UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA CNPq Nome do Projeto: Otimização do processo de síntese de ésteres alquílicos a partir do óleo de girassol utilizando alcóxidos. Protocolo: 1022 Nome do(a) Proponente ou Orientador(a):.Rachel Faverzani Magnago Nome do(a) Bolsista: Caroline Garcia Campus/Unidade: Campus Norte - Unidade tecnológica Data do Relatório: 10 de agosto de 2008 Tipo do Projeto: PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA - PIBIC 1. Introdução Reduzir a poluição ambiental é hoje um objetivo mundial. Todo dia tem-se conhecimento de estudos e notícias indicando os males do aumento do efeito estufa. Essas denunciam que mudanças climáticas provocarão maiores prejuízos nas colheitas, podendo diminuir em um quarto a produção de alimentos nos países mais pobres. O uso de combustíveis de origem fóssil (petróleo e carvão) tem sido apontado como o principal responsável por estes problemas ambientais (ASG RENAISSANCE, 2007). Considerado um produto ecologicamente correto, foi sugerida pelo Protocolo de Kyoto, a fabricação e utilização de Biodiesel como uma das maneiras mais eficazes de diminuir a poluição da atmosfera (CRUZ, 2007). O termo biodiesel é utilizado para definir um combustível produzido a partir de matérias primas naturais e renováveis, este é composto de ésteres metílicos ou etílicos de ácidos graxos de cadeia longa. Derivado de óleos vegetais ou gorduras animais, obtido por reação de transesterificação de um triglicerídeo com um álcool de cadeia curta, metanol ou etanol, na presença de catalisadores para produzirem mono-alquil ésteres e glicerina. O Biodiesel se destaca pela sua expressiva capacidade de reduzir substancialmente as emissões de diversos gases, a exemplo: monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2), hidrocarbonetos (HC), óxidos de enxofre (SOx), hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAH´s) e material particulado. Cada tonelada de Biodiesel significa uma redução de 2,5 toneladas de CO2 (REVISTA BIODIESEL, 2007). Nas grandes cidades isso representa significativa melhora para a saúde publica. Empresas que substituam o óleo diesel pelo biodiesel, ajudando na diminuição dos gases formadores do aumento do efeito estufa, têm o direito de receber Certificados de Redução de Emissões de Carbono, que poderão ser vendidos diretamente a empresas dos países industrializados ou em bolsas. O processo produtivo do Biodiesel gera um grande número de empregos na área rural, pois fortalece o agronegócio e ajuda a promover o crescimento regional sustentado reduzindo o êxodo rural. De acordo com estudos dos Ministérios do Desenvolvimento Agrário, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento da Integração Nacional e Ministério das Cidades a cada 1% de substituição de óleo diesel por biodiesel produzido com a participação da agricultura familiar podem ser gerados cerca de 45 mil empregos no campo, com uma renda média anual de aproximadamente R$ 4.900,00 por emprego. Se para um emprego no campo são gerados três empregos na cidade, seriam criados, então, 180 mil empregos. Além disso, a utilização do Biodiesel reduz a dependência externa do Brasil em relação ao seu combustível de maior consumo (cerca de 20% do óleo diesel consumido é importado diretamente como derivado) (ALMEIDA, 2006). Atualmente as perspectivas não são positivas para o mercado de combustíveis fósseis. Estima-se que as reservas atuais de petróleo e demais fontes fósseis de energia, só dariam conta do abastecimento mundial dentro de no máximo 50 anos (as do Brasil teriam vida útil de 19,6 anos). Por este motivo, países como o Brasil terão grande importância estratégica para o mundo, pois instituições renomadas como o “National Biodiesel Board” (NBB) afirma que o Brasil sozinho poderá suprir 60% da demanda mundial de biodiesel para substituição do óleo diesel (PROGRAMA NACIONAL DE PRODUÇÃO DE BIODISEL, 2007). Pelos motivos apresentados, o biodiesel, deverá ser o substituto dos combustíveis fósseis, para tanto se faz necessário o desenvolvimento de pesquisas para aperfeiçoar o processo sintético visando aumentar o rendimento, através da otimização do processo e a eficiência de obtenção do biodiesel. Reação de transesterificação De um modo geral chama-se transesterificação à reação de um lipídio com um álcool para produzir um éster e o glicerol. No processo global de transesterificação de óleos vegetais e gorduras representados na Figura 1, são necessárias três moles de álcool por cada mole de triglicerídeo. Na prática, é sempre utilizado um excesso de álcool de modo a aumentar o rendimento em ésteres e permitir a separação do glicerol formado. Na maioria dos casos, é utilizado um catalisador (C) de forma a acelerar a reação. CH2OCOR1 CHOCOR2 + R1-COOR R2-COOR C 3 ROH + R3-COOR CH2OCOR3 Triglicerídeos CH2OH Álcool Ésteres CHOH CH2OH Glicerol Figura 1: Esquema de síntese de biodiesel (ésteres) e glicerol. C = catalise básica (NaOH, KOH, MeONa, EtONa) ou ácida (ácido sulfúrico). Dos vários processos existentes [VICENTE et al., 2007; BARAKOS et al., 2007], a catálise básica [VICENTE et al., 2007] é, sem dúvida, o mais utilizado a nível industrial.[HOZENFELD & FORCELLINI, 2006]. A escolha do álcool está geralmente relacionada com fatores econômicos e aspectos técnicos, como a facilidade de separação dos ésteres e da glicerina. No Brasil a rota etílica tem sido a preferida em virtude da oferta desse álcool, de forma disseminada em todo o território nacional. Sobe o ponto de vista ecológico, o uso do etanol leva vantagem sobre o metanol, quando o etanol pode ser produzido a partir da biomassa. Para o sucesso reacional é fundamental que os reagentes, etanol e óleo sejam isentos de água, pois caso contrário o catalisador será desativado pela água, e conseqüentemente não ocorre à reação de transesterificação. O método desenvolvido conduz a reação utilizando sódio metálico em quantidades estequiométricas na geração do alcóxido, visando bons rendimentos e transferência de metodologia. O trabalho foi dividido etapas, as quais são detalhadas a seguir: 1ª etapa: Variar o tempo de reação para selecionar o período em que ocorre a máxima conversão de ésteres etílicos em um menor espaço de tempo, utilizando óleo refinado; 2ª etapa: Analisar a temperatura ótima, ou seja, verificar a temperatura mínima da reação onde o rendimento seja máximo, minimizando assim os gastos com energia, utilizando óleo refinado; 3ª etapa: Desenvolver a atividade de síntese do Biodiesel utilizando óleo alimentar usado aplicando as melhores condições encontradas ao longo da primeira e segunda etapa; 4ª etapa: Realizar síntese de biodiesel com metanol e comparar o rendimento entre as reações com metanol e etanol, utilizando óleo refinado aplicando as melhores condições encontradas ao longo da primeira e segunda etapa; 5ª etapa: Realizar a síntese de biodiesel com metanol e óleo alimentar utilizado em frituras, aplicando as melhores condições encontradas ao longo da primeira e segunda etapa; 6ª etapa: Realizar a síntese de biodiesel comparando o rendimento entre os álcoois etanol e metanol diminuindo o tempo de reação em experimentos de 30 minutos. 7ª etapa: Caracterização do biodiesel por RMN e Infravermelho. 2. Objetivos 2.1 Objetivo Geral Transformar o óleo vegetal de origem do girassol e o óleo alimentar usado em biodiesel através de reações de transesterificação com etóxido. 2.2 Objetivos Específicos Sintetizar o biodiesel, comparando a eficiência de conversão pelo método de transesterificação tradicional (etanol e NaOH) e reação com etóxido; Otimizar as condições reacionais com etóxico; Caracterizar qualitativamente e quantativamente o biodiesel sintetizado, por métodos de infravermelho e ressonância magnética 1H e 13C; Isolar, purificar e quantificar os subprodutos e o glicerol. 3. Material e Métodos Os procedimentos utilizados para a realização do presente estudo incluem, quando necessário, purificação de reagentes (óleo alimentar usado) e solventes. O óleo comercial foi utilizado como adquirido. Para o processo de síntese tem-se a preparação do alcóxido de sódio, a reação do óleo com o alcóxido de sódio, separação das fases ricas em biodiesel e glicerina, lavagem do biodiesel e secagem do biodiesel seguida de uma filtração final. 2.1 Metodologia da reação de transesterificação A primeira etapa busca determinar o menor tempo de reação para a conversão dos triglicerídeos presentes no óleo de girassol, da marca Salada lote: 0707, em biodiesel, utilizando procedimento descrito por Gallardo, 2007. Metodologia geral: Em um balão de 250 ml equipado com agitação magnética, aquecimento e sistema de refluxo (Figura 2), foi adicionado 150g de óleo de girassol comercial. A temperatura do sistema foi elevada até 55° C e foi adicionado etóxido de sódio, formado pela mistura de 50 ml de álcool etílico 99% e 0,85g de sódio metálico. Este tempo foi estabelecido como tempo zero da reação. A mistura reacional foi mantida na temperatura com agitação magnética em experimentos de 24h, 12h e 3 horas. Então a mistura foi vertida em um funil de separação e deixada decantar por 12h, onde a massa reacional final é constituída de duas fases. A fase mais pesada é composta de glicerina bruta e a fase menos densa é constituída de uma mistura de ésteres etílicos (biodiesel). Posteriormente a separação de duas fases como pode ser visualizado na Figura 3, a glicerina foi separada da fase éster, sendo recolhida para um erlenmeyer, e posteriormente foi determinada a sua massa. Foi retirado o álcool da glicerina no evaporador rotatório e foi determinada sua massa. O glicerol foi lavado com 100 ml de solução de ácido fosfórico (H 3PO4) a 10% e novamente, com 100 ml de água destilada (Figura 4). Após a última lavagem, o biodiesel foi submetido a uma secagem com cloreto de cálcio para posteriormente ser filtrado, pesado e armazenado. Figura 2: Sistema reacional com condensador de refluxo e agitação magnética. Figura 3: Funil de separação contendo biodiesel e glicerol; separação de fases observada após a reação. Depois de verificado o melhor tempo de reação (3h, 12h e 24h) a segunda parte do projeto foi averiguar a temperatura ótima, ou seja, a menor temperatura em que a conversão ocorre com o máximo de rendimento. As reações foram efetuadas a temperaturas de 75°C, 55°C e temperatura ambiente média de aproximadamente 26°C, durante 3 horas, seguindo a metodologia descrita. A terceira parte do projeto foi realizar a síntese do biodiesel com óleo alimentar usado em frituras de peixes, frangos e carnes utilizando a melhor condição experimental encontrada ao longo da primeira e segunda etapa, ou seja, com o tempo de duração da reação de 3h à temperatura ambiente. A quarta etapa do projeto foi realizar a síntese de biodiesel utilizando metanol no lugar do etanol para comparar o rendimento entre os dois álcoois. As reações foram realizadas com óleo de girassol comercial em experimentos de 3 horas à temperatura ambiente. Durante a quinta etapa realizou-se a reação de biodiesel com metanol e óleo alimentar usado em frituras. Finalizando as reações reduziu-se o tempo de reação para 30 min no procedimento geral adotado, utilizou-se o etanol e em reação subseqüente o metanol. As reações foram realizadas em triplicatas para cada condição, onde ao todo foram efetuadas 39 produções de biodiesel, variando o tempo, temperatura, álcool e matéria prima principal, o óleo. 2.2. Reações utilizando hidróxido de sódio Foram realizadas reações utilizando como reagente o hidróxido de sódio, etanol e óleo de girassol comercial porém estas não obtiveram sucesso. 2.3 Reações do biodiesel com álcool propílico Foram testadas três reações com propóxido (álcool propílico e sódio metálico). O procedimento adotado foi semelhante ao das reações com etanol e metanol somente necessitou-se efetuar uma secagem do álcool propílico a qual é relatada a seguir. Metodologia utilizada para obtenção do álcool propílico Em função da desativação do reagente sódio metálico em contato com a água, necessitou-se secar o álcool propílico antes de efetuar as reações. Para isso foi colocado em um balão de fundo redondo, 1 litro de álcool propílico e adicionou-se 5g de fita de magnésio e 0,5g de iodo. Deixou-se a mistura refluxando por algumas horas em seguida elevou-se a temperatura, para que ocorresse a destilação do propanol. MORRISON, 1992 4. Resultados: Quanto à preparação dos reagentes, o óleo alimentar usado passou por secagem com cloreto de cálcio anidro, para que não houvesse vestígios de água no óleo que pudessem formar hidróxido de sódio com o reagente sódio metálico. O cloreto de cálcio foi filtrado, para remoção completa do agente secante, utilizando um kitassato e um funil de Buchner, sendo o vácuo efetuado através de uma bomba de vácuo. Os álcoois metílico e etílico foram usados como adquiridos. O álcool propílico foi seco (magnésio e iodo) e destilado. Preparação do biodiesel A constatação da conversão dos óleos em biodiesel durante a reação de transesterificação foi observada visualmente pelo escurecimento rápido da mistura, que resultou na formação de uma fase superior correspondente aos biodiesel, e uma fase inferior contendo a glicerina. Essa conversão foi confirmada através de métodos espectroscópicos. Na primeira parte do projeto foi realizada a reação com óleo de girassol comercial e etóxido de sódio, em busca da maior conversão do óleo em biodiesel. Com esse propósito foi variado o tempo de reação, deste modo a reação foi mantida por períodos de 3h, 12h e 24h, respectivamente. Após o termino de cada período reacional, ocorreu à separação das fases ricas em biodiesel e glicerol. A fase rica em biodiesel foi lavada com água destilada, seguido por lavagem com solução de ácido fosfórico 10% e novamente, com água destilada. As lavagens foram realizadas com a finalidade de remover o reagente remanescente da reação, e neutralizar o eventual hidróxido de sódio formado durante a reação. Bem como, remover outras impurezas possíveis de formação durante a reação de produção do biodiesel como sabões, alem de traços de etanol e glicerol. Através do balanço de massa do processo, obteve-se como resultado da reação de transesterificação durante a primeira etapa uma média de conversão em 70% de biodiesel, 16% em glicerina, 10% em reagentes (álcool) e 4% em perdas, como podem ser verificados na Tabela 1, onde a variável foi o tempo de reação. Tabela 1 - Rendimento médio da triplicata do processo de obtenção do biodiesel, utilizando óleo de girassol comercial e etóxido de sódio, temperatura de 55 oC e variando o tempo de reação. Temperatura Biodiesel (ésteres etílicos) Glicerina Reagentes Perdas (°C) (%) (%) (%) (%) 3 horas 55 68 16 9 7 12 horas 55 70 16 10 4 24 horas 55 70 16 10 4 Tempo Analisando a Tabela 1 observa-se uma diferença de 2% no rendimento entre as amostras de 3h de reação e as de 24h, sendo assim a reação de transesterificação foi eficiente para os dois tempos reacionais. Foi obtida uma conversão em 68% de biodiesel em 3h e a reação apresentou um rendimento total de 86%. Na segunda parte do projeto foi encontrada a temperatura ótima, desejando-se um maior rendimento em uma menor temperatura. As reações foram realizadas com óleo de girassol comercial e etóxido de sódio, com tempo de duração de 3h, variando a temperatura em 75°C, 55°C e temperatura ambiente (cerca de 26°C), respectivamente. Os resultados estão apresentados na Tabela 2. Tabela 2 - Rendimento médio de triplicata do processo de obtenção do biodiesel, utilizando óleo de girassol comercial, etóxido de sódio, tempo de reação de 3h e variação de temperatura Tempo Temperatura Biodiesel (ésteres etílicos) Glicerina Reagentes Perdas (°C) (%) (%) (%) (%) 3 horas 26 70 10 10 10 3 horas 55 68 16 9 7 3 horas 75 67 15 10 7 Analisando a Tabela 2 contata-se a conversão média da triplicata de até 70% em biodiesel a temperatura ambiente. Sendo assim os gastos com energia foram minimizados, pois a reação pode ser satisfatoriamente realizada a temperatura ambiente. Partindo da quantidade de óleo utilizada na reação, observa-se uma taxa de conversão de 90% em biodiesel, com produção de glicerina como subproduto, através de processo simples e rápido. As perdas no processo foram de 7 a 10% (Tabela 2), as quais podem ser reduzidas com a recuperação do etanol. A comercialização da glicerina, torna o processo mais rentável, isso para o processo em escala piloto ou industrial. A obtenção de resultados satisfatórios no decorrer da primeira e segunda etapa do trabalho com óleo de girassol comercial estimulou aplicar as condições reacionais ótimas obtidos nas reações, para a matéria prima sendo o óleo alimentar usado. A terceira parte do projeto foi realizar a síntese do biodiesel com óleo alimentar usado em frituras de peixes, frangos e carnes, com o tempo de duração da reação de 3h à temperatura ambiente. Esta etapa permitiu comparar o rendimento do biodiesel obtido com o óleo de girassol comercial e com óleo alimentar utilizado em frituras. A transesterificação a partir de óleos alimentares usados em frituras mostrou excelentes resultados (Tabela 3) com rendimentos altos à temperatura ambiente. Tabela 3 – Rendimento da síntese do processo de obtenção do Biodiesel, utilizando óleo alimentar usado, etóxido de sódio, tempo reacional de 3h e temperatura 26° C. Tempo Temperatura Biodiesel (ésteres etílicos) Glicerina Reagentes Perdas (°C) (%) (%) (%) (%) 3 horas 26 70 14 10 6 3 horas 26 71 11 8 10 3 horas 26 69 11 8 12 Média 26 70 12 8,5 9 Na Tabela 3 verifica-se um rendimento médio da triplicata de 70% de conversão de biodiesel, 12% de glicerol, 8,5% de reagentes e 9% de perdas, sendo então o rendimento total da reação de 82%. Os resultados quando utilizado óleo alimentar usado foram semelhantes às reações efetuadas com o óleo de girassol comercial. Visando reduzir ainda mais os custos com energias, principalmente em função do tempo gasto com agitação da massa reacional, foi reduzido o tempo de reação devido aos rendimentos terem sido satisfatórios durante as reações de 3h à temperatura ambiente. Na Tabela 4, a reação de síntese do biodiesel foi realizada com álcool etílico, óleo alimentar usado e tempo de reação de 30 minutos, o rendimento médio da triplicata foi de 80%, sendo 68,5% de biodiesel e 8,4% de glicerina. Tabela 4 - Processo de síntese do biodiesel com óleo alimentar usado, etóxido de sódio, tempo de reação de 30 minutos e temperatura ambiente. Tempo Temperatura Biodiesel (ésteres etílicos) Glicerina Reagentes Perdas (°C) (%) (%) (%) (%) 30 minutos 24 66 7,97 1,06 24,9 30 minutos 24 73,6 6,94 5,5 13,9 30 minutos 24 66 10,24 2,21 21,5 Média 24 68,5 8,4 3 20 Comparando os resultados das reações realizadas em 30 minutos (Tabela 4) e em 3 horas (Tabela 3) observou-se uma diferença de 1,5% no rendimento do biodiesel. As reações efetuadas durante 30 minutos, repetiram os resultados das realizadas em três horas. Enfatiza-se que a temperatura ambiente das reações de 30 minutos estavam cerca de 2 ºC mais baixa do que as reações com 3 horas de duração. Desse modo reduzindo a utilização de água pois não necessita condensar os vapores. Está economia de água nas reações de transesterificação consiste em um fator significante, pois o sistema de refluxo demanda certa abundancia de água corrente com a finalidade de que o álcool presente na mistura não evapore. A comercialização da glicerina obtida no processo de síntese do biodiesel e a recuperação do etanol, utilizados em excesso poderá baixar os custos de produção em escala piloto ou industrial. A glicerina obtida nesse projeto foi armazenada para ser utilizada como matéria prima no projeto “SÍNTESE DE CRISTAL LÍQUIDO POLIMÉRICO PARA UTILIZAÇÃO EM PLACAS PIBIC2008/UNISUL – CNPq. DE ENERGIA” aprovado no programa Caracterização do biodiesel por IV e RMN – 1H Para comprovar a obtenção do produto desejado, o biodiesel, realizou-se a caracterização por meio de análises de IV e RMN-H. As análises de Infravermelho foram realizadas em um aparelho PerkinElmer modelo 16PC, e as análises de RMN 1H foram realizadas em um espectrômetro Varian Mercury Plus 400 MHz. Os espectros de RMN 1H foram obtidos usando tubos de diâmetro de 5 mm e como solvente clorofórmio deuterados. Os deslocamentos químicos são dados em parte por milhão (ppm), usando como padrão interno o tetrametilsilano (TMS). Os espectros de IV foram obtidos utilizando pastilhas de KBr. Caracterização por RMN – 1H Os resultados obtidos no espectro RMN – 1H, apresentado na Figura 4, foram muito semelhantes para todos os produtos, nas diferentes temperaturas e tempos de reação, com etóxido de sódio e óleo utilizado. No espectro de RMN 1H (Figura 4) para o biodiesel de óleo de girassol comercial e etóxido de sódio, obtido a temperatura ambiente (26o C) em 3h de reação, observa-se em 5,32 ppm um multiplete correspondente aos hidrogênios vinílicos (C=C-H), em 4,14 ppm, um quarteto correspondendo aos hidrogênios metilênicos do grupo éster (CH2OOC), 2,26 ppm um triplete correspondente aos hidrogênios metilênicos vizinhos a carbonila (CH2COO), em 1,99 ppm e em 1,56 ppm, observa-se os sinais referentes aos hidrogênios metilênicos vizinhos à vinila (C=C-CH2), em 1,23 ppm os demais hidrogênios metilênicos (CH 2) e os hidrogênios correspondente a metila do grupo éster (CH3CH2OOC), em 0,87 ppm, um triplete referente aos hidrogênios da metila (CH3). Figura 4 – Espectro de RMN – 1H para o biodiesel de óleo de girassol comercial, obtido a temperatura ambiente (26o C) em 3h de reação. Fonte: Universidade Federal de Santa Catarina, 2008. Caracterização por IV Os resultados obtidos no espectro de IV, apresentado na Figura 5, foram semelhantes para todos os produtos obtidos nas diferentes temperaturas e tempos de reação, com etóxido de sódio e óleo utilizado. No espectro de IV (Figura 8) para o biodiesel de óleo de girassol comercial, obtido a temperatura ambiente (26 oC) em 3h de reação, observam-se as bandas com comprimento de onde de 2926 e 2854 (CH), 1739 (C=O), 1465, 1371, 1180, 1035, as quais podem ser confirmadas na figura 5. 45 40 15 10 1739.79 2926.01 2854.64 424.339 20 gc_fra.spc 3600 3400 3200 3000 2800 497.633 482.203 471.594 459.057 440.733 412.766 405.05 602.754 593.11 546.818 1180.43 25 5 715.589 1035.77 1465.9 30 1371.38 35 2600 2400 2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 Wavenumbers Figura 5 – Espectro IV para o biodiesel de óleo de girassol comercial, obtido a temperatura ambiente (26o C) em 3h de reação. Fonte: Universidade Federal de Santa Catarina, 2008. 4.1 Outros Resultados Reações utilizando metóxido e propóxido Durante a quarta e quinta etapa as reações foram realizadas nas mesmas condições da etapa anterior, que seguem a utilizando óleo girassol comercial e óleo alimentar usado, tempo reacional de 3h e à temperatura ambiente (24°C), utilizando álcool metílico. Nesta fase do projeto o período do ano era outono/inverno e as temperaturas apresentaram-se inferiores à 26°C. Á temperatura média dos dias em que foram realizadas as reações era de aproximadamente 24º C no laboratório de química. As reações de síntese de biodiesel com álcool metílico, tanto com óleo de girassol comercial e óleo alimentar usado, respectivamente, foram realizadas sem a utilização de sistema de refluxo. As Tabelas 5 e 6 apresentam os resultados das sínteses de biodiesel realizadas com álcool metílico e óleo de girassol comercial e com óleo alimentar usado, respectivamente. Tabela 5 – Rendimento da síntese do processo de obtenção do biodiesel, utilizando óleo girassol comercial, metóxido de sódio, tempo reacional de 3h e temperatura 24°C. Tempo Temperatura Biodiesel (ésteres metílicos) Glicerina Perdas (°C) (%) (%) (%) 3 horas 24 70,5 14,06 15,44 3 horas 24 74 12,5 13,5 3 horas 24 72,21 9,04 18,75 Média 24 72,2 11,8 15,8 Quando utilizado óleo girassol comercial, o rendimento médio da triplicata foi de 84%, sendo 72,2% de biodiesel e 11,8% de glicerina, como pode se verificado na Tabela 5. Na Tabela 6, quando a reação foi realizada com óleoalimentar usado, o rendimento médio da triplicata foi de 85%, sendo 72,2% de biodiesel e 12,7% de glicerina. Tabela 6 - Rendimento da síntese do processo de obtenção do biodiesel, utilizando óleo alimentar usado, metóxido de sódio, tempo reacional de 3h e temperatura ambiente. Tempo Temperatura Biodiesel (ésteres metílicos) Glicerina Perdas (°C) (%) (%) (%) 3 horas 24 74 12,16 13,84 3 horas 24 70,5 13,21 16,3 3 horas 24 72 12,7 15,3 Média 24 72,2 12,7 15,1 Na Tabela 7 tem-se os resultados das sínteses em triplicata de biodiesel realizadas com óleo alimentar usado, metóxido de sódio, temperatura ambiente e tempo de reação de 30 minutos. Tabela 7 - Processo de síntese do biodiesel com óleo alimentar usado, metóxido de sódio, tempo de reação de 30 minutos e temperatura ambiente. Tempo Temperatura Biodiesel (ésteres metílicos) Glicerina Reagentes Perdas (°C) (%) (%) (%) (%) 30 minutos 24 75 9,5 5 10,5 30 minutos 24 75 9,5 5 10,5 30 minutos 24 72,5 9,5 4,8 10,6 Média 24 74,2 9,5 4,9 10,5 Na Tabela 7 pode ser verificado que o rendimento médio da triplicata foi de 83,7%, sendo 74,2% de biodiesel e 9,5% de glicerina. As reações com metanol mostraram-se em termos de rendimento semelhantes às reações com etanol. Fazendo uma comparação entre rendimento obtido com metanol e etanol verificou-se uma diferença de 2% a mais no teor de biodiesel e de glicerina nas reações efetuadas com metanol. Para as reações efetuadas com óleo alimentar usado e metanol, considera-se obtido valores semelhantes às reações efetuadas com o óleo de girassol comercial. No espectro de RMN 1H para o biodiesel de óleo de girassol comercial, obtido a temperatura ambiente (24 oC) em 3h de reação com metóxido de sódio observa-se em 5,32 ppm um multiplete correspondente aos prótons vinílicos (C =C- H), em 3,64 ppm, um singlete correspondendo aos prótons metílicos do grupo éster (CH3), em 2,28 ppm, um triplete correspondente aos prótons metilênicos vizinhos a carbonila (CH2COO), em 1,96 ppm e em 1,56 ppm, observa-se os sinais referentes aos prótons metilênicos vizinhos à vinila (C=CCH2), em 1,23 ppm os demais prótons metilênicos (CH2) e, em 0,87 ppm, um triplete referente a metila (CH3). Os espectros de RMN 1H foram semelhantes para todos os biodieseis obtidos com metóxido indiferente do tempo e temperatura de reação. As reações de síntese do biodiesel com propanol, etapa 6 do trabalho, ocorreu com sucesso, sendo os rendimentos foram inferiores as reações efetuadas com etanol e metanol. Essas reações não foram realizadas em triplicata. O rendimento mínimo foi de 36,51% e o máximo foi de 65% de conversão em ésteres propílico. Os espectros de IV e RMN 1H ainda não foram realizados. Reações utilizando hidróxido de sódio etanol Foram também realizadas reações utilizando como reagente o hidróxido de sódio, porém estas não obtiveram sucesso. Após cinco tentativas variando a quantidade do regente NaOH, sem ocorrência do processo de transesterificação acredita-se que o motivo é devido a presença de ácidos graxos livres da matéria-prima que pode neutralizado parte do reagente, também pode ter ocorrido a reação de saponificação, sendo esse o método clássico de produção de sabão. 5. Conclusões No trabalho foi realizado o estudo do processo de síntese de biodiesel, a partir de óleo de girassol comercial e óleo alimentar usado com alcóxidos. Tendo-se alcançado os objetivos de compreensão da reação de transesterificação, otimização das condições reacionais e caracterização do produto biodiesel, que garantam uma produção eficiente deste combustível. Foi verificado que a etanólise do óleo de girassol comercial e do óleo alimentar usado, apresentou excelente viabilidade técnica, comparável a própria transesterificação metílica, tantas vezes indicada como de maior simplicidade operacional. A etanólise do óleo pode ser conduzida com grande sucesso e em alto rendimento, permitindo a obtenção de um produto de qualidade e facilitando a eventual transferência desta tecnologia para o pequeno e médio produtor. De um modo geral, variações na temperatura durante a síntese do biodiesel não apresentaram influência significativa sobre o rendimento da reação, sendo assim o processo pode ocorrer satisfatoriamente à temperatura ambiente. Também não foi verificado influencia importante no tempo de reação, sendo que foi testado reações de 30 minutos, 3h, 12h e 24h. Com a redução de tempo e temperatura, tem-se uma importante redução de custos de produção e redução de uso de recursos naturais, como, água e energia. Esse estudo pode ampliar a produção brasileira, fazendo com que a demanda de produção e o uso do biodiesel aumentem, tornando-o mais atraente, pois explora uma matéria prima com baixo valor agregado (óleo alimentar usado) e de grande impacto ambiental. Nas questões sociais a indústria de biodiesel poderá gerar um grande número de empregos diretos ou indiretos, tanto no cultivo como nas fábricas propriamente ditas. Para os agricultores a utilização de biodiesel como combustível para suas máquinas, como por exemplo, nos tratores, soma-se a vantagem de economizar em combustível além de reduzir a geração de resíduos e a necessidades de tratamento destes. O processo produtivo do biodiesel fortalece o agronegócio e ajuda a promover o crescimento regional sustentado, reduzindo o êxodo rural. A diminuição das emissões atmosféricas, o desenvolvimento de produtos biodegradáveis gerado por fontes renováveis, como o óleo vegetal, se encaixam na questão ambiental mundial, como os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL). A continuidade deste trabalho pode ocorrer pela produção em escala piloto e avaliação de desempenho, pelo uso em veículos ou motores analisando as emissões geradas e resíduos formados dentro dos motores e componentes auxiliares. A utilização de biodiesel como combustível tem apresentado um potencial promissor no mundo inteiro. Em primeiro lugar, pela sua enorme contribuição ao meio ambiente, com a redução qualitativa e quantitativa dos níveis de poluição ambiental, e, em segundo lugar, como fonte estratégica de energia renovável em substituição ao óleo diesel e outros derivados do petróleo. Este trabalho constitui então uma proposta de metodologia para uma matéria prima com potencial para geração de energia, menos poluente e de baixo custo. TRABALHOS APRESENTADOS EM EVENTOS: Parte do relatório foi apresentada em congressos nacional e internacional, sendo: Apresentação na forma de Pôster no VI Simpósio Brasileiro de Engenharia Ambiental organizado pela Associação Brasileira de Engenharia Ambienta que ocorreu nos dias 30 de Abril à 3 de Maio em Serra Negra - SP. Apresentação na forma Oral no VI Simpósio Internacional de Qualidade Ambiental organizado pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES- RS), este ocorreu nos dias 26 à 28 de Maio em Porto Alegre - RS. Apresentação na forma de Pôster no 60a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência que ocorreu nos dias 13 a 18 de julho de 2008 em Campinas – SP. O Trabalho foi submetido ao PRÊMIO MERCOSUL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA – ANO 2008, o resultado dos trabalhos vencedores será divulgado no dia 22 de setembro de 2008. O trabalho esta sendo reescrito para ser submetido a publicação em revista indexada. Agradecimentos A UNISUL pelo incentivo a pesquisa, ao CNPq pela bolsa de iniciação cientifica e ao prof. Dr. Hugo Gallardo da UFSC. 6. Referências ALMEIDA, C. C, et al. Apropriação dos recursos naturais no programa nacional de produção e uso do biodiesel, Química Nova, 2006. ASG RENAISSANCE. Biodiesel End-user Survey: Implications for Industry Growth – Final Report Out. Citação de referências e documentos eletrônicos. Disponível em: < http://www.biodiesel.org/ >. Acesso em Abril de 2007. BARAKOS, S.; PASIAS, N.; PAPAYANNAKOS, B. Transesterification of triglycerides in high and low quality oil feeds over an HT2 hydrotalcite catalyst, Bioresource Technology, 2007. CRUZ, R. S., et al. Análise comparativa do biodiesel derivado do óleo de soja obtido com diferentes álcoois, Química Nova, 2007. FERRARI, R. A.; OLIVEIRA, V. S.; SCABIO, A. Química Nova, v.28, n.1, p. 1923, 2005 GALLARDO, H. S. Prepraração de biodiesel utilizando como matéria prima de óleos vegetais e gordura animal. Florianopólis, 56 p., 2007. Trabalho de Conclusão de Curso - Universidade Federal de Santa Catarina. HOZENFELD, H.; FORCELLINI, F. Gestão de desenvolvimento de produtos: uma referência para a melhoria do produto. Ed. Saraiva, 2006. Mc MURRY. Química Orgânica, 5ªed. Livros técnicos e Científicos, Editora Guanabara Koogan S. A., 2005 MORRISON R. T.; BOYD, R. N. Química Orgânica, 8 ed., Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2006. PETERSON, C L.; HUSTRULID, T. Biomass and bioenergy, 14, 2, 471, 1998. PROGRAMA NACIONAL DE PRODUÇÃO E USO DE BIODIESEL. Citação de referências e documentos eletrônicos. Disponível em: < http://www.biodisel.gov.br > Acesso em Março de 2007. REVISTA BIODIESEL. Citação de referências e documentos eletrônicos. Disponível em: < http://www.revistabiodisel.com.br >. Acesso em 03/04/2007. SOLOMONS, T. W. G. Química Orgânica; V1 e V2, 6a ed; Livros Técnicos e Científicos; Rio de Janeiro; 1996. TAUTZ, C. Ecologia e desenvolvimento, 2002, 103, 1. VICENTE G., MARTÍNEZ M., ARACIL J. Optimisation of integrated biodiesel production. Part I. A study of the biodiesel purity and yield, Bioresource Technology, n. 98, p. 1724–1733, 2007. VICENTE G., MARTÍNEZ M., ARACIL J. Optimisation of integrated biodiesel production. Part II: A study of the material balance, Bioresource Technology, n. 98, p. 1754–1761, 2007.