DISLEXIA Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e

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DISLEXIA
Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e de
aprender; reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes
arguta e até genial, mas que aprende de maneira diferente
(LUCZYNSKI, 2010).
Lima (2002) coloca que é função da escola ampliar a experiência
humana, portanto a escola não pode ser limitada ao que é significativo
para o aluno, mas criar situações de ensino que ampliem a experiência,
aumentando os campos de significação. Do ponto de vista do
desenvolvimento e da construção de significados, só pode ser
significativo para a pessoa aquilo do qual ela possui um mínimo de
experiências e de informação.
Fonseca (1995) retrata muito bem isso quando diz que uma coisa
é a criança que não quer aprender a ler, outra é a criança que não pode
aprender a ler com os métodos pedagógicos tradicionais. Não podemos
assumir atitudes reducionistas que afirmam que a dislexia não existe. De
fato, a dislexia é muito mais do que uma dificuldade na leitura. A dislexia
normalmente
não
aparece
isolada,
ela
surge
integrada
numa
constelação de problemas que justificam uma deficiente manipulação do
comportamento simbólico que trata de uma aquisição exclusivamente
humana.
Para Ianhez (2002) estes são sinais importantes de dislexia na
idade escolar: Lentidão na aprendizagem dos mecanismos da leitura e
escrita; Trocas ortográficas ocorrem, mas dependem do tipo de dislexia;
Problema para reconhecer rimas e alterações (fonemas repetidos em
uma frase); Desatenção e dispersão; Desempenho escolar abaixo da
média, em matérias específicas, que dependem da linguagem escrita;
Melhores resultados, nas avaliações orais, do que nas escritas;
Dificuldade de coordenação motora fina (para escrever, desenhar e
pintar) e grossa (é descoordenada); Dificuldade de copiar as lições do
quadro, ou de um livro; Problema de lateralidade (confusão entre
esquerda e direita, ginástica); Dificuldade de expressão: vocabulário
pobre, frases curtas, estrutura simples, sentenças vagas; Dificuldade em
manusear mapas e dicionários; Esquecimento de palavras; Problema de
conduta: retração, timidez, excessiva e depressão; Desinteresse ou
negação da necessidade de ler; Leitura demorada, silabadas e com
erros. Esquecimento de tudo o que lê; Salta linhas durante a leitura,
acompanha a linha de leitura com o dedo; Dificuldade em matemática,
desenho geométrico e em decorar sequências; Desnível entre o que
ouve e o que lê. Aproveita o que ouve, mas não o que lê; Demora
demasiado tempo na realização dos trabalhos de casa; Não gosta de ir
a escola; Apresenta “picos de aprendizagem”, nuns dias parece
assimilar e compreender os conteúdos e noutro, parece ter esquecido o
que tinha aprendido anteriormente; Pode evidenciar capacidade acima
da média em áreas como: desenho, pintura, música, teatro, esporte.
Os sintomas mencionados são os mais comuns, por isso a família
e a professora devem ficar atentos em relação a esses comportamentos
principalmente se vierem juntos.
A primeira tarefa do professor é resgatar a autoconfiança do aluno.
Descobrir suas habilidades para que possa acreditar em si mesmo ao se
destacar em outras áreas. O papel do professor é dirigir um olhar flexível
para cada aluno que tenha dificuldade, é compreender a natureza
dessas dificuldades, buscar um diagnóstico especializado, uma
orientação para melhorar o dia-a-dia da criança, e se instrumentalizar,
pois há muitos professores que lecionam e não sabem o que é dislexia.
O estudo da dislexia, em sala de aula, tem como ponto de partida
a compreensão, das quatro habilidades fundamentais da linguagem
verbal: a leitura, a escrita, a fala e a escuta. Destas, a leitura é a
habilidade linguística mais difícil e complexa, e a mais diretamente
relacionada com a dificuldade específica de acesso ao código escrito
denominada “dislexia” (PINTO, 2003).
Segundo Luria (1985), a primeira etapa da função reguladora da
Iinguagem da criança – função base do comportamento voluntário – é a
capacidade de subordinação à instrução verbal do adulto e, a partir
dessa "subordinação primitiva" forma-se o ato voluntário. Quando a
mãe nomeia um objeto e junta a ele um gesto indicador, está
reorganizando a atenção da criança e separando o objeto mencionado
dos demais, assim a criança começa a se subordinar a ação da
linguagem do adulto.
Oliveira (2011) explica que a causa da dislexia tem sido
relacionada a fatores genéticos, acometendo pacientes que tenham
familiares com problemas fonológicos, mesmo que não apresentem
dislexia.
Para Oliveira (2011) os sinais indicadores de dislexia é a
dificuldade de ler, escrever e soletrar mostra-se por dificuldades
diferentes em cada faixa etária e acadêmica.
 Sinais
indicadores
pronunciação
de
dislexia:
constantemente
aquisição
errada
de
tardia
algumas
da
fala;
sílabas;
crescimento lento do vocabulário; problemas em seguir rotinas;
dificuldade em aprender cores, números e copiar seu próprio
nome; falta de habilidade para tarefas motoras finas (abotoar,
amarrar sapato); não conseguir narrar uma história conhecida em
sequência correta; não memorizar nomes ou símbolos; dificuldade
em pegar uma bola.
Pesquisadores têm enfatizado que a dificuldade de soletração temse evidenciado como um sintoma muito forte da Dislexia.
Existe uma espécie de fantasma que assombra as salas de aula
brasileiras. Ele atende pelo nome de dislexia e é corresponsável pelas
dificuldades de milhões de crianças, sobretudo nas séries iniciais. É
quase consenso que esse distúrbio é o grande obstáculo que impede o
pleno desenvolvimento da leitura e da escrita.
Segundo Teles (2004) o saber ler é uma das aprendizagens mais
importantes, porque é a chave que permite o acesso a todos os outros
saberes. Os estudantes elaboram diferentes hipóteses sobre o
funcionamento do sistema de escrita, como se fossem degraus numa
escada rumo à aprendizagem. Observar a relação do aluno com a
própria escrita é mais importante do que apontar erros e muito mais
efetivo do que rotulá-lo como portador de um distúrbio.
Para compreender porque a criança disléxica não consegue
aprender a ler com a mesma facilidade com que leem seus colegas, é
importante considerar os meios pelos quais a criança normalmente
adquire essa habilidade.
Crianças disléxicas apresentam combinações de sintomas, em
intensidade de níveis que variam entre o sutil ao severo, de modo
absolutamente pessoal. Em algumas delas há um número maior de
sintomas e sinais; em outras, são observadas somente algumas
características. Quando sinais só aparecem enquanto a criança é
pequena, ou se alguns desses sintomas somente se mostram algumas
vezes, isto não significa que possam estar associados à Dislexia.
Inclusive, há crianças que só conquistam uma maturação neurológica
mais lentamente e que, por isto, somente tem um quadro mais
satisfatório de evolução, também em seu processo pessoal de
aprendizado, mais tardiamente do que a média de crianças de sua
idade.
Pinheiro (1994), baseada no modelo proposto por Ellis (1984),
explica que no processamento visual a primeira tarefa do leitor é
identificar as letras que compõe a palavra, o que parece ocorrer no
Sistema de Análise Visual, que transforma a informação recebida em um
código de letra.
Esse código é enviado ao sistema de Reconhecimento Visual, no
qual a unidade de reconhecimento visual correspondente é ativada,
resultando na identificação da palavra. Após a identificação, ocorre a
ativação do significado, arquivado no Sistema Semântico. Forma-se,
então, um código semântico que ativa a unidade de produção da fala,
arquivada no Sistema de Produção Fonêmica. Esse sistema produz um
código fonológico para a pronúncia da palavra que será enviada à
memória fonêmica.
Frith (1985 apud Pinheiro, 1994), considera a leitura/escrita uma
habilidade cognitiva que se desenvolve por meio de um processo
interativo que ocorre em três fases distintas: a primeira é a fase
logográfica, em que as palavras frequentes são tratadas como um todo
e não são analisadas em suas partes constituintes, ou seja, não se leva
em conta a ordem das letras na palavra. A segunda fase é a alfabética,
que requer consciência fonológica, isto é, a consciência dos sons que
compõe a fala para que ocorra a correspondência grafema/fonema. A
terceira fase é a ortográfica, uma fase analítica que não envolve acesso
visual nem conversão fonológica.
Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes de um
diagnóstico multidisciplinar, só indicam um distúrbio de aprendizagem,
não confirmam a dislexia. Os sintomas podem ser percebidos em casa
mesmo antes da criança chegar na escola. Uma vez identificado o
problema de rendimento escolar, deve-se procurar ajuda especializada.
Conforme Oliveira (2011) a equipe multidisciplinar, incluindo
Psicólogo, Fonoaudiólogo e Psicopedagogo Clínico inicia investigação
detalhada e verifica a necessidade do parecer de outros profissionais,
como Neurologista, Oftalmologista e outros, conforme o caso. É muito
importante o parecer da escola, dos pais, o levantamento do histórico
familiar e a evolução do paciente.
Outros fatores deverão ser descartados, como déficit intelectual,
disfunções ou deficiências auditivas e visuais, lesões cerebrais
(congênitas e adquiridas), desordens afetivas anteriores ao processo de
fracasso escolar (com constantes fracassos escolares o disléxico irá
apresentar prejuízos emocionais, mas estes são consequências, não
causa da dislexia).
A equipe multidisciplinar deve verificar todas as possibilidades
antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. Essa
avaliação é importante tanto na identificação das causas das
dificuldades apresentadas, quanto permite orientar o encaminhamento
adequado para o caso individualizado.
Não
existe
teste
único,
patognomônico
(sinais/sintomas
constantes, caraterísticos da doença) de dislexia. O diagnóstico deve
ser realizado por profissional (ais) treinado (s), empregando-se uma
série de testes e observações, em geral, trabalhando em equipe
multidisciplinar, que analisará o conjunto de manifestações de
dificuldade. Testes auditivos e de visão podem ser os primeiros a serem
solicitados.
Conforme Oliveira (2011) uma vez diagnosticada a dislexia,
segundo as particularidades de cada caso, o encaminhamento orientado
permite abordagem mais eficaz e mais proveitosa, pois o profissional
que assumir o caso não precisará de um tempo para identificação do
problema, bem como terá ainda acesso a pareceres importantes.
Tendo conhecimento das causas das dificuldades, do potencial e a
individualidade do paciente, o profissional pode utilizar a linha
terapêutica que achar mais conveniente para o caso particular. Os
resultados devem surgir de forma progressiva.
Em oposição à opinião de muitos se pode afirmar que o disléxico
sempre contorna suas dificuldades e acha seu caminho. O disléxico
também tem sua própria lógica e responde bem a situações que estejam
associadas a vivências concretas.
A harmonia entre o profissional coordenador e o paciente e sua
família podem ser decisivos nos resultados. O mecanismo de
programação por etapas, somente passando para a seguinte quando a
anterior foi devidamente absorvida, retornando às etapas anteriores
sempre que necessário, deve ser bem entendido pelo paciente e
familiares.
Conforme Oliveira (2011) os serviços de educação especial podem
incluir auxílio de especialistas, tutorias individuais, aulas especiais
diárias. Cada indivíduo tem necessidades diferentes, por isso o plano de
tratamento deve ser individualizado. Da mesma forma, é importante o
apoio psicológico positivo, já que muitos estudantes com dificuldade de
aprendizado têm autoestima baixa.
Conforme Oliveira (2011) os transtornos de aprendizagem tendem
a incidir em famílias e a dislexia é um deles. As famílias afetadas devem
fazer o máximo esforço para reconhecer precocemente a existência do
problema.
Quando incide em famílias sem antecedentes, o diagnóstico pode
ser feito na pré-escola, se os professores detectarem os primeiros
sinais. A terapia precoce proporciona os melhores resultados.
Algumas famílias não oferecem a oportunidade de entrar em
contato com o símbolo escrito, dificultando assim que a criança tenha
problemas para aprender a escrever. Esse contato é importante, mas
não decisivo. A aprendizagem se realiza a partir do momento que haja a
interação com pessoas capazes de ajudar a criança a atribuir significado
ao símbolo escrito, compreendendo o seu valor social.
Se a ajuda de um educador não fosse benéfica, bastaria a criança
ter contato com materiais gráficos produzidos em forma de embalagens,
out-doors, placas de ruas, letreiros de ônibus, propagandas na TV, entre
outros, para promover a aprendizagem da escrita na criança.
A criança necessita de oportunidades para adquirir novos
conceitos e palavras da dinâmica das interações verbais, mediadas pelo
professor, e este participa ativamente do processo de elaboração
conceitual da criança. o professor também utiliza novos conceitos,
define-os em diferentes contextos de uso, propõe atividades em que
devem ser empregados. Destaca, recorta informações e significados em
circulação na sala de aula, direcionando a atenção da criança para eles;
induz à comparação entre informações e significados; possibilita a
expressão das elaborações da palavra, organizando verbalmente seu
pensamento; problematiza as elaborações iniciais da criança, levando-a
a retomá-las a refletir sobre possibilidades não consideradas, a refletir
sobre seus próprios modos de pensar.
E para as crianças com dislexia, é muito importante o papel do
professor, juntamente com a família, no que diz respeito ao diagnóstico
e acompanhamento de crianças que apresentam problemas de
aprendizagem específicos de leitura e escrita.
Para identificar o problema e ajudar na reeducação da criança, o
professor deve conhecer as dificuldades que ela enfrenta, evitando
rótulos e distinguindo seus comportamentos como oriundos de vários
aspectos, entre eles o emocional, o afetivo e o cognitivo.
O papel da escola, tanto para as crianças com dislexia como não,
é estar atenta à construção do processo de aquisição da escrita, a fim
de que não se crie expectativas infundadas, exigindo da criança aquilo
que ela não pode dar, apenas provocando sentimentos de incapacidade
e baixa estima, que conduzirão ao fracasso.
Para as crianças com dislexia, que é a dificuldade que aparece
na leitura, impedindo o aluno de ser fluente, pois faz trocas ou
omissões de letras, inverte sílabas, apresenta leitura lenta, dá pulos de
linhas ao ler um texto, entre outros, é preciso que o papel do professor
se restrinja em observar o aluno e auxiliar o seu processo de
aprendizagem, tornando as aulas mais motivadas e dinâmicas, não
rotulando o aluno, mas dando-lhe a oportunidade de descobrir suas
potencialidades.
Os desafios são necessários, mas é preciso lembrar que esses,
precisam ser dosados, de acordo com a evolução e a produção de cada
aluno, sem perder de vista que a construção do conhecimento implica
em conflitos, acomodação e equilíbrio.
REFERENCIAS
FONSECA, V. da. Introdução às dificuldades de aprendizagem. 2ª
ed, Porto Alegre: Artes Médicas, 1995
IANHEZ, M. E. Nem sempre é o que parece: como enfrentar a dislexia
e os fracassos escolares. São Paulo: Elsevier, 2002.
LIMA, E. S. Quando a criança não aprende a ler e a escrever. São
Paulo: Editora Sobradinho, 2002.
LUCZYNSKI, Z. B. Dislexia: você sabe o que é? Curitiba: 2010.
LURIA AR. YUDOVICH FI. Linguagem e desenvolvimento intelectual
na criança. Porto Alegre; Artes Médicas, 1985.
OLIVEIRA,
EA.
Dislexia.
(2011)
<http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?657
07/09/2015
Disponível
> acesso
em
em
PINHEIRO, AMV. Leitura e Escrita: uma abordagem cognitiva.
Campinas: Psy II, 1994
PINTO, MAL. (org) Psicopedagogia diversas faces, múltiplos
olhares. São Paulo: Olho d Água, 2003
TELES, P. Dislexia: como identificar? Como intervir. Pesquisa: Revista
Portuguesa
de
Clínica
Geral,
2004.
Disponívelem:<http://scholar.google.com.br/scholar?q=related:3J8netwO
dB0J:scholar.google.com/&hl=pt-BR&as_sdt=0,5>
Acesso
em
07/09/2015.
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