Lição 10- JESUS, o Mestre que você imita Texto Bíblico: João 13.13-15 Jesus era um educador inigualável, nas investidas que fazia para a formação do caráter de seus discípulos. Ele demonstrava notável percepção da realidade à sua volta, quando se propunha a ensiná-los acerca do reino de Deus. Ele se autodesignou o Mestre por excelência, enquanto estava junto de seus discípulos (Mt 23.8). Posteriormente, durante a formação das Igrejas do Novo Testamento, alguns dentre os praticantes de seu ensino foram chamados “mestres” da igreja (At 13.1; 1Co 12.28; Ef 4.11). Neste ato, todos entendiam haver sido revestidos de grande responsabilidade (Tg 3.1). Mas não demorou muito para a Igreja perceber distorções da mensagem original, por causa de “mestres segundo as suas próprias cobiças...” (2Tm 4.3), cheios de heresias destruidoras (2Pe 2.1). Nos dias atuais, estes proliferam. Percebemos isso nas inúmeras tentativas humanas de gestão da educação religiosa, às vezes, sem nem mesmo fundamentar-se na Palavra de Deus. E em Igrejas que se veem como mediadoras da salvação. Também, naqueles que andam ensinando esquemas reprodutores, de formatos apostilares. Neste estudo, vamos analisar o conceito autoaplicado por Jesus – o “Mestre”. Vamos perguntar pelo seu método de ensino. Enfim, vamos destacar as consequências na vida de quem faz de Cristo seu educador principal. Quando o mestre não é Jesus Desde muito cedo, a Igreja cristã teve que lutar para preservar sua identidade, num mundo dominado pela idolatria e pela dissolução moral. Ela o fazia pela “apologia” (defesa) da mensagem evangélica. Muitas vezes, o inimigo era externo. Nesse caso, provinha das forças políticoculturais da sociedade gentílica. Entretanto, a Igreja também enfrentou inimigos internos. Nesse caso, eram os falsos mestres, de orientação legalista, que deturpavam a principal doutrina bíblica: a salvação pela graça, mediante a fé no Salvador e Senhor Jesus Cristo. Algumas vezes, a Igreja cedia terreno. É o caso dos textos a seguir: - “Vós corríeis bem; quem vos impediu de continuardes a obedecer à verdade?” (Gl 5.7). - “E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resgatou...” (2Pe 2.1). - “... certos indivíduos se introduziram com dissimulação (...) homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo” (Judas v.4). Hoje, mais do que nunca, precisamos lutar para preservar nossa identidade cristã, pois o domínio do pecado estende-se, cada dia mais, na idolatria e dissolução desta era. Se formos fiéis, entretanto, resistiremos. Nossa apologia é permanecer fundados e firmes na fé e não nos movermos da esperança do evangelho, custe o que custar, até o fim! A única maneira de fazer isso é permanecendo sob a autoridade do Mestre dos mestres, e sendo fiéis ao seu ensino, o Evangelho da nossa Salvação. No Mestre, o modelo a seguir A palavra grega “didaskalos” traduz “professor”, “tutor”, “mestre”. É usada no Novo Testamento para designar Jesus em 41 ocasiões. O uso vocativo, dirigido a Jesus, é meramente a tradução do hebraico “rabbi”, “rabboni” que sugere o contexto do “ensinador da lei”. Isso se evidencia nas situações em que o termo aparece, que “consistem em discussões da lei, de palavras de sabedoria e de proclamações quanto à proximidade de Deus, isto é, exortações vinculadas com mandamentos”1. Nesse sentido, Jesus ultrapassou o ensino legalístico, vinculando o verbo “didasko” (ensinar) com a proclamação da salvação. Que faz o Mestre Jesus, quando ensina? Como podemos definir seu ensino? Eis algumas possibilidades: No exemplo de Jesus, percebemos que ensinar é sinônimo de “dar”, “ofertar”. Obviamente, ninguém pode fazê-lo sem “posses”. Todo e qualquer mestre somente pode oferecer aquilo que, em tese, tem, isto é, apropriou-se. Neste caso, oferta-se o Evangelho da Salvação. No exemplo de Jesus, percebemos que ensinar é sinônimo de “celebrar”. Obviamente, ninguém pode fazê-lo sem ânimo (do latim “anima”: alma, fôlego de vida). O Mestre mostrava dinamismo e alegria e impulsionava seus discípulos a esse frescor (Jo 16.33). No exemplo de Jesus, percebemos que ensinar é sinônimo de “vivificar”, “fortalecer”, “alimentar”. Obviamente, não se pode evitar o caráter sinonímico desses três termos. No caso do ensino proposto por Jesus, vivifica-se no presente, mas, também, para a eternidade. Somos convidados a imitar o Mestre. Se o fizermos, vamos “dar” (pelo ensino) aquilo que possuímos: a salvação outorgada por Cristo. Vamos celebrar a vida que nos alcançou e, por nosso intermédio, alcançou outros, fazendo da alegria do Senhor a nossa força. Vamos atuar para a transformação, isto é, para a construção de si e do outro “em Cristo”. A ação é terrena, isto é, começa imediatamente, mas tem propósito eterno. Nas palavras do Mestre: “Quem crê em mim tem a vida eterna” (Jo 6.47). 1 BROWN, Colin (Ed.) O Novo Dicionário internacional do NT. São Paulo: Vida Nova, p. 637. Ensino no contexto da vida: o lava-pés Em João 13, ocorre um encontro inusitado. Jesus estava na iminência de sua crucificação. Tem consciência total do que está para ocorrer e, depois da refeição comum, chama seus discípulos para si, começando a lavar os seus pés. O lava-pés é um gesto educativo e orientador, por parte do Senhor Jesus. Esse gesto tem aplicação simbólica. Será entendido plenamente depois de realizado, a partir da pergunta do Messias: “Compreendeis o que vos fiz?”. Jesus o faz para que os discípulos entendam o que significa ter parte com Ele, o Mestre e Senhor, e também com seu ministério. O gesto não se refere à pureza exterior de quem se lava ou é lavado, mas, simbolicamente, ao ato de prestar-se ao serviço de lavar (ou de dar a própria vida). Ou seja, para quem deseja seguir a Jesus, humildade, renúncia sacrificial, amor e serviço são essenciais. Discípulos de Cristo não são passivos, mas ativos no Reino de Deus (Jo 13.15-17). “Eu vos dei o exemplo” Podemos citar exemplos do ensino de Jesus aos seus discípulos? Lendo os Evangelhos, fica fácil perceber que sim. Por meio de parábolas, conversações e atitudes, Jesus lhes mostrou como agir em obediência à Palavra de Deus e em prol do seu Reino. São memoráveis as propostas seguintes (à parte dos estudos do trimestre, em João): - A parábola da ovelha perdida (Lc 15.1-7), que relata a alegria da salvação, na terra e no céu. - A parábola do bom samaritano, que revela o caráter inclusivo da proposta da graça (Lc 10.25-37). Jesus vem para os doentes, mas cura-os para que sejam inclusos. Todos os pecadores inclusos foram transformados, limpos, justificados, para, assim, serem unidos ao Salvador. - O sermão da montanha (Mt 5-7), que chama a atenção deles para enxergar os pecadores, trabalhando para a sua bem-aventurança, na segurança da redenção; anuncia-lhes o dever de ser sal e luz; o primado do amor nas motivações cristãs; a santificação da vida e das relações humanas; o valor da oração; a confiança absoluta no cuidado e na providência divina; o caminho da vida. E há tantos outros exemplos do ensino maravilhoso de Jesus. Esses bastam, no escopo deste estudo, para mostrar o impacto do Mestre na vida de seus discípulos. Depois de sua partida, tornou-se missão do Santo Espírito dar continuidade às instruções do Mestre (Jo 14.26; 15.26; 16.13). Para pensar e agir Em conclusão, reverberamos a sentença afirmativa do Mestre Jesus, depois de os ensinar: “Se sabeis essas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes” (Jo 13.17). Logo, se desejamos ser discípulos felizes do Senhor, cumpre-nos imitar Jesus e seguir seus ensinamentos. Quanto a estilo dos discípulos, sejamos: - Discípulos «com» Cristo: (na companhia dEle); - Discípulos «para» Cristo: (com a finalidade de servi-lO); - Discípulos «conforme» Cristo: (em conformidade com os seus ensinos); - Discípulos «de» Cristo: (valor semântico de posse, que pertence a Ele). Jesus é como um maestro virtuoso, a reger a música da graça divina. Sua condução é perfeita e seus ensaios conosco nos aperfeiçoam, tudo com vistas à música celestial: “Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2Co 3.18). Leituras diárias Segunda Mateus 23.8-12 Terça Efésios 5.1-11 Quarta 1 Tessalonicenses 1.6-10 Quinta Hebreus 13.8,9,15 Sexta João 13.1-5 Sábado João 13.6-11 Domingo João 13.12-17