Mobilidade Social: Teoria(s) e Método(s)

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Maria Celi Scalon
Professora e Pesquisadora do IUPERJ (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro)
Mobilidade Social: Teoria(s) e Método(s)
ANPOCS
Outubro de 2001
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Entre as diversas áreas da Sociologia é a de mobilidade social que, provavelmente, mais tem
se desenvolvido no que diz respeito às técnicas de coleta e análise de dados quantitativos. É
importante, entretanto, esclarecer que o objetivo da sofisticação técnica empregada nesses
estudos é o conhecimento dos processos e padrões de mobilidade e suas conexões teóricas e
substantivas com o entendimento da estruturação e da estratificação da sociedade.
Infelizmente, alguns trabalhos que primam pela complexidade metodológica caem no mais
puro empiricismo, em que a análise quantitativa torna-se um objetivo em si.
A análise da mobilidade social requer uma concepção de espaço social no qual se distribuem
bens e valores e se definem as posições dos atore, e conseqüentemente suas relações.
Entretanto, o espaço social não é estático, e é através do estudo da mobilidade que se busca
capturar a intensidade e a direção das mudanças, revelando dessa forma como ele é
organizado.
Uma sociedade pode ser definida como aberta ou fechada, justa ou injusta, igual ou desigual
de acordo com o grau de fluidez de sua estrutura social, ou seja, de conmo são distribuídas as
oportunidades de alcançar posições sociais.
“O estudo da mobilidade ocupacional mede o grau de abertura pela
quantificação da associação entre origem e destino ocupacionais. Sociedades
podem ser colocadas em um continuum da abertura ao fechamento de acordo
com o valor numérico dessa associação.” Hout (1988:1358)
Nesse sentido, as análises de mobilidade buscam mensurar o grau de fluidez da estrutura
social bem como identificar os padrões e a movimentação envolvidos na distribuição e
redistribuição de atributos específicos. No caso da mobilidade ocupacional ou da mobilidade
de classes o foco de análise é a associação entre a posição social de origem, representada pela
ocupação do pai, e a posição social de destino, representada pela ocupação atual ou a primeira
ocupação do indivíduo; no primeiro caso trata-se da mobilidade intergeracional, no segundo
caso da mobilidade total. O objetivo do estudo da mobilidade social é apontar as fraturas na
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estrutura social, que expõem as desigualdades nas oportunidades de aquisição de bens e
valores e as estratégias de manutenção e reprodução das posições sociais.
O pressuposto básico das análises de mobilidade é o de que na sociedade moderna as
oportunidades de aquisição de riqueza e poder são diferenciadas e dependem de condições
sociais que não se restringem às qualidades pessoais. Dessa forma, o estudo da mobilidade
social torna possível identificar rotas, bloqueios, sucessos e fracassos que são padronizados e
sistemáticos, e devem ser entendidos como resultados tanto de talentos e realizações
individuais como de processos sociais (Payne e Abbot, 1990). Dessa maneira, a mobilidade
social inscreve-se no campo de estudo das desigualdades na medida em que esclarece
processos de cristalização ou redistribuição, permanência ou mudança nas chances de
alocação na estrutura social.
Assim, a mobilidade social inscreve-se nas análises de desigualdade, na medida em que
esclarece processos de cristalização ou redistribuição, permanência ou mudança nas chances
de alocação em posições da estrutura social.
É a forma como se define a posição social que permite distinguir dois tipos de orientação
teórica nos estudos de mobilidade: o primeiro deles analisa a mobilidade a partir do
movimento interclasses e dos interesses envolvidos na identificação com o comportamento de
classe. O segundo mensura a mobilidade com base em categorias ocupacionais, e dessa
maneira a encara como resultado de processos que tem lugar na estrutura de emprego.
Nesse sentido, é possível identificar duas tradições de investigação em mobilidade social:
(a) a primeira refere-se ao contexto de estrutura de classe, cuja meta é observar os padrões
de associação entre estratos e, a partir disto, analisar a estrutura de classes. Este tipo de
perspectiva requer a aplicação de modelos log-lineares, event history analysis e
modelos logit multinomiais.
(b) na segunda a mobilidade é estudada no contexto de uma hierarquia social, em que o
objetivo é observar a aquisição de status ou de prestígio. Neste caso os métodos
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aplicados são, em geral, modelos de regressão e análises de trajetórias (path analysis),
entre outros.
As análises de mobilidade podem, portanto, ser relacionadas a essas duas perspectivas que
partem de contextos conceituais distintos e informam não só a própria definição do que é
mobilidade como também a forma como ela é medida e observada. São eles: o contexto de
estrutura de classes e o contexto hierárquico. No contexto de estrutura de classes a mobilidade
é concebida como movimento entre posições de classe dentro da estrutura social, no contexto
hierárquico a mobilidade é compreendida como o movimento dentro de uma hierarquia social.
“Para aqueles que seguem a primeira tradição, a mobilidade se refere ao
movimento entre posições sociais que são identificadas em termos de
relações nos mercados de trabalho e unidades de produção, para aqueles que
seguem a segunda, mobilidade se refere ao movimento de indivíduos entre
grupos sociais ou agregados que são ranqueados de acordo com critérios tais
como prestígio de seus membros, status, recursos econômicos, etc.” (Erikson
e Goldthorpe, 1993:31)
Em suma, a definição de mobilidade é complexa e está vinculada à opção por utilizar um
esquema de categorias que considere o aspecto relacional entre classes ou uma escala
hierárquica de estratos. Nesse sentido, é importante frisar que a definição por uma
classificação ocupacional implica em decisões baseadas em considerações teóricas que podem
estar, em alguma medida, apoiadas em análises empíricas. É a opção teórica que determinará,
em última instância, a metodologia a ser aplicada.
O contexto hierárquico baseia-se na aplicação de modelos de regressão linear, uma vez que os
dados são ordenados em categorias hierarquicamente distribuídas e, portanto, podem receber
tratamento apropriado ao nível de medição intervalar. Este tipo de metodologia tem sido
amplamente utilizada nos estudos sobre aquisição de status socioeconômico. A ênfase recai no
impacto causal da origem sobre o destino dos indivíduos, e o exemplo clássico dessa
abordagem é o trabalho de Blau e Duncan em 1967.
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Nesta opção conceitual o centro da análise está na relação linear entre a posição do pai e a
posição do filho, medidas em uma escala de prestígio ocupacional e visa, principalmente,
determinar os elementos causais da aquisição de status. Na base destes estudos está a
concepção de uma sociedade em que a competição por posições na estrutura social depende
dos atributos e qualidades individuais.
Já o contexto de estrutura de classes busca conhecer os contornos e desenhos da estrutura
social, cenário da mobilidade, através dos padrões de associação entre seus diferentes estratos.
Dessa forma, tem como meta apreender o grau de fluidez ou rigidez da sociedade estudada
expressos nas oportunidades oferecidas a indivíduos de diferentes origens. Nesse sentido, o
objetivo principal deste tipo de análise é mapear as distâncias e contornos que caracterizam a
estrutura de classes de cada sociedade. Aqui a mobilidade é entendida como fluxo entre
posições e não como resultado de aquisição individual. São os modelos log-lineares que
melhor se adequam a este tipo de análise.
Na base desta perspectiva está a desconfiança de que o grau de mobilidade provocado pelas
transformações estruturais ocorridas nas sociedades industriais nas últimas décadas não alterou
a estabilidade da associação entre origem e destino, no sentido de tornar a estrutura social
mais fluída e de diminuir a desigualdade. Ao contrário, a expansão industrial e as reformas
educacionais não criaram uma sociedade meritocrática, sobrevivendo as desigualdades de
oportunidades e a transmissão de posições sociais.
As diferenças teórico-conceituais se traduzem em diferença metodológicas, como ressaltou
Hout:
“Essas diferenças são refletidas nas metodologias típicas das duas escolas.
Modelos log-lineares para dados tabulados são apropriados para o
escrutínio de célula por célula na análise de tabelas de mobilidade,
enquanto o modelo linear geral é mais apropriado para a perspectiva
multivariada da pesquisa de aquisição”. Hout (1983:51)
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Os estudos de mobilidade experimentaram um grande avanço metodológico nas últimas
décadas, substituindo a análise de tabelas de mobilidade baseadas em taxas e porcentagens por
técnicas estatísticas mais precisas e robustas que foram viabilizadas em grande parte pela
introdução da regressão logística e dos modelos log-lineares. Mas as preocupações técnicas
presentes hoje datam dos primeiros estudos nesta área.
Há alguns anos, os pesquisadores perceberam que para conhecer os processos de mobilidade
intrínsecos ao mercado de trabalho seria necessário isolar os efeitos das diferenças entre as
distribuições marginais da tabela de mobilidade, ou seja, da mobilidade estrutural. Isto porque
as distribuições de origem e destino não podem ser indênticas e, portanto, é matematicamente
impossível que todos os casos caiam na diagonal principal (situação de imobilidade). Assim,
parte da mobilidade observada deve-se unicamente a este fato, ou seja, às diferenças nas
distribuições ocupacionais de origem e destino. Portanto, nada mais simples que o cálculo da
mobilidade estrutural que consiste na subtração entre o valor marginal do estrato de origem e o
do estrato de destino; mas somente nos casos em que esta operação tenha resultado positivo,
isto é, para os estratos em que o número de postos de origem ultrapasse o de destino.
A mobilidade estrutural inclui a movimentação entre estratos de origem e destino que se dá
através de mudanças estruturais, macrosociais, que abrem, ou fecham, novos postos na
estrutura de ocupações. Como exemplo podemos citar os processos de urbanização e
industrialização que ocorreram no Brasil desde a década de cinquenta e viabilizaram o alto
índice de mobilidade estrutural1. Processos dessa natureza tem a capacidade de gerar novas
vagas que necessitam ser preenchidas rapidamente.
Nesse sentido, é imprescindível separar a mobilidade estrutural daquela que ocorre
independentemente das diferenças nas marginais da tabela ou a chamada mobilidade de
circulação ou mobilidade por troca. Neste tipo de mobilidade para que um indivíduo ocupe
uma posição é necessário que outro saia, deixando-a desocupada para ocupar outra posição e
assim por diante.
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Ver Pastore e Cabral, 1983.
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Mas como isolar este efeito? A solução metodológica para este problema era dada pela
formula:
Mobilidade por Troca = Mobilidade Total – MobilidadeEstrutural
Contudo, essa estratégia não era uma solução satisfatória já que só permitia a análise da
mobilidade ao nível supra-individual, ou macrosocial; enquanto, na verdade, a tabela de
mobilidade baseia-se em informações sobre indivíduos.
Em 1949, pesquisa realizada por David Glass sobre mobilidade social na Inglaterra, hoje
considerada um clássico na área, introduziu a técnica conhecida como índice de associação,
aplicada a comparações entre pares de categorias. Esse índice é calculado como a razão entre a
freqüência observada e a freqüência esperada, no caso de independência entre os estratos; ou
seja, é a razão entre a freqüência observada e o produto das freqüências marginais de origem e
destino.
Mas embora esses índices sejam esclarecedores das associações entre estratos de origem e
destino e tenham sido amplamente utilizados nas análises de mobilidade no período do pósguerra, eles são alvo de críticas apontando as limitações analíticas deste procedimento. Tais
críticas baseiam-se no fato do valor destes índices serem influenciados pela magnitude dos
valores marginais da tabela de mobilidade. Isto é, eles são sensíveis ao volume de dados nas
distribuições marginais da tabela e, portanto, refletem as diferenças no tamanho das categorias.
Em suma, são sensíveis aos efeitos da mobilidade estrutural.
Somente com o surgimento dos modelos log-lineares, na década de 60, foi possível isolar
efetivamente os efeitos estruturais nas análises de mobilidade; isto porque, foi neste período
que os métodos estatísticos correspondentes à modelagem de dados categóricos conquistaram
o mesmo grau de sofisticação das técnicas aplicadas a variáveis contínuas, que vinham sendo
utilizadas desde o início do século.
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O desenvolvimento do método para a análise de regressão de variáveis contínuas data de 1880,
e Fisher2 já utilizada amplamente análises de regressão e análises de variância na metade da
década de 20. Porém, a natureza “qualitativa” e discreta dos dados relativos às Ciências
Sociais e Biomédicas requeria o desenvolvimento de instrumental metodológico tão
sofisticado e robusto como aquele aplicado no treatamento de variáveis contínuas. Esse foi o
passo decisivo para que as análises de variáveis categóricas evoluíssem das técnicas bivariadas
para modelos multivariados; o que revolucionou a modelagem das tabelas de mobilidade.
“Não é surpreendente que este progresso tenha sido promovido por
estatísticos que tinham laços com as Ciências Sociais (tais como Leo
Goodman, Shelby Haberman, Fredrick Mosteller e Stephen Fienberg) ou
com as Ciências Biomédicas (tais como Joseph Berkson, Jerome Cornfield
e Gary Koch).” (Agresti, 1990:1)
Assim, somente com os modelos log-lineares foi possível distinguir taxas absoluta de
mobilidade de taxa relativa. A primeira corresponde às taxas totais e as taxas de entrada e
saída (inflow e outflow) que podem ser calculadas diretamente em forma de percentagens da
tabela de mobilidade. A segunda refere-se às razões de chances (odds ratio) que definem o
padrão de associação entre origem e destino dentro da tabela de mobilidade e que constituem o
elemento básico dos modelos log-lineares.
É possível imaginar, então, um conjunto de taxas relativas em forma de razões de chances que,
uma vez aplicadas às distribuições marginais, ser transformam em um conjunto de taxas
absolutas.
Finalmente, os modelos loglineares tornaram possível separar os efeitos das marginais da
tabela em taxas absolutas, correspondentes aos efeitos estruturais, e os efeitos das taxas
relativas, efeitos de fluidez. Este avanço foi fundamental para os estudos de mobilidade
inseridos no contexto conceitual de estrutura de classes.
2
Fisher foi estatístico inglês que desde a década de 20 contribuiu de maneira relevante para o desenvolvimento de
métodos de análise de dados.
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A aplicação dos modelos log-lineares permitiu que se chegasse a conclusões interessantes
sobre a fluidez social. Estudos comparativos entre países mostraram que, apesar de haver uma
variação muito grande nas taxas absolutas de mobilidade das sociedades modernas, tanto no
tempo como entre sociedades distintas, essa variação se devia a transformações estruturais, já
que se verificou uma grande estabilidade na fluidez social ou nas taxas relativas de
mobilidade.
A estrutura de estratos determina os padrões de mobilidade de duas maneiras:
(a) A primeira está relacionada à mobilidade absoluta, quando o tamanho das classes
definem as oportunidades objetivas de mobilidade. Assim, se uma sociedade
experimenta a expansão do setor não manual comparativamente às classes manuais
existe um conseqüente aumentado nas chances de ascensão independentemente da
classe de origem.
(b) A segunda está vinculada à mobilidade relativa, isto é, às chances relativas de
mobilidade que indivíduos de diferentes origens tem na estrutura de classes,
independentemente do formato ou das mudanças na distribuição dos estratos. Dessa
forma, se está reconhecendo que diferentes origens oferecem diferentes graus e formas
de vantagens na estrutura de classes.
Mas é somente através deste segundo tipo de mobilidade, que pode ser interpretada
como mobilidade relativa, ou ainda como mobilidade circular ou por troca, , que é possível
conhecer a fluidez e permeabilidade da estrutura de classes. Como Hutchinson já havia
observado na década de 60, a mobilidade estrutural que se caracteriza pela abertura de novos
postos de emprego “não contribui em quase nada para a fluidez social que poderia encorajar a
circulação da população para posições de acordo com as capacidades individuais”. Isto porque
a fluidez do sistema de estratificação social só pode ser medida pelo tipo de mobilidade que se
baseia na troca de posições entre indivíduos, isto é, pela mobilidade circular.
“Deve-se notar que a mobilidade desse tipo, que não é afetada pelas
modificações na estrutura de status, requer, para cada pessoa que ascenda a
10
um nível de status mais elevado, que outra desça a um mais baixo. Quanto
mais frequente isto acontecer, mais a sociedade em questão se aproximará da
condição de igualdade de oportunidades para seus membros”(Hutchinson,
1960:10).
Assim, é através das qualidades individuais que a mobilidade relativa se estabelece, e a troca
entre posições é o melhor indicador de fluidez. No caso da mobilidade resultante de fatores
estruturais, as mudanças de posições não ocorrem por causa da flexibilidade da estrutura
social, mas por demandas de mão-de-obra para as novas posições geradas no processo de
transformação da estrutura de emprego.
Uma vez esclarecida esta diferença entre tipos de mobilidade, é importante saber que as razões
de chances, ou taxas relativas de mobilidade, podem ser interpretadas de duas maneiras:
(a) como indicadores do nível de fluidez social
(b) como indicadores do estado de competição entre indivíduos de diferentes classes de
origem. Nesse sentido, é possível observar as chances de indivíduos de uma dada
classe de origem, digamos α, em relação aos indivíduos de outra classe de origem,
digamos β, serem encontrados em uma em lugar da outras, isto é, o indivíduo com
origem em α ser encontrado em β e, por sua vez, o indivíduo com origem em β ser
encontrado em α. Em um exemplo mais concreto, podemos obter o estado de
competição entre indivíduos com origem no estrato não manual e indiv;iduos com
origem no estrato manual quando buscam ocupar posições no estrato não manual em
lugar do estrato manual. Na realidade, o que se está observando é a oportunidade de
indivíduos de diferentes origens “trocarem” de lugar. Neste caso, quanto mais próximo
o valor da razão de chance (odds ratio) de um mais justa ou equilibrada é a
competição, isto é, menos o destino do indivíduo depende de sua origem.
Estudos realizados na Europa e EUA registraram uma extrema estabilidade na mobilidade
relativa, ou melhor, no grau de fluidez social. Dessa forma, se verificou que os investimentos
em educação não se traduziram em maior permeabilidade na estrutura de classes. Algumas
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explicações para este fenômeno remetem aos diferenciais de capital social, em especial das
redes sociais e aos diferenciais nas próprias expectativas dos indivíduos que se distanciam
segundo suas classes de origens; e essas diferenças se expressam em um cálculo das
possibilidades de competição.
Em suma, é possível concluir que, em grande medida, a mobilidade observada resulta de
fatores exógenos ao processo de estratificação por classes, quer dizer, de fatores que definem o
desenho da estrutura ocupacional no sentido do crescimento ou declínio dos diferentes
estratos. Entre estes pode-se incluir os fatores demográficos, econômicos, políticos, etc.
Portanto, não se referem aos fatores endógenos, isto é, às possibilidades dos indivíduos
mudarem suas posições na estrutura de classes. Como as variações nas taxas absolutas não são
sistemáticas, as explicações para elas podem ser encontradas somente nos contexto históricos
específicos e não em termos de uma teoria geral. Já os fatores endógenos são mais estáveis e
invariáveis tanto no tempo como entre nações.(Goldthorpe, 2000)
É importante que estudos de mobilidade sejam realizados no sentido de inserir o Brasil neste
debate internacional e buscar responder às questões relativas ao grau de fluidez social, às
mudanças ao longo do tempo na estrutura de classes, à competição entre indivíduos de
diferentes origens e à diferenciação de oportunidades entre grupos sociais, especialmente de
gênero e raça.
Para tanto, é imprescindível que seja feita uma discussão mais aprofundada sobre as técnicas
de análise de dados e seus vínculos com diferentes perspectivas teóricas, além de um debate
em torno do esquema de classificação para os estratos ocupacionais. Deve-se pensar ainda que
a formação de sociólogos com conhecimentos de metodologia quantitativa é vital para o
desenvolvimento da área de mobilidade social no Brasil.
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Referências Bibliográficas:
AGRESTI, A. (1990) – Categorical Data Analysis. New York: J.Wiley.
BLAU, P. e DUNCAN, O.D. (1967) – The american occupational structure. New York:
J.Wiley.
ERIKSON, R. e GOLDTHORPE, J.H. (1993) – The constant flux: a study of class mobility in
industrial societies. Oxford: Oxford University Press.
GLASS, D. V. (1954) – Social Mobility in Britain. London: Routledge.
GOLDTHORPE, J.H. (2000) - On Sociology: Numbers, Narratives and the Integration of
Research and Theory. Oxford: Oxford University Press.
HOUT, M. (1988) - Mobility Tables. California: Sage Publications.
HUTCHINSON, B. (1960) – Mobilidade e Trabalho. Brasil: Centro Brasileiro de Pesquisas
Educacionais.
PAYNE, G e ABBOT, P (1990) – The social mobility of women: beyond male mobility
models. London: The Falmer Press.
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