plantas qualidade

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43
Efeito da Poda e de Épocas de Colheita sobre Características Agronômicas da mandioca
Effect of pruning and harvest time on the cassava agronomical characteristics
Sandra Pereira de Oliveira¹, Anselmo Eloy Silveira Viana², Sylvana Naomi
Matsumoto², Otoniel Magalhães Morais², Tocio Sediyama³ e Alcebíades Rebouças São
José²
¹Engenheira Agrônoma, Mestre, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. ²Departamento de
Fitotecnia e Zootecnia, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Cx.Postal 95, 45.083-920,
Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. ³Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, Brasil. *Autor
para correspondência. E-mail: [email protected]
RESUMO: O experimento foi conduzido na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,
em Vitória da Conquista – BA, no período de novembro de 2005 a fevereiro de 2007, com o
objetivo de avaliar o efeito da poda e épocas de colheita sobre características agronômicas da
mandioca. Utilizou-se o delineamento em blocos casualizados com três repetições. Os
tratamentos foram arranjados segundo esquema fatorial 6 x 2, com seis épocas de colheita
(30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias após a poda) e dois sistemas de condução da cultura (com e
sem poda). Os resultados mostraram que plantas podadas apresentaram menor peso de parte
aérea e menor produtividade de raízes tuberosas, e embora não tenha sido observado redução
na porcentagem de matéria seca e amido em raízes houve decréscimo na produção de amido e
farinha, avaliados em kg.ha-¹. A produtividade de raízes tuberosas, produtividade de amido e
farinha aumentaram linearmente com as épocas de colheita. O tempo de cozimento foi
influenciado pela poda Raízes de plantas podadas apresentaram maior tempo de cocção
quando comparadas com aquelas não podadas
PALAVRAS CHAVE: Cocção. Produção de Raízes. Produção de Amido
ABSTRACT: The experiment was performed at the Campus of Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia – UESB, in Vitória da Conquista, Bahia-Brazil, from November 2005 to
February 2007, aiming the evaluation, pruning effect and harvest time , on cassava
agronomical characteristics. The experimental design used was the block randomized one,
with three replications. The treatments were arranged according to factorial scheme 6x2, with
six-harvest times (30, 60, 90, 120, 150, 180 days after pruning) and two cultural conduction
systems (with and without pruning). The results showed that pruned plants presented low
aeral part weight and low productivity of tuberous roots, though a reduction of dry matter,
starch and flour production was not observed, which were evaluated in kg.ha-1. Tuberous
roots, starch and flour production increase linearly with the harvest times. Cooking time was
influenced by pruning. Pruned plants roots showed higher cooking time when compared to
non pruned plants roots.
Key words: Cooking, Roots Production, Starch Production
1
1
INTRODUÇÃO
2
3
A mandioca é a mais importante fonte de carboidratos depois do arroz, da cana-de-açúcar e
4
do milho, para mais de 500 milhões de pessoas nas regiões tropicais e subtropicais (El-Sharkawy,
5
2006). Constitui uma das mais importantes fontes de energia na dieta da maioria dos países
6
tropicais do mundo (Jaramillo e outros, 2005).
7
Mais de dois terços da produção total da mandioca são usadas na alimentação humana, com
8
poucas quantidades sendo aproveitadas na alimentação animal e com finalidades industriais
9
(Nwokoro e outros, 2002), só recentemente é que a cultura assumiu maior importância no Sul da
10 Ásia Oriental e América do Sul como fonte de amido para indústria de alimentos processados e na
11 alimentação animal (Ceballos, 2002).
12
No Brasil, a mandioca é uma das principais culturas, tanto em área colhida, como em valor
13 da produção. A produção brasileira está em torno de 27 milhões de toneladas de mandioca, com
14 produtividade média de 13,6 t.ha-1 (IBGE, 2007).
15
A mesoregião Centro-Sul Baiano, que inclui as microrregiões de Itapetinga, Vitória da
16 Conquista, Jequié, Seabra, Boquira, Livramento de Nossa Senhora, Guanambi e Brumado
17 contribuiu, em 2004, com a maior parte da produção (28,3%) de mandioca do Estado da Bahia,
18 (IBGE, 2007). Nessa mesoregião destacam-se duas das maiores microrregiões produtoras de
19 mandioca, Vitória da Conquista e Jequié, respectivamente, com 9,8% e 8,9% da produção do
20 Estado. (IBGE, 2007).
21
A mandiocultura apresenta-se como atividade agrícola de grande importância na região
22 Sudoeste da Bahia. A região é destaque no cenário da produção estadual, contribuindo com 9,25%
23 da produção em 2005, o que equivale a 426.496 toneladas, com rendimento médio de 13 t.ha-1
24 (IBGE, 2007).
25
Apesar de sua importância, a mandioca não vem apresentando nos últimos anos
26 estabilidade na produção, sendo necessário a adoção de inovações tecnológicas, como o uso de
27 variedades mais produtivas e incentivo a pesquisas com a cultura. Embora existam inúmeros
28 trabalhos realizados, alguns temas são considerados controvertidos entre os quais situa-se a poda
29 da parte aérea. É prática comum em algumas regiões brasileiras, porém, tem sido realizada pelos
30 produtores sem estabelecer uma relação entre os benefícios e critérios de execução.
31
A poda da parte aérea de plantas da mandioca é um dos componentes do sistema de
32 produção dessa cultura que necessita de estudos visando determinar a viabilidade dessa prática e
33 verificar sua influência sobre aspectos quantitativos e qualitativos relacionados à produção.
2
1
Com o desenvolvimento da cultura da mandioca no Planalto de Conquista inserido na
2
região Sudoeste da Bahia, objetivou com este trabalho avaliar o efeito da poda e de épocas de
3
colheita sobre a produtividade e outras características agronômicas da mandioca.
4
5
3 MATERIAL E MÉTODOS
6
7
Este experimento foi conduzido no Campus da Universidade Estadual do Sudoeste da
8
Bahia, em Vitória da Conquista – BA, município localizado no Sudoeste do Estado da Bahia, a
9
14°51’ Latitude Sul, 40°50’ Latitude Oeste, à altitude de 928m. As médias das temperaturas
10 máxima e mínima são, respectivamente, de 25,3 e 16,1°C. do ar. A precipitação anual é de 733,9
11 mm, sendo o maior nível encontrado de novembro a março.
12
Nas Figuras 1 e 2 estão apresentados os dados climáticos, obtidos durante o período de
13 condução do experimento, referentes à precipitação pluvial (mm), a umidade relativa do ar (%), a
14 temperatura média máxima (ºC) e a temperatura média mínima (ºC) do ar.
15
O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Amarelo Álico A moderado,
16 relevo plano, apresentando os seguintes resultados de acordo com a análise química de amostras do
17 solo, realizada no Laboratório de Solos da UESB: pH em H2O (1:2,5) = 5,90; P (mg/dm³) = 5,00;
18 K+ (cmol/dm³ = 0,61; Al³+ (cmol/dm³) = 0,00; Ca²+ (cmol/dm³) =3,80; Mg²+ (cmol/dm³) = 1,80; H+
19 Al³+ (cmol/dm³) = 2,50; S.B. (cmol/dm³) = 6,20; m (%) = 0,00; V (%) = 71,00; CTC efetiva
20 (cmol/dm³) = 6,20; CTC a pH 7,0 (cmol/dm³) = 8,70. Não foi feito calagem nem adubação.
21
O plantio foi efetuado em novembro de 2005. O solo foi arado e gradeado e, em seguida, os
22 sulcos, espaçados de um metro, abertos com sulcador acoplado a um trator. As manivas utilizadas
23 no plantio foram obtidas de plantas sadias da variedade Coqueiro, usada como mandioca de mesa e
24 na alimentação animal, com idade aproximada de 18 meses e plantadas logo após a coleta,
25 distribuídas a cada 60 cm dentro de cada sulco.
26
A seleção das manivas para o plantio foi feita, procurando uniformizar ao máximo todo o
27 material utilizado. Foram usadas as frações do terço médio da planta, com 20 cm de comprimento
28 e 2 a 3 cm de diâmetro, perfazendo uma média de oito gemas. O corte, feito com facão, reto nas
29 duas extremidades. Aos trinta dias após a brotação foi feito o replantio. No decorrer do
30 experimento, os tratos culturais foram feitos de acordo com a necessidade, mantendo a cultura
31 sempre limpa, com três capinas feitas nos meses de novembro e dezembro de 2005, e fevereiro de
32 2006.
3
1
2
Fonte: Instituto Nacional de Metereologia-INMET/Vitória da Conquista-BA, 2007.
3
4
5
Figura 1 – Médias mensais de precipitação pluviométrica e umidade relativa do ar no
período de novembro de 2005 a fevereiro de 2007. Vitória da Conquista-BA, 2007.
6
7
Fonte: Instituto Nacional de Metereologia-INMET/Vitória da Conquista-BA, 2007.
8
9
10
Figura 2 – Médias mensais de temperatura máxima e mínima do ar no
período de novembro de 2005 a dezembro de 2005. Vitória da Conquista-BA, 2007.
11
Adotou-se o delineamento experimental em blocos casualizados com 12 tratamentos e três
12 repetições. Os tratamentos foram arranjados segundo esquema fatorial 6x2, com seis épocas de
13 colheita (30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias após a poda) e dois sistemas de condução da cultura (com
14 e sem poda).
15
Cada parcela, com área total de 24 m², foi formada com 4 linhas de 6 m de comprimento,
16 com espaçamento de 1,0 m entre elas, com 10 plantas por linha, sendo 16 plantas consideradas
17 úteis, e um total de 40 plantas. A colheita foi realizada nos meses de setembro de 2006 a fevereiro
18 de 2007. A análise estatística foi feita usando-se o programa SAEG (Sistema para Análises
4
1
Estatísticas e Genéticas) versão 8.0 (Ribeiro Júnior, 2001).
2
Foram avaliados o peso de parte aérea, a produtividade de raízes tuberosas, o índice de
3
colheita, a porcentagem de matéria seca e de amido, e o rendimento de farinha (Grossmann e
4
Freitas, 1950), a produtividade de amido e a produtividade de farinha.
5
6
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
7
8
Na Tabela 1, observa-se efeito de poda e épocas de colheita sobre peso de parte aérea,
9
produtividade de raízes e índice de colheita. Na mesma tabela nota-se que a interação poda x
10 épocas de colheita, apresentou significância para o índice de colheita. A porcentagem de matéria
11 seca, a porcentagem de amido e o rendimento de farinha não foram influenciados pelos
12 tratamentos avaliados.
13
14
15
16
17
18
Tabela 1 - Resumo da análise de variância e dos coeficientes de variação das características
peso da parte aérea (PPA), produtividade de raízes tuberosas (PRT), índice de colheita (IC),
porcentagem de matéria seca em raízes (MS), porcentagem de amido em raízes (AM) e
rendimento de farinha (RFA). Vitória da Conquista-BA, 2007.
FV
P
EC
P x EC
Blocos
Resíduo
CV(%)
GL
1
5
5
2
22
PPA
2.817.274.000,00*
722.271.500,00*
109.121.000,00
33.303.470,00
122.860.900,00
31,12
QUADRADOS MÉDIOS
PRT
IC
MS
251.782.100,00*
0,0930*
6,20
301.022.900,00*
0,0104*
7,35*
9.109.703,00
0,0167*
2,42
15.307.610,00
0,0007
2,47
11.880.290,00
0,0041
2,15
12,80
14,14
5,04
AM
6,20
7,35*
2,42
2,47
2,15
5,99
RFA
12,25
11,78*
3,92
4,75
4,20
10,04
19 P: Poda; EC: Épocas de Colheita;* Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.
20
21
O peso de parte aérea das plantas não podadas foi superior ao observado nas plantas
22 podadas (Tabela 2). A poda reduziu a produção de ramas. A brotação verificada aos 30 dias após a
23 poda foi pequena, entretanto, observa-se valores próximos aos de plantas não podadas na última
24 colheita aos 180 dias decorridos da poda. As condições ambientais (elevadas precipitações
25 pluviométricas e temperatura) ocorridos na região (Fig 1 e 2), a partir de novembro (90 dias após a
26 poda), favoreceram o crescimento vegetativo da parte aérea.
27
Lorenzi e outros (1988) constataram, em avaliação do comportamento de cultivares de
28 mandioca, a influência de fatores ambientais e de componentes genéticos na produção de parte
29 aérea de mandioca.
5
1
2
Tabela 2 - Peso da parte aérea (kg.ha-1) em função da poda e épocas de colheita. Vitória da
Conquista-BA, 2007.
Épocas de colheita (meses)
Poda
Sem
Com
Médias
30 (Set)
40.099
7.484
23.792
60 (Out)
33.294
17.567
25.430
90 (Nov)
37.021
20.492
28.756
120 (Dez)
52.882
32.919
42.785
150 (Jan)
50.111
35.460
42.900
180 (Fev)
53.333
46.661
49.997
Médias
44.457 a
26.764 b
35.610
3
4
5
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste F a 5% de probabilidade.
6
épocas de colheita (Figura 3). Verifica-se que os maiores valores do peso de parte aérea ocorreram
7
aos 180 dias após a poda. Com a permanência das plantas em campo, observa-se que o peso de
8
parte aérea aumentou aproximadamente 188 kg por hectare/dia.
9
Observou-se efeito linear crescente para peso da parte aérea de mandioca em função das
Leonel-Neto (1983) verificou variações na produção da parte aérea em razão da época de
10 colheita encontrando maiores valores em períodos de desenvolvimento vegetativo, durante o ciclo
11 cultural, condicionado pelas variações climáticas.
Peso de parte aérea (Kg.ha-¹)
50000
45000
40000
35000
30000
ŷ = 15864 + 188,06x
r² = 0,9255
25000
20000
15000
30 (Set)
60 (out)
90 (Nov)
120 (Dez)
150 (Jan)
180 (Fev)
Épocas de colheita
12 Figura 3 - Estimativa do peso de parte aérea em função de épocas de colheita. Vitória da
13 Conquista-BA. 2007.
14
15
Observa-se que em média plantas podadas apresentaram menor produtividade de raízes
16 tuberosas que as plantas não podadas (Tabela 3). Esse comportamento pode ser explicado, devido a
17 planta não podada estar na sua plenitude foliar, fotossinteticamente ativa e acumulando amido nas
18 raízes tuberosas. O desenvolvimento das raízes tuberosas da mandioca se dá juntamente com o da
19 parte aérea (caule, pecíolos e folhas). Dessa forma, ocorre uma demanda simultânea de assimilados
20 para o desenvolvimento das partes aéreas e subterrâneas, que competem entre si. O rendimento de
21 raízes tuberosas, é portanto dependente do saldo de carboidratos disponíveis durante o
22 desenvolvimento das plantas e da capacidade das raízes os atraírem e acumularem na forma de
23 amido (Williams, 1972; Enyi, 1972).
6
1
2
3
4
5
6
Tabela 3 - Produtividade de raízes tuberosas (kg.ha-1) em função da poda e épocas de
colheita. Vitória da Conquista-BA, 2007.
Épocas de colheita (meses)
Poda
30 (Set) 60 (Out) 90 (Nov) 120 (Dez) 150 (Jan) 180 (Fev)
Sem
17.847
24.271
30.695
33.958
31.666
38.542
Com
14.722
17.743
23.820
25.903
30.104
32.951
Médias
16.285
21.007
27.257
29.931
30.885
35.746
Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste F
probabilidade.
Médias
29.496 a
24.207 b
26.851
a 5% de
7
Corrêa (1972) observou que a poda realizada aos 6, 9, e 12 meses contribuiu para uma
8
redução na produção em relação ao tratamento que não sofreu poda. Santiago (1985) observou que
9
quando o período decorrido entre a poda e a colheita for 25 dias, o seu efeito não influencia na
10 produção de raízes tuberosas.
11
Observando-se a figura 4 verifica-se que houve efeito linear crescente sobre produtividade
Produção de raízes tuberosas (Kg.ha-¹)
12 de raízes tuberosas em relação às épocas de colheita.
40000
35000
30000
25000
ŷ = 13891 + 123,445x
r² = 0,9568
20000
15000
10000
30 (Set )
60 (Out )
90 (Nov)
120 (Dez)
150 (Jan)
180 (Fev)
Épocas de colheita
13
14
15
16
Figura 4 - Estimativa da produtividade de raízes tuberosas em função de épocas de colheita.
Vitória da Conquista-BA. 2007.
O aumento da produtividade no período de 30 a 180 dias decorridos entre a poda e a
17 colheita, indica que a produtividade tende a aumentar a medida que as plantas permanecem em
18 campo. A colheita aos 180 dias após a poda produziu 36.111,10 Kg.ha-¹ de raízes tuberosas
19 aumentantando 100,24 % em relação a colheita efetuada aos 30 dias (com 17.594,32 Kg.ha-¹). No
20 intervalo de colheita dos 30 aos 180 dias após a poda obteve-se um incremento diário de
21 aproximadamente 123Kg de raízes tuberosas por hectare.
22
Resultados semelhantes foram obtidos por Souza e Fukuda (1989) que ao avaliarem 12
7
1
variedades de mandioca em Mato Grosso observaram que plantas colhidas aos 18 meses
2
produziram o dobro da quantidade de raízes tuberosas, do que aquelas colhidas aos 12 meses de
3
idade, o que foi atribuído a idade das plantas e ao período chuvoso da região.
4
Na Tabela 4 são apresentados os dados de índice de colheita. Observa-se que plantas
5
podadas apresentaram índice de colheita superior as não podadas, quando estas foram colhidas aos
6
30 dias após a poda, nas demais épocas de colheita não foram observadas diferenças significativas.
7
Esse comportamento está relacionado com o período em que plantas podadas ainda não tinham
8
formado a parte aérea. O índice de colheita representa a relação entre o peso de raízes e o peso
9
total da planta. De acordo com Peixoto e outros (2005), este índice é considerado satisfatório
10 quando acima de 50%. Silva e outros, (2002), relatam que, nem sempre, variedades com melhores
11 índices de colheita apresentam melhores produções de raízes.
12
13 Tabela 4 - Índice de colheita em função da poda e épocas de colheita. Vitória da Conquista14 BA, 2006.
Épocas de colheita (meses)
Médias
Poda
30 (Set) 60 (Out) 90 (Nov) 120 (Dez) 150 (Jan) 180 (Fev)
Sem
0,35 b
0,43 a
0,45 a
0,40 a
0,40 a
0,38 a
0,40
Com
0,66 a
0,51 a
0,54 a
0,44 a
0,46 a
0,42 a
0,50
Médias
0,50
0,47
0,49
0,42
0,43
0,40
0,45
15 Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste F a 5% de
16 probabilidade.
17
18
Na Figura 5, verifica-se efeito linear decrescente das épocas de colheita para índice de
19 colheita em plantas podadas, não foi possível ajustar um modelo de regressão para aquelas não
20 podados.
Índice de colheita (%)
70
(Com poda) ŷ = 65 - 0,1381x
r² = 0,7751
60
50
40
30
30 (Set )
60 (Out )
90 (Nov)
120 (Dez)
150 (Jan)
180 (Fev)
Épocas de colheita
21
22
Figura 5 - Estimativa do índice de colheita de plantas de mandioca podadas e não podadas
em função de épocas de colheita. Vitória da Conquista-BA. 2007.
8
1
A partir dos 30 dias após a poda verificou-se redução dos Índices de colheita para plantas
2
podadas provavelmente em função da drenagem de carboidratos das raízes para a emissão das
3
novas brotações, esse período correspondeu a fase intermediária do segundo ciclo (outubro de
4
2006), que contribuiu com o aumento da massa da parte aérea em detrimento das raízes (Figura 3).
5
Embora haja redução dos índices de colheita dos 30 aos 180 dias após a poda, pode-se
6
observar os aumentos dos rendimentos de raízes por unidade de área nas mesmas épocas de
7
colheita (Figura 4), provenientes da retomada do acúmulo de carboidratos nas raízes no segundo
8
ciclo. De maneira geral, existem grandes variações nos índices de colheita entre os diversos
9
genótipos cultivados (Kawano, 1982).
10
A diminuição dos valores do índice de colheita, não reflete a tendência da produtividade de
11 raízes tuberosas (figura 4). Desse modo, a variação do índice de colheita foi mais influenciada
12 pelo peso da parte aérea do que pela produtividade de raízes tuberosas.
13
Na tabela 5 estão apresentados os valores de porcentagem de matéria seca em raízes,
14 porcentagem de amido e rendimento de farinha.
15
O teor de matéria seca é, normalmente, a característica que determina o maior ou menor
16 valor pago pelas indústrias aos produtores no momento da comercialização, uma vez que está
17 diretamente relacionada ao rendimento industrial dos diversos produtos derivados da mandioca
18 (Sarmento, 1997).
19
20 Tabela 5 - Médias de porcentagem de matéria seca, amido e redimento de farinha em
21 raízes de mandioca em função da poda. Vitória da Conquista-BA, 2007 .
Médias
Características:
Sem poda
Com poda
Porcentagem de matéria seca (%).
29,55 a
28,72 a
Porcentagem de amido (%).
24,90 a
24,07 a
Rendimento de farinha (%).
20,99 a
19,88 a
22 Médias seguidas de mesma letra na linha, não diferem entre si pelo teste F a 5% de
23 probabilidade.
24
25
De acordo com os dados apresentados na tabela 5, verifica-se que a poda não influenciou a
26 modificação nos teores de matéria seca e amido nas raízes, mesmo comportamento observado para
27 rendimento de farinha. A matéria seca e o amido, estão ligados à idade da cultura e às condições
28 climáticas, principalmente o índice pluviométrico, além de serem uma característica varietal
29 importante (Toro e Cañas, 1982).
30
Para Mendonça e outros (2003) o teor de amido em raízes tuberosas de mandioca varia de
31 21 a 33%. Borges e outros (2002) analisaram 26 variedades de mandioca e verificaram que a
32 produtividade, os teores de amido e massa seca das raízes variaram entre épocas de colheita,
9
1
informaram que os valores de matéria seca variou entre 29,54 e 38,20 % para matéria seca na raiz e
2
24,89 e 33,55 % para teor de amido em raízes tuberosas.
3
Várias indústrias têm utilizado a pesagem prévia de amostras de raízes para verificar o
4
rendimento industrial da cultivar, para só então remunerar o produtor em função da qualidade das
5
raízes. Na região Sudoeste da Bahia esse fato ainda não vem ocorrendo, excetuando-se o município
6
de Tremedal onde tal procedimento é utilizado.
7
O rendimento de farinha é um fator importante dentro da cadeia produtiva da mandioca. Na
8
tabela 5, observa-se que o rendimento de farinha seguiu a mesma tendência da matéria seca da raíz.
9
Esse efeito foi proveniente do aumento da produtividade de raízes tuberosas (Tabela 3) e da
10 porcentagem de matéria seca em raízes (Tabela 5).
11
Verifica-se efeito cúbico das épocas de colheita sobre matéria seca e porcentagem de
12 amido da raíz (Figura 6). O período em que foi efetuada a poda, final de agosto 2006, representa o
13 final do repouso fisiológico das plantas de mandioca na região em estudo, observa-se redução nos
14 teores de matéria seca e porcentagem de amido no intervalo compreendido entre a primeira e a
15 terceira colheitas (30 a 90 dias após a poda) época coincidente com o período de intenso
16 crescimento vegetativo o que reduz as reservas da raiz. O comportamento se inverte a partir da
17 quarta colheita com acréscimo nos percentuais de matéria seca e amido até a quinta colheita, com
18 uma pequena redução na colheita final. Após a terceira colheita a planta com a parte aérea
19 parcialmente restabelecida volta a acumular reservas nas raízes.
32
(MS) ŷ = 38,823 - 12,449x + 3,7535x² -0,3204x³
R2 = 0,7757
(%)
29
26
23
(AM) ŷ = 30,177 - 7,5189x + 2,3758x² - 0,2096x³
R2 = 0,9965
20
30 (Set )
60 (Out )
90 (Nov)
120 (Dez)
150 (Jan)
180 (Fev)
Épocas de colheita
20
21
Figura 6 - Estimativa da porcentagem de matéria seca e porcentagem de amido em raízes de
mandioca em função das épocas de colheita. Vitória da Conquista-BA. 2007.
22
23
O comportamento dessas características apresenta um padrão que acompanha os índices
10
1
pluviométricos ocorridos no período (Fig 1 e 2), sendo que as porcentagens sofreram redução nos
2
meses com maiores precipitações. O aumento da umidade do solo tende a aumentar a concentração
3
de água nas raízes com consequente redução nas porcentagens de matéria seca e amido nas raízes.
4
5
A alta pluviosidade ocorrida aos 180 dias após a poda (285 mm), pode justificar a redução
desses valores após tendência de aumento nas três colheitas anteriores.
6
Moura (1997) em quatro épocas de colheita (9, 12, 15 e 18 meses após o plantio) constatou
7
que todas as variedades elevaram o teor de amido da primeira para a quarta época de colheita, com
8
um aumento médio de 4,3%.
9
A análise do rendimento de farinha (Figura 7), mostrou que essa característica a exemplo
10 da matéria seca da raíz (Figura 6), apresentou comportamento cúbico durante o período avaliado.
11 O aumento do rendimento médio de farinha nas três últimas colheitas pode ser conseqüência do
12 período de realização das colheitas dezembro a fevereiro de 2007. Este período do ano caracteriza13 se por aumento do fotoperíodo e temperatura, condições que estimulam a planta na mobilização de
14 fotoassimilados e consequente acúmulo de reservas nas raízes. A explicação provável pode ser a
15 mesma discutida anteriormente para as características matéria seca de raíz e porcentagem de amido
16 em raízes.
Rendimento de farinha (%)
25
20
15
10
30 (Set )
ŷ = 27,444 - 0,3121x + 0,0033x² - 0,0000097x³
R² = 0,9935
60 (Out )
90 (Nov)
120 (Dez)
150 (Jan)
180 (Fev)
Épocas de colheita
17
18
Figura 7- Estimativa do rendimento de farinha em raízes de mandioca em função das épocas
de colheita. Vitória da Conquista-BA. 2007.
19
20
As características produtividade de amido em raízes e produtividade de farinha foram
21 influenciadas significativamente tanto pela poda quanto pelas épocas de colheita. Na mesma tabela
22 observa-se que o tempo de cozimento foi influenciado significativamente pela poda (Tabela 6).
11
1
2
3
Tabela 6 - Resumo da análise de variância e dos coeficientes de variação das características
produção de amido em raízes (PAM), produção de farinha (PFA) e tempo de cocção (TCZ).
Vitória da Conquista-BA, 2007.
F. V.
P
EC
P x EC
Blocos
Resíduo
CV(%)
4
GL
1
5
5
2
22
PAM
18.410.490,00*
21.586.170,00*
1.023.626,00
1.114.367,00
982.206,20
14,9
QUADRADOS MÉDIOS
PFA
150.664.600,00*
163.367.300,00*
1.029.296,00
610.431,30
930.038,00
17,4
TCZ
124,69*
45,09
49,89
5,44
25,44
29,71
P: Poda; EC: Épocas de Colheita;* Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.
5
6
As produtividades de amido e farinha em raízes tuberosas podem ser verificadas na tabela 7
7
onde se observa que o tratamento não podado foi maior do que aquele podado. Provavelmente esse
8
comportamento seja mais em função da menor produtividade de raízes do que pelas variações no
9
teor de amido. Na mesma tabela observa-se que raízes tuberosas provenientes de plantas podadas
10 apresentaram tempo de cocção médio maior que aquelas raízes de plantas que não sofreram poda.
11
12 Tabela 7 - Produtividade de amido(kg.ha-1), produtividade de farinha (kg.ha-1) e tempo de
13 cocção em função da poda. Vitória da Conquista-BA, 2007.
Médias
Características:
Sem poda
Com poda
Produtividade de amido (kg.ha-1)
7.326 a
5.895 b
-1
Produtividade de farinha (kg.ha )
6.189 a
4.895 b
Tempo de cocção (min)
15 b
19 a
14 Médias seguidas de mesma letra na linha, não diferem entre si pelo teste F a 5% de probabilidade.
15
16
Entretanto, não apresentaram tempo de cocção superior ao limite crítico proposto por
17 Pereira e outros (1985), que é de 30 minutos. Segundo os autores, ambas as raízes foram
18 classificadas como cozimento bom. Cereda e Vilpoux (2003) afirmam que o período de repouso
19 fisiológico é o melhor para cozimento das raízes de mandioca. A cocção, segundo Lorenzi (2003)
20 também é uma técnica de preservação pós-colheita. Em seus estudos este autor verificou que
21 variações no tempo de cocção de raízes de mandioca ocorrem em função de fatores genéticos,
22 idade das plantas, épocas de colheita, condições climáticas e tipo de solo.
23
Os principais fatores que podem interferir no efeito da poda, na produção e no teor de
24 amido são a cultivar, a época de plantio, a densidade populacional, a época e a altura da poda e a
25 época de colheita após a poda (Otsubo, 2004).
26
A mandioca não tem época de colheita definida, entretanto, deve-se considerar o aumento
27 de produtividade de amido pois, está diretamente relacionado ao aumento da produtividade de
12
1
raízes tuberosas, além do ciclo da cultura.
2
Conceição (1981) recomenda a colheita da mandioca para uso industrial no segundo ciclo
3
vegetativo, porque tanto a produtividae de raízes tuberosas quanto a de amido são maiores. De
4
forma análoga, Lorenzi e Dias (1993) afirmam que as produções mais econômicas têm sido
5
aquelas provenientes de culturas de dois ciclos vegetativos, sendo mais recomendada a época que
6
coincide com o período de repouso fisiológico das plantas. Resultados semelhantes a este foram
7
ainda obtidos por Sarmento (1997) que, avaliando o comportamento de quatro cultivares de
8
mandioca, obteve maiores produções de amido aos 20 e 22 meses após o plantio em todas as
9
cultivares avaliadas.
10
Observou-se efeito linear crescente sobre produtividade de amido em função das épocas de
11 colheita (Figura 8), mesmo comportamento apresentado para produtividade de raízes tuberosas
12 (Figura 4). O aumento na produtividade de amido está relacionado com o tempo de permanência
13 das raízes em campo. Observa-se pela equação de regressão que a cada dia obteve-se um
14 incremento de aproximadamente 33 Kg.ha-¹.
Produção de amido (Kg.ha-¹)
10000
9000
8000
7000
6000
5000
ŷ = 3083,5 + 33,591x
r² = 0,9879
4000
3000
2000
30 (Set )
60 (Out )
90 (Nov)
120 (Dez)
150 (Jan)
180 (Fev)
Épocas de colheita
15
16
Figura 8- Estimativa da produtividade de amido em função de épocas de colheita. Vitória da
Conquista-BA. 2007.
17
18
Estudando-se o efeito de épocas de colheita, observa-se efeito linear crescente sobre
19 produtividade de farinha em função das épocas de colheita (Figura 8), esse efeito foi
20 provavelmente do aumento da produtividade de raízes tuberosas (Figura 3). Pela equação de
21 regressão observa-se um incremento na produtividade de farinha de aproximadamente 29 kg por
22 hectare/dia.
13
Produção de farinha (Kg.ha-¹)
9000
8000
7000
6000
5000
4000
ŷ = 2475,80 + 29,202x
r² = 0,9866
3000
2000
30 (Set)
60 (Out)
90 (Nov)
120 (Dez)
150 (Jan)
180 (Fev)
Épocas da colheita
1
2
Figura 9 - Estimativa da produtividade de farinha em função de épocas de colheita. Vitória
da Conquista-BA. 2007.
3
CONCLUSÕES
4
5
6
Nas condições em que o ensaio foi realizado pode-se concluir que:
7
A poda da parte aérea de plantas de mandioca aumentou o tempo de cozimento de raízes
8
9
tuberosas e reduziu a sua produtividade.
As características porcentagem de matéria seca da raiz, teor de amido e rendimento de
10 farinha não foram influenciadas pela poda.
11
O peso de parte aérea, a produção de raízes tuberosas, a produção de amido e de farinha
12 aumentaram linearmente com as épocas de colheita.
13
14
REFERÊNCIAS
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18
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21
22
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2
3
4
5
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36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
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