UMA QUESTÃO DE PEITO: FEMINISMOS, LUTAS E A BIOGRAFIA DO SUTIÃ1 VARGAS, J.C.2; WITTER, N.A.3 1 Trabalho de pesquisa _UNIFRA Curso de História do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil E-mail: [email protected] 2 RESUMO O presente trabalho fará um estudo do Sutiã, peça do vestuário feminino que está profundamente ligada à história social das mulheres e às inovações da moda. No início do século XX, seu uso foi considerado uma forma de importante luta feminina, ao negar o uso do espartilho. Com sua evolução e preferência de uso entre as mulheres, o sutiã passou a ser um símbolo do feminino e com o tempo, alvo de contestação. A peça foi re-significada a partir das novas percepções a cerca do corpo e da sexualidade feminina. Assim, o sutiã passa de vestimenta libertária a símbolo de opressão, ganhando espaço nas lutas do movimento feminista. Este estudo mostrará através da biografia do sutiã, sua relação com os movimentos sociais femininos, tanto no mundo do trabalho, quanto em relação à posse do próprio corpo e à sexualidade – e com a criação das identidades das mulheres do século XX. Palavras-chave: Feminismo; Mulheres; Moda. 1. INTRODUÇÃO Estudar moda e feminismo foi primeiramente a proposta desta pesquisa. O tema não é de todo novidade, pois já foi pautado por diversos autores, como: Guilles Lipovetsky, Daniela Calanca, Cristiane Mesquita, relacionados com a moda e Michelle Perrot, Mary Del Priore, Branca Moreira Alves, Dulce Whitaker, Betty Friedan, representando os estudos sobre mulher e feminismo. Estes pesquisadores de grande importância para escolha do tema e pautaram suas questões, porém, nenhum destes utilizou uma única peça de vestuário como intersecção para a análise destes assuntos. Ao ler várias obras e estudar as relações entre moda e feminismo, pode-se perceber a ligação direta entre a peça sutiã e a vida das mulheres. Betty Friedan, ao análisar a 1 Pesquisa realizada na disciplina de Trabalho final de Graduação I no curso de História do Centro Universitário Franciscano. 2 Acadêmica do curso de História do Centro Universitário Franciscano e autora da pesquisa. 3 Professora do Centro Universitário Franciscano e orientadora da pesquisa. 1 década de 1950, na obra Mística Feminina, fala sobre as jovens americanas e da questão de seus matrimônios serem realizados cada vez mais precocemente. As jovens americanas principiam a casar ainda no ginásio. E as revistas femininas, deplorando as infelizes estatísticas desses casamentos prematuros, insistiam em que houvesse nos ginásios cursos de preparação para o casamento e consultores matrimoniais. As meninas começaram a namorar firme aos doze ou treze anos. Os fabricantes de lingerie lançaram soutiens com enchimento de espuma de borracha para as meninas de dez. E um anúncio de vestido de criança, publicado no New York Times do outono de 1960 dizia: <Ela também pode ingressar na turma de caçadoras de homens>. (FRIEDAN, 1971, p.18) Friedan mostra através do trecho acima a relação do sutiã com as questões sociais referente às mulheres na década de 1950. Não Apenas em relação ao casamento, mas também à infância feminina e a conformação desta ao “destino do casamento”. Observando a história percebe-se que o sutiã símbolo ao mesmo tempo de libertação e de opressão, tornando parte importante da história do feminino. Assim, a análise proposta aqui, equivale a um estudo complexo que contribuirá com a pesquisa sobre os movimentos sociais feministas e a construção do imaginário feminino a partir do vestuário. 2. O FEMINISMO O homem sempre teve aquela que lhe serve, a quem se dá o nome de mulher, e que foi automaticamente treinada para isso. Possuir cargos inferiores na sociedade, ter sua capacidade de pensar e agir menosprezada não é uma questão moderna, tão pouco contemporânea para a mulher. Por muito tempo estas foram alvo de intensas repressões, sendo uma parte silenciosa da memória social, esta “herança do silêncio” vem desde a antiguidade, como fala Alves, pois Na Grécia a mulher ocupava posição equivalente a de um escravo no sentido de tão-somente estes executavam trabalhos manuais, extremamente desvalorizados pelo homem livre. [...] Tendo como função primordial a reprodução da espécie humana, a mulher não só gerava, amamentava e criava os filhos, como produzia tudo aquilo que era diretamente ligado à subsistência do homem: fiação, tecelagem, alimentação. Exercia também trabalhos pesados como extração de minerais e o trabalho agrícola. (ALVES, 1985, p.11) A mulher na antiguidade estava inserida praticamente na base da pirâmide social, pois cabia a ela cuidar dos afazeres da casa e mesmo de fora dela, além do suporte e cuidado de seus filhos e marido. A posição inferior da mulher se é naturalizada durante 2 muito tempo, fazendo com que sua luta por direitos e liberdade continue sendo um grande obstáculo séculos depois. No Século XVIII, haverá um grande avanço em relação ao espaço na sociedade empreendido pelas mulheres. A Revolução Francesa (1789-1799) é um exemplo disto, defendendo o ideal da igualdade, não foi somente uma revolução de homens, foi: Uma reviravolta. Um advento. Insinuado na brecha das luzes e principalmente da Revolução Francesa, segundo um processo eruptivo clássico, que lembra o movimento tectônico de um tsunami, felizmente menos devastador, e que se reproduzirá inúmeras vezes. Como se as reivindicações das mulheres só esperassem uma falha, uma brecha para eclodir. (PERROT, 2008, p.155) A Revolução Francesa foi um advento único, em que muitas mulheres deixaram para trás algumas opiniões e entraram no mundo real da revolução. Neste Período, sofrendo pela falta de abastecimento de alimentos, inflação e desordem na fiscalização, as mulheres francesas, participaram ativamente de protestos. Mesmo não tendo direitos políticos e não podendo intervir diretamente em determinados assuntos, acabavam por se juntar em cafés, salões e outros locais em que pudessem debater os assuntos em questão. Juntas criaram, por toda a França, organizações onde eram tratadas questões políticas. Todas estas pequenas manifestações espontâneas foram criando uma grande motivação na vida e no imaginário das mulheres, tornar-se um agente ativo na sociedade começa a ser uma pretensão do sexo feminino. Como relata Perrot, fazendo uma analogia a eventos da natureza, as reivindicações das mulheres lembram um movimento de um tsuname, mas menos devastador. Assim, o movimento feminista passou a ser estudado, por feministas e acadêmicos, divido em três “ondas”. A primeira onda feminista que abrange parte do século XIX e XX tem por objetivo, inicialmente, a igualdade nos direitos de contratos, de propriedade para homens e mulheres, e na oposição de casamentos arranjados e da propriedade de mulheres casadas por seus maridos. No entanto, no fim do século XIX, esta primeira onda, tem foco, principalmente ao movimento sufragista. O Reino Unido e os Estados Unidos foram os precursores nesta luta, que acabou por se difundir em outras partes do mundo. Exemplo disto, no Brasil no século XIX, havia mulheres ambicionando direitos políticos. Sendo assim, alguns jornais destinados a elas já mencionavam questões sobre esta luta. Como mostra Bernardes em sua obra, ao falar que o: Ponto culminante das reivindicações foi, no entanto, o direito de voto e elegibilidade para todas as mulheres, constituindo meta importante de dois jornais: O sexo Feminino e A Família. Uma Alusão a esse direito atribuía o 3 mérito de sua proposição a um político do Império, ficando patente que uma causa de tanta atualização já vinha sendo alimentada, no Brasil, desde décadas anteriores. (BERNARDES, 1988, p. 150) Esta foi uma luta peculiar, abrangendo mulheres de diferentes classes. Foi uma ação longa, exigindo admirável capacidade de organização e de uma enorme paciência, pois por muito tempo este direito lhe foi negado. Nos Estados Unidos e Inglaterra, prolongou-se por décadas, e no Brasil por quarenta anos, mas toda esta espera trará bons “frutos”. A segunda onda feminista seria aquela que começou no início da década de 1960 tendo se estendido até o fim dos anos 1980. Foi uma onda que deu sequencia a primeira, onde se focou na luta pela igualdade e o fim da discriminação em relação à mulher. A desigualdade política e cultural para as ativistas estavam intrinsecamente ligadas, fazendo com que elas compreendessem aspectos de sua vida privada como sendo mais uma luta a ser enfrentada. Movimentos feministas começaram a acontecer em diversas partes do mundo, exemplo disto, foi um protesto realizado em Atlantic City, nos Estados Unidos, durante o Concurso de Miss, no ano de 1968, onde as mulheres queimaram objetos como sutiãs, maquiagens, sapatos de salto alto, espartilhos, cintas entre outros, todos estes representando a aversão destas a exploração comercial do corpo feminino. No ano 1963, Betty Friedan, com seu livro, Mística Feminina, acirrou os ânimos do movimento feminista, pois criticava a questão das mulheres terem que se satisfazer em apenas cuidar dos filhos e do lar. Em um dos trechos de seu livro, ao falar do fim da década de 1950, ficam expressas suas inquietações. Os decoradores planejavam cozinhas com murais de mosaico e quadros originais, pois a cozinha transformara-se o centro da vida feminina. Costurar em casa tornou-se uma indústria milionária. A maioria das mulheres só saía para fazer compras, levar as crianças de um local para outro, ou comparecer a compromissos sociais com o marido. Moças principiavam a educar-se sem jamais ter tido um emprego fora de casa. (FRIEDAN, 1971, p. 19) Friedan manifesta em sua obra a condição da mulher, fazendo com que esta, ao ler seu livro, questionasse sobre sua posição social e sua satisfação pessoal. O quê por muito tempo ficou suprimindo em suas vidas, começa a tomar lugar em suas mentes e suas lutas. Ser mulher nunca se tornou tão questionado nas décadas de1960 e 70, fazendo com que muitas de suas ideias, antes impraticáveis, fossem por fim alcançadas. Na década de 1990, aspectos da segunda onda vão começar a ser discutidos com mais frequencia, pois ativistas passam a condenar nesta onda o privilégio à luta de mulheres, destinado apenas à classe média alta. Surgem, então, as feministas negras tentando ingressar fortemente ao movimento, com o intuito da consideração a assuntos 4 relacionados à raça. Diante disto, este período, passou a ser chamado de terceira onda, por haver aspectos de reestrutura do movimento feminista. A terceira onda, foi uma fase de movimentos pela libertação sexual, de valores de bem estar, prazer e felicidade individual. Lipovetsky da importância da liberdade sexual como forma beneficiação ao reconhecimento no trabalho e nos meios sociais. A medida, precisamente, que a liberdade sexual feminina deixou de ser um sinal de imoralidade, a atividade profissional feminina se beneficiou de julgamentos muito mais amenos. Reconhecimento social do trabalho feminino e liberalismo sexual têm cumplicidade. Se o “direito” ao trabalho das mulheres se impôs muito mais tarde que os direitos políticos, foi fundamentalmente em razão do medo tradicional inspirado pela liberdade feminina, sexual em particular, da recusa dos homens ao reconhecer a autonomia feminina nas esferas “sensíveis” da vida material e sexual, de sua vontade de controlar o corpo feminino e de perpetuar o princípio da subordinação do sexo frágil ao sexo forte. (LIPOVETSKY, 200, p. 229, 230) Essa terceira onda vai ir além de movimentos sociais externos, pois entra no íntimo da mulher, nas esferas “sensíveis”, como diz Lipovetsky. Feminismo este que vai defender profundamente a igualdade social e cultural, mostrando que os papéis atribuídos a cada gênero são socialmente condicionados e que se pode chegar, através da luta, a uma igualdade entre os sexos. 3. O USO DO SUTIÃ Por muito tempo as mulheres usaram diferentes tipos de roupas para cobrir ou modelar a aparência dos seios. No século XVI entre as mulheres ricas o uso do espartilho dominava, restringindo seus movimentos. Contudo, devido a várias mudanças no vestuário e na vida das mulheres, no final do século XIX, novas alternativas de vestuário íntimo foram sendo inventadas, como a divisão do espartilho em uma cinta. Diante disso, no início do século XX, roupas que se assemelham muito ao sutiã moderno começam a ser de comum uso entre as mulheres. No ano de 1913 diz-se que a "socialite" Mary Phelps Jacob criou o primeiro modelo de sutiã. A senhora da alta classe média americana, improvisou, algumas horas antes de ir para em um dos seus eventos, dois lenços e uma fita cor de rosa para usar no lugar do espartilho, dando maior conforto e leveza ao seu traje que consistia em um vestido fino. Sua criação chamou atenção imediata naquela noite, recebendo assim um pedido de um desconhecido, que lhe ofereceu dinheiro por sua inovação, ela percebeu que seu dispositivo podia se transformar em um negócio viável. O sutiã aos poucos foi substituindo o espartilho na virada dos séculos XIX e XX, sob a condição de idéias feministas e de problemas médicos com o espartilho. Publicidade, 5 normalmente em periódicos, destacou as vantagens do sutiã em relação à saúde e conforto. Foram também usados no começo sobre espartilhos e roupas. A atração principal, nesta época, era para aqueles a quem a função pulmonar e a mobilidade eram as prioridades, ao invés de aparência exterior. História do disponível Sutiã em: <http://en.wikipedia.org/wiki/History_of_brassieres> Acesso em: 16 fev. 2012, 12:30. Tornou-se mais comum e mais divulgado ao longo da década de 1910, ajudado pela tendência contínua no sentido das roupas serem mais leves. Em 1917, nos EUA, houve o pedido as mulheres para parar de comprar espartilhos para liberar metais para a produção de guerra. Isto economizou cerca de 28.000 toneladas de metal, o suficiente para construir dois navios de guerra. A Primeira Guerra Mundial foi uma das razões pela maior procura e consolidação do sutiã. Nesta época, muitas mulheres foram trabalhar em fábricas tendo que usar uniformes pela primeira vez. A guerra também influenciou as atitudes sociais das mulheres, libertandoas de vez dos espartilhos. A figura andrógina minimizou curvas naturais femininas através do uso de um sutiã cai-cai, que achatava os seios das mulheres. Foi relativamente fácil para as mulheres se conformar com o olhar sem peito da era Flapper. Mulheres com seios maiores tentaram produtos como o popular Symington Side Lacer, que era atado em ambos os lados e puxado, ajudando a nivelar o peito das mulheres. No entanto, alguns dos sutiãs do início dos anos de 1920 eram pouco mais que simples camisolas. Foi o domínio das melindrosas, estilo de vestir dos anos 20, que marcou a expansão real do sutiã. O sutiã que se transformou em uma faixa simples, com o intuito de sufocar formas sensuais. Na França, a Coco Chanel negou as silhuetas opulentas, os vestidos merengues, em troca,sugere os vestidos pretos, em linha reta, simples, que cai perfeitamente nas silhuetas andróginas. História do Sutiã Disponível em: <http://fr.wikipedia.org/wiki/Soutien-gorge> Acesso em: 19 abr. 1012, 13:54. Essas mudanças na moda coincidiram com a preocupação de profissionais de saúde com o cuidado materno e conforto para a maternidade e aleitamento, havendo campanhas contra o achatamento do peito ("raça-suicídio"). As mulheres, especialmente o conjunto mais jovem, foram “presenteadas” com o sutiã como uma roupa moderna. Mas, enquanto a produção estava começando a tornar-se mais organizada os sutiãs caseiros e bandeau (peça feita de uma tira de pano, envolto nos seios das mulheres sem alças) ainda eram bastante populares e,geralmente, ram feitos de algodão branco. A publicidade e o marketing de campanhas foram fortes requisitos para a adoção do consumidor no uso sutiã, sem falar das vendedoras, que desempenharam papel fundamental, ajudando as clientes a encontrar a roupa certa. Grande parte deste mercado consumidor da época era direcionada às mulheres jovens. 6 O sutiã rapidamente se tornou uma grande indústria ao longo dos anos de 1930, com melhorias na técnica com os tecidos, fibras, cores, padrões e opções. Inovações incluíram o uso dos warners de elástico, de alça ajustável, o cálice de tamanho de acordo com o seio da mulher e acolchoados para mulheres com seios menores. História do Sutiã Disponível em: <http://capstyl.chez.com/histling.htm> Acesso em: 21 mai. 2012, 16:40. Na produção dos EUA movido para fora de Nova York e Chicago, a publicidade começou a explorar o glamour de Hollywood e se tornar mais especializada. As lojas de departamento desenvolveram áreas de montagem, sendo os clientes, lojas e fabricantes beneficiados. As vendas internacionais começaram a se formar uma parte crescente do mercado e os preços começaram a fazer sutiãs disponíveis para um mercado mais amplo. Grandes fabricantes dos anos foram a Triumph, Maidenform, Gossar, Spirella, Spencer, Twilfit e Symington. A Segunda Guerra Mundial teve um grande impacto no vestuário. Mulheres militares de baixa patente foram equipadas com roupas íntimas uniforme. A Publicidade apelou tanto para o patriotismo e do conceito de que sutiãs e cintas eram de algum modo "proteção". Os códigos de vestuário apareceram, Lockheed (companhia norte-americana aeroespacial) informou aos trabalhadores que os sutiãs devem ser usados por causa do “bom gosto, suporte anatômico e moral". Os sutiãs de forma cônica e pontudos aparecem nos anos 1940-50, projetados para "projeção máxima”. Em 1943, para os fins de seu filme The Outlaw, o bilionário Howard Hughes inventou um modelo de sutiã reforçado, para fazer seios pontudos. A atriz Jane Russell passa a lançar uma nova tendência, que virou moda durante a década de 40. A guerra apresentou desafios para a indústria, pois as ocupações das mulheres mudaram drasticamente, elas passaram a trabalhar mais fora de casa e na indústria, e a restrições na disponibilidade de materiais tiveram um grande impacto na criação do vestuário. A Publicidade e promoção do consumismo eram limitadas, mas começaram a aparecer dirigidas a minorias (por exemplo, Ebony, em 1945) e adolescentes. Muitos fabricantes só sobreviveram fazendo tendas e pára-quedas, além de sutiãs. Após a Segunda Guerra Mundial, a disponibilidade de material, produção, comercialização e demanda, recuperaram-se lentamente. Um baby boom do pós-guerra criou uma demanda por sutiãs de maternidade e na televisão passou a mostrar novas oportunidades de promoção. História do Sutiã Disponível em: <http://fr.wikipedia.org/wiki/Soutien-gorge>; <http://www.lilyroselingerie.com/Histoire%20du%20Soutien-Gorge,fr,8,35.cfm> Acesso em: 27 mai. 2012, 13:13. Na verdade, o período pós-guerra viu o retorno de silhuetas femininas, formas, curvas e quadris arredondados. Estrelas de Hollywood, como Marilyn Monroe, Sophia Loren 7 ou Elizabeth Taylor, fascinavam as mulheres. Ícones de uma geração que transmitiam a imagem de mulheres que carregam seu poder sedutor. Este foi também o momento das pinups, que faziam desta peça de vestuário um objeto ativo de fantasia. A qualidade e moda foram interesses fortes e crescentes nos anos 60 e 70. Os sutiãs de maternidade e de mastectomia começaram a encontrar mais respeitabilidade, e o uso crescente de máquinas de lavar criaram a necessidade de produtos mais resistentes. As mudanças culturais na década de 1960 representaram, porém, ameaças potenciais para o mercado. Estes incluíram o surgimento da contracultura, o Movimento dos Direitos Civis e um ressurgimento do feminismo, também o "monokini" que apareceu na Europa e o amor livre nos Estados Unidos. Nesta década, as atividades feministas tornaram-se alguns dos emblemas da feminilidade. As feministas denunciaram esses objetos como formas de opressão e de resistência patriarcal, e reduziam as mulheres como objetos sexuais. Algumas mulheres publicamente repudiaram o sutiã, em um ato anti-sexista de libertação feminina. Um momento crucial na cultura popular foi um protesto realizado durante o Miss America, concurso de beleza que ocorreu no ano de 1968. Cerca de 400 mulheres de Nova York organizaram uma manifestação em frente ao Atlantic City Convention Hall. Em 07 de setembro 1968, colocaram em tonéis, sapatos de salto alto, cílios postiços, rolos, maquiagens, revistas como: Vogue e Playboy, espartilhos, cintas e sutiãs. Este ato ficou conhecido como a “queima de sutiãs”. História do Sutiã Disponível em: <http://fr.wikipedia.org/wiki/Soutien-gorge>; <http://en.wikipedia.org/wiki/History_of_brassieres> Acesso em: 09 jun. 2012, 14:23. 4. METODOLOGIA A pesquisa será feita através de dois estudos, o da história do sutiã e das lutas feministas, fazendo assim uma inter-relação entre essas duas análises4. A técnica de arrecadação de informações será realizada através da pesquisa documental indireta e bibliográfica, como: livros, artigos, periódicos, revistas, jornais e em sites da internet. 5. CONCLUSÃO Este estudo se torna inovador, pois faz uma pesquisa e análise mais complexa sobre dois assuntos que se relacionam profundamente e que não possuem pesquisas específicas 4 Entende-se por análise a construção de um conhecimento apoiado em crítica interna e externa aos textos, sua comparação, destaque de diferenças e semelhanças, bem como a dedução de conceitos gerais e específicos que possibilitem sua aplicação à leitura do mundo social e cultural. 8 de caráter teórico e prático. Colabora assim, para o crescimento e aperfeiçoamento dos estudos sobre mulher, corpo e identidade, pois o vestuário e as lutas feministas nunca tiveram tão próximos para melhor compreender aspectos internos e externos da vida das mulheres. REFERÊNCIAS ALVES, Branca Moreira. O que é Feminismo/ Branca Moreira Alves, Jacqueline Pitanguy. São Paulo: Abril Cultural: Brasiliense, 1985. – (Coleção primeiros passos; 20). BERNARDES, Maria Thereza Caiuby Crescenti. Mulheres de Ontem? : Rio de Janeiro, Século XIX. São Paulo: T.A. Queiroz, 1988. - (Coleção coroa vermelha; V. 9). FRIEDAN, Betty. Mística Feminina. Petrópolis, RJ: Vozes Limitada, 1971. LIPOVETSKY, Guilles. A terceira Mulher: permanência e revolução do feminino. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. MACEDO, José Riviar. A mulher na Idade Média. São Paulo: Contexto, 1997. – (Repensando a História Geral). PERROT, Michelle. Minha História das Mulheres. 1ª edição; 1ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2008. 9