FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS PROGRAMA ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU EM GESTÃO ESCOLAR ATUAÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR NO CENTRO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL CURSISTAS: Ana Paula Rodrigues Valadares Jullyana Kelce Rodrigues Lopes Lemos Maria Antonia Rodrigues ARAGUAÍNA – 2010 ATUAÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR NO CENTRO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL Ana Paula Rodrigues Valadares¹ Jullyana Kelce Rodrigues Lopes Lemos² Maria Antonia Rodrigues³ Resumo Este artigo tem como objetivo analisar a atuação do conselho escolar nas questões referentes à democratização da Gestão Escolar. Verificando a necessidade da efetiva participação do Conselho em toda a dinâmica de relações de poder que ocorrem no interior da unidade escolar. Os dados foram coletados a partir de questionários com perguntas acerca da organização e da atuação do Conselho Escolar e reuniões de acompanhamento onde foram tratados os assuntos pertinentes ao Conselho e as suas delimitações. Na metodologia, o fenômeno observado sobre a necessidade da efetiva participação do Conselho Escolar para a realização de uma Gestão Democrática. Conclui-se que a gestão democrática é atualmente um valor ainda não totalmente compreendido e colocado em prática no ambiente da unidade escolar, porém é um recurso com a participação de todos os envolvidos no contexto escolar e que almeja a qualidade de ensino oferecido pela entidade. Palavras chave: Gestão escolar, Conselho escolar, Gestão democrática, participação. Summary This article has as objective analyzes the performance of the school piece of advice in the subjects regarding the democratization of the school administration. Verifying the need of the effective participation of the piece of advice in the whole dynamics of relationships of power that you/they happen inside the school unit. ____________ ¹Licenciada em Normal Superior pela Fundação Universidade do Tocantins – UNITINS em 2004. Gestora do Centro Municipal de Educação Infantil de Wanderlândia. ²Licenciada em Normal Superior pela Fundação Universidade do Tocantins – UNITINS em 2004. Coordenadora Municipal de Programas Educacionais da Secretaria Municipal de Educação de Wanderlândia. ³Licenciada em Letras: Língua portuguesa e Língua Inglesa pela Universidade Federal do Tocantins – UFT em 2007. Gestora das Escolas Municipais Multisseriadas de Wanderlândia. The data were collected starting from questionnaires with questions concerning the organization and of the performance of the school piece of advice and attendance meetings where the pertinent subjects were treated to the piece of advice and their delimitations. In the methodology, the phenomenon observed about the need of Conselho Scholar's effective participation for the accomplishment of a Democratic Administration. It is ended that the democratic administration is now a value still no totally understood and put in practice in the atmosphere of the school unit, however it is a resource with the participation of all involved them in the school context and that it longs for the teaching quality offered by the entity. Words key: School administration, democratic school Council, participation. No contexto das políticas públicas descentralizadas, largamente implementadas pelo modelo econômico neoliberal durante os anos 90 no Brasil, se destaca o caráter efetivamente descentralizador da Constituição Federal de 1988, pela qual as políticas educacionais, que se traduzem na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei 9394/96 - colocam na gestão democrática a forma de integração da educação com a dinâmica de organização mais ampla da sociedade, o que representa um grande desafio para as instituições educativas, visto a construção de uma nova cultura escolar, agora voltada para a participação através do envolvimento da comunidade nas decisões de caráter pedagógico-administrativo. Mas nem sempre a educação brasileira se pautou por esses parâmetros democráticos, a não ser o modelo de educação dos primeiro habitantes do Brasil (os índios), pois a educação que se praticava entre os povos indígenas não tinha marca repressivas do modelo educacional europeu, sendo baseada na prática vinculada à realidade da vida da tribo. Porém, quando os jesuítas chegaram por aqui eles não trouxeram somente a moral, os costumes e a religiosidade européia, como também o modelo pedagógico opressor europeu, esse método funcionou absoluto durante 210 anos, de 1549 a 1759. No entanto, em todas as tentativas experimentadas na educação brasileira, a mesma evolui em saltos desordenados, em diversas direções, tendo o autoritarismo como a característica principal. O período da Nova República, de 1946 ao princípio do ano de 1964, talvez tenha sido o mais fértil da história da educação brasileira. Neste período atuaram educadores que deixaram seus nomes na história da educação por suas realizações. Neste período atuaram educadores do porte de Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Carneiro Leão, Armando Hildebrand, Paulo Freire, Lauro de Oliveira Lima, Durmeval Trigueiro, entre outros. Levando em consideração a importância de uma gestão democrática na Educação, focalizamos a atuação do Conselho Escolar do Centro Municipal de Educação Infantil do Município de Wanderlândia – TO. A análise dessa atuação teve por base uma revisão bibliográfica que nos permitiu ter por parâmetros teóricos Conceitos de Democracia, Gestão Democrática, Participação e Educação Escolar. Além desses conceitos a citada revisão possibilita também o delineamento do cenário sócio–político brasileiro recente, como palco em que se deram as modificações na nossa política educacional, visando o desenvolvimento de uma educação sistematizada, mas eficiente, adequada à realidade. Há bem pouco tempo, falava-se em administração escolar, que compreendia as atividades de planejamento, organização, direção, coordenação e controle. “A gestão, por sua vez, envolve estas atividades necessariamente, incorporando certa dose de filosofia e política. O que existe é uma dinâmica interativa entre ambas”. (LUCK, 2006, p. 99). Como ilustra Heloisa Luck, (2006, p. 99), “a gestão não deprecia a administração, mas supera as suas limitações de enfoque dicotomizado, simplificado e reduzido, para atender as exigências de uma realidade cada vez mais complexa e dinâmica”. “A expressão gestão escolar em substituição à administração escolar, não é apenas uma questão semântica. Ela representa uma mudança radical de postura, um novo enfoque de organização, um novo paradigma de encaminhamento das questões escolares, ancorados nos princípios de participação, de autonomia, de autocontrole e de responsabilidade”. (ANDRADE, 2004, p. 17). Depois de um longo período de regime militar de exceção, estamos reaprendendo a praticar a democracia. Para tanto, é preciso ampliar a democracia com a participação ativa da sociedade nos diversos espaços sociais. No entanto, a escola é um desses espaços, pois a gestão escolar democrática é uma forma de democracia participativa que favorece o exercício da cidadania consciente e comprometida com os interesses da maior parte da sociedade. “Se a verdadeira democracia caracteriza-se, dentre outras coisas, pela participação ativa dos cidadãos na vida pública, considerados não apenas como “titulares de direito”, mas também como “criadores de novos direitos”, é preciso que a educação se preocupe com dotar-lhes das capacidades culturais exigidas para exercerem essas atribuições, justificando-se, portanto a necessidade de a escola pública cuidar, de forma planejada e não apenas difusa, de uma autêntica formação do democrata”. (PARO, 2000, p. 78). Dirigir uma escola era considerado há bem pouco tempo uma tarefa rotineira onde cabia ao diretor zelar pelo bom funcionamento da escola. Atualmente, essa situação mudou. A partir de 1980 o paradigma do autoritarismo passou a ser duramente criticado. As grandes e contínuas transformações sociais, científicas e tecnológicas passaram a exigir um novo modelo de escola e conseqüentemente, um novo perfil de dirigente, com formação e conhecimentos específicos para o cargo e a função de diretor-gestor. Dessa forma a gestão democrática surge para fixar novas idéias e estabelecer na instituição uma orientação transformadora conforme sustenta a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 em seu artigo 206, inciso VI e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 em seu artigo 14. Participar da gestão democrática da escola significa que todos se sentem e efetivamente são partícipes do sucesso ou do fracasso da escola em todos os seus aspectos: físico, educativo, cultural e político. Significa usar o espaço escolar como um recurso de Educação para todos, na perspectiva do “aprender a viver juntos”, de tal forma que os espaços públicos e particulares possam ser respeitados, de modo ativo, ou seja, no sentido de agir a favor de um modo mais satisfatório de vida para todos. “A gestão democrática é condicionante imprescindível da qualidade” (GADOTTI, 1994). Faz-se necessário, por sua vez, que a comunidade, os usuários da escola sejam os seus dirigentes e gestores. Na gestão democrática pais, alunos, professores e funcionários assumam sua parte de responsabilidade pelo projeto da escola. “Uma escola é o que são os seus gestores, os seus educadores, os pais dos estudantes, os estudantes e a comunidade. A ‘cara da escola’ decorre da ação conjunta de todos esses elementos”. (LUCKESI, 2007, p. 15). Uma gestão democrática precisa da participação ativa da comunidade escolar, no momento de partilhar o poder e tomar uma decisão. Implica a efetivação de novos processos de organização e gestão baseados em uma dinâmica que favoreça os processos coletivos e participativos de decisão. Nesse sentido a participação constitui uma das bandeiras fundamentais a serem implementadas pelos diferentes atores que constroem o cotidiano escolar. “A própria sala de aula é um lugar de gestão e, principalmente, de aprendizagem da gestão democrática, não só da escola, mas da vida. Exercitar a gestão democrática na escola é uma forma de ensinar e aprender”. (LUCKESI, 2007). Gadotti afirma que há pelo menos duas razões que justificam a implantação de um processo de gestão democrática. “A primeira dessas razões é porque a escola deve formar para a cidadania e a segunda razão consiste no fato de que a gestão democrática pode melhorar o que é específico da escola: o ensino. A participação pertence à própria natureza do ato pedagógico” (GADOTTI, 2001, p.46). A função primordial do gestor escolar, baseada na liderança e competência, é manter a escola em atividades harmoniosas, participativas e produtivas, delegando, acompanhando e exigindo tarefas com autenticidade e ponderação, transformando o discurso em ação. “Assim como a essência da gestão é fazer a instituição operar com eficiência, a eficácia da gestão depende, em grande parte, do exercício da liderança”. (ANDRADE, 2004, p. 17). Como bem indica Luck (2006, p. 15) “é pela gestão que se estabelece unidade, direcionamento, ímpeto, consistência e coerência a ação educacional, a partir do paradigma, ideário e estratégias adotadas para tanto”. Em suma, aperfeiçoa-se e qualifica-se a gestão para maximizar as oportunidades de formação e aprendizagem dos alunos. A boa gestão é, pois identificada, em última instância, por esses resultados. Gerir democrática e participativamente a escola significa usar de todas as oportunidades que ela oferece, tanto para realizar práticas como para aprender condutas com elas. Mais importante do que os resultados práticos imediatos da gestão democrática é a aprendizagem para vida pessoal e social. Afinal, a escola não é uma oficina produtiva, mas sim um lugar de aprendizagem e desenvolvimento. “O mais importante na vida escolar não é o ganhar ou o perder, mas o aprender a ser e o aprender a viver juntos, para o bem-estar de si mesmo e do outro, com qualidade” (LUCKESI, 2007, p. 15). A Lei de Diretrizes e Bases redirecionou as formas de organização e gestão. A esse respeito à lei estabelece o princípio da gestão democrática, ou seja, a necessidade de que a gestão das escolas se efetive por meio de processos coletivos envolvendo a participação da comunidade local e escolar. Assim, por gestão democrática entendemos a garantia de mecanismos e condições para que espaços de participação, partilhamento e descentralização do poder ocorram. Nessa perspectiva, para que a escola como uma instituição social, possa participar desse processo de desenvolvimento e transformação, necessitamos revisar e definir os papéis até agora existentes, a fim de adaptar-se às novas exigências sociais, para que a educação escolar se torne um instrumento de desenvolvimento individual, social e econômico. Para realizarmos a Gestão Escolar numa perspectiva democrática, contemplando o coletivo, de acordo com as propostas educacionais contidas no Projeto Político Pedagógico da Escola, é necessário buscarmos parcerias com os funcionários e comunidade e confiar nas pessoas com quem trabalhamos. Para constituir-se em instrumento de democratização das relações do interior da escola, ampliando os espaços de efetiva participação da comunidade escolar nos processos decisórios e especificidade do trabalho pedagógico escolar. A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Lei nº 93/94), em seu art. 12, estabelece uma orientação legal de confiar à escola a responsabilidade de elaborar, executar e avaliar o seu Projeto Político Pedagógico. A legislação defende também normas de gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as peculiaridades e conforme os seguintes princípios estabelecidos pelo art. 14: I – participação dos profissionais de educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares equivalentes. E também define em seu art. 15 a seguinte diretriz: “Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público” Os princípios acima definidos de gestão democrática ratificam o inciso VI do Art. 206 da Constituição Federal, e o Plano Nacional de Educação, Lei n° 10172/2001 que tem como prioridade “promover a participação da comunidade da gestão das escolas, universalizando, em dois anos, a instituição de Conselhos Escolares em órgãos equivalentes (...), a descentralização da gestão educacional com o fortalecimento da autonomia da escola, garantindo a participação da sociedade na gestão da escola e da educação”. Buscar promover o exercício de Cidadania no interior das escolas, articulando a integração e a participação dos diversos segmentos da comunidade escolar na construção de uma escola pública de qualidade, laica, gratuita e Universal. Estabelecer políticas e diretrizes norteadoras da organização do trabalho pedagógico na escola, a partir dos interesses e expectativas histórico-sociais, em consonância com as orientações e a legislação vigente. O Conselho Escolar com representantes dos diversos seguimentos da comunidade escolar amplia significativamente as condições de exercício e prática participativa, tendo importante contribuição para a democratização da gestão. É necessário que fique claro que a LDB (9394/96) não institui o Conselho Escolar, apenas sugere como alternativa para a escola. Não é a legislação em si que vai transformar a realidade, mas o dia-a-dia no contexto escolar, durante a prática pedagógica e com o acompanhamento e avaliação do trabalho pedagógico desenvolvido pela comunidade escolar, realizando intervenções necessárias, tendo como pressuposto o Projeto Político Pedagógico; garantindo o cumprimento da função social e da especificidade do trabalho Pedagógico da Escola, de modo que as atividades educativas escolares estejam pautadas nos princípios da Gestão Democrática. A Gestão Democrática acontece com a participação da comunidade escolar através do Conselho Escolar por meio de estímulo e interação entre os membros do Conselho. A ampliação da participação da comunidade escolar e local na gestão administrativa, financeira e pedagógica no Centro Municipal de Educação Infantil possibilitou a delegação de responsabilidade e envolvimento dos diversos segmentos apresentando as propostas e estabelecendo um contrato de convivência e possibilidades de parceria com o objetivo de conseguir apoio para execução dos projetos baseados nos problemas levantados pela escola que articulem com os conteúdos curriculares necessários e sejam desenvolvidos na escola. Contudo, a realização de tal levantamento teve por finalidade buscar incentivo para que o Conselho Escolar seja realmente atuante em todos os aspectos da escola, facilitando assim o seu desempenho, levando em consideração à importância de uma Gestão realmente compartilhada. Através da pesquisa-ação enfatizamos as principais necessidades dos diferentes membros que atuam no Centro Municipal de Educação Infantil. Pois antes, com relação ao conceito de Conselho Escolar, a maioria tinha a visão que o mesmo era apenas para ajudar solucionar as cobranças em torno da questão financeira, o que os levavam a pautarem em suas reuniões muito mais com suas discussões sobre os recursos financeiros do que sobre as questões pedagógicoadministrativas da escola. Hoje, percebe-se que se tornou possível a compreensão de que a função deste tem amplitude maior. Os conselheiros começaram a redimensionar a concepção do próprio poder, buscando efetivamente decidir sobre a entidade escolar na perspectiva de ajudar a construir uma escola emancipatória e democrática. Tal fato evidencia a necessidade da socialização das informações referentes à função e funcionamento deste importante veículo de participação no interior da instituição escolar. Desse modo, pode-se concluir que a criação e atuação dos Conselhos Escolares tem se mostrado um dos caminhos para se avançar na democratização do Conselho Escolar. Levando em consideração os princípios que norteiam à gestão democrática, através da efetiva participação dos membros da unidade escolar e a importância da atuação dos Conselhos Escolares. É pertinente afirmar que em razão dos estudos realizados, foi possível verificar que a atuação do Conselho Escolar do Centro Municipal de Educação Infantil é o instrumento de fundamental importância ao desenvolvimento da gestão democrática, dando condições para que todos os envolvidos na comunidade escolar sejam mais participativos. Pois o Conselho Escolar representa a escola, sendo um veículo do poder da cidadania, da comunidade escolar exercendo o poder pela participação de seus membros. Onde suas atribuições são deliberar junto ao dirigente da unidade escolar. No entanto, somente será possível a atuação de gestão democrática nas escolas públicas se for exercido o poder da democracia por todos os autores sociais presentes na unidade escolar. E esse poder só é exercido através do conhecimento e participação de todos. E para alcançarmos a efetivação da gestão democrática, devemos descentralizar o poder dos gestores e buscar a participação dos membros do Conselho Escolar onde eles exercitem o seu direito de participarem e decidirem juntos os problemas educacionais existentes. Pois a gestão democrática é um processo que está em construção, e precisa da organização coletiva onde cada um faça parte de um todo, é como uma colcha de retalhos onde temos diferentes partes juntas em prol de um mesmo objetivo. É esse o caminho trilhado pelo Centro Municipal de Educação Infantil de Wanderlândia para a democratização da gestão escolar. BIBLIOGRAFIA ANDRADE, Rosamaria Calaes de. A gestão da escola. Porto Alegre: Artmed, 2004. (Coleção escola em ação). BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei Nº 9394 de 20 de Dezembro de 1996. BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei Federal 8069 de 13/07/1990. BRASIL. 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