9.1 AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NO BRASIL

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9.1 AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NO BRASIL Falamos anteriormente sobre a dimensão sócio­político da aprendizagem e estamos constantemente refletindo sobre a educação como um organismo vivo dentro da sociedade. Qual o significado disso? É do prof. Libâneo (1994), as definições das tendências pedagógicas que transcrevemos: __Na Pedagogia Tradicional, a didática é uma disciplina normativa, um conjunto de princípios e regras que regulam o ensino. A atividade de ensinar é centrada no professor que expõe e interpreta a matéria. O meio principal utilizado é a exposição oral. É importante que o aluno preste atenção, porque, ouvindo, facilita­se o registro do que se transmite, na memória. O aluno é, assim, um recebedor da matéria e sua tarefa é decorá­la. A matéria de ensino é tratada isoladamente, desvinculada dos alunos e dos problemas reais da sociedade e da vida. __A Pedagogia Renovada inclui várias correntes que, de certa forma, estão ligadas ao movimento da Escola Nova ou Escola Ativa. Nesse contexto, a didática é entendida como direção de aprendizagem, considerando o aluno como sujeito da aprendizagem, ser ativo e curioso. O professor é visto como um facilitador no processo de busca que deve partir do aluno. A idéia é que o aluno aprende melhor o que faz por si próprio. O professor incentiva, orienta, organiza as situações de aprendizagem, adequando­as às capacidades e características individuais dos alunos. __O tecnicismo educacional, embora seja considerado uma tendência pedagógica, incluiu­se, em certo sentido, na Pedagogia Renovada, ganhando nos anos 60 autonomia, quando se constituiu especificamente como tendência, inspirada na teoria behaviorista da aprendizagem e na abordagem sistêmica do ensino. Define uma prática pedagógica controlada e dirigida pelo professor, com atividades mecânicas inseridas em uma proposta educacional rígida e passível de ser totalmente programada em detalhes (...). O que é valorizado nessa perspectiva não é o professor, mas a tecnologia; o professor é um mero especialista na aplicação de manuais e sua criatividade não é considerada. A função do aluno é reduzida a um indivíduo que reage aos estímulos de forma a corresponder às respostas esperadas pela escola, sendo que seus interesses e seu processo particular não são considerados. (PCNs, 1997) __No final dos anos 70 e início dos anos 80, com a abertura política decorrente do final do regime militar e a grande mobilização em busca de uma educação crítica que
trouxesse transformações sociais, econômicas e políticas para superação de desigualdades existentes na sociedade, destaca­se a Pedagogia Libertadora e a Pedagogia Crítico­Social dos Conteúdos. A Pedagogia Libertadora tem suas origens nos movimentos de educação popular que ocorreram no final dos anos 50 e início dos anos 60, e não tem uma proposta didática explícita. A atividade escolar é centrada na discussão de temas sociais e políticos, um ensino centrado na realidade social, quando professor e alunos analisam problemas e realidades locais, com seus recursos e necessidades, tendo em vista uma ação coletiva frente a esses problemas e realidades. O professor é um coordenador ou animador das atividades que se organizam sempre pela ação conjunta dele e dos alunos. A Pedagogia Crítico­Social dos Conteúdos surge no final dos anos 70 e início dos anos 80 e assegura a função social e política da escola mediante o trabalho com os conhecimentos sistematizados, a fim de colocar as classes populares em condições de uma efetiva participação nas lutas sociais. Entende que não basta ter como conteúdo escolar as questões sociais atuais, mas é necessário que se tenha domínio de conhecimentos, habilidades e capacidades mais amplas, para que os alunos possam interpretar suas experiências de vida e defender seus interesses de classe. (PCNs, 1997) 9.2 O PLANEJAMENTO DA AÇÃO DIDÁTICA Se você pensa e organiza suas atividades, compromissos, finanças, entre outros, você planeja. Realiza um planejamento. Para Haydt (1999), planejar é analisar uma dada realidade, refletindo sobre as condições existentes, e prever as formas alternativas de ação para superar as dificuldades ou alcançar os objetivos desejados. Portanto, o planejamento é um processo mental que envolve análise, reflexão e previsão. E a escola? Será que é necessário a realização de um planejamento para os trabalhos que nela acontecem? Haydt (1.999) nos responde que na educação e no ensino há vários níveis de planejamento: • planejamento de um sistema educacional ; • planejamento geral das atividades de uma escola; • planejamento de currículo; • planejamento didático ou de ensino;
• planejamento de curso; • planejamento de unidade didática ou de ensino; • planejamento de aula. O ato de planejar está presente cotidianamente em nossas vidas. Mesmo que não seja de modo sistemático, registrado, planejamos constantemente. Responda­me: Como você organiza sua vida no dia­a­dia? . Como controla suas finanças e seus compromissos? . Como pensa suas atividades de lazer ou férias? . Quando você acorda de manhã, tem uma agenda definida? Planejamento é um processo que envolve análise, reflexão e previsão. O planejamento de um sistema educacional é feito em nível nacional, estadual e municipal e consiste na definição de prioridades e metas para o aperfeiçoamento do sistema educacional, estabelecimento de formas de atuação e cálculos dos custos necessários à realização das metas. O planejamento geral das atividades da escola é o processo de tomada de decisão quanto aos objetivos a serem atingidos e a previsão das ações tanto pedagógicas como administrativas a serem executadas por toda a equipe escolar. Deve ser participativo (professores, funcionários, pais e alunos). O resultado desse tipo de planejamento é o plano escolar ou projeto político­pedagógico. O planejamento de currículo é a previsão dos diversos componentes curriculares que serão desenvolvidos ao longo do curso, com a definição dos objetivos gerais e a previsão dos conteúdos programados de cada componente. O planejamento didático ou de ensino é a previsão das ações e procedimentos que o professor vai realizar junto a seus alunos, e a organização das atividades discentes e das experiências de aprendizagem, com o propósito de atingir os objetivos educacionais estabelecidos. Neste nos interessa sobretudo o planejamento de aula, quando o professor especifica e operacionaliza os procedimentos diários. Para Libâneo (1.994), os planos devem ser como um guia de orientação e devem apresentar uma ordem sequencial, objetividade, coerência e flexibilidade. Como guia de orientação, entendemos que nele são estabelecidas as diretrizes e os meios de realização do trabalho docente, não sendo um instrumento rígido e absoluto, uma
vez que o processo de ensino e aprendizagem está sempre em movimento, sofrendo modificações em função da própria realidade e da prática. A ordem seqüencial progressiva reflete que, para alcançar os objetivos, são necessários vários passos de modo a obedecer a uma seqüência lógica. A objetividade implica uma correspondência do plano com a realidade, à qual se vai aplicar. Precisamos conhecer a realidade, na qual a escola se insere, pois ela é um componente desse processo de ensino aprendizagem. Deve haver também coerência entre os objetivos gerais, específicos, conteúdos, métodos e avaliação, uma relação que deve existir entre as idéias e a prática, uma ligação lógica entre os componentes do plano. O plano deve ter flexibilidade, uma vez que a relação pedagógica está sempre sujeita a situações concretas e reais, e a realidade está sempre em movimento, ou seja, podem ocorrer alterações. Assim , é necessário que a escola realize seu planejamento, mas não apenas como mera apresentação formal, para satisfazer a uma obrigatoriedade no ritual da escola ou uma exigência. As personagens vivas da escola solicitam o planejamento como um instrumento que ajuda a superar as dificuldades, contribuindo para uma eficiência maior na ação.
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