GESTÃO DE PROJETOS: A TOMADA DE DECISÃO COM BASE NO TRIPÉ DA SUSTENTABILIDADE Verônica Dalmolin Cattelan Centro Universitário Franciscano Greice de Bem Noro Centro Universitário Franciscano Resumo: O presente estudo configura-se como um Projeto de Iniciação Científica–PROBIC, aprovado junto à Pró Reitoria de Pós Graduação, Pesquisa e Extensão do Centro Universitário Franciscano de Santa Maria, que também está ligado ao Grupo de Pesquisa e Extensão – GPEX do Curso de Administração da UNIFRA. Neste sentido, o projeto relaciona-se à temática de Gestão de Projetos e seu alinhamento aos preceitos sustentáveis e parte do objetivo de analisar se os critérios que orientam a tomada de decisão em gestão de projetos das empresas do setor de construção civil da cidade de Santa Maria estão alinhados aos preceitos da sustentabilidade. Como procedimentos metodológicos optou-se por uma pesquisa de natureza quantitativa, descritiva, que está sendo desenvolvida através de um estudo de campo, partindo de uma amostra das maiores empresas do setor de construção civil da cidade de Santa Maria, com base nos critérios do Sinduscon-RS, sendo que a mesma está na fase inicial do plano de coleta de dados. Palavras chave: Projetos, gestão, sustentabilidade, pilares. PROJECT MANAGEMENT: A DECISION-MAKING BASED ON TRIPLE BOTTOM LINE Abstract: This study appears as a Scientific Initiation Project PROBIC–approved by the Graduate Dean's Office, Research and Extension Center Franciscan University of Santa Maria, which is also linked to the Research and Extension–GPEX Course Administration UNIFRA. In this sense, the project relates to the theme of Project Management and its alignment to the precepts of sustainable and part of the purpose of analyzing the criteria that guide decision making in project management of companies in the construction industry in Santa Mary are aligned with the principles of sustainability. The methodological procedures we chose to study a quantitative, descriptive, which is being developed through a field study, based on a sample of the largest companies in the construction of Santa Maria, based on the criteria of Sinduscon -RS, and the same is in the initial phase of data collection plan. Key-words: Project, management, sustainability, pillars. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br 1 INTRODUÇÃO O desafio global associado à sustentabilidade tem levado as empresas a desenvolverem ferramentas de gestão e modelos de criação de valor sustentável. Porém, apesar de um número significativo de organizações adotar uma postura de compromisso com relação à sustentabilidade, o que se observa, no contexto atual, é que ainda existem dificuldades para compreender as diversas opções de conceituação e sistematização (BORGES, MONTEIRO E NOGUEIRA, 2006). A sustentabilidade é um conceito que prevê que os negócios deverão ir muito além da longevidade de uma empresa. Prevê a gestão focada em três instâncias mutuamente fortalecedoras: a prosperidade da empresa, a qualidade ambiental dos sistemas que a envolvem e a eqüidade social das comunidades em que ela atua. Neste sentido, as corporações devem apresentar comprometimento sócio-econômico ao público que é afetado com a existência da empresa (GONZALEZ, 2005). Evidencia-se que, no Brasil, assim como no mundo, as empresas devem compreender suas responsabilidades em uma sociedade que precisa alcançar bons níveis de sustentabilidade e, estas organizações devem alinhar sua visão de negócio ao encontro desta atual realidade. Nesse estudo, portanto, a proposta será a sistematização dos alicerces que sustentam o processo de tomada de decisão em gestão de projetos alinhando-os ao conceito do “triple bottom line”, ou seja, com a intergação de benefícios econômicos, sociais e ambientais, conhecidos como os três pilares do desenvolvimento sustentável, constituindo o tripé conhecido como “triple botton line”. Neste sentido, a utilização de parâmetros que forneçam informações necessárias para projetar estratégias de competição é fundamental para dar suporte e estrutura oportuna à promoção da sustentabilidade, articulando a preservação do meio ambiente e a melhoria social. Tendo em vista o tema relacionado à Gestão de Projetos Sustentáveis, a presente pesquisa tem como problemática responder a seguinte questão: Os critérios que orientam a tomada de decisão em gestão de projetos das empresas do setor de construção civil da cidade de Santa Maria estão alinhados aos preceitos da sustentabilidade? O objetivo geral do presente estudo será analisar se os critérios que orientam a tomada de decisão em gestão de projetos das empresas do setor de construção civil da cidade de Santa Maria estão alinhados aos preceitos da sustentabilidade. Com o intuito de atingir o objetivo geral e a sua complementação de acordo com as etapas consecutivas, os objetivos específicos deste estudo são: Levantar as características das empresas participantes da pesquisa, no que se refere a área de gestão de projetos; Identificar o conjunto de critérios utilizados pelas organizações participantes da pesquisa, que dão suporte ao processo de tomada de decisão na gestão de seus projetos; Verificar o grau de alinhamento dos critérios de tomada de decisão em gestão de projetos das empresas com os preceitos da sustentabilidade. Para uma melhor compreensão da participação e contribuição da pesquisa, parte-se do princípio de que toda a base conceitual acerca dos preceitos da sustentabilidade é tão fácil de explicar quanto difícil de implementar. O fundamental é que esteja sempre permeando qualquer decisão dentro dos processos de gestão. Parte-se do pressuposto de que, a sobrevivência de uma empresa depende das ações rápidas de seus executivos, fundamentadas e coerentes e, é neste contexto que a área de projetos tem assumido grande importância dentro das empresas, que têm passado pelos processos de transformação impostos pelo mercado e pela sociedade, onde devem estar organizadas para poderem ter respostas ágeis e eficazes às questões organizacionais. Neste ínterim, o uso de critérios significativos e alinhados aos preceitos da sustentabilidade ganha força na Gestão de Projetos, configurando-se em um valioso aliado à tomada de decisão, VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br porque torna visível o projeto em todas as suas etapas, além de permitir a previsão de gargalos e eventuais problemas, possibilitando o estabelecimento de rotas alternativas e a criação de condições para a gestão financeira do projeto (VERZUH, 2000). Para o campo de estudo, as informações relacionadas ao desenvolvimento sustentável é uma realidade e deve ser entendida em sua amplitude, e incorporada em qualquer organização que venham a atuar, via desenvolvimento de projetos e estudos que tenham como base, o tripé da sustentabilidade, ou seja, os preceitos da gestão social, ambiental e econômica, na busca pelo desenvolvimento sustentável. 2 SUSTENTABILIDADE A sustentabilidade é a capacidade dos diversos sistemas da Terra, incluindo as economias e sistemas culturais humanos, de sobreviverem e se adaptarem às condições ambientais em mudança (MILLER JR, 2007). Na visão de Afonso (2006), dentre várias definições existentes sobre sustentabilidade, podemos estabelecer que o termo implica na manutenção quantitativa e qualitativa do estoque de recursos ambientais, utilizando tais recursos sem danificar suas fontes ou limitar a capacidade de suprimento futuro, para que tanto as necessidades atuais quanto aquelas do futuro possam ser igualmente satisfeitas. O primeiro passo em direção à sustentabilidade é entender os componentes e a importância do capital natural e da renda natural ou biológica que ele fornece (MILLER JR, 2007). Nesse sentido desenvolvimento sustentável é conceituado no relatório “Nosso Futuro Comum” publicado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU em 1987, como aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades (AFONSO, 2006). Dias (2006) enfatiza que a penetração do conceito de desenvolvimento sustentável no meio empresarial tem se pautado mais como um modo de empresas assumirem formas de gestão mais eficientes, como práticas identificadas com a eco-eficiencia e a produção mais limpa, do que uma elevação do nível de consciência do empresariado em torno de uma perspectiva de um desenvolvimento econômico mais sustentável. Embora aja um crescimento perceptível da mobilização em torno da sustentabilidade, ela ainda está mais focada no ambiente interno das organizações, voltada prioritariamente para processos e produtos, mas vêm evoluindo por tratar-se de uma nova exigência dos consumidores. Pearson Education do Brasil (2011) comenta que para a Comissão Mundial para o Desenvolvimento e Meio Ambiente (CMDMA) o desenvolvimento sustentável apoiava-se no seguinte tripé: equilíbrio ambiental, equidade social e crescimento econômico. E na década de 1990, esse tripé da sustentabilidade inspirou o pensador britânico John Elkington, que cunhou 10 a expressão “triple bottom line”. Segundo Elkington (2001) apud Pearson Education do Brasil (2011), o desenvolvimento saudável não pode abrir mão dos aspectos econômicos, sociais e ambientais, os quais são ingredientes indispensáveis do progresso duradouro. Sob a mesma lógica só faz sentido pensar em desenvolvimento sustentável quando aspectos do triplle bottom line são levados em conta, dessa forma na figura 1 observa-se o tripé proposto pelo pensador, bem como as articulações que podem resultar dessa integração. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Figura 1 – As articulações que podem resultar do “triple bottom line”. Fonte: Adaptado de PEARSON EDUCATION DO BRASIL (2011). Também se pode salientar que a sociedade é o meio de ligação entre o ambiente e a economia, o que vem a ressaltar o papel fundamental que o governo exerce sobre a sustentabilidade. Já o ambiente constitui em um estimulo a nossa organização em sociedade, e leva em consideração, a disponibilidade de recursos e a atenuação de riscos naturais. A economia só existe com o meio ambiente, através de recursos, e com a sociedade, por meio da organização social e governo, que juntos podem assegurar a sustentabilidade (CORREIA, 2006). Quanto aos desafios da sustentabilidade Edwards (2005) relata que se encontram vários aspectos que influenciam negativamente à sustentabilidade, como: (1) Os sinais do crescente aquecimento global são cada vez perceptíveis. A climatologia estabeleceu uma provável correlação entre o uso de combustíveis fósseis, o equipamento do planeta e a instabilidade climática; (2) Atividades humanas também aceleram o processo de elevação das temperaturas globais, como a destruição das florestas tropicais (quase sempre para abastecer o setor da construção civil mundial), a proliferação de aterros sanitários, e o uso de produtos químicos que destroem a camada de ozônio; (3) O deslocamento da população humana para as cidades exerce grande pressão sobre o solo edificado, a água e as energias disponíveis, assim como sobre a capacidade de tratamento de águas negras e resíduos. Quanto mais a espécie humana se urbaniza, mais consome, desperdiça e polui. Porter e Kraemer (2006) apud Noro et al (2009) propõe um agrupamento para o mapa dos desafios da sustentabilidade, apresentado na figura 2: Figura 2 – Classificação dos fatores empresa-sociedade Fonte: NORO, et al. (2009). VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Para Porter e Kraemer (2006) apud Noro et al (2009) as questões sociais genéricas remetem as que não são afetadas significativamente pela empresa e nem influenciam sua competitividade ao longo do tempo, os impactos sociais da cadeia de valor são questões afetadas de modo significativo pelas atividades da empresa e as dimensões sociais do contexto competitivo se referem a questões sociais do ambiente externo que afetam a competitividade da empresa. Essa divisão dos desafios oferece uma forma concreta das empresas identificarem as questões sociais que são mais pertinentes a seus negócios, o que acaba propiciando uma abordagem que favorece o diálogo construtivo com a sociedade, os órgãos reguladores e entre as empresas. Um dos objetivos de qualquer organização é obter o maior retorno possível sobre o capital investido. Para tanto, utiliza-se de diversas ferramentas a fim de obter maiores margens e fatias de mercado. No entanto, com as mudanças em sentido global, além dos fatores econômicos e estruturais, para os quais grande parte das empresas já atentam, outros também começam a fazer parte da responsabilidade das empresas, que são as questões do meio ambiente natural e as questões sociais. Para que as organizações possam contribuir para a sustentabilidade devem modificar seus processos produtivos, quando for necessário, para se tornarem ecologicamente sustentáveis. Isto implica em construir sistemas de produção que não causem impactos negativos e mesmo estejam contribuindo para a recuperação de áreas degradadas ou oferecendo produtos e serviços que contribuam para a melhoria da performance ambiental dos consumidores e clientes de uma indústria (ARAÚJO et al., 2006). Sob essa lógica na figura 3 apresenta-se um modelo de sustentabilidade a ser aplicado pelas empresas: Figura 3 – Modelo de sustentabilidade empresarial Fonte: ARAÚJO et al. (2006). Araújo et al. (2006) ainda ressalta que assim o conceito do tripé da sustentabilidade tornou-se amplamente conhecido e reconhecido entre as empresas e pesquisadores, sendo ferramenta conceitual útil para interpretar interações extra-empresariais e especialmente para ilustrar a importância de uma visão da sustentabilidade mais ampla. Decorrendo do notável espaço que a sustentabilidade vem atingindo nas organizações, Vicente (2010) ressalta que existem vários guias e certificados de sustentabilidade no mundo, como BREEAM, LEED, CASBEE, HQE, entre outros. Como a certificação AQUA, que Sarro e Abreu (2010) citam enfocando que a busca por uma vida sustentável no planeta exige VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br que cada um cumpra seu papel, e no caso da construção civil isso se torna ainda mais relevante por motivo da proporção de impactos que podem ser causados em todas as etapas, desde a fase inicial de pensar sobre o empreendimento, passando pelo projeto, pela produção, aplicação dos materiais e sistemas na sua construção, além de impactar por causa de sua operação, seu uso ou pela sua desmontabilidade e reciclabilidade ao final de sua vida útil. 2.1 Gestão de projetos De acordo com a norma ISO 10.006 que estabelece as diretrizes para a qualidade de gerenciamento de projetos, projeto é “um processo único, consistindo de um grupo de atividades coordenadas e controladas com datas para início e término, empreendido para alcance de um objetivo conforme requisitos específicos, incluindo limitações de tempo, custo e recursos”. Já para o PMBOK®, “projeto é um empreendimento temporário, planejado, executado e controlado, com objetivo de criar um produto ou serviço único” (XAVIER, 2005). Kerzner (2006) enfatiza que no mundo atual, os projetos tornam-se aparentemente cada vez maiores e mais complexos. Alguns entendem que um projeto deve ser definido como atividade multifuncional, pois o papel do gerente de projetos tem-se tornado mais o de integrador do que o de um especialista técnico. Sob essa lógica, Verzuh (2000) salienta que é fundamental para se entender a importância dos projetos que se compreenda que cada um produz algo singular. Para Consalter (2007) existem diversos tipos de projetos, que podem ser classificados quanto a seus objetivos, em projetos de pesquisa, de financiamento e de investimento, como mostra o quadro 1: TIPOS DE PROJETOS Projeto de pesquisa: Tem sua elaboração voltada para a solução de problemas e para descobrir respostas para determinadas questões por meio de métodos científicos. O projeto de pesquisa assim como o de investimento envolve a mobilização de recursos para atingir resultados e deve ser justificado econômica ou socialmente e detalhado em suas diversas fases, que devem ser finalizadas até a sua execução. Projeto de financiamento: É elaborado para atender às exigências de instituições financiadoras, como bancos de investimentos e/ou órgãos que concedem financiamento ou incentivo em níveis federal, regional, estadual e municipal. É necessário identificar as fontes de recursos próprios e os de terceiros. Para que o projeto obtenha crédito, isto é, recursos de terceiros, é necessário que satisfaça a exigência de garantias reais preestabelecidas dos recursos próprios. Projeto de investimento: As decisões de investimento devem ter seus objetivos definidos claramente e sua duração e tamanho predeterminados. O projeto de investimento pode ser conceituado como toda aplicação de capital em qualquer empreendimento, com o objetivo básico de obtenção de receitas. Quadro 1 - Tipos de Projetos Fonte: Adaptado de CONSALTER (2007). Já Woiler e Mathias (2008) afirmam que a classificação do projeto por tipo dependerá do objetivo. Se o objetivo for o de classificar o tipo de projeto em função do setor econômico, onde se processa o investimento, tem-se: agrícola, industrial e de serviços. Esta é uma classificação macroeconômica, associada, portanto, aos três grandes setores de atividade econômica. Caso se deseje classificar o projeto do ponto de vista microeconômico, então a VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br classificação pode ser: de implantação, de expansão ou de ampliação, de modernização, de relocalização e de diversificação. O projeto ainda pode ser classificado em função do uso que o mesmo terá para a empresa ao longo do processo decisório e até à implantação do mesmo. Neste caso, a classificação é a seguinte: de viabilidade, final, de financiamento. Consalter (2007) ainda ressalta que cada projeto tem suas características próprias, sendo importante que as identifiquem na medida em que são fornecidas condições de avaliar se o empreendimento faz ou não parte da rotina normal da empresa. Sendo assim, relaciona essas características apresentadas no quadro 2: CARACTERÍSTICAS DOS PROJETOS Atividade finita: projetos tem começo, meio e fim programáveis. Singularidade: todos os projetos são distintos, cada um depende de seus objetivos, do ciclo de vida, da competência da equipa, da disponibilidade de recursos e dos fatores do ambiente em que está contextualizado. Administração específica: quando administrado por meio de técnicas específicas, os projetos têm maior probabilidade de êxito. Riscos: o projeto tem um componente de incerteza que cerca o resultado esperado e as condições de realização, ou ambos, durante a sua execução, uma vez que as expectativas do cliente mudam. Quadro 2 - Características dos projetos Fonte: Adaptado de CONSALTER (2007). De acordo com Woiler e Mathias (2008) a elaboração e análise de um projeto envolvem uma série de etapas interativas, que podem ser ordenadas segundo certo critério. Na figura 4 são apresentados os componentes mais importantes que devem ser considerados na elaboração do projeto: Figura 4 - As etapas de um projeto Fonte: Adaptado de WOILER; MATHIAS (2008). Todo projeto passa por uma série de fases desde sua concepção até seu ponto de conclusão. Sendo assim o ciclo de vida do gerenciamento de um projeto descreve o conjunto de processos que devem ser seguidos para que o projeto seja bem gerenciado. De acordo com VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br o Guia PMBOK® Terceira Edição os processos de gerenciamento de projetos podem ser classificados em 5 grupos: Iniciação, Planejamento, Execução, Monitoramento/Controle e Encerramento. (DINSMORE; CAVALIERI, 2005) Verzuh (2000) enfatiza que esse ciclo representa uma progressão linear da definição do projeto, que passa pela criação do planejamento, execução do trabalho e fechamento do projeto, como pode ser observado na figura 5: Figura 5 - Ciclo de vida em gestão de projetos Fonte: Adaptado de KERZNER (2006). Já Keelling (2002) elenca os estágios do ciclo de vida do projeto, como apresentado no quadro 3: ESTÁGIOS DO CICLO DE VIDA DO PROJETO Conceituação: é o ponto de partida, começa com uma idéia, ou consciência da necessidade de algum desenvolvimento ou melhoria. Planejamento: inicia quando se tomou a decisão de prosseguir, a estrutura e administração do projeto serão planejadas. Implementação: é um período de atividade concentrada, quando os planos são postos em operação. Cada atividade é monitorada, controlada e coordenada para alcançar os objetivos do projeto. Conclusão: esta fase inclui a preparação para conclusão, entrega do projeto, atribuição de deveres e responsabilidades de acompanhamento. Quadro 3 - Estágios do ciclo de vida do projeto Fonte: Adaptado de KEELLING (2002). Keelling (2002) ainda afirma que a compreensão do ciclo de vida é importante para o sucesso na gestão de projetos, porque acontecimentos significativos ocorrem em progressão lógica e cada fase deve ser devidamente planejada e administrada. No que tange a gestão de projetos, considera-se como uma disciplina formal, desenvolvida para gerenciar projetos. Visto que uma das principais características dos projetos é que eles são arriscados, a gestão de projetos pode ser considerada um modo de contornar as incertezas e ambigüidades inerentes a eles. Em outras palavras, a gestão de projetos trata de limitar o risco por meio de definições claras, detalhar e garantir a compreensão, controlar a gestão e contornar as incertezas por meio do gerenciamento de riscos (NEWTON, 2011). Para Kerzner (2006 p. 15) “gestão de projetos pode ser definida como o planejamento, a programação e o controle de uma série de tarefas integradas de forma a atingir seus objetivos com êxito, para benefício dos participantes do projeto.” As ferramentas, as técnicas VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br e os processos de gestão de projetos podem ser um meio poderoso de conseguir um resultado desejado, ou, nos termos do gestor de projetos, de „entregar‟ os resultados. Keelling (2002) enfatiza algumas características da gestão de projetos apresentadas no quadro 4: CARACTERÍSTICAS DA GESTÃO DE PROJETOS Simplicidade de propósito: o projeto possui metas e objetivos facilmente entendidos. Clareza de propósito e escopo: o projeto pode ser descrito claramente em poucos termos: seus objetivos, escopo, limitações, recursos, administração, qualidade de resultados e assim por diante. Controle independente: o projeto pode ser protegido do mercado ou de outras flutuações que afetam operações rotineiras. Facilidade de medição: o andamento do projeto pode ser medido por meio de sua comparação com metas e padrões definidos de desempenho. Flexibilidade de emprego: A administração do projeto pode empregar ou cooptar especialistas e peritos de alto padrão por períodos limitados, sem prejudicar os arranjos de longo prazo na lotação de cargos. Conduz à motivação e moral da equipe: A novidade e o interesse específico do trabalho do projeto é atraente às pessoas e leva à formação de equipes entusiásticas e automotivadas. Sensibilidade ao estilo de administração e liderança: embora às vezes capazes de autogestão, as equipes de especialistas automotivados reagem criticamente a certos estilos de liderança. Útil ao desenvolvimento individual: Trabalhar com uma Equipe de projeto eficiente favorece o desenvolvimento acelerado e a capacitação pessoal . Favorece a discrição e a segurança: os projetos podem ser protegidos de ação hostil ou atividade de informação para defesa, pesquisa, desenvolvimento de produto ou segurança de produtos sensíveis ao mercado ou de alto valor. Mobilidade: como entidades independentes, os projetos podem ser executados em locais remotos, países estrangeiros e assim por diante. Facilidade de distribuição: a administração ou a condução de um projeto inteiro pode ficar livre de contrato. Quadro 4 - Características da gestão de projetos Fonte: Adaptado de KEELLING (2002). 2.2 Tomada de decisão Na concepção de Buchanan e O‟Connell (2006) a tomada decisão é naturalmente, parte de um fluxo de pensamento iniciado nos tempos em que o homem buscava orientação nos astros. Desde então, nunca cessou a busca de novas ferramentas decisórias e atualmente a crescente sofisticação da gestão de risco, a compreensão das variáveis do comportamento humano e o avanço tecnológico que respalda e simula processos cognitivos, melhoraram, em muitas situações, a tomada de decisão. Enfocada na decisão organizacional, torna-se necessário comparar as decisões tomadas por indivíduos e por grupos e em seguida avaliar quais os níveis apropriados para a tomada de decisões dentro da organização. Neste contexto, nem sempre as decisões tomadas em grupo são superiores às tomadas por indivíduos (ROBBINS, 2006). De acordo com Daft (2006) as decisões administrativas geralmente se encaixam em uma das duas categorias: as decisões programadas que envolvem situações que ocorreram VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br com freqüência para permitir que as regras da decisão sejam desenvolvidas e aplicadas no futuro e; as decisões não programadas que são feitas em resposta às situações singulares, não sendo bem definidas, mas bastante desestruturadas, alem de terem conseqüências importantes para a organização. Ainda na visão de Daft (2006), pesquisas sobre a decisão em nível organizacional indicam quatro tipos de processos, como mostra o quadro 5: MODELO DESCRIÇÃO A abordagem A ciência da administração é um excelente dispositivo para a tomada de da ciência da decisões organizacional quando os problemas são analisáveis e quando as administração variáveis podem ser identificadas e medidas. Os modelos matemáticos podem conter mil ou mais variáveis, cada uma relevante de alguma forma para o conteúdo final. O modelo de Baseia-se no trabalho de Richard Cyert, James March e Herbert Simon, todos ligados à Universidade Carnegie-Mellon. Através da pesquisa do Cranegie grupo de Carnegie mostrou que as decisões em nível organizacional envolviam muitos gerentes e que a escolha final era baseada numa coalizão entre esses gerentes. As coalizões gerenciais são necessárias durante a tomada de decisões por dois motivos. Primeiro muitas vezes os gerentes discordam quanto às prioridades dos problemas, e devem estabelecer uma coalizão em torno da questão de quais problemas devem ser resolvidos. Segundo, os gerentes não dispõem de tempo nem capacidade mental para processar todas as informações relevantes para tomada de decisões. O processo de formação de uma coalizão tem diversas implicações para o comportamento de decisão organizacional, tais como: Acomodação significa que as organizações aceitam um nível satisfatório, em lugar de um nível máximo de desempenho, a coalizão aceitará uma solução vista como satisfatória por todos os membros da coalizão. Pesquisa da problemática, os gerentes não esperam uma solução perfeita quando a situação está mal definida e carregada de conflitos, procuram no ambiente imediato uma solução para resolver um problema rapidamente. A discussão e a negociação são particularmente importantes no estágio de identificação do problema na tomada de decisão. O modelo do Henry Mintzberg e seus assistentes na Universidade Mcgill em Montreal abordaram a tomada de decisão de uma perspectiva diferente, dando menos processo ênfase aos fatores políticos e sociais e atribuindo maior importância à incremental seqüência estruturada das atividades empreendidas desde a descoberta de de decisão um problema até sua solução. Constataram que as decisões mais importantes das organizações são em geral compostas por uma série de pequenas escolhas que se combinam para produzir a decisão principal. Há decisão é composta por três grandes fases: o Identificação - esta fase começa com o reconhecimento, isto é, um ou mais gerentes tornam-se cientes da existência de um problema e da necessidade de tomar uma decisão. A segunda etapa é o diagnóstico, em que mais informações são reunidas se forem necessárias para definir a situação do problema. o Desenvolvimento - ocorre quando a solução é modelada para resolver o problema definido na fase de identificação. O desenvolvimento toma uma de duas direções: a pesquisa para encontrarem alternativas dentro VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br do repertório de soluções da organização, e a segunda direção é projetar uma solução específica, gradualmente por meio de um processo de tentativa e erro, surgirá uma alternativa especificamente projetada. o Seleção - é a fase que começa quando a solução é escolhida. É composta pela avaliação, escolha e negociação. Quando a decisão é formalmente aceita, tem lugar a autorização. o Podem ocorrer interrupções no processo de decisão, se uma solução for considerada insatisfatória, pode forçar o retorno a um estágio anterior. O modelo da É uma das mais recentes e interessantes descrições de processos decisórios organizacionais. O modelo da lata de lixo ajuda a pensar a organização lata de lixo: como um todo e as freqüentes decisões tomadas pelos gerentes. O modelo foi criado para organizações que experimentam incertezas muito altas (anarquia organizada), o que caracteriza uma organização extremamente orgânica. No modelo da lata de lixo as decisões são o resultado de fluxos independentes de eventos dentro da organização. Os quatro fluxos relevantes para a tomada de decisões organizacionais são: problema; soluções potenciais; participantes e; oportunidades de escolha. Neste sentido, quando um problema, uma solução e um participante se ligam num ponto, uma decisão pode ser tomada e o problema pode ser resolvido. Mas, se a solução não se ajusta ao problema, este pode não ser solucionado. Quadro 5 - Modelos de tomada de decisão Fonte: Adaptado de ROBBINS (2006). De acordo com o Processo Racional de Tomada de Decisão, o processo de decisão se constitui de seis passos: 1. Definir o problema; 2. Identificar critérios de decisão; 3. Pesar os critérios; 4. Gerar alternativas; 5. Classificar cada alternativa segundo cada critério; 6. Calcular a decisão ótima (ROBBINS, 2006), como pode ser observado na figura 6: Figura 6 - Processo racional de tomada de decisão Fonte: Adaptado de ROBBINS (2006). Para Rogers e Blenko (2006) um bom processo decisório exige a atribuição de papéis claros e específicos. O RAPID e outras ferramentas usadas para analisar este processo fornecem à gestão um método para atribuir papéis e envolver os indivíduos relevantes. Vale ressaltar que estes papéis nem sempre são desempenhados nesta ordem, sendo necessárias certas liberdades para poder criar um acrônimo útil. Para tanto, cada letra do RAPID corresponde a um papel crucial no processo decisório: Recomendação; Aceitação; Prática; Imput e Decisão, apresentadas no quadro 6: RAPID Recomendação: Quem exerce este papel é responsável por formular a proposta, coletar informações, apresentarem dados e análises pertinentes para que uma decisão sensata seja tomada na hora certa. Para fazer a proposta, consulta indivíduos responsáveis por VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br dar input, e além de ouvir e computar a opinião deles vai buscando sua adesão ao projeto. Quem recomenda também precisa ter capacidade analítica, bom senso e tino organizacional. Aceitação: Indivíduos neste papel têm poder de veto sobre a recomendação, poder que, quando exercido, gera um debate entre eles e o pessoal da recomendação para alteração da proposta original. Se essa negociação se arrastar demais ou for impossível chegar a um acordo, Aceitação e Recomendação devem levar a questão ao individuo responsável pela Decisão. Imput: Este pessoal é consultado sobre a decisão. Uma vez que quem dá input em geral estará envolvido na implementação da decisão, que recomenda tem alto interesse em levar a sério a sua opinião. Nenhum input tem força de lei, mas nem por isso é menos relevante. Sem o envolvimento e a motivação das pessoas certas é bem maior a chance de que a decisão perca força na execução. Decisão: Quem tem a decisão é o responsável formal pela decisão. É quem responde, em última instância, pela decisão e o destino dela. Essa pessoa tem autoridade para resolver todo impasse no processo decisório e para comprometer a organização a agir. Prática: Uma vez tomada a decisão, um indivíduo ou grupo será responsável por colocá-la em prática, muitas vezes, os mesmos que a recomendaram. O processo mais eficaz é aquele fundado em detalhes específicos, mas simples o bastante para ser adaptado, se necessário. Quando o processo fica moroso, o entrave em geral é devido a um de três pontos problemáticos. O primeiro é a falta de clareza sobre a autoridade pelo D, se mais de uma pessoa julga ser responsável por uma decisão, tal decisão será disputada num cabo-de-guerra. Também é nocivo para a empresa uma situação em que ninguém tome decisões cruciais. O segundo ponto é a proliferação de gente com poder de veto, o que pode tornar dura à vida de quem recomenda. Por fim, gente demais dando input é sinal de que pelo menos parte desses indivíduos não está dando uma contribuição relevante. Quadro 6 - Modelo RAPID de tomada de decisão Fonte: Adaptado de ROGERS e BLENKO (2006). Nutt (1998) destaca que o sucesso ou o fracasso dos diferentes modos que os executivos utilizaram para tomar decisões foram mensurados de acordo com quatro estágios: Determinação de rumo; Identificação da alternativa e seu desenvolvimento; Avaliação. Implementação. Uma pesquisa realizada pelo autor pesquisa mostrou que os executivos tomam decisões de dois modos básicos: por imposição: uma alternativa surge logo no início do processo e não sofre modificação e por descoberta: alternativas são identificadas por meio de procura, projeto ou cópia do que outras pessoas fazem. Rogers e Blenko (2006) ressaltam que ao formular o processo de tomada de decisão, a empresa deve tomar certas providências prática tais como: alinhar papéis de decisão às fontes mais importantes de valor, garantir que decisões sejam tomadas pelas pessoas certas no nível certo da organização e buscar a ajuda daqueles que terão de conviver com a mudança para a formulação de novos processos. Para Robbins (2006) a racionalidade é ampliada mediante a compreensão da incerteza e do risco, a resolução criativa de problemas e a análise quantitativa, Para tanto, as pessoas que vão tomar uma decisão analisam alternativas segundo um dentre três conjuntos de condições: (1) Sob condições de certeza, o tomador de decisão conhece de antemão o resultado das decisões; (2) Sob condições de risco, o tomador de decisão utiliza a experiência pessoal ou informações secundárias para calcular a probabilidade de alternativas ou VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br resultados. (3) Sob uma abordagem racional, para avaliar alternativas sob condições de risco é a do valor esperado, um conceito que permite aos tomadores de decisão atribuir um valor monetário às conseqüências positivas ou negativas que resultariam da seleção de uma alternativa viável. Entretanto, se os tomadores de decisão não dispõem de informações suficientes para selecionar alternativas claras ou calcular seu risco, precisam tomar decisões sob condições de incerteza, para fazer isso, devem recorrer à intuição e à criatividade. Neste contexto, quem toma decisões racionais usa a criatividade para combinar idéias de maneiras novas e fazer associações incomuns entre idéias, tendo em vista que a maioria das pessoas possui potencial para solucionar problemas de modo criativo, mas não aprendeu a liberá-lo. Outro ponto reside nas técnicas quantitativas de decisão, que tem como objetivo ajudar a desenvolver ferramentas racionais e analíticas para que se saiba avaliar objetivamente as alternativas de decisão, tais como as apresentadas por Robbins (2006) no quadro 7: Técnica Análise do Ponto de Equilíbrio. Descrição Este indicador financeiro enfatiza a relação entre receita, custos e lucros e ajuda os tomadores de decisão a determinar se um determinado volume de vendas resultará em prejuízo ou em lucro. A análise do ponto de equilíbrio requer que o tomador de decisão conheça o preço da unidade do produto vendida (P), o custo variável por unidade (CV), e os custos fixos totais (CFT). Retorno sobre o Este critério mede a produtividade dos recursos ou lucros como Investimento uma porcentagem do capital investido e viabiliza comparações entre empresas de ramos iguais ou diferentes. Análise Marginal A análise incremental ou marginal ajuda os tomadores de decisão a otimizar lucros ou minimizar custos. A análise marginal lida mais com o custo adicional do que com o custo médio de uma determinada decisão. Teoria dos Jogos Utilizada para ajudar os tomadores de decisão a licitar contratos, fazer acordos trabalhistas e planos de expansão, esta técnica emprega modelos matemáticas para analisar conseqüências de decisões. O tomador de decisão esboça especificamente como serão tomadas as decisões e atribui probabilidades a todos os resultados possíveis. A análise se concentra em prever se será alcançado um acordo e, se o mesmo ocorrer, qual será sua natureza específica. Programação Linear Esta técnica utiliza métodos gráficos ou algébricos para otimizar a alocação de recursos. Ela supõe que pelo menos duas atividades competirão por recursos escassos e que existe uma relação linear entre o problema e o objetivo. Teoria da Fila Esta técnica é usada para balancear o custo de ter uma fila de espera contra o custo do serviço para manter esta fila. Em situações como a de determinar quantas bombas são necessárias nos postos de gasolina, a teoria da fila pode ajudar a maximizar o serviço e minimizar o custo. Quadro 7 - Técnicas quantitativas de decisão Fonte: Adaptado de ROBBINS (2006). VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Vale ressaltar que os processos de tomada de decisão, que determinam um “sim” ou um “não”, variam enormemente entre as diversas culturas, não apenas no que diz respeito aos aspectos legais, mas também aos comportamentos e crenças básicas. Na experiência de Sebenius (2002) como observador e participante de várias negociações internacionais, o fracasso de acordos promissores simplesmente fracassa porque as pessoas ignoraram ou subestimaram as poderosas diferenças culturais de processo. De acordo com Daft (2006) as decisões administrativas geralmente se encaixam em uma das duas categorias: (1) as decisões programadas que envolvem situações que ocorreram com freqüência para permitir que as regras da decisão sejam desenvolvidas e aplicadas no futuro e; (2) as decisões não programadas que são feitas em resposta às situações singulares, não sendo bem definidas mas bastante desestruturadas, alem de terem conseqüências importantes para a organização. 2.2.1 Critérios para tomada de decisão em gestão de projetos sustentáveis Newton (2011) afirma que a analise e tomada de decisão do gestor de projetos é fator fundamental e decisivo para o sucesso do projeto, pois, ainda que seu planejamento e sua preparação sejam bons e precisos, ocorrerão problemas que exigirão decisões para serem resolvidos. Kerzner (2006) define sucesso em projetos como não só como concretização do prazo programado, dentro do orçamento e com o nível de qualidade desejado, mas sim aliando a essa definição a participação do cliente final. Atualmente, a melhor explicação para definir sucesso, é aquela que mensura em termos de fatores primários e secundários. Encontram-se configurados como fatores primários: no prazo, dentro do orçamento e no nível desejado de qualidade; já como fatores secundários: aceitação pelo cliente, trabalho de acompanhamento, sucesso financeiro, alinhamento estratégico, conduta ética, entre outros. Para o alcance desse sucesso a tomada de decisão torna-se peça chave. Nessa visão Siegelaub (2010) afirma que durante muitos anos os gerentes de projeto foram encorajados a atentarem para a “tripla restrição” a fim de proporcionar um contexto de planejamento, monitoramento e controle de um projeto. Dessa forma o autor propõe a evolução da tripla restrição à sêxtupla restrição, como mostra a figura 7: Figura 7 - Da tripla à sêxtupla restrição em gestão de projetos Fonte: Adaptado de SIEGELAUB (2010). Na figura 8 observa-se a evolução da tripla restrição, na visão de Cohen e Grahan (2005) dos critérios que orientam a tomada de decisão em gestão de projetos de acordo com a abordagem voltada à negócios. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br ABORDAGEM BASEADA NA TRIPLA - RESTRIÇÃO A ABORDAGEM COM VISÃO DE NEGÓCIOS Estratégia Resultado/Produto/ escopo Os processos do projeto Custo Mercado Cronograma/Prazo Custo Finanças Valor econômico Figura 8 - Abordagem da tripla-restrição versus Abordagem com visão de negócios Fonte: Adaptado de COHEN e GRAHAN (2005). Através dessa abordagem pode-se perceber que a percepção está mais focada no pilar econômico do tripé da sustentabilidade, com foco específico em negócios. Já na figura 9 Atkinson (1999), parte novamente da evolução da tripla restrição, para um modelo de critérios alternativos propostos por para orientação na tomada de decisão em gestão de projetos. QUALIDADE CUSTO PRAZO CRITÉRIO TRADICIONAL Sistema de Informação •Qualidade no uso •da informação •Confiabilidade •Manutenabilidade • QUALIDADE • PRAZO • CUSTO Benefícios Organizacionais •Eficiência melhorada •Maiores lucros •Objetivos Estratégicos •Aprendizado organizacional •Diminuição de perdas Benefícios Comunidade •Usuários satisfeitos •Melhores impactos ambientais, sociais e econômicos •Desenvolvimento pessoal e aprendizado profissional CRITÉRIO ALTERNATIVO Figura 9 - Critério alternativo para sucesso em Projetos Fonte: ATKINSON (1999, p. 337-342). Nessa abordagem pode-se compreender a importância de aspectos que englobam e priorizam preceitos sustentáveis na tomada de decisão em projetos, principalmente no que tange os benefícios para comunidade, apresentados acima. 3 METODOLOGIA O presente estudo adotou como procedimentos metodológicos quanto à natureza, a pesquisa qualitativa e quantitativa. Segundo Andrade (2009) as pesquisas qualitativas estimulam os entrevistados a pensarem livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. Já as pesquisas quantitativas são mais adequadas para apurar opiniões e atitudes explícitas e conscientes dos entrevistados. Quanto aos objetivos a pesquisa classifica-se em exploratória e descritiva. A pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maiores informações sobre determinado assunto (ANDRADE 2009). Já as pesquisas descritivas têm como objetivo VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis (GIL, 2009). Já no que ser refere aos procedimentos técnicos à pesquisa configura-se como um estudo de campo, que ainda na visão de Gil (2009) caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. E quanto ao plano de coleta de dados, primeiramente utilizou-se de pesquisa bibliográfica para investigar e compreender conceitos de gestão de projetos, tomada de decisão em gestão de projetos e sustentabilidade. Posteriormente um formulário com perguntas abertas e fechadas foi estruturado, com base nos objetivos do presente estudo, e está sendo aplicado em forma de entrevista aos responsáveis pelas informações pertinentes à pesquisa. O instrumento está sendo aplicado a uma amostra composta pelas dez maiores empresas de construção civil de Santa Maria – RS, de acordo com critérios do Sinduscom de Santa Maria. Após a coleta, os dados serão processados pelo software SPSS 16.0 mediante a utilização das técnicas de estatística descritiva e os resultados analisados sob a ótica do referencial teórico exposto. 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS AFONSO, C. M. Sustentabilidade: caminho ou utopia?. São Paulo: Annablume, 2006. ANDRADE, M. M. de M. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009. ARAÚJO, G. C. de. et al. Sustentabilidade Empresarial: Conceitos e Indicadores. Anais do III Congresso Virtual Brasileiro de Administração – CONVIBRA. Disponível em: <http://www.convibra.com.br/2006/artigos/61_pdf.pdf>. Acesso: 10 abr. 2011. ATKINSON, R. 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