Música e humor – como os diferentes estilos musicais influenciam humor Beatriz de Souza Dias, Nathalia Dantas Schumaker, Rômulo Lins Pereira Orientador: Leandro de Oliveira Costa Colégio Estadual Edmundo Bitencourt Av. Lúcio Meira, 311 - Várzea, Teresópolis - RJ, 25953-001 e-mail: [email protected] Resumo Esta investigação tem como objetivo discutir o papel da música no humor de adolescentes entre 15 e 19 anos. Esta investigação nasceu da constatação de que grande parte dos alunos de nossa escola passam muitas horas escutando músicas que trazem em seus celulares. A percepção empírica indica que o estado de humor dos alunos pode ser alterado dependendo do estilo musical ao qual ele está sendo submetido. Uma escala de humor foi desenvolvida para esta investigação e a mudança de estado de espirito dos estudantes após escutar alguns gêneros músicas foi mensurada. Como resultado pudemos observar que independente do gênero todos são afetados positiva ou negativamente pelas músicas. Entretanto, as meninas são mais fortemente afetadas do que os meninos. Palavras chave: Humor, Música, Estado de espirito Introdução A música está presente em todos os momentos da vida de uma pessoa. As trilhas sonoras embalam romances, situações de desencanto amoroso e encontros com os amigos. A todo momento nos vemos cercados por acordes e melodias que ajudam a contar e a lembrar de partes importantes de nossas vidas. A música, mais do que qualquer outra arte, tem uma extensa representação neuropsicológica, com acesso direto à afetividade, controle de impulsos e emoções, e motivação. Ela é mencionada como sendo capaz de estimular a memória não verbal, um elemento de aplicação nas funções cerebrais, que envolve um armazenamento de símbolos organizados e que estimula a capacidade de retenção e memorização (MUSZKAT, 2012). Os impulsos cerebrais provocados pela música afetam todo o corpo e ao chegarem aos ouvidos, os sons são convertidos em impulsos que percorrem os nervos auditivos até o tálamo, região do cérebro considerada central para as emoções, sensações e sentimentos (GASPARINI, 2003). Quais gêneros musicais poderiam ter maior potencial de mudança do humor de adolescentes? Meninos e meninas respondem de forma diferente a estímulos musicais? Objetivo Analisar como diferentes tipos de estilos musicais conseguem interferir no humor de meninos e meninas. Materiais e Métodos Os alunos que participaram desta investigação foram selecionados aleatoriamente na escola para que pudéssemos ter uma amostra plural. Cerca de 50 discentes participaram dos testes que consistia na aplicação de uma escala de humor desenvolvida pelos integrantes deste trabalho (Figura 1) Figura 1: Escala de humor aplicada na investigação Os participantes deveriam marcar a “carinha” que melhor representasse o seu estado de humor antes de ser submetido ao teste. Este consistia em escutar uma das músicas que foram previamente categorizada em um dos dois grupos chamados de ANIMADAS ou TRISTES. Após escutar tal musica o mesmo deveria novamente marcar a “carinha” que representasse o seu atual estado de humor. Com o objetivo de mensurar, quantitativamente, as prováveis mudanças de estado de espírito inferimos valores para cada uma das “carinhas”, como indicado na figura 2. Nos baseamos em escalas que se utilizam da metodologia de Likert durante a construção desta escala. Figura 2: Valores imputados para cada “rostinho” com intenção de realizar análise quantitativa Sendo assim, teríamos a possibilidade de fazer uma análise do grau de variação de humor dos estudantes, meninos ou meninas, após escutar uma música ANIMADA ou uma música TRISTE. Resultados e Discussão Como resultado foi possível observar que quando os adolescentes são expostos a músicas tristes o seu humor se modifica de forma significante. Meninos e meninas diminuem o seu grau de felicidade de forma evidente. Entretanto, a mudança de humor se apresenta mais clara nas meninas. Elas tiveram um decréscimo médio de 1,6 pontos em uma escala de 6 pontos possíveis, já os meninos variaram apenas 0,94 como fica apresentado no gráfico 1. Gráfico 1: Apresenta a relação entre o estado de humor antes e depois do estudante escutar uma música TRISTE. Quanto mais próximo do valor 3 a média das respostas estiver maior o grau de felicidade do estudante. Quanto mais próximo a -3 mais triste o aluno julga se apresentar. Valores acima de zero indicam algum grau de felicidade e valores abaixo de zero indicam algum grau de tristeza. Quando se fala de músicas alegres, podemos observar ação semelhante, mas de efeito inverso, nos estudantes. Tanto meninos quanto meninas que foram expostos a músicas de viés alegre conseguiram aumentar os valores médios da escala de felicidade, ou seja, eles foram capazes de ficar mais alegres (Gráfico 2). Novamente as meninas tiveram as maiores variações de humor. Estas variaram um total de 1,36 pontos, enquanto os meninos variaram 1,1 pontos. Gráfico 2: Apresenta a relação entre o estado de humor antes e depois do estudante escutar uma música ALEGRE. Quanto mais próximo do valor 3 a média das respostas estiver maior o grau de felicidade do estudante. Quanto mais próximo a -3 mais triste o aluno julga se apresentar. Valores acima de zero indicam algum grau de felicidade e valores abaixo de zero indicam algum grau de tristeza. Desta forma, foi possível perceber que todos os estudantes, meninos ou meninas sofrerem variação de humor ao escutar determinados grupos de músicas. Estas mudanças de humor podem atrapalhar o rendimento acadêmico dos mesmos ou mesmo dificultar o relacionamento interpessoal ao longo da jornada escolar dos alunos. Um bom rendimento acadêmico depende de um estado de espírito que permita o mesmo estar disposto a aprender e do poder dialógico que ele apresenta na relação com seus colegas. Tais disposições possivelmente ficam diminuídas em alunos que apresentam um estado de humor mais triste, pois estes procuram poucas interações com outros alunos e se apresentam menos dispostos a dialogar com seus professores. Tal influência parece se potencializar em meninas. Estas, em média, estão mais suscetíveis a influência das músicas, como fica indicado neste estudo Conclusões Sendo assim, a escola não deve negligenciar o poder que a música apresenta na modificação do estado de humor dos adolescentes. A escola poderia se utilizar de recursos musicais para potencializar estados de ânimo capazes de fazer com que os estudantes estivessem mais felizes e assim pudessem interagir de forma mais construtivas ao longo das aulas. A música traz esta possibilidade, que é pobremente explorada no nosso universo escolar. Rádios durante o recreio e nos intervalos de aula, concursos de bandas, a música interagindo com diversas disciplinas são apenas exemplos de como a escola poderia utilizar este recurso para que os alunos aprendam melhor e com mais felicidade. Agradecimentos Deixamos aqui o nosso profundo agradecimento aos colegas de turma que nos ajudaram, de diversas formas, na construção e no desenvolvimento desta investigação. Referências GASPARINI, G. Musicoterapia usa identidade musical para ativar cérebro. Equilíbrio e saúde, 2003. LOPES, S. Bio 1.São Paulo, ed. Saraiva, 2002. MUSZKAT, M. Música, Neurociência e Desenvolvimento Humano. Ministério da Cultura e Vale: A Música na Escola. São Paulo, 2012.