Interdisciplinar: Revista Eletrônica da UNIVAR http://revista.univar.edu.br Ano de publicação: 2015 N°.:13 Vol.1 Págs.52 - 57 ISSN 1984-431X AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS DE EXAMES NA ROTINA DE PACIENTES COM DEFICIÊNCIA RENAL NA PRÉ E PÓS HEMODIÁLISE DO INSTITUTO DE NEFROLOGIA DO ARAGUAIA DE BARRA DO GARÇAS-MT Keila Alves de Souza Costa1, Edson Fredulin Scherer2, Raniana Cecilia Fratari Queiroz3, Bibiane Queiroz Freitas4, Fernando Almeida Lima4, Nicomedes Rodrigues Machado5, Marttonio Rodrigues Nunes5 RESUMO: Este trabalho tem como objetivo geral avaliar os pacientes do Instituto de Nefrologia do Araguaia de Barra do Garças-MT, em tratamento prolongado na rotina pré e pós hemodiálise através dos exames de uréia, creatinina, potássio e hemograma. Foram utilizado metodologias e aparelhos adequados para cada tipo de exame (fotômetro de chama CELM FC180, ABX MICROS 60 e aparelho A15 BioSystems). Conclui-se que há uma porcentagem maior do gênero masculino dialisados, a maioria dos exames pré e pós hemodiálise liberaram resultados com valores alterados para ambos os gêneros. A atuação do farmacêutico na hemodiálise é muito importante para esses dialisados. Palavras-chave: Insuficiência renal; hemodiálise; exames bioquímicos e hematológicos; comparação. ABSTRACT: This work has as main objective to evaluate patients at the Institute of Nephrology of the Araguaia Bar Herons MT in prolonged treatment in pre and post hemodialysis through routine examinations of urea, creatinine, potassium and blood count. Methodologies and appropriate for each type of examination (flame photometer CELM FC180, ABX MICROS 60 unit and A15 BioSystems) devices were used. We conclude that there is a higher percentage of male dialysis, most pre and post hemodialysis released examinations with abnormal results for both genders values. The role of the pharmacist in hemodialysis is very important for those on dialysis. Keywords: renal insufficiency; hemodialysis; biochemical and hematological tests; comparison. 1 Acadêmica do curso de bacharel em Farmácia nas Faculdades Unidas do Vale do Araguaia ([email protected]) Professor orientador nas Faculdades Unidas do Vale do Araguaia.([email protected]) 3 Professora co-orientadora. 4 Acadêmicos colaboradores ([email protected]; [email protected]) 5 Especialistas colaboradores ([email protected]; [email protected]) 2 1. INTRODUÇÃO Os rins são órgãos pares, em formatos de grão de feijão, sua estrutura básica possui mais de um milhão de néfrons e 250 ductos coletores, estes são responsáveis por coletar a urina dos néfrons. Os néfrons são células renováveis, embora com o avanço da idade param de se regenerar. Seu peso varia conforme idade e sexo, sendo que nas mulheres são mais leves (GOMES; TAKAHASCHI, 2012). Os rins possuem várias funções como excreção de potássio, cálcio, fósforo e participam da pressão osmótica, regulação de volumes de excretas, controle da pressão arterial (renina), da eritropoiese, metabólitos de osso e cálcio (GOMES; TAKAHASCHI, 2012). Tem importante papel no controle de água do organismo, tendo contribuição para manter a osmolalidade corpórea entre 285-295 mosmol/kg (ELIAS; ABENSUR, 2007). Na pré-renal, sendo esta considerada o começo da disfunção renal ou insuficiência renal aguda, ocorre aumento da uréia sem acontecer aumento da creatinina, os principais sintomas são oligúria, anuria (diminuição e ausência da produção de urina) e densidade urinaria alta. Na renal ocorre aumento da ureia e creatinina e diminuição da filtração glomerular de substâncias, como consequência do quadro a insuficiência renal se torna crônica. Na pós-renal ocorre a obstrução da função renal, ou seja impedimento da passagem da urina pela via urinaria, deste modo a uréia é reabsorvida devido à disfunção do trato urinário, ocasionando uma uremia (MOTTA, 2009). Com a uremia (elevação da ureia na corrente sanguínea), as toxinas urêmicas acumulam-se, desta forma quem possui insuficiência renal esta predisposto a desenvolver outras patologias, como exemplo, doenças cardiovasculares (RIBEIRO, 2012). 52 Quando a função renal de uma pessoa é comprometida faz com que ocorra acúmulo de produtos metabólicos, elétrons, líquidos e, consequentemente decai o débito urinário, sendo conhecida como Insuficiência Renal Aguda (IRA). A insuficiência renal aguda pode provocar perfusão renal, dano no parênquima, o que leva a pessoa a desenvolver anúria, oligúria, acidose metabólica e síndrome urémica (GOMES; TAKAHASHI, 2012). Dentre os vários fatores que levam à insuficiência renal aguda, podemos citar os fatores intrínsecos, ou seja, locais afetados como os túbulos (contorcido proximal, intermediário ou distal) e glomerular, e os fatores extrínsecos como uso inadequado de medicação (antibióticos) e drogas imunossupressoras como ciclosporina e tacrolimo (SANTOS; CENDOROGLO NETO, 2006). Outras causas são hipovolemia (perda de grande quantidade de volume sanguíneo) e contato com agentes tóxicos (YU, 2011). Já na insuficiência renal crônica (IRC) pode ocorrer uma perda lenta ou progressiva da função renal, levando a danos no organismo como sangue ácido, filtração da uréia e creatinina, estas se acumulam no sangue, aumentando a concentração de fosfato e diminuindo a concentração de cálcio, o que pode deixar o paciente anêmico (GOMES; TAKASHI, 2012). Isso porque os rins perderam a capacidade de produzir eritropoetina (RITTER et al, 2011). Estudo de Hayashi e Nascimento (2010), afirma que a anemia ocorre devido ao nível de hemoglobina estar baixo, em torno de 11 a 12g/dl. A insuficiência renal crônica leva à várias complicações como perda de água, aumento de sódio, insuficiência cardíaca, infecções, hipercalemia e complicações neurológicas (SANTOS; CENDOROGLO NETO, 2006). Com pouca filtração glomerular a insuficiência renal crônica pode ser diagnosticada através de exames e nível de creatinina com amostra de soro sanguíneo (GOMES; TAKASHI, 2012). Os glomérulos filtram sódio e potássio, mas os rins excretam cerca de 10% da carga filtrada de potássio (ELIAS; ABENSUR, 2007). O sódio é excretado através da modulação pelos rins para manter o volume extracelular, se ocorrer aumento desse volume, a excreção urinária de sódio também aumenta. A mesma quantidade de sódio ingerida por uma pessoa precisa ser excretada, para manter o equilíbrio, pois o sódio é distribuído em todo o organismo (RIELLA; PICOITS-FILHO, 2010). De acordo com estudo de Hayashi; Nascimento (2010) uma parte do sódio é liberado pelo suor. Logo se 25.200 mEq de sódio é filtrado por dia, apenas 5% desta quantidade será excretada pela urina. O sódio é o principal responsável pela osmolalidade, com aumento, diminuição ou retenção do mesmo, ocorrerão desordens na homeostase, sendo que sua concentração no plasma vai depender tanto da ingestão quanto da excreção, dessa forma depende da filtração feita pelos rins (MOTTA, 2009) O potássio é um cátion contendo grande concentração intracelular, sendo capitado através da bomba iônica de na+, K+ - ATPase, ao sódio ser excretado. Seu padrão de ingestão varia de 60 a 100m/d, onde é absorvido pelo sistema digestório e excretado uma maior quantidade pelos rins, mesmo estando em pequenas concentrações (MOTTA, 2009). Sua excreção chega em torno de 5% a 15% da quantidade filtrada (SANTOS; CENDOROGLO NETO, 2006). Já para osmolalidade, o sódio e o potássio têm papel fundamental, mas cada um em seu compartimento celular (PACHALY, 2010). A excitação celular depende da participação do potássio para seu completo funcionamento (SANTOS; CENDOROGLO NETO, 2006). A creatinina é produzida pelos rins, fígado e pâncreas (MOTTA, 2010). Para avaliação da função renal e um diagnóstico preciso é muito utilizado a uréia e a creatinina (MACEDO, et al, 2006). De acordo com estudo de Yu (2011), a creatinina é o biomarcador mais confiável para diagnóstico da IRA e para o diagnóstico da disfunção renal o indicativo é a elevação sérica da creatinina (SCHMITT; GLAESER, 2014). A uréia é gerada a partir da conversão dos aminoácidos desaminados, provenientes do catabolismo proteico. O aumento da mesma no plasma pode causar vários tipos de patologias renais e em diferentes locais, como nos glomérulos, túbulos e interstícios (MOTTA, 2009). De acordo com o estudo de Riella; Picoits-Filho (2010), considera–se a uréia o soluto mais osmoticamente ativo, desequilibrando o organismo quando esta é removida rapidamente. Segundo Lydio (2013), existem vários métodos para tratamento da IRC como, diálise peritoneal, hemodiálise e transplante renal, onde estes aliviam os sintomas causados pela patologia e aumenta a longevidade dos pacientes. A diálise envolve processos de absorção, conversão e difusão para depuração de solutos com presença de instabilidade hemodinâmica, com remoção de líquidos e toxinas. A depuração vai depender do peso do paciente para se obter um melhor fluxo de dialisato, que pode variar de 500 a 800 ml por minuto em fluxo sanguíneo de 250 a 350 ml por minuto, em torno de 4 a 6 horas de tratamento, utilizando heparina como anticoagulante, mas pode ser realizada sem anticoagulante em casos de suspeita de sangramento em risco. (DURÃO Jr., et al, 2006). Entre as doenças que mais se destacam no Brasil encontra-se a IRC, as doenças crônicas estão associadas ao envelhecimento da população (ACURCIA et al., 2013). No Brasil tem estimativa de mais de 1.800.000 de pessoas com doenças crônicas, onde cerca de 87.000 passam por tratamento dialítico (BENEDET et al., 2011). Podem ser feitos vários tipos de diagnósticos para IRA e IRC, como aspectos clínicos (oligúria e poliúria), diagnósticos laboratoriais de exames de uroanálise e sanguíneo para verificação de sódio, creatinina, ureia e potássio (DURÃO Jr. et al., 2006). Esta pesquisa se justifica pela crescente prevalência de insuficiência renal no vale Araguaia, sendo de grande importância o conhecimento, prevenção e diagnóstico para que tenham um melhor 53 controle e terapia adequada para o mesmo, possibilitando assim o conhecimento da condição renal de cada paciente voluntário. Isso ajudará na análise do tratamento, pois ao avaliar os exames pré e pós hemodiálise saberá a eficiência da hemodiálise. O presente estudo almeja avaliação dos exames na rotina pré e pós hemodiálise, através de exames de uréia, creatinina, potássio e hemograma como medição de hematócrito e dosagem de hemoglobina em pacientes com tratamentos prolongados no Instituto de Nefrologia do Araguaia de Barra do Garças – MT, bem como avaliando os resultados dos exames feitos com as amostras dos pacientes e comparando-os com resultados de exames de pessoas saudáveis, sem processo de hemodiálise. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de uma pesquisa transversal descritivo, qualitativo e quantitativo de caráter prospectivo. Sendo realizada com pacientes dialisados, na qual foi feito análises de dados laboratoriais de 97 pacientes submetidos à hemodiálise do Instituto de Nefrologia do Araguaia e com 100 amostras de pacientes voluntários, para obtenção de amostras controle. Foram analisados os exames laboratoriais relacionando-os aos exames de potássio, dosagem sérica de uréia (pré e pós hemodiálise), creatinina e hemograma como a medição de hematócrito e dosagem de hemoglobina dos dialisados. Para realização do exame de potássio foi utilizado o aparelho, fotômetro de chama CELM FC180 (Figura 1A), onde este utiliza a metodologia da fotometria de chama. O exame hematológico (dosagem de hemoglobina e medição de hematócrito) foi realizado no aparelho ABX MICROS 60 (Figura 1 B) utilizando metodologia automatizada. Já a metodologia dos exames de uréia (pré e pós hemodiálise) e creatinina foram utilizados metodologia cinética através do aparelho A15 BioSystems (Figura 1 C). Para realização dos exames controles, foi utilizado a mesma metodologia de cada tipo de exame, sendo que a coleta das amostras dos pacientes voluntários foram feitas no próprio Laboratório Central, onde foram realizados os exames dos pacientes dialisados. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO As amostras para análises dos exames laboratoriais foram compostas de 97 pacientes dialisados do Instituto de Nefrologia do Araguaia de Barra do Garças-MT, sendo 38 pacientes do sexo feminino e 59 pacientes masculinos (Figura 02). FIGURA 02. Caracterização dos sujeitos da pesquisa em relação ao sexo dos pacientes do INA. Em relação a idade destes pacientes, variou de 18 a 88 anos e, o maior número de pacientes têm idade entre 48 e 57 anos (Tabela 01). TABELA 01 - Caracterização dos sujeitos da pesquisa em relação a idade dos pacientes do INA IDADE % Nº 18 a 27 anos 2,06 2 28 a 37anos 6,18 6 38 a 47 anos 22,69 22 48 a 57 anos 29,9 29 58 a 67 anos 21,65 21 68 a 77 anos 12,37 12 78 a 88 anos 5,15 5 Os resultados dos parâmetros analíticos obtidos de potássio teve como resultados normais 45,76% e acima do valor de referência 54, 24% para o sexo masculino, para o sexo feminino 44, 74% deram resultados normais e 55,26% acima do valor de referência. Os exames de creatinina tanto para o sexo feminino quanto para o sexo masculino resultaram em 100% acima dos valores de referência (Figura 3). Os resultados de uréia pré hemodiálise (HD) para ambos os sexos, mostraram um valor alto, já a uréia pós hemodiálise para o sexo masculino obteve 44, 06% dos resultados normais, 49,15% baixos e 6,79% elevados, o sexo feminino apresentou 59,90% com resultados normais, 36,84% baixos e 5,26% alto, conforme demonstrado na Figura 3. 54 FIGURA 3. Resultados dos exames bioquímicos dos dialisados do Instituto de Nefrologia do Araguaia de Barra do Garças – MT. A concentração média relacionado à dosagem de hemoglobina (Hb) considerada abaixo do valor de referência para 55,94% do sexo masculino e 60,53% para o sexo feminino, hemoglobina com valor normal para 44,06% do sexo masculino e 39, 47% para o gênero feminino, tendo como resultados de medição de hematócrito (Ht) baixo 76,27% do gênero masculino e nem uma porcentagem do gênero feminino, já como medição de hematócrito acima do valor de referência para 68,42% do gênero feminino, não constando nem uma porcentagem para o gênero masculino e 23,73% do gênero masculino com hematócrito normal e 31,58% do gênero feminino, conforme dados demonstrados na Figura 4. FIGURA 4. Resultados dos exames hematológicos dos dialisados do Instituto de Nefrologia do Araguaia de Barra do Garças – MT. Os exames controles foram compostos de 100 pacientes voluntários, sendo 50 pacientes do sexo feminino e 50 do sexo masculino com idades entre 20 a 70 anos. Todos com resultados dentro dos valores padrões para cada tipo de exame, onde o sexo masculino obteve como resultados bioquímicos de potássio entre 3,5 a 5,0 mmol/L, creatinina 0,6 a 1,2 mg/dL, ureia com 19 a 39 mg/dL. Já Os exames hematológicos como dosagem de hemoglobina de 12,1 a 17,9 g/dL e medição de hematócrito entre 40,2 a 50% . Os resultados dos exames controles das pacientes voluntárias, obtiveram os valores entre 3,5 a 5,0 mmol/L para potássio, creatinina de 0,7 a 1,1 mg/dL e ureia 18 a 39 mg/dL. Os exames hematológicos de dosagem de hemoglobina entre 12,0 a 16,3 g/dL, e medição de hematócrito entre 37 a 44,5%. A insuficiência renal aguda é considerada uma patologia menos agravante aos rins do que a insuficiência renal crônica, porque é reversível, sendo caracterizada pela rápida queda da capacidade dos rins em retirar as substâncias consideradas como resíduos do organismo, o que causa distúrbios eletrólitos e hídricos (SANTOS E MARINHO, 2013). Já a IRC é uma patologia mais agravante aos rins por que é irreversível, ocorrendo a perda parcial ou total dos rins em realizar suas funções como a filtração glomerular (JACOBI, 2013). Assim o organismo precisa ser ajudado a retirar as substâncias não necessárias através de diálises ou hemodiálises. Recente estudo no Brasil, indica que hoje há mais de cem mil pessoas com insuficiência renal, em sessões dialíticas (OLIVEIRA, 2014). No Instituto de Nefrologia do Araguaia de Barra do Garças-MT, no período estudado foi possível observar uma porcentagem maior do gênero masculino sendo 60,82%, em relação ao sexo feminino com 39,18%. De acordo com estudo de Bueno (2013) o fato da porcentagem de homens com insuficiência renal (aguda ou crônica) ser maior que a porcentagem de mulheres com a mesma patologia é devido ao hábito feminino de se submeterem a exames rotineiramente, por causa do cuidado e a preocupação com a saúde. De acordo com estudo de Orlandi; Gesualdo (2014), dos 91.314 brasileiros em tratamento dialítico, cerca de 31,5% destes tem em média 65 anos de idade. De acordo com a Tabela 1 a maior faixa etária dos pacientes dialisados do Instituto de Nefrologia do Araguaia de Barra do Garças, está entre 78 a 88 anos (5,15%), tendo como maior porcentagem, 29,9 % dos dialisados com 48 a 57 anos. Sendo o rim principal órgão produtor da eritropoietina (EPO), e estando este com deficiência para promover suas funções (OLIVEIRA et al., 2013), onde a EPO é um hormônio estimulador da produção de eritrócitos quando há uma baixa oxigenação, a consequência é pacientes com anemia (MARTELLI, 2013). Os pacientes dialisados deste estudo têm problemas de anemia, onde 60,53% do sexo feminino com concentração de hemoglobina abaixo de 12,0g/dl e 55,94% do sexo masculino com valores abaixo de 13,0g/dl, estando relacionado também ao valor de hematócrito alto. Vários sintomas são observados quando uma pessoa está anêmica, os mais comuns são palidez, fraqueza, desânimo e cansaço, devido à falta de oxigenação pela baixa concentração de hemoglobina (CARVALHO, 2008). Os pacientes do INA de ambos os sexos demonstraram resultados de exame de potássio elevados (hipercaliemia), porem o sexo masculino com 54,24% e feminino 55,26% das amostras com valores alterados. De acordo com estudo de Santos, et al (2013), 96,7% (n = 29) das amostras liberaram valores de potássio elevados. Já estudo de Frazão, et al (2013), 64,6% dos dialisados tiveram problemas de hipercalemia, podendo ter decorrido do agravamento da néfropatia, uso de medicação, ou até mesmo excesso na ingestão de alimentos que contem potássio. Os efeitos adversos como distúrbios gastrointestinais e perda de apetite nos dialisados estão associado à síndrome uremica, onde ocorre acidose metabólica associada com uremia, promovendo catabolismo proteico (DOHNER et al, 2014). Neste estudo foi possível observar que 100% dos dialisados tanto do sexo masculino quanto do sexo feminino encontravam-se com uréia acima do valor de referência antes de serem submetidos a hemodiálise, depois da sessão hemodialitica 49,15% do sexo masculino e 36,84% do sexo feminino encontraram-se com ureia baixa, e cerca de 6,79% dos pacientes do sexo masculino e 5,26% do sexo feminino mesmo após a hemodiálise demonstraram uréia com valor alto. Estudo feito por D`amico et al (2013), afirma que dos 55 19,7% da população em diálise no país, 65% tiveram uma remoção baixa de uréia. De acordo com estudo de Dorneles; Oliveira (2009), a uremia chegou ao valor de 150 mg/dl para os pacientes estudados, sendo considerado um valor elevado. Para avaliar a evolução da função renal é feito um monitoramento através de dosagem sérica de creatinina, sendo esta utilizada como um marcador não isolado (BUENO, 2013). O exame de creatinina dos pacientes do Instituto de Nefrologia do Araguaia são feitos a cada três meses, ou quando for necessário, sendo obtido como resultado a elevação da creatinina nos 97 dos dialisados, ou seja, 100% dos pacientes. De acordo com estudo de Novo (2013) a insuficiência renal crônica traz essa consequência bioquímica devido a retenção de substâncias tóxicas derivadas do metabolismo proteico, onde a creatinina e uréia se elevam aos poucos. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se concluir que a associação da disfunção renal com os resultados laboratoriais obtidos já era de se esperar, uma vez que, em virtude da patologia os rins não conseguem exercer suas funções de maneira correta, acarretando alterações como previsto nos exames de potássio, uréia pré hemodiálise e pós hemodiálise, creatinina e hemograma tornando os pacientes mais debilitados. Através dos exames feitos com os pacientes dialisados do INA, foi observado uma grande diferença, sendo que estes liberaram valores altos comparados com os valores padrões. Esse é o primeiro estudo realizado no Instituto de Nefrologia do Araguaia de Barra do Garças-MT, com pacientes pré e pós hemodiálise, para um levantamento de dados desses pacientes em relação as síndromes renais e estabelecendo parâmetros para melhoria da saúde pública. O farmacêutico tem um papel fundamental com os pacientes em sessões dialíticas, principalmente na atenção e orientação farmacêutica bem como no controle de estoque de medicamentos, realização dos exames laboratoriais e liberação dos resultados. 5. AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar a Deus, pela força e coragem durante toda esta longa caminhada, à minha família como meus amados pais (José Alves de Souza e Deijacy Alves de Souza), às minha irmãs (Andreany Alves de Souza e Cleany Alves de Souza) e meu querido marido (Itiel Gomes Costa). Agradeço também ao meu orientador (Edson Fredulin Scherer), à coordenadora do curso de farmácia (Aurea Damaceno Alves), a todos os professores do curso que foram importante na minha vida acadêmica e no desenvolvimento deste artigo. E não deixando de agradecer às minha amigas que conquistei no decorrer do curso (Bibiane Queiróz Freitas, Elizangela, Maria José e Mônica Taíse Dambrós), à Unimed Araguaia e aos profissionais do Laboratório Central de Análises Clinicas. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACURCIA, Francisco de Assis, et al. Análise de custoefetividade dos imunossupressores utilizados no tratamento de manutenção do transplante renal em pacientes adultos no Brasil. CPS- Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 29, p. 592-593, out. 2013. BENEDET, Sabrina Ranconi, et al. Risco cardiovascular na IRC: a realidade dos pacientes submetidos à hemodiálise no município de Criciúma/SC. Revista enfermagem Brasil, São Paulo, v. 10, n. 3, p. 1554-155, jun. 2011. BUENO, Cristiane Schmalz. 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