Título: Prevalência de Parvovírus Humano B19 em Dadores de Sangue Autores: A. Ferreira (1, 2); A. Pina (1, 2); P. Palminha (3);C. Sargento (1,2) 1- Laboratório de Virologia do Serviço de Imuno-hemoterapia dos Hospitais da Universidade de Coimbra 2- Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra 3- Laboratório de Virologia do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge Endereço para contacto: Ana Ferreira Laboratório de Virologia, Serviço de Imuno-hemoterapia Hospitais da Universidade de Coimbra Praceta Professor Mota Pinto 3049 - 075 Coimbra Telefone: 239 400 546 / 239 400 400 – Extensão 12524 Resumo: O Parvovírus B19 foi inicialmente identificado em dadores de sangue assintomáticos por Cossart e colaboradores em 1975, na Inglaterra. O vírus está distribuído por todo o mundo, com 20 a 80% dos adultos da Europa e Estados Unidos da América a mostrar evidência de infecção antiga. Sabe-se que é transmitido por sangue e secreções respiratórias dos doentes virémicos. Os métodos de inactivação viral no plasma não são completamente eficazes na destruição do vírus. Os indivíduos adultos, mesmo na fase aguda de virémia, são geralmente assintomáticos. Os métodos directos de pesquisa são muito importantes na fase aguda, pois os anticorpos específicos ainda não são detectados. Tendo por objectivo determinar a prevalência do Parvovírus B19 em dadores de sangue da região Centro de Portugal, estudaram-se 3000 amostras, obtidas por selecção aleatória, nos meses de Maio a Julho de 2001. Na pesquisa do antigénio Parvovírus B19 foi utilizada uma técnica de aglutinação em coluna, baseada no princípio de hemaglutinação mediada por receptor. As reacções positivas por esta técnica foram confirmadas por PCR e feita a determinação de anticorpos específicos da classe IgM e IgG. Observou-se uma frequência de 0,3% pela técnica de aglutinação em coluna e 0,1% após confirmação por PCR, o que corrobora outros estudos. Palavras chave: Parvovírus B19, dador de sangue, infecção pós transfusão, segurança transfusional 2 Introdução: O Parvovírus B19 foi descoberto ocasionalmente em 1975, por Cossart e colaboradores, enquanto estudavam a serologia da Hepatite B em dadores de sangue saudáveis 1. Pertence à família Parvoviridae, e devido ao seu alto tropismo para as células eritropoiéticas foi incluído no género Erythrovirus. É o único desta família conhecido como agente patogénico para o homem2,3. O Parvovírus B19 é um vírus pequeno, com cerca de 20 a 25 nm de diâmetro, de simetria icosaédrica e sem invólucro lipídico o que lhe confere grande resistência. Possuí um genoma ADN de cadeia simples, com aproximadamente 5 Kb, que codifica uma proteína não estrutural (NS1), duas proteínas estruturais (VP1 e VP2) e diversos peptídeos com função desconhecida2,3,4,5. A afinidade do vírus pelas células progenitoras eritróides, deve-se à presença de um antigénio do grupo sanguíneo do sistema P, conhecido como antigénio P ou globosídeo6. O antigénio P está presente não só nos eritrócitos como também nos megacariócitos, células endoteliais e células da placenta, fígado e coração fetal. As raras pessoas de fenótipo p (1/200.000),não possuem o antigénio P, sendo naturalmente imunes á infecção pelo Parvovírus B193,4. A população apresenta quatro grandes grupos de pessoas com riscos diferentes à infecção: 1) indivíduos saudáveis por norma sofrem aplasia eritroíde devido a uma paragem na eritropoise medular durante 5 a 7 dias acompanhada de rash e artropatia; 2) grávidas, nas quais pode provocar abortamento e hidropsis fetalis ; 3) doentes com patologia hematológica, podendo originar anemias agudas; 4)doentes imunodeprimidos, nos quais pode induzir anemias crónicas2,3,4,5,7,8,9,10,11. A infecção por Parvovírus B19 ocorre em todo o mundo, durante todo o ano e em todas as idades, aquando dos surtos de eritema infeccioso ou em casos esporádicos3,4. Este 3 vírus possuí alta infecciosidade, estando descritos episódios com características epidémicas em muitas comunidades. Os vírus estão presentes no sangue e secreções respiratórias dos doentes virémicos, sendo o contacto directo o modo preferencial de transmissão2,3,4,12. A virémia é curta e ocorre na fase precoce da infecção3,4. Cerca de 30 a 60% dos dadores de sangue possuem anticorpos (anti-B19-IgG) que indicam imunidade12,13,14. A incidência de virémia nos dadores de sangue é considerada baixa, sendo estimada entre 1/3.300 a 1/50.0003,8,10,12.Os dadores virémicos são normalmente assintomáticos, pelo que, nem os sintomas clínicos, nem a pesquisa de anticorpos se revelam eficazes no momento da dádiva. Os métodos directos são muito importantes na fase aguda, enquanto os anticorpos específicos não são detectados. Estes métodos baseiam-se na pesquisa de partículas antigénicas, dos ácidos nucleícos ou na cultura celular3,8. Sato e colaboradores consideram a hemaglutinação mediada por receptor (RHA), usando a técnica de aglutinação em coluna (TAC), um teste funcional na detecção de vírus intactos que se ligam específicamente ao receptor P 15,16. Comparativamente, a PCR detecta os vírus intactos mas também partículas virusais desnaturadas e inactivadas, sem carácter infeccioso. A positividade na PCR pode indicar contaminação com Parvovírus B19, mas não necessariamente infectante3,12,15(Figura 1). O risco estimado de desenvolver infecção em indivíduos não imunes, após contacto com o Parvovírus B19 , é elevado e pode ter consequências nefastas3,5,8,9. Em Portugal ainda não estão descritos estudos de prevalência deste vírus. Os objectivos deste estudo são: determinar a prevalência do Parvovírus B19 nos dadores de sangue da região Centro de Portugal e tentar demonstrar a necessidade de pesquisa deste vírus sobretudo nas dádivas dirigidas para os receptores de alto risco a esta infecção. 4 Material e métodos População: Realizou-se um estudo numa população de 3000 dadores de sangue seleccionados aleatóriamente na região centro de Portugal e distribuídos maioritariamente pela Beira Litoral e parte da Beira Interior, nos meses de Maio a Julho de 2001. Esta população é constituída por 68,2 % de homens e 31,8 % de mulheres, com idades compreendidas entre os 18 e os 65 anos. Todas as amostras de sangue foram colhidas sem anticoagulante para a obtenção de soro e rotuladas com código de barras identificativo do número de colheita. Pesquisa do antigénio Parvovírus B19: A pesquisa do antigénio Parvovírus B19 foi efectuada por uma técnica de aglutinação em coluna, usando o sistema “ID- Parvovirus B19” (DiaMed AG, Cressier, Suiça), baseado na aglutinação de eritrócitos por ligação do Parvovírus B19 ao antigénio P ou globosídeo17. De acordo com as instruções fornecidas pelo fabricante, as células foram preparadas com tampão ID-PV pH 5.8, de modo a optimizar a ligação, e misturadas ao soro do dador na câmara de incubação do “card” que contendo partículas Parvovírus B19 causam aglutinação 16 . Para separar as células aglutinadas das não aglutinadas a mistura foi centrifugada ao longo da matriz de filtração do gel. A leitura baseou-se na observação visual da ocorrência ou não de aglutinação no “card”. Todos os resultados positivos foram repetidos. 5 Polymerase Chain Reaction (PCR) Extracção de DNA: Incubaram-se 10 l de soro a 60 ºC durante 3 horas em 500 g/ml de proteinase K (Boehringer Mannheim, Alemanha), 50 mM Tris-HCl, pH 8.0, 200 mM NaCl, 10 mM de EDTA, 2% SDS. Procedeu-se à extracção com volume igual de fenol saturado com TE (pH 8.0), fenol/clorofórmio/álcool isoamílico (25:24:1) e clorofórmio/álcool isoamílico (24:1), respectivamente. Após precipitação com etanol, isolou-se o ADN do parvovírus B19 por centrifugação. O centrifugado foi seco ao ar e dissolvido em 10 l de água destilada. Utilizou-se uma alíquota de 2.5 l desta solução na amplificação subsequente por PCR. Amplificação por PCR: A amplificação foi efectuada num volume de reacção de 25 l com 10 mM de Tris-HCl (pH 8.3), 50 mM KCl, 1.5 mM MgCl2, 0.001% de gelatina, 200 M de dNTPs, 100nM de cada primer, 0.625 U de Taq ADN polimerase (Perkin Elmer, Foster City, EUA) e ADN alvo. A reacção realizou-se num termociclador GeneAmp 9600 (Perkin Elmer, Foster City, EUA). As temperaturas e tempos foram as seguintes: 1 ciclo de 5 minutos a 95 ºC, 1 minuto a 37 ºC, 1 minuto a 72 ºC; 38 ciclos de 1 minuto a 37 ºC, 1 minuto a 72 ºC, e 1 ciclo de 1 minuto a 95 ºC, 1 minuto a 37 ºC e 5 minutos a 72 ºC. As sequências dos primers foram as seguintes: 5’-GGA ACA GAC TTA GAG CTT ATT C-3’ (nt 2537-2558) e 5’-GCT TGT GTA AGT CTT CAC TAG-3’ (nt 2795-2774). Os produtos da reacção PCR foram submetidos a uma electroforese em gel de acrilamida a 7% em tampão Tris-borato-EDTA. O gel foi corado com brometo de etídeo. 6 Determinação de anticorpos Parvovírus B19, da classe IgM e IgG: A pesquisa de anticorpos específicos para o Parvovírus B19 foi executada por técnicas ELISA - Parvovirus B19 IgM e Parvovírus B19 IgG (Biotrin International, Dublin, Irlanda), de acordo com os protocolos fornecidos pelo fabricante. Estas técnicas detectam anticorpos contra a proteína estrutural VP2, que constitui cerca de 95% da cápsula do Parvovírus B19. 7 Resultados e discussão: No rastreio a 3000 dadores de sangue para a pesquisa do antigénio Parvovírus B19, usando uma técnica de aglutinação em coluna, obtivemos 10 amostras repetidamente positivas (0.3%) e nas quais a confirmação por PCR mostrou reacção positiva em apenas 3 amostras (0,1%). Das amostras positivas por PCR, duas não apresentaram anticorpos nem da classe IgM nem IgG, indicando fase de virémia. Nesta fase, os anticorpos específicos ainda não foram produzidos, sendo o dador potencialmente infeccioso. A outra amostra PCR positiva apresentou apenas anticorpos da classe IgG, o que se explica pela grande sensibilidade da PCR que detecta ADN Parvovírus B19 por um longo período após a infecção, mesmo depois de os anticorpos IgM já terem desaparecido. Em seis amostras positivas pelo método de aglutinação em coluna e negativas por PCR apenas se detectaram anticorpos da classe IgG, indicando já imunização nesses dadores. Uma outra amostra, fracamente positiva pela técnica de aglutinação, foi considerada falsa positiva uma vez que tanto a PCR como a pesquisa de anticorpos por ELISA se revelaram negativos. A existência de resultados falsos positivos por TAC pode ser explicada pela menor especificidade do teste relativamente à PCR e provavelmente por reacções inespecíficas devido a infecção anterior já resolvida (Tabela 1). A prevalência encontrada após confirmação por PCR foi de 0,1%. Comparando estes resultados com a bibliografia referente ao uso de PCR verificamos que esta prevalência é significativamente superior á descrita por Mc Osmish e colaboradores19 no estudo de 20.000 dadores na área de Edimburgo (0,03%) e inferior á descrita por Yoto e colaboradores20 (0,6%) relativo a um período endémico de eritema infeccioso no Japão. 8 No entanto, esta prevalência foi a encontrada num estudo realizado em 10.200 dadores voluntários em Pittsburgh, nos EUA, por Jordan e colaboradores13,14. Analisando, nas dez amostras positivas por aglutinação, os outros parâmetros obrigatórios a todas as dádivas: HBsAg, HBcAc, AcHCV, Ac HIV 1+2 e HTLV 1+2, Treponema pallidum (VDRL), hemograma e doseamento da alanina aminotransferase (ALT) verificamos que duas amostras apresentaram valores de ALT superiores ao valor estipulado como normal no Serviço, e outra amostra foi positiva para o HBcAc e posteriormente para o HBsAc com um título de 49UI/L (Tabela 2). Desta forma, apenas dois componentes (concentrado eritrócitário e concentrado plaquetar ) das três dádivas, cuja PCR foi positiva, foram administrados. Sabe-se que o Parvovírus B19 é transmitido por transfusões e pode ter consequências nefastas, nomeadamente em imunodeprimidos e grávidas. Cohen e colaboradores11 descrevem um caso de anemia aplástica crónica devido a infecção pelo Parvovírus B19, após transfusão de um concentrado plaquetar num doente transplantado de medula óssea. Jordan e colaboradores14 relatam o caso de um índividuo transplantado hepático que desenvolveu anemia crónica depois de ter recebido, dois dias após o transplate, um concentrado eritrócitário com ADN Parvovírus B19 e sem imunoglobulinas específicas. No nosso estudo, tentámos fazer uma avaliação clínica do receptor do concentrado plaquetar da dádiva cuja PCR foi positiva e sem alterações nos outros parâmetros analisados. O receptor foi um indivíduo de 24 anos, doente de Hematologia e com diagnóstico de leucemia mielóide aguda M3v.Os hemogramas na data da transfusão e dias seguintes revelaram um quadro de infecção que foi acompanhada de febre. No entanto, foi-lhe diagnosticada uma apendicite que após a cirurgia, sete dias depois da transfusão, se manifestou em valores de hemogramas normalizados (Tabela 3). 9 De referir, que a presença de anticorpos aumenta com a idade, sendo que 40-60% dos adultos são anti-IgG positivos, indicando por norma imunidade duradoura, embora haja casos descritos de reinfecção 3,4,14 . A ausência de doença nalguns receptores de unidades ADN positivas pode ser explicada em parte pelo efeito protector dos anticorpos específicos dos componentes recebidos, assim como, pela probabilidade de a maioria dos adultos já possuírem anticorpos Parvovírus B19 IgG3,13,14. A sensibilidade do método de hemaglutinação usando a técnica de aglutinação em coluna(TAC) é de 108-1010partículas /ml comparativamente à PCR cuja sensibilidade se situa entre 100-102equivalentes genoma /ml 8,16,18 . Sabendo que, na fase de virémia o título de Parvovírus B19 é aproximadamente 1012partículas/ml e a “clearance” viral ocorre entre 3 a 6 meses, sugere-nos que o nível de sensibilidade da técnica de aglutinação em coluna é apropriado para a detecção na fase aguda da infecção por Parvovírus B19. Deste modo, a pesquisa do antigénio pela técnica de aglutinação em coluna não excluí completamente a transmissão do Parvovírus B19 nas transfusões, mas o risco está seguramente reduzido. Outros factores como o custo, a simplicidade de execução, o espaço necessário, o tempo para obter o resultado e a versatilidade do teste, contribuem para a fácil adaptação aos bancos de sangue no rastreio individual de dadores em larga escala. Este método surge como boa alternativa à pesquisa de ADN, sem alterar significativamente a rotina laboratorial e contribuindo para que o risco de infecção Parvovírus B19 pós transfusão seja menor. 10 Conclusão: A prevalência encontrada em dadores de sangue da região centro de Portugal, após confirmação por PCR, foi de 0.1% (1/1000).Esta prevalência mostra que o rastreio nestes dadores pode ser importante e poderá contribuir para um aumento na segurança transfusional. O uso de testes simples e rápidos como a hemaglutinação por TAC permitem detectar a fase de virémia, reduzindo substancialmente o risco de infecção nos receptores. No entanto, permanecem dúvidas sobre o título de Parvovírus B19 suficiente para provocar a infecção. Serão necessários mais estudos para avaliar as consequências nos receptores, caracterizando melhor os efeitos clínicos e infeciosidade, e clarificar a importância da infecção na Saúde Pública. Uma amostragem de dadores de sangue mais significativa permitirá esclarecer e determinar a prevalência real do Parvovírus B19 em Portugal. 11 Referências: 1 Cossart YE, Field AM, Cant B, Widdows D. Parvovirus-like particles in human sera. Lancet 1975; 11: 72. 2 Azzi A, Morfini M, Mannucci M. The transfusion-associated transmission of parvovirus B19. Transfusion Med Rev 1999; 13: 194. 3 Araújo F, Koch MC, Monteiro F, Araújo AR. A infecção pelo parvovirus B19. Acta Med Port 1999; 12: 195. 4 Godinho C, Costa M, Alegria A, Coimbra E. Infecção por parvovirus B19-revisão bibliográfica. Rev Port Doenc Infec 1994; 4: 215. 5 Wakamatsu C, Takakura F, Kojima E, Kiriyama Y, Goto N, Matsumoto, Oyama M, Sato H, Okochi K, Maeda Y. Screening of blood donors for human parvovirus B19 and characterization of the results. Vox Sang 1999; 76: 14. 6 Brown KE, Anderson SM, Young NS. Erythrocyte P antigen: cellular receptor for B19 Parvovirus. Science 1993; 262: 114-117. 7 Santagostino E, Mannucci PM, Gringeri A, Azzi A, Morfini M. Eliminating Parvovirus B19 from blood products. Lancet 1994; 343: 798. 8 Siegi G, Cassinotti P. Presence and significance of parvovirus B19 in blood and blood products. Biologicals 1998; 26: 89. 9 Prowse C, Ludlam CA, Yap PL. Human parvovirus B19 and blood products. Vox Sang 1997; 72: 1. 12 10 Aubin JT, Defer C, Vidaud M, Maniez Montreuil M, Flan B. Large-scale screening for human parvovirus B19 DNA by PCR : application to the quality control of plasma for fractionation. Vox Sang 2000; 78:7. 11 Cohen BJ, Beard S, Knowles WA, Ellis JS, Joske D, Goldman JM, Hewitt P, Ward KN. Chronic anemia due to parvovirus B19 infection in a bone marrow transplant patient after platelet transfusion. Transfusion 1997; 37: 947. 12 Tsujimura M, Matsushita K, Shiraki H, Sato H, Okochi K, Maeda Y. Human parvovirus B19 infection in blood donors. Vox Sang 1995; 69: 206. 13 Tankersley DL. Safety of multiple-unit transfusions. Vox Sang 2000; 78: 132. 14 Jordan J, Tiangco B, Kiss J, Koch W. Human parvovirus B19: prevalence of viral DNA in volunteer blood donors and clinical outcomes of transfusion recipients. Vox Sang 1998; 75: 97. 15 Sato H, Takakura F, Kojima E, Fukada K, Okochi K, Maeda Y. Screening of blood donors for human parvovirus B19. Lancet 1995; 346: 1237. 16 Cohen B, Millar A, Schwind P. Screening blood donations for parvovirus B19. Lancet 1995; 346: 1631. 17 Brown KE, Cohen BJ. Haemagglutination by parvovirus B19. J Gen virol 1992; 73: 2147-2149. 18 Sekiguchi S, Sato S, Kato T. Human parvovirus B19 DNA detected by receptormediated hemagglutination assay of pooled plasma for fractionation. Transfusion 1998; 38: 108. 13 19 Mc Omish F, Yap PL, Jordan A, Hart H, Cohen BJ, Simmonds P. Detection of parvovirus B19 in donated blood: a model system for screening by polymerase chain reaction. J Clin Microbiol 1993; 31: 323-328. 20 Yoto Y, Kudoh T, Haseyama K, Suzuki N, Oda T, Katoh T, Takahashi T, Sekiguchi S, Chiba S. Incidence of human parvovirus B19 DNA detection in blood donors. Br J Haematol 1995; 91: 1017. 14 Agradecimentos : Os autores agradecem à Drª Ana Esesumaga e à Drª Maria De La Lastra a colaboração prestada na consulta de processos de doentes. 15 PCR ID-B19 IgM B19 IgG B19 Virémia 0 2 4 6 8 10 12 14 Dias Meses Figura 1 16 Tabela 1: Comparação de diferentes técnicas de análise laboratorial para o estudo da infecção pelo Parvovírus B19 (TAC, PCR, Anti-B19 IgM e Anti-B19 IgG), em amostras TAC positivas. Hemaglutinação PCR Anti- B19 Anti- B19 (TAC) B19 DNA IgM IgG 1 ++++ + - - 2 +++ + - - 3 +++ + - + 4 +++ - - + 5 ++ - - + 6 ++ - - + 7 ++ - - + 8 + - - + 9 + - - + 10 + - - - 17 Tabela 2: Parâmetros analíticos obrigatórios efectuados aos dadores de sangue, referentes ás dádivas positivas por TAC. Amostra Sexo HBsAg HBcAc HBsAc AcHIV AcHTLV AcHCV 1+2 1+2 VDRL ALT Hb 1 M - - ND - - - - 126 >13.5 2 M - - ND - - - - <68 >13.5 3 F - - ND - - - - 39 >12.5 4 M - - ND - - - - <68 >13.5 5 M - + + - - - - <68 >13.5 6 F - - ND - - - - <38 >12.5 7 M - - ND - - - - <68 >13.5 8 F - - ND - - - - <38 >12.5 9 M - - ND - - - - <68 >13.5 10 F - - ND - - - - <38 >12.5 ND= não determinado 18 Tabela 3: Valores dos hemogramas e temperaturas do receptor do concentrado plaquetar com PCR positiva e sem imunoglobulinas específicas para o Parvovírus B19. Dia após Hemoglobina Eritrócitos Leucócitos Plaquetas Temperatura transfusão (g/dl) (T/l) (G/l) ((G/l) (ºC) D0 9,2 3,05 1,33 19 38,0 D2 7,6 2,53 1,02 29 38,5 D5 9,1 3,02 1,58 14 38,5 D7 8,3 2,57 2,49 17 41,0 D19 11,0 3,65 5,20 408 37,5 19 Figura 1: Evolução serológica da infecção pelo Parvovírus B19. A fase de virémia ou fase aguda é curta, de aproximadamente 10 dias após a exposição ao vírus. Esta fase pode ser inicialmente detectada por PCR, seguindo-se com poucos dias pelo teste “IDB19” na pesquisa do antigénio, enquanto os anticorpos específicos ainda não são detectados. A “clearance” viral ocorre entre 3 a 6 meses, mantendo-se apenas anticorpos específicos IgG, indicando imunização. 20