Escola SENAI “Conde Alexandre Siciliano” Cálculos para Moldes de injeção Plástica Curso Técnico em Plástico Disciplina: Projeto de Moldes Prof°.: Valdir Carlos Meneguello Curso Técnico em Plástico Cálculos para Molde de Injeção Plástica Índice Cálculos para molde de Injeção Plástica.................................................................. 4 Balanceamento de cavidades............................................................................... 4 Capacidade de injeção: ........................................................................................ 5 Capacidade de Plastificação ................................................................................ 6 Força de Injeção ................................................................................................... 7 Força de Fechamento........................................................................................... 7 Força de Agarre.................................................................................................... 8 Ciclo de Operações ............................................................................................ 10 Cálculo de Resistência da Cavidade .................................................................. 11 Placa Suporte ..................................................................................................... 13 Canais de Distribuição........................................................................................ 14 Cálculo dos Canais............................................................................................. 14 Refrigeração ....................................................................................................... 15 Cálculo do resfriamento com água ..................................................................... 16 Requisitos para um esfriamento uniforme. ......................................................... 18 Bibliografia:......................................................................................................... 19 2 Curso Técnico em Plástico Cálculos para Molde de Injeção Plástica Índice de Tabelas Tabela - 1 Densidade, Fator Volumétrico, Calor específico e contração. ................ 6 Tabela 2 - Temp. de Inj. / Pressão de Inj. / Temp. do Molde ................................... 9 Tabela 3 – Tensão de Tração e Flexão dos aços .................................................. 12 Tabela 4 - Tensão Admissível dos Aços ................................................................ 13 Tabela 5 - Valores práticos do conteúdo total de calor do material plastificado..... 17 3 Curso Técnico em Plástico Cálculos para Molde de Injeção Plástica Cálculos para molde de Injeção Plástica Balanceamento de cavidades Quando temos que moldar peças diferentes mo mesmo molde, este deve ser balanceado evitar o seu empenamento. A pressão de injeção aplicada sobre uma área gera força. F =P⋅A Se as peças forem diferentes, teremos forças diferentes aplicadas em diferentes pontos do molde. O cálculo a seguir, equilibra as forças em relação ao centro do molde. Seqüência: Posicionar todas as peças no molde menos uma. Posicionar eixos X e Y coordenados com um centro coincidente com o centro do molde. Calcular as áreas das figuras envolvidas Determinar as coordenadas dos centros das áreas (x1; y1), (x2; y2)... Calcular as coordenadas das figuras que não foram posicionadas. x = A1 ⋅ x1 + A2 ⋅ x2 + A3 ⋅ x3 + … = 0 y = A1 ⋅ y1 + A2 ⋅ y2 + A3 ⋅ y3 + … = 0 4 Curso Técnico em Plástico Cálculos para Molde de Injeção Plástica Capacidade de injeção: As máquinas injetoras são freqüentemente avaliadas de acordo com a quantidade de determinado material plástico que injetam em um ciclo. Essa capacidade pode ser medida em gramas e utiliza o PS (poliestireno) como material Padrão. Quando injetamos um material diferente do PS, devemos calcular a capacidade de injeção da injetora para o material desejado, considerando a densidade e o fator volumétrico (Fv), então temos: CIx = CIps × densidade mat x densidade do PS × Fv do PS Fv do mat x Chamamos de “peso total de moldagem” (PM), a quantidade de material necessária para injetar peça, canal de injeção, canais de distribuição e eventuais rebarbas, sendo que a injeção só será possível se: CI > PM Exemplo: Verificar se é possível injetar uma peça de PP que pesa 170 g em uma injetora com capacidade para 180 g. Sabe-se: Material Densidade (g/cm³) CIx = CIps × Fv PS 1,04 2,02 PP 0,9 1,94 densidade mat x densidade do PS × Fv do PS Fv do mat x = 180 × 0,9 1, 04 × 2 , 02 1, 94 = 162,19 g ∴ CI < PMσ R: Não será possível a injeção nesta máquina, pois a CI é menor que o PM, devemos utilizar uma injetora com capacidade de injeção maior que 180 g. 5 Curso Técnico em Plástico Cálculos para Molde de Injeção Plástica Tabela - 1 Densidade, Fator Volumétrico, Calor específico e contração. SIGLA Peso específico (densidade) g/cm³ Fv Calor específico Contração Kcal/Kg ºC % PS 1,04 2,02 135 0,2 a 0,6 PA 1,14 2,05 325 0,7 a 1,0 PP 0,9 1,94 275 2,5 PEAD 0,95 1,81 325 2,0 a 5,0 PEBD 0,92 2,07 275 2,0 a 5,0 ABS 1,05 1,9 155 0,4 a 0,6 PVC 1,35 2,3 92 2,5 PMMA 1,18 1,9 122 0,2 a 0,8 SAM 1,05 2,03 135 0,4 a 0,6 PC 1,2 1,8 181 0,4 a 0,8 Capacidade de Plastificação A quantidade máxima de material padrão (Poliestireno) que a máquina consegue amolecer por hora, para ser moldado. Normalmente, sua capacidade máxima padronizada em poliestireno. O peso específico e fator volumétrico dos materiais plásticos são diferentes, por isso quando for injetar material plástico que não seja poliestireno, deve-se usar a seguinte fórmula: CP = CpPS × Caloria do PS Caloria do mat. a ser injetado Na prática, devemos usar apenas 80%da capacidade da máquina, portanto: CP = CpPS × Caloria do PS × 0,8 = Caloria do mat. a ser injetado Kg / h Onde: CP= Capacidade de plastificação em kg/hora Caloria dos materiais = Calor específico (tabela 1). 6 Curso Técnico em Plástico Cálculos para Molde de Injeção Plástica EXEMPLO: Determinar a capacidade de plastificação para injetar Nylon (PA), sendo que a capacidade de plastificação da máquina é de 40 kg/h em poliestireno. CP = CpPS × Caloria do PS 135 × 0,8 ⇒ Cp = 40 × × 0,8 ⇒ Cp = 13, 29 Kg / h Caloria do mat. a ser injetado 325 Força de Injeção É a força que surge na cavidade de moldagem quando se aplica a pressão de injeção à área projetada da peça sobre a cavidade. Fi = Pi ⋅ Ap Onde: Fi = Força de injeção Pi = Pressão de injeção Ap = Área da peça Área Projetada: É a área representada pela sombra da peça na linha de fechamento, conforme mostrado abaixo. Força de Fechamento Durante o processo de injeção o material plástico deve ser injetado dentro da cavidade com pressão suficiente para preencher a cavidade. A esta pressão chamamos de Pressão de injeção, que varia de: Pi = 700 a 1400 kgf/cm2 7 Curso Técnico em Plástico Cálculos para Molde de Injeção Plástica Como o processo de injeção depende de vários fatores, consideramos para cálculo sempre o maior valor. O material plástico para chegar até a cavidade percorre canais, sofre mudanças de direção e estrangulamento que provocam perdas na carga; então a pressão dentro da cavidade é: ⎛1 2⎞ Pc = ⎜ a ⎟ ⋅ Pi ⎝ 2 3⎠ Ou seja: Pc = 2 ⋅ Pi 3 Pelo princípio básico da hidráulica, toda pressão que é aplicada a um fluído sobre uma área, gera uma força; ou seja: P = F ⋅ A nesse caso, temos: Fc = Pc ⋅ Ap Onde: F f > Fc Fc = Força das Cavidades Pc = Pressão nas cavidades Ap = Área Projetada F f = Força de fechamento Força de Agarre A força de agarre é aquela que se forma na superfície de contato do plástico com o aço e que é muito evidente quando a peça fica em tomo de um macho, ou superfície de gavetas. E é dada por: Fa = Força de agarre Fa = Aa ⋅ 10 Kg cm 2 Onde: Aa = Área de agarre (superfície de contato) 8 Curso Técnico em Plástico Cálculos para Molde de Injeção Plástica Tabela 2 - Temp. de Inj. / Pressão de Inj. / Temp. do Molde Material Temperatura de Injeção (ºC) Pressão de Injeção kg/cm² Mín. Máx. Temperatura do Molde (ºC) Polietileno de alta desnsidade 150 – 250 700 1400 30 – 70 Polietileno de média densidade 150 – 250 600 1400 30 – 70 115 – 140 400 1200 150 – 250 600 1400 120 – 150 405 1200 180 – 280 700 1400 Poliestireno de alto impacto 140 – 190 750 1200 200 – 300 750 1400 Poliestireno Natural 140 – 190 750 1200 200 – 300 700 1400 190 – 300 700 1400 120 – 160 500 1200 170 – 215 700 1400 140 – 180 700 1100 190 – 300 700 1400 160 – 200 700 1200 210 – 320 700 1400 180 – 220 800 1400 160 – 260 700 1400 Poliacetal 190 – 240 700 1400 60 – 70 Policarbonato 230 – 315 980 1400 80 PVC Rígido 150 – 215 700 1400 30 – 70 80 – 140 720 1200 150 – 190 500 1400 160 – 190 500 1400 Polietileno de baixa densidade Polipropileno Poliestireno Acrilonitrila ABS Nylon 6 Nylon 6/6 Acrílico PVC Flexível PVC Copolímero 30 – 70 30 – 80 30 – 80 60 – 80 40 – 80 70 – 80 80 – 120 80 – 120 50 – 70 30 – 70 30 – 70 9 Curso Técnico em Plástico Cálculos para Molde de Injeção Plástica Ciclo de Operações A quantidade de injeção feita por hora ou por minuto. Depende da capacidade da máquina injetora e do peso de moldagem. Pode ser determinada por: 1º) Injeção por hora (IH) IH = Capac. de plastif . do material a injetar ( Kg / h) = Peso de moldagem do material a injetar ( Kg ) Injeções / hora 2º) Injeção por minuto (IM) IM = IH = 60 Injeções / min 3º) Tempo do ciclo (TC) TC = 60 = IM segundos EXEMPL0: Uma injetora tem capacidade de injeção de 120 g em poliestireno, com capacidade de plastificação e 8 kg/hora. Querendo-se injetar 100 g em NYLON, verificar se possível usar esta máquina, quantas injeções serão feitas por hora e qual será o tempo do ciclo? 1º) Capacidade de Injeção CIx = CIps × densidade mat x densidade do PS × Fv do PS Fv do mat x = 120 × 1,14 1,04 × 2,02 2,05 = 129, 6 g ∴ CI > PM ⇒ 129, 6 >100 É possível usar esta máquina. 10 Curso Técnico em Plástico Cálculos para Molde de Injeção Plástica 2º) Capacidade de Plastificação CP = CpPS × Caloria do PS 135 × 0,8 ⇒ CP = 8 × × 0,8 ⇒ CP = 2, 658 Kg / h Caloria do mat. a ser injetado 325 3º) Número de injeções por hora IH = Capac. de plastif . do material a injetar 2, 658 ⇒ IH = = 26,58 Injeções / hora Peso de moldagem 0,1 4º) Injeções por minuto IM = 26,58 IH ⇒ IM = = 0, 443 Injeções / min 60 60 5º) Tempo do ciclo TC = 60 60 ⇒ TC = = 135 segundos = 2 min e15 segundos IM 0, 443 Cálculo de Resistência da Cavidade Para cavidade cilíndrica: (medidas em cm) Onde: d = Ø da cavidade PC = pressão na cavidade σt = Tensão de Tração (material da cavidade) σf = Tensão de Flexão (material da cavidade) e = 0,625 ⋅ d ⋅ PC σt h= d PC ⋅ 1,2 ⋅ 2 σt 11 Curso Técnico em Plástico Cálculos para Molde de Injeção Plástica Para Cavidade Retangular ou Quadrada: (medidas em cm) Onde: Z= l = L= hl = h= σf = /L Largura da cavidade Comprimento da cavidade Altura da cavidade Espessura do fundo Tensão de Flexão σt = Tensão de Tração e = 0,5 ⋅ l PC ⋅ hl σt el = 0,5 ⋅ h = 0,66 ⋅ l ⋅ 1,2 ⋅ 2 PC ⋅ l ⋅ Z 2 σf L PC ⋅ hl σt Tabela 3 – Tensão de Tração e Flexão dos aços MATERIAL σ f (kg/cm²) σ t (kg/cm²) AÇO 1010 550 500 AÇO 1020 700 650 AÇO 1030 950 850 AÇO 1040 1050 950 AÇO 1050 1400 1250 AÇO Temperado 1400 1250 12 Curso Técnico em Plástico Cálculos para Molde de Injeção Plástica Placa Suporte É o elemento do molde que sofre todo o esforço devido à moldagem, isto é, a forma de compressão (Fc). A placa suporte está apoiada sobre calços, deve resistir à força de compressão (Fc) sem se deformar (por flexão). Se ocorrer às deformações inconvenientes, o produto terá rebarbas e alterações dimensionais indesejadas. Então temos: e= e 0,75 ⋅ Fc ⋅ l L ⋅σa = espessura mínima da placa podendo ser arredondado o valor para um número inteiro superior. Fc = força de compressão Onde: l = vão entre os calços L = comprimento do molde σ a = tensão admissível de trabalho da placa superior Tabela 4 - Tensão Admissível dos Aços SAE 1010 – 1020 840 Kgf/cm² SAE 1030 – 1040 1000 Kgf/cm² SAE 1045 – 1050 1250 Kgf/cm² 13 Curso Técnico em Plástico Cálculos para Molde de Injeção Plástica Canais de Distribuição Para o material chegar até as cavidades o mesmo tem que percorrer um caminho que é chamado de "CANAL" de distribuição. Além deste, usa-se também o canal de corte que serve para destacar a peça dos canais. Então temos: Obs.: O canal de distribuição deve ser feito na forma cilíndrica, porque o material esfria de fora para dentro. Cálculo dos Canais Área de secção transversal do canal de distribuição (Ad) Ad = 0,3875 ⋅ P = mm 2 Onde: P = peso do produto em gramas. Área da secção transversal do canal de corte (Ac): Ac = 0,1875 ⋅ P = mm 2 14 Curso Técnico em Plástico Cálculos para Molde de Injeção Plástica Refrigeração A refrigeração em um molde é feita normalmente com água que pode estar na temperatura ambiente, gelada ou aquecida (para aquecimento usa-se também óleo). Os furos nas placas do molde devem estar próximos à superfície onde se formará o produto, mas não tão próximo a ponto de causar rechupes. O diâmetro do furo de refrigeração deve ser o maior possível, para que a área de troca de calor seja a maior possível. Levando-se em consideração que as conexões têm o diâmetro interno de 6 ou 8 mm, a vazão aproximada será de 20 litros por minuto. O líquido refrigerante deverá passar pela placa em caminhos o mais curto possível para que a diferença entre a temperatura de entrada e de saída seja o menor possível. 15 Curso Técnico em Plástico Cálculos para Molde de Injeção Plástica Cálculo do resfriamento com água A quantidade de calor a ser extraída do molde é dada por: Qc = Gm [Cm (t1 − t 2 ) + L ] onde: Qc - quantidade de calor a ser retirada [ kcal/h ] Gm - quantidade de material injetado por hora [ kg/h ] Cm - calor específico do material plástico [ kcal/kg°C ] t1 - temperatura de injeção do material [°C] t2 - temperatura da ferramenta [°C] L - calor latente de fusão do material [ kcal/kg ] (onde o material se transforma em fundido) Alternativamente, se o calor total por quilograma do material plástico for conhecido, teremos: Qc = Gm ⋅ q Onde: q - quantidade total específica de calor [ kcal/kg ] (Valor de “L” na tabela abaixo) A quantidade de H2O para o resfriamento é dado por: Qa - Quantidade de Água [kg/h] Qa = Qc K ⋅ ( t 4 − t3 ) Onde: t3 - Temperatura de entrada [°C] t4 - Temperatura de saída [°C] K - coeficiente de eficiência 16 Curso Técnico em Plástico Cálculos para Molde de Injeção Plástica Valores de K : K = 0,64 - Circulação feita na cavidade ou núcleo do macho K = 0,50 - Circulação feita na placa porta matriz K = 0,10 - Circulação em tubos de cobre Obs.:- 1 litro = 1 kg Tabela 5 - Valores práticos do conteúdo total de calor do material plastificado Materiais abreviaturas Materiais nome “L” Kcal/kg Temp. Molde ºC CA ACETATO DE CELULOSE 124 10 a 45 CAB BUTIRATO ACETATO DE CELULOSE 111 10 a 45 PA NYLON 300 - 500 30 a 120 PVC PVC 90 15 a 60 PMMA METIL METACRILATO 123 40 a 100 PS POLIESTIRENO 120 – 150 18 a 70 ABS ACRILONITRILA BUTADIENO ESTIRENO 140 – 170 18 a 65 SAN ACRILONITRILA ESTIRENO 120 – 150 18 a 65 PEBD POLIETILENO – BAIXA DENSIDADE 250 – 300 15 a 60 PEAD POLIETILENO – ALTA DENSIDADE 300 – 350 15 a 100 PP POLIPROPILENO 250 – 350 20 a 90 POM ACETAL 180 Máx. 95 17 Curso Técnico em Plástico Cálculos para Molde de Injeção Plástica EXEMPLO: Calcular a quantidade de água que deverá circular no molde para refrigerá-lo. DADOS: Material a ser injetado: PVC rígido Capacidade de plastificação: 80 kg/hora Temperatura de saída (Ts) = 45°C Temperatura de entrada (Te) = 15°C Tipo de refrigeração: Circulação feita nas placas 1) Cálculo da quantidade de calor retirado do molde Qc = Gm ⋅ q = 80 ⋅ 90 = 7200 Kcal / h 2) Cálculo da quantidade de água que circulará no molde Qa = Qc 7200 = = 375 Kg / h K ⋅ (t 4 − t3 ) 0,64 ⋅ (45 − 15) Requisitos para um esfriamento uniforme. • O fluxo do refrigerante é turbulento. • A área dos canais de esfriamento é suficiente. • A diferença de temperatura através da capa de refrigerante/metal deve ser da ordem de 2 a 5°C. • A diferença de temperatura entre a saída e a entrada do canal é conveniente que seja da ordem de 2 a 3°C • Para se controlar as temperaturas nas paredes do macho e cavidade é preciso dispor adequadamente os canais de esfriamento, com distancia calculadas, as superfícies da peça. 18 Curso Técnico em Plástico Cálculos para Molde de Injeção Plástica Bibliografia: Apostila Curso Técnico em Plástico - SENAI Apostila de Projeto de moldes – SENAI Proenza, Eng° Francisco - Moldes para plástico. Harada, Júlio – Moldes para injeção de termoplástico. Moldes – Art-Mec 19