O filosofar através da literatura nos Contos de Padre Brown de G. K.

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O filosofar através da literatura nos Contos de Padre Brown de G. K.
Chesterton
Enia dos Santos Costa*
* Graduada em Letras pela Universidade Federal da Bahia
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Nosso trabalho procura aproximar a Literatura da Filosofia, através da reflexão do método
filosófico utilizado nos contos de G. K. Chesterton sobre o Padre Brown, que aparece como um
personagem de aguda perspicácia psicológica e conhecedor da natureza humana. Enquanto a
Filosofia propõe-se pensar as questões humanas, a Literatura faz-se como meio propício a tal
reflexão, pela sua linguagem própria que abre-se aos sentidos dos objetos, pelo estilo e figuras de
linguagem de que se utiliza. A relação entre as duas áreas do conhecimento se dá, pois, pela
complementaridade para a reflexão da condição humana, por via de linguagens diferentes como
são a da Filosofia e a da Literatura.
Como um detetive da alma humana, o autor utiliza a
personagem para desvendar mistérios de fatos em 52 contos reunidos em cinco livros. O
conhecimento da natureza humana o permite desvendar os mais atrozes e inexplicáveis crimes,
apesar do aspecto de pureza e ingenuidade do sacerdote. Estes contos reportam à literatura uma
reflexão filosófica sobre o estar no mundo, sem necessariamente utilizar-se da lógica ou de
deduções, partindo da intuição. O trajeto investigativo do Padre Brown nos 52 contos de G. K.
Chesterton, traça um caminho intrincado e leve de se chegar a respostas a questões
intrinsecamente relacionadas à condição humana no mundo. Chesterton busca o humano através
das investigações do Padre Brown. Pela literatura, questões filosóficas são colocadas e um
método filosófico de inquirição e reflexão mais profundas se delineia, fazendo-nos ver que pela
tenaz simplicidade do raciocínio pode-se compreender muito dos fatos e acontecimentos que
envolvem a humanidade. O aporte filosófico do aristotelismo perpassa a obra de G.K. Chesterton,
aproximando os contos, por corolário, do tomismo e da escolástica. Questões metafísicas são
dispostas nos contos de Chesterton, que com um estilo sério nas temáticas e jocoso na narrativa,
convidam o leitor a pensar o ser humano no mundo e sua relação com este.
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