GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL CAPÍTULO V – OCORRÊNCIA E CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE VEGETAÇÃO DO MUNDO E DO BRASIL DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL DOS PRINCIPAIS TIPOS DE COBERTURA VEGETAL A Terra é formada por grandes ecossistemas que são divididos em Biosfera, Biociclo, Biocora e Bioma, dependendo de suas dimensões. A Biosfera corresponde ao ambiente biológico onde vivem todos os seres vivos. Os Biociclos são ambientes menores dentro da Biosfera. Existem 3 tipos de Biociclos: terrestre (Epinociclo), água doce (Limnociclo) e marinho (Talassociclo). A Biocora é uma parte do Biociclo com características próprias. Por exemplo, no Biociclo terrestre existem quatro Biocoras: floresta, savana, campo e deserto. O Bioma constitui uma subdivisão dentro da Biocora, ou seja, numa Biocora podemos encontrar regiões diferentes chamadas Biomas. Assim, na Biocora floresta, por exemplo, podemos encontrar a floresta tropical, temperada etc. Os biomas são entendidos como sistemas em que ocorre a interação entre os seus diferentes elementos, como a fauna, o relevo, o solo e o clima, tendo, como resultante, tipos característicos de coberturas vegetais, como as savanas, as tundras, os desertos, a florestas tropicais, as pradarias e as florestas temperadas. Esta interação resulta em sistemas marcados pela homogeneidade, sendo que se podem identificar, a partir da biogeografia, as denominadas espécies endêmicas que caracterizam exclusivamente determinadas áreas do planeta, fato explicado, em parte, devido à deriva continental que provocou a separação dos continentes antes da migração de determinadas espécies. É útil entender este processo em termos das diferentes esferas que constituem o planeta: a litosfera, que corresponde à crosta superficial, formada por rochas e minerais; a atmosfera, que corresponde à camada gasosa que envolve o planeta; a hidrosfera, formada pelas águas dos oceanos, rios, lagos, as águas subterrâneas e as chuvas; a biosfera, esfera que abriga os diferentes seres vivos. A Biogeografia tem por objeto de estudo a distribuição geográfica dos seres vivos, sendo subdividida em Zoogeografia (distribuição espacial das espécies animais); a Fitogeografia (distribuição das espécies vegetais); a Biogeografia física que se dedica a abordar a influência que os diferentes componentes ecológicos exercem sobre os seres vivos e a Biogeografia histórica que estuda a influência de processos históricos na distribuição espacial dos seres vivos. O bioma constitui uma comunidade, ou um conjunto de comunidades, formado por plantas e animais que vivem em condições ambientais semelhantes, Trata-se, de fato, de uma categorização de espaços com características climáticas e ecossistemas específicos. Cabe ressaltar que no contexto de um bioma específico podemos encontrar diversos ecossistemas, entendidos como uma unidade natural em que ocorre a interação dos seres vivos entre si e destes com o meio ambiente. Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 1 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL O estudo das coberturas vegetais pode ser facilitado se entendermos a lógica que oriente a sua distribuição. Existe uma relação direta entre os diferentes biomas e os tipos climáticos já estudados anteriormente, pois cada espécie possui o denominado “ótimo ecológico”, ou seja, condições específicas de luminosidade, temperatura e umidade, o que nos leva a considerar fatores como latitude, influência da continentalidade e maritimidade e relevo. Observar, na ilustração abaixo, que existe uma relação entre o tipo de bioma que ocorre em uma determinada região e as médias de temperatura e pluviosidade da mesma. Os principais impactos sofridos pelas áreas florestais e outros tipos de vegetação podem ser resumidos nas seguintes causas: Extração de madeira para fins comerciais. Propagação do fogo resultante de incêndios. Instalação de projetos agropecuários. Construção de usinas termelétricas. Implantação de projetos de mineração. Entre as consequências do desmatamento podemos destacar: Erosão e empobrecimento do solo. Destruição da biodiversidade. Genocídio e etnocídio de nações indígenas. Enchentes e assoreamento de rios. Diminuição dos índices pluviométricos e extinção das nascentes. Elevação das temperaturas devido à maior irradiação de calor para a atmosfera. Desertificação: diminuição das chuvas, elevação das temperaturas e empobrecimento dos solos, acarretando diminuição da biodiversidade. Proliferação de pragas e doenças, desequilibrando as cadeias alimentares. Redução ou fim das atividades extrativas vegetais. Incêndios, provocando aumento de gás carbônico (CO2) e conduzindo ao aumento do Efeito Estufa. FORMAÇÕES VEGETAIS Fonte: http://www.ib.usp.br/gra/ffa/ffa-biosfera.htm, acesso em 14/01/2006. FLORESTAS TROPICAIS E SUBTROPICAIS Observar, também, na ilustração abaixo, que existe uma semelhança na distribuição espacial das coberturas vegetais com a variação latitudinal e de altitude. Fonte: (Cesar e Sesar. In: MAGNOLI, D. e ARAÚJO, R. "Projeto de ensino de geografia". São Paulo: Moderna, 2002.) É importante relembrar os imensos impactos sofridos pelas diferentes coberturas vegetais do planeta em função da ação antrópica e as consequências que daí advém. Estima-se que aproximadamente 40% das florestas do planeta já desapareceram. Aquelas que restam estão sendo destruídas a um ritmo tão acelerado que muitos países já perderam quase totalmente suas florestas. As florestas tropicais úmidas cobrem apenas 7% da superfície dos continentes e contêm, no mínimo, 2/3 de todas as espécies de plantas e animais. Ocorrem na bacia amazônica, na Indonésia e na bacia do rio Congo (África), em áreas de clima tropical e equatorial. Esses biomas estão submetidos a grande quantidade de energia radiante e a elevado índice pluviométrico, com chuvas abundantes e regulares. Com um clima quente e úmido desenvolve-se uma exuberante vegetação arbórea, espessa e variada, com grande número de epífitas e cipós. Trata-se de uma vegetação higrófila ou ombrófila heterogênea, latifoliada e perene. A fauna é muito rica, sendo constituída por inúmeras espécies de mamíferos herbívoros e carnívoros, aves folívoras, insetívoras, granívoras e carnívoras, répteis, anfíbios e artrópodes. As espécies vegetais são de médio e grande porte, como a peroba, o mogno, a imbuia, o cedro, Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 2 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL DESERTOS palmáceas, bromeliáceas e arbustos. O solo é pobre ou moderadamente pobre em nutrientes minerais, porém muito rico em húmus, o que justificava a grande proliferação microbiana e, portanto, a baixa aeração que apresenta. Nas regiões subtropicais, surgem as matas subtropicais, com vegetação aciculifoliada, como é o caso da Mata de Araucária. Os desertos se caracterizam pela aridez, podendo ser recobertos de areia, como o Saara que possui 30% de suas áreas recobertas de areia, mas, geralmente, são rochosos ou tem a superfície de barro ressecado. Nos desertos quentes, a vegetação típica é cactácea e arbustiva (xerófilas), com plantas suculentas que armazenam água nos caules e não apresentam folhas e flores que se desenvolveram em espinhos para evitar a perda de água. É o caso das plantas de órgãos subterrâneos desenvolvidos. Que chegam a ter raízes de 20 m de profundidade para atingir os lençóis freáticos. Existem também os desertos frios com espécies a eles adaptados. SAVANAS As savanas correspondem a um tipo de bioma que apresenta uma vegetação de gramíneas intercalada com árvores esparsas de troncos retorcidos e raízes profundas adaptadas a um período de estação seca (verão). Na estação das chuvas, geralmente intensas e abundantes, a vegetação deve estar apta a tirar o máximo proveito da água. Os solos são pobres ou moderadamente férteis e a diversidade é alta. A maior parte das savanas se encontra na África em áreas de transição entre a floresta equatorial e os desertos. Encontra-se ainda na Austrália e América do Sul e México. É comum que os animais dessas regiões (mamíferos, aves, répteis e anfíbios), em sua maioria, não bebem água diretamente, mas a obtém das reservas dos vegetais com que se alimentam ou do orvalho, no caso dos herbívoros ou do sangue de suas vítimas, no caso dos carnívoros. A diversidade é baixa e os solos pobres ou férteis. Os desertos espalham-se pela África, América, Oceania e Ásia CAMPOS Constituem biomas em que a vegetação é predominantemente formada por gramíneas, podendo abrigar vegetais arbustivos e arbóreos. São Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 3 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL característicos de climas temperados secos e/ou sazonais. Os campos recebem várias denominações regionais, como pampas, estepes e pradarias. Recebem muita energia radiante, porém a precipitação, embora muito superior à das regiões desérticas, não é suficiente para sustentar uma vegetação tipicamente florestal. O solo é permeável e rico em húmus, uma vez que a vegetação se desenvolve rapidamente e fornece detritos orgânicos para decomposição em grande quantidade. Temos, como exemplo, o solo de Tchernozion (“terras negras”), considerado um dos solos mais férteis do mundo, típico das estepes russas e da Ucrânia. A fauna é bastante variável e depende do tipo de campo considerado: antílopes, búfalos e coiotes, nas padrarias americanas e euritérmicos, isto é, animais capazes de tolerar grandes variações de temperatura, uma vez que, nesses biomas, os dias são quentes e as noites frias. Além de mamíferos, os campos apresentam aves diversas (gaviões, corujas etc.), inúmeros répteis, insetos etc. TUNDRA A tundra ocorre no hemisfério norte, além do paralelo de 70o e em altas altitudes. Corresponde a um cinturão que cobre porções do Alasca, Canadá e Sibéria e compreende 10% da superfície da Terra, compreendendo o Norte do Alasca e do Canadá, Groelândia, Noruega, Suécia, Finlândia e Sibéria. A tundra é, com freqüência, chamada de “deserto gelado”. Esse bioma dispõe de pequena luminosidade, fato que limita o desenvolvimento de uma vegetação exuberante. Assim, no rápido verão (cerca de dois meses, com temperatura ao redor de 10º C), nas áreas onde o solo se degela superficialmente, desenvolve-se uma vegetação típica constituída de musgos, liquens, capins e plantas herbáceas. Essa plantas servem de alimento à animais herbívoros como a rena, o caribu, o boialmiscarado, os lemingues (roedores) e as lebres árticas, que por sua vez, nutrem carnívoros como o lobo ártico, o urso polar, a raposa ártica e a coruja-das-neves. Estas plantas se adaptam ao seu habitat, são compactas, resistentes ao vento e capazes de suportar a instabilidade do substrato. Nas regiões típicas de tundra, o inverno é rigoroso e se estende pela maior parte do ano (cerca de dez meses). Durante esse período o solo se apresenta congelado e é a época em que a vegetação desaparece. TAIGA A taiga, também denominada floresta boreal ou de coníferas ou ainda aciculifoliada, apresenta árvores perenifólias e arbustos. Situa-se nas altas latitudes ao sul da tundra. Esse bioma ocorre em regiões de inverno tão rigoroso quanto o da tundra, porém de menor duração, onde a umidade é maior, pois por serem regiões mais próximas ao Equador, o verão que dura de três a seis meses, tem dias mais quentes que o da tundra - o que faz com que o solo se degele totalmente. Localiza-se no norte do Alasca, Canadá, sul da Groelândia, parte da Noruega, Suécia, Finlândia e Sibéria. O solo é raso e pedregoso e a diversidade é baixa. Pelo fato de conservar as folhas durante o inverno, as coníferas conseguem retomar o crescimento durante a primavera. A produção de resinas também ajuda as coníferas a sobreviver nestas condições rigorosas. Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 4 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL A taiga abriga uma vegetação constituída predominantemente por coníferas, como pinheiros e abetos. São também encontradas plantas arbustivas e herbáceas, além de musgos e liquens. A fauna é constituída de alces, ursos pardos, lobos, martas, linces, esquilos, raposas e diversas aves migratórias. FLORESTAS TEMPERADAS Chile, norte e sul da África, Austrália e, principalmente, na Europa Meridional. Este tipo de vegetação também foi submetido a grande devastação. Trata-se de uma vegetação que se apresenta em três estratos que se dispõem em termos de altura: um mais alto e arbóreo, outro, arbustivo e um herbáceo. A vegetação típica é arbustiva, como os maquis e a garriga. Foi extremamente impactada pelas atividades humanas e substituída, em grande parte, pelo cultivo de oliveiras e videiras. Esses biomas são característicos de locais que apresentam as quatro estações bem definidas. Correspondem a florestas decíduas ou caducifólias, pois as folhas de suas árvores caem durante o inverno (tons vermelhos e amarelos no outono) e são bastante homogêneas. As plantas são representadas por árvores ditotiledôneas como nogueiras, carvalhos, faias. VEGETAÇÃO DE MONTANHA Já estudamos anteriormente a variação da vegetação com o aumento da altitude. Até 1 500 a 2 000 metros, ainda se encontram formações florestais. Entre 2 500 e 3 000 metros, surge uma vegetação rasteira, denominada orófila (adaptada a grandes altitudes) com uma variedade que pode atingir cerca de 200 espécies distintas. Tratam-se dos campos de altitude. Isto se deve à redução das temperaturas e ao fato de os solos serem mais rasos. Acima dos 3 000 metros não se encontram condições satisfatórias para o desenvolvimento da vegetação. A diversidade é moderada e sua fauna é rica e diversificada, constituída por mamíferos (ursos, veados, esquilos, lobos, raposas, lebres etc...), répteis, anfíbios, inúmeras aves, insetos etc.. Os solos são férteis. As florestas temperadas podem ser encontradas nos Estados Unidos, na Europa ocidental, na China, na Coréia e no Japão. Já foi extremamente devastada, pois marcam áreas de antiga urbanização e industrialização. VEGETAÇÃO MEDITERRÂNEA Fonte dos (adaptado) mapas: www.cotf.edu/ete/modules/k4/biomes/Boverview4.html A vegetação mediterrânea é uma vegetação típica dos climas mediterrâneos, áreas da Califórnia, Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 5 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL TIPOS DE VEGETAÇÃO DO BRASIL Fonte: montagem pelo autor com base nas ilustrações de Percy Lau e no mapa de Dora Al Romariz (adaptado) Floresta Amazônica A Amazônia, com 6,5 milhões de Km2, é a maior floresta tropical do mundo, abrangendo nove países e ocupando quase metade da América do Sul. A floresta Amazônica, somada à Mata Atlântica, representa 1/3 do total ocupado por florestas tropicais no planeta. Além da mata, existem na Amazônia áreas de cerrado e outras formações diversas, como áreas de campo, perfazendo um total de 5,029 milhões de Km como Amazônia Legal, criada em 1966, com o objetivo de aperfeiçoar o planejamento da região e que abrange diversos Estados. A floresta Amazônica corresponde a uma floresta ombrófila, latifoliada, perenifólia, densa e heterogêna. Em dez mil metros quadrados encontramos cerca de 100 espécies de árvores além de epífitas e cipós. A altura média das árvores gira em torno de 55 metros, e a quantidade total de espécies de insetos e animais ainda é desconhecida. Em caso de desmatamento, a perda é imensa, pois a biodiversidade é tão localizada e variável que o desmatamento pode destruir espécies que jamais foram conhecidas ou catalogadas. Os solos locais são, de um modo geral, pouco férteis, a não ser por determinadas manchas com maior fertilidade. Na verdade, a Amazônia não constitui o “pulmão do mundo” , como se acreditava, e retira a sua imensa diversidade e exuberância da própria matéria orgânica que produz e das características climáticas regionais com temperaturas elevadas e alta pluviosidade. A Amazônia apresenta-se desenvolvida em três diferentes níveis, identificados com base no relevo e proximidade da margem dos rios: as várzeas que, por se estenderem ao longo dos rios, ficam inundadas na época das cheias e onde se encontram o cacaueiro, as seringueiras (maçaranduba, maniçoba, caucho) e a imbaúba; a mata de igapó junto às margens dos rios e sempre inundada e que tem nas palmeiras, na vitória-régia e no piaçava espécies características e as terras firmes, que cobrem a maior parte da planície, cerca de 75%, e constituem o domínio da grande floresta, sempre a salvo das cheias. Neste nível se encontram as árvores de maior porte, com espécies que chegam a atingir até 50 metros de altura, como o cedro, a castanheira, o mogno e a andiroba. Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 6 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL Este nível é onde ocorre o desmatamento mais intenso que já comprometeu aproximadamente 15% deste bioma, principalmente a partir da década de 70, quando se intensificou a expansão da fronteira agrícola e o desenvolvimento de projetos agropecuários, da mineração e da construção de rodovias na região. A figura, a seguir, ilustra os três níveis identificados. Em teoria, o projeto Sivam pode minimiza, através de uma vigilância mais eficaz, as agressões a este bioma e a biopirataria. Tem se enfatizado bastante a necessidade de se desenvolver projetos de exploração baseados na sustentabilidade e a criação de germoplasma com possibilidades de desenvolvimento da biotecnologia. Mata Atlântica Originalmente, a Mata Atlântica estendia-se do cabo de São Roque, no Rio Grande do Norte, até as serras do Herval e de Tapes, no rio Grande do Sul, ocupando uma área total de 350 000 km2. Ao longo dos últimos séculos, 95% dessa mata foi totalmente destruída pela ação antrópica com o desenvolvimento dos ciclos econômicos, a intensificação da urbanização e da industrialização e a especulação imobiliária. A figura abaixo ilustra este processo de destruição. A evaporação da água do mar e os ventos que sopram em direção ao continente garantem a umidade necessária para a formação de uma floresta tropical. Por ter crescido nas encostas montanhosas, favorecida por uma melhor incidência de luz, a Mata Atlântica tem como característica principal a presença de árvores com altura média de trinta metros. Essas árvores amenizam o clima do litoral, pela liberação de umidade, e provavelmente influenciam o de outras regiões vizinhas. A Mata Atlântica também consiste numa floresta densa, higrófila, heterogênea, latifoliada e perene. Por se desenvolver nas áreas de clima tropical e tropical de altitude, marcados por uma amplitude térmica maior, experimentou o desenvolvimento da imensa biodiversidade já mencionada. Os seus domínios abrigam diversos rios, como o Jequitinhonha, o Doce, o Paraíba do Sul e o Ribeira de Iguape e a maior biodiversidade do planeta com mais de 25 mil espécies de plantas, muitas delas existentes apenas nesse ecossistema. Se considerarmos o número total de espécies animais e vegetais que a habitam, chegaremos a aproximadamente 200 mil. As florestas temperadas concentram, em média, dez espécies por hectare, enquanto na Mata Atlântica desenvolvem-se 150 espécies em área de igual dimensão. Entre as principais espécies características desta floresta estão pau-brasil, o jacarandá, a canela, o palmito, o jambo, o jambolão, a figueira, a caviúna, o jatobá, o ipê, o cedro, o jequitibá-rosa e a embaúba. Diversas espécies animais encontram-se ameaçadas, como a onça-pintada, a suçuarana, o cachorro-vinagre, a jaguatirica, guaxinim, a capivara, a anta, a preguiça, o tamanduá, a paca, a cutia e o mico-leão-dourado, etc. Muitas aves, também se encontram bastante ameaçadas, como a araponga, o sanhaço e inúmeros tipos de beija-flor. A Unesco declarou, em 2002, a Mata Atlântica como Reserva da Biosfera. Cerrado Os trechos remanescentes da Mata Atlântica encontram-se, principalmente, em áreas de proteção ambiental e protegidas pela topografia acidentada da serra do Mar, mas continuam sofrendo ameaças de caçadores e madeireiros, projetando o seu total desaparecimento caso o processo não se interrompa. A Mata Atlântica desenvolveu-se sobre as áreas montanhosas que acompanham quase todo o litoral brasileiro, fato que a diferencia da floresta Amazônica. Como já abordado, o Cerrado é denominação que as Savanas recebem no Brasil. Trata-se de nome genérico dado a um conjunto de formações vegetais compostas por plantas herbáceas de onde emergem arbustos e pequenas árvores de troncos retorcidos e cascas grossas, adaptadas ao período de estiagem durante o inverno. As raízes são profundas para captação de água no lençol freático, podendo atingir cerca de 25 metros de profundidade. Em sua área original, esse tipo de vegetação ocupava 25% do território brasileiro. Hoje, está reduzido a pequenas manchas espalhadas por diversas regiões, principalmente nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, com manchas menores no Amazonas, em São Paulo e em alguns Estados nordestinos. Ao contrário do que parece, a diversidade é bastante rica, incluindo diversas espécies ameaçadas de extinção. Entre as principais espécies, destaca-se a a ema, o gavião carcará, a siriema, a arara-canindé, o urubu-rei, o socó, a coruja-buraqueira, diversos periquitos, o quero-quero etc. Entre os mamíferos, os mais importantes são o lobo-guará, a onça-pintada, a anta, o tamanduá, o tatu, a raposa, o queixada, o veadocampeiro, o veado-catingueiro diversos macacos, além Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 7 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL de muitas Saúvas e milhares de insetos. A flora é também variada, com destaque para o pequizeiro e a palmeira. A área dominada pelo Cerrado sempre foi considerada imprópria à prática agrícola, pois possui solos muito ácidos, mas as pesquisas desenvolvidas pela EMBRAPA permitiram a expansão desta atividade graças à correção do pH dos solos com o método da calagem e o desenvolvimento de novos cultivares adaptados a este domínio. Ainda que a principal preocupação dos ambientalistas gire em torno das florestas tropicais, o Cerrado tem sido um dos ecossistemas mais afetados pelas queimadas, pela extração madeireira e, mais recentemente, com a expansão da agropecuária moderna e os problemas a ela relacionados. inverno, permeando com os cupinzeiros, onde se inicia o paratudal. Os paratudais, formados pelos ipês roxos (Tabebuia, localmente chamado piúva), são típicos. Numa região um pouco mais elevada, já com áreas não inundáveis, há uma vegetação característica de cerrado. Há ainda no Pantanal áreas com mata densa e sombria (com Piptadenia, Bombax, Magonia, Guazuma). Em torno das margens mais elevadas dos rios aparece a palmeira acuri (Attalea principes), formando uma floresta de galerias juntamente com outras árvores, como o pau-de-novato (Triplaris formicosa), a embaúba (Cecropia), o genipapo (Genipa) e as figueiras (Ficus). Em pontos altos dos morros, aparece uma vegetação semelhante à da caatinga, como a bromeliácea Dyckia e os cactos cansanção e mandacaru (Cereus).” Fonte: Francis Dov Por, Vera Lúcia Imperatriz Fonseca e Frederico Lencioni Neto. Pantanal O Pantanal Mato-Grossense é uma das maiores reservas biológicas do Brasil e do mundo, com aproximadamente 656 espécies de aves, 95 espécies de mamíferos e 35 de anfíbios. Estima-se que vivam no Pantanal 32 milhões de jacarés; 260 espécies de peixes, mais do que em toda a Europa; 2,5 milhões de capivaras e 665 espécies de aves, mais de 60% delas consideradas raras. Situa-se numa área de aproximadamente 220 000km2, que se distribuem pelos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, formando a maior planície inundável do mundo, durante o período das chuvas entre novembro e abril, pois corresponde a uma área de planície cercada por áreas montanhosas. O período da vazante ocorre a partir de maio e possibilita a deposição de uma camada fértil, rica em húmus, apesar de apresentar, de modo geral, solos pobres e salinizados. O Pantanal é composto por variantes vegetais que reúnem diversos elementos típicos de outras regiões do país, como o cerrado, a caatinga, áreas de campos e florestas tropicais, com espécies como palmeiras e o mandacaru. A grande disponibilidade de alimentos, milhares de espécies de animais se desenvolvem no Pantanal, que apresenta a maior concentração de aves do continente. Ainda que o número de espécies seja menor do que as existentes na Amazônia, o número de indivíduos é bem maior. Entre as espécies características estão as garças, os patos-selvagens e os tuiuiús ou jaburus, ave símbolo da região, além de inúmeras outras espécies. Os rios pantaneiros também concentram um dos maiores estoques de peixes de água doce do mundo. Entre os répteis, destaca-se o jacaré. “A vegetação aquática é fundamental para a vida pantaneira. As plantas flutuantes são os principais produtores primários nas águas do Pantanal. Imensas áreas são cobertas por "batume", que são plantas flutuantes, tais como o aguapé (Eichhornia) e a Salvinia, entre outras. Levadas pelos rios, estas plantas constituem verdadeiras ilhas flutuantes, os camalotes. Após as inundações, a camada de lodo nutritivo permite o desenvolvimento de uma rica vegetação de ervas. A palmeira carandá (Copernicia australis) ocorre em extensas formações nas áreas em que as inundações dominam mas que ficam secas durante o O Pantanal Mato-Grossense também foi declarado pela UNESCO Reserva Mundial da Biosfera e Patrimônio da Humanidade. Caatinga A caatinga apresenta-se a maior parte do ano sem folhas e com aspecto seco, daí, provavelmente, a sua designação em tupi, significando “mata branca”. A área que ocupada por esta variante de vegetação representa 11% do território brasileiro, concentrados, sobretudo, nos Estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia e Minas Gerais. A limitação de chuvas confere a esta vegetação uma fisionomia bastante característica, com o predomínio de arbustos e árvores baixas, além da presença de um grande número de cactáceas, que lhe conferem uma aparência espinhosa e seca. Com a ocorrência de chuvas o seu aspecto se altera bastante e as plantas tornam-se, então, verdes e cheias de folhas. Entre as principais espécies de sua flora estão o umbu, o mandacaru, o juazeiro, a macambira, a barúna o e xique-xique, sendo que se pode também aqui identificar três diferentes extratos de vegetação, o arbóreo, o arbustivo e o herbáceo. A fauna da caatinga inclui animais a cobra-cipó, o gavião carcará, o sapo-cururu, a calango, a preá, o papa-vento, a cascavel, a jibóia, a salamanta e a asabranca. Mata de Araucária Sua principal área de ocorrência é o Estado do Paraná e parte de Santa Catarina, sendo que originalmente, estendia-se do sul de Minas até a Argentina, limitada pelo oceano Atlântico e o rio Paraná, cobrindo uma área de 185 mil km2. A mata de araucária é uma formação de coníferas tipicamente sul-americana e foi incluída pelo Ibama como uma ecorregião da Mata Atlântica. É também conhecida como mata dos Pinhais, recebe o seu nome devido ao predomínio da espécie Araucaria angustifolia, ou pinheiro-do-paraná, a sua espécie mais característica. Este bioma apresenta uma pequena variedade de espécies, com o predomínio de pinheiros, além do cedro, a imbuia e a erva-mate. Foi Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 8 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL extremamente devastada devido à exploração madeireira. A fauna compõe-se de diversas espécies de roedores que se alimentam do pinhão, além de inúmeras aves, como o papagaio-chorão e a gralha-azul e grande quantidade de insetos. Com o desaparecimento de seu hábitat natural, todos esses animais estão ameaçados de extinção. com escassez de água, as plantas apresentam dificuldades de desenvolvimento e fixação, geralmente constituindo-se de espécies arbustivas e herbáceas, como o capim-da-areia, a salsa-da-praia e o capim-dapraia. TEXTOS COMPLEMENTARES Texto 1 Campos PANTANAL - UM PARAÍSO EM PERIGO Os campos são formados quase exclusivamente por gramíneas e distribuem-se, principalmente, no Rio Grande do Sul, ocupando 47% de seu território. Junto às encostas, com o aumento da umidade surgem formações arbóreas. O clima dominante na região é o subtropical. De forma isolada e rara, e pequenas formações, podem ser encontrados os arbustos e as árvores Alguns animais silvestres são típicos desses campos, como o guaraxaim, o gato-do-pampa, o zorrilho, a raposa-do-campo e diversos roedores. Trata-se de uma paisagem adequada ao desenvolvimento da atividade pecuária, mas a exploração intensiva tem conduzido ao surgimento de manchas de desertificação. Grandes áreas também têm sido utilizadas para a expansão da agricultura, principalmente a plantação de cereais, devido às características favoráveis do clima da região. Os denominados banhados desenvolvem-se junto ao litoral gaúcho. Tratam-se de áreas alagadas onde se desenvolve uma fauna característica cujos exemplos são a capivara, as lontras, os marrecos e as garças. Mata dos Cocais A mata dos Cocais corresponde a uma vegetação de transição entre a Amazônia e a Caatinga que se concentra, principalmente, no Maranhão e no Piauí, marcando espaços, também no Tocantins, Rio Grande do Norte e Ceará. O babaçu e a carnaúba são as duas espécies típicas e constituem grandes possibilidades em função do desenvolvimento do biodiesel. Constitui uma vegetação secundária e também é marcada por grande exploração e desmatamento, pois as palmeiras são bastante utilizadas na atividade da cestaria. Vegetação litorânea Os manguezais distribuem-se pelo litoral do Brasil e constituem um dos ecossistemas mais agredidos pelas atividades econômicas e pela especulação imobiliária, comprometendo um ecossistema que, apesar de sua pequena variedade de espécies, constitui um verdadeiro viveiro de animais em função da grande quantidade de matéria orgânica. Os mangues atuam também como filtros importantes. Adaptadas a grande salinidade dos solos, surgem vegetais halófilos e higrófilos e as suas raízes são aéreas (penumatóforos). Pode-se identificar três tipos de mangues, o mangue-preto, o mangue-branco e o mangue-vermelho. Destaca-se, ainda, a vegetação típica das dunas, das restingas e das praias. Como são ambientes O desmatamento e uma série de projetos industriais são as novas ameaças ao delicado equilíbrio ecológico de uma das mais preciosas jóias naturais do Brasil. A boa notícia é que ainda há tempo para impedir o pior O Pantanal Mato-Grossense é um dos maiores, mais complexos e mais frágeis ecossistemas do planeta. Há mais de dois séculos ele vem resistindo à convivência com o homem civilizado. A região conseguiu escapar do triste destino da Mata Atlântica – a exuberante formação vegetal que se estendia ao longo da costa brasileira e de cuja cobertura original restam menos de 10%. Mas nunca como agora foram tão grandes e reais os perigos à bela e rica planície inundável brasileira. Com uma área do tamanho da Inglaterra, o Pantanal abriga uma biodiversidade que só perde para a da Amazônia. São 665 espécies de aves, 95 de mamíferos, 162 de répteis, quarenta de anfíbios, 1.100 de borboletas e mais de 1.700 de plantas. Além da diversidade, a vida no Pantanal chama a atenção mundial pela generosidade do estoque. Vivem na região as maiores populações de alguns animais ameaçados de extinção, como a onça-pintada e a arara-azul. A preservação do Pantanal se deveu a condições históricas e geográficas. Ao contrário da Mata Atlântica e da Amazônia, formadas principalmente por terras devolutas, cada centímetro do Pantanal tem um dono. Contribuiu também o fato de a região ter permanecido isolada por quase 200 anos. Essa última barreira, a do isolamento, começou a cair na década passada, quando o Pantanal se tornou um dos destinos preferidos de turistas brasileiros e estrangeiros. Muitas fazendas se adaptaram para funcionar como pousadas e hotéis. O turismo é a mais limpa das atividades econômicas, até porque vive da preservação das belezas naturais. Mas, infelizmente, o Pantanal não é uma ilha. A região passa por um fenômeno que lembra muito a agonia do Parque Nacional do Xingu, onde vivem em excelentes condições milhares de indígenas brasileiros. O pesadelo do Xingu é a degradação ambiental que ocorre a sua volta. O do Pantanal também. Com uma agravante. O Pantanal é uma planície alagada cercada de planaltos. Essa característica geológica desfavorável facilita a entrada no paraíso de todos os tipos de detritos produzidos pela ocupação econômica a seu redor. De acordo com um levantamento recémconcluído, entregue a VEJA na semana passada pela ONG Conservação Internacional, 17% da cobertura vegetal original do Pantanal já foi destruída para a abertura de áreas de pastagem, quase o dobro do registrado em 2000. É uma informação de assustar. Mantido esse ritmo, a vegetação típica da região Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 9 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL desapareceria em pouco mais de quarenta anos. "O avanço do desmatamento dentro do Pantanal é uma novidade", diz Mônica Harris, diretora do Programa Pantanal da Conservação Internacional e coordenadora do estudo, feito com base em imagens de satélite. "Até o fim dos anos 90, esse era um problema restrito aos planaltos que rodeiam a planície pantaneira." No contexto pantaneiro, a expressão "desmatamento" não significa necessariamente a derrubada de árvores. Também se aplica à substituição do capim nativo por variedades exóticas. O que faz do Pantanal uma região ecológica tão importante é a complexa mistura de campos gramados, florestas tropicais, matas de cerrado e vegetação típica de áreas alagadas. Por isso, a substituição de um pasto por outro tem conseqüências sérias no equilíbrio ambiental. O avanço do desmatamento é uma das conseqüências do declínio da pecuária extensiva tradicional. Por mais de dois séculos a criação de gado conviveu em harmonia com o ecossistema do Pantanal. Os animais eram criados soltos em pastos de capim nativo e, quando as áreas baixas ficavam alagadas, peões a cavalo conduziam as boiadas para os terrenos altos. Esse manejo tradicional persiste em parte das fazendas, mas nos últimos dez anos um número crescente de pecuaristas tem adotado métodos mais agressivos, como a derrubada das árvores das áreas não alagáveis e a substituição do capim nativo pela braquiária, uma variedade africana, mais nutritiva e palatável para o gado. A mudança é impulsionada por uma combinação de fatores. O primeiro deles é a busca de maior produtividade para competir com o gado de outras regiões. No Pantanal nascem em média quatro bezerros para cada dez vacas, enquanto no planalto chegam a nascer nove. Para muitos criadores, garantir alimento abundante para as reses o ano todo parece a forma mais simples de ganhar competitividade nas áreas alagáveis. O segundo fator é a chegada ao Pantanal de pecuaristas de outros estados. Eles não se interessam pelo modo pantaneiro de criar gado e implantam o sistema de manejo existente no restante do CentroOeste. O terceiro é a reforma agrária familiar. Propriedades que no início do século XX tinham mais de 100.000 hectares – área equivalente à do município do Rio de Janeiro – passaram por sucessivas divisões entre os herdeiros. Hoje há fazendas de pouco mais de 5.000 hectares, pequenas para os padrões locais. "Se metade da propriedade alaga na época das cheias, transformar todo o espaço possível em pasto pode ser uma necessidade", explica Julio Cesar Gonçalves, coordenador do Programa de Estudos do Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Por fim, no planalto e nas bordas do Pantanal os produtores que preservam intacta grande parte de sua propriedade têm uma preocupação a mais: as terras podem ser consideradas improdutivas e desapropriadas pelo Incra. "Não existe diálogo entre o Incra e o Ibama", diz Carlos Padovani, pesquisador da área de impacto ambiental da Embrapa Pantanal. "Dessa forma, os fazendeiros ficam indecisos entre regras que tentam limitar os desmatamentos e outras que os pressionam por um aproveitamento maior da fazenda." Nos últimos cinco anos, os pecuaristas têm encontrado um incentivo a mais para desmatar: eles podem reduzir os custos da "limpeza" por meio de acordos com carvoarias, que já se instalaram na região do planalto e agora começam a invadir as bordas do Pantanal. Os donos das carvoarias se encarregam de derrubar as árvores em troca do direito de usar a madeira para fazer carvão. O produto final é vendido a siderúrgicas, onde é empregado na purificação do minério de ferro retirado de minas localizadas nos arredores de Corumbá, a maior cidade pantaneira, ou em Minas Gerais. Só em Mato Grosso do Sul, estado que abriga 65% do Pantanal, estima-se que existam 5.000 carvoarias, das quais apenas 468 têm existência legal. O resultado do desmatamento é a redução progressiva das matas de cerrado e da tropical, nichos ecológicos importantes para espécies como o veadomateiro e a arara-azul. A introdução da braquiária também tende a afastar alguns animais. Segundo pesquisas realizadas pela Embrapa, o número de espécies de répteis e anfíbios cai pela metade em locais em que o solo é coberto por esse tipo de capim. "A braquiária é uma espécie de monocultura, e sempre que você substitui um ambiente complexo por um simples perde diversidade biológica", diz o biólogo Walfrido Tomás, um dos responsáveis pela pesquisa. Diferentemente do que ocorre na Amazônia, onde a lei manda preservar como reserva legal 80% das propriedades, não existe nenhuma lei específica para o Pantanal. Valem as normas do Código Florestal brasileiro, de 1965, que se aplicam em todo o país. Por essas normas, 20% da área deve ser preservada, além das regiões das encostas e das margens dos rios. Muitos ambientalistas defendem a criação de uma legislação própria para a região. "Uma legislação específica deveria contemplar as características da região e também conceder mais incentivos para os fazendeiros preservarem a riqueza que existe sobre suas terras", diz o biólogo Alcides Faria, da ONG Ecoa, de Campo Grande. Novas regras poderiam ajudar na preservação – mas uma lei a mais pouco significa se o estado não está aparelhado para fiscalizar sua aplicação. A polícia ambiental de Mato Grosso do Sul dispõe de apenas 354 agentes, um para cada 1.000 quilômetros quadrados de território. Como mais de 90% do Pantanal está em mãos de particulares, teria maiores chances a política de preservação que pudesse contar com a colaboração dos fazendeiros. Aliás, deve-se ao esforço de muitos proprietários e organizações ambientalistas o fato de mais de 80% da área ainda ser mantida relativamente intacta. No Pantanal estão localizadas as maiores reservas particulares de proteção natural do país. Essas são áreas privadas transformadas em reservas por iniciativa de seus proprietários. Só podem ser utilizadas para pesquisa, visitação e atividades educacionais. No total, as reservas particulares e as do estado somam perto de 5% da área total do Pantanal. A maior delas é a do Sesc, em Mato Grosso, que abriga 78 espécies de mamíferos e é um dos principais centros de pesquisa da região. Toda a vida do Pantanal pulsa ao ritmo das cheias e vazantes. Durante a estação das cheias, que vai de novembro a março, os rios transbordam e alagam os campos, o que faz com que os peixes encontrem alimento abundante em meio à vegetação submersa. Em abril, quando o rio começa a voltar para o seu leito, Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 10 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL muitos cardumes ficam aprisionados nas lagoas que se formam nos campos. É quando começa a comilança para os jacarés, ariranhas, tuiuiús, biguás e garças. A fartura de alimentos garante a opulência da fauna, o maior chamariz para os turistas que se acomodam nas dezenas de pousadas, hotéis e fazendas que nos últimos anos adaptaram suas acomodações para receber visitantes. "Para o turismo, a preservação da natureza faz parte do negócio", diz o carioca Lucas Leuzinger, que há três anos abriu uma pousada na Fazenda Barranco Alto, à beira do Rio Negro, que serviu de cenário para cenas da novela América. "As onças, por exemplo, passaram a ser vistas como atrações para os visitantes, e não mais como um inimigo que ataca o gado", explica. Evitar a devastação dentro do Pantanal é importante, mas não garante a preservação da região. Isso porque boa parte das ameaças ao Pantanal é resultado da degradação de áreas que estão fora de seus limites, mais precisamente nos planaltos que rodeiam a região e começaram a ser revirados pela agricultura na década de 70. A planície pantaneira foi formada pelo mesmo espasmo geológico que produziu a Cordilheira dos Andes. A parte que afundou é o Pantanal, cujo regime de cheias e vazantes é regulado pela água dos rios que desce dos planaltos que o rodeiam. A quantidade de água que entra é tão grande e o terreno é tão plano que os rios não dão conta de drenar todo o líquido. "É como se o Pantanal fosse uma grande pia com um ralo minúsculo", explica o hidrólogo canadense Pierre Girard, coordenador do Centro de Pesquisas do Pantanal, uma organização com sede em Cuiabá que agrega universidades públicas e privadas que estudam a região. "Como a vazão da torneira é maior que a vazão do ralo, a água custa a sair e deixa a área alagada." Só 40% da água que entra na "pia" é carregada para fora do Pantanal. O restante evapora quando ainda está na região, o que faz com que grande parte das substâncias tóxicas despejadas na água – basicamente pesticidas usados na agricultura e esgotos urbanos não tratados – permaneça na planície tempo suficiente para provocar estrago. O risco maior é causar a morte de peixes, que são a base da cadeia biológica do Pantanal. Por milhares de anos, a planície recebeu toneladas e mais toneladas de sedimentos trazidos das áreas mais altas pelo vento e pela água. Esse processo natural se intensificou nas últimas três décadas por causa das lavouras e da erosão nas terras altas. O resultado é o assoreamento dos rios. O caso mais grave é o do Rio Taquari, que saiu do leito normal e alagou 300 fazendas. Para chamar atenção sobre as ameaças que pesam sobre o Pantanal, um ambientalista matogrossense recorreu a um gesto extremo: imolou-se numa praça central de Campo Grande, a capital de Mato Grosso do Sul, no mês passado. Dirigente de uma pequena ONG, Francisco Anselmo de Barros tinha 65 anos quando morreu devido às queimaduras. Seu derradeiro protesto foi contra o projeto de lei apresentado pelo governo estadual que autorizava a construção de usinas de álcool no planalto onde nascem os rios que correm para o Pantanal. "Ele lutou pela preservação do Pantanal por mais de vinte anos, mas ultimamente estava desiludido, sentindo que todo o seu esforço havia sido em vão", diz sua viúva, Iracema Sampaio. Sob o impacto da morte do ambientalista, a Assembleia Legislativa sul-mato-grossense rejeitou a proposta do governador no último dia de novembro. O risco da revogação da proibição para a instalação de usinas de álcool na borda do Pantanal segue a mesma lógica do risco representado pelos pesticidas e pelo esgoto urbano. Mesmo que as usinas não estejam localizadas dentro do Pantanal, seus resíduos tóxicos iriam acabar nos rios da planície por uma simples questão de física: a água corre para baixo. Os ambientalistas preocupam-se com outras possibilidades de poluição do ar e da água contidas em três projetos que estão sendo implementados a toque de caixa pelo governo de Mato Grosso do Sul. Um deles é a criação de um polo industrial para produzir fertilizantes e plástico em Corumbá, aproveitando a passagem por lá do gasoduto Brasil–Bolívia. Outro projeto é atrair siderúrgicas para processar em Corumbá o minério de ferro, que já é extraído do subsolo do município por duas grandes empresas, aumentando o valor agregado do produto que sai do estado. A terceira e última ideia, que recebe também o apoio do governo de Mato Grosso, é a retomada de um antigo projeto, engavetado em razão dos protestos no Brasil e no exterior, para construir uma hidrovia ligando a cidade de Cáceres ao Porto de Nueva Palmira, no Uruguai. Pelo plano original, para tornar o Rio Paraguai navegável 365 dias por ano, seria necessária uma operação gigantesca para aumentar sua calha. O aumento da vazão do rio poderia drenar parte da água do Pantanal e destruir o equilíbrio de seu delicado ecossistema. A exploração racional da Amazônia é uma equação que ainda não foi resolvida. Esse desafio no Pantanal é ainda mais complexo, arriscado e sem volta. Por isso, é bom pensar duas vezes antes de abrir as portas do paraíso à civilização. Fonte: Veja, Edição 1935 . 14 de dezembro de 200 Texto 2 A AMAZÔNIA COMEÇOU A MORRER Como o músculo cardíaco depois de um infarto, o sistema ecológico amazônico já tem partes irremediavelmente feridas. Evitar sua morte é o desafio do século para o Brasil João Gabriel de Lima Em 2005, a Floresta Amazônica começou a morrer. Não se trata ainda de uma condenação irreversível. Mas o mal crônico que está asfixiando o ecossistema já passou do ponto em que seu metabolismo possa recuperar a exuberância do passado. A comparação mais didática é enxergar a mata como uma pessoa cujo coração foi salvo pela revascularização por pontes de safena não antes, porém, de parte do músculo cardíaco ser destruída. Mantido o atual ritmo de devastação e de mudanças climáticas, dentro de meio século o que hoje é o maior e mais rico ecossistema do planeta pode estar totalmente desfigurado. A Amazônia não é apenas um bosque fechado e cortado por uma malha de rios. É um organismo vivo em que, como as células do corpo humano, cada ser exerce um papel diferenciado e interconectado. O solo depende das árvores, que não vivem sem os rios, onde nadam os peixes, que se Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 11 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL alimentam dos frutos das árvores, que são polinizadas pelos insetos que se escondem no solo... São inúmeros e interligados os ciclos da vida na Amazônia. Isoladamente, cada um deles tem alto poder de regeneração, mas, quando a agressão ambiental corta os dutos entre diferentes nichos, a vida começa a ficar mais pobre, a floresta entra no lento mas inexorável processo de morte. Até os dias atuais, a Amazônia resistiu a diversas glaciações – períodos em que ocorreram secas prolongadas – por ter, entre outras coisas, a capacidade de gerar sua própria chuva. É esse precioso equilíbrio que dá mostras de estar prestes a se romper. Até recentemente, as previsões catastrofistas sobre o futuro da Amazônia eram difundidas principalmente pelos militantes ambientalistas, que tinham uma relação antes de tudo afetiva com a floresta. Agora, o alarme vem da ciência. Neste mês de dezembro se encerrou o maior mutirão de pesquisa da história da Amazônia, o projeto LBA (sigla resumida de Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia), que consumiu 100 milhões de dólares e reuniu mais de 1 000 estudiosos do mundo inteiro. São eles que estão decretando a morte da floresta. Persistindo na comparação com um organismo humano, é como se antes o alerta sobre a saúde da floresta fosse dado por parentes e amigos. Agora, trata-se de um diagnóstico elaborado por uma junta médica de primeira linha. Os cientistas acham que existe um limiar de devastação da floresta a partir do qual ela não mais se regenera. Esse umbral seria ultrapassado depois de 30% da mata destruída. Os estudos recentes mostram que esse ponto pode estar perigosamente próximo. Com base unicamente em descobertas científicas, é possível fazer três afirmações categóricas: • se persistir o ritmo atual de devastação da floresta pela pecuária, pelas fazendas de soja e pela exploração madeireira, 40% dela deverá desaparecer até a metade deste século; • simulações climáticas dão conta de que, no mesmo período, cerca de 30% da mata pode se transformar em cerrado, pois o aumento da temperatura impossibilitará a sobrevivência de várias espécies próprias da floresta tropical. É o fenômeno conhecido como "savanização"; • a devastação da Amazônia provocará alterações climáticas em várias regiões do planeta. O sul e o sudeste brasileiro seriam afetados por uma seca que comprometeria os rios da Bacia do Prata, grande fonte de energia hidrelétrica da América do Sul. O projeto LBA, encabeçado pelo governo brasileiro, iniciou-se há dez anos e foi co-patrocinado por várias instituições internacionais, com destaque para a Nasa. A agência espacial americana gastou 35 milhões de dólares e fez uma espécie de curadoria científica da empreitada. "Quando iniciamos o projeto, muitos nos acusaram de ingerência indevida em assuntos do Cone Sul", diz o geólogo americano Michael Keller, coordenador do LBA por parte da Nasa. "Agora que estamos prestes a legar ao país um grande banco de dados sobre a Amazônia, quase todos reconhecem que a missão dos cientistas é fornecer subsídios à sociedade para que ela tome, autonomamente, as decisões mais acertadas." Junto com a Nasa veio a tecnologia de última geração na área de pesquisa. Sensores poderosos foram instalados em pontos estratégicos da floresta, com o objetivo de registrar os índices de umidade, pluviosidade, ventos, temperatura e emissões de gás carbônico dos diferentes tipos de vegetação que compõem a Amazônia. Não foram aferidas apenas as áreas de floresta tropical, mas também as regiões desmatadas, as pastagens e os trechos de cerrado. "Sem os novos dados e sem as novas condições de processamento, não seria possível fazer um diagnóstico acurado", diz o meteorologista Carlos Nobre, coordenador do LBA pelo lado brasileiro. O que ele quer dizer é que, até recentemente, as previsões sobre o futuro da Amazônia eram em sua maioria embasadas em cenários fictícios. Um exemplo. Pela falta de conhecimento aprofundado sobre o cerrado brasileiro, os computadores que realizam as simulações eram alimentados com dados de um ecossistema similar, a savana africana. A informática também evoluiu com o projeto. No início do LBA, o mais rápido supercomputador do mundo era capaz de fazer 16 bilhões de operações por segundo. Hoje, os dados sobre a Amazônia são processados numa máquina que realiza 768 bilhões de contas por segundo, alocada no Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), na cidade de Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo. A questão da savanização é quase unanimidade na comunidade científica, já que vários estudiosos, em diferentes partes do mundo, chegaram ao mesmo resultado usando metodologias semelhantes. No Brasil, alguns dos principais trabalhos sobre o fenômeno são da autoria dos pesquisadores Carlos Nobre, Marcos Oyama e Gilvan Sampaio. Com base em dados coletados pelo LBA, eles levaram em consideração a influência recíproca de vegetação e clima – a floresta é desmatada, isso provoca secas e elevação da temperatura, as novas condições climáticas engendram outro tipo de vegetação, e assim sucessivamente, num círculo vicioso. Os cientistas também incluíram em seus cálculos o aquecimento global. De acordo com os estudos, o clima da Amazônia se tornará, com o passar dos anos, cada vez mais quente – um aumento de temperatura entre 3 e 6 graus Celsius nos próximos sessenta anos – e mais seco – com redução das chuvas entre 10% e 20% (não dá para afirmar com certeza, no entanto, que as secas deste ano sejam já o início do processo). Essas condições tornariam impossível a sobrevivência de várias espécies típicas da floresta tropical, e 30% de sua área seria coberta por vegetação parecida com a de cerrado, uma tragédia do ponto de vista da biodiversidade. A Amazônia é o ecossistema que concentra o maior número de espécies no planeta, e muitas delas morreriam antes de ser devidamente estudadas pelos cientistas, ou mesmo descobertas. "Seria uma longa faixa de savana entre a Venezuela e o Centro-Oeste, abarcando principalmente o estado do Pará", mapeia Nobre. Outro estudo, de autoria do inglês Peter Cox, do Hadley Centre britânico, um dos mais respeitados institutos de modelagem climática do mundo, chega a resultados ainda mais dramáticos. De acordo com os cálculos de Cox, a temperatura da Amazônia deve subir 10 graus Celsius nos próximos 100 anos, e com isso parte considerável da floresta pode ser varrida do mapa. Tabulando dados parecidos, o maior supercomputador do mundo dedicado a questões climáticas, o Earth Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 12 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL Simulator de Yokohama (40 trilhões de operações por segundo), aponta para um aquecimento entre 4 e 7 graus Celsius em setenta anos. "Isso representaria, em termos de savanização, um resultado semelhante ao calculado por brasileiros e britânicos", avalia o meteorologista Pedro Leite da Silva Dias, professor da Universidade de São Paulo. O mais assustador é que nenhum desses modelos climáticos leva em consideração o principal fator de destruição da Amazônia – a ação do homem. Um estudo pioneiro nesse sentido vem sendo realizado por um grupo de especialistas coordenado pelo americano Daniel Nepstad. O cientista, radicado em Belém do Pará, fez um extenso mapeamento econômico da Amazônia. Nepstad e sua equipe fatiaram a floresta em 47 sub-regiões, e em cada uma delas foram identificadas a principal atividade econômica e a média anual de desmatamento. Para tornar o modelo ainda mais realista, os pesquisadores incluíram na simulação as estradas que vêm sendo construídas na região, levando em consideração que a maior parte do desmatamento se dá na margem de rodovias. Jogadas no supercomputador, essas variáveis levaram a um resultado alarmante. Mantido o ritmo atual, em cinquenta anos 40% da floresta sumiria do mapa, substituída principalmente por pastagens e plantações. Nesse contingente estaria metade da Amazônia brasileira. Um cenário otimista, no qual os governos dos países amazônicos criariam áreas de preservação e conseguiriam fiscalizá-las decentemente, faria esse número cair em um terço. Ou seja, no mínimo 27% da floresta pode ir pelo ralo apenas devido à expansão econômica. "O estudo de Nepstad instaura um novo parâmetro, porque agora podemos fazer modelos climáticos tendo como ponto de partida a realidade econômica", avalia o meteorologista Gilvan Sampaio, do CPTEC. Gilvan trabalha na fusão dos dois modelos. Ele deve lançar no início do ano que vem um estudo que combina o impacto da ação do homem com o da ação do clima sobre a floresta. Outra área em que os cientistas realizaram descobertas impressionantes é a da influência de uma eventual destruição da Amazônia no clima mundial. Durante muitos anos foi difundida a falsa ideia de que a floresta seria uma espécie de "pulmão do mundo", atuando como um tipo de sorvedouro de gás carbônico na atmosfera. Pesquisas recentes sepultaram de vez essa teoria – os cientistas não chegaram a resultados conclusivos sobre o assunto, e a hipótese mais provável é que a Amazônia libere tanto gás carbônico quanto absorve, numa álgebra de resultado próximo de zero. Descontada a questão do gás carbônico, é consenso que uma destruição total ou parcial da Amazônia provocaria, sim, estragos no clima em várias partes do planeta. Baseado em dados coletados pelo LBA, o israelense Roni Avissar, da universidade americana Duke, constatou diminuição da quantidade de chuvas no Meio-Oeste americano e na Península Arábica. É fácil entender como isso ocorre. "Quando um grave distúrbio climático afeta a área tropical, ele se propaga em ondas, atingindo diferentes regiões do globo. O fenômeno El Niño é um exemplo disso", explica Avissar. "A melhor analogia é a de uma pedra atirada num lago, que provoca círculos concêntricos na água", compara a pesquisadora brasileira Maria Assunção da Silva Dias, parceira de Avissar em estudos sobre o tema. No fenômeno El Niño, a pedra seria o aumento das tempestades no sul da Ásia. No caso da Amazônia, as diferenças de pressão atmosférica e umidade relativa do ar provocadas pelo desmatamento. O efeito remoto da destruição da Amazônia é deletério também para a economia brasileira. "Entre os cientistas, há um consenso cada vez maior de que teríamos uma grande queda de pluviosidade na Região Sudeste, comprometendo a Bacia do Prata e, consequentemente, grande parte da geração de energia do país", alerta o professor Antônio Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Por questões atmosféricas, a maior parte dos desertos do mundo se situa em cinturões próximos aos trópicos de Câncer ou Capricórnio. Apenas na América do Sul, na região da Bacia do Prata, esse fenômeno não se verifica. Uma das explicações para o fato é a existência da Floresta Amazônica. A massa de ar úmido que provoca chuvas na região meridional da América do Sul se origina no Atlântico tropical. O primeiro ponto de precipitação é a Amazônia. Por causa do denso dossel de folhas e da transpiração das árvores, 50% dessa água é devolvida para a atmosfera. A massa de ar segue seu curso, ricocheteia na Cordilheira dos Andes e acaba no sul do continente, garantindo que as áreas produtivas da região não sejam áridas como na Austrália ou na África na mesma latitude. Os estudos mais recentes mostram que, se no lugar da Floresta Amazônica houvesse cerrado ou pastagem, as massas de ar perderiam progressivamente a umidade. "No passado, havia uma questão sobre preservar a Amazônia ou desenvolver economicamente a região com agricultura e pecuária", avalia o professor Carlos Nobre. "Hoje se sabe que é uma falsa oposição: se a floresta for destruída, o Brasil sofrerá graves consequências principalmente no campo econômico." Reduzidas a números, as pesquisas científicas sobre a região apontam para uma equação simples e definitiva: queimar a Amazônia equivale a queimar dinheiro. AS AMEAÇAS QUE CERCAM O PANTANAL 1. DESMATAMENTO A área desmatada no Pantanal dobrou nos últimos cinco anos. Estima-se que 1% da região já tenha perdido a cobertura vegetal original. Se o ritmo do desmatamento se mantiver, a vegetação original desaparecerá em 40 anos. 2. POLUIÇÃO DAS ÁGUAS A maioria das cidades da região não tem tratamento de esgoto. Junto com os defensivos químicos utilizados nas lavouras, a poluição urbana acaba escoando para os rios do Pantanal. O excesso de material orgânico reduz o nível de oxigênio na água, causando a morte dos peixes. 3. ASSOREAMENTO DOS RIOS Devido à erosão do solo causada pela agricultura e peã pecuária no planalto, o Pantanal recebe por 35 milhões de toneladas de sedimentos que Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 13 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL se depositam no fundo dos rios. Como os rios ficam mais rasos, aumenta a área alegada. Devido ao assoreamento, o Rio Taquari transformou-se numa imensa lagoa. 4. CARVOARIAS A quantidade de carvoarias explodiu nos últimos três anos. Só em Mato Grosso do Sul há 5 000 delas, muitas das quais usam madeira extraída do Pantanal para produzir carvão. A extração de madeira pode levar à destruição da vegetação típica de cerrado, que ocupa um terço do Pantanal. manguezais cariocas. Quanto à importância desse ecossistema, é correto afirmar que: a) são verdadeiros berçários da vida marinha, pois muitos peixes e crustáceos têm, nos manguezais, o estágio inicial de sua cadeia alimentar. b) servem de proteção às áreas de restinga, pois diminuem os processos de sedimentação marinha. c) constituem essenciais fornecedores de enxofre para a atividade petroquímica do Estado do Rio de Janeiro. d) desempenham a função de catalisadores de oxigênio para a formação dos bancos de coral. e) possuem uma vegetação rica em madeira de lei, muito utilizada na fabricação de móveis. PLANOS QUE PREOCUPAM Vários projetos oficiais podem acelerar a degradação do Pantanal. Hidrovia Paraguai-Paraná O governo de Mato Grosso e o de Mato Grosso do sul querem retomar o projeto de construção de uma hidrovia até o Uruguai. Para tornar o Rio Paraguai navegável 365 dias por ano, seria preciso aprofundar sua calha. Isso aumentaria a vazão do rio e drenaria parte da água do Pantanal. Usinas de Álcool O governo de Mato Grosso do Sul tentou revogar a proibição de usinas de álcool no planalto, onde nascem os rios que correm para o Pantanal. Novas usinas aumentariam o risco de acidentes, como o vazamento de vinhoto de uma usina em 2003, que causou a morte de toneladas de peixes. Pólo siderúrgico O município de Corumbá é rico em minério de ferro e manganês. O governo estadual oferece vantagens a usinas siderúrgicas que queiram processar os minérios na região. A produção de carvão vegetal para os fornos vai acelerar o desmatamento. 2.(UFF) A Mata das Araucárias cobria, nas primeiras décadas do século XX, quase todo o território dos estados do Paraná e de Santa Catarina, além de boa parte do estado do Rio Grande do Sul. Hoje, essa vegetação original está reduzida a, apenas, 20% da sua extensão. Identifique a opção que explica essa brutal redução. a) A densa e veloz urbanização regional que provocou o desmatamento das áreas de araucária para dar lugar aos atuais subúrbios metropolitanos. b) O plantio extensivo de eucaliptos que, por possuir maior valor econômico, passou a concorrer com a araucária pelo uso do solo regional. c) As mudanças climáticas sucessivas que alteraram o ecossistema regional e reduziram as condições naturais de florescimento da araucária. d) O desmatamento provocado pela exploração em grande escala do pinheiro-brasileiro e a expansão territorial da agricultura comercial. e) A migração do litoral para o interior da Região Sul, promovendo uma ocupação desordenada das terras e difundindo o uso da queimada na agricultura. 3.( FGV) A formação vegetal representada na figura a seguir corresponde à: Polo Gás-Químico O governo de Mato Grosso do Sul quer aproveitar o gasoduto Brasil-Bolívia e criar um polo industrial em Corumbá. Os ambientalistas temem que os resíduos industriais do polo poluam a água. (Adaptado pelo autor)Fonte: Veja, Edição 1937. 28 de dezembro de 2005 QUESTÕES OBJETIVAS 1.(UNIRIO) "Manguezal ameaçado - A construção de um aterro às margens da Linha Vermelha pode ameaçar uma das últimas áreas de manguezal da Baía de Guanabara (...)" ("Jornal do Brasil" - 10/09/99.) Os constantes aterros e os despejos de esgoto residencial e industrial são as maiores ameaças aos a) Floresta Tropical úmida, típica das baixas latitudes, com predomínio de abetos, pinheiros, e a presença de arbustos e manchas de campo. b) Tundra, encontrada em áreas de clima frio, como no Canadá, sul da Groenlândia, Noruega, Suécia, Finlândia e Sibéria. c) Taiga, associada aos climas das altas latitudes, também conhecida como Floresta Boreal ou de Coníferas, que apresentam folhas finas, em forma de agulhas. Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 14 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL d) Tundra, geralmente associada aos climas das altas latitudes, com predominância de massas polares e grandes turbulências atmosféricas. e) Taiga, um dos biomas menos explorados da Terra para a produção de energia, cuja preservação é também explicada pela rara ocorrência de incêndios, em áreas de clima frio. 4.(UFJF MG) Observe o mapa e as figuras a seguir. circulam a leste dos Andes da Amazônia até o norte da Argentina. Sobre o fenômeno “Rios Voadores”, e considerando a dinâmica das massas de ar que atuam no Brasil, podese afirmar que: I. O aquecimento da água do mar cria uma corrente de ar conhecida como ventos alíseos que sopram do mar para o continente praticamente o ano todo. II. Seguindo em direção aos Andes, a corrente de ar encontra a cordilheira e não consegue atravessá-la. O fluxo é então refletido para o Sul. III. Grande parte das chuvas do Centro-Oeste, do litoral do Nordeste e litoral do Sudeste é consequência deste fenômeno. IV. A imensa cobertura vegetal da floresta pode causar redução da evaporação, ocasionando a alteração na atração aos ventos alíseos. De acordo com as afirmativas acima, assinale a opção correta: a) I e II estão corretas. b) II e III estão corretas. c) I e IV estão corretas. d) III e IV estão corretas. e) I, II e IV estão corretas. 6.(FUVEST) A diversidade de vegetação que acontece em cada um dos sistemas indicados no mapa se dá principalmente em relação às diferenças de RESS, Frank et al. Para entender a Terra. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. Fonte: Adapt. HUDSON, 1999 Correlacionando-se os elementos que atuam na formação dos solos, assinale a alternativa que CORRETAMENTE associa o perfil de solo à sua respectiva localização no mapa. a) X 1; Y 2; Z 3. b) X 2; Y 1; Z 3. c) X 3; Y 1; Z 2. d) X 2; Y 3; Z 1. e) X 1; Y 3; Z 2. a) continentalidade. b) longitude. c) maritimidade. d) idade geológica e) altitude.. 7. (UNIFESP) Assinale a alternativa que corresponde às formações vegetais indicadas em I e II, respectivamente. 5. (IBMEC RJ) Utilizado pela primeira vez por José A. Marengo, cientista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o termo “Rios Voadores” é dado às correntes de ar de baixa altitude que sopram entre um e três quilômetros de altura, transportando umidade, gerada da região amazônica, para praticamente todo o Brasil. Este termo se refere aos ventos úmidos que Prof.: Carlos Alberto (Cacá) (R. Dajoz, "Ecologia geral", 1983) 15 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL a) I - florestas boreais; II - florestas tropicais. b) I - florestas tropicais; II - florestas boreais. c) I - florestas boreais e savanas; II - campos tropicais. d) I - florestas temperadas; II - savanas e campos tropicais. e) I - savanas e campos tropicais; II - florestas temperadas. 8. (UFMG) As formações vegetais, em seus aspectos fisionômicos, estruturais e sazonais, mostram nítidas relações com o solo, o substrato geológico e o clima. Todas as seguintes afirmativas referentes a essas relações estão corretas, EXCETO a) As extensas formações florestais de coníferas, embora as condições climáticas de sua área de ocorrência sejam pouco severas, caracterizam-se fortemente pela deciduidade das folhas das espécies arbóreas. b) As regiões de acentuados contrastes térmicos e de fortes carências hídricas sazonais apresentam formações vegetais que se caracterizam por plantas que mantêm apenas suas estruturas subterrâneas durante a estação desfavorável. c) As regiões de clima tropical típico revestidas de cerrados possuem manchas maiores, ou menores, de florestas, explicadas fundamentalmente por razões geológicas e características dos solos e, mais raramente, climáticas. d) Os mangues, formações vegetais arbóreas tropicais e subtropicais, embora se desenvolvam em áreas pantanosas litorâneas, possuem algumas características xeromórficas. 9.(UFSCAR) Considerando os domínios morfoclimáticos e fitogeográficos do Brasil, assinale a alternativa que indica a sequência correta dos domínios interceptados pela linha, no sentido S-N. e) Domínio dos campos; domínio dos pinhais; domínio do cerrado; domínio das florestas latifoliadas. 10. (UFRRJ) O texto a seguir se refere aos grandes conjuntos climatobotânicos. A vegetação é reflexo das condições naturais, principalmente do solo e do clima do lugar onde ocorre. O Brasil, por contar com grande diversidade climática, apresenta várias formações vegetais. Tem desde densas florestas latifoliadas tropicais, que ocupam mais da metade de seu território, até formações xerófitas, como a caatinga. SENE, E. de e MOREIRA, J. C. "Geografia Geral e do Brasil: Espaço Geográfico e Globalização". São Paulo: Scipione, 1998. p.484. Correlacione as colunas, associando a vegetação aos tipos climáticos. COLUNA 1 1 - Floresta Amazônica 2 - Floresta de Araucária 3 - Floresta Atlântica 4 - Cerrado 5 - Caatinga COLUNA 2 ( ) Clima Tropical Típico ( ) Clima Equatorial Úmido ( ) Clima Tropical Litorâneo Úmido ( ) Clima Subtropical ( ) Clima Tropical Semi-árido A sequência correta que representa a correlação acima está na opção a) 4, 1, 2, 3 e 5. b) 4, 1, 3, 2 e 5. e) 2, 1, 3, 4 e 5. d) 1, 2, 3, 4 e 5. c) 4, 1, 5, 2 e 3. 11. (UFSM) Observe a figura: a) Domínio das araucárias; domínio tropical atlântico; domínio dos cerrados; domínio equatorial amazônico. b) Domínio dos campos; domínio das araucárias; domínio dos cerrados; domínio equatorial amazônico. c) Domínio dos campos; domínio tropical atlântico; domínio pantaneiro; domínio amazônico. d) Domínio das araucárias; domínio do AraguaiaTocantins; domínio do cerrado; domínio equatorial amazônico. MAGNOLI, D; ARAÚJO, R. "Geografia geral e Brasil paisagem e território". São Paulo: Moderna, 2001. p. 64. Pela análise da figura, numere a 2• coluna de acordo com a 1•. COLUNA 1 1 - Deserto 2 - Floresta de coníferas 3 - Floresta tropical 4 - Floresta decídua Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 16 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL 5 - Tundra ártica e alpina 6 - Campo (pradaria) COLUNA 2 ( ) Desenvolve(m)-se em clima em que ocorrem chuvas entre 750 e mais de 2.000mm e temperaturas médias anuais entre 10°C e 28°C, com estações do ano definidas. ( ) Aparece(m) em clima que apresenta temperaturas médias anuais que variam entre 4°C e 30°C, mas com totais anuais de chuva inferiores a 1.000mm. ( ) Dependente(s) da latitude, desenvolve(m)-se em clima que tem precipitações anuais entre 400mm e 2.000mm, mas sob temperaturas médias anuais entre 2°C e 18°C. ( ) Depende(m) de climas em que as temperaturas médias anuais são superiores a 24°C e as chuvas totalizam entre 1.600mm a 5.000mm por ano. ( ) Ocorre(m) em climas com precipitações inferiores a 1.200mm/ano e temperaturas médias anuais entre 10°C e 4°C. Características Clímato-Botânicas tropical/cerrado. e) Denominação: Pediplano; Estrutura Geológica: sedimentar; Características Clímato-Botânicas tropical/floresta latifoliada. Originais: clima Originais: clima 13. (FGV) Considere o gráfico apresentado a seguir. Os números I, II e III correspondem às seguintes formações vegetais: A sequência correta é a) 4 - 6 - 2 - 3 - 5. b) 3 - 2 - 4 - 6 - 1. c) 2 - 3 - 5 - 4 - 6. d) 6 - 2 - 3 - 1 - 4. e) 1 - 5 - 6 - 2 - 3. 12. (PUCCAMP) Observe a paisagem para responder à questão: a) I - Caatinga, II - Mata Atlântica, III - Floresta Amazônica. b) I - Floresta Amazônica, II - Cerrado, III - Mata Atlântica. c) I - Mata de Araucárias, II - Caatinga, III - Cerrado. d) I - Floresta Amazônica, III - Mata de Araucárias, III Cerrado. e) I - Campos, II - Mata de Araucárias, III - Mata Atlântica. QUESTÕES ANALÍTICAS 1.(UFRJ) Cerca de 95% do mercado nacional de gesso é abastecido pelos depósitos de gipsita existentes na Bacia do Araripe, no Sertão Nordestino. No Brasil, o processo de produção de gesso consome grande quantidade de energia proveniente da queima da lenha e do carvão vegetal, extraído do bioma Caatinga. Assinale a alternativa que caracteriza corretamente a paisagem apresentada. a) Apresente uma característica da Caatinga que a diferencia das demais formações vegetais brasileiras. a) Denominação: Inselbergs; Estrutura Geológica: sedimentar; Características Clímato-Botânicas Originais: subtropical/floresta homogênea, aciculifoliada. b) Denominação: Pediplano; Estrutura Geológica: sedimentar; Características Clímato-Botânicas Originais: subtropical/floresta homogênea, aciculifoliada. c) Denominação: Mares de morros; Estrutura Geológica: cristalina; Características Clímato-Botânicas Originais: tropical/floresta latifoliada. d) Denominação: Mares de morros; Estrutura Geológica: sedimentar; b) Aponte uma consequência desmatamento da Caatinga. ambiental do clima clima 2. (UERJ) As florestas contribuem com a fixação de parte do carbono atmosférico do planeta, amenizando o processo do aquecimento global. As queimadas realizadas nessas formações vegetais, contudo, possuem o efeito inverso, agravando esse processo. clima Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 17 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL Quantidade de carbono armazenado nas florestas do mundo – 2005 4.(FUVEST) A tundra e a taiga desenvolvem-se em zonas de alta latitude e, caracteristicamente, nas proximidades dos círculos polares. a) Descreva a tundra, a taiga e o tipo de exploração que se faz delas. b) Analise os riscos de degradação que as afetam. 5. (UFRJ) A distribuição da vegetação que aparece na figura a seguir é encontrada em várias partes do mundo. Adaptado de Atlas do meio ambiente. Le Monde Diplomatique Brasil, 2007. Identifique os dois tipos de formações florestais com maior potencial para amenizar o aquecimento global. Em seguida, aponte uma característica das espécies arbóreas encontradas em cada uma dessas duas formações. 3.(UFBA) Com base no mapa, nas informações contidas no quadro e nos conhecimentos sobre as regiões desérticas destacadas, Explique o conjunto de fatores responsáveis pela variação da cobertura vegetal nas duas encostas. 6. (UMFG) Analise o mapa. As áreas hachuradas no mapa, apesar de descontínuas, apresentam grandes semelhanças de clima e de vegetação. EXPLIQUE a) Razões das semelhanças. b) Características climáticas. c) Características da vegetação. 7. (UNICAMP) O texto a seguir é referente à descrição de uma determinada formação vegetal. Leia-o com atenção e faça o que se pede. a) indique um aspecto comum, quanto à localização geográfica, existente entre os desertos africanos e o sulamericano referidos; b) identifique o tipo de erosão predominante nos ambientes desérticos; c) cite uma razão da importância estratégica da península arábica no cenário mundial. Vegetação localizada na zona intertropical, junto a enseadas, braços de mar e baías calmas, podendo avançar para o interior de estuários até onde a água se mantém salobra. Sujeita diariamente à ação das marés. Seu porte varia entre arbustivo até arbóreo nos estuários. O sistema radicular, com raízes respiratórias pneumatóforas e raízes escoras, contribui para a fixação dos sedimentos. (Adaptado de Helmut Troppmair, "Biogeografia e meio ambiente". Rio Claro: Edição do Autor, 4• ed., 1995, p. 109). Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 18 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL a) Qual a formação vegetal descrita no texto acima? b) Por que o ecossistema dessa formação vegetal é importante para a manutenção da biodiversidade? c) Quais as ações antrópicas que estão contribuindo para a degradação dessa formação vegetal no território brasileiro? 8. (UNESP) Área no cerrado permite produzir oito vezes mais O estudo do Ministério da Fazenda sobre a agricultura destaca que há cerca de 90 milhões de hectares cultiváveis ainda não utilizados no Cerrado, o que representa um potencial de produção da ordem de 230 milhões de toneladas de soja ou 320 milhões de toneladas de milho. "Isto torna possível multiplicar por 6 ou 8 vezes, respectivamente, a produção destes grãos", enfatiza o ministério (...) a) Qual é a área de ocorrência original desse domínio vegetal? b) Cite pelo menos duas características do domínio morfoclimático onde ocorre esse tipo de cobertura vegetal. 10. (UFRJ) A caatinga, que em tupi-guarani significa "mata branca", é um ecossistema e, como tal, possui relações de interdependência entre os diferentes elementos que a constituem. (www.estadao.com.br) Classificação da Vegetação Natural Localize a área da caatinga no Brasil e caracterize esta formação vegetal, relacionando-a com o clima. 11. (UFC) Enumere três (3) características do meio físico do ecossistema das caatingas do Nordeste brasileiro. (F.A.A. Sampaio e S.A. Furlen, Agenda Ecologica - IBEP) 12. (FUVEST) Do grande alongamento do Continente Americano no sentido dos meridianos e da sua posição no globo terrestre resultam uma grande diversidade de clima e vegetação. Considerando o texto e o mapa, a) indique o número que corresponde à área do Cerrado no mapa; Caracterize os tipos climáticos e as formações vegetais neste continente, indicando seu aproveitamento econômico em áreas de b) caracterize o Cerrado quanto aos aspectos climáticos, edáficos (solos) e de vegetação. a) baixa latitude; b) alta latitude, no Hemisfério Norte. 9. (UNICAMP) No Brasil, a mata dos Pinhais cobria originalmente uma área superior a 100 mil km£ ou 100 milhões de hectares. Atualmente, calcula-se que sobraram apenas cerca de 300km2 ou 300 mil hectares desse domínio vegetal, ou seja, apenas 0,3% da cobertura original. 13. (UFU) Após a observação do mapa a seguir, faça o que se pede. (Adaptado de Melhem Adas, "Panorama Geográfico do Brasil", São Paulo, Moderna, 1998.) Ross, J. L. S. (org.) "Geografia do Brasil". 4• ed. São Paulo: Edusp, 2003, p. 133. a) Identifique os biomas assinalados com os números I, II, III, IV e V. Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 19 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL b) Cite uma característica da vegetação de cada um dos biomas identificados. 14. (UFF) Ao se observar o mapa constata-se que os continentes cujas matas nativas foram mais devastadas são a África e a Europa que possuem, respectivamente, 8% e 0,3% de suas matas nativas. Fonte: Adaptado Atlas IBGE a) Apresente, explicando, um motivo básico que distingue as situações da África e da Europa. b) Explique porque os reflorestamentos da Europa e da África mostram resultados distintos. 15. (UNESP) Observe os esquemas, que representam dois perfis de solo, 1 e 2, e as duas paisagens vegetais, de domínios morfoclimáticos brasileiros, A e B. a) Relacione cada perfil de solo com a paisagem vegetal correspondente, identificando os respectivos domínios morfoclimáticos. b) Justifique sua resposta, considerando os níveis de matéria orgânica e de alteração da rocha. Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 20