A importância do incentivo ao hábito da leitura

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A IMPORTÂNCIA DO INCENTIVO AO HÁBITO DA LEITURA
Andréa Suguimoto de Oliveira Constancio, Débora Marques Mendonça, Mariana de
Carvalho Paiva, Ana Enedi Prince (Orientadora)
Universidade do Vale do Paraíba- UNIVAP, Faculdade de Educação e Artes - FEA, Rua Tertuliano Delphim
Jr., 181, Jardim Aquarius, São José dos Campos/Sp: e-mail: [email protected],
[email protected]
Resumo – Esta pesquisa tem como objetivo discutir, refletir e tecer considerações relativas à importância da
escola e da família em relação ao incentivo à leitura para a instituição do hábito de ler. Para a consecução
desse objetivo, desenvolveu-se um projeto com trinta e cinco alunos do quinto ano do Ensino Fundamental,
e com a respectiva professora desse segmento educacional da Rede de Ensino Municipal de São José dos
Campos. A essa professora foi proposto um questionário com perguntas abertas e aos alunos, uma
reescrita de um livro escolhido pelos próprios docentes. Construiu-se o embasamento teórico a partir dos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), e dos pressupostos de Aguiar, Freire e Kriegl, dentre outros
autores.
Palavras-chave: Hábito de leitura, reescrita, projeto, família, Escola
Área do Conhecimento: Ciências humanas (Educação)
Introdução
Metodologia
A leitura se constitui em um dos meios à
formação de uma sociedade consciente, e, sendo
assim, devem ser viabilizados espaços para que a
criança se motive às leituras antes mesmo do
início de sua alfabetização. Para que esse
processo se realize significativamente são
fundamentais as intervenções da família e,
principalmente, da escola, uma vez que há
crianças que têm pouco contato com a leitura em
seu ambiente familiar, e, por isso, apresenta
dificuldades no seu processo de aprendizagem.
Decorrente dessa carência faz-se, então,
necessário um trabalho que desperte o gosto
discente pela leitura, para a construção de seu
hábito de ler.
Para a realização desta pesquisa, construiu-se
o embasamento teórico a partir dos Parâmetros
Curriculares
Nacionais
(PCNs),
e
dos
pressupostos de Aguiar, Freire e Kriegl, dentre
outros autores.
Esta pesquisa tem como objetivo discutir,
refletir e tecer considerações relativas à
importância da escola e da família em relação ao
incentivo à leitura para a instituição do hábito de
ler.
Visando desenvolver o gosto e o hábito em
relação à leitura, desenvolvemos um projeto com
uma professora e com trinta e cinco alunos do
quinto ano do Ensino Fundamental, em uma das
escolas da rede de ensino do municipal de São
José dos Campos.
Nesse contexto, foi proposto à professora um
questionário composto por seis questões abertas,
a fim de verificarmos com que frequência a leitura
era trabalhada em sala de aula, e se, nesses
momentos, havia algum incentivo em relação ao
ato de ler.
Aos alunos foram apresentados diversos
portadores de texto (livros, revistas e jornais),
comentando-se as características e objetivos
textuais desses portadores e a freqüência com
que circulam em nosso cotidiano. Também foi
recomendada a leitura de alguns livros infantis que
se encontravam na sala de leitura da própria
escola e em bibliotecas públicas.
Foi entregue uma ficha de leitura a cada aluno,
na qual constavam propostas de leituras de textos
verbais e não-verbais, além de sugestões como
reescritas das histórias contidas nos livros por nós
recomendados e ilustração.
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
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Após terem concluído as atividades que lhes
foram propostas, estabeleceu-se, em sala de aula,
interações entre professora e alunos relacionadas
ao que haviam lido.
Aos pais foi enviado um bilhete, orientando-os
quanto à realização e ao modo de apoiarem o
desenvolvimento das atividades de seus filhos.
Resultados
Das trinta e cinco fichas de atividades
entregues às crianças foram devolvidas vinte e
três, demonstrando interesse de mais de
cinquenta por cento dos alunos.
Juntamente com a atividade entregue aos
alunos, foi enviado um bilhete aos pais,
incentivando-os a participarem como agentes
motivadores desse processo. No entanto, dos
trinta e cinco bilhetes enviados, apenas nove
foram devolvidos assinados.
Em relação à professora, pudemos constatar
que ela propõe aos seus alunos, em suas aulas,
diversas atividades voltadas à leitura, e viabilizalhes o contato, a leitura e a reescrita das obras
que lêem.
Sendo assim, a leitura de textos não deve se
restringir aos limites dela mesma, e sim remeter o
leitor à análise da realidade, uma vez que
aprender a ler é aprender a ler o mundo.
Um leitor proficiente é alguém que
compreende o que lê; que sabe selecionar dentre
os textos que circulam aqueles que lhe sejam
úteis; que busca estabelecer relações entre os
textos e o que lê. Mas, para que isso aconteça, é
necessário que o trabalho desenvolvido, no
contexto
educacional,
seja
contínuo,
permanecendo durante todo o período escolar.
Ao se instituir em um leitor proficiente, a leitura
pode contribuir para a emancipação do sujeito,
tornando-o um cidadão com uma visão mais
ampla do mundo, ajudando-o na transformação de
si e do meio em que está inserido.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais
(1997), à escola cabe o papel de promover o
acesso aos diversos portadores textuais. No
entanto, esses Parâmetros apontam que: “a
leitura, como prática social, é sempre um meio,
nunca um fim”.
Esse acesso pode ser viabilizado por
intermédio do desenvolvimento de um projeto,
pois, segundo Hernández (2002):
Discussão
Vários estudos apontam que o gosto pela
leitura desenvolve-se a partir de uma aproximação
afetiva e significativa em relação aos livros.
Segundo Kriegl (2002):
Ninguém se torna leitor por um ato de obediência,
ninguém nasce gostando de leitura, a influência dos
adultos como referência é importante na medida em
que são vistos lendo ou escrevendo.
Dessa forma, é fundamental que os
professores construam espaços, no contexto
escolar, que possam viabilizar o desenvolvimento
do hábito de leitura,
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs,
1997) apresentam sugestões para o trabalho com
a leitura, apontando a necessidade de que ela
aconteça diariamente. Eles esclarecem que o ato
de ler deve ser uma prática realizada de várias
formas, desde que faça sentido dentro da
atividade na qual se insere.
Cabe, então, ao professor promover em sua
aula, um espaço interativo e participativo, para,
assim, dar possibilidades aos discentes de
desenvolverem o gosto pela leitura e, decorrente
disso, instituir-se o hábito leitor.
Freire (1992), em relação ao ato de ler,
esclarece que essa prática “não se esgota na
decodificação pura da palavra escrita ou da
linguagem escrita, mas se antecipa e se alonga na
inteligência do mundo”.
A característica básica de um projeto é ter um objetivo
compartilhado por todos os envolvidos, que se
expressa em um produto final em função do qual todos
trabalham.
Durante o desenvolvimento de um projeto de
leitura, busca-se relacionar a linguagem oral e a
escrita, a leitura e a produção de textos, pois,
desse modo, o ato de ler torna-se significativo ao
aluno.
Segundo Aguiar (1988, p. 27), “todo hábito
entra na vida como um jogo que, por mobilizar
emoções, inspirar prazer, exige repetição contínua
e renovada”. Com isso, para que a leitura se torne
um hábito presente no cotidiano dos alunos, o
trabalho com diversos portadores textuais é
necessário na sala de aula.
Ademais, o professor deve ser um modelo de
leitor para os seus alunos, pois o docente que não
pratica o ato da leitura, dificilmente conseguirá
fazer com que os seus alunos se motivem às
leituras e a construírem hábitos leitores.
É de suma importância que pais e professores
assumam o papel de incentivadores da leitura
proficiente de seus alunos e filhos, pois o
desenvolvimento
do
ato
leitor
ocorre
principalmente quando a criança interage com
leitores maduros, que lêem para ela e com ela,
permitindo-lhe familiarizar-se e envolver-se com o
que lê.
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
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Delmanto (2009) ressalta que a escola deve ter
a preocupação cada vez maior com a formação de
leitores. Ou seja, ela deve direcionar o seu
trabalho para práticas cujo objetivo não seja
apenas o ensino de leitura em si, mas desenvolver
nos alunos a capacidade de fazerem uso da
leitura, (como também, da escrita), para que eles
possam enfrentar os desafios da vida em
sociedade, e, a partir do conhecimento adquirido,
tenham possibilidades de continuarem os seus
processos de aprendizado, de forma autônoma, e
de terem um bom desempenho na sociedade, ao
longo de suas vidas.
Compreende-se, então, que a leitura não deve
ser feita de forma mecânica e descontextualizada,
pois o aluno aprende a ler quando a leitura lhe é
significativa e produtiva, quando sente que ela
está contribuindo com a sua formação, quando
percebe que o ato de ler está lhe possibilitando
interpretar e participar, ativamente, do contexto
social em que está inserido.
O professor deve ter cuidado de fazer dessas
experiências de leitura algo que realmente seja
prazeroso e gratificante. Atualmente, os meios de
comunicação são cada vez mais rápidos, e
servem como uma ferramenta a mais na
aprendizagem, porém, não podemos descartar os
livros e os significativos conhecimentos que eles
podem nos proporcionar, uma vez que, além de
possibilitarem o desenvolvimento da imaginação e
o conhecimento de outras realidades, é um meio
que nos leva a refletir sobre tudo o que ocorre em
nossa volta, e, dessa forma, despertar nas
pessoas um olhar consciente em suas decisões.
As bibliotecas públicas brasileiras ganham
centralidade na discussão sobre a aquisição da
competência leitora, fato este apontado por Linardi
(2009), pois os livros são antigos e o sistema não
é informatizado. Mesmo diante das dificuldades
apresentadas em cada realidade da comunidade
escolar, fica a responsabilidade de ultrapassar
esses problemas e buscar soluções que garantam
maior acesso aos livros. A partir disso, se dá a
importância de desenvolver projetos.
Em relação ao trabalho de campo, das trinta e
cinco fichas de atividades entregues às crianças
as vinte e três que foram devolvidas pelos alunos
demonstraram interesse de mais de cinquenta por
cento desses discentes, inclusive interesse mais
significativo que dos seus próprios pais, pois
apenas nove bilhetes a estes enviados convidando-os a participarem como agentes
motivadores do processo de construção de hábitos
leitores por seus filhos – foram devolvidos
devidamente assinados.
Sendo assim, pudemos observar que a
professora desses alunos, ao propor-lhes, em
suas aulas, diversas atividades voltadas ao ato de
ler, viabiliza-lhes o contato, a leitura e a reescrita
das obras que lêem, mas que se faz necessário,
nesse contexto escolar pesquisado, um trabalho
voltado à conscientização dos pais desses alunos,
em relação à importância de sua participação no
processo de aprendizagem de seus filhos.
Conclusão
A escola e o professor têm um papel
importante em possibilitar o desenvolvimento do
hábito de leitura discente, porém é necessário que
os pais também estejam em sintonia em relação a
esse processo, para que possam criar espaços e
situações para que os seus filhos sintam prazer ao
ler.
Por intermédio desta pesquisa, pudemos
verificar que a maioria dos alunos observados não
encontra, em seus lares, um ambiente favorável à
leitura, e, por esse motivo, é importante que a
escola promova projetos que incentivem o
desenvolvimento desse hábito e, também, busque
estabelecer com os pais uma parceria, visando à
consecução desse objetivo, pois apenas por meio
da leitura é que formaremos cidadãos autônomos
e conscientes.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs, 1997), é obrigação da escola garantir o
acesso dos alunos aos diversos portadores
textuais, assim como criar espaços para que os
discentes saibam utilizá-los como fonte de
informação e entretenimento. No entanto, se os
pais dos alunos se dispuserem a mediar, junto
com a escola, o processo de ensino e
aprendizagem da leitura de seus filhos, pode se
tornar, de fato, proficiente, pois, segundo Lajolo
(2009), “mediadores são os instrumentos mais
eficientes para fazer da leitura uma prática social
mais difundida e aproveitada”.
Referências
- AGUIAR, Vera Teixeira de; BORDINI, Maria da
Glória. Literatura, a formação do leitor:
alternativas metodológicas. Porto Alegre:
Mercado Aberto, 1998.
- BRASIL. Secretaria da Educação. Parâmetros
Curriculares Nacionais - 1ª a 4ª série do ensino
fundamental. Língua Portuguesa, 1997.
- DELMANTO, Dileta. A leitura em sala de aula.
Construir Notícias, Recife, ano 08, n. 45, p. 2426, mar./abril. 2009.
- FRANTZ, Maria Helena Zancan. O ensino da
leitura nas séries iniciais. 3 ed. Ijui:Unijui,
2001.P.15 e 16; 27-40.
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
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- FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler:
em três artigos que se completam. 22 ed. São
Paulo: Cortez, 1988.
- HERNÁNDEZ, F.; VENTURA, Montserrat. A
Organização do Currículo por Projetos de
Trabalho. 5 ed. Artmed, 1998.
- KRIEGL, Maria de Lourdes de Sousa. Leitura:
um desafio sempre atual. Revista PEC, Curitiba.
V.2, n.1, p.1-12, jul. 2001-jul.2002.
- LINARDI, F. O X da questão. Revista Nova
escola, São Paulo. Edição Especial nº 18, 2009.
- ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na
escola. 10 ed. SP. Global,1998.
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
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