psicologia social

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PSICOLOGIA SOCIAL
Apontamentos de: Elisabete Santos
E-mail: [email protected]
Data: 18-04-07
Livro: Psicologia Social – Universidade Aberta
Nota:
Este documento é um texto de apoio gentilmente disponibilizado pelo seu autor, para que possa auxiliar ao estudo dos colegas. O autor não pode de forma
alguma ser responsabilizado por eventuais erros ou lacunas existentes. Este documento não pretende substituir o estudo dos manuais adoptados para a
disciplina em questão.
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quaisquer responsabilidades.
Copyright: O conteúdo deste documento é propriedade do seu autor, não podendo ser publicado e distribuído fora do site da Associação Académica da
Universidade Aberta sem o seu consentimento prévio, expresso por escrito.
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Introdução
Não restam dúvidas de que os outros desempenham grande importância nas nossas vidas.
A Psicologia Social contemporânea, tal como a conhecemos hoje, conta menos de 100 anos.
Muitos dos fenómenos analisados pelos psicólogos sociais, são aspectos universais do comportamento social.
O objectivo do questionamento cientifico, é escolher as vias alternativas para explicar o comportamento.
O que é a Psicologia Social?
Tentativa de definição
Para Alport, a Psicologia Social tenta ‘compreender e explicar como os pensamentos, sentimentos e
comportamentos dos indivíduos são influenciados pela presença real, imaginada ou implicada de outros’.
Á cerca de 100 anos, os cientistas começaram a aplicar o método cientifico à compreensão do comportamento
social humano.
Tópicos da Psicologia Social
Existem diversos tópicos que ocupam os psicólogos sociais e que estudam as diversas áreas do
comportamento humano. Estas áreas podem ser divididas em três grupos: - fisiológico; - cognitivo/ atitudinal; realização.
Relações com outros campos
Sujeito individual (ego); sujeito social (alter); objecto (físico, social, imaginário, real)
Os sociólogos analisam o comportamento humano de uma forma mais ampla. Uma explicação sociológica para
o comportamento de Van Gogh leva em conta o seu papel desviante. O facto de ter dado parte da sua orelha a
uma prostituta, denotou a sua aceitação de um papel de pária social.
Os psicólogos sociais examinam os processos intra psíquicos e os estímulos sociais externos que determinam
o comportamento da pessoa.
O comportamento social resulta de diversas causas:
1) o comportamento e as características das outras pessoas
2) a cognição social (ex. recordações acerca das pessoas que nos rodeiam)
3) variáveis ecológicas (influências directas ou indirectas do meio físico)
4) contexto sócio-cultural em que ocorre o comportamento
5)
aspectos da nossa natureza biológica e que são relevantes para o comportamento
Níveis de Análise
Psicologia Social Sociológica (PSS)
Tende a focalizar variáveis societais mais amplas, tais como o estatuto sócio-económico, os papeis sociais,
as normas culturais, etc.
Utiliza mais vezes a observação participante em que o observador se insere na instituição ou no grupo.
Mead, Goffman, French, Homans, Bales
Psicologia Social Psicológica (PSP)
Tende a centrar-se no indivíduo e no modo como este responde a estímulos sociais.
Recorre frequentemente a experiências laboratoriais.
Lewin, Festinger, Schachter, Asch, Campbell, Allport
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Ambas as psicologias se focalizam nas interpretações cognitivas da realidade e nos comportamentos
subsequentes com base nessas interpretações.
Doise destinguiu quatro diferentes níveis de análise:
1º Processos ‘psicológicos’ ou ‘intra-individuais’ – modo como o indivíduo organiza a sua experiência do
mundo social
2º Processos ‘inter-individuais’ e ‘intra-situacioais’ – ocorrem entre indivíduos
3º Processos de ‘posições’ ou ‘estatutos sociais’ (ex. quando um indivíduo aceita mais facilmente uma argumentação
porque foi proferida por um elemento com um estatuto social mais elevado)
4º Crenças ideológicas universalistas – induzem atitudes diferenciadoras, ou até mesmo discriminatórias.
(Lerner ‘o mundo é justo ’, por isso, o que acontece às pessoas que sofrem , é merecido)
Esboço histórico da Psicologia Social
Ebbinghaus (1908) ‘a Psicologia tem um logo passado, mas uma breve história’
1879 – nascimento da psicologia cientifica, em geral. Foi fundado o primeiro laboratório de psicologia em
Leipzig, por Wilhelm Wundt.
O longo passado do pensamento sócio-psicológico
Os filósofos gregos foram provavelmente os primeiros teóricos em psicologia social.
De Platão até ao século passado, todas as teorias sobre a natureza social do homem, diziam respeito à teoria
do Estado. Por essa razão, Alport considerava que até então, a psicologia social era em grande parte um ramo
da filosofia política.
Platão (427-347 a.c.) expõe que os Estados se formam porque o indivíduo não é auto-suficiente e necessita da
ajuda de muitos outros.
Aristóteles (384-322 a.c.) vê as pessoas como ‘animais políticos’, gregários por instinto. É este instinto que leva
o homem a afiliar-se com os outros.
Hobbes (1588-1679) desenvolveu uma análise dos processos psicológicos que levam o homem à socialização:
paixão de ambição, paixão de dominação, sentimento de insegurança.
Rousseau (1712-1778) as condições sociais transformam verdadeiramente o homem. O seu argumento
nuclear era que a natureza não destinava o homem a viver em sociedade, uma vez que este viveu durante
milénios, só e independente.
Bentham (1748-1832) defendeu que todo o comportamento humano é motivado pela procura de prazer.
Fourier (1792-1837) socialista utópico, a sociedade ideal, assenta nas paixões humanas.
Karl Marx (1818-1883) o comportamento social é determinado pelas condições económicas.
Lazarus e Steinthal (1823-1899) o povo era uma realidade espiritual, mas colectiva, cujo espírito não é um
mero produto.
As origens da Psicologia Social
Corrente francesa
Comte (1798-1857) foi o primeiro autor a conceber a ideia de uma Psicologia Social.
Ciências abstractas tratam os fenómenos irredutíveis, de acontecimentos fundamentais e primários.
Ciências concretas tratam de fenómenos de ‘seres’ concretos e das aplicações das ciência abstractas.
Gabriel Tarde (1843-1904) e Gustave Le Bom (1841-1931) a quem se deve o real desenvolvimento da
Psicologia Social.
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Segundo Le Bon a multidão modifica o indivíduo, pois dota-o de uma ‘alma colectiva’. É esta ‘alma’ que faz
com que os indivíduos, na presença da multidão, sintam, pensem e ajam de forma completamente diferente, do
que fariam isoladamente.
A multidão obedece à lei da unidade mental.
Ringelmann descobriu que, em comparação com o que as pessoas faziam por elas mesmas, a realização
individual diminuía quando trabalhavam conjuntamente em tarefas simples como puxar uma corda.
Corrente anglo-saxónica
Triplett (1898) publicou a experiência sobre os efeitos da competição sobre o desempenho humano. Verificou
que o desempenho foi melhor na situação de competição.
Ross (1908) fortemente influenciado por Tarde, procurava aplicar as leis da sugestão e da imitação a diversos
acontecimentos do passado e do presente: moda, opinião pública, etc.
William McDougall (1908) publica na Inglaterra a obra ‘Introdução à Psicologia Social’. O autor delineia uma
introdução psicológica à sociologia e mostra como e que s factos sociais se alicerçam na Psicologia. Baseouse amplamente na opinião que o comportamento social resulta de um pequeno número de tendências inatas ou
instintos (abordagem individualista).
Para Alport o comportamento social é influenciado por muitos factores em que se inclui a presença dos outros
e as suas acções.
Moreno (1934) desenvolveu o sistema sociométrico para analisar as interacções indivíduo-grupo.
Segundo Sahakian (1982) deve atribuir-se a Sherif (1936) o primeiro programa de investigação com cariz
experimental.
Kurt Lewin formou-se como psicólogo na Alemanha e trabalhou no instituto de Psicologia de Berlim.
Formulou a ‘teoria do campo’ segundo o qual o comportamento humano deve ser considerado como uma fusão
das características do indivíduo, em interacção com o seu meio.
Freud acentuou os processos psicológicos internos ao indivíduo.
Marx sublinhou as forças externas.
Lewin optou por ambos os factores: internos e externos. Esta abordagem combina a psicologia da
personalidade com a psicologia social.
Em finais dos anos 50, Festinger propôs a teoria da dissonância cognitiva (as pessoas dão como
insatisfatórias as incoerências entre duas cognições, ou entre os seus pensamentos e o seu comportamento, e
procuram reduzi-las mudando quer o seu pensamento, quer o seu comportamento).
Fritz Heider ‘psicologia ingénua’.
A Psicologia Social como ciência
Os psicólogos sociais querem compreender as pessoas e ajuda-las a resolver problemas humanos.
Ciência um corpo organizado de conhecimentos que advêm da observação objectiva e de testagem
sistemática.
A Psicologia Social investiga as acções de indivíduos e de indivíduos dentro de grupos, sendo assim uma
ciência comportamental e social.
Teoria designa, para os cientistas, uma descrição de relações entre símbolos que representam a realidade.
Construto quando um símbolo abstracto numa teoria é definido em termos de acontecimentos observáveis.
Todas as teorias têm aspectos que não podem ser comprovados como verdadeiros em sentido absoluto, na
medida em que são abstractos.
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Investigação Cientifica
A psicologia utiliza o método cientifico para estudar o comportamento social.
O método cientifico implica observação sistemática, desenvolvimento de teorias que explicam o observado,
uso de teoria que fazem predições futuras e revisão de teorias quando as predições não estão certas.
São precisamente as teorias que nos ajudam a explicar o que se observa.
Indução lógica - Uma teoria consiste na formulação de regras gerais tendo por alicerce observações
específicas.
Lógica dedutiva – Uma teoria deve ser capaz de fazer predições à cerca de fenómenos.
Popper defende que para uma teoria ser cientifica, deve ser capaz de refutação empírica. Uma teoria nunca
pode ser aceite como verdadeira, pois não há garantia que no futuro seja a mesma que no passado.
O que é que faz com que uma teoria seja ‘boa’?
- consonância com dados conhecidos (incorporar o que se encontrou acerca do comportamento humano)
- compreensiva (tentando compreender e explicar um amplo leque de comportamentos)
- parcimoniosa (não conter mais do que os elementos necessários)
- pode-se testar (fornecer Maios mediante os quais hipóteses específicas e predições podem ser suscitadas e
subsequentemente testadas por investigação)
- valor heurístico (em que medida estimula o pensamento e a investigação e desafia outras pessoas a
desenvolverem e testarem teorias opostas)
- valor aplicado (utilidade)
Objectivos científicos da Psicologia Social
Os objectivos centrais da Psicologia Social, são 4:
1. Descrição – emana a naturalidade da colecção sistemática de factos e de observações, acerca de qualquer
fenómeno
2. Explicação – pressupõe a identificação das relações causais que produzem os comportamentos.
3. Predição – ajudam a compreender os motivos da ocorrência de fenómenos comportamentais
4. Controlo – controla quando, ou se, ocorrem fenómenos comportamentais.
A investigação pode oferecer informação fidedigna sobre a sociedade, explicá-la, permitir predições e
controlar a ocorrência de fenómenos comportamentais.
A processo de investigação em Psicologia Social
Seleccionar um tópico de investigação
Geralmente os psicólogos sociais investigam tópicos que são relevantes para as suas próprias vidas e para a
sua cultura.
Busca da documentação de investigação
Permite delimitar os estudos anteriores efectuados sobre o tópico em análise.
Formulação de hipóteses
As hipóteses são expectativas específicas sobre a natureza das coisas, decorrentes de uma teoria.
Escolha de um método de investigação
Este permitirá testar as hipóteses (met. correlacional, ou, experimental). A investigação psico-social ocorre,
normalmente num dos dois contextos: laboratório (met. experimental)), ou, campo (met. correlacional).
Recolha de dados
1 – auto-avaliações
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2 – observações directas
3 – informação de arquivo
4 – análise de dados (as estatísticas descritivas permitem fazer um sumário e uma descrição do comportamento ou
das características de uma amostra particular, de participantes num estudo.
As estatísticas inferenciais vão para além de uma descrição e permitem fazer inferências
acerca de ampla população de que foi extraída a amostra)
Relatório de resultados
Através da publicação de artigos em revistas científicas, fazendo apresentações em congressos,ou informando
pessoalmente outros investigadores.
Meta-análise
No passado, os investigadores utilizavam muitas vezes a abordagem da ‘regra das maiorias’ para resolver as
discrepâncias encontradas nos diversos estudos.
A meta-análise é uma técnica estatística que permite aos investigadores combinar informação de muitos
estudos empíricos sobre um tópico, e avaliar objectivamente e tamanho global do efeito.
Teorias em Psicologia Social
Principais posições teóricas em Psicologia Social:
Teorias da aprendizagem: têm as suas raízes nos princípios básicos do behaviorismo que salientou o
condicionamento clássico e a aprendizagem através do reforço.
Teorias cognitivas: têm a suas raízes na psicologia da gestalt. Focalizam-se nos processos cognitivos que
estão subjacentes às nossas percepções e julgamentos acerca de nós próprios e dos outros, em situações
sociais.
Teorias das regras e papéis: põe em evidência a ideia de que os pensamentos e os comportamentos dos
indivíduos são o resultado de interacções que têm com outras pessoas e do significado que dão a essas
interacções.
Teorias da aprendizagem
O seu núcleo é a ideia de que o comportamento de uma pessoa é determinado pela aprendizagem anterior.
Nomes associados: Pavlov, Watson, Clark Hull, Skinner, Bandura
Mecanismos de aprendizagem social
Associação ou condicionamento clássico (experiências de Pavlov). Por exemplo, a palavra ‘Nazi’ é geralmente
associada a crimes horrorosos.
Reforço as pessoas aprendem através de recompensas e de castigos.
Aprendizagem observacional ou imitação as pessoas aprendem atitudes sociais e comportamentos através da
observação de modelos.
Contribuições
As teorias da aprendizagem têm se utilizado para explicar muitos fenómenos sócio-psicológicos, como a
atracção interpessoas, a agressão, o altruísmo, o preconceito, a formação de atitudes.
Teorias cognitivas
A sua principal preocupação são os elementos do interior: emoções e cognições. Defendem que o modo como
a pessoa se comporta, depende da forma como percepciona a situação social.
Nomes associados: Kohler, Koffka
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Princípios básicos
As pessoas tendem espontaneamente a agrupar ou categorizar os objectos.
Percepcionamos imediatamente algumas coisas como sendo salientes (figura), e outras como estando atrás
(fundo). Geralmente percepcionamos os estímulos coloridos, em movimentos, barulhentos, únicos, próximos,
como figura, e os estímulos suaves, monótonos, estacionários, quietos, longínquos, como fundo.
Os princípios cognitivos estudam como é que as pessoas processam a informação.
A investigação em cognição social tem sido efectuada em três áreas:
a) percepção social
b) memória social
c) julgamentos sociais
Uma pessoa percepciona um estímulo social, depois armazena uma representação desse estímulo para mais
tarde utilizar para fazer julgamentos sociais.
Ao nível perceptivo, os psicólogos sociais interessam-se em como certas estruturas cognitivas nos ajudam a
prestar atenção a vastas quantidades de informação acerca das outras pessoas e das situações sociais
Ao nível da memória social, os psicólogos sociais examinam como é que os indivíduos armazenam
informação acerca de pessoas e de acontecimentos sociais.
Ao nível dos julgamentos sociais, examinam os modos como as pessoas integram ou juntam informação
para chegar a inferências e conclusões acerca do mundo social.
Atribuições são o modo como as pessoas usam a informação para determinar as causas do comportamento
social (cientistas ingénuos).
Contribuições
As teorias cognitivas permitem explicar situações que parecem, numa primeira abordagem incompreensíveis.
Em geral a orientação cognitiva olha mais para o ponto de vista de cada elemento a respeito dos
acontecimentos, do que para os acontecimentos, em si.
Teorias dos papeis
George Herbert Mead – tornou o conceito de papel na sua análise do self em relação com as pessoas que nos
rodeiam.
Princípios básicos
Trata-se de uma rede ligada de hipóteses e de um conjunto bastante alargado de construtos.
Presta pouca atenção aos determinantes individuais do comportamento.
O indivíduo é visto como um produto da sociedade em que vide e como um indivíduo que contribui para essa
sociedade.
Papel – posição ou função que uma pessoa ocupa num determinado contexto social.
Uma pessoa pode desempenhar simultaneamente muitos papeis. Estes são guiados por expectativas que os
outros têm acerca do comportamento. São também guiados por normas internalizadas no decurso da
socialização.
Conflito interpapel - ocorre quando a pessoa ocupa diversas posições com exigências incompatíveis.
Conflito intrapapel - ocorre quando um só papel tem expectativas que são incompatíveis.
Contribuições
Este conceito dá conta da possível mudança nos comportamento das pessoas, quando a sua posição na
sociedade muda.
O conceito da doença mental pode ser revisto a partir da teoria dos papeis. A doença mental é muitas vezes
aprendida quase como alguém que aprende um papel numa peça de teatro.
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Autovigilância – dá conta da tendência de algumas pessoas de observarem o modo como são
percepcionadas pelas outras.
Uma comparação de teorias
Conceitos diferentes
T. aprendizagem – o comportamento social e observável é explicado pelas relações entre estímulo e resposta
e a aplicação de reforço.
T. cognitivas – acentuam a importância das cognições e de uma maneira mais geral, a estrutura cognitiva
como determinante do comportamento.
T. papeis – enfatiza papeis e normas, definas pelas experiências dos membros do grupo em relação à
realização.
Comportamentos explicados
T. aprendizagem – focalizam-se na aquisição de novos padrões de resposta e no impacto das recompensas e
dos castigos na interacção social.
T. cognitivas – abordam os efeitos das cognições sobre a resposta da pessoa a estímulos sociais, e tratam
também da mudança nas crenças e nas atitudes. Acentuam que as pessoas percepcionam, interpretam e
tomam decisões acerca do mundo.
T. papeis – sublinha o papel do comportamento e a mudança de atitude de acordo com o papel que se tem.
O que provoca mudança no comportamento
T. aprendizagem – defendem que a mudança no comportamento resulta de mudanças no tipo, quantidade e
frequência de reforço recebido.
T. cognitivas – sustentam que a mudança no comportamento resulta de mudanças nas crenças e atitudes,
para além de postular que mudanças nas crenças e atitudes são muitas vezes resultado de esforço para
resolver inconsistências entre cognições.
T. papeis – para mudar o comportamento de alguém, é necessário mudar o papel que a pessoas ocupa.
Hoje em dia a teoria cognitiva é a mais popular entre os teóricos e investigadores.
A Psicologia Social contemporânea
Uma ciência em ebulição
A psicologia social constitui um dos domínios mais importantes na investigação em psicologia, em particular, e
nas ciências sociais, em geral.
A imagem que nos é transmitida pela publicação em revistas cientificas, é que a psicologia social americana
tem um peso preponderante no domínio.
Uma plêiade de investigadores
Pg. 110
Empregos em Psicologia Social
A maioria é ao nível do ensino e da investigação.
O recente aumento na investigação sobre psicologia da saúde, psicologia ambiental, psicologia do sistema
legal e factores psicossociais de desordens clínicas, tais como depressão e solidão, suscitam promessas de
emprego.
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As competências de um psicólogo social podem ser exercidas em muitas espécies de trabalho: investigação de
mercado, sondagens de opinião pública, investigação que avalia os efeitos de novos programas, análise
estatística de dados comportamentais.
Perspectivas internacionais
As raízes da psicologia social emergiram na Europa, mas grande parte da sua história tem sido dominada por
investigadores dos Estados Unidos.
Vem-se assistindo cada vez mais a investigações efectuadas em colaboração em que experiências psicosociais são levadas a cabo em diferentes culturas dos diferentes ‘mundos’.
O trabalho de Tajfel e de seus colegas sobre identidade social, categorização social e relações intergrupais, e
de Moscovici e de seus colegas sobre polarização de grupo, influência minoritária e representações sociais,
tornaram-se temas relevantes da psicologia social nas últimas duas décadas não só na Europa, mas também
noutras partes do mundo.
Existe actualmente uma constante troca de informações entre os psicólogos sociais e uma das principais
questões suscitadas diz respeito a aspectos do comportamento humano que são culturalmente específicos,
tendo em conta as condições existentes numa determinada cultura e os que são devido à herança humana
partilhada.
Estudo das cavernas e dos ladrões
Muzafer Sherif (psicólogo)
Carolyn Sherif (socióloga)
1ª fase
Exploraram a formação de grupos, a atracção de membros de um grupo em relação aos membros do seu
próprio grupo (endogrupo).
Sem que a equipa de investigadores fizesse qualquer encorajamento ou comentário, cada grupo escolheu um
nome, desenvolveu uma hierarquia, actividades especiais e símbolos de identificação.
Quando os grupos souberam da existência um do outro, os membros sentiram imediatamente competição
intergrupal. Suscitaram
interacções competitivas, que fortaleciam
os laços do endogrupo e o
desenvolvimento de sentimentos de hostilidade em relação ao outro grupo.
O exogrupo era visto cada vez de modo mais acentuado co9m estereótipos acentuados.
2ª fase
Os investigadores testaram várias técnicas para diminuir o conflito intergrupal. Só o contacto não era suficiente
para reduzir o conflito. A técnica que obteve sucesso foi a introdução de objectivos supraordenados, objectivos
que todos desejavam alcançar mas que não o conseguiriam sem a cooperação do outro grupo.
Os autores deste estudo utilizaram técnicas de observação e entrevistas em profundidade correntemente
utilizadas em sociologia, combinaram-nas com a técnica dos questionários estandardizados e a que os
psicólogos recorrem frequentemente.
Síntese
O estudo chama a atenção para as mudanças que ocorrem ao longo do tempo nas perspectivas dos membros
de um grupo sobre as dos membros dos outros grupos.
Sumário
Ver pg. 119 e 120
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SELF
Introdução
Fenómeno do sarau-cocktail – capacidade em apreender um estímulo relevante para si próprio num meio
complexo.
Para os psicólogos sociais tal ilustra também que o Self não é só mais um estímulo social. Pode tratar-se do
mais importante objecto da nossa atenção.
O Self engloba as características que uma pessoa reclama como sendo suas e às quais dá um valor afectivo.
Os psicólogos sociais acham que o Self pode, de certo modo, ser maleável, mudando de uma situação para
outra.
O Self é uma construção social que se forma mediante a interacção com outras pessoas.
Julgamentos sobre outras pessoas, o modo como comunicamos com elas, são comportamentos que podem ser
influenciados pelo modo como nos vemos a nós próprios.
O Self em Psicologia Social
Platão considerou o Self equivalente à alma e sentiu que era o lugar da sabedoria.
Buda acreditou que cada um de nós cria o seu próprio sentido de identidade, mas esta autocompreensão é
muitas vezes distorcida e incompleta.
Decartes baseou o Self na nossa capacidade em pensar.
Hume considerou o Self como equivalente a experiências de percepção.
Kant notava que o Self não é tanto a nossa perspectiva do que somos, mas o que somos realmente.
O Self ajuda-nos a compreender o nosso comportamento. Pode ajudar a percepcionar-nos como uma pessoa
com certas atitudes, valores ou comportamentos.
Não só nos conhecemos através dos outros, como também a compreensão que temos dos outros, depende do
conhecimento que temos de nós próprios.
A noção de Self ocupa hoje em dia um lugar de destaque na investigação em Psicologia Social.
Definindo o Self: autoconceito
O conceito de Self foi discutido por William James (1890), Charles Cooley (1902/ 1922), George Mead (1934) e
Harry Sullivan (1953).
Temos uma concepção do Self por causa da nossa interacção com as outras pessoas.
Autoconceito – Refere-se a todos os nossos pensamentos acerca de quem somos. Conjunto de pensamentos
e sentimentos que se referem ao Self enquanto objecto. Não constitui necessariamente uma noção objectiva
do que somos, mas antes um reflexo de nós próprios tal qual nos percepcionamos.
Componentes do autoconceito
1º lugar pensamentos e crenças a respeito de nós próprios:
Self material – inclui o corpo, o vestuário, a casa e todas as outras processões.
Self espiritual – inclui os traços de personalidade, as atitudes, valores e percepções sociais.
Self social – inclui os amigos, os pais, namorado(a), etc.
2º lugar o Self é também o processador activo de informação, o ‘conhecedor’ ou o ‘eu’ (autoconceito,
consciência). O Self é como um livro repleto de conteúdos fascinantes recolhidos ao longo do tempo.
Técnica ‘Quem sou eu?’ – utilizada pelos psicólogos. A resposta a esta questão permite obter o autoconceito
expontâneo. A pessoa fornece uma descrição de si própria sem ser orientada pelo experimentador.
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Autoconceito de trabalho
O autoconceito expontâneo pode ser influenciado pelo meio. Reflectirá muitas vezes características da
personalidade que tornam as pessoas distintas das que as rodeiam.
O autoconceito expontâneo pode também ser influenciado pelas circunstâncias imediatas (ex. crianças estrangeiras
mencionam o lugar de nascimento).
O autoconceito expontâneo também pode ser influenciado pelo meio cultural mais amplo (características socais
e políticas).
Definimo-nos a nós próprios, pelo menos em parte, tendo em conta as nossas diferenças em relação a outras
pessoas, o que ilustra a importância dos factores sociais do autoconceito.
Auto-esquemas
As crenças sobre o Self podem afectar a maneira como vemos o mundo e como retemos informação acerca de
experiências e acontecimentos.
Esquemas – colecções organizadas de informação acerca de algum objecto.
Auto-esquemas – tipo especial de esquema construído com tudo o que conhecemos, pensamos e sentimos
acerca de nós próprios.
Hazel Markus - os auto-esquemas são generalizações cognitivas acerca do Self, derivadas da experiência
passada, que organizam e guiam o tratamento de informação que se refere a si próprio, contida nas
experiências sociais do indivíduo.
A pessoa que tem uma representação mais complexa do self pode estar mais protegida contra acontecimentos
negativos que envolvam somente um ou dois dos vários papeis.
Memória autobiográgica
Os auto-esquemas afectam o modo como relembramos o passado.
Se as lembranças configuram as nossas auto-representações, as nossas auto-representações também
configuram as nossas lembranças.
Greenwald (1980) propôs que o self actua como um ego totalitário que processa a informação de modo
enviesado. Foram definidos por este autor três viés principais: egocentração, beneficiação, conservadorismo
cognitivo.
Egocentração
Tendência para o julgamento e a memória se focalizarem no self. Acontecimentos que afectam o self dão
lembrados melhor, do que a informação que não é relevante para o self.
Ilusão de controlo – crença de que é possível controlar acontecimentos que acontecem meramente por acaso.
Viés do falso consenso – tendência para se pensar que a maioria das outras pessoas se comporta e pensa
como elas próprias.
Beneficiação
Opera quando tiramos conclusões sobre nós próprios a partir das nossas acções. Chamamos a nós o sucesso
e negamos a responsabilidade pelo fracasso.
Viés de autocomplacência – preserva o nosso sentido de competência.
Conservadorismo cognitivo
Significa que os nossos autoconceitos tendem a resistir à mudança.
Apesar da tendência de resistir à mudança, os nossos autoconceitos podem mudar com o tempo. Quando tal
acontece, as pessoas mantêm a sua imagem de consistência, distorcendo a sua memória das suas atitudes
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anteriores, lembrando-as como estando mais perto das atitudes actuais do que realmente estavam. A memória
aparece como sendo maleável e é reconstruída para que a pessoa mantenha uma perspectiva consistente do
seu self.
Origens do self
Avaliação reflectiva
Uma fonte de informação central acerca do autoconceito são as reacções que as pessoas têm em relação a
nós.
Cooley (1902) afirma que aprendemos de nós próprios através dos outros.
As avaliações reflectivas são percepções das pessoas sobre modo como os outros as vêm. No entanto, a
informação dos outros nem sempre é percepcionada de modo correcto. As nossas atitudes, valores e outras
partes dos nossos auto-esquemas podem fazer com que haja uma distorção da informação recebida.
Comparação social
Pode permitir avaliar as nossas habilidades, pensamentos, sentimentos e traços de personalidade.
Festinger (1954) desenvolveu a teoria da comparação social. Esta teoria afirma que na ausência de um padrão
físico ou objectivo de exactidão, procuramos as outras pessoas com meio para nos avaliarmos. As pessoas
procuram comparar-se com outros que lhes são semelhantes, quando se avaliam.
As crianças podem ser especialmente vulneráveis a estas comparações, uma vez que o seu aotoconceito se
está a desenvolver.
Comparação temporal
Comparações entre o seu self actual e o seu self passado. Podem ser fonte de satisfação quando a realização
melhorou. Para certas pessoas, ex. idosos, as comparações temporais podem acentuar a sua deterioração nas
suas capacidades e na sua saúde. Neste tipo de comparações pode haver uma certa distorção, as pessoas
têm a capacidade de reescrever as suas histórias pessoais doe modo que lhes convém.
Autopercepção
Observações que as pessoas fazem quando observam o seu próprio comportamento.
O self num contexto cultural
Um sentido do self como mais privado e separado dos outros tem sido sugerido como sendo típico das culturas
ocidentais, ao passo que um sentido de self mais socialmente integrado tem sido apresentado com o sendo
mais típico das culturas orientais.
A importância de um grupo para o sentido de self
Teoria da identidade social (Tajfel e Turner, 1979)
Sublinha que a pertença grupal é muito importante para o autoconceito de uma pessoa. É a parte do seu
sentido de self que advém do conhecimento de que faz parte de grupos particulares na sociedade.
Os indivíduos procuram manter e realizar uma identidade social positiva e distinta.
A identidade social tem implicações no domínio da discriminação e do preconceito.
Self e cultura: identidade social através das culturas
Cultura (Neto, 1997)
Sistema organizado, de significações, percepções e crenças partilhadas por pessoas que pertencem a um
grupo particular.
As pessoas acreditam ser alteradas pelas relações sociais em que entram e descrevem-se não tanto em
termos de traços duradouros, mas em termos de relações sociais.
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Ponto de vista individual
O autconceito é sobretudo definido por atributos internos – as pessoas são socializadas por forma a serem
únicas, a validarem os seus atributos internos, a promoverem os seus próprios objectivos e a dizerem o que
pensam.
Ponto de vista colectivista
O autconceito é prioritariamente definido pelos papéis e pelas relações sociais – as pessoas são socializadas
por forma a pertencerem e ocuparem o seu lugar e envolverem-se em grupos adequados.
Triandis (1989) refere as diferenças entre o self privado (avaliação do self por si próprio) e o self público
(avaliação por um outro generalizado) e o self colectivo (avaliação do self por um grupo de referência
particular). A probabilidade de escolha de um destes selfs, depende da cultura.
Embora todas as culturas pareçam ter um conceito do self, elas variam na compreensão deste conceito.
Avaliação do Self: auto-estima
Auto-estima
Componente mais afectiva do self.
Refere-se á avaliação de si próprio, seja de modo positivo ou negativo, e contém julgamentos sociais que as
pessoas internalizaram. Também abarca numerosos auto-esquemas.
Autoconceito e auto-estima não são totalmente independentes.
Avaliação de auto-estima
Avaliamos as nossas qualidades pessoais como sendo relativamente positivas ou negativas. O nosso nível
global de auto-estima é o produto destas avaliações individuais.
Se pesamos as identidades avaliadas positivamente como mais importantes, podemos manter um nível global
de auto-estima. Se damos um grande peso às identidades avaliadas negativamente, teremos baixa auto-estima
global, mesmo que tenhamos muitas qualidades de valor.
Escala de Rosenberg mede o nível de auto-estima.
Desenvolvimento da auto-estima
Gordon Allport (1961) as raízes da aut-estima mergulham na infância, torna-se parte da auto-consciência entre
os 2 e os 3 anos. Se a criança fracassa constantemente, ou se é frustrada nas suas tentativas de autonomia, a
sua auto-estima ressente-se. Uma baixa auto-estima na idade adulta pode desenvolver-se a partir de
experiências infantis desagradáveis.
Auto-estima e comportamento
A investigação indica que alta auto-estima está associada com implicação social activa e propiciado de
conforto, ao passo que baixa auto-estima é um estado debilitante.
Pessoas com baixa auto-estima são infelizes e vêem-se a elas próprias como fracassadas. Uma vez que
prevêem fracasso no futuro, não tentam tarefas difíceis e abandonam o que apresenta obstáculos.
Variações na auto-estima
Adolescência
O crescimento físico rápido e outras mudanças podem causar grandes estragos na imagem corporal e lançar
desordem na auto-estima. Contudo, a auto-estima recompõe-se e continua a aumentar até à idade adulta.
13
Experiências
Boas avaliações dos que nos rodeiam e que são importantes para nós, levantam a auto-estima e avaliações
más baixam-na, pelo menos temporariamente. Acontecimentos negativos, tais como a morte de um amigo
íntimo também podem baixar a nossa auto-estima.
Identidade étnica de grupos minoritários
Muitas vezes tentamos aumentar a nossa auto-estima através dos outros com quem nos associamos. Os
membros de minorias étnicas podem ter problemas especiais no desenvolvimento de auto-estima positiva.
Podem ter uma imagem negativa deles próprios como reflexo das avaliações das outras pessoas.
Jean Phinney (1989) propôs um modelo de formação da identidade étnica em três estádios:
Estádio 1: identidade étnica não examinada (Falta de exploração da etnicidade, em virtude da falta de interesse ou de
ter adoptado opiniões de outras pessoas. Podem ter sido interiorizados estereótipos da cultura dominante no seu próprio
auto-conceito, isto pode resultar em auto-aversão).
Estádio 2: busca de identidade étnica (Exploração e procura da compreensão do sentido da própria etnicidade, muitas
vezes por causa de um acidente crítico que focalizou a atenção no estatuto da minoria na cultura dominante).
Estádio 3: identidade étnica realizada (Permite que as pessoas sintam um sentimento profundo de orgulho étnico
juntamente com uma nova compreensão do seu lugar na cultura dominante. Identificam e internalizam os aspectos
aceitáveis da cultura dominante e revoltam-se contra os que são opressores).
Auto-estima
É uma disposição relativamente estável, correlacionada muitas vezes com outros indicadores de adaptação
psicológica. Experiências infantis, em especial os estilos educativos dos pais, criam um padrão para a autoestima aquando da idade adulta. A auto-estima também flutua consoante as circunstâncias. As mudanças
físicas da puberdade, acontecimentos vitais significativos, e identificação com grupos étnicos e estados de
espírito efémeros podem modificar o modo como nos sentimos acerca de nós próprios.
Autodiscrepâncias
Higgings (1989) – Teoria da autodiscrepância
1) Self ideal
2) Self ideal para os outros
3) Self devido (obrigações para com os outros)
4) Self devido aos outros (características que pessoas importantes sentem que deve ter)
Podem-se usar estas listas não só para predizer o nível de autoestima como também o seu bem estar
emocional.
Há em primeiro lugar a possibilidade de discrepâncias entre o self actual e o self devido. Em segundo lugar à a
possibilidade de discrepâncias entre o self percepcionado e o self ideal.
Os indivíduos com um elevado nível de perfeccionismo socialmente prescrito (ideias dos outros), mostravam
uma tendência significativa para a depressão e baixos níveis de auto-estima. Pagamos um preço por tentarmos
ter para nós os ideais dos outros.
Segundo Higgings (1989) as consequências emocionais da autodiscrepância dependem de dois factores: a
quantidade e a acessibilidade. Quanto maior for a quantidade de discrepância, mais intenso será o desconforto
emocional. Quanto mais conscientes estivermos desta discrepância mais intenso será o desconforto.
Auto-consciência
Em que medida a atenção de uma pessoa está dirigida para dentro de si. Está ligada à memória e à cognição.
Estudos de auto-consciência
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Robert Wicklund segundo a sua teoria, geralmente não estamos autofocalizados. No entanto certas situações
levam-nos de forma previsível a voltarmo-nos para o interior e a tornarmo-nos objectos da nossa própria
aenção.
A auto-consciência pode ser induzida pelo facto de nos vermos num espelho, ouvirmos a nossa voz gravada,
sermos fotografados, estarmos num contexto não habitual, ou de estarmos em minoria num grupo.
Segundo Wicklund induz um processo de auto-avaliação em que as pessoas começam a focalizar-se até que
ponto o seu comportamento se compara com normas, regras ou padrões que se integram no autoconceito.
Muitas vezes esta auto-avaliação revela revela uma discrepância entre a sua condição habitual ou
comportamento, e os seus padrões ou objectivos.
Perante o desconforto, as pessoas têm dois recursos:
1) comportar-se de modo a reduzir a discrepância
2) fugir do estado de autoconscência
Gibbons (1978) demonstrou o efeito da autofocalização mediante a manipulação de um espelho.
A presença do espelho focaliza a atenção dos indivíduos num padrão interno relativamente ao comportamento
moralmente apropriado. Duval e Neely (1979)
Os padrões internos provêm de outras pessoas e relacionam-se com a moralidade e a realização. Cohen
(1985)
Pessoas com elevada auto-estima revelam um maior grau de autocomplacência nas suas atribuições. Brown
(1988)
A auto-consciência para além de poder ser induzida por agentes situacionais, é objecto de diferenças de certo
modo estáveis entre os indivíduos.
Diferentes tipos de auto-consciência
Para investigar a possibilidade da auto-consciência ser um traço de personalidade Alan Fenigstein, Michael
Sheier e Alan Buss (1975) construíram um questionário chamado Escala de auto-consciência. Este pôs em
evidência três factores:
1) auto-consciência privada – é a capacidade de prestar atenção aos sentimentos e pensamentos
pessoais
2) auto-consciência pública – é a consciência geral do próprio enquanto objecto social que tem um efeito
sobre os outros
3) ansiedade social – mal estar em presença dos outros
Fenigstein (1979) examinou como é que as pessoas reagem quando são rejeitadas pelos outros. Concluiu que
resultados elevados na dimensão auto-consciência pública estão ligados a uma maior sensibilidade à rejeição
de um grupo.
Pessoas com elevada auto-consciência pública são capazes de predizer melhor as reacções que suscitarão
nos outros. São mais conformistas às pressões sociais e mais capazes a se desviarem de situações
embaraçosas.
Num estudo experimental com o intuito de se tentar validar a escala de auto-consciência pública, Glen Hass
(1984) pediu às pessoas para desenharem um E nas suas testas. As pessoas baixas em auto-consciência
pública eram mais susceptíveis a desenhar o E de uma perspectiva interna. As pessoas com uma elevada
auto-consciência pública desenhavam o E de forma a que o observador podia ler.
Turner e Franzoi mostraram que os sujeitos com resultados altos na auto-consciência privada assimilavam
mais adjectivos para os descreverem do que faziam os que tinham resultados baixos, o que sugere que os
primeiros dispõe de mais informação sobre si mesmos.
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As pessoas com um elevado grau de auto-consciência mostraram maior consistência entre atitudes e
comportamento, manifestam mais tendência para partilhar informações intimas e pessoais com colegas.
Tendem também a estar mais conscientes das mudanças nos seus estados internos e corporais. Tem sido
sugerido que tais pessoas tendem a ser mais saudáveis porque podem reconhecer o stress nos seus corpos e
providenciar soluções antes que o stress seja fisicamente prejudicial.
Pode-se concluir que altos níveis de auto-consciência privada estão associados com um conhecimento dos
seus estados internos.
Auto-consciência e uso do álcool
Hull propõe que é porque o álcool reduz a auto-consciência que as pessoas podem usá-lo para lidar com a
informação negativa acerca delas próprias. Propõe ainda que as pessoas com elevada auto-consciência
privada podem ser mais susceptíveis ao uso de álcool e drogas.
O que causa diferença individuais na auto-consciência
Experiências significativas durante os anos de formação foram avançadas como uma explicação possível, mas
ainda não há evidência para apoiar ou refutar esta hipótese. Em relação a efeitos culturais sobre o nível de
auto-consciência, há alguma evidência que individualistas têm maiores níveis de auto-consciência privada que
colectiva. Apesar desta possível influência cultural, os psicólogos sociais hoje em dia conhecem muito mais
acerca das diferenças na auto-consciência do que acerca das suas causas.
Protecção da auto-estima
As pessoas utilizam várias técnicas para proteger a auto-estima.
Manipulação de avaliações
Escolhemos associar-nos com pessoas que partilham a nossa perspectiva do self e evitamos fazê-lo com
pessoas que a não partilham. Um outro modo, é por interpretar as avaliações das outras pessoas como sendo
mais favoráveis ou desfavoráveis do que são.
Processamento selectivo da informação
Outro modo de protegermos a nossa auto-estima é por
prestar mais atenção às ocorrências que são
consistentes com a nossa auto-avaliação.
A memória também trabalha na auto-estima. As pessoas com elevada auto-estima lembram actividades boas,
responsáveis e bem sucedidas mais frequentemente ao passo que as pessoas com baixa auto-estima são
mais susceptíveis de relembrar as actividades más, irresponsáveis e mal sucedidas.
Comparação social selectiva
Escolhendo com cuidado as pessoas com quem nos associamos, podemos proteger a nossa auto-estima.
Geralmente comparamo-nos com pessoas que são semelhantes a nós em idade, género, profissão, classe
social, capacidades e atitudes.
Compromisso selectivo com identidades
As pessoas tendem a enaltecer a auto-estima dando mais importância a identidades (religiosas, raciais,
familiares) que consideram particularmente admiráveis. Aumentam ou diminuem também a identificação com o
grupo social quando este se torna uma fonte potencial de auto-estima maior ou menor.
Estas quatro técnicas de protecção de auto-estima revelam que:
As pessoas não aceitam passivamente avaliações sociais nem permitem que a sua auto-estima seja ferida pela
crueldade do mundo social. Nem os sucessos nem os fracassos afectam directamente a auto-estima.
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Relacionando o Self: auto-apresentação
O termo auto-apresentação refere-se aos processos pelos quais as pessoas tentam controlar as impressões
que os outros formam.
O self nas interacções sociais
Cooley e Mead sublinharam que os participantes nas interacções sociais tentam tomar o papel do outro e verse a si próprios da maneira com os outros os vêem. Este processo permite simultaneamente conhecer o modo
como se aparece aos outros e guiar o efeito social para ter o efeito desejado.
Erving Goffman delineou analogias com o mundo do teatro na formulação da sua teoria da apresentação do
self na vida quotidiana. Sugeriu que a vida social é como uma representação teatral em que a epresentação d
cada participante é delineada tanto pelo efeito no público como pela expressão aberta do self. Os
representantes desempenham papeis e tentam manter as suas identidades sociais mediante autoapresentações que sejam apropriadas. Defendeu que nas interacções sociais cada pessoa segue um papel, à
semelhança do que acontece numa peça.
Alexander sugeriu também que a auto-apresentação é uma faceta fundamental da interacção social. As
identidades tendem a ser situadas, são muitas vezes apropriadas com a base nas interacções unicamente em
certas ocasiões.
As pessoas estão sempre a formar impressões a nosso respeito e utilizam estas impressões para orientar as
suas interacções conosco.
Motivos da auto-apresentação
Learye Kowalski – a impressão-motivação refere-se até que ponto se está motivado a controlar o modo como
os outros nos vêem, para criar uma impressão particular nas mentes dos outros.
A impressão-construção implica a escolha de uma imagem particular que se quer criar, e alterar o
comportamento de outra pessoa para modos específicos em vista a realizar este objectivo. Propuseram que a
impressão-motivação resulta de três motivos primários:
1) desejo de obter de obter recompensas sociais e materiais
2) manter ou aumentar a auto-estima
3) facilitar o desenvolvimento de uma identidade
A auto-apresentação pode também ser o meio de criar ou reforçar uma identidade. Comportamentos de autoapresentação que obtêm recompensas também aumentam a auto-estima e ajudam a estabelecer identidades
desejadas.
A motivação para a gestão da impressão que se dá é maior em situações que envolvem objectivos importantes
(amizade, aprovação, recompensas, etc)
Auto-apresentação e embaraço
Uma auto-apresentação bem sucedida suscita uma auto-imagem positiva.
Embaraço
É uma emoção desagradável quando cremos que não podemos representar um papel de modo coerente,
numa situação publica.
Embaraço, uma forma de ansiedade social
Está intimamente relacionado com a timidez, a ansiedade em publico e a vergonha. Para Schlenker e Leary a
ansiedade resulta da perspectiva ou presença de avaliação pessoal em situações sociais reais ou imaginadas.
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Para Buss (1980) a timidez e a ansiedade em público são traços que parecem ser consistentes ao longo do
tempo e das situações. A timidez surge quando há uma discrepância antecipada entre a auto-apresentação de
uma pessoa, e o seu padrão para auto-apresentação. A ansiedade em público surge quando as respostas de
uma pessoa são orientadas sobretudo por planos internos e em nada, ou muito pouco por respostas dos
outros. A timidez e a ansiedade em público surgem quando é antecipada em encontros contingentes ou não
contingentes uma discrepância entre o padrão de uma pessoa para a sua auto-apresentação, e a sua autoapresentação actual.
O embaraço implica por vezes o corar e o riso, não sendo o caso da vergonha. O embaraço é acompanhado
geralmente de um sentimento de asneira, enquanto que a vergonha de pesar.
Geralmente a vergonha refere-se a um sentimento de auto-sensura ou de auto-repugnância.
O embaraço surge normalmente quando é percepcionada uma discrepância entre a auto-apresentação de uma
pessoa e o seu padrão para auto-apresentação.
Babock e Sabini (1990) sugerem que vergonha e embaraço são emoções semelhantes, embora distintas. São
semelhantes na medida em que reflectem uma preocupação com a identidade e estão intimamente ligadas à
violação de algum padrão do que a julgamentos de intenção. Todavia a natureza do padrão é diferente. A
vergonha reflecte um desvio de um padrão objectivo e universal do que é ser uma pessoa de valor. O
embaraço reflecte um desvio na concepção do indivíduo, do seu carácter ou pessoa.
O embaraço é a consequência negativa de um fracasso em apresentar uma imagem desejada as outros que
vemos como avaliadores da nossa realização. É um sinal de fracasso social. Obriga o autor a fazer avaliações
cognitivas tanto do evento social como das consequência fisiológicas e comportamentais desse evento.
Scherer (1982) sugere que existem 5 componentes para qualquer emoção:
1)
avaliação pré-cognitiva e cognitiva
2)
reacção fisiológica
3)
componentes motivacionais e componentes de preparação para a interacção
4)
expressão motora
5)
estado emocional subjectivo
Modelo multifacetado do embaraço
O modelo proposto por Edelmann pressupõe uma complexa interacção de acontecimentos e da avaliações
destes acontecimentos e não tanto uma clara sequência deles. Para esta perspectiva as resposta emocionais
podem ser inatas, mas os estímulos evocadores, as avaliações subsequentes e as estratégias de confronto
são aspectos aprendidos.
Principais temas do modelo:
1) Nas situações sociais os indivíduos tentam controlar imagens do auto-conceito perante audiências
reais ou imaginadas. A consciência de uma discrepância entre o estado presente e o padrão conduz
a uma auto-focalização.
2) Um certo número de consequências comportamentais estão associadas com o aumento da autoatenção pública que resulta de uma ruptura observada da rotina social.
3) Como é difícil esconder o embaraço, determinadas estratégias remediativas podem ser adoptadas
para recuperar a aprovação social perdida e restaurar a imagem pública.
A predominância da avaliação interna ou externa dependerá das características do meio que contribuem para
aumentar a auto-focalização, quer seja um espelho, quer seja um público.
18
Antecedentes, respostas e estratégias de confronto com o embaraço
Geralmente os acontecimentos embaraçosos estão ligados a um paço em falso, uma inconveniência, uma
transgressão que suscita na imagem projectada uma impressão não desejada.
Ver figura pag. 201
Modigliani (1968) distinguiu as seguintes classes de acontecimentos embaraçosos:
1) Algum disparate cometido inadequadamente
2) Ser incapaz de responder de modo adequado a um acontecimento inesperado que ameaça interferir
com o calmo afluxo de interacção
3) O actor perde o controle da sua auto-apresentação
4) A pessoa observa outra que está numa situação embaraçosa
5) Incidentes com conotações sexuais não adequadas
Reacções que acompanham o embaraço
Corar, aumento da temperatura, aumento do ritmo cardíaco, tensão muscular, rir, desvio do olhar, tocar a face.
Há uma notável semelhança no embaraço em diferentes culturas.
Implicações sociais do embaraço
Geralmente tentamos comportar-nos de modo socialmente apropriado para assegurar que uma determinada
imagem desejada de nós próprio, seja apresentada aos outros.
A inibição social é produzida pela presença de um público.
Outros factores que contribuem para a inibição social de dádiva de ajuda são situações ambíguas, situações
embaraçantes e quando o pedido de ajuda é efectuado por uma pessoa deficiente desfigurada.
Pelo contrário, a dádiva de ajuda pode aumentar no caso do pedido ser efectuado após um acontecimento
embaraçante realizado pela pessoa que dá ajuda. O aparecimento de embaraço por parte da pessoa que pede
ajuda pode aumentar a ajuda recebida.
Tácticas de auto-apresentação
Insinuação
Uma classe de comportamentos estratégicos ilicitamente designados para influenciar uma pessoa particular
sobre a atractividade das qualidades pessoais de si próprio. O objectivo principal do insinuador é ser visto
como uma pessoa simpática.
Intimidação
O intimidador tenta projectar uma identidade como sendo uma pessoa forte e perigosa. Através de olhares
ameaçadores, de palavras zangadas, de ameaças de violência, os intimidadores tentam ganhar
condescendência induzindo medo nos outros.
Autopromoção
Envolve tentativas da parte de um actor para realizar uma identidade como sendo uma pessoa competente e
inteligente. Os insinuadores querem que os outros gostem deles, os autopromotores querem que os outros os
respeitem pelas suas capacidades.
Exemplificação
Consiste em acção que a pessoa utiliza para ganhar respeito e admiração dos outros projectando uma imagem
de moralidade e de dignidade. Tem como objectivo último modificar o comportamento do público alvo.
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Súplica
Faz com que uma pessoa pareça fraca e dependente. Pode ser a única táctica disponível para aquela pessoa
que não dispõe dos recursos requeridos para outras tácticas. Esta táctica funciona porque há normas
espalhadas na nossa cultura que vão no sentido de que as pessoas necessitadas devem ser ajudadas.
As cinco tácticas de auto-apresentação podem ser usadas pela mesma pessoa em situações diferentes.
Estas têm como objectivo influenciar o modo como os outros nos vêem, mas também podem mudar o modo
como nos vemos. Podem influenciar o nosso autoconceito.
Estilo de auto-apresentação: Autovigilância
Segundo Mark Snyder existe um traço de personalidade denominado de autovigilância, ou seja, a tendência
para usar pistas de auto-apresentação de outras pessoas para controlar as suas próprias auto-apresentações.
As pessoas com elevada autovigilância estão conscientes das impressões que suscitam nas interacções sociais e são sensíveis às pistas
sociais a propósito de como se deveriam comportar em diferentes situações.
As pessoas com baixa autovigilância falta-lhes a habilidade e a motivação para regular as suas autoapresentações. Os seus comportamentos expressivos são o reflexo dos seus estados interiores permanentes ou momentâneos.
Tendem a comportar-se mais de acordo com a sua auto-imagem do que como pensam que a situação lhe reclama.
Pessoas com baixa autovigilância são mais susceptíveis de falar na primeira pessoa.
Pessoas com alta autovigilância estão mais atentas às acções e reacções dos outros, sendo que as pessoas
com baixa autovigilância preocupam-se mais com elas próprias.
Pessoas com alta autovigilância tendem a escolher um companheiro com base no modo como a pessoa joga, enquanto que pessoas com
baixa autovigilância são mais susceptíveis a tomar uma decisão com base no modo como gostam dessa pessoa.
Pessoas com baixa autovigilância são mais comprometidas com as pessoas enquanto que pessoas com alta
autovigilância são mais comprometidas com situações.
Pessoas com elevada autovigilância tendem a conformar-se com a opinião do grupo.
Pessoas com baixa autovigilância parecem estar motivadas a manter as opiniões e comportamentos mesmo
que possam ser custosos.
Pessoas com elevada autovigilância possuem maiores habilidades sociais, são mais susceptíveis de iniciar
interacções sociais e mais atentas a pistas sociais. Aprendem mais depressa comportamentos sociais
apropriados e são melhores na compreensão de comportamentos não-verbais. As que adoptam uma
orientação de evitamento/ protecção tendem a estar inseguras a ter uma auto-estima baixa e a ser tímidas. Os
que adoptam uma orientação aquisição/ agressão não estão neste caso.
Aparentemente poderá parecer que autovigilância e autoconsciência são a mesma coisa, no entanto, os
estudos de Carver e Scheier indicam que os dois construtos embora esteja relacionados, medem algo
diferente. A autoconfiança focaliza-se mais nas habilidades de auto-apresentação e a autoconsciência focalizase mais na auto-atenção.
As pessoas com elevada autovigilância não são somente altas em autoconsciência, utilizam também a
consciência para orientar o seu comportamento social.
III – CRENÇAS DE CONTROLO E ATRIBUIÇÕES
A ilusão do controlo
A crença de que podemos controlar o nosso destino é reconfortante. Talvez em consequência disso as
pessoas se enganem a si próprias muitas vezes, pensando que têm mais controlo do que efectivamente têm.
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Langer (1975) foi quem melhor manifestou estas ilusões de controlo: expectativa de uma possibilidade de
sucesso muito superior à probabilidade objectiva.
A propensão de acreditar que os acontecimentos são controláveis é tão forte que bastarão alguns resultados
positivos e rápidos para provocar a ilusão de controlo.
A experiência de Zenker (1982) mostrou a nossa tendência em acreditar que os acontecimentos são
controláveis, de modo que quando encontramos sucessos ou resultados positivos iniciais temos tendência a
desenvolver uma ilusão de controlo para avaliarmos os acontecimentos seguintes.
Locus de controlo
O locus de controlo toca a a complexidade da pessoa e do seu comportamento, dada a importância das
expectativas de controlo do reforço e do valor do mesmo reforço para o comportamento, considerando sempre
o contexto.
Rotter (1966)
Controlo Externo – quando o reforço é percebido pelo sujeito como seguindo-se a alguma acção sua, mas
não estando completamente dependente dessa acção, na nossa cultura é tipicamente percebido como
resultado da sorte, do acaso, do destino, etc.
Controlo Interno – quando a pessoa percebe que o acontecimento depende do seu próprio comportamento ou
das suas características relativamente permanentes.
Indivíduo ‘interno’ – acredita que controla a situação ou o reforço e tende a atribuir os resultados a si mesmo.
Indivíduo ‘externo’ – sente que não controla os acontecimentos ou que os resultados não são dependentes
do seu comportamento.
O controlo interno/ externo refere-se ao grau segundo o qual o indivíduo crê que o que lhe acontece resulta
do seu próprio comportamento ou então é o resultado da sorte, do acaso, do destino ou de forças para além do
seu controlo.
Diferenças comportamentais
Solicitações competitivas levam as pessoas com uma orientação externa a desistir mas não existe distinção
quando a situação é de cooperação.
Odell (1959) Os externos mostram mais tendência a conformar-se.
Spector (1982) Conformidade normativa – corresponde ao desejo de não cortar com os outros
Conformidade informstiva – demonstra a necessidade de responder com a maior certeza possível tendo em
conta as respostas dos outros como informações.
Nas suas interacções sociais, os internos tomam medidas para controlar o resultado. Prestam mais ajuda às
pessoas que delas precisam. Sentam-se mais à vontade no papel de chefe. Os subordinados expressam maior
satisfação em ser liderados por chefes internos.
Earn (1982) Sugere que os internos interpretam as recompensas como denotando o seu grau de competência.
Os externos vêem as recompensas como indicação de que a tarefa deve ser desagradável.
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Dailey (1978) Em geral os internos envolvem-se mais no trabalho e sentem-se mais motivados. Prestam mais
atenção à informação do meio em situação de vida real. Levam uma vida mais sadia e mais segura. Assumem
a responsabilidade de um acidente grave.
Quando se é interno é-se mais bem sucedido e adaptado social e emocionalmente do que quando se é
externo.
Desejo de controlo
Jerry Burger e seus colegas (1992) distinguem entre locus de controlo e desejo de controlo.
Locus de controlo – refere-se a quanto controlo pessoal as pessoas percepcionam ter.
Desejo de controlo – reflecte quanto controlo pessoal as pessoas preferem ter.
Sugere quatro razões para que as pessoas altas no desejo de controlo sobressaiam:
1º - têm objectivos mais elevados para elas próprias e ajustam os seus objectivos de modo apropriado
após a comunicação do seu resultado.
2º - fazem um esforço extra em ocasiões apropriadas.
3º - persistem mais tempo em tarefas difíceis.
4º - tendem a assumir os seus sucessos e atribuir s seus fracassos à sorte, são mais susceptíveis de fazer
esforço nas tarefas subsequentes.
Reacções à perda de controlo
Teoria da reactância
A reactância psicológica é uma motivação para restaura liberdades comportamentais ameaçadas.
A reactância é activada quando a liberdade de uma pessoa para se comprometer com algum comportamento
é ameaçada. (Ex. quando um pai diz a uma criança que não pode brincar com um amigo, a criança pode valorizar jogar com esse
amigo mais do que antes).
Desanimo aprendido
Seligman (1975) Crença de uma pessoa de que os resultados são independentes das suas acções. Sugeriu
três espécies de défices em resultado de experiências com resultados incontroláveis:
1º - défice motivacional – pelo que o animal não tenta aprender novos comportamentos
2º - défice cognitivo – a aprendizagem não se efectua
3º - défice emocional – o animal torna-se deprimido porque os resultados são incotroláveis
Wortman e Brehm (1975) desenvolveram o modelo reformulado do desânimo aprendido que postulava que
a percepção de falta de controlo de uma situação não é suficiente para produzir desânimo numa situação
diferente. Este novo modelo está baseado em conceitos da teoria da atribuição pois o que importa são as
atribuições da pessoa ao que causou a falta inicial de controlo.
São postuladas três dimensões em que são feitas as atribuições:
1ª – dimensão interna/ externa – refere-se a se as causas dos acontecimentos são atribuídas a aspectos
da pessoa em oposição aos da situação.
2ª – dimensão estável/ instável – refere-se a se se espera que as causas persistam ou fluam no tempo
3ª – dimensão global/ específica – refere-se a se a atribuição tem implicações difundidas ou circunscritas.
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A atribuição da situação a factores internos/ estáveis/ globais é equivalente à produção de depressão.
Dependência auto-induzida
Uma ilusão de incompetência pode ser criada por um certo número de situações. Por exemplo outras pessoas
podem sugerir que a pessoa é incompetente e essa crença pode ser interiorizada pela pessoa.
Também o facto de se ser rotulado de dependente, pode contribuir para criar dependência.
Atribuições
A teoria da atribuição tem tentado compreender como é que a pessoa atribui causas a outra pessoa ou a ela
própria.
A atribuição pode nos ajudar a predizer e de certo modo controlar a nossa experiência social.
As atribuições acerca de acontecimentos passados influenciam as nossas experiências de futuro.
Existem neste campo quatro conceitos gerais:
1º - a atribuição de causalidade é uma actividade com ampla difusão na vida quotidiana.
2º - as atribuições podem ser exactas mas sujeitas a erros
3º - as pessoas comportam-se em função do modo como percepcionam e interpretam os factos
4º - a actividade atribucional desempenha uma função adaptativa
O que é a atribuição?
É uma inferência que pretende explicar porque é que um determinado acontecimento ocorreu, ou que tenta
determinar as disposições de uma pessoa.
A questão do porquê tanto pode ser sobre os nossos próprios comportamentos como sobre os dos outros.
A explicação que se avança torna-se a causa percepcionada de um acontecimento ou de um comportamento
correspondendo assim a uma atribuição.
Tipos de atribuições
Atribuições causais – são efectuadas a propósito das causas de um acontecimento. (Ex. causas apontadas para
justificar um sucesso ou um fracasso).
Atribuições disposicionais – procura determina em que medida uma acção que um pessoa acaba de
realizar, permite inferir características sobre ela, dado que as características da pessoa permitem explicar o
comportamento.
Atribuições de responsabilidade – podem ter pelo menos três significações diferentes: 1- responsabilidade
referente a um efeito produzido; 2- responsabilidade legal; 3- responsabilidade moral.
Avaliação das atribuições
Processos mais utilizados:
1) Questionários de resposta aberta ou não estruturada - os sujeitos referem porque é que obtiveram
sucesso ou insucesso numa tarefa.
2) Medidas de percentagem as causas – os indivíduos indicam a contribuição de cada causa para o
resultado obtido.
3) Escalas Likert – os sujeitos indicam o grau de importância de cada causa, como determinantes de um
dado acontecimento.
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Teorias
Causalidade e psicologia ingénua
Heider (1958) constatou que a maior parte dos indivíduos são psicólogos ingénuos tentando perceber os outros
de forma a tornarem o mundo mais previsível. Para Heider a teoria da atribuição refere-se não tanto às causas
reais do comportamento de uma pessoa, mas antes às inferências que o observador faz acerca das causas.
Inferências correspondentes
Jones e Davis (1965) Aborda como é que os indivíduos fazem um certo número de inferências sobre as
intenções de uma pessoa. A inferência correspondente refere-se ao julgamento do observador que o
comportamento do actor é causado por um traço particular. Obtemos inferências correspondentes acer ca do
comportamento dos outros quando as suas acções:
1- ocorrem por escolha
2- produzem efeitos não comuns
3- são baixas em desejabilidade social
Covariação e esquema causal
Kelley (1967) Analogias entre as analogias feias pelas pessoas na vida quotidiana e as efectuadas pelo
cientista a partir de uma análise de covariância.
Princípio da covariância – o efeito é atribuído a uma das possíveis causas com que ao longo do tempo varia.
Segundo este modelo, procuramos um padrão sistemático de relações e inferimos causa e efeito a partir desse
padrão. Apontou três tipos gerais de explicação que se podem utilizar quando se tenta interpretar o
comportamento de alguém:
1) atribuição ao actor – à pessoa que está envolvida no comportamento em questão
2) atribuição à entidade – à pessoa alvo com quem o actor está a interagir
3) atribuição às circunstâncias – ao contexto particular em que o comportamento ocorre
O modelo de covariação de Kelley afirma que a atribuição a um destes componentes (actor, entidade,
contexto) depende de três aspectos do comportamento:
1) Distintividade – um comportamento pode ser atribuído com exactidão a uma causa se só ocorre
quando essa causa está presente, e não ocorre quando ela está ausente.
2) Consistência – sempre que a causa esteja presente, o comportamento é o mesmo ou quase o
mesmo.
3) Consenso – os outros comportam-se do mesmo modo em relação à entidade
Causas internas – baixa distintividade + alta consistência + baixo consenso
Causas externas – alta distintividade + alta consistência + alto consenso
O modelo de esquema causal também proposto por Kelley é uma concepção geral que a pessoa tem sobre o
modo como certos tipos de causas interagem para produzir um tipo de efeito particular.
Princípio do desconto – situações em que um dado efeito tem múltiplas causas possíveis. Então, o papel de
uma dada causa é subtraído se outras causas plausíveis estão presentes.
Princípio de aumento – postula que quando há esforço, sacrifício, embaraço, custos ou riscos associados à
realização de um acto, a acção é mais atribuída ao actor do que seria de outro modo.
Atribuições de sucesso e de fracasso
24
Weiner
Dimensão interna/ externa - pressupõe que uma das dimensões dos nossos julgamentos é uma comparação
entre causas de disposição e de situação.
Dimensão instável/ estável – a causa pode ser percepcionada como perdurando no tempo (estável), ou não
(instável).
Dimensão controlável/ incontrolável – refere-se à capacidade percepcionada pelo sujeito para actuar, ou não,
sobre a causa de um sucesso, modificando-a, ou não.
Dimensão globalidade/ especificidade – elementos causais específicos afectam acções individuais específicas,
enquanto que elementos causais globais afectam as acções do indivíduo numa ampla variedade de situações.
Freize e Weiner (1971) estudaram os modos como atribuímos sucesso ou fracasso e encontraram que os
sujeitos atribuem mais os sucessos a factores internos do que os fracassos.
Luginbuhl e Kahan (1975) concluíram que o sucesso é atribuído em cerca de 70% a factores internos e em
cerca de 30% a factores externos. As pessoas atribuem mais o sucesso de uma mulher a factores instáveis e o
do homem à capacidade. O fracasso atribuído à falta de esforço motiva, em geral, o indivíduo a trabalhar mais.
Aplicações da teoria da atribuição
Violação
Ryan (1971) refere-se à tendência cultural em ‘censurar a vítima’.
Janoff-Bulman (1979) recolheu informações de pessoas que trabalhavam em diversos centros de apoio a
pessoas violadas. Na auto-censura comportamental a vítima sabe que está fazendo algo de néscio tal como
andar sozinha a uma hora tardia da noite, deixar entrar uma pessoa estranha em casa, etc. Na auto-censura
caracteriológica a falta encontra-se no próprio carácter da pessoa.
Howard (1984) fez uma análise aos modos como as pessoas atribuem a responsabilidade a vítimas de vários
tipos de crime. Os resultados sugerem a tendência para considerar as vítimas femininas mais responsáveis
pelo que lhes aconteceu que as vítimas masculinas. (auto-censura comportamental a vítimas masculinas; autocensura caracteriológica a vítimas femininas).
Field verificou que as pessoas com perspectivas não tradicionais acerca dos papeis das mulheres tendem a ver
a violação como um crime de poder mais do que de sexo.
Desemprego
Feather e Davenport (1981) referem que as pessoas que sentiam mais deprimidas acerca das circunstâncias
eram mais susceptíveis a censurar as condições económicas da sociedade do que a elas próprias.
Shaufeli (1988) fez um estudo e concluiu que o sucesso no emprego é atribuído principalmente a factores
internos, e o fracasso em obter emprego, a factores externos.
Acidentes
Berger (1981) concluiu que existe menos tendência para atribuir a responsabilidade do acidente à vítima,
quando a severidade do acidente aumenta.
Relações interpessoais
(formação, manutenção, dissolução)
Fincham (1985) explica que durante o estágio de formação as atribuições facilitam a comunicação e a
compreensão da relação. Na fase de manutenção a necessidade de se fazerem atribuições diminui, porque
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relações estáveis foram constituídas. A fase de dissolução caracteriza-se por um aumento nas atribuições com
vista a obter-se de novo uma compreensão da relação.
Erros de atribuição
Diferenças entre actor e observador
Efeito actor – observador - Os actores têm tendência para fazerem atribuições para o seu próprio
comportamento a causas externas ou situacionais. Os observadores tendem a fazer atribuições internas ao
comportamento dos outros.
Na focalização da percepção reside a diferença. Enquanto actores centramo-nos nos acontecimentos
circundantes; enquanto observadores centramo-nos nas pessoas implicadas na acção. A informação disponível
para uns e outros também é diferente. Resumindo, diferentes perspectivas e diferentes informações podem
servir para enviesar as nossas atribuições.
Erro Fundamental
Exagero de importância dada aos factores pessoais.
Normalmente dá-se mais importância a factores disposicionais do que situacionais. Dá-se mais relevo às
disposições do que às situações quando se tenta explicar determinado comportamento. Daí resultam
atribuições erradas porque os determinantes situacionais são ignorados. É fundamental, quando se observa as
acções de outra pessoa, ter emconsideração o contexto social em que elas ocorrem. O contexto é muito
importante.
Complacência na atribuição da causalidade
As pessoas tendem a chamar a si as causas do seu sucesso e a atribuir a factores externos as causas dos
seus fracassos.
Efeitos temporais de atribuição
Um dado acontecimento pode ser atribuído a uma dada causa no momento em que ocorre, mas passado
algum tempo essa atribuição pode ser feita a outra causa completamente diferente. Com o passar do tempo, as
atribuições tendem a deixar de se focar nas pessoas para se passar a focar nas situações, no contexto. Uma
explicação para esse efeito é o facto de a nossa necessidade de prever e controlar não ser tão acentuada
quando se reflecte no passado, como quando se reflecte sobre o presente.
Atribuições e relações intergrupais
A tendência de atribuição relativamente a grupos reflecte basicamente o que acontece com cada pessoa em
particular, ou seja, a tendência é de chamar a si as razões do sucesso, e de acções socialmente desejáveis.
Quando há comparação de grupos, defende-se o endogrupo e atribuem-se as causas das coisas negativas ao
exogrupo.
Normas de internalidade
Jellison e Green (1981) consideraram que a ligação entre a internalidade e a tendência a explicar crenças
socialmente desejáveis não é um artefacto, mas uma das componentes da internalidade.
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Normalmente a tendência é para atribuir a si o que é bom, o que é socialmente desejável, daí que a norma da
internalidade esteja ligada à desejabilidade social.
A norma da internalidade diznos que as explicações internas são socialmente desejáveis.
Níveis de análise distintos mas relacionados
Estilo atribucuinal
O que determina as reacções a acontecimentos incontroláveis baseia-se em três tipos de atribuições:
1) internas/ externas
2) estáveis/ instáveis
3) globais/ específicas
As pessoas que fazem atribuições estáveis e globais a acontecimentos incontroláveis, tendem a experimentar
uma auto-estima negativa.
Estilo explicativo depressivo – para as pessoas com este estilo atribucional, um acontecimento infeliz tem uma
causa interna (‘é por minha culpa’), uma causa estável (‘será sempre assim’), e uma causa global (‘isto
acontece-me em muitas situações’). Quando lhes acontece algo de bom tendem a atribuir esse facto a causas
externas, instáveis e específicas.
Estilo explicativo optimista – explicam os acontecimentos como sendo uma causa externa (‘é culpa de outra
pessoa’), uma causa instável (‘não me acontecerá de novo’), e uma causa específica (‘é só nesta área’). As
atribuições de acontecimentos positivos são feitas a causas internas, estáveis e globais.
Atitudes
O termo atitude deriva da palavra latina ‘aptitudo’ que significa a disposição natural para realizar determinada
tarefa. Inicialmente este termo estava relacionado com a postura corporal, mas mais tarde passou a se
relacionar com a ‘postura da mente’ – estados mentais.
A atitude permite explicar a relação flutuante entre estímulo e resposta.
Ninguém pode ver ou tocar uma atitude, por isso, uma atitude é um construto hipotético que os investigadores
tentam apreender por meio de definições conceptuais e de elevadas técnicas de medida.
O que são as atitudes?
Allpport argumentou que se medem as atitudes com maior sucesso do que são definidas.
As atitudes são inferidas do modo como os indivíduos se comportam. São dirigidas em relação a um objecto
psicológico ou categoria. Provêem da experiência.
Modelos de atitudes
Modelo tripartido clássico
Proposto põe Rosenberg e Hovland.
A atitude é uma disposição que resulta da organização de três componentes:
Afectivo – sentimentos subjectivos e respostas fisiológicas que acompanham a atitude
Cognitivo – crenças e opiniões através das quais a atitude é expressa, muito embora muitas vezes não
sejam conscientes.
Comportamental – processo mental e físico que prepara o indivíduo a agir de determinada maneira.
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Modelo unidimensional
Considera a atitude como sendo unidimensional. É a resposta avaliativa (afecto), favorável ou disfavorável, em
relação ao objecto de atitude. Thurstone define a atitude como sendo a intensidade de afecto a favor ou contra
um objecto psicológico.
Modelo tripartido revisto
Proposto por Zanna e Rempel integra os dois modelos anteriores. Considera a dimensão avaliativa da atitude,
tendo em mente que esta avaliação pode basear-se em três tipos de informação: afectiva, cognitiva,
comportamental.
Características das atitudes
Direcção – designa o nível positivo/ negativo do objecto de atitude (atracção/ repulsa; concordância/
discordância).
Intensidade – designa a força de atracção ou de repulsa em relação ao objecto (neutralmente;
moderadamente; totalmente)
Dimensão – permite-nos compreender se se trata de um objecto complexo e que não está bem sucedido.
Acessibilidade – solidez da associação entre o objecto de atitude e a sua avaliação efectiva. A atitude bem
definida, seja ela positiva ou negativa, está amplamente acessível a partir da memória de modo espontâneo e
automático. Quanto mais a resposta é automática, mais se pode concluir que a atitude está cristalizada e por
conseguinte é mais provável a predição correcta do comportamento.
Funções psicológicas das atitudes
Ajudar a definir grupos sociais – uma atitude partilhada pode servir de elo de ligação entre várias pessoas.
Ajudar a estabelecer as nossas identidades – as atitudes são elementos fulcrais as representações que as
pessoas têm delas próprias.
Ajudar o nosso pensamento e comportamento – guiam o modo como se pensa, sente e age.
Atitude e noções conexas
Crenças
Para os autores que se situam no modelo tripartido, as crenças podem ser consideradas o componente
cognitivo das atitudes.
Autores que consideram as atitudes como sendo unitárias, as crenças são cognitivas (pensamentos e ideias)
enquanto que as atitudes são afectivas (sentimentos e emoções).
Opiniões
Indo do mais específico para o mais geral, Alport faz a seguinte ordenação: opinião; atitude; interesse; valor
Eysenk distingue quatro níveis:
Opinião acidental – diz hoje algo e amanhã diz o contrário
Opinião habitual – á característica do indivíduo
Atitude – conjunto de opiniões estáveis interligadas
Ideologia – traduz a interdependência das atitudes
As opiniões envolvem opiniões de uma pessoa sobre a probabilidade de acontecimentos ou relações ao passo
que as atitudes envolvem sentimentos ou emoções de uma pessoa sobre objectos ou acontecimentos.
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Valores
Constituem uma variável psicológica intimamente associada às atitudes. São crenças duradoiras acerca de
objectivos importantes da vida que transcendem situações específicas.
Rokeach fez a seguinte distinção:
Valores finais – dizem respeito aos objectivos últimos da vida
Valores instrumentais – dizem respeito a modos de conduta
Feather disse que os valores têm as seguintes propriedades:
São crenças gerais acerca de objectivos e comportamentos desejáveis.
Envolvem bondade e maldade e têm uma qualidade de dever acerca deles.
Transcendem atitudes e influenciam a forma que as atitudes podem assumir.
Fornecem padrões para avaliar acções.
Estão organizados em hierarquias para uma determinada pessoa
Os sistemas de valores variam segundo indivíduos, grupos e culturas.
Ideologia
Representa um sistema integrado de crenças, em geral, com uma referência social ou política.
As ideologias podem varias segundo duas características:
Podem atribuir diferentes prioridades e valores.
Há ideologias pluralistas e monistas.
Formação das atitudes
Fontes de aprendizagem
As nossas atitudes são formadas por influência das pessoas que desempenham papéis significativos nas
nossas vidas (pais, companheiros, grupos de referência). Os meios de comunicação de massas também
influenciam as atitudes.
Condicionamento Clássico
Princípio do Condicionamento Clássico – quando um estímulo neutro é emparelhado com um estímulo qu
naturalmente provoca uma resposta particular, o estímulo neutro provocará uma resposta semelhante e então
tornar-se-á um estímulo condicionado. (Pavlov – ao dar alimento ao animal, este por normalidade saliva (estímulo incondicional).
A partir do momento em que passamos a tocar 1º uma campainha (estímulo neutro) e em 2º apresentamos a comida ao animal, com o
passar do tempo ele passará a associar automaticamente o toque da campainha com o alimento e é então que o toque da capainha passa
a ser um estímulo condicionado.
Staats define a atitude como uma resposta avaliativa condicionada por um objecto do meio. Quando não se
tem muito conhecimento sobre determinada coisa e sobre ela só se conhecem referências desagradáeis,
somos condicionados a ter uma atitude negativa em relação a essa coisa.
Condicionamento Operante
Baseia-se essencialmente no reforço. As atitudes consideradas negativas não são reforçadas, com vista a
levar a pessoa a mudá-las. As atitudes positivas são reforçadas no sentido da pessoa as manter.
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Aprendizagem Social
A atitude pode formar-se por um processo de imitação dos outros.
Aprendizagem por experiência directa
A experiência directa com o objecto de atitude, contribui para a aprendizagem de muitas das nossas atitudes.
Observação do próprio comportamento
Ao observarmos o nosso próprio comportamento poderemos ser levados a modificar as nossas atitudes. Se
dermos connosco a ter um comportamento cordial e simpático a alguém com quem julgamos antipatizar,
podemos, podemos modificar a nossa atitude negativa face a essa pessoa.
Medidas das atitudes
Medidas Directas
Escala de Distância Social
Proposta por Bogardus esta técnica mede o grau de distância que uma pessoa deseja manter com pessoas de
outros grupos. Apresenta-se como um quadro de dupla entrada que tem como abcissa o nome de diferentes
grupos humanos e como ordenada dispõe-se sete preposições que caracterizam o tipo de relações que o
sujeito gostaria de ter com as pessoas, pertencendo a esse grupo. Os números colocados à direita idicam o
grau de distância social representado por cada proposição. Quanto maior for o número, maior é a distância
social.
Escalade de Thurstone
Thurstone defendeu que há um continuum psicológico de afecto ao longo do qual se podem situar os
indivíduos. Esta escala é aplicada em 8 passos:
1) Obtém-se um determinado número de itens com relação ao objecto da atitude
2) Estes itens são avaliados por um conjunto de juízes
3) Os juízes ordenam os itens em 11 categorias desde a mais favorável até à menos favorável
4) Os itens em que há desacordo entre os juízes, são agastados
5) A cada item atribui-se um valor
6) Retém-se um certo número de proposições
7) Apresentam-se os itens seleccionados numa ordem aleatória a uma população, pedindo que
escolham aqueles com que concordam
8) A atitude do sujeito é então calculada pelos valores médios ou medianos dos valores da escala dos
itens escolhidos.
Escalade Likert
Consiste na apresentação de uma série de proposições, devendo o inquirido, em relação a cada uma delas,
indicar uma de cinco posições (ex. concordo totalmente, concordo, sem opinião, discordo, discordo totalmente).
A principal vantagem da Escala de Likert é que se constrói mais rapidamente e com menos gastos que a de
Thurstone.
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Escalade Guttman
Baseia-se no pressuposto de que as opiniões podem ser ordenadas segundo a sua ‘favoralidade’ de modo que
a concordância com uma determinada afirmação implica concordância com todos os itens que exprimem
opiniões mais favoráveis. Esta escala poder ser elaborada em 3 etapas:
1) Reúne-se um grande número de opiniões sobre a atitude que se deseja medir
2) Administra-se o questionário de opiniões a uma população
3) Efectua-se uma análise das respostas para s determinar se correspondem ao modelo ideal.
Diferenciador Semântico
Possibilita a possibilidade de se medirem diferentes atitudes com a mesma escala.
Desenvolvido por Osgood, Suci e Tannenbaum apresenta diversos pares de adjectivos bipolares (antónimos)
separados por uma linha dividida em 5 ou sete pares. O inquirido deverá colocar uma crus no intervalo
correspondente à sua atitude (útil _ _ _ _ _ inútil).
Medidas Indirectas
Fisiológicas
Assentam no pressuposto de que certos objectos ou certos acontecimentos levam a determinado
comportamento físico (arrepio, dilatação da pupila, contracção muscular), o que pode indicar uma certa atitude.
Comportamentais
Assentam na suposição de que o comportamento é consistente com as atitudes.
Projectivas
Aos sujeitos é pedido que descrevam uma figura, contem uma história, completem uma fase ou indiquem como
é que alguém reagiria a determinada situação. Normalmente as pessoas projectam nas outras as suas próprias
atitudes.
Atitudes e Comportamento
Durante décadas os psicólogos sociais estiveram muito interessados no estudo das atitudes por acreditarem
que a partir delas podiam prever o comportamento. No entanto, prever o comportamento através das atitudes
não é tão simples como se pode pensar à partida. A utilidade das atitudes para se prever os comportamentos
depende de vários factores pessoais e sociais.
Modelos teóricos de predição do comportamento
Abordagem das variáveis moderadoras
Factores que contribuem para aumentar a consistência atitude-comportamento:
- experiência directa da pessoa com o objecto da atitude
- pertinência pessoal
- modo de comportamento esperado em determinada situação
31
- diferenças pessoais
- autovigilância (capacidade de auto observação e de autocontrolo dos comportamentos verbais e não
verbais em função das situações)
Teoria da acção reflectida (Ajzen - 1985)
Descreve a relação entre crenças, atitude e comportamento. Partindo da crença, esta influencia as atitudes em
relação a um comportamento particular e a normas subjectivas. Estes dois últimos componentes influenciam as
intenções comportamentais e por sua vez, o comportamento.
Teoria do comportamento planificado (Ajzen - 1985)
Sendo basicamente idêntica à anterior, acrescenta-lhe um factor que deve ser considerado na previsão do
comportamento: o controlo comportamental percepcionado. (Ex. um fumador pensa em deixar de fumar. O médico
aconselha vivamente este comportamento. No entanto, apesar das duas primeiras condições preverem o comportamento
de deixar de fumas, o fumador depara-se com a grande dificuldade de abandonar este vício. Esta sua falta de controlo
poderá leva-lo a abandonar a intenção de deixar de fumar).
Por ser mais completa, esta segunda teoria é mais vantajosa que a primeira.
Representações Sociais
Jodelet define representação social como uma forma de conhecimento socialmente elaborado e partilhado,
com uma orientação prática e contribuindo para a construção de uma realidade comum e um conjunto social.
Designa uma forma de pensamento social.
Para Piaget a representação é uma evocação os objectos na sua ausência.
Moscovici diz que é um sistema de valores, de noções e de práticas relativas a objectos, aspectos ou
dimensões do meio social, que permite não só a estabilização do quadro de vida dos indivíduos e dos grupos,
mas que constitui igualmente um instrumento de orientação da percepção das situações e da elaboração de
respostas.
Herzlich diz que a representação é um processo de construção do real.
Aspectos a ter em conta na noção de Representação Social
•
Há sempre referência a um objecto. A representação para ser social, é sempre uma
representação de algo.
•
Existe uma relação de simbolização e interpretação com os objectos. As representações
resultam de uma actividade construtora da realidade e de uma actividade expressiva.
•
Adquirem a forma de modelos e implicam elementos linguísticos, comportamentais e materiais.
•
São uma forma de conhecimento prático que nos levam a colocar interrogações sobre os
determinantes sociais e da sua função.
•
Como forma de conhecimento, a representação social implica a actividade de reprodução das
características de um objecto. Esta REPRESENTAÇÃO não é o reflexo puro e fiel do objecto,
mas uma verdadeira construção mental.
Representação e Comunicação Social
Segundo Moscovici podem distinguir-se três grandes sistemas de comunicação:
32
-
Difusão – sistema de comunicação de massas mais patente na nossas sociedade. A fonte
pretende transmitir e difundir o mais amplamente possível um conteúdo, sem no entanto, ter
subjacente uma intenção de reforçar ou convencer. Não se dirige a um grupo definido, mas a
membros de diversos grupos sociais.
-
Propagação – recorre a mensagens que visão um grupo particular, com objectivos e valores
específicos. A sua finalidade é a integração de uma informação nova num sistema de raciocínio e
de julgamentos já existente.
-
Propaganda – desenvolve-se num clima social conflituoso, contribuindo para a afirmação e reforço
da identidade de um grupo. Constrói a respeito dos adversários uma representação de
conformidade com os princípios inspiradores. Incita os seus receptores a um determinado
comportamento.
Análise Psicológica da Representação Social
Representação – Produto
É um universo de opiniões ou crenças organizadas em torno de uma significação central (objecto).
O produto pode ser analisado sob vários aspectos ou dimensões.
Na análise dos produtos Moscovici considera três aspectos:
Informação – é possível conhecer e ter representação do objecto através da informação que se conhece
sobre o mesmo (quer em quantidade, quer em qualidade).
Atitude – exprime a orientação global, positiva ou negativa, e relação ao objecto da representação.
Campo de representação – é o conteúdo concreto e limitado sobre aspectos precisos do objecto de
representação. Remete-nos para aspectos imagéticos da representação, através de uma ideia de
organização ou de uma hierarquia de elementos.
Representação – Processo
Moscovici ressalta dois processos fundamentais que dizem que o social transforma o conhecimento em
representação e como esta representação transforma o social. O autor refere existir uma interdependência
entre a actividade psicológica e as condições sociais, traduzida nesses dois processos:
Objectivação – permite concretizar algo abstracto (ex. sentimentos não são objectos palpáveis, no
entanto fazem parte integrante da vida das pessoas). A objectividade é uma operação emagética e
estruturante. Pode dizer que se divide em três fases:
1ª – Selecção e descontextualização (Procura-se dar uma carácter mais concreto a noções
abstractas. O fenómeno da descontextualização aparece sobretudo na transformação de ideias
científicas em conhecimentos do quotidiano).
2ª – Esquema figurativo (Núcleo organizador da representação. Forja uma imagem visual de uma
organização abstracta. Permite conversar e compreender o modo mais simples o mundo e nós
próprios).
3ª – Naturalização (Operação pela qual os conceitos se movem em verdadeiras categorias de
linguagem e entendimento).
Ancoragem – permite traduzir o que é estranho em algo familiar. Faz a incorporação do que é estranho
numa determinada rede de categorias com características semelhantes. A ancoragem permite
compreender como os elementos da representação não só exprimem relações sociais, como contribuem
para as constituir.
33
Áreas de Investigação sobre as Representações Sociais:
Jodelet distingue três grandes áreas:
1ª – Relaciona-se especificamente com a difusão de conhecimentos (no campo social e educativo).
2ª – Integra a não de representação social como variável no tratamento de questões clássicas de
psicologia social: cognição, conflito, negociação, relações interpessoais e inter-grupais.
3ª – As representações são apreendidas em contextos sociais reais ou grupos circunscritos na estrutura
social.
Preconceitos e Discriminação
Preconceito
Pode definir-se como sendo uma atitude. Geralmente mais utilizado num sentido negativo, o preconceito
também pode ser positivo. Sendo uma atitude, o preconceito reveste-se de três componentes:
Componente afectiva – diz respeito aos sentimentos face a membros ou grupos específicos.
Componente cognitiva – refere-se a crenças e expectativas acerca desses grupos, e também ao modo
como a informação acerca deles é processada.
Componente comportamental – refere-se às tendências de acção relativamente a esses grupos.
Endogrupo – é composto pelos sujeitos que uma pessoa categorizou como fazendo parte do seu próprio
grupo, e com quem tem tendência a identificar-se.
Exogrupo – é composto por todos os sujeitos que uma pessoa como pertencentes a um grupo de pertença
diferente do seu e com quem não tem tendência a identificar-se.
Discriminação
É a manifestação comportamental do preconceito. Enquanto que no preconceito a componente
comportamental diz respeito às tendências para a acção, aqui surge o comportamento efectivo. Quando
estamos perante discriminação, membros de grupos particulares são tratados de modo positivo ou negativo,
devido à sua pertença a determinado grupo.
Segundo Alport, o comportamento discriminatório pode assumir diferentes formas:
Antilocoção – conversa hostil e difamação verbal.
Evitamento – mater o grupo separado do grupo dominante (gueto).
Discriminação – o grupo minoritário é excluído de direitos civis, do emprego, e do acesso a certas
formas de alojamento.
Ataque físico – violência contra pessoas e propriedades.
Extermínio – violência indiscriminada contra todo um grupo de pessoas, numa tentativa de aniquilação.
Grupo minoritário
Se só considerássemos o número, seria mais fácil descrever ou definir grupo minoritário. No entanto, não se
trata de números, mas sim de estados de espírito. Talvez fosse mais correcto descrevê-lo ou referir-se a ele
como ‘grupo com menos poder’, ‘grupo dominado’.
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Para Wagley e Harris as minorias são: sectores subordinados de uma sociedade. Possuem traços físicos ou
culturais pouco apreciados pelos grupos dominantes e estão conscientes do seu estatuto minoritário.
Algumas categorias de preconceito e discriminação
Racismo
Intolerância com base na cor da pele ou na herança étnica.
Sexismo
Intolerância com base no sexo (género).
Heterossexismo
Intolerância com base na orientação sexual. É um sistema de crenças culturais, de valores e de hábitos que
exalta a heterossexualidade e critica e estigmatiza qualquer forma não heterossexual de comportamento ou de
identidade.
Idadismo
Intolerância com base na idade.
A face mutante do preconceito
Tem havido mudanças na legislação e nos domínios educativo e social.
No entanto, a face do racismo mudou. O racismo aberto está em declínio, mas novas formas de racismo vão
surgindo.
O racismo moderno enfatiza que os aspectos afectivos das atitudes raciais são geralmente adquiridos na
infância e são mais difíceis de mudar que os aspectos cognitivos.
Génese do preconceito e da discriminação
Abordagens teóricas
Alport chama à nossa atenção de que o preconceito contra os negros nos EUA em origens na escravatura.
Abordagens sócio-culturais
Focalizam-se em factores sociais que levam ao preconceito (ex. aumento da urbanização, aumento da densidade
populacional, competição para empregos entre membros de diversos grupos, mudanças no papel e função da família).
Abordagens situacionais
Examinam os factores do meio imediato da pessoa que causam o preconceito (ex. o preconceito nas crianças
forma-se através do reforço directo e de modelagem em contacto com os pais e com outros adultos).
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Abordagens psicodinâmicas
Acentuam que o preconceito resulta dos próprios conflitos e desadaptações da pessoa. Para modificar o
preconceito e a discriminação, devemos focalizar-nos na pessoa com preconceitos.
Frustração e agressão – o preconceito é uma forma de agressão, que resulta da frustração.
Diferenças de personalidade – Hyman e Sheatsley verificaram que a personalidade autoritária é mais
susceptível de existir entre as pessoas com menor nível de instrução e com estatutos socio-económicos
mais baixos.
Abordagens cognitivas
Relaciona a forma como processamos a informação, coma origem dos preconceitos. Não se preocupam tanto
com a realidade objectiva da situação como com a compreensão subjectiva das pessoas com preconceitos.
Categorização social – Muitas vezes os indivíduos dividem o mundo em duas categorias distintas, o ‘nós
(endogrupo)’ e o ‘eles (exogrupo)’. Esta categorização social é só por si suficiente para criar
discriminação social.
O poder dos estereótipos – Walter Lippmann definiu-os como sendo ‘imagens na cabeça’ que temos
acerca de membros de um grupo. São um conjunto de crenças que se associam a determinado grupo
social.
Atribuição – É o processo de explicar o comportamento. Duas consequência são a rotulagem enviesada
e o erro irrevogável da atribuição (sugere que quando as pessoas com preconceitos vêem o alvo de preconceito
a executar uma acção negativa, tendem a atribuí-la a traço estáveis dos membros dos grupos minoritários).
Consequências do preconceito e da discriminação
Reacções das vítimas de preconceito
Alport identificou mais de quinze consequências possíveis do facto de ser vítima de preconceito. Sugeriu
também que estas reacções podiam ser circunscritas em duas categorias gerais: intraponitivas e
extrapunitivas. Defende que os membros de grupos minoritários que são intrapunitivos serão hostis ao seu
próprio grupo, ao passo que os que são extrapunitivos, manifestarão lealdade em relação ao seu grupo e
agressividade em relação a outros grupos.
Tajfel e Turner ampliando a abordagem de Alport, avançam três tipos de respostas. As pessoas vitimadas
podem simplesmente aceitar a sua situação com passividade e resignação, muito embora com ressentimento;
podem tentar libertar-se e fazê-lo em sociedade; ou podem tentar a acção colectiva e melhorar o estatuto do
próprio grupo.
A discriminação é percepcionada como ameaçadora e em certas circunstâncias as pessoas discriminadas
podem agir contra o grupo dominante.
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Consequências do racismo sobre o racista
Dennis demonstra que a imersão de pessoas numa rede social racista torna difícil para qualquer pessoa
branca evitar a sua influência.
Terry defende que o racismo mina e distorce a autenticidade das pessoas brancas.
Karp apoia-se numa perspectiva psicodinâmica vendo o racismo como um mecanismo de defesa para lidar
com as feridas do passado.
Redução do preconceito e da discriminação
Tomada de consciência
Tomada de consciência de pertença a um grupo minoritário – pretende tornar os membros desses grupos
sensíveis às influências opressivas que posam sobre a sua vida, assegurando-lhes um meio de defesa
colectiva.
Tomada de consciência de distinções – Ex. quando encontramos alguém pela primeira vez, fiamo-nos nas
distinções ou categorias que temos ao nosso dispor, em vez de fazermos novas formulações. Esta tendência
tem reflexos no preconceito, pois desde que encontremos alguma pessoa pertencente a um grupo minoritário,
as nossas reacções podem ser orientadas por essa caracterização.
O assimilador cultural – é uma técnica de sensibilização aos julgamentos correctos a respeito das
expectativas de um grupo de cultura. São ensinadas as normas e os modos de vida do outro grupo com o
intuito de permitir efectuar atribuições certas a propósito do comportamento dos membros do outro grupo. Este
tipo de treino cognitivo pode contribuir para a redução do preconceito e do pensamento estereotipado.
A hipótese do contacto
Baseia-se não tanto na personalidade do indivíduo ou nas atitudes dos indivíduos que sofrem modificação
como no desenvolvimento de uma nova identidade grupal.
Para que o preconceito intergrupal possa ser reduzido, é necessário a utilização de quatro condições
principais:
1) Igualdade de estatuto social
2) Contacto íntimo
3) Cooperação intergrupal
4) Normas sociais que favoreçam a igualdade
NOTA
Consultar e analisar os SUMÀRIOS de cada tema.
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