O papel dos jogos e brincadeiras nos processos de

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O PAPEL DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NO PROCESSO DE ENSINOAPRENDIZAGEM NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SÉRIES
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ABORDAGEM
CONSTRUTIVISTA PIAGETIANA
SOUZA, Kellcia Rezende – EF/CAJ/UFG.1
MARQUES, Thays Bernardes - EF/CAJ/UFG.2
BRAIT, Lilian Rodrigues Ferreira - EF/CAJ/UFG.3
Resumo: Este estudo tem como intuito compreender e analisar a relação entre o
processo de ensino-aprendizagem dos jogos e brincadeiras em uma perspectiva
construtivista durantes as aulas de Educação Física para alunos de uma turma das séries
iniciais do Ensino Fundamental. Entendemos que a Educação Física, enquanto área de
conhecimento tem como especificidade tratar dos temas da cultura corporal de
movimento dentre os quais se encontram os jogos e brincadeiras. Acreditamos que os
jogos e brincadeiras são recursos pedagógicos eficientes, pois exploram uma
diversidade de conteúdos, atribuindo as crianças durante o processo de ensinoaprendizagem abstrações reflexivas que possibilitam a elaboração de novos
conhecimentos e a reelaboração de novas formas de pensar. Daí surge à necessidade de
se compreender como o professor desta turma de Educação Física objetiva
sistematicamente estes conteúdos em suas aulas. Os jogos e brincadeiras se constituem
como uma importante atividade para o desenvolvimento humano e para a construção da
autonomia, podendo ser utilizado pelo professor de formas variadas, visando o prazer e
tendo como conseqüência a aprendizagem de quem o executa. Para tanto, acreditamos
que a revisão literária de nosso trabalho deverá ter como referencial a abordagem
construtivista de Jean Piaget.
PROBLEMÁTICA/JUSTIFICATIVA:
Este trabalho constitui-se num estudo inicial que busca investigar questões
concernentes aos jogos e brincadeiras e às suas correlações com o ensino-aprendizagem,
através de uma abordagem construtivista piagetiana. A presente pesquisa é parte da
discussão abordada na prática pedagógica do estágio em series iniciais do ensino
fundamental de uma escola da rede municipal de Jataí-Go. Assim considerando-se que
esta pesquisa ainda se encontra em andamento, iremos fazer um recorte das reflexões
1
Acadêmica do curso de Educação Física CAJ/UFG – [email protected]
2
Acadêmica do curso de Educação Física CAJ/UFG - [email protected]
3
Docente do curso de Educação Física do CAJ/UFG – [email protected]
realizadas até o momento, apresentando também os objetivos, a metodologia e algumas
discussões prévias em torno da temática abordada.
Na década de noventa do século XX, a Educação Física apontou para novas
concepções a respeito da especificidade de sua área de conhecimento, de seus conteúdos
e metodologias de ensino. Essas concepções foram discutidas e apresentadas por um
grupo de autores que através de um esforço reflexivo apontaram uma das principais
propostas pedagógicas da Educação Física escolar no livro Metodologia do ensino da
educação física, nesta obra trata-se também os objetivos de conhecimentos próprios da
Educação Física entendendo o movimento enquanto ação intencional e expressão de
linguagem corporal dos temas da cultura corporal de movimento. Tais temas se
apresentam como: jogos e brincadeiras, desportos, dança, ginástica e lutas.
A partir de nossas observações e prática pedagógica propiciada no estágio,
percebemos grandes dificuldades, por parte do professor de Educação Física da turma
em questão, na seleção de conteúdos de ensino em particular de jogos e brincadeiras na
relação entre o ensino desses conteúdos com a determinação de objetivos e um
referencial condizente com a abertura de possibilidades dos alunos de construir
conhecimentos e elaborar novas formas de pensar e que fundamente o processo
dinâmico e construtivo durante as aulas.
De acordo com Kunz (1999), é evidente a responsabilidade e consciência, por
parte dos professores de Educação Física, quanto ao estabelecimento dos objetivos para
o trabalho com essa disciplina e para a priorização de métodos de ensino visando
contemplá-los. Entendemos que a ausência de um referencial metodológico mais eficaz,
e a abrangência e falta de clareza quanto à determinação dos procedimentos de ensino
adequados aos objetivos, prejudicam o andamento das aulas.
Ainda no entender deste autor, durante as aulas, o processo de ensino e
aprendizagem deve oportunizar aos alunos a utilização da motricidade enquanto ação
intencional do indivíduo, necessária e significativa durante a construção de
conhecimento proporcionado pela interação sujeito-objeto. O ensino dos jogos e
brincadeiras nas aulas deve proporcionar ao aluno a aprendizagem por meio da
abstração reflexiva, ou seja, deve-se dar a ele a oportunidade para ir além da inteligência
prática sobre e por meio desse conteúdo, considerando-o como um conhecimento
socialmente construído e historicamente contextualizado.
A partir destas reflexões surge a possibilidade de se renovar e ampliar o modo
como uma gama contingente de professores de educação física vê e utiliza os jogos e
brincadeiras, indo ao encontro de suas funções educativas que são de irrefutável valor.
Dentro do cotidiano infantil os jogos e brincadeiras merecem destaque, pois é
um elemento de grande importância, e conseguir conciliar suas características de
espontaneidade e sua função educativa é papel fundamental do educador. Esse educador
muitas vezes sente-se limitado e impossibilitado de dar sentido ao que é ensinado por
conta de estar arraigado a uma prática deficitária e pobre de meros aperfeiçoamentos de
habilidades técnicas e motoras, vendo este conteúdo de forma utilitária associado ao
quadro tradicional do ensino formal. (SANTIN, 1994).
Os jogos e brincadeiras vão muito além de preceitos técnicos e motores, e se
fazem presentes, propiciando vivências significativas e não apenas imitações de gestos
ou mera distração. Por si só a criança joga, brinca, imagina e abstrai-se numa intensa e
constante prática de atividades motoras sendo assim, devemos considerar a
possibilidade de fazer deste conteúdo estratégias metodológicas intencionais
objetivando ensinar alguma coisa para alguém, considerando-o como um momento de
criação e construção, mas mantendo sua característica lúdica e valorizando sua
espontaneidade, sendo capaz de proporcionar prazer, alegria e facilitar o entendimento
dos jogos e brincadeiras como ato simbólico e social.
A atividade lúdica proporciona um encantamento em crianças, em adolescentes e
em adultos. Segundo Chateau (1987), faz parte da natureza humana o ato de brincar e
jogar, com a vantagem de favorecer o desenvolvimento da criança e mesmo dos adultos.
Estes se realizam plenamente, entregando-se por inteiro ao jogo e ao brincar. Já para a
criança quase toda atividade é jogo e brincadeira e é por estes que ela adivinha e
antecipa as condutas superiores. Portanto, o jogar e o brincar são atividades inerentes
ao ser humano.
O significado dos jogos e das brincadeiras e sua relação com o desenvolvimento
e a aprendizagem há muito tempo vêm sendo investigado por pesquisadores de várias
áreas do conhecimento com diferentes contribuições. Neste sentido, ao longo desta
trajetória tem-se procurado analisar os jogos e brincadeiras por intermédio de
concepções de ordem psicológica, biológica, antropológica, sociológica e linguística.
Nosso estudo pretende adentrar na sistematização construtivista que tem como principal
precursor Jean Piaget, nesta abordagem visa-se a explicação de como a inteligência
humana se desenvolve partindo do princípio de que o desenvolvimento da inteligência é
determinado pelas ações mútuas entre o indivíduo e o meio.
A teoria de Jean Piaget (1896-1980) estudando sobre o desenvolvimento da
inteligência, colocou o jogo e o brincar como atividades indispensáveis na busca do
conhecimento pelo indivíduo. Ele dividiu o desenvolvimento intelectual da criança em
etapas caracterizadas pela sucessiva complexidade e maior integração dos modelos de
pensamento, ou seja: até os dois anos de idade – sensório-motor; de dois a quatro anos –
pré-operacional; de quatro a sete anos – intuitivo; de sete aos 14 anos – operacional
concreto; e, a partir dessa idade – operacional abstrato. Quando Piaget descobriu que
não é o estímulo que move o indivíduo ao aprendizado, revolucionou a pedagogia da
época. Para ele, a inteligência só se desenvolve para preencher uma necessidade. A
educação, concebida a partir desse pressuposto, deve estimular a inteligência e preparar
os jovens para descobrir e inventar; o professor deve provocar na criança a necessidade
daquilo que ele quer transmitir. Nesse sentido, os jogos e brincadeiras são buscados
espontaneamente pelas crianças como meio de chegar à descoberta, inventar estratégias,
pensar o novo, construir, agir sobre as coisas, reconstruir, produzir (RAPPAPORT
1981).
Piaget (1977) afirma que, ao aprender, o indivíduo não tem um papel passivo
perante as influências do meio, pelo contrário, procura adaptar-se a elas com uma
atividade organizadora. Nesse sentido, a aprendizagem, para ele, é um processo
adaptativo em função de respostas dadas pelo sujeito a um conjunto de estímulos
anteriores e atuais. Sendo assim, o desenvolvimento é um fator condicionante da
aprendizagem.
Piaget (1978) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades
intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento
para gastar energia das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o
desenvolvimento intelectual. Ele afirma que,
O jogo e o brincar, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício
sensório-motor e de simbolismo, proporciona uma assimilação da real à
atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando
o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos
ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um
material conveniente, a fim de que, jogando e brincando, elas cheguem a
assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à
inteligência infantil. (PIAGET 1976, p.160).
Segundo Piaget (apud KIHIMOTO, 1996, p.40) o desenvolvimento do jogo
resulta de processos puramente individuais e de símbolos idiossincráticos peculiares que
originam da estrutura mental da criança e que só por ela podem ser explicados.
Assim, como no desenvolvimento infantil, o autor analisa o desenvolvimento do
jogo e do brincar de forma espontânea, ou seja, conforme se organizam as novas formas
de estrutura, surgem novas modificações nos jogos e brincadeiras que, por sua vez, vão
se integrando ao desenvolvimento do sujeito por intermédio de um processo
denominado assimilação. Nesta perspectiva, o brincar é identificado pela primazia da
assimilação sobre a acomodação, que é o fato de o sujeito assimilar eventos e objetos ao
seu "eu" e às suas estruturas mentais.
Para Piaget citado por Kishimoto (1996), o brincar não recebe uma conceituação
precisa, é uma ação assimiladora, aparece como forma de expressão da conduta, cheia
de características metafóricas como espontaneidade, prazer, iguais às do romantismo e
da biologia. Ao inserir a brincadeira e o jogo dentro do conteúdo da inteligência e não
na estrutura cognitiva, Piaget distingue a construção de estruturas mentais da aquisição
dos conhecimentos. Nesse sentido, a brincadeira e o jogar, enquanto processos
assimilativos participam do conteúdo da inteligência, igual à aprendizagem e também é
compreendida como conduta livre, espontânea, que a criança expressa por sua vontade e
pelo prazer que lhe dá. Portanto, ao manifestar a conduta lúdica, a criança demonstra o
nível de seus estágios cognitivos e constrói conhecimentos de acordo com seu nível de
desenvolvimento.
Na teoria construtivista piagetiana, o jogo e a brincadeira são vistos como um
processo de construção que insere o sujeito no meio social através da adaptação e da
interação com o meio, estes servem para a consolidação das habilidades aprendidas e
serve como reflexo do nível de desenvolvimento cognitivo da criança e é no jogo e no
brincar que ela aplica tudo que aprende. Kishimoto (1998) identifica na obra de Piaget
que “cada ato de inteligência é definido pelo equilíbrio entre duas tendências:
assimilação e acomodação” (p. 39).
Através dos jogos e brincadeiras a criança poderá ter um bom desenvolvimento
psicomotor e psico-social, assim como as levará à socialização e à contribuição para a
sua vida afetiva. As atividades lúdicas encorajam também o desenvolvimento
intelectual, através da atenção e da imaginação, facilitando a sua expressão.
(FRIEDMANN, 2002)
Diante do exposto, acreditamos que a prática de ensino do professor de
Educação Física ao trabalhar jogos e brincadeiras deve estar baseada e objetivada em
condicionamento teóricos sistematizados, em nosso estudo apontamos a abordagem
construtivista. Nesta abordagem o professor precisa levar em conta durante o ensino dos
jogos e brincadeiras a equilibração, a abstração reflexiva, a aprendizagem significativa e
a tomada de consciência das ações por parte dos alunos. (DUARTE, 2005)
De acordo com a teoria aqui apresentada, durante as séries iniciais do ensino
fundamental, as crianças passam por um período de transição durante o processo de
construção de estruturas intelectuais, ou seja, transitam entre o período pré-operatório e
o período operatório concreto. Nesse período de escolarização, observamos que a matriz
curricular municipal que orienta o trabalho dos professores de educação física desta
rede, seleciona os jogos e brincadeiras como um dos conteúdos a serem trabalhados
mais assiduamente durante as aulas, porém este conteúdo presente na matriz não tem
um aporte teórico que sistematize e objetive os jogos e brincadeiras, portanto fica
evidente que cabe ao professor fundamentar o conteúdo de suas aulas de acordo com um
enfoque epistemológico condizente, para assim deter de mais clareza e objetivação em
suas aulas corroborando diretamente com o ensino-aprendizagem de seus alunos.
Segundo Rosa (1998), é necessário que o educador se conscientize de que ao
desenvolver o conteúdo programático, por intermédio do ato de brincar e jogar, não
significa que está ocorrendo um descaso ou desleixo com a aprendizagem do conteúdo
formal. Ao contrário do desenvolver o conteúdo mediante a proposição de atividades
lúdicas, o educador está trabalhando com o processo de construção do conhecimento,
respeitando o estágio do desenvolvimento no qual a criança se encontra e de uma forma
agradável e significativa para o educador.
A partir das considerações relatadas acima, acreditamos que os jogos e
brincadeiras podem ser analisados a partir da fundamentação da teoria do
desenvolvimento cognitivo proposta por Piaget. Sendo assim, podemos considerar os
jogos e brincadeiras como atividades necessárias para a criança e presente durante todo
o desenvolvimento cognitivo infantil, ou seja, o jogo e brincar evoluirão na criança
como parte de seu desenvolvimento.
Diante do exposto notamos a importância dos jogos e brincadeiras no processo
de ensino-aprendizagem da criança. Acreditamos que mais relevante é a necessidade do
professor de Educação Física objetivar a prática destes conteúdos não como uma forma
enfadonha do mero fazer por fazer, mas sim como elementos significativos no contexto
do desenvolvimento das crianças, portanto os jogos e brincadeiras não devem ser
aprendidos e executados, mas que passe a ser entendido e refletido por seus praticantes
de forma que os mesmos possam reconstruí-los e transformá-los, adaptando-os (se
necessário) as suas necessidades, sendo que neste processo é imprescindível o professor
ter em sua prática pedagógica fundamentação teórica sistematizada, esta que norteará o
contexto das aulas, pois ele (o professor) é o mediador concreto neste processo.
OBJETIVOS:
Geral:
● Compreender e analisar a relação entre o processo de ensinoaprendizagem dos jogos e brincadeiras em uma perspectiva construtivista durantes as
aulas de Educação Física para alunos de uma turma das séries iniciais do Ensino
Fundamental.
Específicos:
•
Compreender o conceito de jogos e brincadeiras em uma
perspectiva construtivista.
•
Averiguar se o professor utiliza os conteúdos de jogos e
brincadeiras numa perspectiva de ensino-aprendizagem.
•
Verificar se o professor objetiva e sistematiza o conteúdo de jogos
e brincadeiras para suas aulas.
•
Identificar a relevância destes conteúdos no processo de ensino-
aprendizagem nas aulas de Educação Física.
METODOLOGIA:
Nosso estudo tem a intenção de compreender e analisar a relação entre o
processo de ensino-aprendizagem dos jogos e brincadeiras em uma perspectiva
construtivista durantes as aulas de Educação Física para alunos de uma turma das séries
iniciais do Ensino Fundamental, de uma escola da rede municipal de Jataí-Go.
Para isso, realizaremos uma pesquisa, que segundo Demo (1987, p. 122), “é uma
atividade científica pela qual descobrimos a realidade. Partindo do pressuposto de que
realidade não se desvenda na superfície”.
Nosso estudo será conduzido pela pesquisa qualitativa, esta não se preocupa com
representatividade numérica e estática, mas sim com o aprofundamento da compreensão
de um grupo social, de uma organização etc. Ela busca basicamente entender um
fenômeno específico em profundidade, considerando a existência de uma relação
dinâmica entre realidade e sujeito investigado. (GOLDENBERG, 1999).
A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se
preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser
quantitativo. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos,
aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais
profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser
reduzidos à operacionalização de variáveis. (DESLANDES, 1994 p.22)
Por estarmos amparados pela pesquisa qualitativa se torna imprescindível para
nosso trabalho a descrição da realidade investigada, que segundo Andrade (1997) tem
por desígnio: observar, registrar, analisar, classificar, interpretar e correlacionar fatos ou
fenômeno investigado, de forma fiel e imparcial, sem interferir neles. Cervo e Bervian
(1983, p.55) afirmam que a pesquisa descritiva “procura descobrir, com a precisão
possível, a freqüência com que o fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros,
sua natureza e características”.
Na primeira etapa de nossa pesquisa, foi realizado um estudo exploratório,
durante o período de estágio, mantendo um contato mais direto com o objetivo de
estudo. Andrade (1997) caracteriza a pesquisa exploratória, como o procedimento
pioneiro do trabalho científico, possibilitando ao pesquisador uma síntese e reflexão de
forma mais assertiva sobre o tema em foco, resultante das ligações entre as partes
sondadas e decompostas na análise.
Durante todo o percurso de nosso estudo seremos guiados pela pesquisa
bibliográfica, de acordo com Michaliszyn e Tomasini (2005), esta, procurando explicar
um problema a partir de referenciais teóricos: livros, artigos científicos, documentos,
etc. Trata-se, de uma leitura atenta e sistemática que se faz acompanhar de anotações e
fichamentos que, eventualmente, norteará todo o trabalho. Ela dá suporte a todas as
fases de qualquer tipo de pesquisa, pois, possibilita ao pesquisador fonte de consulta
para a fundamentação teórica do estudo.
Concomitantemente, realizaremos a pesquisa de campo, com nossos sujeitos
selecionados. No entender de Gil (2002), esta procede à observação de fatos e
fenômenos exatamente como ocorrem no real, e um estudo mais aprofundado, que tem
como intuito, conseguir informações sobre o problema detectado, ou para comprovar
alguma hipótese e, conforme for até descobrir novos fenômenos. É desenvolvida no
local ou com os sujeitos que representam o fenômeno, sendo que seus resultados tendem
a ser mais fidedignas possíveis.
A pesquisa de campo de nosso estudo será realizada com aproximadamente vinte
e cinco alunos e o professor de uma turma de Educação Física das series iniciais do
ensino fundamental de uma escola da rede municipal de Jataí. Neste momento
iniciaremos a fase de coleta de dados. Para Bonifácio citando Lakatos e Marconi (2006).
Nesta etapa de investigação são aplicados os instrumentos determinados e
utilizadas as técnicas selecionadas para que se efetue a coleta dos dados
referentes a pesquisa. Esta tarefa existe grande esforço do pesquisador, que
deve ter grande cuidado no registro desses dados. (p. 22)
Para coletarmos as informações dos sujeitos deste trabalho, serão utilizados
como instrumentos; a entrevista semi-estruturada com o professor. De acordo com
Becker (1994), caracteriza por combinar perguntas abertas e fechadas previamente
estabelecidas, servindo de eixo orientador ao desenvolvimento da entrevista. O
informante tem a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto. O pesquisador deve
ficar atento para dirigir, no momento que achar oportuno, a discussão para o assunto que
o interessa fazendo perguntas adicionais para elucidar questões que não ficaram claras.
Deve manter um elevado grau de flexibilidade na exploração das respostas,
sendo que, o desenvolvimento da entrevista vai se adaptando ao entrevistado. Esse tipo
de entrevista é muito utilizado quando se deseja delimitar o volume das informações,
obtendo assim um direcionamento maior para o tema, intervindo a fim de que os
objetivos sejam alcançados. (TRIVIÑOS,1987).
Após análise de dados obtidos pelos instrumentos de nosso trabalho, torna-se
relevante para o estudo fazermos uma análise documental dos planos de: cursos,
unidade e aula do professor da turma. Para Ludcke e André (1986) a análise documental
consiste em uma técnica importante na pesquisa qualitativa, seja por complementar as
informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou
problema.
O trabalho da análise se iniciará com a coleta dos materiais, não sendo uma
acumulação cega e mecânica. À medida que colheremos as informações, o pesquisador
elabora a percepção do fenômeno e se deixa guiar pelas especificidades do material
selecionado. (MICHALISZYN E TOMASINI, 2005).
A análise de dados de nossa pesquisa acontecerá após a coleta de dados. Nesta
etapa do trabalho, estaremos amparados com os dados encontrados na pesquisa de
campo e com o referencial teórico, disponibilizado pela pesquisa bibliográfica. Ao fim
do estudo proposto, obteremos as respostas para elucidar nosso problema.
RESULTADOS/CONCLUSÕES:
Por se tratar de uma pesquisa que esta em andamento, faz-se necessário divulgar
que os resultados obtidos pela mesma só serão divulgados ao término do processo. Mas
diante do exposto, esperamos com este trabalho contribuir para que os futuros
professores, bem como aqueles em ação, possam refletir sobre como podemos trabalhar
os jogos e brincadeiras nas aulas de educação física, possibilitando as crianças não o
fazer por fazer, mas sim uma forma de desenvolver suas habilidades intelectuais,
sociais, físicas, de forma prazerosa e participativa, respeitando suas fases de
desenvolvimento, uma vez que como foi mostrado no decorrer do texto pelo amparo da
teoria construtivista piagetiana os jogos e brincadeiras são de grande contribuição para o
processo de ensino aprendizagem.
Pois é claro que independentemente de estar em uma escola ou não a criança vai
jogar e brincar. O que torna o jogo e o brincar importantes dentro da escola e
principalmente para a Educação Física, é o fato de além de ser um poderoso recurso
pedagógico, tem grande capacidade de proporcionar prazer e vivências lúdicas aos seus
praticantes. Os jogos e brincadeiras possuem a capacidade de contribuir para o
desenvolvimento não só de qualidades e capacidades físicas, mas também para a
disseminação de valores morais e éticos que venham a contribuir para formação
cognitiva, intelectual e da personalidade do indivíduo. Sendo assim, não podemos negar
o caráter educacional do jogo, que se constitui como atividade para o desenvolvimento
humano.
Tentamos nos pautar nos pilares da educação para propormos a utilização dos
jogos e brincadeiras de forma fundamentada para que eles possam contribuir com
mudanças significativas, não só no ambiente escolar ou nas aulas de Educação Física,
mas para a construção de autonomia, no resgate de valores e de forma geral na vida das
pessoas. Assim como foi visto anteriormente, sugerimos ao profissional de Educação
Física uma ampla utilização deste conteúdo, não o limitando a simples adestramento
técnico, mas transcendendo a barreira do mero fazer por fazer e do aperfeiçoamento de
habilidades. Para isso é fundamental o planejamento de um amplo programa com
atividades lúdicas, cooperativas, culturais e populares que venham a suprir necessidades
afetivas, motoras e sócio-culturais das crianças, objetivando em suas metas atingir não
apenas de forma secundária, mas de modo primordial o prazer e a satisfação na
realização das atividades.
Desse modo acreditamos que estaremos propiciando um quadro de bem-estar,
proporcionando uma maior interação do indivíduo com o meio através de uma postura
mais autônoma diante da sociedade, criando situações favoráveis ao aprendizado do
indivíduo.
Contudo, para que a aprendizagem dos jogos e brincadeiras modifique as formas
do pensamento dos alunos, entendemos ser necessário que o professor de Educação
Física fundamente sua metodologia de ensino em uma teoria sistematizada que ofereça
subsídios para tal, em nosso estudo abordamos a construtivista piagetiana e, pois esta
considera o ensino baseado na resolução de problemas como uma alternativa necessária
quando se pretende propor situações as quais provocam conflitos cognitivos capazes de
desequilibrar as estruturas do pensamento, de modo a favorecer a elaboração de outras,
num nível acima das estruturas atuais, contribuindo assim de forma direta com o
processo de desenvolvimento cognitivo e social dos alunos.
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