CINEMA DE ANIMAÇÃO: CIDADANIA E

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CINEMA DE ANIMAÇÃO: CIDADANIA E EDUCOMUNICAÇÃO
Tayara de Paula WANDERLEY1
Jessica Mayara VICENTINI2
Ítala Clay de Oliveira FREITAS3
Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM
RESUMO
Este artigo objetiva a apresentação de reflexões preliminares sobre os conceitos de cidadania e
educomunicação, buscando investigar de que forma o cinema de animação pode contribuir para a
formação crítica de estudantes do ensino fundamental da rede pública de Manaus. A metodologia
utilizada foi a pesquisa bibliográfica e o estudo de caso da Atividade Curricular de Extensão
CinemaTIC’s – Releitura Social Através da Sétima Arte, desenvolvida por alunos do Programa de
Educação Tutorial (PET), do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Amazonas. Tratase de um exercício inicial na construção de uma fundamentação teórico-prática em que se visa consolidar
procedimentos perceptivos e argumentativos acerca da relevância e do impacto da presença do cinema de
animação no cotidiano escolar.
PALAVRAS-CHAVE: Cidadania, Cinema de Animação; Educomunicação.
INTRODUÇÃO
As mudanças cada vez mais rápidas ocasionadas pelas novas tecnologias vêm
acarretando inúmeros impactos na sociedade contemporânea. O telefone celular, o
notebook, o tablet, a internet e seus congêneres, estão intensamente presentes em nosso
cotidiano. No campo da educação estas novas tecnologias e suas mídias apresentam-se
com um potencial pedagógico riquíssimo, visto contribuírem não apenas para a
absorção e aprendizagem do conteúdo transmitido através de novas estratégias de
ensino no dia-a-dia educacional, mas constituírem-se em maneira eficaz de
engendramento de espaço para a discussão social e a construção de saberes, ou seja,
para a formação da cidadania.
O filósofo da educação, Mario Kaplun, viu na comunicação e em suas
ferramentas uma maneira de “fazer educação”, mediante a necessidade da formação de
1
Estudante de Graduação 3º período do Curso de Comunicação Social – Relações Públicas da
Universidade Federal do Amazonas (UFAM), bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET). E-mail:
[email protected]
2
Estudante de Graduação 5º período do Curso de Comunicação Social – Relações Públicas da
Universidade Federal do Amazonas (UFAM), bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET). E-mail:
[email protected]
3
Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP),
tutora do Programa de Educação Tutorial (PET) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). E-mail:
[email protected]
alunos-cidadãos. Foi ele quem denominou de Educomunicação a interface entre os
campos da educação e da comunicação. No entanto, anteriormente, já na década de
1970, Francisco Gutierrez estudava outros métodos que pudessem “preparar a pessoa
para a vida”. Para ele, fazia-se “(...) urgente a necessidade de revisar a educação à luz
das novas exigências que nos oferecem os meios de comunicação social, tanto por seu
conteúdo quanto por suas formas”. (GUTIERREZ, 1978, p.14).
No Brasil, o termo foi reconhecido oficialmente em 1999, no Fórum Mídia e
Educação e teve como nome principal o professor Ismar de Oliveira Soares,
coordenador do Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo.
Conforme Soares, a Educomunicação apresenta-se como:
[...] o conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e
avaliação de processos comunicativos, assim como de programas e
produtos com intencionalidade educativa, destinados a criar e
fortalecer ecossistemas comunicativos abertos, criativos, sob a
perspectiva da gestão compartilhada e democrática dos recursos da
informação (SOARES apud LIMA, 2005, p. 115).
Sendo assim, além de proporcionar aos alunos o contato direto com os meios de
comunicação, fazendo com que estes visualizem o processo de produção do que é
veiculado, trata-se de um campo de estudos que se constitui como um espaço para a
construção de ecossistemas comunicacionais no âmbito escolar. E desta forma constróise um ambiente mediado por tecnologias na condição de um produtor de sentidos,
destacando-se que é a criação de sentido que provoca a aprendizagem e não a
tecnologia. (SOARES, 2011).
CIDADANIA E EDUCOMUNICAÇÃO
Neste campo interdisciplinar torna-se visível que o conceito de cidadania
apresenta-se como um ponto de extrema relevância, configurando-se enquanto posição
política. Uma proposta diferenciada da adesão tecnicista, que marcou as reformas
educacionais dos anos 1970, no Brasil, quando se consolidou no país um sistema
educacional de massas, no predomínio da cultura positivista. Neste projeto educacional,
que possui resíduos até os dias atuais, a tendência é que as escolas percam os espaços de
discussões que auxiliam na criação do senso crítico, não ocorrendo, assim, abertura para
questionamentos, apenas para a absorção do conteúdo ensinado e a formação de um
cidadão mínimo em sua autonomia e capacidade de proposição de soluções para a vida
pública.
No entanto, o Ministério da Educação- MEC, em seus Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs), aponta para a importância de se cumprir metas de qualidade que
ajudem o aluno a enfrentar o mundo atual como cidadão participativo, reflexivo e
autônomo, em um mundo letrado e simbólico (MEC/SEF,1997). Ou seja, reafirma a
necessidade da formação para a cidadania que, segundo Anchieschi & Santos (2004,
p.30), “é o exercício equilibrado e harmonioso dos direitos e deveres de todos e de cada
um: mas os direitos de uns nunca devem se firmar em detrimento dos direitos dos
outros.”
Nos dias atuais, este fomento ao exercício da cidadania no contexto educacional
pode encontrar caminhos para sua potencialização nas práticas educomunicativas por
meio do emprego de diferentes Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). O
cinema é um exemplo dessas práticas, posto que se apresenta como um profícuo canal
de difusão e construção do saber. O uso do cinema em sala de aula pode reafirmar a
escola como protagonista na construção da cultura, e não como mera repetidora e
divulgadora de conhecimentos massificadores. Trata-se de um campo no qual a estética,
o lazer, a ideologia e os valores sociais sintetizam-se numa mesma obra de arte.”
(NAPOLITANO, 2010).
Contudo, a utilização dessa ferramenta em sala de aula requer acompanhamento
e orientação. Observa-se que o mediador deve propor leituras mais desafiadoras, indo
além do puro entretenimento e instigando o aluno a construir-se como um espectador
mais exigente e crítico. Neste sentido é que se propõe no presente artigo a reflexão
sobre o projeto Cinematic’s – Releitura Social Através da Sétima Arte, desenvolvido
pelo PET Comunicação Social, da Universidade Federal do Amazonas - UFAM.
CINEMATIC’s – UM PROJETO EXTENSIONISTA
O CinemaTIC’s – Releitura Social Através da Sétima Arte constituiu-se em uma
atividade curricular de extensão (ACE) realizada no período de 2010 a 2011, pelo
Programa de Educação Tutorial do curso de Comunicação Social da Universidade
Federal do Amazonas. Coordenado pela Profa. Dra. Luiza Elayne Azevedo, e no
segundo semestre de 2011 tendo como vice-coordenadora a profa. Dra. Ítala Clay de
Oliveira Freitas, contou com a colaboração de estudantes de graduação nas habilitações
de Jornalismo e Relações Públicas, que estiveram envolvidos no planejamento e
execução das atividades.
O projeto surgiu com o objetivo de fomentar a busca pelo conhecimento e
instigar o senso crítico dos estudantes do ensino público de Manaus, através da exibição
de filmes, debates e atividades complementares que apresentassem temáticas relevantes
à formação desses cidadãos. Ao longo de suas quatro edições sofreu alterações
relacionadas ao seu público alvo e às temáticas abordadas. Trabalhou com estudantes de
diferentes idades, explorando os temas e desenvolvendo atividades em conformidade
com a faixa etária correspondente. Em sua última versão, o CinemaTIC’s – Releitura
Social Através da Sétima Arte – Edição Especial de Animação se propôs a trabalhar
com um público mais jovem, realizando uma edição na qual os filmes de animação e os
assuntos apresentados por eles foram o foco do projeto4.
QUARTA EDIÇÃO – CINEMA DE ANIMAÇÃO
A quarta edição do CinemaTIC’s – Releitura Social Através da Sétima Arte traz a
proposta inicial de utilizar o cinema como ferramenta no processo de aprendizado,
buscando instigar nos estudantes o senso crítico através de discussões e debates acerca
dos assuntos retratados nos filmes. Dessa vez, porém, o cinema de animação ganhou
foco entre os filmes abordados ao longo do projeto.
Além da mudança no perfil dos filmes, o público, as atividades e o produto final do
projeto se renovaram. A seguir, serão abordados os objetivos, a metodologia e os
resultados da quarta edição do projeto, levando em conta o papel que o universo da
animação apresentou nesse contexto.
Cinema de Animação
O cinema vem demonstrando sua importância em sala de aula ao longo dos anos.
Segundo Grace Cristiane e Janice Cristine Theil,“o cinema amplia os horizontes do
4
Mais informações sobre o início do projeto, atividades desenvolvidas e produtos resultantes de suas
primeiras três edições podem ser vistas através do artigo “Cinema como ferramenta de ensino:
entretenimento e fruição, por um cinema inteligente”, de Mariana Castro Dinelly, Alber Pascoal e Luiza
Elayne Azevedo Luíndia (disponível em www.intercom.org.br/papers/regionais/norte2011/resumos/R260055-1.pdf) e através do blog do projeto (www.projetocinematics.com.br).
conhecimento humano” (2009, p.8), e possibilita a leitura diferenciada do mundo que
nos rodeia.
Os filmes de animação, incluídos nesse contexto, demonstram seu potencial
educacional, principalmente entre crianças e pré-adolescentes, trazendo a estes uma
maneira diferente de enxergar o mundo e aprender, fugindo do modelo maçante e
tradicional de aprendizagem. Segundo Sérgio Vilaça (2006), “a entrada do cinema na
sala de aula, veiculando a linguagem audiovisual, vai, obrigatoriamente, colocar em
articulação dois universos regidos por estruturas diversas, por vezes mesmo opostas: o
do lazer, do prazer e o da aprendizagem, da razão”.
Muitas obras vão além do entretenimento, abordando assuntos que podem ser
explorados em sala de aula, complementando as disciplinas já existentes. Meio
ambiente, cidadania, ética e respeito são alguns dos temas que podemos ver nos filmes
de animação, e que apresentam grande potencial no desenvolvimento de debates e
atividades complementares, trazendo à tona noções de cidadania relevantes para a
formação desses estudantes.
A faixa etária dos estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental da Escola Djalma
Batista, localizada no bairro Educandos, em Manaus, contribuiu para a utilização do
cinema de animação como ferramenta em sala de aula. Segundo Marcos Napolitano,
essa faixa etária, que vai de 10 a 12 anos, “apresenta características infantis” (2010,
p.25), o que facilitou a aceitação dos filmes por parte dos alunos, como será visto no
decorrer desse artigo.
Objetivos do projeto
A quarta edição do projeto CinemaTIC’s – Releitura Social Através da Sétima Arte
teve como objetivo geral possibilitar aos alunos a análise crítica da sociedade e do meio
em que esta se insere através do cinema de animação. O projeto buscou ainda apresentar
o universo do cinema de animação aos alunos do ensino fundamental da rede pública,
promover debates sobre os temas retratados nos filmes, fomentar conceitos e práticas de
cidadania, trabalhar em parceria com os professores, incentivar a produção textual e
artística do aluno (aprimorando sua capacidade narrativa, descritiva e criativa) e
estimular o desenvolvimento de atividades em grupo.
Filmes e Temas
Buscou-se trabalhar com os alunos temas que tivessem relevância à sua formação e
que os apresentassem como agentes transformadores da sociedade, através de conceitos
ligados à cidadania. A partir dos filmes, foi possível abordar temas que fizessem parte
do dia-a-dia dos estudantes, mas que muitas vezes não eram percebidos de maneira
crítica pelos mesmos.
Com a mediação da equipe do projeto, os alunos puderam explorar por meio dos
filmes assuntos de uma maneira diferente e divertida. Entre temas e filmes abordados
estão:
- Peter Pan: clássico da animação, Peter Pan foi escolhido como o filme de abertura do
projeto, por meio do qual os alunos puderam entrar em contato com o cinema de
animação desde suas primeiras produções.
- Happy Feet: Identificou-se neste filme o potencial para se discutir um problema
frequente no ambiente escolar: o bullying, trazendo à tona um tema polêmico, expondoo e discutindo-o.
- Os sem florestas: Filme escolhido por abordar a questão ambiental. Aborda ainda
questões acerca da ética dos personagens durante o decorrer da história.
O meio ambiente foi o tema com o qual os alunos mais se identificaram, fazendo
com que diversas atividades relacionadas ao assunto fossem desenvolvidas. Em
produção textual publicada no blog do projeto, os estudantes expressaram sua opinião.
Segundo Ana Carolina, estudante do 6º ano da Escola Djalma Batista, “o meio ambiente
é importante para nós, não podemos desmatar, cortar as árvores, queimar. É importante
ajudar o planeta e respeitá-lo”. Já Beatriz Rocha, também estudante, traz uma lição aos
leitores: “O meio ambiente é um conjunto de fauna e flora muito diversificado que
quando prejudicado pode afetar o próprio ser humano. Preserve o meio ambiente".
- Pocahontas: O filme aborda a questão da diversidade cultural e o processo de
colonização nos Estados Unidos.
- O espanta tubarões: tendo a ética como temática a ser abordada, o filme foi
selecionado por trazer através de seus personagens discussões acerca da ética, trazendo
aos alunos exemplos práticos de um assunto difícil de ser abordado com crianças e
adolescentes.
- Tá dando onda: O esporte é o tema que fecha as oficinas do projeto, discutindo noções
de trabalho em grupo e espírito esportivo, além da importância do esporte para o
crescimento pessoal e social do indivíduo.
A escolha dos filmes foi realizada pelos universitários durante as reuniões na
universidade, nas quais também eram discutidas as atividades e dinâmicas a serem
desenvolvidas com os alunos. Essas escolhas eram feitas com base em pesquisas
bibliográficas e em sites especializados. No tópico a seguir, estão expostas as
metodologias utilizadas pelos universitários no projeto.
Metodologia e Procedimentos
Indo além das exibições dos filmes, o projeto CinemaTIC’s – Releitura Social
Através da Sétima Arte se propôs a desenvolver uma série de atividades
complementares relacionadas aos temas semanais, buscando agregar ainda mais fontes
de aprendizagem às oficinas. Essas eram compostas por palestra prévia sobre o tema a
ser discutido, apresentação do filme da semana, dinâmica (as quais tinham o objetivo de
ampliar o repertório dos estudantes sobre os temas através de atividades lúdicas),
exibição do filme, debate com os alunos sobre o assunto, e por fim, as atividades
complementares.
Segundo Márcia Dozano Chaves, pedagoga da Escola Djalma Batista, as
as novas metodologias utilizadas no projeto fazem com que os
alunos cresçam na oralidade, na escrita, e até no interesse não
somente pelo projeto, mas em "vim" todos os dias pra escola. Eles
ficam mais animados em aprender, prestar atenção, e passam a ter
mais disciplina. 5
A programação de cada semana voltava-se exclusivamente para o assunto escolhido.
Ao longo dos seis meses, as dinâmicas e atividades que se desenvolveram foram:
5
Depoimento da pedagoga Márcia Dozano Chaves, conforme transcrição de entrevista em áudio,
realizada no dia 7/12/2012.
Tema
Cinema de
animação
Filme
Peter Pan
Dinâmica
Apresentação do
Projeto e dinâmica
de integração dos
estudantes com a
equipe do projeto
Atividades Complementares
Produção Textual – Tema: clássicos
da animação e avaliação do primeiro
dia de oficina
Bullying
“As qualidades do
colega” – dinâmica
Happy Feet - com o objetivo de Produção Textual – Tema: bullying e
O pinguim conhecer os alunos e respeito na escola/filme da semana
fazê-los interagir
entre si.
Meio
Ambiente
“Construção a árvore Produção Textual, “Gincana Verde”,
de idéias” – cada
“Quiz sobre Meio Ambiente,
aluno recebeu uma
Confecção de lixeiras de coleta
folha de árvore de
seletiva com material reciclado,
papel onde escreveu
orientação sobre técnica de
sobre a importância
entrevista, produção de vídeos e
do meio ambiente.
entrevistas.
Diversidade
Cultural
Ética
Esporte
Os sem
florestas
“Características
culturais das regiões
brasileiras” – Quis
Pocahontas
sobre as curiosidades
de cada região do
país.
Produção Textual – Tema:
Diversidade Cultural e filme da
semana.
“Todos devem fazer
sua parte” – dinâmica
realizada com balões,
onde os alunos
deviam cuidar de seu
balão para este não
caísse no chão.
Produção Textual (fábula) e
encenação do texto produzido.
O espanta
tubarões
Tá dando
onda
“Trabalho em
equipe” – resolver
Orientação sobre jornalismo
um quebra-cabeça esportivo, produção de um telejornal
com cordas em
esportivo, produção de vídeo.
equipe
Assim como nas edições anteriores, houve imprevistos no cronograma do projeto, o
que atrasou o desenvolvimento de algumas atividades, devido a problemas técnicos e de
ordem maior na escola, tais como: fechamento da escola para planejamento; preparação
para sediar o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), feriados, reparos elétricos,
entre outros. Entretanto, realizou-se a maioria das atividades propostas, o que contribuiu
para os resultados positivos, que serão apresentados nos próximos tópicos.
Blog CinemaTIC’s
Diferente das outras edições, em que o blog era uma ferramenta complementar ao
projeto, na quarta edição ele passa a ser o principal canal de comunicação e divulgação
das atividades do projeto, ocupando o espaço que antes era da revista eletrônica
CinemaTIC’s.
Seu layout foi reestruturado de acordo com a nova proposta, ficando mais colorido e
em sintonia com o público mais jovem do projeto até então e com a temática do cinema
de animação. As postagens passaram a ser periódicas, e seu conteúdo a ser composto
por textos produzidos tanto pelos alunos quanto pela equipe do projeto, além de trazer
fotos das oficinas e curiosidades sobre o mundo do cinema de animação.
O texto da aluna Victória Beatriz foi um dos que estiveram presentes no blog. Nele,
a estudante fala sobre a oficina com o tema “bullying e respeito na escola”:
Na oficina do Cinematic's de hoje pudemos aprender um pouco mais
sobre o respeito e o bullying. Aprendemos que respeito é essencial
para viver em sociedade, pois para isso temos que respeitar o espaço
das pessoas, dos animais, e dos seres vivos em geral.O bullying na
maioria das vezes é gerado pela falta de respeito das pessoas com as
outras, onde tudo começa com brincadeiras maldosas, como, por
exemplo, apelidar os outros pelo tipo fisico, modo de agir, ou por
qualquer coisa que seja diferente do agressor. Para compreender um
pouco mais sobre esse tema vimos o filme Happy Feet, o filme que
conta a história de um pinguim que é descriminado porque ao invés de
cantar ele sapateia. Mas no fim, ele acaba mostrando que ser diferente
é normal.
Através da exposição das produções dos alunos por meio do blog, o
desenvolvimento e os objetivos do projeto foram levados à comunidade, formando um
canal de comunicação entre o CinemaTIC’s e a sociedade.
Considerações Finais
O sucesso na utilização das tecnologias da informação e comunicação (TIC’s) em
sala de aula vem demonstrando que é possível inserir novos caminhos no processo de
aprendizagem, trazendo novas fontes de saberes que se estendam para além do conteúdo
dos livros e do discurso do professor. O cinema, enquanto uma dessas tecnologias
demonstra seu potencial, apresentando-se como uma janela para o conhecimento através
do conteúdo de suas narrativas, as quais acabam se tornando pautas para debates e
discussões.
As ações realizadas na quarta edição do Cinematic’s – Releitura Social Através da
Sétima Arte trouxeram resultados positivos, assim como nas edições anteriores,
mostrando que o cinema pode e deve ser utilizado como uma ferramenta educativa no
processo de aprendizagem e de construção da cidadania.
A satisfação dos estudantes em relação ao projeto também pôde ser observada
através de uma pesquisa de opinião realizada ao fim da 4ª edição. Foram aplicados
questionários entre os 20 alunos do 6ª ano do Ensino Fundamental, os quais continham
questões relacionadas à satisfação quanto projeto, às oficinas, às temáticas e atividades e
ao relacionamento com os universitários. As alternativas do questionário variavam entre
péssimo, ruim, regular, bom, ótimo, muito insatisfeito, insatisfeito, indiferente,
satisfeito, e muito satisfeito.
Em todas as questões obteve-se resultados positivos, indo de bom à ótimo, satisfeito
e muito satisfeito. Questionados sobre uma nova edição do projeto, 89% dos alunos
afirmaram ter interesse em participar novamente, demonstrando que o CinemaTIC’s –
Releitura Social Através da Sétima Arte foi bem aceito pelos estudantes.
A receptividade do projeto, tanto pelos estudantes, como pelos universitários e
administradores da escola vem demonstrar que os instrumentos multimídia, inseridos no
contexto das tecnologias da informação e comunicação já fazem parte da realidade do
universo do ensino/aprendizagem. Cabe aos educadores, portanto, analisar qual a
melhor maneira de utilizá-las, ampliando seu alcance através da geração e transmissão
de conhecimento, assim como contribuinte na formação do senso crítico e de cidadania
dos estudantes.
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