2O2 PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO HPLC CROMATOGRAFIA LIQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA LC/MS E LC/MS/MS CROMATOGRAFIA LÍQUIDA MODERNA ACOPLADA A ESPECTROMETRIA DE MASSAS ·OH RADICAL HIDROXILA POA PROCESSO OXIDATIVO AVANÇADO UV ULTRA VIOLETA VIS VISÍVEL COMPRIMENTO DE ONDA 1,10 PHEN 1,10 FENANTROLINA SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO ................................................................................................ 7 2.OBJETIVOS.................................................................................................... 9 2.1 Objetivo geral .............................................................................................. 9 2.2 Objetivos específicos .................................................................................. 9 3 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 10 3.1 Ocorrência de antibióticos no ambiente .................................................... 11 3.1.1 Desenvolvimento de resistência bacteriana ..................................................... 12 3.2 A química dos betalactâmicos.................................................................... 13 3.2.1 Mecanismo de ação ........................................................................................ 14 3.3 Utilização da amoxicilina como padrão para fotodegradação .................... 14 3.3.1 Propriedades físico-químicas da amoxicilina.................................................... 16 3.4 Fotodegradação para contaminantes orgânicos ........................................ 17 3.4.1 Utilização do peróxido de hidrogênio como agente oxidante............................ 17 3.5 Métodos de identificação e quantificação de amoxicilina e seus produtos de degradação ...................................................................................................... 18 4. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................... 21 4.1 Materiais e reagentes utilizados na pesquisa............................................ 21 4.1.1 Materiais ..........................................................................................................21 4.1.2 Reagentes e padrões ............................................................................ 21 4.2 construção do fotoreator no laboratório...................................................... 22 4.3 Identificação da amoxicilina por cromatografia em camada delgada (CCD) ......................................................................................................................... 22 4.4. Estudo espectrofotométrico da amoxicilina ............................................... 23 4.4.1 Determinação espectrofotometrica de amoxicilina por formação do complexo ternário com 1,10 phen e cobre (II). ................................................. 23 4.4.2 Determinação espectrofotométrica de amoxicilina em etanol ............... 24 4.4.3 Determinação espectrofotométrica de amoxicilina em solução de etanol e NaOH. ........................................................................................................... 24 4.5 Fotodegradação das amostras de amoxicilina .......................................... 24 4.5.1 – Fotodegradação com adição de agentes oxidantes .......................... 25 4.5.2 – Fotodegradação apenas pelo efeito da radiação UV.......................... 25 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 26 5.1 Identificação da amoxicilina por cromatografia em camada delgada (CCD)............................................................................................................ 26 5.2 Estudo espectrofotométrico da amoxicilina ................................................ 27 5.2.1 Determinação espectrofotométrica de amoxicilina por formação de complexo ternário com 1,10phen e cobre (II)................................................ 27 5.2.2 Determinação espectrofotométrica de amoxicilina em etanol........................... 31 5.2.3 Determinação espectrofotométrica de amoxicilina em etanol e hidróxido de sódio............................................................................................................................ .33 5.3 Fotodegradação das amostras de amoxicilina .......................................... 36 5.3.1 Fotodegradação em função do tempo ................................................ 38 5.3.2 Interferencia da quantidade de peróxido de hidrogênio no processo de fotodegradação. ............................................................................................ 39 5.3.3– Fotodegradação apenas pela adição de agentes oxidantes .............. 40 5.3.4– Fotodegradação dos excipientes da formulação................................ 41 5.3.5 Determinação de amoxicilina utilizando excipientes como linha de base ...................................................................................................................... 43 5.3.6 Adição de padrão ................................................................................. 44 5.3.7– Fotodegradação apenas pelo efeito da radiação UV. ........................ 46 6 CONCLUSÃO ............................................................................................... 49 REFERÊNCIAS................................................................................................ 50 7 1 INTRODUÇÃO O investimento para desenvolvimento de novos fármacos aliado ao crescente avanço nas pesquisas neste ramo tem movimentado a indústria farmacêutica acarretando um aumento na prescrição de medicamentos na ultima década, (LONGHIN,2008). Em mesma escala aumentou-se também a necessidade de medidas para descarte desses compostos, devido a falta de condições para a população e industrias manusearem de forma correta os medicamentos a serem descartados como sobras ou vencidos, observa-se que há um aumento de detecções desses compostos em efluentes ambientais o que potencialmente leva a contaminações. Segundo dados do estudo realizado por MELO (2009) "A principal rota de entrada de resíduos de fármacos no ambiente é o lançamento de esgotos domésticos, tratados ou não, em cursos de água". A principal preocupação que incorre da presença desses compostos em ambientes aquáticos ou como potenciais contaminantes do lençol freático, é sua capacidade de gerar mecanismos de resistência bacteriana considerando-se que o surgimento de bactérias resistentes está relacionado à prescrição inapropriada de antibióticos ou ao uso exagerado de antibióticos de baixo espectro (FUCHS et al. 2006). Diante da atual situação de aparecimento frequente de superbactérias resistentes aos mais diversos antibióticos é necessário a Investigação dos intermediários formados durante os processos degradativos dos antibióticos objetivando o descarte correto desses compostos, afim de diminuir o impacto ambiental gerado por seu desprezo em ambiente inadequado. Dentre os compostos farmacêuticos comumente encontrados nos efluentes ambientais estão os antibióticos grupo de fármacos responsáveis por combater os diferentes tipos de infecções bacterianas, devido ao grande número de prescrições existe a dificuldade do levantamento de estatísticas sobre o real número de usuários que utilizam esses medicamentos, os antibióticos mais prescritos e utilizados destacam-se a classe dos betalactâmicos caracterizados pela presença do anel betalactâmicos em sua estrutura química, os grupos das penicilinas e cefalosporinas são os principais representantes da classe. 9 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Propor um método físico-químico para monitorar a degradação do antibiótico amoxicilina em reator fotoquímico como modelo para degradação de outros betalactâmicos. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Avaliar por meio de processos oxidativos avançados; a biodegradabilidade da amoxicilina em solução aquosa. Avalia por meio de um reator fotoquímico a biodegradabilidade da amoxicilina Monitorar a formação de produtos intermediários formados durante o tratamento de amoxicilina por processos oxidativo utilizando em reator fotoquímico. 10 3 REVISÃO DA LITERATURA Sabe-se que dentre os poluentes que provocam a deterioração ambiental encontram-se os insumos farmacêuticos provenientes tanto de indústrias farmacêuticas quanto de resíduos domiciliares, já que no Brasil não há uma legislação específica relacionada a destinação correta de resíduos de medicamentos descartados pela população, que hoje despreza em lixo comum medicamentos vencidos ou sobras geradas por interrupção ou mudança de tratamento. A lei n°12305/10 que institui a política nacional de resíduos sólidos em seu Art. 9° define a ordem de prioridades a serem consideradas quanto a geração de resíduos apresentada na Figura 1, onde a não geração de resíduos está no topo da lista. Figura 1 – Prioridades a serem consideradas quanto a geração de resíduos Não geração Prioridade Redução Reutilização Reciclagem Tratamento dos resíduos sólidos Disposição adequada dos rejeitos. Fonte: VASCONCELOS et al., 2011) com adaptações. A presença no meio ambiente de produtos tóxicos derivados da degradação de compostos farmacêuticos com baixa biodegradabilidade e alta toxicidade tem 11 gerado preocupação à comunidade científica, pois podem causar danos irreversíveis a longo prazo. Diante deste quadro, o descarte adequado bem como sua eliminação do meio ambiente tem sido tema de discussões pelo mundo principalmente dentre as agencias reguladoras de resíduos tóxicos (VASCONCELOS, 2011). Dentre os compostos comumente encontrados nos efluentes estão antiinflamatórios, esteroides e hormônios e os antibióticos, medicamentos utilizados para tratamento de infecções bacterianas, dentre os quais destaca-se a classe dos betalactâmicos, conjunto de fármacos que inibem as enzimas transpeptidases que catalisam a etapa final de ligação cruzada na síntese de peptidoglicanos (GOLAN, 2009). 3.1 OCORRÊNCIA DE ANTIBIÓTICOS NO AMBIENTE Dentre os medicamentos utilizados para tratamento farmacológico os antibióticos segundo Regitano (2010), “correspondem a uma das classes mais prescritas em todo mundo”. Devido a essa ampla utilização os antibióticos são considerados como potenciais contaminantes ambientais, pois ao serem descartados podem sofrer lixiviação e escoar atingindo os corpos hídricos ou acumularem-se no solo. Existe ainda a possibilidade desses compostos serem absorvidos por tecidos vegetais causando danos a saúde humana ao serem consumidos (REGITANO,2010), a respeito deste assunto tem sido realizados estudos por todo mundo com a finalidade de gerenciamento dos resíduos gerados. Informações dos estudos realizados por, Christian et al. (2003) sobre a ocorrência e as concentrações de resíduos dos antibióticos encontrados em diversas matrizes ambientais encontram-se na tabela 1. Geralmente as concentrações ambientais encontradas são relativamente baixas sendo consideradas insuficientes para desenvolver reações toxicas, no entanto com o advento do crescente número de ocorrências de resistência bacteriana é necessário considerar a existência desses resíduos, porém pouco se sabe sobre os reais danos que podem ser causados mesmo com exposições baixas a esses resíduos. 12 Tabela 1 : Ocorrência dos antibióticos no ambiente Grupo farmacológico B- lactamicos Antibiótico Amoxicilina Concentração média <10ng L-1 Fluorquinolonas Ciprofloxacino até 15ng L-1 Macrolídeos Azitromicina 0,28mg1 Matriz Localidade Água superficial Alemanha Água superficial Alemanha Água superficial Alemanha Fonte: Christian et al. 2003, apud REGITANO et al., 2010. Com adaptações Observa-se que em amostras coletadas na Alemanha resíduos de betalactâmicos, fluorquinolonas e macrolídeos foram encontrados em pequenas quantidades segundo dados do estudo essa pequena quantidade encontrada explica-se pela baixa estabilidade dos betalactâmicos no ambiente. O primeiro estudo sobre poluição farmacêutica nos rios e córregos dos Estados Unidos apontou que os cursos de águas estão contaminados por hormônios , antibióticos e outras drogas, apesar de estarem em baixas concentrações em cerca de partes por milhões segundo Lazaroff, (2006) pesquisas anteriores comprovaram que mesmo tais concentrações podem ser danosas a espécies aquáticas. Segundo Zaparolli, em estudos realizados por (Mioa et al., 2004) em efluentes de cidades do Canadá foram encontrados antibióticos como; ciprofloxacino, claritromicina, tetraciclina, sulfametoxazol e sulfapiridina. Durante um ano verificouse a persistência de compostos orgânicos em águas superficiais sendo possível avaliar traços de novos poluentes bem como a determinação da eficácia da remoção. 3.1.1 Desenvolvimento de resistência bacteriana As bactérias são parte constituinte tanto do meio ambiente quanto da microbiota humana, devido a seu curto tempo de geração podem responder ligeiramente as mudanças do ambiente. Os microrganismos desenvolvem mecanismos de resistência cada vez mais aprimorados, impedindo a ação dos fármacos antes mesmo que atinjam seu sítio de ação. A facilidade do desenvolvimento da resistência bacteriana relaciona-se ao alto poder de adaptação 13 das bactérias aos mais diferentes tipos de exposição. A utilização indiscriminada de antibióticos leva ao aumento da pressão adaptativa selecionando bactérias altamente resistentes às mais diversas classes de antibióticos (GOLAN,2009). Além da utilização indevida de antibióticos as formas de descarte inapropriado desses compostos também podem levar microrganismos a desenvolverem resistência pois devido a contaminações do lençol freático decorrentes ou do descarte inapropriado de medicamentos vencidos ou por interrupção ou troca do tratamento pelo prescritor. Muitas bactérias tem se apresentado resistentes aos antibióticos betalactâmicos devido a produção de uma enzima denominada betalactamase codificada no cromossomo ou em plasmídeos de DNA extra cromossômicos e apresentam a capacidade de clivar o anel betalactâmico essencial para a atividade farmacológica desses compostos( GOLAN,2009). Microrganismos capazes de produzirem e expressarem a enzima betalactamase rapidamente inativam o fármaco, segundo Golan (2009) “Uma única molécula de betalactamase tem a capacidade de hidrolisar 103 moléculas de penicilina por segundo, reduzindo significativamente a concentração intracelular do fármaco ativo”. 3.2 A QUÍMICA DOS BETALACTÂMICOS Os grupos das penicilinas e cefalosporinas são os principais representantes da classe dos betalactâmicos sendo que as penicilinas são subdivididas em penicilinas naturais ou benzilpenicilinas e tem como representantes a penicilina G e penicilina V; as aminopenicilinas são representadas por ampicilina e amoxicilina e penicilinas resistentes às penicilinases representadas pela oxacilina. Já as cefalosporinas são subdivididas de primeira a quarta gerações. Os agentes pertencentes a classe dos betalactâmicos variam sua estrutura química, formada basicamente pelo anel betalactâmico ligado ao anel tiazolidinico (Figura 2), a benzilpenicilina e ampicilina (AMP), apresentam pequenas diferenças estruturais em relação à estrutura da amoxicilina (GOLAN, 2009). 14 Figura 2 : Estrutura química dos betalactâmicos evidenciando o anel betalactâmico com a penicilina e seus derivados semissintéticos. Fonte: (VASCONCELOS, 2011). Com adaptações). 3.2.1 Mecanismo de ação Um dos alvos comuns dos agentes antimicrobianos é a parede celular bacteriana, constituída por peptideoglicano, essa estrutura é fundamental para o crescimento das bactérias. Os betalactâmicos inibem as enzimas transpeptidases que catalisam a etapa final de ligação cruzada na síntese de peptidoglicanos, levando à lise da célula bacteriana. Ligam-se às PBPs, (Penicillin Binding Proteins) enzimas envolvidas na síntese da parede celular bacteriana. impedindo a ligação cruzada entras cadeias do peptideoglicano, transpeptidação ocorrendo a quebra da ligação peptídica existente (SARAMAGO, 2008). 3.3 UTILIZAÇÃO DA AMOXICILINA COMO PADRÃO PARA FOTODEGRADAÇÃO A amoxicilina é um antibiótico de amplo espectro, utilizado amplamente na medicina humana e veterinária. No Brasil segundo Gallani et al. (2008) ,a amoxicilina é o fármaco mais prescrito para tratamento de infecções bacterianas por possuir ampla atividade antimicrobiana incluindo bactérias gram-positivas e gram-negativas, dados semelhantes a estes que confirmam tal afirmação foram obtidos por outros 15 autores, como Calvas e Bojalil (1996), no entanto sabe-se que a prescrição de antibióticos nem sempre é criteriosa ou racional o que gerou dificuldades para uso devido o que levou ao crescente desenvolvimento de resistência bacteriana a esses compostos (MONTELLI & SADATSUNE, 2001). A amoxicilina é um membro do grupo das penicilinas pertencente a classe dos betalactâmicos, que por possuir sítio de ação específica apresentam toxicidade mínima para o hospedeiro (GOLAN, 2009). No presente estudo a amoxicilina foi utilizada como padrão para fotodegradação pois diversos estudos descrevem seu comportamento ao sofrer degradação (Tabela 2), os produtos serão investigados considerando-se a possibilidade de degradação dos mesmos. Tabela 2 : Razão de excreção e degradação de antibióticos betalactâmicos SUBSTÂNCIA RAZÃO DE EXCREÇÃO % Sem alteração BIODEGRADABILIDADE Formação de produtos metabólicos Amoxicilina 80-90 10-20 Sem dados Ampicilina 30-60 20-30 Sem dados Penicilina G 50-70 30-70 Parcialmente Fonte: VASCONCELOS et al., 2011.Com adaptações. Diversos estudos abordam a degradação da amoxicilina em solução aquosa, onde a ocorrência do processo de hidrólise do anel betalactâmico é dependente do pH (Figura 3). Em estudos em meio aquático realizados por Hirsch (1999),analisouse amostras de efluentes aquáticos nas quais não foram encontrados penicilina na, porém seus produtos de degradação não foram considerados no estudo. Segundo Cammarota (2011) “os mesmos devem ser relevantes pois podem apresentar características refratárias de não biodegradabilidade ou taxa de degradação muito lenta” e assim resistirem ao processo de hidrólise persistindo no meio ambiente. 16 Figura 3: Mecanismo de formação dos produto de degradação da amoxicilina gerados pelo processo de hidrólise. Fonte: (VASCONCELOS et al., 2011) com adaptações 3.3.1 Propriedades físico-químicas da amoxicilina Os antibióticos possuem um grande número de grupos funcionais como ácido carboxílico e grupo amino de carga positiva (Figura 4), o que propicia sua adsorção ou complexação, dependendo das condições do meio, como variações do pH ou presença de cátions ou ânions, são também compostos não voláteis e polares. A amoxicilina apresenta-se como pó cristalino, branco ou quase branco pouco solúvel em água, etanol e metanol; insolúvel em benzeno, hexano, acetato de etila, clorofórmio, éter etílico e acetonitrila; e solúvel em soluções de hidróxidos alcalinos conforme classificação da Farmacopéia Brasileira – 5ª ed.(2010). Figura 4: Estrutura química da amoxicilina com grupo amino na cadeia lateral. 17 Fonte: (FARMACOPÉIA,vol.2; 2010). 3.4 FOTODEGRADAÇÃO PARA CONTAMINANTES ORGÂNICOS A fotodegradação é uma alternativa para degradação de compostos,e ocorre quando raios ultravioleta interagem com a substancia durante um longo período de tempo (ALMEIDA, 2009). A reação foto-fenton (Figura 5) é a reação de fotodegradação mais utilizada por apresentar alto poder oxidante, onde ao gerar radicais livres (OH-*), tem capacidade de oxidar grande variedade de compostos (OLIVEIRA et al. 2002). A reação é viabilizada pois com a presença de metais de transição ou radiação ultravioleta o peróxido é ativado levando a formação de radicais hidroxila altamente reativos (VASCONCELOS et al., 2011). Sais de ferro (II) e peróxido de hidrogênio Fe2+ + H2O2 Reagente de Fenton Fe3+ + OH-* + HO2 Figura 5: Reação foto-fenton Fonte: (VASCONCELOS et al., 2011), com adaptações. A eficiência da fotodegradação por foto-fenton depende da concentração de peróxido de hidrogênio (H2O2) pois quando totalmente consumido a reação cessa, havendo necessidade de sua reposição. 3.4.1 Utilização do peróxido de hidrogênio como agente oxidante O peróxido de hidrogênio é um oxidante muito eficiente sendo superior até mesmo ao cloro e ao permanganato de potássio, oxidantes que a muito são utilizados em diversas aplicações, o peróxido quando decomposto resulta na formação de água e oxigênio e por meio de reações de catálise o peróxido pode ser convertido a radicais hidroxila (OH-*) que apresentam reatividade inferior apenas ao flúor e possuem alto poder oxidante, podendo provocar a degradação de compostos (MATTOS et al., 2002). 18 Segundo Mattos “o peróxido é importante na área de medicamentos por sua capacidade de monitoramento de processos”, pois a concentração residual de peróxido de hidrogênio (H2O2) é utilizada como parâmetro para fotodegradação, de forma que quando totalmente consumido a reação não tem continuidade, havendo necessidade de sua reposição (OLIVEIRA et al.,2002). Processos oxidativos avançados (POA) podem ser uma alternativa de tratamento de efluentes contendo substâncias orgânicas (TROVÓ et al., 2011), portanto sua utilização se faz útil pois a exposição à radiação ultra violeta (UV) promoverá a catálise do peróxido de hidrogênio gerando os radicais (OH-*), altamente reativos e promoverão o processo degradação da amoxicilina. Porém devido a sua baixa capacidade de reação a oxidação por H2O2 sozinha não é efetiva para altas concentrações de compostos refratários que em sua maioria não são biodegradáveis (MATTOS et al.,2002) . Segundo Braun (1997), a foto-reação do peróxido de hidrogênio ocorre dentro de uma faixa de comprimento de onda entre 185-400 nm, sendo que a maior geração de radicais hidroxilas tendem a ocorrer nas menores faixas de comprimento de onda entre 200-280nm. Segundo Telêmaco (2005)” Os POA’s consistem na produção de intermediários altamente reativos, principalmente o radical hidroxila (•OH) capazes de oxidar a maioria das moléculas orgânicas”. O sistema (UV/H2O2) é eficaz quando utilizado para degradação de compostos tais como benzeno e cetonas, que pontualmente possam estar presentes em efluentes ambientais, a fotólise do peróxido por (UV) libera radicais (OH-*) que por serem altamente reativos podem ser capturados pelos compostos para oxidá-lo, após o processo de oxidação ocorre a formação de peróxido de hidrogênio dando continuidade a reação ou ocorre uma reação de degradação em cadeia . 3.5 MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE AMOXICILINA E SEUS PRODUTOS DE DEGRADAÇÃO A literatura descreve métodos utilizados para identificação e quantificação da amoxicilina e de seus produtos de degradação, a cromatografia em camada delgada é o método oficial segundo a Farmacopéia Brasileira – 5ª ed.(2010). A cromatografia em camada delgada (CCD) é uma cromatografia do tipo adsorção ou seja as substancias tendem a aderir a superfície do sólido denominada fase estacionária, 19 que é geralmente um material sólido polar pelo qual os materiais são adsorvidos. A distancia que cada material corre é expressa pelo valor de R que sempre estará entre 0 e 1(BRASIL, 2008). Outros métodos também são descritos dentre cromatografia liquida de alta eficiência (HPLC), que eles encontra-se a utiliza colunas fechadas contendo partículas muito finas que proporcionam separações muito eficientes, onde são empregadas altas pressões que forçam a passagem do solvente diminuindo o tempo da análise (HARRIS, 2005 apud RUTZ, 2009). Este método mostrou-se seletivo para analises de rotina, permitindo tanto a diferenciação entre a amoxicilina e outras penicilinas quanto a diferenciação entre amoxicilina e ácido clavulânico quando em associação (PARISOTTO, 2008). A cromatografia Líquida Moderna (LC) e Espectrometria de Massas (MS) podem ser acopladas gerando o método (LC/MS e LC/MS/MS) essa técnica alia as capacidades da cromatografia líquida de proceder a separação física, com os adventos da espectrometria de massas é uma técnica que ao combinar duas técnicas apresenta alta sensibilidade e especificidade para identificação de produtos químicos em presença de outros compostos químicos (HSIEH,1998). Segundo estudos de Pingale (2012), esse método permite a determinação cromatográfica de amoxicilina em plasma humano usando gemifloxacinda como padrão interno com validação para a faixa de linearidade de 100 – 15000 ng mL-1. Raposo et al. (2006) desenvolveram um método para quantificação de amoxicilina utilizando-se LC/MS/MS. O método foi validado respeitando as exigências da ANVISA. A curva analítica apresentou linearidade na faixa de 0,02 – 20,00 µg mL-1(RAPOSO,2006) A eletroforese capilar método proposto e desenvolvido para quantificação da amoxicilina em tecidos humanos. A eletroforese capilar é uma técnica de alta sensibilidade desenvolvida com base na cromatografia líquida de alta eficiência ,a separação é conduzida em tubos preenchidos com um eletrólito condutor submetido a um campo elétrico. A utilização de um capilar favorece a técnica, demonstrando muitas vantagens sobre as outras anteriormente apresentadas (TAVARES, 1997). A espectroscopia de infravermelho com transformadas de Fourier (DRIFTS), também foi citada na literatura, pois apresenta-se como nova possibilidade para a quantificação e qualificação de produtos farmacêuticos (PARISOTTO,2008), até pouco tempo era pouco utilizada em decorrência de limitações da técnica,devido a utilização da transformda de fourier em conjunto com técnicas quimiométricas cada 20 vez mais aperfeiçoadas, segundo Souza et al.,(2006) atualmente é possível analisarse por espectroscopia, misturas altamente complexas como por exemplo fármacos,que podem ser caracterizados com extrema rapidez. A espectroscopia é realizada em amostras pulverizadas sendo normalmente utilizada em equipamentos que operam em infravermelho próximo, a reflectancia é observada quando a luz é incindida em uma matriz penetrando na amostra, e ao refletir traz as informações espectrais (SOUZA et al. 2006). Para detecção de produtos de degradação alguns estudos relatam a utilização da cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-MS), porém de acordo com MELO (2009), dependendo das propriedades de alguns compostos é necessário submete-los a derivatização ou seja transforma-lo em outro composto semelhante, um derivado. Devido a essas mudanças pode ocorrer inexatidões nos resultados, não sendo exatamente aqueles esperados. Em estudo realizado por Freitas (2008) cita-se a utilização de ensaios microbiológicos como método para a detecção de resíduos de antibióticos, porém salienta-se que esse tipo de ensaio apesar de ser sensível é pouco específico pois é muito difícil distinguir a AMOX de outros betalactamicos. A espectrofotometria UV-Vis método amplamente utilizado para diversas aplicações por ser de baixo custo. É baseada na lei de Lambert-Beer, que norteia a interpretação das medidas de absorção de radiação em amostras no estado líquido, sólido ou gasoso, nas regiões do ultravioleta, visível e infravermelho do espectro eletromagnético (ROCHA et al.,2004). Cada composto apresenta um espectro característico, isso permite que ao realizar-se analises seja possível determinar os constituintes de cada material de estudo (PEDROSO,2010). O espectro de absorção da amoxicilina no ultravioleta ocorre na faixa de 200 a 400nm, de solução a 0,02% (p/v),e em etanol, exibe máximos em 230nm e em 274nm (FARMACOPÉIA,vol.2; 2010). Zuhri et al. (2003) desenvolveu um método espectrofotométrico para determinação de ampicilina baseado na reação desta com 1,10-phen e cobre (II) em tampão acetato pH(5,0), resultando em complexos com máximos de absorção em 446 nm. O método descrito utiliza como referencia a formação de cor característica na reação de ampicilina. Outra forma de avaliar a seletividade de um composto é utilizando o método de adição de padrão que consiste em adicionar quantidades conhecidas de um padrão de forma a alterar apenas sua concentração na amostra. 21 4. MATERIAIS E MÉTODOS Neste item são descritos os procedimentos para os ensaios de fotodegradação da amoxicilina por peróxido de hidrogênio, e os resultados da exposição à radiação UV/Vis. Os materiais e reagentes que porventura não forem citados no item 4.1 são descritos posteriormente junto aos procedimentos. A parte experimental desse trabalho foi realizada no ano 2013 na Universidade Católica de Brasília (UCB). Para o preparo de todas as soluções preconizou-se a utilização da menor quantidade de reagentes possível, para evitar excessos na geração de resíduos. Todos os resíduos gerados foram acondicionados em local apropriado e tiveram destinação correta ao findar a pesquisa. 4.1 MATERIAIS E REAGENTES UTILIZADOS NA PESQUISA 4.1.1 Materiais x Vidrarias usuais de laboratório x Balança analítica, modelo AY 220, Shimadzu, com capacidade máxima 220g x Banho-Maria, modelo MA 156, Marconi; x Espectrofotômetro UV/VIS CARY 50, Varian, equipado com célula de quartzo (10 mm de caminho ótico); x Timer 4.1.2 REAGENTES E PADRÕES Todos os reagentes utilizados na pesquisa são de grau analítico. Para o preparo de todas as soluções estudadas neste trabalho foram utilizadas cápsulas do medicamento H-Bacter® IBP, como padrão. Os reagentes empregados como fase móvel possuem grau de pureza indicados pela Farmacopéia Brasileira – 5ª ed.(2010). 22 4.2 CONSTRUÇÃO DO FOTO REATOR NO LABORATÓRIO O reator fotoquímico utilizado foi gentilmente cedido pelo professor da Universidade Católica de Brasília, Sérgio Macedo, e foi construído em madeira, e equipado com uma lâmpada que emite energia na faixa do 89 Ȝ nm). Com vidro de proteção contra radiação, com espaço interno para execução das reações. A Figura 6 apresenta os compartimentos externo e interno do foto reator utilizado. Figura 6: (a) esquema geral da montagem do foto-reator utilizado no processo de fotodegradação. Compartimentos externo (esquerda) e interno (direita) . Fonte: Elaborado pelo autor 4.3 IDENTIFICAÇÃO DA AMOXICILINA POR CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA (CCD) Para realização do teste de cromatografia preparou-se soluções de AMOX antes e depois da degradação. As soluções foram preparadas em ácido clorídrico 0,1 mol L-1 na concentração de 0,4% (p/v) e aplicadas em placa de sílica-gel G 60. A identificação foi realizada empregando-se fase móvel constituída de metanol: clorofórmio: água: acetona (9:8:3:1; v/v). Após o desenvolvimento do cromatograma, a placa foi pulverizada com solução de ninhidrina 0,3% para o desenvolvimento das manchas. 23 4.4 ESTUDO ESPECTROFOTOMÉTRICO DA AMOXICILINA Amostras de AMOX antes e depois da degradação foram analisadas por espectroscopia UV-Vis em tampão acetato, conforme descrito por Zuhri et al. (2003). 4.4.1 DETERMINAÇÃO ESPECTROFOTOMÉTRICA DE AMOXICILINA POR FORMAÇÃO DO COMPLEXO TERNÁRIO COM 1,10-PHEN E COBRE (II). Foram preparadas soluções de reserva de 1,10-phen 5,0 x 10 -3mol/L-1 e de nitrato de cobre (II) 5 x 103mol/L-1 ambas soluções foram preparadas em água destilada. Preparou-se uma solução tampão acetato pH (5,0) conforme descrito por Britton. Preparou-se uma solução de AMOX de concentração 0,04g/mL-1 foi necessário o preparo de uma solução de 1mg/cm-3 de AMOX, para tanto foi necessário calcular a quantidade de pó equivalente a ser pesada . A solução foi preparada, em tampão acetato. Preparou-se também uma solução de AMOX depois da degradação de concentração 0,01g/mL conforme descrito acima. Foram preparadas soluções 5,0x10-4 mol/L-1 de 1,10-phen e 1,0x10-3 g/mL-1 de cobre (II),a partir das soluções reserva. Para o preparo da solução padrão pesou-se quantidade equivalente de amoxicilina diretamente em balão de 10 mL em seguida transferiu-se alíquotas de 2,0 mL de 1,10phen e 1,0 mL e cobre (II) respectivamente, completou-se o volume com solução tampão acetato pH (5,0) e homogeneizou-se. Repetiu-se o procedimento para preparo da solução de AMOX depois da degradação. Após o preparo, as soluções foram colocadas em banho maria a 40 °C durante 15 minutos e retiradas em seguida, procedeu-se a leitura das soluções em espectrofotometro, as absorbâncias foram medidas em 200 nm < Ȝ < 800 nm. Utilizou-se o tampão acetato como solução branco de reagente. 24 4.4.2 DETERMINAÇÃO ESPECTROFOTOMÉTRICA DE AMOXICILINA EM ETANOL Prepararam-se soluções primárias de AMOX antes e depois da degradação. Calculando-se a concentrações de AMOX equivalentes as utilizadas em 4.4.1, em seguida, pesou-se o pó de amoxicilina, solubilizou-se e lavou-se com 30 mL de etanol, transferiu-se para balão volumétrico de 5 0mL e completou-se o volume até o menisco , tomou-se alíquotas dessa solução e transferiu-se cada uma para balão volumétrico de 10mL e completou-se o volume com etanol. Repetiu-se o procedimento para preparo da solução de AMOX depois da degradação, procedeuse a leitura das soluções em espectrofotometro, as absorbâncias foram medidas em 200 nm < Ȝ < 600 nm. 4.4.3 DETERMINAÇÃO ESPECTROFOTOMÉTRICA DE AMOXICILINA EM SOLUÇÃO DE ETANOL E NaOH. Para preparo da solução de etanol básico pesou-se 0,01g de NaOH transferiu-se para balão de 250mL e completou-se o volume até o menisco com etanol. Prepararam-se soluções primárias de AMOX antes e depois da degradação. Calculando-se inicialmente a concentrações de AMOX equivalentes as utilizadas em 4.4.1, em seguida, pesou-se o pó de amoxicilina, solubilizou-se e lavou-se com 30 mL de etanol, transferiu-se para balão volumétrico de 50mL e completou-se o volume até o menisco , tomou-se alíquotas dessa solução e transferiu-se cada uma para balão volumétrico de 10mL e completou-se o volume com etanol básico. Repetiu-se o procedimento para preparo da solução de AMOX depois da degradação e procedeu-se a leitura das soluções em espectrofotometro, as absorbâncias foram medidas em 200 nm < Ȝ < 600 nm. 4.5 FOTODEGRADAÇÃO DAS AMOSTRAS DE AMOXICILINA A fotodegradação das amostras de amoxicilina foi acompanhada por fotos, e ao final do processo procedeu-se a identificação por CCD e por espectrofotometria UV/Vis. os aspectos físicos da amostra, e as mudanças de coloração foram controlados e o processo de degradação determinado a partir da velocidade da 25 reação química verificando-se as concentrações das amostras retiradas ao longo do tempo(GASPERIN et al., 2010). Durante a caracterização do perfil de biodegradabilidade da amoxicilina foram investigados os intermediários metabólicos formados no tratamento. 4.5.1 FOTODEGRADAÇÃO COM ADIÇÃO DE AGENTES OXIDANTES Assim como na seção 4.5, amostras de AMOX, restos de suspensões e o sólido, foram irradiados no interior do reator, porém com adição de agentes oxidantes, tais como peróxido de hidrogênio. O tempo foi monitorado durante todo processo. 4.5.2 FOTODEGRADAÇÃO APENAS PELO EFEITO DA RADIAÇÃO UV Amostras de amoxicilina restos de suspensões assim como o sólido, foram irradiadas no interior do reator. O tempo foi monitorado durante todo processo. 26 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 IDENTIFICAÇÃO DA AMOXICILINA POR CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA (CCD). Prepararam-se soluções de AMOX antes e depois da degradação conforme a seção 4.3, inicialmente as amostras foram irradiadas por cerca de 3 horas. Para obtenção do cromatograma as soluções de AMOX antes e depois da degradação, foram aplicadas na placa com auxílio de um capilar, preconizou-se a aplicação da solução padrão sempre a esquerda da placa a fim de evitar qualquer dúvida de interpretação na corrida das amostras, dessa forma a solução de AMOX depois da degradação foi colocada a direita da placa e procedeu-se a corrida cromatográfica (Figura 7). Ao final da corrida cromatográfica verificou-se que as duas amostras de AMOX antes e depois da degradação, apresentaram mancha principal de coloração púrpura, correspondente em posição, cor e intensidade, em relação a substância de referência (CSR), as quais percorreram praticamente as mesmas distâncias de eluição, com valor calculado de Rf igual a 0,592. Segundo Diniz, (2007) o aparecimento de coloração púrpura no cromatograma, é característica da reação entre a ninhidrina e as aminas primárias presentes na estrutura química da AMOX ,o que indicaria a presença do fármaco nas amostras pesquisadas, porém essa identificação é preliminar sem os aprofundamentos analíticos necessários para qualificação da utilização do método. 27 Figura 7: Cromatograma desenvolvido com soluções de AMOX antes (abaixo) e depois da degradação (acima). 5.2 ESTUDO ESPECTROFOTOMÉTRICO DA AMOXICILINA A espectrofotometria é um recurso utilizado para identificação de substâncias, pois está relacionada com a estrutura da molécula. Utilizou-se a relação entre a concentração do analito e a intensidade de luz absorvida, como base para o estudo espectrofotométrico realizado. 5.2.1 DETERMINAÇÃO ESPECTROFOTOMÉTRICA DE AMOXICILINA POR FORMAÇÃO DE COMPLEXO TERNÁRIO COM 1,10PHEN E COBRE (II). A 1,10-phen é um quelato que forma complexos com metais de baixa valência como o Cu (II), que costumam ser coloridos. A Figura 8 ilustra a formação do complexo entre 1,10-phen e o Cu (II) onde três moléculas de 1,10-phen reagem com o Cu(II) formando [Cu(phen)3]2+ (GONÇALVES, 2011). Figura 8: Complexo ternário de 1,10-phen com Cu(II). Conforme a literatura a 1,10-phen DSUHVHQWDWUDQVLomRʌĺʌHQWUHH 280 nm região de grande absortividade molar (VICENTE,2008). Segundo Zuhri (1993), na determinação de ampicilina por formação de complexo ternário com Cu(II) e 1,10-phen quando a solução está em pH 5.0, ocorre a formação de uma coloração amarelo intensa. 28 Buscando investigar a viabilidade da formação desse complexo Cu (II) , 1,10phen com AMOX, utilizou-se uma solução tampão acetato de pH 5,0, conforme citado pela literatura. Sabe-se que a principal característica da reação do complexo formado com ampicilina é o aparecimento de uma coloração amarela intensa, baseado em tais resultados esperava-se verificar o aparecimento dessa coloração também no complexo formado com AMOX. Para tanto preparou-se soluções de AMOX conforme a seção 4.4.1, para posterior identificação do fármaco, observou-se que a solução permaneceu transparente após adição da AMOX, demonstrando que as características do complexo entre Cu(II), 1,10-phen e AMOX é diferente daquele formado com ampicilina. Procede-se então a análise espectrofotométrica afim de investigar as características desse complexo. Os espectros de absorção dos complexos em solução foram investigados na região entre 200 e 800 nm e os resultados obtidos podem ser observados na Figura abaixo. 3,0000 360 2,5000 ofenantrolina + Cu 2,0000 ofenantrolina + Cu +amox 1,5000 1,0000 0,5000 0,0000 200 300 400 500 600 ofenantrolina + Cu + AMOX após a degradação Figura 9. Espectro de UV de uma amostra de AMOX antes e depois da degradação, Obtido após 3 horas e meia de degradação. Observa-se uma sobreposição dos espectros da AMOX antes e depois da degradação, constata-se acima de 2500 uma banda larga, de forte absorção atribuída a alta concentração das soluções. Observa-se que a curva da solução de AMOX antes da degradação, é igual aquela formada entre 1,10 phen e Cu (II), demonstrando que possivelmente não 29 houve a formação do complexo antes esperado. É possível observar a formação de uma banda de absorção 360 nm, não compatível com o comprimento de onda esperado para a AMOX, porém não foi possível utilizar a referida amostra como parâmetro já que a solução padrão não apresentou banda correspondente a AMOX que permitisse afirmar se houve a degradação do fármaco. Em consequência da impossibilidade de determinação da AMOX nas amostras anteriores,foram preparadas novas soluções de AMOX antes e depois da degradação, a qual foi submetida a fotólise por cerca de 3 horas e meia utilizou-se 1mL das soluções primárias para preparo das soluções diluídas, conforme descrito em 5.2.1. Nos espectros obtidos (Figura 10) observa-se que a solução de AMOX antes da degradação apresentou uma banda de absorção em 360nm coincidente com aquela obtida no espectro anterior ,de AMOX após a degradação esse fato não permitiu que o fármaco fosse identificado pois conforme descrito na Farmacopéia Brasileira – 5ª ed.(2010), espera-se identificar espectros de absorção para AMOX em solução de etanol entre 230 e 274nm. A solução de AMOX submetida a fotodegradação não apresentou banda de absorção impossibilitando concluir se houve a degradação. 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 360 AMOX após a degradação AMOX antes da degradação 200 300 400 500 600 Figura 10: Espectro de UV de uma amostra de AMOX antes e depois da degradação submetida a fotólise por cerca de 3 horas e meia utilizando-se 1mL das soluções primárias para o preparo das soluções. 30 Verificando-se os espectros obtidos anteriormente considerou-se as possibilidades de haver interferentes nas soluções que não permitiram a identificação da AMOX. Inicialmente avaliou-se o tampão acetato, pois segundo Zuhri (2003) o complexo entre 1,10phen , Cu(II) e o fármaco ocorre apenas em pH 5,0 não permitindo oscilações, a literatura descreve a solução de ácido acético e acetato de sódio como um tampão ácido, que estabiliza soluções tendentes a neutralidade, estabelecendo o seguinte equilíbrio químico: Sabe-se que quando se adiciona o ácido, os prótons se ligam a íons CH3COO- gerando a molécula de CH3COOH; e quando se adiciona a base a solução os íons OH- retiram o próton do ácido formando o íon CH3COO-. Portanto o equilíbrio se estabelece de forma que o pH da solução tende a permanecer constante ou com variações muito pequenas. Porém ao analisar-se os espectros obtidos concluiu-se que poderia ter havido variações no pH em razão da alteração no preparo das soluções, que foram inicialmente preparadas em água, e apenas diluídas no tampão, o que culminaria na impossibilidade de identificação da AMOX . Após corrigidas as possíveis interferencias submeteu-se nova amostra de AMOX a fotodegradação por cerca de 3 horas e meia. Decorrido esse tempo preparou-se as novas soluções de AMOX antes e depois da degradação somente em tampão acetato, garantindo que o pH permanecesse constante e procedeu-se a leitura em espectrofotometro. No espectro a seguir (Figura 11) observa-se que a solução de AMOX após a degradação apresentou uma banda de absorção na região dos 346 nm, valor próximo aquele obtido em soluções anteriores, já a solução padrão de AMOX apresentou uma sutil ondulação em aproximadamente 295 nm, porém não é possível concluir que trata-se do fármaco pesquisado. 31 1,0000 0,9000 0,8000 0,7000 0,6000 0,5000 0,4000 0,3000 0,2000 0,1000 0,0000 346 3,30hs de degradação 295 AMOX após a degradação AMOX antes da degradação 200 300 400 500 600 Figura 11: Espectro de UV de uma amostra de AMOX antes e após a degradação, com correção no pH das soluções. Após a correção na oscilação do pH das soluções, esperava-se a viabilidade na identificação da AMOX, porém isso não ocorreu, portanto cogitou-se outras possibilidades que porventura não permitiram a identificação do fármaco,dentre elas a possível interferência dos excipientes da formulação, uma vez que todas as soluções foram preparadas com AMOX retirada de cápsula, os mesmos podem ter reagido com outros componentes tendo sido degradados, impedindo assim que a amoxicilina pudesse ser identificada. Considera-se também que a disparidade observada entre os espectros e suas contrapartidas em solução também podem ser atribuídas a possibilidade de que o complexo entre AMOX, Cu(II) e 1,10-phen, não tenha sido formado já que a coloração amarela característica desse tipo de reação não foi constatada em nenhuma das soluções preparadas. Segundo Vicente (2008) “O complexo de Cu (II) com 1,10phen é bastante emblemático, pois o mesmo apresenta transição em cerca de 703 nm, região na qual nada se observa no espectro em solução” Portanto na determinação de amoxicilina por formação de complexo ternário, com Cu (II), 1,10-phen o método não apresentou boa sensibilidade. 5.2.2 Determinação espectrofotométrica de amoxicilina em etanol Devido a impossibilidade de identificação da AMOX considerou-se a necessidade de mudanças no preparo das soluções, substituiu-se o tampão acetato, 32 o Cu(II) e a 1,10-phen por soluções preparadas apenas em etanol, optou-se também pela filtragem do pó de amoxicilina e da solução de AMOX após a degradação, buscando eliminar a possível interferência dos excipientes, pois uma vez os mesmos não sendo solúveis em etanol, no decorrer da filtragem seriam separados facilitando a identificação do fármaco. Decidiu-se por aumentar o tempo de fotodegradação das amostras de AMOX mantendo-se, contudo a quantidade de peróxido de hidrogênio, o processo de fotólise foi realizado por 12 horas, decorrido esse tempo novas soluções foram preparadas e submetidas a leitura em espectrofotômetro. Na leitura das soluções (Figura 12) foi possível visualizar banda compatível com a AMOX em 270 nm, observou-se que a modificação no preparo das soluções possibilitou à identificação da AMOX em um dos comprimentos de onda esperados, segundo a Farmacopéia brasileira – 5ª ed.(2010), a amoxicilina é ligeiramente solúvel em água e etanol, portanto a filtragem inicial do pó mostrou-se relevante para identificação do fármaco. A solução de AMOX após a degradação apresentou uma banda de absorção na região dos 360 nm, observa-se que houve um leve delocamento a direita com relação as bandas obtidas nas soluções de AMOX fotodegradadas anteriormente. 1,0000 0,9000 0,8000 0,7000 0, 0,6000 0, 0,5000 0, 0,4000 0, 0, 0,3000 0,2000 0, 0, 0,1000 0,0000 270 295 AMOX após a degradação 295 AMOX antes da degradação 360 200 250 300 350 400 450 500 Figura 12: Espectro de UV de soluções de AMOX antes e depois da degradação preparadas em etanol. Obtido após 12 horas de degradação.. Em consequência as baixas concentrações em que as soluções foram preparadas foram observados picos com absorbância em torno de 0,04, segundo a lei de Beer- Lambert quanto maior a concentração ou maior o caminho óptico ,maior será a absorbância da amostra, portanto foi necessário aumentar as concentrações 33 de ambas as soluções. Optou-se pelo aumento da concentração das soluções de AMOX antes e depois da degradação em 10 vezes (Figura 13) e pelo aumento no tempo de degradação, o processo de fotólise foi realizado por 24 horas e decorrido esse tempo novas soluções foram preparadas. E procedeu-se a leitura das soluções em espectrofotometro. 1,6000 1,4000 370 1,2000 1,0000 250 AMOX antes da degradação 0,8000 AMOX depois da degradação 297 0,6000 0,4000 0,2000 0,0000 200 300 400 500 600 -0,2000 Figura 13: Espectro de UV soluções de AMOX antes e depois da degradação concentrada 10 vezes mais que as anteriores. No espectro acima é possível identificar a AMOX em comprimentos de onda de 250 e 297 nm comprimentos de onda esperados, porém observa-se que a AMOX após a degradação também apresentou bandas nos comprimentos de onda de 250 e 297 nm. Diante da interferência dos picos da solução de AMOX após a degradação, foi necessário uma estratégia que permitisse deslocar as bandas da AMOX afim de enxergá-la isoladamente, utilizando hidróxido de sódio para o preparo de novas soluções. 5.2.3 Determinação espectrofotométrica de amoxicilina em etanol e hidróxido de sódio Segundo o perfil de solubilidade da amoxicilina descrito pela Farmacopéia Brasileira – 5ª ed.(2010), a mesma é solúvel em soluções de hidróxidos alcalinos, portanto ao se obter resultados positivos preparando-se as soluções em etanol, 34 visando-se uma melhor solubilidade do fármaco ao ser filtrado preparou-se as soluções de AMOX antes e após a degradação, em etanol e hidróxido de sódio. Na Figura 14, é possível verificar-se as diferenças no aspecto físico das soluções preparadas em etanol e em solução básica de etanol. A mudança na coloração é visível enquanto a solução preparada em etanol apresentou-se transparente a solução de etanol e hidróxido de sódio apresentou-se levemente amarelada. Figura 14: Diferença na coloração das soluções de AMOX antes da degradação, preparadas em etanol (Esquerda), e em etanol e hidróxido de sódio (Direita). Inicialmente foram preparadas apenas soluções de AMOX para investigar a viabilidade de sua identificação em soluções básicas. Objetivando-se a comparação entre ambos os métodos procedeu-se a leitura em espectrofotômetro, de ambas as soluções (Figura 15) ,nas soluções preparadas em meio básico foi possível enxergar bandas em 253 e 296 nm compatíveis com a AMOX, essas soluções não apresentaram variações ao longo do espectro, já as soluções preparadas em etanol apresentaram banda de absorção na região de 278nm. 35 0,8000 0,7000 276 0,6000 250 0,5000 AMOX + EtOH 294 0,4000 AMOX + EtOH 0,3000 AMOX + EtOH+ NaOH 0,2000 AMOX + EtOH+ NaOH 0,1000 0,0000 200 250 300 350 400 450 Figura 15: Espectro de amostras de AMOX em solução de etanol e em solução de etanol. Após resultados satisfatórios na identificação da AMOX em solução básica, foram preparadas soluções a partir de AMOX submetida a fotodegradação por 24 horas (Figura 16). 1,4000 AMOX após a degradação+ EtOH + NaOH 1,2000 1,0000 AMOX após a degradação+ EtOH + NaOHl 0,8000 AMOX após a degradação+ EtOH + NaOH 0,6000 AMOX após a degradação+ EtOH + NaOH 0,4000 0,2000 0,0000 200 250 300 350 400 450 500 550 600 Figura 16: Espectro de UV de uma amostra de AMOX após a degradação. Obtido após 24 horas fotodegradação. Verificou-se a formação de bandas de absorção em 370 nm que aumentaram proporcionalmente as concentrações preparadas. Se a AMOX apresenta picos entre 250-296nm conclui-se, portanto que há formação de um produto de degradação que absorve em cerca de 370 nm. Logo a proposta de fotodegradação da AMOX por UV/H2O2 mostra-se viável comprovando-se que há existência de produtos de 36 degradação desse composto quando o mesmo é exposto a processos de oxidação avançada. O espectro obtido apresenta ainda bandas que absorvem exatamente nas regiões de 250 e 296 nm, comprimentos de onda característicos do fármaco, indicando a presença de um produto que é absorvido nas mesmas regiões que a AMOX . 5.3 FOTODEGRADAÇÃO DAS AMOSTRAS DE AMOXICILINA Para fotodegradação das amostras de AMOX utilizou-se de peróxido de hidrogênio como agente oxidante. Inicialmente as amostras foram levadas ao foto reator por cerca de 3 horas e meia, durante esse período observou-se a deposição da amoxicilina no fundo do recipiente, demonstrando que essa é uma reação de superfície, esse fator deve ser considerado pois segundo a literatura a superfície de contato influencia diretamente na rapidez da reação química. Constata-se a olho nu, mudanças no aspecto físico da solução (Figura 17) ,que inicialmente apresentava-se com coloração branca e ao final do processo apresentou-se com coloração amarelo intenso, segundo Lorena (2013) “a estrutura química da AMOX favorece mudanças físicas nas soluções pois quando ocorre a oxidação de uma amina esta adquire uma coloração que vai do amarelo escuro ao marrom característico”. FIGURA 17 Amostras de AMOX antes(esquerda) e após a degradação por 24 horas(direita). Após retirar-se a solução do foto reator procedeu-se a identificação por CCD. Durante o processo de identificação da AMOX por CCD, não era esperado que as 37 manchas púrpuras características da reação entre ninhidrina e aminas primárias aparecessem nas amostras fotodegradadas (Figura18). Figura18: Placa cromatográfica obtida de solução de AMOX após a degradação onde observa-se a formação de coloração púrpura após adição do agente revelador. Conforme citado anteriormente sabe-se que a ninhidrina tem a capacidade de identificar aminas primárias e aminoácidos, a presença do grupamento amino na estrutura química da AMOX (Figura 19), viabilizaria a revelação desse fármaco pela ninhidrina, porém com o aparecimento de manchas púrpuras nas amostras fotodegradadas, conclui-se que provavelmente os produtos de degradação formados no processo, apresentam em sua estrutura química, grupos funcionais amino em comum com a AMOX, a existência desses compostos inviabilizaria a identificação específica do fármaco nas amostras investigadas Figura 19: Grupo amino da estrutura química da AMOX Com o objetivo de verificar se a ninhidrina reagiria apenas com aminas primárias e aminoácidos como descrito anteriormente, foram preparadas duas soluções uma de AMOX não fotodegradada e uma solução utilizando-se o medicamento fitoterápico Diuremax®, composto orgânico que tem como princípio 38 ativo o Equisetum arvense l.; Equisetaceae. e procedeu-se a realização da CCD (Figura 20). FIGURA 20: CCD utilizando medicamento fitoterápico (esquerda) e amostra de padrão AMOX (direita). Verificou-se o aparecimento de uma mancha correspondente a AMOX em cor e intensidade apenas a direita da placa, a qual percorreu praticamente as mesmas distâncias de eluição de outras amostras preparadas anteriormente. Já a esquerda não houve o aparecimento de nenhuma mancha, conclui-se, portanto que a ninhidrina tem a capacidade de revelar compostos orgânicos altamente específicos, demonstrando a não reprodutibilidade do método para identificação e distinção da AMOX, uma vez que para os métodos de identificação serem validados devem apresentar alta especificidade. 5.3.1 FOTODEGRADAÇÃO EM FUNÇÃO DO TEMPO A eficiência da fotodegradação da AMOX foi analisada no espectrofotômetro em função do tempo de reação, foram realizados ensaios nos quais a AMOX foi exposta ao processo de oxidação avançada UV/H2O2 em diferentes espaços de tempo. Na Figura 21 estão representadas as sobreposições dos espectros da AMOX após a fotodegradação obtida nos diferentes períodos de tempo. 39 0,6000 0,5000 0,4000 3 hs 0,3000 12 hs 0,2000 24 hs 0,1000 0,0000 200 300 400 500 600 Figura 21: Espectro de UV de um. processo de oxidação avançada UV/H2O2 em diferentes períodos de tempo. Na representação gráfica da fotodegradação da AMOX em função do tempo observa-se a formação de produtos de degradação diferentes ao se comparar o espectro obtido após 24 horas com aquele obtido após 12 horas, observa-se que houve um deslocamento das bandas. Após 3 horas de fotodegradação observa-se que praticamente não houve a formação de bandas que pudessem caracterizar a eficiência da fotodegradação. Os resultados indicam que houve maior eficiência na degradação da AMOX quando se aumenta o tempo de exposição ao processo de oxidação avançada UV/H2O2. O método físico químico proposto por processos oxidativo avançado (H2O2/UV), apresentou-se viável para acompanhamento do processo de fotodegradação. Porém a eficiência da degradação é dependente do tempo em que amostra é exposta ao processo de fotólise. 5.3.2 INTERFERÊNCIA DA QUANTIDADE DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO NO PROCESSO DE FOTODEGRADAÇÃO. Afim de verificar a Interferência da quantidade de peróxido de hidrogênio no processo de fotodegradação, foram preparadas soluções utilizando-se diferentes quantidades de H2O2 1 e 3 mL respectivamente . Após preparadas as soluções foram irradiadas no foto reator por cerca de 3 horas e meia e em seguida procedeuse a análise por CCD. Na Figura 24 é possível observar os resultados da cromatografia quando utilizase diferentes quantidades de peróxido de hidrogênio na solução. É possível verificar 40 uma diferença considerável entre as placas, a placa a esquerda na qual se utilizou apenas 1 mL de peróxido de hidrogênio apresentou mancha principal compatível com a AMOX, já a solução de AMOX obtida após a fotodegradação apresentou coloração púrpura semelhante à da substância padrão, as amostras percorreram praticamente as mesmas distâncias de eluição . A placa a direita na qual se utilizou 3 mL de peróxido de hidrogênio também apresentou mancha principal compatível com a AMOX porém a solução de AMOX fotodegradada diferenciou-se em cor e intensidade em relação à substância de referencia. Em razão das consideráveis diferenças no processo de fotodegradação devido a alteração na concentração de peróxido de hidrogênio, preconizou-se a utilização de 3 ml peróxido de hidrogênio para preparação das amostras posteriores a serem fotodegradadas. Figura 22 Identificação das amostras por cromatografia em camada delgada, fotodegradação por radiação ultravioleta utilizando-se 1 mL de peróxido de hidrogênio (esquerda), degradação utilizandose de 3 mL de peróxido de hidrogênio (direita). 5.3.3– FOTODEGRADAÇÃO APENAS PELA ADIÇÃO DE AGENTES OXIDANTES Realizou-se o estudo espectrofotométrico das amostras de AMOX submetidas a fotodegradação com e sem peróxido de hidrogênio e com processo oxidativo avançado (H2O2/UV), preparou-se uma solução de H2O2 com AMOX que permaneceu em repouso por 7 dias, foi possível observar alterações no aspecto 41 físico da solução, que apresentou-se com coloração e odor característicos de soluções preparadas anteriormente de AMOX com H2O2 . Decorrido o tempo a amostra foi retirada do recipiente no qual estava acondicionada e foram preparadas soluções a serem medidas em espectrofotômetro,,os resultados podem ser conferidos na Figura 23. 1,2000 1,0000 0,8000 0,6000 AMOX com H2O2 0,4000 AMOX sem H2O2 0,2000 AMOX com H2O2+ UV 0,0000 200 Figura 23: 300 400 500 600 Espectro de UV de amostras de AMOX submetidas a fotodegradação com e sem peróxido de hidrogênio e com processo oxidativo avançado (H2O2/UV). Observa-se que há diferença na altura das bandas obtidas, ambas apresentaram espectro de absorção em aproximadamente 370 nm, comprimento de onda compatível com o produto de degradação formado no processo conforme descrito anteriormente. Diante dos resultados obtidos conclui-se que ha maior eficiência no processo de degradação quando se utiliza o agente oxidante associado a radiação UV. Tal fato justifica-se, pois como citado anteriormente em estudo realizado por Vasconcelos (2010), “o peróxido de hidrogênio sozinho tem pouca capacidade de degradação, porém quando associado a radiação ultravioleta é ativado para formar os radicais livres, (-OH) que são capazes de degradar compostos em pouco tempo”, daí sua capacidade em desenvolver POAs (processos oxidativos avançados). 5.3.4– FOTODEGRADAÇÃO DOS EXCIPIENTES DA FORMULAÇÃO 42 Como citado anteriormente todos os ensaios de fotodegradação foram realizados utilizando-se AMOX retirada de cápsulas do medicamento H-Bacter® IBP, cada cápsula contém: Amoxicilina (na forma triidratada) 500 mg; e como excipientes (estearato de magnésio, laurilsulfato de sódio, talco e glicolato de amido sódico) q.s.p. 1 cápsula . Em virtude da real possibilidade de interferência dos excipientes da formulação nos ensaios realizados conforme citado na seção 5.2.1, foi necessário submetê-los isoladamente ao processo de fotodegradação, para tanto no preparo da solução, pesou-se quantidade de excipientes equivalente aquela presente em uma cápsula. Buscando-se comparar os espectros de soluções de excipientes e AMOX foto degradou-se amostras de ambos por 24 horas, nas mesmas condições de exposição. Transcorrido esse tempo tomou-se alíquotas das soluções iniciais e efetuou-se a leitura em espectrofotômetro os resultados podem ser verificados na Figura 24. 2,0000 1,8000 1,6000 1,4000 1,2000 1,0000 0,8000 0,6000 0,4000 0,2000 0,0000 AMOX após a degradação EXCIPIENTES após a degradação 200 300 400 500 600 Figura 24- Espectros de soluções de excipientes e AMOX fotodegradados por 24 horas. 43 Conforme pode ser observado o espectro da amostra de AMOX após a fotodegradação apresentou banda de absorção em aproximadamente 370nm, característica do produto de degradação gerado no processo. Já os excipientes fotodegradados não apresentaram picos em nenhum dos comprimentos de onda investigados . Conclui-se portanto que os excipientes presentes na formulação das cápsulas utilizadas, não interferiram na obtenção dos espectros das soluções. 5.3.5 DETERMINAÇÃO DE AMOXICILINA UTILIZANDO EXCIPIENTES COMO LINHA DE BASE A linha de base é introduzida na espectrofotometria porque a distribuição espectral da fonte de radiação pode variar ao longo do tempo, além disso, é improvável que haja uniformidade na distribuição espectral caso não seja inserida. Após obtenção de resultados da não interferência dos excipientes nas amostras anteriormente preparadas. As Figuras 25 e 26 apresentam os resultados da comparação de amostras idênticas de AMOX antes e depois da degradação, com e sem a utilização dos excipientes como linha de base para a análise espectrofotométrica. 1,4000 1,2000 1,0000 0,8000 AMOX sem linha base 0,6000 AMOX com linha base 0,4000 0,2000 0,0000 200 300 400 500 Figura 25: Comparação de AMOX antes da degradação, com e sem a utilização dos excipientes como linha de base. 44 1,6000 1,4000 1,2000 1,0000 AMOX após a degradação sem linha base 0,8000 0,6000 AMOX após a degradação com linha base 0,4000 0,2000 0,0000 200 300 400 500 600 Figura 26: Comparação de AMOX após a fotodegradação, com e sem a utilização dos excipientes como linha de base. Observa-se que sem o abatimento dos excipientes ambos os espectros obtidos para AMOX antes e depois da degradação, apresentaram picos mais altos em relação aqueles no qual se utilizou os excipientes como linha de base, verifica-se também que há uma diminuição no sinal de fundo da leitura espectrofotométrica nas soluções em que os excipientes foram abatidos. Tal procedimento permitiu que a AMOX fosse finalmente identificada em comprimento de onda e altura correspondentes aqueles descritos pela literatura. Conclui-se portanto que apesar dos excipientes presentes nas cápsulas utilizadas, não interferirem nos espectros obtidos, eles são capazes de aumentar o sinal de fundo das soluções proporcionando um aumento nos picos das soluções analisadas. 5.3.6 ADIÇÃO DE PADRÃO Utilizou-se o método de adição de padrão, com o objetivo minimizar possíveis interferências nas amostras de eliminar ou fotodegradadas. Para a determinação da concentração de uma substancia por meio da adição de padrão, é necessário elaborar padrões a partir da própria amostra, para tanto foram adicionadas quantidades conhecidas do analito alterando-se apenas a concentração da amostra. 45 Foram preparadas 2 soluções em diferentes concentrações de AMOX fotodegradada, variando-se a concentração do padrão das amostras, obteve-se a absorbância de cada um através dos espectros encontrados. Os resultados podem ser observados na figura abaixo. 1,0000 0,9000 0,8000 Concentração de AMOX fotodegradada. 0,7000 0,6000 0,5000 0,4000 0,3000 0,2000 0,1000 Concentração de AMOX fotodegradada. 0,0000 210 260 310 360 410 460 Figura 27: Adição de padrão as amostras fotodegradas. Em maior e menor concentração. Observa-se que há formação de bandas correspondentes em altura e comprimento de onda, àquelas obtidas em espectros anteriores de AMOX após a degradação. Nas soluções preparadas com menor concentração de AMOX fotodegradada observa-se a formação de pico com altura aproximada de 0,2 cm-2 em comprimento de onda de aproximadamente 370 nm, observa-se também que há formação de bandas em 250 e 297 nm, que aumentam proporcionalmente à adição do padrão, como dito anteriormente os comprimentos de onda são correspondentes aqueles nos quais é possível identificar a AMOX. Já nas soluções preparadas utilizando-se AMOX fotodegradada em maior concentração utilizando-se quantidades de padrão semelhantes a utilizada nas soluções em menor concentração, observa-se a formação de pico com altura aproximada de 0,8 cm-2 em comprimento de onda de aproximadamente 370 nm, verifica-se também que há formação de bandas de alta absorção em 250 e 297 nm, porém não é possível analisá-las devido ao aumento na concentração da solução 46 preparada. Portanto preconizou-se análise da adição de padrão das soluções menos concentradas separadamente (Figura 28). 1,2000 1,0000 0 microlitros 60 microlitros 0,8000 80 microlitros 100 microlitros 0,6000 200 microlitros 400 microlitros 0,4000 500 microlitros 600 microlitros 0,2000 0,0000 210 Figura 28: 260 310 360 410 460 510 560 Adição de padrão às soluções menos concentradas de AMOX fotodegradada. As soluções preparadas com concentração de 0,01g/ml de AMOX. Realizou-se os cálculos e obteve-se que a quantidade de AMOX na solução inicial era 2x10-4g. a determinação da concentração da AMOX foi obtida através da extrapolação da curva analítica, obtendo o valor em módulo (figura 29). 47 1,2 y = 0,0012x + 0,2488 R² = 0,9985 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 0 100 200 300 400 500 600 700 Figura 29: Curva de adição padrão, da AMOX fotodegradada. Após a construção da curva de adição padrão efetuou-se os cálculos para se determinar a quantidade final de AMOX presente nas amostras foi diante dos resultados da concentração final de AMOX ,obtidos pela curva de adição de padrão, conclui-se que há um produto de degradação com características muito semelhantes as da AMOX. Isso pode ser observado ao longo dos espectros obtidos, nos quais o produto apresentou banda de absorção nos comprimentos de onda correspondentes a AMOX. 5.3.7– FOTODEGRADAÇÃO APENAS PELO EFEITO DA RADIAÇÃO UV. Para efeitos de análise da degradação da AMOX apenas pelo efeito UV uma amostra foi submetida à radiação por 24 horas, decorrido esse tempo a amostra foi retirada do foto reator, foi possível observar que não houve alterações no aspecto físico do pó, que permaneceu branco e inodoro diferente daquele submetido a degradação utilizando H2O2 . A partir dessa amostra preparou-se uma solução e procedeu-se a leitura em espectrofotômetro. A Figura 30 mostra o efeito da exposição da AMOX à radiação UV. 48 1,2000 1,0000 0,8000 0,6000 AMOX sem UV 0,4000 AMOX com UV 0,2000 AMOX com UV + H2O2 0,0000 200 300 400 500 600 Figura 30: Espectro de UV de amostras de AMOX submetidas a fotodegradação com e sem UV e com processo oxidativo avançado (H2O2/UV). Analisando-se os resultados obtidos é possível observar a diferença entre os espectros da AMOX submetida a fotodegradação com UV e H2O2 , e aquele obtido apenas pela exposição do fármaco a radiação (UV), o qual apresentou banda com absorção em aproximadamente 298nm, comprimento de onda compatível com o da AMOX, confirmando a presença do fármaco na amostra após a fotodegradação Resultado diferente foi obtido na amostra submetida a fotólise combinada ao processo oxidativo observa-se a formação de uma banda que absorve em 360nm a qual trata-se do produto de degradação formado no processo como mencionado em resultados anteriormente obtidos, comprova-se que a exposição a radiação ultravioleta só é eficiente para fotodegradação quando associada ao processo oxidativo, pois provoca a catálise do peróxido de hidrogênio gerando os radicais (OH) que por serem altamente reativos promovem a degradação da amoxicilina. 49 6 CONCLUSÃO Diante dos resultados obtidos no presente estudo conclui-se que: O método de CCD mostrou-se ineficiente no processo proposto, pois os produtos de degradação gerados no processo apresentaram coloração correspondente a da amoxicilina. O método físico-químico proposto por processos oxidativos avançados (H2O2/UV), apresentou-se viável para acompanhamento do processo de fotodegradação. Porém a eficiência da degradação é dependente do tempo em que amostra é exposta ao processo de fotólise. A quantidade de peróxido de hidrogênio contribui para a eficiência da degradação, mostrando-se essencial para a realização dos ensaios. A radiação ultravioleta só é eficiente para fotodegradação quando associada ao agente oxidante. Nas análises espectrofotométricas, foi possível verificar a formação dos produtos de degradação gerados no processo. Nos espectros obtidos para AMOX antes e depois da degradação observouse que a AMOX não fotodegradada apresentou bandas em comprimento de onda de absorção em 250 e 294 nm, já a AMOX depois da degradação apresentou banda de absorção em 370 nm e em 250 e 294 nm, comprimento de onda compatível com a AMOX. Conclui-se, portanto, que durante o processo de degradação formou-se um produto de degradação com estrutura muito semelhante a da AMOX como já havia sido previsto nos testes realizados por cromatografia em camada delgada. Embora os produtos de degradação tenham apresentado bandas de absorção nos mesmos comprimentos de onda da AMOX, a utilização do método de adição padrão proporcionou determinação da quantidade de fármaco presente nas amostras após a fotodegradação. Sugere-se que todos os experimentos sejam realizados utilizando o padrão de amoxicilina como parâmetro de comparação para ampliar dados sobre o estudo realizado. Como a AMOX apresenta características estruturais semelhantes a outros de sua classe torna-se modelo para degradação de outros betalactâmicos. 50 REFERÊNCIAS ALMEIDA,T,M,S. Fotodegradação. Faculdade de belas artes universidade de Lisboa p-5 2009. AMORIM, C.C.; LEÃO, M.M.D.; MOREIRA, R.F.P.M. 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