adesão ao tratamento com anti-retroviral entre pessoas com idade

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FUNDAÇÃO PRÓ-SANGUE HEMOCENTRO DE SÃO PAULO
O Uso do Álcool Gel na Higienização Das Mãos
Na Coleta De Sangue
Diego Antônio de Jesus Oliveira1
Jussara Aparecida Souza do Nascimento2
Leonor Alves de Oliveira3
Vera Thânia Alves Siqueira4
São Paulo
2014
1, 2, 3
Estagiários de Graduação em Enfermagem da coleta interna da Fundação Pró-Sangue Hemocentro de São
Paulo Posto Clínicas.
4
Chefe do Departamento de triagem clínica da Fundação Pró-Sangue Hemocentro de São Paulo Posto Clínicas
O Uso do Álcool Gel na Higienização Das Mãos
Na Coleta De Sangue
The use of alcohol gel for hand hygiene in blood collection
Diego Antônio de Jesus Oliveira
Jussara Aparecida Souza do Nascimento
Leonor Alves de Oliveira
Vera Thânia Alves Siqueira
Resumo
A Higienização das Mãos (HM) é a medida mais simples e menos dispendiosa para prevenir a
propagação das infecções. Essa prática também se aplica nos serviços hemoterápicos visando
diminuir riscos de contaminação, aumentando a segurança do sangue coletado, processado e
transfundido. A HM pode ser realizada com água e sabão ou usando solução alcóolica. Com o
objetivo de relatar a importância do uso do álcool gel na higienização das mãos, na coleta de
sangue em serviços hemoterápicos, foi realizado uma revisão bibliográfica, descritiva e
retrospectiva dos artigos publicados, especializados na área da saúde, nos últimos cinco anos.
Os resultados indicaram que a microbiota transitória da pele pode ser removida através da
fricção das mãos com água e sabão, e ainda mais facilmente, com uso de antisséptico. O álcool
gel a 70% auxilia na redução da contaminação e eleva o índice de adesão ao procedimento de
higienização que, na ausência de sujidade visível, substitui a lavagem das mãos. Concluiu-se,
portanto, que o uso dessa substância é imprescindível na rotina dos serviços hemoterápicos para
diminuição e prevenção de infecções associadas ao processo de coleta do sangue.
Descritores: Lavagem de Mãos, Serviço de Hemoterapia.
Abstract
The Hand Hygiene (HH) is the most simple and less expensive to prevent the spread of
infections related to health care. This practice should be held in haemotherapic services aimed
at reducing risks and increasing safety of blood transfusion of blood collected, processed and
transfused. HM can be carried out using water and soap or alcoholic solution. With the
objective of describing the importance of the use of alcohol gel for hand hygiene in blood
collection services haemotherapic was held literature review, descriptive and retrospective
articles published in specialized health care in the last five years. The results indicated that
transient skin microflora can be removed by rubbing hands with soap and water and more easily
with the use of antiseptic. Alcohol 70% gel helps to reduce the contamination and increase the
level of adhesion to the washing procedure in the absence of visible dirt replaces the hand
washing. It was concluded therefore that the use of this substance is essential in the routine of
haemotherapic to prevent infections related to the process of blood collection.
Keywords: Handwashing, Hemotherapy.
1. INTRODUÇÃO
A higienização das mãos é a medida individual mais simples e menos dispendiosa para
prevenir a propagação das infecções, no meio hospitalar. Recentemente, o termo “lavagem das
mãos” foi substituído por “higienização das mãos” devido à maior abrangência deste
procedimento. (ANVISA, 2012).
Para minimizar danos decorrentes desse tipo de contaminação, são necessárias medidas
de biossegurança que, segundo Oberg et al. (2007), pode ser definida como um conjunto de
atitudes e procedimentos que visam trazer bioproteção a todos os envolvidos numa determinada
atividade como forma de prevenir e minimizar possíveis acidentes ou danos.
Segundo Celere (2011), a prática da hemoterapia vem caracterizando-se, ao longo dos
anos, pelo desenvolvimento e adoção de novas tecnologias visando diminuir os riscos
transfusionais, especialmente, no que diz respeito à prevenção da transmissão de agentes
infecciosos.
Celere (2011) afirma que os efeitos da contaminação microbiana de hemocomponentes
podem ser agravados no ato da transfusão sanguínea e está associada a indivíduos
imunossuprimidos, portadores de doenças oncológicas e/ou hematológicas, que ficam
suscetíveis por apresentarem quadros infecciosos mais graves. Além disso, quadros mais
graves geralmente estão associados com micro-organismos de origem bacteriana como, por
exemplo, Staphylococcus aureus e Staphylococcus epidermidis.
O sangue coletado, processado e transfundido deve apresentar elevada segurança uma
vez que, o hemocomponente é capaz de transmitir patógenos que podem causar diversas
doenças infecciosas ou ainda, diferentes reações transfusionais no receptor. Entende-se por
segurança transfusional o conjunto de medidas adotadas em serviços de hemoterapia que
apresentam como objetivo minimizar os riscos de contaminação aos doadores e receptores de
sangue ou ainda, promovendo à manutenção da qualidade dos estoques de sangue nos serviços
de hemoterapia capazes de suprir adequadamente a demanda transfusional. (CELERE, 2011).
Rodrigues et al. (2008) afirmam que a exposição constante das mãos ao meio ambiente
faz com que a microbiota transitória e permanente, seja constante e bem definida, ressaltando
assim, a importância da manutenção da cadeia asséptica, exigindo a prática da Higienização das
Mãos (HM).
A HM pode ser feita com água e sabão, ou usando álcool gel a 70%. A fricção com
álcool gel a 70% reduz a 1/3 o tempo despendido pelos profissionais de saúde para a higiene das
mãos, facilitando a adesão a esta ação básica de controle. Quanto às desvantagens, é citado o
odor que fica nas mãos e a inflamabilidade. (ANDRIOLO et al., 2010).
2. OBJETIVO
Descrever a importância do uso do álcool gel a 70% na higienização das mãos na coleta
de sangue em serviços hemoterápicos.
3. METODOLOGIA
Este é um estudo bibliográfico, realizado a partir do levantamento da produção
científica.
Segundo Lakatos e Marconi (1987) a pesquisa bibliográfica trata-se do levantamento,
seleção e documentação de toda bibliografia já publicada sobre o assunto que está sendo
pesquisado em livros, enciclopédias, revistas, jornais, folhetos, boletins, monografias, teses,
dissertações e material cartográfico. Pretende-se assim, colocar o pesquisador em contato direto
com todo material já escrito sobre o mesmo.
A coleta de dados foi realizada através de levantamento sistematizado das publicações
científicas sobre o tema da pesquisa, divulgadas nos sistemas de revisão bibliográfica
disponível online. Foram utilizadas as seguintes fontes: MEDLINE (Medical Literature
Analysis and Retrieved System On-Line), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe
em Ciências da Saúde) e SCIELO. Para a busca das publicações pertinentes foram utilizadas as
palavras-chave: Lavagem de Mãos e Serviço de Hemoterapia.
A revisão da literatura abrangeu as publicações dos últimos cinco anos, limitando-se às
divulgadas em língua portuguesa e com texto completo gratuito disponibilizado na homepage
da Biblioteca Virtual em Saúde.
4. RESULTADOS
O termo higienização das mãos engloba a higienização simples, a higienização
antisséptica, a fricção com antisséptico e a antissepsia cirúrgica das mãos. Apresentando as
seguintes finalidades: remoção de sujidade, suor, oleosidade, pelos, células descamativas e da
microbiota da pele, interrompendo a transmissão de infecções veiculadas ao contato; prevenção
e redução das infecções causadas pelas transmissões cruzadas. (ANVISA, 2012).
A pele das mãos alberga, principalmente, duas populações de microrganismos: os
pertencentes à microbiota residente (MR) e à microbiota transitória (MT). A MR é constituída
por microrganismos de baixa virulência, pouco associados às infecções veiculadas pelas mãos.
A MT coloniza a camada mais superficial da pele, o que permite sua remoção mecânica pela
HM com água e sabão, sendo eliminada com mais facilidade quando se utiliza uma solução
antisséptica.
É
representada,
tipicamente,
pelas
bactérias
Gram-negativas,
como
enterobactérias (Ex: Escherichia coli), bactérias não fermentadoras (Ex: Pseudomonas
aeruginosa), além de fungos e vírus. (ANVISA, 2012).
A Organização Mundial da Saúde criou um projeto para controle das infecções
relacionadas à saúde, com foco na higienização das mãos e nesse contexto determinou cinco
momentos que são fundamentais para a higienização das mãos. São eles: antes do contato com a
área do paciente, antes de manipular o paciente, após o risco de exposição a fluidos corpóreos,
após contato com o paciente e após contato com a área próxima ao paciente. (Manual para
Implantação do Projeto: “Mãos Limpas São Mãos Mais Seguras”, 2011).
Segundo Celere (2011), o sangue sempre esteve associado ao conceito de vida na
história da humanidade, desde os povos primitivos, que bebiam o sangue de jovens guerreiros
acreditando que poderiam beneficiar-se de suas qualidades, até os dias atuais, em que a
transfusão de hemocomponentes e hemoderivados é utilizada como medida de suporte e/ou
tratamento indispensável de diversas patologias.
O risco da transmissão de micro-organismos, durante a transfusão do sangue, ainda
permanece como um aspecto relevante na prática hemoterápica atual. Relatos na literatura
envolvendo situações de choque séptico e morte associada à transfusão sanguínea contaminada
com micro-organismos, de origem bacteriana apenas começaram a surgir com evidências mais
fortes no início da década de 90. Hoje, sabe-se que o risco da transfusão contaminada por
bactérias em países desenvolvidos é de 10 a 1.000 vezes maior do que o risco de se transfundir
um concentrado infectado pelo vírus HIV, vírus da Hepatite B e vírus Linfotrópico de
Células-T Humanas (HTLV). Isso demonstra a importância da utilização de medidas de
controle da contaminação bacteriana dos hemocomponentes (Celere, 2011).
A American
Association of Blood Banks(AABB) em 2005, descreveu que a
contaminação bacteriana de concentrados de plaquetas foi considerada a segunda causa mais
comum de morte relacionada com a transfusão nos Estados Unidos. Além disso, ressaltou que
muitos casos ainda são subnotificados pelos serviços de hemoterapia, que pode estar
relacionado com a falta de experiência em caracterizar corretamente a reação transfusional e a
contaminação bacteriana. No Brasil são escassas as publicações contendo dados relacionados
com a contaminação de hemocomponentes, até o momento não foram encontrados dados
relevantes de contaminação bacteriana nos serviços de hemoterapia brasileiros (ANDRADE,
2007).
Rodrigues et al. (2008) afirmam que a constante exposição das mãos ao meio ambiente
faz com que a microbiota transitória e permanente seja constante e bem definida, denotando
assim, a importância crucial na manutenção da cadeia asséptica e exigindo a prática da
Higienização das Mãos (HM).
A fricção com álcool apresenta ação imediata, e mantém sua eficácia por até três horas
da aplicação. O álcool apresenta um amplo espectro de ação envolvendo bactérias, fungos e
vírus, com menor atividade sobre os vírus hidrofílicos não envelopados, particularmente os
enterovírus. (ANDRIOLO et al., 2010).
Andrade (2007) cita ainda que, em relação aos alcoóis, é oportuno destacar que: são
amplamente utilizados nas práticas em saúde como antisséptico da pele de pacientes, na
higienização das mãos de cuidadores e, como desinfetante de artigos e superfícies.
A literatura é vasta no que se refere ao uso da solução alcoólica em procedimentos de
assepsia, especialmente, na higienização das mãos dos profissionais da saúde. Estudos
realizados por ANDRADE (2007) apontaram algumas evidências científicas relacionadas à
higienização das mãos, a saber: o uso da solução alcoólica auxilia na redução da contaminação
das mãos, elevando o índice de adesão ao procedimento de higienização, e consequentemente,
contribuindo para diminuição das taxas de infecção.
Os agentes antissépticos segundo SILVA et al. (2010) são substâncias providas de ação
letal ou que atuam inibindo a reprodução de micro-organismos. São destinados a aplicações em
pele ou mucosa, possuindo baixa causticidade e efeito hipoalergênicos, apresentando espectro
de ação antimicrobiana imediata e efeito residual cumulativo; não podem ser absorvidos de
maneira sistêmica nem causar hipersensibilidade; ou ainda apresentar efeitos indesejáveis,
como:ressecamento irritação, fissuras e odor desagradável.
Para orientar a correta utilização de antissépticos, o Ministério da Saúde publicou a
Portaria 930/92, revogada posteriormente pela Portaria 2.616 MS, que classificam como
princípios ativos e adequados para antissépticos o álcool, as soluções iodadas, as soluções
iodóforas, a clorexidina, o permanganato de potássio e os sais de prata. Cuidados relacionados
ao correto armazenamento, manipulação e identificação das soluções antissépticas, aliadas ao
conhecimento e responsabilidade profissional, auxiliam nos processos de trabalho, revertendo
em melhoria na qualidade da assistência ao cliente (SILVAI et al., 2010).
ANDRIOLO et al.( 2010) orientam que soluções alcoólicas sejam preparadas com base
no peso molecular e não no volume a ser aplicado, afirmando que o álcool a 70% é o que
possui, dentre outras concentrações, a maior eficácia germicida in vitro.
Os alcoóis etílico e isopropílico são os que possuem efeito antisséptico na concentração
de 70%, contudo, o etanol é o mais usado, pois, nessa composição, é possível preservar sua
ação antisséptica e baixar sua inflamabilidade. Esta diluição apresenta excelente atividade
contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, boa atividade contra Mycobacterium
tuberculosis, fungos e vírus, além de ter menor custo.
A fricção das mãos com antisséptico colabora para a redução da carga microbiana das
mãos (não há remoção de sujidades) conforme a ANVISA-2012. A utilização de álcool gel 70%
ou de solução alcoólica a 70% com 1-3% de glicerina pode substituir a higienização com água e
sabão quando as mãos não estiverem visivelmente sujas. A execução deste procedimento
deverá ter a duração de 20 a 30 segundos.
Para Andrade (2007), os aditivos cosméticos ou emolientes no álcool têm contribuído
na aceitabilidade dos profissionais. Contudo, alguns estudiosos recomendam a lavagem das
mãos com água corrente e sabão depois de 5-10 fricções consecutivas com álcool gel. A
instrução da lavagem deve-se ao fato do produto se tornar inativo na presença de sujidade e/ou
matéria orgânica. Sugere-se a lavagem rigorosa das mãos em casos de extrema contaminação e
sujidade visível. Em síntese, a solução alcoólica nas mãos é, particularmente útil na otimização
do tempo em situações de elevado número de pacientes, deficiência de pias, entre outras
condições.
A fricção com álcool gel 70% tem maior aceitabilidade do que a lavagem tradicional das
mãos, mas existem algumas recomendações básicas na literatura que não devem ser ignoradas,
como: evitar a aplicação de álcoois nas mãos sem emoliente, uma vez que os mesmos acarretam
o ressecamento da pele e possíveis lesões. A ação germicida do álcool é quase imediata, assim
preconiza-se o seu uso em procedimentos rápidos, a exemplo da aplicação de injetáveis com a
secagem natural (ANDRADE, 2007).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos resultados encontrados nas bibliografias consultadas foi possível concluir
que o uso dessa substância é imprescindível na rotina dos serviços hemoterápicos para
prevenção de infecções relacionadas ao processo de coleta do sangue, porém a prática da
higienização das mãos não está, ainda, totalmente disseminada e incorporada pelos
profissionais atuantes na área da saúde, devido à falta de conhecimento da sua importância na
execução básica de higiene das mãos.
Para melhoria do quadro sugere-se instalar dispensers de álcool gel nas bancadas de
coleta para facilitar o acesso e promover o uso deste pelos profissionais, contribuindo para a
diminuição da contaminação.
É importante também realizar treinamento e orientações aos funcionários sobre a
importância da utilização do álcool gel na HM, antes e após o contato com o doador,
sensibilizando-os à adesão da prática.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, D. et.al. – Atividade antimicrobiana in vitro do álcool gel a 70% frente às
bactérias hospitalares e da comunidade – Medicina, Ribeirão Preto, 40 (2): 250-4, abr./.jun
2007
ANDRIOLO, Dr. Adagmar et al. Recomendações da Sociedade Brasileira para: COLETA DE
SANGUE VENOSO. 2° Barueri – Sp – Brasil: Manole, 2010. 23-24 p. Disponível em:
<http://www.sbpc.org.br/upload/conteudo/320090814145042.pdf>. Acesso em: 02 maios
2012.
ANVISA (Brasil). HIGIENIZAÇAO DAS MÃOS EM SERVIÇO DE SAÚDE. Disponível em:
<http://www.anvisa.gov.br/hotsite/higienizacao_maos/index.htm>. Acesso em: 20 maio 2012.
CELERE, M.S. – Determinação da atividade antimicrobiana de duas técnicas de antisepsia
cutânea utilizadas em doadores de sangue – 2011. 109 f. pags. 19-21, 25-26. Dissertação
(Mestrado) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. Universidade de São Paulo, Ribeirão
Preto, 2011.
Manual para Implantação do Projeto: “Mãos Limpas São Mãos Mais Seguras” – Divisão de
Infecção Hospitalar – Centro de Vigilância Epidemiológica – Secretaria do Estado de São
Paulo – 2011.
OBERG, J.P. et. al. – Passagem de microorganismos através de luvas de procedimento e luvas
cirúrgicas antes de sua utilização – Revista de Odontologia da UNESP, 2007; 36 (2), 127-130.
RODRIGUES, A.S. et.al. – Opinião dos Profissionais de Saúde Sobre a Lavagem das Mãos em
uma Unidade de Terapia Intensiva – Revista do Hospital Universitário / UFMA, periódico
biomédico de divulgação científica do Hospital Universitário da UFMA, São Luís, MA – 1995.
v. 9, n. 2, P.52-56. 2008.
SILVAI, Amanda de Assunção Teodoro da et al. O USO DAS SOLUÇÕES ANTISSÉPTICAS
NA PRÁTICACLÍNICA DA ENFERMAGEM. Revista de Enfermagem Uerj, Rio de Janeiro,
v.
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3,
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06
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2010.
Disponível
<http://www.facenf.uerj.br/v18n3/v18n3a24.pdf>. Acesso em: 02 maio 2012.
em:
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