A FILOSOFIA LEAN CONSTRUCTION, SUAS FERRAMENTAS E APLICABILIDADE dezembro/2015 A FILOSOFIA LEAN CONSTRUCTION, SUAS FERRAMENTAS E APLICABILIDADE Raíssa Carolina Abraão Ribeiro – [email protected] MBA Gerenciamento de Obras, Tecnologia & Qualidade da Construção Instituto de Pós-Graduação – IPOG Goiânia, Goiás, 19 de Junho de 2015 Resumo A indústria da construção civil movimenta diversos setores correlatos, acarretando aumento de emprego e desenvolvimento entre estas áreas. Por esse motivo é necessário a procura pela melhoria contínua em seus processos. Com o intuito de elevar essa necessidade, surge a filosofia Lean Construction que traz consigo metodologia com foco em melhoramentos e racionalização. O objetivo deste trabalho é apresentar algumas das diversas ferramentas deste método e divulgar seus conceitos. Foi utilizado como estudo de caso o canteiro de obras um empreendimento a ser construído, composto por 40 unidades habitacionais de determinada construtora de alto padrão de Goiânia, com certificação da ISO 9001. A análise dos dados obtidos foi realizada através dos conceitos expostos e referenciais teóricos utilizados. Conclui-se portanto que embora sejam acessíveis, os conceitos Lean precisam ser mais difundidos e utilizados nas empresas deste ramo de atividade. Palavras-chave: Lean.Construção Civil.Melhoria.Racionalização.Métodos 1. INTRODUÇÃO O mercado da construção civil está tão presente em nosso dia a dia que muitas vezes não o percebemos. Este mercado se tornou no decorrer dos anos, um indicador da economia do país, muitas vezes sendo seu aquecimento ou não pontos para tomada de partida e decisões de grandes organizações. É com base neste contexto socioeconômico que surge a necessidade de melhorar os processos beneficiando colaboradores e presidentes destas organizações e a sociedade, que receberá um produto de qualidade. O objetivo deste trabalho é demonstrar uma filosofia difundida no Japão, em meados dos anos 70 e 80, que muito influencia nos processos dentro da indústria da construção civil. Ao longo do trabalho será feita exposição de sua origem, conceitos e ferramentas, com o propósito de despertar interesse no conhecimento desta filosofia. O estudo de caso deste trabalho se deu em uma empresa de Goiânia, que ainda não aborda essa filosofia em seus procedimentos, trata-se de uma construtora em expansão e que utilizando o Lean nesta fase, obterá maior padronização em seus processos e melhoramento contínuo. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015 A FILOSOFIA LEAN CONSTRUCTION, SUAS FERRAMENTAS E APLICABILIDADE dezembro/2015 2. ORIGENS DO PENSAMENTO LEAN Faz parte da essência de todos os tipos de empreendimentos, a resolução de problemas cotidianos que envolvam a produção de insumos ou serviços que gerem por consequência, a monetização daquilo ora vendido. Assim, qualquer empresa depende da ação de produzir para obter algum tipo de valor, seja essa produção de serviços ou materiais. No fim do século XVIII e início do século XIX, as organizações sentiram a necessidade de melhorar a maneira de se controlar os gastos, a produtividade, o trabalhador e o retorno financeiro. Diante disso, com o passar do tempo, surgiram diversos tipos de modelos e sistemas de produção. Embora os modelos de produção sejam específicos de cada empresa, quando passam a ser adotados por organizações de diferentes setores, transformando a maneira de produzir e controlar, podem evoluir para paradigmas de produção. Dessa forma, paradigmas de produção consistem num conjunto coerente de princípios e práticas que orientam as diversas atividades das organizações. Durante o século XX, três paradigmas de produção se destacaram. O primeiro, conhecido como produção artesanal, foi desenvolvido ainda no século XIX, caracterizava-se pela fabricação de vários produtos, através de profissionais autônomos e qualificados que buscavam satisfazer a procura, que vinha das classes sociais mais altas. O segundo modelo, conhecido como produção em massa, caracterizava-se pela produção em larga escala de produtos padronizados, que visavam satisfazer a procura de um amplo mercado de consumidores. Este último foi por praticamente todo o século XX dominante pois, além da eficiência para a época, o mercado consumidor era abundante e poucas empresas conseguiam manter esse ritmo de produção, as empresas poderiam produzir à vontade pois além de antecipar as vendas criavam estoques que mais cedo ou mais tarde seriam comercializados. Nos anos 70 este cenário começou a mudar. A economia mundial teve uma queda em seu crescimento provocada pela crise do petróleo em 1973 o que proporcionou maior concorrência entre as empresas de mercados afins. Com o aumento dessa competição, os consumidores começaram a ter mais acesso às informações e consequentemente tornaram-se mais exigentes, procurando produtos variados e com qualidade superior. O aumento da oferta de produtos trouxe consigo a diminuição da vida útil destes e consequentemente os consumidores começaram a procurar menores preços, rapidez na entrega e com melhor qualidade. Diante dessa alteração, a produção em massa começou a apresentar falhas. Para obter maior variedade em seus artigos, as empresas precisavam produzir uma grande e variada quantidade de produtos, formando assim enormes estoques. Com a alteração das necessidades dos consumidores, esses estoques se tornavam obsoletos e só conseguiam ser vendidos diante de grandes promoções. Perante essa situação, o custo para se produzir aumentou, confirmando os altos índices de desperdícios, (Henderson e Larco, 1999). Foi na tentativa de inverter a situação vivida pelo mercado na época, porém sem perder o foco na produção em massa, que nos anos 80 surgiu um novo modelo de produção o Lean Production. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015 A FILOSOFIA LEAN CONSTRUCTION, SUAS FERRAMENTAS E APLICABILIDADE dezembro/2015 2.1 Conceitos do Lean Production O Lean Production, segundo Jonh Krafick do IMVP (International Motor Vehicle Program – Programa Internacional de Veículos Automotores) reflete a filosofia do Toyota Production System (TPS), que definiu como base fundamental de seu sistema a eliminação absoluta de qualquer tipo de desperdício, assim os dois pilares fundamentais deste sistema são Just-in-time (JIT) e Jidoka. O pilar Just-in-time, traduzido como “na hora certa”, refere-se a um sistema de produção que “produza de acordo com a demanda”, ou seja, um sistema produtivo integrado, com foco no fluxo de produção e produção em pequenos lotes, consequentemente obtendo estoques reduzidos. O resultado disso é um sistema em que não existe ociosidade, de mão de obra, equipamentos e insumos. O pilar Jidoka, que significa “autonomação” (automação com um toque humano), traz consigo o conceito de qualidade total, fornecendo a máquinas/mão de obra, a autonomia de detectar o problema, interromper o trabalho e sinalizar. Isso faz com que um único operário controle várias máquinas sem correr o risco de produzir grandes quantidades de peças defeituosas. Diante disso, observa-se que o TPS visa a utilização de menores quantidades em tudo durante a produção, desde espaço físico até menos defeitos passando por metade de horas trabalhadas, metade de investimento, de tempo para se planejar, menores estoques e etc. Ou seja, pretende melhorar a eficiência produtiva de modo a produzir mais em variedade, quantidade e velocidade, com menores custos, tornando-se capaz de competir em um mercado caraterizado pela variedade e produção. O Just-in-time e Jidoka, podem ser desmembrados em alguns princípios: Qualidade Total Imediata – ação preventiva dos defeitos ao invés da corretiva, atuar na causa raiz; Processos “Pull” – produção “puxada”, os objetos são produzidos conforme necessidade do cliente final e não empurrados; Flexibilidade e Organização – através de equipes com mão de obra polivalente, ou seja, um trabalhador pode auxiliar o outro em caso de disponibilidade de tempo ou necessidade; Melhoria Contínua – envolvimento efetivo na atuação de solução de causas de problemas objetivando a maximização do valor agregado ao produto final, assim há redução de custos, melhoria da qualidade, aumento da produtividade e compartilhamento de informações. Parceria – relacionamento intenso desde o primeiro fornecedor até o cliente final. Após o advento do Lean Production, cria-se um termo mais amplo, que abre possibilidade a qualquer empresa, de qualquer porte e qualquer área de atuação, aplicar os conceitos Lean, esse termo é o Lean Thinking. Este termo traz como mensagem principal, pensar de forma enxuta, dessa maneira, o ponto principal da filosofia se torna zero desperdício, com foco no cliente. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015 A FILOSOFIA LEAN CONSTRUCTION, SUAS FERRAMENTAS E APLICABILIDADE dezembro/2015 2.2 O Lean Thinking Womack e Jones (1998), estabelecem um conjunto de cinco princípios orientadores do Lean Thinking: 1. 2. 3. 4. 5. Especificar valor de cada produto; Identificar Cadeia de Valor para cada produto; Fazer fluxo de valor acontecer sem interrupções; Deixar o cliente puxar o valor do produto; Perseguir a perfeição (produto à medida, tempo de entrega zero, nada em estoque). A abertura dos conceitos do Lean Thinking para as demais indústrias, surpreende o setor da construção civil através de uma adaptação ocorrida nos anos de 1990, com marco fundamental a publicação do trabalho Application of the new production philosofy in the construction industry – Koskela (1992) e em seguida criado o IGLC (International Group for Lean Construction). 3. PENSAMENTO LEAN NA CONSTRUÇÃO – LEAN CONSTRUCTION A necessidade de construir advém da origem do homem, por essa razão, a indústria da construção civil é, se comparada a outros processos produtivos, a mais antiga. Por esse motivo e por utilizar basicamente mão de obra, não podendo na maioria das vezes substitui-las por máquinas, é geralmente vista como um processo tradicional, sem grandes tecnologias e avanços. A cadeia de valor envolvida neste setor é muito extensa, gerando efeitos multiplicadores à sociedade. O impacto da construção é fortemente vista nas indústrias correlatas diretas como empresas de materiais (aço, cimento, tijolos e etc), equipamentos (maquinários e ferramentas diversas) e serviços (transporte, consultoria e mão de obra), e nas correlatas indiretas tais como mobiliários, eletrodomésticos, seguros, manutenções, assim a atividade de construir possui forte impacto na geração de empregos. Além disso, a especificidade da indústria da construção é singular quando na sua caracterização, já que o local onde o produto será criado já está definido pelo consumidor/empresa, o que modifica o modelo de abordagem do produto, uma vez que obriga o deslocamento da mão de obra, equipamentos, sistemas de transporte (horizontais e verticais), gestão do local da mesma, dentre outros. Lauri Koskela (1992), definiu três características diferenciadoras da construção em relação às restantes indústrias: Natureza específica de cada projeto – produto singular; Produção em locais distintos, em função do produto; Multi-organização e diversas especialidades, de caráter temporário. Tais circunstancias fazem alusão a existência de muitas vertentes na indústria da construção, já que cada projeto possui características de protótipo exclusivos que permitem a criação de produtos muito peculiares. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015 A FILOSOFIA LEAN CONSTRUCTION, SUAS FERRAMENTAS E APLICABILIDADE dezembro/2015 Outro aspecto atual da construção civil, é a constante evolução de materiais e tecnologias, já que apesar da construção ser predominantemente a aplicação de mão de obra, processo quase artesanal, as empresas fornecedoras são regidas por sistemas de produção muito mais desenvolvidos, automatizados e com tecnologia mais relevante. Utilizando deste ponto de vista, chegamos à seguinte conclusão, fornecedores com sistemas padronizados de produção, fornecem materiais para utilização em ambientes de produção quase que artesanais. Perante essa situação, observamos que a probabilidade de defeitos dentro da aplicação de materiais na construção civil, é maior do que a durante o desenvolvimento destes materiais. Na tentativa de diminuir os impactos que existem quando se aplica um produto industrializado em um projeto praticamente artesanal como o desperdício, é que se tem utilizado novas tecnologias, do tipo maquinários mais específicos, insumos pré moldados e etc. O desperdício, em sua magnitude do processo, está intrínseco nas execuções de etapas de todo o processo de construir. Os desperdícios podem ser caracterizados da seguinte forma: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Desperdícios por produtos defeituosos, Desperdícios por superprodução; Desperdícios por transporte; Desperdícios por movimentos improdutivos; Desperdícios por processo; Desperdícios por tempo de espera; Desperdícios por excesso de estoque; Desperdícios por ociosidade. Abaixo está listado a relação entre os tipos de desperdícios e as atividades que são executadas dentro de um canteiro de obra. Desperdício por produtos defeituosos, ocorre, por exemplo, quando algum material que não possui qualidade suficiente para uso, é recebido sem a mínima verificação necessária. Desperdício por superprodução, quando existe um excesso de produção, por exemplo, fabricação in loco de uma quantidade de concreto maior que o necessário; Desperdício por transporte, no ato de transportar algum insumo, como areia por exemplo, ou quando se tem um transporte desnecessário, ou seja, não foi planejado uma rota no canteiro, afim de se ter acesso mais rápido a determinado insumo; Desperdício por movimentos improdutivos, são aqueles resultantes de alguma ação que não gerou valor algum à aquela determina atividade; Desperdícios por processos, quando se tem processos longos, que poderiam ter seu fluxo de execução mais direto sem alterar a qualidade do produto final; Desperdícios por tempo de espera, ocorre quando os recursos, sejam eles humanos ou de equipamentos, são obrigados a esperar desnecessariamente, em virtude de atrasos na chegada de materiais, recursos ou informações. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015 A FILOSOFIA LEAN CONSTRUCTION, SUAS FERRAMENTAS E APLICABILIDADE dezembro/2015 Desperdícios por excesso de estoque, este tipo de desperdício pode ocorrer devido à compra e armazenamento excedente de insumos, materiais ou outros recursos. Desperdícios por ociosidade, quando o trabalhador deixa de prestar seus serviços, por faltas justificadas ou não, além disso conta para este tipo de desperdício, o tempo que o colaborador fica sem executar suas atividades para “fumar aquele cigarro”, bater papo com o colega ou até mesmo cochilar fora do horário apropriado. Com base nesses conceitos de desperdícios, vêm-se criando soluções dentro dos canteiros afim de reduzir os desperdícios e consequentemente os custos gerados por eles. Essas soluções, vistas como boas práticas são adotados, muitas vezes de forma empírica, apenas para nível de testes e depois divulgadas 3.1 Ferramentas do Lean As ferramentas do conceito Lean, são variadas, mais variadas ainda são suas formas de utilização. A cada empresa que implementa este conceito em sua gestão, seja no canteiro de obras executando os serviços que geram o produto final, seja no ato de planejar o projeto como um todo, um novo conceito Lean vai surgindo. Assim as diversas ferramentas do Lean são “melhoradas” conforme a necessidade de cada um. Mas em contrapartida, algumas ferramentas se tornam padrão a todas as empresas que utilizam este conceito, como por exemplo o método Kanban, Andon, o PCP , (Planejamento e controle de Produção), Engenharia Simultânea e Técnica Delphi, operadores polivalentes, Comakership, Informação e comunicação compartilhada e Poka Yokes. 3.1.1 O Método Kanban Kanban, é uma palavra de origem japonesa que pode ser traduzida como cartão visual, é um sistema de gestão visual, que sinaliza a produção puxada, trabalhando apenas com um estoque de segurança, assim os cartões utilizados, representam a necessidade de insumos para produzir determinado item. Geralmente as cores utilizadas neste método são o vermelho, verde e amarelo, que variam seu emprego conforme o foco para utilização. 3.1.2 O Método Andon Andon, é uma palavra de origem também japonesa, que significa “lâmpada”, este conceito trabalha normalmente com um painel com lâmpadas de LED (Light-Emitting Diode), geralmente nas cores verde, amarelo e vermelho, sendo que a cor verde é acionada assim que se inicia determinado serviço, por exemplo uma alvenaria, o amarelo é acionado quando se prevê uma determinada parada na atividade, por algum motivo, por exemplo, previsão de falta de insumos, e o vermelho é acionado quando existe uma parada completa na produção. É de extrema importância que este painel fique visível aos devidos responsáveis, assim quando houver algum chamado, o responsável atenda de forma rápida minimizando o tempo de interrupção de determinada atividade. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015 A FILOSOFIA LEAN CONSTRUCTION, SUAS FERRAMENTAS E APLICABILIDADE dezembro/2015 3.1.3 Planejamento e Controle de Produção (PCP) Segundo Howell (1999) na filosofia Lean Construction, o planejamento e controle são duas faces importantes para o projeto como um todo. O planejamento, define os critérios para alavancar o sucesso, pensa em estratégias para atingir a meta, já o controle tem como objetivo garantir que o planejamento seja cumprido, faz uma avaliação do planejado e replaneja o futuro. 3.1.4 Engenharia Simultânea e Técnica Delphi Essas duas técnicas visam a análise de projetos e planejamento antes do início da execução das atividades, assim as possíveis incompatibilizações e impactos de acontecimentos futuros podem ser detectados e repensados antes do início dos serviços. 3.1.5 Operadores Polivalentes São aqueles colaboradores que possuem uma noção do todo, do processo por completo. Assim um operador pode auxiliar o outro no caso de disponibilidade ou decorrência de algum problema, como atraso por exemplo. Isso faz com que o compromisso com o objetivo final seja maior, reduz a fadiga e o estresse já que existe uma diversificação das atividades exercidas e pelo deslocamento do operador entre as diferentes células de produção, auxilia na disseminação dos conhecimentos; favorece a formação natural de grupos de CCQ (Círculos de Controle de Qualidade); defende uma remuneração mais justa por meio da implantação de um sistema que leve em conta o desempenho e as habilidades do grupo. 3.1.6 Comakership Estratégia que permite a proximidade entre cliente e fornecedor, com o intuito de envolver este último em todo o processo construtivo, estabelecendo uma relação produtiva, objetivando solucionar/eliminar possíveis problemas e facilitar a comunicação entre as partes. 3.1.7 Informação e Comunicação Compartilhada Esssa ferramenta minimiza a incerteza relativa a processos de tomada de decisão, garantindo comunicação e sistemas de informação adequados à empresa. 3.1.8 Poka Yokes ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015 A FILOSOFIA LEAN CONSTRUCTION, SUAS FERRAMENTAS E APLICABILIDADE dezembro/2015 Paka Yokes é uma palavra que também possui origem japonesa, em português significa ferramentas ou dispositivos à prova de erros, tais dispositivos evitam a ocorrência de defeitos durante a execução de determinados serviços, alguns exemplos de poka yokes são os escantilhões, gabaritos para esquadrias e esquadros. 4. ESTUDO DE CASO A utilização das ferramentas de Lean Cronstruction pode ocorrer em qualquer hora do processo construtivo, aqui vamos analisar um projeto de canteiro de determinada construtora. Esse projeto foi elaborado em março de 2015, juntamente com o gerente de obras, pessoa responsável pela parte produtiva dos empreendimentos. Trata-se de um empreendimento 40 unidades de sobrados, com 02 pavimentos cada. Sendo que 01 (uma) unidade já foi construída com a finalidade de servir de stand de vendas, além disso parte da área comum está pronta e com isso é possível utilizar essa área como barracão de obra. Na primeira imagem temos a implantação do empreendimento como um todo e na segunda imagem um foco melhor na área comum e parte já construída. Figura 1 – Implantação do Empreendimento Fonte: Arquivos da Construtora ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015 A FILOSOFIA LEAN CONSTRUCTION, SUAS FERRAMENTAS E APLICABILIDADE dezembro/2015 Figura 2 – Demarcação das áreas construídas e a construir Fonte : Arquivos da Construtora Observa-se que parte da área comum já está construída, assim estes espaços podem ser utilizados com finalidade de almoxarifado, escritórios e afins, conforme foi pensado no projeto de canteiro do empreendimento. O plano de ataque do empreendimento não prevê uma obra realizada em fases dessa forma, todas as unidades habitacionais serão construídas de uma só fez, com diferença de apenas alguns dias entre as mesmas. Pensando nisso o canteiro de obra foi arranjado para se ter centros de distribuição de concreto e argamassas em partes distintas. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015 A FILOSOFIA LEAN CONSTRUCTION, SUAS FERRAMENTAS E APLICABILIDADE dezembro/2015 Figura 3 – Parte do canteiro de obras Fonte : Arquivos da Construtora Na figura acima podemos observar a utilização da área já construída para utilização como almoxarifado, refeitório, sala do mestre de obras e encarregado, sala do técnico de segurança do trabalho, local para armazenar lixos recicláveis e banheiros. Este reaproveitamento possibilita reduzir a construção de parte do canteiro, diminuindo assim o custo para este serviço. Outrossim por se tratar de uma estrutura fixa, o ambiente fica mais seguro para os colaboradores que irão utilizá-los. Analisando mais de perto a área destinada a refeitório e mictório/lavatório, observa-se que não existe isolamento entre estas. Figura 4 – Detalhes refeitórios e mictórios/lavatórios Fonte : Arquivos da Construtora ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015 A FILOSOFIA LEAN CONSTRUCTION, SUAS FERRAMENTAS E APLICABILIDADE dezembro/2015 A sugestão para que se resolva este problema é simples, fazer o fechamento da entrada dos mictórios/lavatórios. Figura 5 – Solução proposta para refeitórios e mictórios/lavatórios Fonte : Arquivos da Construtora Quanto ao almoxarifado, está detalhado apenas uma porta de entrada e saída, faltando então um balcão para distribuição de materiais. Este balcão auxilia no controle de acesso de pessoal, pois a porta ficaria fechada e o atendimento ao colaborador e fornecedor seria através dele. Não existe destacado também, uma área específica para armazenamento de cimento e cal, materiais estes que possuem grande saída ao longo da obra e necessitam de um controle rigoroso de estoque e armazenagem. Faz-se necessário o controle de estoque, para que não se mantenha em armazenado material envelhecido, que não poderá ser utilizado. Sabemos que o cimento, cal e argamassa se em contato com o solo e paredes umedece e perde suas propriedades, fazendo que se tornem inutilizáveis. Se por ventura esses materiais forem armazenados dentro do almoxarifado, a logística de retirada fica prejudicada, deixando este ambiente muito exposto ao fluxo de pessoas, o que não é uma boa prática. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015 A FILOSOFIA LEAN CONSTRUCTION, SUAS FERRAMENTAS E APLICABILIDADE dezembro/2015 Figura 6 – Detalhe do almoxarifado Fonte : Arquivos da Construtora A sugestão para resolução do problema deste ambiente, seria deslocar a porta e criar um balcão o que limita o acesso de pessoas. Além disso em frente ao almoxarifado, criar um espaço pequeno, porém suficiente para atender ao armazenamento de cimento, cal e argamassa. Figura 7 – Solução proposta para armazenamento de cimento e cal Fonte : Arquivos da Construtora A localização da sala do mestre de obras/encarregado e técnico de segurança vai contra o fluxo de pessoas que vão ao almoxarifado, o que favorece a privacidade, em contra partida, não existe um espaço proposto à administração e reunião, assim o canteiro ficaria carente de uma área destinada a tomadas de decisão, acompanhamento e armazenamento de documentos importantes como projetos, cronogramas e etc. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015 A FILOSOFIA LEAN CONSTRUCTION, SUAS FERRAMENTAS E APLICABILIDADE dezembro/2015 As figuras 8 e 9 apresentam respectivamente a locação atual e sugestão para sanar este problema. Figura 8 – Sala do mestre/encarregado e técnico de segurança do trabalho Fonte : Arquivos da Construtora Figura 9 – Solução para sala do mestre/encarregado e técnico de segurança do trabalho e administração Fonte : Arquivos da Construtora ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015 A FILOSOFIA LEAN CONSTRUCTION, SUAS FERRAMENTAS E APLICABILIDADE dezembro/2015 Existe uma área para estocagem de materiais recicláveis, porém não é previsto um espaço para acondicionar materiais que precisam de um cuidado especial para o seu descarte, como sacos de cimento, latas de tinta e dentre outros materiais de pintura. A sugestão é criar um ambiente ao lado para armazenamento temporário destes restos de materiais, até o seu descarte total, que seja o recolhimento da empresa fornecedora ou empresa certificada que possa retirar e dar a destinação correta. Figura 10 – Área para materiais recicláveis Fonte : Arquivos da Construtora ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015 A FILOSOFIA LEAN CONSTRUCTION, SUAS FERRAMENTAS E APLICABILIDADE dezembro/2015 Figura 11 – Solução para armazenamento de materiais com descarte controlado Fonte : Arquivos da Construtora Foram espalhados 03 centros de distribuição de concreto e argamassas ao longo de todo o canteiro, conforme é demonstrada na imagem abaixo. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015 A FILOSOFIA LEAN CONSTRUCTION, SUAS FERRAMENTAS E APLICABILIDADE dezembro/2015 Figura 12 – Centros de distribuição Fonte : Arquivos da Construtora Apesar de haver sido pensado centros de distribuição ao longo de todo canteiro, não foi considerado uma área para armazenamento de cimento e cal, mais próxima a estes dois centros. Dessa maneira o fluxo de abastecimento deste materiais fica prejudicado. Figura 13 – Solução para mais um local de armazenamento de cimento e cal Fonte : Arquivos da Construtora A criação de mais um local para armazenar cimento, cal e argamassa, propicia acesso facilitado e rápido para os centros de distribuição mais afastados do almoxarifado. Utilizando o painel kanban neste segundo ponto de armazenamento, a equipe responsável pelo abastecimento consegue monitorar o estoque do local e não deixar faltar insumos. 5. CONCLUSÃO Este trabalho teve como objetivo apresentar uma breve história da filosofia Lean, suas ferramentas e aplicações. O Lean Construction é um pensamento que precisa ser difundido nas organizações, ele traz consigo a simplicidade com foco em resultados e força as organizações a se planejarem corretamente antes de colocar em prática qualquer projeto independente de sua grandiosidade. A utilização da filosofia de forma correta e eficaz, evita desperdícios e faz com que empresas trabalhem em prol da racionalização com foco na qualidade, ao longo de um projeto. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015 A FILOSOFIA LEAN CONSTRUCTION, SUAS FERRAMENTAS E APLICABILIDADE dezembro/2015 Utilizando metodologias associadas ao lean, é possível que as organizações incrementem a eficiência de seus processos por meio de redução de tempo, custo, recursos e consequente aumento de produtividade e lucratividade. Todas as empresas podem aplicar o lean em seus processos, pois o principal alicerce para a implementação é pré disposição, se comparado a valores que serão investidos, esse último é irrisório. A introdução dos conceitos lean deve ser feita de forma gradual e com a contribuição de todos da instituição, desde gestores até os colaboradores da produção em canteiro. Apesar de ter sido utilizado como estudo de caso, um canteiro de obras pequeno e com layout favorável, é interessante observar que a utilização do Lean deve ser permanente e contínua. Boas práticas como repensar o transporte de insumos dentro do canteiro devem ser adotadas, já que a redução de tempo e custo faz parte de um dos pilares desta ideologia. Em suma, pode se concluir que o lean construction é uma filosofia voltada a produção ainda recente na área da construção civil, mas que com sua implementação será possível alcançar um avanço significativa nos processos de gestão e produção das empresas possibilitando ciclo de melhoria contínua e o objetivo de excelência, que todas as empresas devem ambicionar ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015 A FILOSOFIA LEAN CONSTRUCTION, SUAS FERRAMENTAS E APLICABILIDADE dezembro/2015 REFERÊNCIAS Arantes, Paula Cristina.F.G. Lean Construction – Fisolofia e Metodologias. Dissertação de Mestrade, faculdade de Engenharia da Universidade do Porto: Portugal, 2008 Henderson, Bruce A., Larco, Jorge. Lean Transformation: How to change your business into a lean enterprise. Richmond: The Oaklea Press, 1999. Koskela, Lauri. Application of the new production philosophy to construction. Technical Report No. 72. Center for Integrated Facility Engineering. Department of Civil Engineering, Stanford University, 1992. Kurek,J. Introdução dos princípios da filosofia de Construção Enxuta no processo de produção em uma construtora em Passo Fundo-RS. Dissertação de Mestrado, faculdade de Engenharia e Arquitectura da Universidade de Passo Fundo, 2005. Womack, James.P., Jones, Daniel.T. A mentalidade enxuta nas empresas – Elimine o desperdício e crie riquezas. Rio de Janeiro: Campus, 1998. Sites Acessados https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFile/395142084110/Disserta%C3%A7%C3%A 3o_IaraNunes.pdf . Acessado em 14/05/2015 às 21:30. https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFile/395142084110/Disserta%C3%A7%C3%A 3o_IaraNunes.pdf. Acessado em 14/05/2015 às 20:00. http://www.citisystems.com.br/7-desperdicios-producao/ acessado em 18/05/2015 às 21:11 http://www.industriahoje.com.br/o-que-e-kanban. Acessado em 04/06/2015 às 09:00. http://www.sobreadministracao.com/como-o-kanban-pode-ajudar-sua-empresa-areduzir-custos/ Acessado em 04/06/2015 às 15:00 http://www.trf5.jus.br/downloads/Artigo_23_Tecnica_Delphi_um_Guia_Passo_a_Passo .pdf Acessado em 05/06/2015 às 09:00 http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/takt-time-e-tempo-de-ciclo/30425/ acessado em 04/06/2015 às 09:41 ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015