9 Controle Visual de Ações no Tênis de Mesa Sérgio Tosi Rodrigues O tênis de mesa é um esporte que atrai pessoas de diferentes idades, níveis socioeconômicos e com distintos interesses. Sejam amantes do “ping-pong” descompromissado dos momentos de lazer, sejam atletas buscando a perfeição em técnicas de ataque e defesa da modalidade. Todos estão contagiados pela alegria, dinamicidade e desafio que o bate-rebate daquela bolinha sobre a rede traz (Simpson, 1981). O tênis de mesa pode ser visto também como um espectáculo interessantíssimo. O treinamento incansável possibilita aos atletas direcionar a bola com sutileza milimétrica, produzir rotações na bola imprevisíveis ao adversário, gerar ataques balísticos e defesas de altíssima velocidade, que nos fazem duvidar da consciência dos jogadores sobre o controle de suas ações. Apesar de os atletas do tênis de mesa serem capazes de apresentar movimentos espaciotemporalmente muito acurados, considerável parte destes comportamentos ainda precisa ser totalmente compreendida do ponto de vista científico. Particularmente, a atividade do sistema visual e a aquisição de informação durante a preparação e execução de ações no tênis de mesa estarão em foco neste trabalho. Aos leitores do presente capítulo, mesatenistas ou interessados no estudo do comportamento perceptivo-motor, gostaria de indicar a importância da curiosidade e da busca de uma compreensão ampliada do relacionamento entre informação visual disponível aos jogadores e as ações compatíveis com tais informações. Neste capítulo, o tênis de mesa será o veículo que possibilitará a discussão das características da regulação do movimento humano, baseada nas propriedades da visão. Em suma, o objetivo deste capítulo é fornecer evidências empíricas e discutir os mecanismos visuais e motores subjacentes ao controle das ações do tênis de mesa. Por mais simples que possa parecer ao próprio executante, sua atividade visomotora durante uma partida de tênis de mesa é altamen- 144 Tênis de Mesa te complexa e intrincada, como o transcorrer deste texto certamente demonstrará. Em foco estarão as características da informação visual disponível relevante para o sucesso destas ações e também as estratégias de obtenção desta informação, através de movimentos da cabeça e dos olhos dos jogadores. O presente capítulo está organizado do seguinte modo: inicialmente, a noção de sincronização será apresentada como tema central; a seguir, o conceito de fluxo óptico é descrito para caracterizar a disponibilidade de informação de tempo para contato aos jogadores da modalidade; compensações entre visão e ação, assim como controle da velocidade do braço são discutidos. A atividade do sistema visual, com movimentos do tronco, cabeça e olhos é detalhada no tênis de mesa com ênfase na descrição cinemática tridimensional do olhar. Aplicações sobre ansiedade e déficit atencional e hiperatividade ilustram a utilização do tênis de mesa como contexto adequado ao estudo da percepção visual e controle da ação. Considerações sobre o conhecimento científico dando suporte à evolução do tênis de mesa fecham o capítulo. ■■SINCRONIZAÇÃO ESPACIOTEMPORAL NO TÊNIS DE MESA Esportes como o tênis de mesa, assim como nossas atividades diárias são ricos em situações que requerem sincronização espaciotemporal das ações a objetos, planos e eventos do ambiente. Nesses contextos, a indissociabilidade entre percepção e ação fica evidenciada, o que pode facilitar os estudos sobre o assunto. Outros termos também têm sido usados para definir os mecanismos envolvidos nesta categoria de ações, as ações interceptivas, como timing antecipatório, timing coincidente, ou antecipação. Agarrar, rebater ou desviar-se de uma bola em aproximação, como fazem os goleiros no futebol, jogadores no tênis de mesa ou crianças no jogo de queimada, são ações nas quais o sucesso do indivíduo depende fortemente da combinação de vários aspectos: da percepção da aproximação da bola; da percepção do próprio corpo em relação à trajetória futura da bola; assim como do desencadeamento de movimentos espaciotemporalmente compatíveis para coincidir (ou não coincidir, no caso da esquiva) com a bola. Central no entendimento desta sincronização é reconhecer os múltiplos fatores que contribuem para que o executante consiga estar “no lugar certo, no momento certo”. No sentido evolutivo, o desenvolvimento das ações interceptivas pode ter suas origens na necessidade de evitar a predação de outros animais e, ao mesmo tempo, ter que capturar alimento suficiente através da predação para suportar o crescimento e a reprodução. A seleção natural pode ter, assim, es- Capítulo 9 timulado o desenvolvimento de mecanismos perceptivos capazes de obter a informação necessária para o controle de movimentos que evitavam/induziam a colisão, acoplando assim os sistemas de percepção e ação (Turvey e Carello, 1986). Utilizando nosso exemplo central do jogador de tênis de mesa, imagine como ele consegue interceptar com sua raquete a bola vinda de um saque. O quê, mais precisamente, indica, em termos visuais, quando e onde a bola chegará? Quando o jogador deve iniciar seus movimentos? E mais, simultaneamente à observação da bola em aproximação, o jogador deve locomover-se tão rapidamente quanto seu tempo disponível permitir; como combinar informações visuais a comandos motores apropriados? Além destes fatores, há uma variedade de outros aspectos que influenciam a referida sincronização, como a velocidade da bola, que, em situações extremas, pode inviabilizar a ação de rebater, e a experiência do jogador, que o faria mais prontamente identificar fontes relevantes de informação e acumular melhores estratégias motoras. ■■INFORMAÇÃO RELEVANTE NO FLUXO ÓPTICO Para Gibson (1966; 1979 e 1986), o estímulo natural para o sistema visual é o arranjo óptico, um conjunto de ângulos visuais sólidos agrupados, com o ápice comum no ponto de observação e com a base de cada ângulo sólido correspondendo a uma superfície do ambiente. Em distintos pontos de observação, o arranjo óptico é diferente. Para um ponto de observação em movimento, há uma transformação do arranjo óptico específica ao movimento do observador e às superfícies ambientais. Esta estrutura óptica em mudança, denominada fluxo óptico (Gibson, 1979 e 1986), contém informação relevante para a sincronização das ações ao ambiente. O tempo para contato, informação disponível no fluxo óptico, é uma das propriedades do ambiente mais estudadas. Esta informação visual pode ser usada para possibilitar a sincronização de ações, como as batidas no tênis de mesa. A informação de tempo para contato é especificada através de uma variável óptica denominada “tau” (Lee, 1976; 1980). Tau, que não é um conceito específico do tênis de mesa, pode ser definido como o inverso da taxa relativa de dilatação de um contorno óptico fechado gerado por um objeto ou plano em aproximação, que especifica o tempo remanescente até o contato entre o observador e o objeto/plano (Lee, 1976; 1980; Savelsbergh, Whiting e Bootsma, 1991). 145 146 Tênis de Mesa ■■INFORMAÇÃO DE TEMPO PARA CONTATO E VARIABILIDADE COMPENSATÓRIO NO TÊNIS DE MESA Bootsma e van Wieringen (1988) descreveram importantes características do attacking forehand drive no tênis de mesa. Eles mediram o tempo entre a aproximação da bola e o movimento de batida sob as condições de visão monocular e binocular. Na condição binocular, as fontes de informação usadas para sincronizar o início da batida foram a localização da bola e o tempo no plano frontal. Este tempo foi definido como o intervalo entre o momento de início da batida e o momento que a bola cruzou o plano frontal. Na condição monocular, os movimentos da batida tenderam a ser mais lentos. A consistência da batida foi mais alta sob condição binocular, enquanto, sob condição monocular, o participante adaptou a batida a variações mínimas no tempo até o plano frontal. Bootsma e van Wieringen (1990) deram continuidade ao estudo do timing de ações interceptivas rápidas no tênis de mesa. Cinco sujeitos do sexo masculino, com idades entre 18 e 24 anos, considerados atletas de alto nível da modalidade, participaram do estudo. A tarefa dos sujeitos era rebater a bola de tênis de mesa tão rápida e precisamente quanto possível para dentro de um alvo circular (55cm de diâmetro) no lado oposto da mesa, usando a mesma técnica do estudo anterior, o attacking forehand drive. As bolas foram liberadas para os sujeitos com uma velocidade aproximada de 4m/s. A situação experimental foi filmada e, a partir da análise dos filmes, foram obtidos dados de deslocamento. A análise do movimento em estudo incluiu a posição da raquete no momento do início da batida e de contato da bola com a raquete. O tempo de movimento foi considerado o tempo gasto entre o início do movimento para frente e o contato bola/raquete. Também foram obtidos dados relativos a velocidade, aceleração e direção da batida, assim como o parâmetro tau margem (calculado como o quociente da distância entre o olho do jogador e a bola, e sua razão de mudança). Resultados interessantes foram obtidos. O parâmetro tau foi considerado como uma fonte de informação utilizada para o início da batida. A precisão temporal inicial foi dada pela variabilidade do tau margem no início do movimento. A precisão terminal foi dada pela variabilidade da precisão do timing no contato bola/raquete. A comparação da precisão temporal inicial e terminal mostrou uma precisão temporal mais alta no momento do contato que no início do movimento. Estes dados evidenciaram que os jogadores não confiaram completamente em uma estratégia de produção de movimen- Capítulo 9 to consistente, a tradicional hipótese de timing operacional, desenvolvida em acordo com a noção de programa motor. Variações entre as tentativas para todos os sujeitos foram evidenciadas através da obtenção de correlações negativas entre a magnitude do tau margem no início e a aceleração média durante a batida. Isso significou, por exemplo, que quanto mais próxima no tempo a bola estava para o jogador quando o movimento era iniciado, mais força era aplicada durante a batida. Os autores argumentaram que a variável óptica tau foi usada para antecipar o movimento da bola e sincronizar o movimento de braço precisamente no contato com a bola. Estes dados foram interpretados como refletindo a natureza compensatória do acoplamento percepção-ação dos jogadores de tênis de mesa. Esta noção foi denominada de variabilidade compensatória entre percepção e ação, tornando-se importante evidência contrária à proposta de produção consistente de movimentos (Bootsma, 1988; Bootsma e van Wieringen, 1990). Variações inter-tentativas relativamente pequenas nas trajetórias do movimento dos sujeitos individuais podem ser de importante significância funcional. A precisão do timing coincidente, conforme demonstram estes estudos, apresenta-se ampliada no ponto de contato ou colisão, se comparada ao ponto de início do movimento, sugerindo que contínuas correções podem ocorrer durante a ação. O acoplamento contínuo da percepção e ação indica que os movimentos são refinados durante suas execuções, com base nos inputs da informação de tempo para contato. Este acoplamento tem sido considerado mais importante que a manutenção média da consistência da duração do movimento (Bootsma, 1988). ■■CONTROLE DA VELOCIDADE DA BATIDA NO TÊNIS DE MESA Um aspecto adicional do controle do movimento da batida no tênis de mesa é a relação entre a velocidade da bola em aproximação e a velocidade do braço na batida, que foi recentemente investigada por Marinovic, Iizuka e Freudenheim (2004). Sete jogadores habilidosos, todos já integrantes da seleção brasileira da modalidade, foram filmados durante a execução da batida forehand do tênis de mesa, sendo requeridos a direcionar a bola ao centro de um alvo localizado no lado oposto da mesa, com a graduação de 5 níveis de acurácia, de acordo com a proximidade com o centro. A tarefa requeria que os sujeitos batessem tão precisamente quanto possível, sem se preocuparem com a velocidade. Quatro condições foram apresentadas aos participantes: (1) duas batidas da bola na mesa com “topspin”; (2) duas batidas da bola na 147 148 Tênis de Mesa mesa com sidespin; (3) uma batida da bola na mesa com topspin; e (4) uma batida da bola na mesa com sidespin. A velocidade média da bola nas duas primeiras condições foi 4,5m/s e nas duas últimas 8,8m/s; as bolas foram disparadas por uma máquina na freqüência de 60 por minuto. As durações absoluta e relativa na fase de movimento do braço para trás não foram afetadas pelas quatro condições experimentais. Quando os participantes rebateram a bola em condição mais rápida, houve uma mudança significativa na quantidade de tempo requerida para alcançarem o pico da velocidade na fase de movimento do braço para frente, tanto em termos de dados absolutos como relativos. Adicionalmente, os participantes diminuíram a velocidade de suas batidas nas condições de bola mais rápida. Estes resultados mostraram que jogadores experientes de tênis de mesa, na fase de movimento do braço para frente, precisam ajustar tanto a velocidade como o tempo para alcançar o pico de velocidade, para acomodar as restrições da tarefa. Em termos da expectativa de acoplamento linear entre velocidade do braço/raquete e velocidade da bola (isto é, maior a velocidade da bola, maior a velocidade do braço), demonstrada em outros estudos (Li e Laurent, 1995), os dados de Marinovic, Iizuka e Freudenheim (2004) indicaram estratégia oposta. Os autores interpretaram esta divergência como possivelmente associada ao nível de experiência dos participantes ou a uma especificidade desta tarefa particular do tênis de mesa. ■■AQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO E ATIVIDADE DO SISTEMA VISUAL O entendimento da relação entre percebedor e objetos/planos em aproximação, assim como da conseqüente disponibilidade de informação visual que especifica esta relação, revela apenas parte da complexidade da sincronização de ações. Um aspecto adicional importante é o entendimento da atividade do sistema visual (especificamente, ação dos olhos, cabeça e tronco) na busca da referida informação relevante para o controle das ações. Assim, descrever em detalhes e tentar explicar os padrões envolvidos na aquisição de informação visual deve contribuir significativamente para o avanço da área. Um conceito essencial no estudo da aquisição de informação visual é o de sistema visual; neste sentido, a perspectiva gibsoniana sobre percepção oferece uma noção inovadora de sistema visual (Gibson, 1979). As partes anatômicas do sistema visual são, aproximadamente, o corpo, a cabeça, os olhos, os acessórios de cada olho (pálpebra, pupila e lente) e a retina, composta de fotoreceptores e células nervosas. Todos Capítulo 9 estes componentes, que são conectados com o sistema nervoso e odos ativos, são necessários para percepção visual. Tanto as partes como suas atividades formam a hierarquia dos órgãos. No topo está o corpo, então a cabeça e depois os olhos. Sendo equipadas com músculos, as partes podem se mover cada uma de seu próprio modo – os olhos em relação à cabeça, a cabeça em relação ao corpo, o corpo em relação ao ambiente. Assim, todos se movem em relação ao ambiente; o autor sugere que a função deles é de exploração perceptiva. No nível de cada olho, a pálpebra se move, a lente se acomoda e a pupila se ajusta. Músculos também são requeridos para estas atividades, mas não são movimentos no mesmo sentido utilizado acima. No nível mais baixo, a retina e suas células se adaptam às condições externas, mas a atividade da retina não depende de músculos. Em todos os níveis, as atividades são ajustes do sistema visual ao invés de reações reflexas a estímulos, respostas motoras ou de qualquer tipo (Gibson, 1979). Em suma, o corpo explora o ambiente ao redor através da locomoção; a cabeça explora o arranjo do ambiente virando-se; os olhos exploram as duas amostras do arranjo, os campos de visão, através do movimento dos olhos. Esses são considerados como ajustes exploratórios. Nos níveis inferiores, pálpebra, lente, pupila e células retinais fazem ajustes de otimização. Tanto a estrutura global como a estrutura fina de um arranjo constituem informação. O percebedor necessita olhar os arredores, fixar, focar precisamente e negligenciar certa quantidade de luz. A percepção precisa ser tanto abrangente quanto clara. O sistema visual busca compreensão e clareza, e não descansa enquanto as invariantes não forem extraídas. Exploração e otimização parecem ser as funções do sistema visual (Gibson, 1979). ■■OLHOS EM MOVIMENTO: FIXAÇÃO, PERSEGUIÇÃO E MOVIMENTO SACÁDICO O referido aspecto de exploração está intimamente relacionado aos comportamentos visuais, que possuem características bem definidas. As fixações são comportamentos nos quais os olhos permanecem estacionários em algum aspecto do ambiente. Fixações possibilitam aos percebedores estabilizar uma área informativa do campo de visão na região foveal, permitindo um processamento detalhado de informação. Em situações de esporte, durações de fixação relativamente altas têm sido observadas em cenas complexas, como, por exemplo, entre 850 e 1500 milisegundos no futebol (Williams e Davids, 1998) e entre 320 e 380 milisegundos no squash (Abernethy, 1990). Por 149 150 Tênis de Mesa outro lado, valores muito baixos como 100 milisegundos podem ser observados em situações altamente praticadas ou com visão de estímulos familiares, como no golfe (Vickers, 1992). Os movimentos de perseguição são movimentos lentos e contínuos dos olhos, nos quais a velocidade ocular é bastante semelhante à velocidade do objeto sendo seguido (Carpenter, 1988). Mudanças rápidas no arranjo visual tornam difícil seguir visualmente um objeto usando movimentos oculares de perseguição (Haywood, 1984). Em velocidades excessivas, tem sido mostrado que os atletas de elite não seguem a bola durante todo o seu vôo (Bahill e LaRitz, 1984; Hubbard e Seng, 1954; Ripoll, 1991; Ripoll e Fleurance, 1988; Vickers e Adolphe, 1997). Estes estudos demonstram a incapacidade do executante em manter a perseguição visual durante o vôo rápido da bola, o que contradiz diretamente o conselho dos técnicos para “manter os olhos na bola” (Williams, Davids e Williams, 1999). Este tipo de recomendação pode estar mais relacionado com a manutenção da cabeça e corpo estáveis durante a execução da habilidade do que propriamente a necessidade de extrair informação operacional da própria bola. Os movimentos sacádicos são movimentos rápidos dos olhos, usados para trazer uma nova parte do campo visual para a região da fóvea (Carpenter, 1988), gerando uma dramática redução na sensibilidade visual durante estes movimentos (Volkman, Schick e Riggs, 1968). ■■MOVIMENTO DOS OLHOS DOS JOGADORES DE TÊNIS DE MESA A importância da atividade do percebedor, especificamente nos ajustes exploratórios (movimentos do tronco, cabeça e olhos), pode ser exemplificada em uma situação de rebatida no tênis de mesa. Ripoll e Fleurance (1988) analisaram o comportamento visomotor de jogadores de tênis de mesa de elite executando três batidas distintas (forehand, forehand com topspin e backhand). Os resultados confirmaram não ser necessário seguir a bola por toda sua trajetória. Os jogadores mantiveram a perseguição da bola somente na parte inicial da trajetória. A natureza da perseguição variou de acordo com o tipo de batida: a bola foi seguida mais freqüentemente e por um período de tempo mais longo, quando se moveu na direção da linha central do corpo do jogador (batida backhand), do que quando a bola se moveu lateralmente em relação ao corpo (batidas forehand e forehand com topspin). O olhar foi também mantido na bola durante o contato bola-raquete na condição em que a bola foi direcionada lateralmente. Capítulo 9 Os resultados sugeriram, de modo geral, que o comportamento do olhar foi determinado pelas restrições externas da batida, como a excentricidade da trajetória da bola em relação à linha central do corpo do sujeito e a dinâmica do contato da bola com a raquete, que afetaram a precisão da batida. Para explicar estes resultados, Ripoll e Fleurance (1988) propuseram um mecanismo de Estabilização dos Olhos e da Cabeça (EOC), que ocorreu durante a porção final do vôo da bola. Antes do contato final, entre o segundo toque da bola na mesa e o contato com a raquete, os olhos estiveram estáveis e alinhados com a orientação da cabeça. A cabeça e os olhos foram posicionados antecipadamente e mantidos no local de contato da bola com a raquete. Esta estabilização ocorreu mais freqüentemente quando a bola foi projetada lateralmente ao corpo do sujeito e, principalmente, quando a própria batida exigia um grau mais elevado de precisão (forehand com topspin). Ripoll (1989) comparou situações de treino (mais previsíveis) e situações de jogo (menos previsíveis) no tênis de mesa e obteve três resultados interessantes neste segundo estudo. Fixações visuais sobre o oponente do participante foram sistemáticas somente na situação de jogo. Apenas a primeira parte da trajetória da bola foi visualmente perseguida, com esta perseguição sendo iniciada imediatamente após o oponente bater a raquete na bola, independentemente da condição. A peserguição visual foi mais freqüente e de duração mais longa na situação de jogo. A fase de preparação do movimento (definida como o movimento do braço para trás) foi mais longa na situação de jogo, enquanto a duração da fase de execução (definida como o movimento do braço para frente) ficou inalterada. Ripoll sugeriu que duas funções visuais distintas, semântica e sensoriomotora, estavam operando através das habilidades estudadas. O papel da função visual semântica seria identificar e interpretar a situação, enquanto o papel da função visual sensoriomotora seria produzir a resposta. De acordo com o autor, no tênis de mesa, processos semânticos foram responsáveis pela obtenção de dicas visuais do oponente e usadas para predizer o comportamento e tipo da batida a ser usada pelo oponente. Processos sensoriomotores, de acordo com esta explicação, estariam envolvidos na estimativa de tempo para contato necessário para sincronizar a batida e coordenar os sistemas visual e motor atuantes na batida (Ripoll, 1991). De acordo com Ripoll, as funções semânticas identificaram as dicas visuais e interpretam esta informação como uma indicação de uma área de alvo apropriada para resposta, enquanto as funções sensoriomotoras forneceram informação contínua para coordenar os sistemas visual e motor (olho, cabeça, tronco e braço) durante todas as fases da batida. 151 152 Tênis de Mesa ■■CINEMÁTICA TRIDIMENSIONAL DO OLHAR NO TÊNIS DE MESA Rodrigues, Vickers e Williams (2002) analisaram os movimentos dos olhos de 16 jogadores de tênis de mesa, sob níveis distintos de pressão temporal. Uma técnica inédita de descrição cinemática tridimensional do movimentos simultâneos do olhar, da cabeça, do braço e da bola foi utilizada neste estudo, preservando a estimulação visual e o comportamento motor naturais do tênis de mesa. A tarefa dos sujeitos era responder a um saque, retornando a bola para um de dois alvos (65 x 40cm) colocados nos cantos do outro lado da mesa. O alvo correto (direito ou esquerdo) era indicado para o sujeito através de uma dica visual (luz vermelha, localizada ao lado de cada área alvo), em momentos diferentes para cada condição de pressão temporal: 1) Pré-dica – dica apresentada antes do saque; 2) Dica inicial – dica apresentada no início do vôo da bola (aproximadamente 530 milisegundos antes de o sujeito tocar a bola com a raquete); e 3) Dica final – dica apresentada no final do vôo da bola (aproximadamente 350 milisegundos antes de o sujeito tocar a bola com a raquete). Este estudo combinou a noção de longa perseguição visual antes da ação (Vickers, 1996; Vickers e Adolphe, 1997) com a estabilização dos olhos-cabeça durante a ação (Ripoll e Fleurance, 1988). A duração do movimento de perseguição visual da bola, antes do início do movimento do braço para frente (Olho Quieto, OQ) e a duração da Estabilização do Olhar e da Cabeça (EOC) na fase final do vôo da bola foram os comportamentos visuais medidos. O comportamento do braço foi caracterizado pelas variáveis Tempo de Movimento (TM) – ou seja, a duração da fase de movimento do braço para frente na batida – e a Velocidade do Braço no momento de Contato entre bola e raquete (VBC). A Figura 9.1 ilustra os ângulos originalmente medidos e a Figura 9.2 mostra como os dados cinemáticos foram reduzidos às variáveis de interesse descritas a partir de tais ângulos. A manipulação do tempo de apresentação da pista visual mostrou os limites de adaptação dos participantes para manterem a precisão da resposta no alvo. Os participantes foram capazes de acomodar os níveis de restrição da condição de dica inicial através do uso de um OQ de duração mais curta, um término do OQ mais cedo (Figuras 9.3A, C e E) e uma redução da VBC. No entanto, na condição mais difícil, a de dica final, a redução generalizada dos movimentos do olhar, da cabeça e do braço não foi suficiente para preservar a precisão da resposta. O início e término do OQ ocorreu mais cedo e a duração declinou. A VBC permaneceu reduzida comparada à condição Prédica. Os movimentos horizontais da cabeça e do olhar também foram reduzi- Capítulo 9 dos. O início, a duração e o término da EOC não diferiram significativamente entre as condições de dica (Figuras 9.3B, D e F). Também não houve alteração significativa do TM entre as condições. Um dado adicional interessante foi que a ocorrência de ambos OQ e EOC dentro de uma tentativa diminuiu de 83%, para 79%, e para 38% das tentativas nas condições pré-dica, dica inicial e dica final, respectivamente. Em suma, a flexibilidade na aquisição da informação visual viabilizou o rearranjo na duração das variáveis medidas quando a pressão temporal foi suportável (condição de dica inicial). No entanto, o sistema perceptivo-motor entrou em colapso quando a pressão temporal foi excessiva (condição de dica final), e uma espécie de “congelamento” ocorreu, reduzindo drasticamente a movimentação dos olhos e da cabeça (Rodrigues, Vickers e Williams, 2002). As funções dos comportamentos OQ e EOC podem ser comparadas, respectivamente, aos sistemas visuais para percepção (ventral) e para ação (dorsal), propostos por Milner e Goodale (1995). Baseados em evidências anatômicas, neurofisiológicas, neuropsicológicas e comportamentais, eles propuseram a existência de um sistema ventral (visão para percepção), que é responsável pela indentificação do objeto, e um sistema dorsal (visão para ação), que proporciona informação em coordenadas egocêntricas para o controle de movimentos. A proposta, de modo muito simplificado, sugere que de acordo com o propósito do processamento da informação visual (percepção/representação ou controle da ação), o trajeto de processamento (da retina aos centros superiores do sistema nervoso central) seria diferenciado, com características funcionais distintas. Apesar da aparente independência dos sistemas, uma ação coordenada seria dependente de um alto grau de cooperação entre os dois sistemas (Goodale e Milner, 1992; Milner e Goodale, 1993; 1995). A possível utilidade deste modelo para o estudo do controle do olhar seria a generalização de comportamentos visuais baseados nos sistemas descritos por Milner e Goodale. Por exemplo, as funções dos comportamentos OQ e EOC obsevados por Rodrigues et al. (Rodrigues, 2000; Rodrigues, Vickers e Williams, 2002) poderiam ser comparadas, respectivamente, aos sistemas visuais para percepção (ventral) e para ação (dorsal). A visão para percepção, que gera representação cognitiva da cena, estaria ocorrendo durante OQ, o período de visão central da bola. A visão para ação, que estabelece a posição tridimensional da bola em relação ao sujeito quando o objetivo é agir, estaria ocorrendo durante o período de EOC, no qual a imagem da bola vai para a periferia visual. Esta interpretação é reforçada por evidências que associam a visão central ao processamento no sistema ventral e a visão periférica ao processamento no sistema dorsal em macacos e humanos (Goodale e Haffenden, 1998). Apesar de estas conjecturas parecerem lógicas, o pró- 153 154 Tênis de Mesa prio modelo de dois sistemas visuais ainda carece de considerável evolução e confirmação experimental (Milner, comunicação pessoal, 17 de fevereiro, 1999), assim como as ligações entre sistema ventral e fixação/perseguição visual e entre sistema dorsal e estabilização dos olhos e da cabeça podem ser consideradas prematuras no presente momento (Rodrigues, 2000; Rodrigues, Vickers e Williams, 1999). x y z x A y z B x y z Arm Arm C Figura 9.1 Representação do ângulo visual entre a linha do olhar e a superfície da bola (A), olhar e eixo X do sistema de coordenadas do transmissor (B), e o ângulo entre o braço (segmento cotovelo-punho) e o eixo X do sistema de coordenadas do transmissor (C). Capítulo 9 Subject: 2 Condition: pre−cue Trial: 3 Accuracy: hit Target: right Cue Onset (ms): NA Eye Recorded: right MT onset=622.2222 offset=761.1111 dur=138.8889ms QE onset=44.4444 offset=527.7778 dur=483.3333ms TMT onset= NA offset= NA dur= NA EHS onset=500 offset=666.6667 dur=166.6667ms AVC=57.9762deg/sec GC= NA deg A B Gaze−Ball Angle Gaze in Space Angle 20 60 50 EHS QE Ang Pos (deg) Ang Pos (deg) 15 10 40 30 20 5 10 0 0 200 400 0 600 200 400 D Arm Angle Arm Velocity 65 600 150 MT 60 100 Ang Vel (deg/s) Ang Pos (deg) 0 C 55 50 45 40 50 0 −50 35 −100 30 0 200 400 Time (ms) 600 0 200 400 Time (ms) 600 Figura 9.2 Exemplo de dados processados de uma tentativa individual contendo informação de identificação, valores para todas variáveis dependentes (acima) e gráficos que originaram os valores de início, término e duração de OQ (A), EOC (B), e TM (C) e VBC (D).1 1 O texto da figura está em inglês, mas as siglas foram traduzidas para o português: QE equivale a OQ; EHS equivale a EOC; MT equivale a TM; e AVC equivale a VBC. 155 Tênis de Mesa A B Mean(ps) Gaze−Ball PRE (159trials) Mean(ps) Gaze in Space PRE (159trials) 20 60 Angular Position (deg) Angular Position (deg) 50 15 10 5 40 30 20 10 0 0 20 40 60 80 Time (% of trial duration) 0 100 C 0 20 40 60 80 Time (% of trial duration) 100 D Mean(ps) Gaze−Ball EARLY (150trials) Mean(ps) Gaze in Space EARLY (150trials) 20 60 Angular Position (deg) Angular Position (deg) 50 15 10 5 40 30 20 10 0 0 E 20 40 60 80 Time (% of trial duration) 0 100 F Mean(ps) Gaze−Ball LATE (154trials) 20 0 20 40 60 80 Time (% of trial duration) 100 Mean(ps) Gaze in Space LATE (154trials) 60 Angular Position (deg) 50 Angular Position (deg) 156 15 10 5 40 30 20 10 0 0 20 40 60 80 Time (% of trial duration) 100 0 0 20 40 60 80 Time (% of trial duration) 100 Figura 9.3 Médias (± 1 desvio padrão) do ângulo tridimensional entre o olhar e a superfície da bola (A, C e E) e do ângulo tridimensional do olhar no espaço (B, D e F) em função do tempo (porcentagem da duração da tentativa) para as três condições experimentais. Linhas pontilhadas horizontais nos gráficos olhar-bola representam o limite de 3 graus de ângulo visual para OQ. As linhas tracejadas verticais nas condições Dica Inicial (EARLY) e Dica Final (LATE) representam o tempo de aparecimento da dica. Capítulo 9 ■■MOVIMENTO DOS OLHOS EM INVESTIGAÇÕES SOBRE ANSIEDADE E SOBRE HIPERATIVIDADE/ DÉFICIT ATENCIONAL EM SITUAÇÕES DO TÊNIS DE MESA Evidências sobre o movimento dos olhos têm possibilitado uma compreensão mais aprofundada de uma variedade de aspectos envolvidos no tênis de mesa, como é o caso dos efeitos da ansiedade e da hiperatividade sobre o sistema perceptivo-motor. Williams, Vickers e Rodrigues (2002) estudaram os efeitos da ansiedade sobre os padrões de movimento dos olhos, cinemática do braço e performance no tênis de mesa. Especificamente, a Teoria de Eficiência do Processamento de Eysenck e Calvo foi testada. Esta teoria prediz que a ansiedade reduz a capacidade de processamento da memória de trabalho e tem efeitos detrimentais na performance. Quando a tarefa demanda pouco da memória de trabalho, os efeitos negativos da ansiedade podem ser evitados pelo aumento do esforço. Apesar de a eficiência da performance diminuir, não há mudança na efetividade (qualidade) da performance. Quando a tarefa impõe uma alta demanda da memória de trabalho, de outro modo, a ansiedade leva à diminuição da eficiência e da efetividade. Estes pressupostos foram testados com a utilização de uma tarefa modificada de tênis de mesa, que exerceu demandas alta (AMT) e baixa (BMT) na memória de trabalho. A ansiedade cognitiva foi manipulada através de um ranking competitivo e de prêmio em dinheiro. A acurácia dos participantes em bater a bola em alvos de círculos concêntricos em seqüências predeterminadas foi usada como uma medida da efetividade da performance, enquanto o Tempo de Reação (TR),2 Esforço Mental Percebido (EMP), dados do movimento dos olhos e da cinemática do braço foram usados como medidas da eficiência. Os resultados indicaram que a ansiedade teve um efeito negativo na efetividade da performance nas tarefas AMT e BMT. Houve um aumento na freqüência do movimento dos olhos e nos valores de TR e EMP nas tarefas AMT e BMT, sob condições de alta versus baixa ansiedade, sugerindo diminuição da eficiência da performance. Entretanto, os participantes dispenderam mais tempo perseguindo visualmente a bola na tarefa AMT e empregaram um tau margem mais curto quando ansiosos. Apesar de a ansiedade piorar a efetividade e eficiência da performance, a piora na eficiência foi mais pronunciada na tarefa AMT do que na tarefa BMT, oferecendo supor2 Este tempo de reação foi o intervalo entre um estímulo auditivo e a resposta verbal do participante durante a execução da tarefa do tênis de mesa. 157 158 Tênis de Mesa te para Teoria de Eficiência do Processamento (Williams, Vickers e Rodrigues, 2002). Vickers, Rodrigues e Brown (2002) utilizaram método similar ao de Rodrigues, Vickers e Williams (2002), citado anteriormente, para descrever o comportamento visual e motor de adolescentes do sexo masculino diagnosticados com a Disordem de Déficit de Atenção e Hiperatividade (ADHD, em inglês). Os participantes com ADHD foram testados quando estavam tomando seus medicamentos e sem tomar seus medicamentos, sendo comparados a participantes-controle de idades equiparadas. A tarefa de tênis de mesa requeria que os participantes perseguissem visualmente a bola, rebatendo-a para alvos da direita ou esquerda do outro lado da mesa. Informação de longa-duração foi dada por uma pré-dica, na qual o alvo era iluminado aproximadamente 2 segundos antes do saque; informação de curta-duração foi dada por uma dica-inicial iluminada cerca de 350 milisegundos após o saque, deixando aproximadamente 500 milisegundos aos participantes para selecionar o alvo e executar a ação. O grupo com ADHD diferiu significativamente do grupo controle em ambas as condições, sendo menos acurados, tendo um início mais tardio da perseguição e uma maior freqüência do olhar sobre e fora da bola. O uso da medicação reduziu significativamente a freqüência do olhar dos participantes com ADHD, mas surpreendentemente não levou a um aumento na duração da perseguição visual, sugerindo que uma barreira foi alcançada, além da qual a informação do vôo da bola não poderia ser processada. Os grupos ADHD e controle não diferiram em início, duração e velocidade do movimento de braço na condição de dica-inicial. Na condição de pré-dica, entretanto, o início do TM e velocidade do braço diferiram significativamente dos controles. Os resultados mostraram que o grupo com ADHD foi capaz de processar informação de curta duração sem experimentar efeitos adversos sobre seu comportamento motor; entretanto, informação de longaduração contribuiu para um controle motor irregular. ■■CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao descrever uma variedade de estudos realizados com participantes em situações de tênis de mesa, fica aparente que a performance esportiva é o resultado da influência de múltiplos fatores. Mesmo restringindo a discussão ao âmbito da informação visual e sincronização de ações, o sucesso dos jogadores de tênis de mesa está associado a muitos aspectos. Vale salientar que o fato dos pesquisadores da área avançarem na compreensão desta teia de determinantes das habilidades desportivas não implica Capítulo 9 sugerir que os atletas sejam necessariamente conscientes destes determinantes, tanto no exato momento da execução da técnica, quanto no planejamento de seus treinamentos. Do ponto de vista do executante, há muitos mecanismos internos inconscientes que foram desvendados e ajudam-nos a explicar o comportamento perceptivo-motor. Do mesmo modo, o executante pode, por automatização, reduzir a demanda atencional para muitos aspectos a serem controlados, evitando assim sua sobrecarga cognitiva. Do ponto de vista da preparação técnica, o conhecimento científico sobre o perfil visuomotor do atleta de tênis de mesa pode trazer benefícios práticos; no entanto, cautela deve sempre conduzir a interpretação dos resultados de pesquisa, como aqueles aqui apresentados, e suas subseqüentes aplicações no cotidiano esportivo. Em síntese, este capítulo mostrou que, como interessados no tênis de mesa (atletas, técnicos ou simpatizantes), devemos também considerar as questões teóricas mais profundas. Vimos que a visão e o aparelho motor humanos trabalham arduamente para superar as naturais limitações espaciotemporais e, assim, conseguir que jogadores estejam “no lugar certo, no momento certo” para defender ou bater prontamente em uma bola. As particularidades da informação visual que indicam aos jogadores a aproximação da bola e movimentos do oponente não são aspectos óbvios, assim como as compensações entre visão e ação e o controle da velocidade das ações no tênis de mesa não são triviais. Durante a aproximação de bola, enquanto os jogadores, em termos motores, preparam a ação da batida, definindo o instante e a localização do contato entre bola e raquete, em termos perceptivos, o sistema visual combina apropriadamente movimentos de tronco, cabeça e olhos para garantirem a alteração da informação relevante; esta dinâmica percepção-ação retrata a influência mútua destes subsistentes que suporta o alcance das metas desejadas. Mecanismos como o “olho quieto” e a “estabilização olho-cabeça” sinalizam a preponderância da estabilidade visual em um contexto de tênis de mesa. As interpretações destas evidências, como através da perspectiva de dois sistemas visuais, são introdutórias e requerem maior estudo. Adicionalmente, aplicações das situações de tênis de mesa ilustraram como pessoas com problemas atencionais e de hiperatividade podem sincronizar ações para coincidir bola e raquete; similarmente, pessoas sob condições de ansiedade são capazes de acomodar os requerimentos de memória e esforço cognitivo em contexto do tênis de mesa. 159