título do resumo

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CARACTERIZAÇÃO DE Escherichia Coli ISOLADAS DA CORRENTE
SANGUINEA, DE PACIENTES DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO, NO
PERÍODO DE 2013 A 2015.
Caroline Martins de Matos (Bolsista Fundação Araucária); Eliana Carolina
Vespero; Marcia Regina Eches Perugini. E-mail: [email protected]
Universidade Estadual de Londrina/Departamento PAC/CCS
Área e subárea do conhecimento: Microbiologia/Epidemiologia
Palavras-chave: bacteremia; E. coli; resistência bacteriana; virulência.
Resumo
Escherichia coli é uma enterobactérias, pertencente a microbiota normal do
trato intestinal de humanos e animais, e é entre os bacilos gram negativos o
principal agente etiológico de infecções da corrente sanguínea. A presença
transitória desses microrganismos na corrente sanguínea é de nominada
bacteremia, esta apresenta sintomas mais amenos comparado a sepses. Este
trabalho terá como objetivo avaliar isolados da corrente sanguínea, de
pacientes do Hospital Universitário, no período de 2013 a 2015. As amostras
serão identificadas pelo sistema de automação Vitek2 e estocadas até o
momento da realização dos testes. Serão avaliados os perfis de sensibilidade
aos antimicrobianos e detectados os mecanismos de resistência aos
antimicrobianos β-lactâmicos, bem como a similaridade genética e fatores de
virulência entre os isolados estudados. O estudo da epidemiologia e os
principais mecanismos de resistência, presente em microrganismos
causadores de bacteremia, são dados importantes para a orientação na terapia
antimicrobiana empírica, que pode reduzir as taxas de mortalidade por estas
infecções (MARANGONI & VIEIRA, 1984).
Introdução
A bacteremia pode indicar a disseminação de infecção, cuja expressão clínica
pode variar desde quadros leves e autolimitados até o óbito (WEINSTEIN et al,
1997). As infecções da corrente sanguínea (ICS) no ambiente hospitalar
geralmente são indicativas de eventos graves, com letalidade atribuída em
torno de 35%, prolongamento da internação hospitalar e custos adicionais
elevados por sobrevivente (ORSI et al, 2002; PIITTET et al.,1994).
Entre as infecções extra intestinais causadas por ExPEC (“Extraintestinal
Pathogenic Escherichia coli” – E. coli patogênica extra intestinal), as principais
são, as infecções do trato urinário, as meningites, as infecções intraabdominais, as infecções em feridas e as infecções da corrente sanguínea.
Logo, revestem-se de grande importância por terem alta morbidade e
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mortalidade, principalmente no ambiente hospitalar, aonde acometem, no dia a
dia, pacientes que já se encontram debilitados e imunologicamente deprimidos.
Apesar de sua enorme importância, somente nesta década intensificou- se o
estudo de marcadores genéticos de virulência, com o objetivo de caracterizar
melhor seus mecanismos de virulência (SANTOS et al, 2009; BIENDENBACH
et al, 2004; SADER et al., 2001).
Atualmente, há uma lista de cerca de 40 fatores de virulência
relacionados (adesinas/invasinas) à sobrevivência no ambiente extra intestinal
(sistemas de captação de ferro), ao escape das defesas do hospedeiro (fatores
que dificultam a fagocitose, ou que promovem resistência ao complemento
presente no soro) (SANTOS et al, 2009; EWERS et al, 2007; JOHNSON;
RUSSO, 2005).
Além da virulência, a resistência aos antimicrobianos também é um
importante fator nas infecções por E.coli. De longa data sabe-se que a pressão
seletiva exercida pelo uso extensivo e por vezes inadequado de
antimicrobianos seleciona bactérias resistentes aos antibióticos. Além disso,
algumas bactérias são naturalmente resistentes (resistência extrínseca) a
certos grupos de antibióticos (ROSSI; ANDREAZZI, 2005).
Materiais e Métodos
As amostras foram identificadas previamente utilizando o sistema automatizado
Vitek 2 (BioMerieux). Para testar a sensibilidade aos antimicrobianos, foi
realizado o teste de disco de fusão. Para padronização do inóculo, foi utilizado
o tubo 0,5 da escala de McFarland. As amostras então foram incubadas a
35ºC, por 18 a 24 horas. A interpretação foi realizada de acordo com o CLSI.
Os isolados clínicos que apresentaram resistência as cefalosporinas de 3a, 4a
geração foram submetidos a testes fenotípicos para detecção de ß-lactamases
pelo teste de duplo-disco aproximação e disco combinado. Os isolados clínicos
que apresentaram resistência aos carbapenêmicos foram submetidos a testes
fenotípicos para detecção de carbapenemases, sendo eles o teste de Hodge
modificado (LEE et al., 2001) e o teste do ácido Borônico (TSAKRIS, 2010). As
amostras que apresentaram o teste fenotípico positivo foram caracterizadas
genotipicamente por meio da técnica da PCR, utilizando primers específicos.
Os produtos de PCR foram analisados em gel de agarose 1,0%. A tipagem por
ERIC-PCR foi realizada utilizando-se o primer ERIC-2 e metodologia
previamente descrita (VERSALOVIC et al.,1991). Os produtos desta reação
foram então analisados em gel de agarose a 1,0%. Neste trabalho foram
também pesquisados cinco genes que codificam os fatores de virulência, em
que são: iutA (sideróforo aerobactina), hlyF( hemolisina), iss ( resistência ao
soro), iroN (sideróforo salmoquelina) e ompT( protease de membrana externa).
Resultados e Discussão
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Em relação as amostras estudadas, o teste de sensibilidade aos
antimicrobianos realizando pelo teste de disco difusão mostraram que, dessas,
19 (76%) se mostram sensíveis, 5 (20%) são produtores de ß-lactamase de
Espectro Estendido e 1 (4%) é produtor de carbapenemase do tipo KPC.
antibióticos.
Quanto a classificação filogenética pesquisada, por meio de vários
estudos, foi estabelecida uma relação entre os quatro principais grupos
filogenéticos de E. coli e a virulência desse agente, sendo reconhecido que os
isolados pertencentes ao grupo B2 estão relacionados a cepas patogênicas
extraintestinais e os isolados dos grupos A e B1 relacionados a cepas
comensais (CLERMONT; BONACORSI; BINGEN, 2000). O resultado do
estudo foi : iutA, 13 (52%) , hlyF, 7 (25%), iss, 6 (24%), iroN, 4 (16%) e ompT,
24% (6/25). Sabendo-se que a patogenicidade da E. coli se deve ao produto de
genes cromossomais e plasmidiais, cinco genes de virulência foram
pesquisados, entre eles os relacionados a toxinas (hlyF), sistema de aquisição
de ferro (iutA e iroN), resistência sérica (iss) e proteases ( ompT).Quanto aos
resultados: iutA, 13 (52%) , hlyF, 7 (25%), iss, 6 (24%), iroN, 4 (16%) e ompT,
24% (6/25).
Em relação aos resultados referentes ao ERIC-PCR, foi encontrada uma
grande variação genética entre as cepas estudadas.
Já sobre a pesquisa de genes codificantes de CTX-M ß-lactamase de
espectro estendido, os alelos que codificam o grupo 1 CTM-M foi encontrado
em 3 (60%) isolados, alelos que codificam o grupo 2, 8 e 9 CTM-X foram
encontrados em 1 (20%) dos isolados pesquisados, já os alelos que codificam
o grupo 25, não foram encontrados neste estudo.
Conclusão
As infecções da corrente sanguínea são de grande importância,
devido às altas taxas de morbidade e mortalidade. Nas últimas décadas, os
patógenos mais prevalentes causadores de infecções da corrente sanguínea
foram as bactérias Gram-positivas, superando os patógenos Gram-negativos,
no entanto, as infeções por Gram-negativos são emergentes, principalmente
E. coli. Por isso, conhecer a epidemiologia e disseminação de E.coli
presentes em bacteremias, bem como o perfil de sensibilidade e os principais
mecanismos de resistência e virulência, podem auxiliar na terapia adequada,
bem como redução da mortalidade e da disseminação de cepas epidêmicas.
Agradecimentos
Agradeço à orientadora, à colaboradora e ao CNPq, pelo incentivo e
oportunidade.
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Referências
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