divulgação técnica toxoplasmose

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DIVULGAÇÃO
TÉCNICA
Toxoplasmose.
TOXOPLASMOSE
E. Spósito Filha; S.M. Oliveira
Instituto Biológico, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Animal, Av. Cons. Rodrigues Alves,
1252, CEP 04014-002, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: [email protected]
RESUMO
A toxoplasmose é uma infecção parasitária causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. Essa
zoonose pode acometer aves, répteis, anfíbios e mamíferos, incluindo-se o homem. A infecção
pode determinar quadros variados, desde a ausência de sintomatologia até o desenvolvimento
da doença com manifestações graves, dependendo da imunidade do indivíduo. O modo de infecção
mais comum é por via oral por ingestão de carne crua ou mal cozida, contendo cistos do
protozoário, ou de água e frutas ou vegetais crus, contaminados com oocistos de T. gondii. Esse
artigo apresenta, de modo sucinto, os modos de infecção, importância do gato no ciclo biológico,
patogenia, tratamento e prevenção.
PALAVRAS-CHAVE: Toxoplasmose, Toxoplasma gondii, oocisto, fezes, gato.
ABSTRACT
TOXOPLASMOSIS. Toxoplasmosis is a parasitic infection caused by Toxoplasma gondii. It is
a zoonotic disease, which can affect birds, reptiles, amphibians and mammals, including man. The
infection can appear in different forms since lack of symptoms until the development of severe
diseases, which depend on the individual immunity. The transmission may occur by oral ingestion
of raw and partly cooked meat containing cysts of the protozoan, or water and fruit or raw
vegetable containing Toxoplasma oocysts. Infection modes, life cycle in cats, pathogenesis,
treatment and prevention of toxoplasmosis were presented succinctly.
KEY WORDS: Toxoplasmosis, Toxoplasma gondii, oocysts, faeces, cat.
A toxoplasmose é uma infecção parasitária causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. Essa zoonose
ocorre em várias partes do mundo e pode acometer
aves, répteis, anfíbios e mamíferos, incluindo-se o
homem. Nem todos os indivíduos infectados desenvolvem a doença. A maioria das infecções é
assintomática. No homem, a doença pode ser considerada rara.
Embora exista apenas uma espécie desse protozoário
parasitando as diferentes espécies animais, cepas isoladas apresentam comportamentos diferentes com relação à virulência e formação de cistos.
O ciclo desse parasita é complexo. De modo simplificado, pode-se dizer que necessita de dois tipos de
hospedeiros: definitivo e intermediário.
Os hospedeiros definitivos são os felídeos, principalmente os gatos, nos quais esse protozoário realiza
dois tipos de reprodução. A reprodução assexuada
origina taquizoítos livres, com multiplicação rápida,
observados na fase aguda da doença, e bradizoítos
contidos em cistos, com multiplicação lenta, detectados na fase crônica da infecção (Fig. 1). A reprodução
sexuada ocorre no epitélio do intestino delgado, pro-
duzindo oocistos que são eliminados junto com as
fezes. O gato é o único hospedeiro definitivo urbano.
Outros felídeos são responsáveis por manter o ciclo em
áreas silvestres.
Fig. 1 - Cisto de Toxoplasma gondii. Fonte: http://www.
dpd.cdc.gov/dpdx/HTML/ImageLibrary/
Toxoplasmosis_il.htm
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Os hospedeiros intermediários, nos quais o parasita realiza somente a reprodução assexuada, são
todos os outros animais, domésticos ou silvestres, e o
homem. Nestes hospedeiros encontramos somente as
formas de bradizoítos, dentro de cistos, ou taquizoítos
livres. Os cistos podem estar presentes em vários tipos
de tecidos e órgãos e os taquizoítos já foram detectados em sangue, sêmen, leite e urina de animais com
infecção aguda.
A infecção pode determinar quadros variados,
desde a ausência de sintomatologia até o desenvolvimento da doença com manifestações graves, dependendo da imunidade do indivíduo. Má nutrição,
estresse, doenças imunossupressoras e transplantes
podem agravar a evolução dessa parasitose.
Modos de infecção
Em geral, o modo de infecção mais comum é por via
oral, por ingestão de carne crua ou mal cozida,contendo cistos do protozoário, ou de água e frutas ou
vegetais crus, contaminados com oocistos de T. gondii.
Outra importante via de infecção é a intrauterina,
denominada transmissão vertical, quando o parasita
passa da mãe para o feto durante a gestação.
Na literatura citam-se também outros modos de
infecção de menor grau de incidência, como a ingestão
de leite não pasteurizado, transfusão sanguínea e
transplante de órgãos.
Fatores relacionados com hábitos de higiene, alimentares e culturais, além da ocupação profissional
e do clima, têm influência direta na prevalência da
toxoplasmose em determinadas regiões.
Gato
Os gatos infectam-se ao serem alimentados com
carne crua ou mal cozida ou ao caçarem roedores ou
pássaros que contenham cistos ou taquizoítos de T.
gondii. Também podem se infectar se ingerirem oocistos
do parasita, presentes no ambiente.
O gato começa a eliminar oocistos junto com as
fezes de três a dez dias após a ingestão de tecido
contendo cistos do protozoário. Os oocistos são eliminados não esporulados, isto é, não infectantes. Os
oocistos tornam-se infectantes no ambiente somente
depois de um a cinco dias, dependendo da temperatura e da umidade. A excreção dos oocistos pode
durar, em média, entre uma a duas ou três semanas,
após a primeira exposição do gato ao parasita.
Depois desse período, o gato não elimina oocistos
novamente, pois desenvolve imunidade contra o
protozoário. Com relação a esse fato há, na literatura,
relatos de resultados de experimentos que indicam a
possibilidade de o gato voltar a eliminar oocistos em
condições especiais.
Os oocistos são muito resistentes e podem permanecer viáveis no ambiente durante meses, principalmente pelo hábito desses felinos defecarem e enterrarem suas fezes em terra fofa ou areia.
Normalmente os gatos não apresentam sintomas
de infecção pelo T. gondii. Porém, se estiverem com
alguma doença imunossupressora, podem desenvolver a toxoplasmose com a seguinte sintomatologia:
febre, diarréia, pneumonia, hepatite, inflamação ocular, doenças neurológicas etc.
A simples observação da presença de oocistos em
exame de fezes não é suficiente para se afirmar que o
animal está infectado, pois existem outros
protozoários, parasitas de gatos, que apresentam
oocistos com morfologia e tamanho muito semelhantes ao de T. gondii.
O diagnóstico da infecção no gato deve ser feito
por exames sorológicos que detectam a presença
de anticorpos antitoxoplasma. O Médico Veterinário, com os resultados destes testes, saberá se o
animal tem uma infecção recente ou não e poderá
orientar quanto à necessidade de tratamento do
felino ou de medidas de prevenção para seus proprietários.
Humanos
Inquéritos sorológicos realizados em vários países, incluindo o Brasil, apontaram altas prevalências
de pessoas com anticorpos antitoxoplasma. Na maioria, 80% a 90%, com imunidade normal, a infecção
passou despercebida, pois sequer apresentaram
sintomatologia.
Em pessoas imunocompetentes, a toxoplasmose
pode ser confundida com a gripe comum, sendo os
sintomas mais frequentes: mal estar, dor de cabeça,
dor muscular, febre e gânglios aumentados, popularmente denominados de ínguas. Sintomas mais graves
da infecção seriam os relacionados aos problemas
oculares, que podem variar de uma simples inflamação até a perda da visão.
Em pessoas com a imunidade comprometida pode
haver uma reativação da infecção que estava latente,
determinando uma doença muito mais agressiva.
Isso ocorre com portadores da Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida, AIDS. Nesses indivíduos, os cistos se rompem e há a liberação dos
bradizoítos, comprometendo órgãos vitais como cérebro, pulmões e coração.
Outro aspecto relevante da toxoplasmose é a forma congênita. A ocorrência durante a gestação pode
causar: abortamento, nascimento de prematuro, crescimento intrauterino retardado, morte fetal e
malformações severas. Entre as malformações estão:
hidrocefalias, calcificações cerebrais, retinocoroidite,
hepatoesplenomegalias e retardo mental.
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Toxoplasmose.
A toxoplasmose integra a rotina sorológica que o
Médico solicita no pré-natal, para saber se a paciente
já teve a infecção e se isso foi recente. Exames
sorológicos específicos detectam dois tipos de
anticorpos, IgG e IgM. A combinação dos resultados
deles é que irá traçar o perfil sorológico da paciente,
diferenciando uma infecção recente de uma crônica.
Uma mulher que está com a imunidade normal e
que já teve contato com o T. gondii, em período bem
anterior à gravidez, não corre o risco de passar a
doença para o feto.
Por outro lado, mulheres grávidas e HIV positivas
ou imunocomprometidas podem apresentar uma
reativação de infecção latente.
No primeiro trimestre de gestação a probabilidade
de transmissão de T. gondii para o feto é menor, mas
as consequências são mais graves. O risco de transmissão aumenta com o tempo de gestação, mas diminui a gravidade da doença para o feto.
Outros animais
Desde que foi descrito, em 1908, o T. gondii temsido
detectado em várias espécies animais, diretamente
por meio de isolamentos em animais de laboratório ou
indiretamente por provas sorológicas. Algumas pesquisas também revelaram que determinadas espécies
hospedeiras são mais resistentes geneticamente do
que outras, e que a patogenicidade das cepas isoladas
também pode variar.
A toxoplasmose pode determinar perdas econômicas devido a problemas reprodutivos como abortos, natimortos, fetos mumificados e repetição de cio.
Os sinais clínicos variam e estão relacionados
também com a imunidade do animal.
Na epidemiologia da toxoplasmose destaca-se a
importância dos portadores assintomáticos, entre as
espécies de animais domésticos, que servem como
fonte de alimento para o homem.
Estudos revelaram a presença do parasita em
bovinos, caprinos, suínos, ovinos, frango, pato, peru
e coelho, entre outros.
A ingestão de carne crua ou mal cozida desses
animais pode causar a infecção no homem. O leite não
pasteurizado seria outra fonte de infecção, pois o
protozoário já foi isolado a partir de leite de cabra que
estava positiva para toxoplasmose.
Tratamento
A toxoplasmose pode ser tratada tanto em humanos
quanto em animais e, com a utilização de medicamentos,
receitados por um profissional competente, é possível
evitar a progressão da doença. A necessidade e o tempo
de tratamento são indicados levando em consideração
o estado imune do indivíduo e os órgãos afetados.
Prevenção
• Ingerir somente carne bem cozida;
• lavar bem as frutas e os vegetais;
• ingerir somente leite pasteurizado;
• lavar bem as mãos e utensílios após manipular
carne crua;
• usar luvas para praticar jardinagem;
• cobrir o tanque de areia onde as crianças brincam;
• alimentar gatos com ração industrializada;
• não fornecer carne crua ao gato;
• lavar diariamente a caixa de areia do gato e
dispensar corretamente as fezes (colocar em sacos
plásticos e dispensar junto com o lixo doméstico ou
então dispensar diretamente no vaso sanitário);
• evitar que seu o gato se alimente com insetos,
roedores e pássaros;
• manter o gato em casa;
• evitar a presença de gatos estranhos;
• manter a higiene nos diversos ambientes das
propriedades rurais, evitando-se, principalmente, a
presença de gatos.
BIBLIOGRAFIA
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Toxoplasma gondii em ovinos: isolamento do parasita a
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do Rio Grande do Sul e abatidos em matadouros de
São Paulo para consumo humano. Revista Brasileira de
Parasitologia Veterinária, v.1, n.2, p.117-119, 1992
Recebido em 10/6/08
Aceito em 5/11/08
Biológico, São Paulo, v.71, n.1, p.13-15, jan./jun., 2009
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