Cândido Portinari (Patrono da Escolinha de Artes) Nasceu numa fazenda de café em Brodósqui-SP, a 29.12.1903, filho de imigrantes italianos. Cresceu entre trabalhadores do campo, diz o seu biógrafo e amigo Celso Kelly. A fazenda e o pequeno povoado constituíam quadros vivos do Brasil-rural, ante os olhos penetrantes e ávidos do menino Cândido. As recordações desse ambiente nunca mais se apagariam, completa. Em 1914, com apenas 11 anos, apresentou o primeiro trabalho, um retrato de Carlos Gomes, e em 1918, só com o curso primário, fixou-se no Rio de Janeiro, iniciando-se no Liceu de Artes e Ofícios e, a seguir, na Escola Nacional de Belas-Artes, onde freqüentou as classes de Amoedo, Batista da Costa e Lucilo de Albuquerque. É seguidamente premiado no Salão Nacional de BelasArtes, com a medalha de prata (1927) e a de ouro (1928), neste último ano conquistando inclusive um prêmio de viagem à Europa, ali permanecendo por vasto período. Em 1935 tornou-se professor do Instituto de Artes da então recém-fundada Universidade do Distrito Federal, no mesmo ano ganhando a segunda menção honrosa do Prêmio Carnegie, em Pittsburgh (EUA), com a tela “Café”, projetando-se internacionalmente. Em 1937 iniciou os estudos para a série de murais que executaria nas paredes do hall, do auditório e do salão do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro, edifício cuja construção fora projetada por um grupo de arquitetos liderados por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. No ano de 1938 o Museu de Nova Iorque adquiria um de seus quadros e o Ministério da Educação promovia, no Museu Nacional de BelasArtes, uma exposição de 269 obras do artista. Em 1939 expôs três grandes painéis na Feira Mundial de Nova Iorque e, no ano seguinte, a Universidade de Chicago publicou um livro-álbum com o título “Portinari, sua vida e sua arte”. Há painéis seus na Biblioteca do Congresso, em Washington, na Igreja da Pampulha, em Belo Horizonte, e na sede da Organização das Nações Unidas (ONU). Expôs na Galerie Charpentier (1946), em Paris, onde recebeu a condecoração da Legião de Honra do Governo Francês. Vários outros trabalhos produziu, como os painéis históricos: “Tiradentes”, “Chegada de Dom João VI ao Brasil” e “Descobrimento do Brasil”. Sua última obra (1961) foi um grande painel, em azulejo, num edifício de Paris. Intoxicado pelas tintas que manuseava, Cândido Portinari – considerado a mais alta expressão da pintura moderna no Brasil – faleceu no Rio de Janeiro, a 6 de fevereiro de 1962. _________________ Fontes: Arquivos da FJA/CEPEJUL; site www.portinari.org.br (inclusive foto). Nota complementar Com uma prodigiosa produção superior a 4.000 obras – incluindo murais, afrescos, painéis, pinturas, desenhos e gravuras –, abordando extrema variedade de aspectos da realidade brasileira do seu tempo (primeira metade do Séc. XX), Portinari ainda encontrou tempo para fazer poesias, inclusive atendo-se a mesma temática do seu trabalho nas artes plásticas. Em 1964 foi publicado o livro “O Menino e o povoado”, com uma seleção dos seus poemas realizada pelo poeta Manuel Bandeira, no qual consta uma revelação do ilustre pintor. – Quanta coisa eu contaria, se soubesse a língua como a cor! ... Ao seu respeito, disse o escritor Jorge Amado: O Cândido Portinari nos engrandeceu com sua obra de pintor. Foi um dos homens mais importantes do nosso tempo, pois de suas mãos nasceram a cor e a poesia, o drama e a esperança de nossa gente. Com seus pincéis, ele tocou fundo em nossa realidade. A terra e o povo brasileiros – camponeses, retirantes crianças, santos e artistas de circo, os animais e a paisagem – são a matéria com que trabalhou e construiu sua obra imorredoura... _________________ Foto: Reprodução da obra Jangada 60 x 72 / Ano 1950; pintura a óleo / tela.