Questões comentadas ENEM 2010 – Parte 1 Ciências da Natureza

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Questões comentadas ENEM 2010 – Parte 1
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Caro estudante,
Trazemos para você todas as questões de “Ciências da Natureza e suas tecnologias” das duas
provas do ENEM aplicadas em 2010; ao todo, portanto, são noventa questões! É uma ótima
oportunidade para rever seus conhecimentos e se preparar melhor.
Acompanhe os comentários e resoluções!
Bom aprendizado!
QUESTÃO 01
A cárie dental resulta da atividade de bactérias que degradam os açúcares e os transformam em ácidos que corroem
a porção mineralizada dos dentes. O flúor, juntamente com o cálcio e um açúcar chamado xilitol, age, inibindo esse
processo. Quando não se escova os dentes corretamente e neles acumula-se restos de alimentos, as bactérias que
vivem na boca aderem aos dentes, formando a placa bacteriana ou biofilme. Na placa, elas transformam o açúcar
dos restos de alimentos em ácidos, que corroem o esmalte do dente, formando uma cavidade, que é a cárie. Vale
lembrar que a placa bacteriana se forma mesmo na ausência de ingestão de carboidratos fermentáveis, pois as
bactérias possuem polissacarídeos intracelulares de reserva.
Disponível em: http://www.diariodasaude.com.br.
Acesso em: 11 ago. 2010 (adaptado).
* cárie: destruição de um osso por corrosão progressiva.
* cárie dentária: efeito da destruição da estrutura dentária por bactérias.
HOUAISS, Antônio. Dicionário eletrônico. Versão 1.0. Editora Objetiva, 2001 (adaptado).
A partir da leitura do texto, que discute as causas do aparecimento de cáries, e da sua relação com as informações
do dicionário, conclui-se que a cárie dental resulta, principalmente, de
(A) falta de flúor e de cálcio na alimentação diária da população brasileira.
(B) consumo exagerado do xilitol, um açúcar, na dieta alimentar diária do indivíduo.
(C) redução na proliferação bacteriana quando a saliva é desbalanceada pela má alimentação.
(D) uso exagerado do flúor, um agente que em alta quantidade torna-se tóxico à formação dos dentes.
(E) consumo excessivo de açúcares na alimentação e má higienização bucal, que contribuem para a proliferação de
bactérias.
Comentários
O flúor e o xilitol inibem a ação das bactérias; não estimulam nem atacam os dentes. O texto não cita a
influência da saliva no processo. O consumo de açúcares, sim, é uma das causas, bem como a má
higienização bucal, uma vez que mesmo na ausência de carboidratos fermentáveis, as bactérias
conseguem carboidratos de suas próprias reservas para metabolizá-los, transformando-os em ácidos, que
atacam os dentes, formando as cáries.
Grau de dificuldade – Fácil.
A leitura cuidadosa do texto permite ao candidato chegar à resposta certa. Certamente conhecimentos
sobre fermentação ajudam a ter certeza da escolha.
Resposta
(E) consumo excessivo de açúcares na alimentação e má higienização bucal, que contribuem para a
proliferação de bactérias.
QUESTÃO 02
A vacina, o soro e os antibióticos submetem os organismos a processos biológicos diferentes. Pessoas que viajam
para regiões em que ocorrem altas incidências de febre amarela, de picadas de cobras peçonhentas e de
leptospirose e querem evitar ou tratar problemas de saúde relacionados a essas ocorrências devem seguir
determinadas orientações.
Ao procurar um posto de saúde, um viajante deveria ser orientado por um médico a tomar preventivamente ou como
medida de tratamento
(A) antibiótico contra o vírus da febre amarela, soro antiofídico caso seja picado por uma cobra e vacina contra a
leptospirose.
(B) vacina contra o vírus da febre amarela, soro antiofídico caso seja picado por uma cobra e antibiótico caso entre
em contato com a Leptospira sp.
(C) soro contra o vírus da febre amarela, antibiótico caso seja picado por uma cobra e soro contra toxinas
bacterianas.
(D) antibiótico ou soro, tanto contra o vírus da febre amarela como para veneno de cobras, e vacina contra a
leptospirose.
(E) soro antiofídico e antibiótico contra a Leptospira sp e vacina contra a febre amarela caso entre em contato com o
vírus causador da doença.
Comentários
A questão avalia se o estudante diferencia os conceitos e as situações de uso do “soro”, da “vacina” e do
“antibiótico”. A vacinação é uma providência preventiva, aconselhada no caso de uma viagem para regiões
onde a febre amarela, por exemplo, seja comum. A vacina induz o organismo a produzir os anticorpos. Já
o soro antiofídico é aplicado apenas em caso de acontecer um ataque de cobra venenosa, pois o soro já
contém os anticorpos prontos, não sendo necessário ao organismo fabricá-los. Como os venenos de
serpentes costumam ter elevada toxidade, o organismo atacado pode não ter tempo suficiente para
fabricar os anticorpos e pode vir a óbito. Já os antibióticos são utilizados nos casos de infecções de origem
bacteriana, como é o caso da leptospirose, mas não podem ser utilizados indiscriminadamente, nem
mesmo preventivamente. O uso de antibióticos exige orientação para utilização correta, pois pode
estimular o desenvolvimento de bactérias ainda mais resistentes, levando o paciente a ter que tomar
antibióticos cada vez mais fortes. Os antibióticos também afetam as bactérias benéficas do corpo humano,
em especial as que estão presentes no sistema digestório, constituindo a “flora intestinal”.
Grau de dificuldade – Médio.
O estudante precisa diferenciar bem os conceitos e utilização do “soro”, da “vacina” e do “antibiótico” para
não se confundir com as opções de resposta. O assunto “imunidade” é um dos mais recorrentes no ENEM.
Resposta
(B) vacina contra o vírus da febre amarela, soro antiofídico caso seja picado por uma cobra e antibiótico
caso entre em contato com a Leptospira sp.
QUESTÃO 03
As cidades industrializadas produzem grandes proporções de gases como o CO 2, o principal gás causador do efeito
estufa. Isso ocorre por causa da quantidade de combustíveis fósseis queimados, principalmente no transporte, mas
também em caldeiras industriais. Além disso, nessas cidades concentram-se as maiores áreas com solos asfaltados
e concretados, o que aumenta a retenção de calor, formando o que se conhece por “ilhas de calor”. Tal fenômeno
ocorre porque esses materiais absorvem o calor e o devolvem para o ar sob a forma de radiação térmica.
Em áreas urbanas, devido à atuação conjunta do efeito estufa e das “ilhas de calor”, espera-se que o consumo de
energia elétrica
(A) diminua devido à utilização de caldeiras por indústrias metalúrgicas.
(B) aumente devido ao bloqueio da luz do sol pelos gases do efeito estufa.
(C) diminua devido à não necessidade de aquecer a água utilizada em indústrias.
(D) aumente devido à necessidade de maior refrigeração de indústrias e residências.
(E) diminua devido à grande quantidade de radiação térmica reutilizada.f
Comentários
Nas regiões metropolitanas, costuma-se formar “ilhas de calor” por aquecimento do asfalto e concreto,
que, por sua vez, aquecem o ar, elevando a temperatura média local. A diminuição cada vez maior das
áreas verdes para dar lugar aos carros acentua o problema. Para diminuir a sensação de calor, as
indústrias e residências aumentam o número e a potência de seus sistemas de refrigeradores, que ficam
ligados mais horas por dia.
Vale lembrar que a água distribuída para residências e indústrias também fica alguns graus mais quentes
e os chuveiros podem utilizar uma potência menor, regulados para “verão” durante mais dias por ano do
que, no caso, das regiões rurais. Mas essa utilização é apenas em alguns minutos por dia, ao contrário
dos aparelhos e sistemas de refrigeração, que ficam ligados o tempo todo.
O assunto das “ilhas de calor” e do aumento do consumo de energia nos dias mais quentes é bastante
comum nas provas do ENEM. Além disso, nas épocas mais quentes do ano, são comuns as notícias
informando sobre o aumento nas vendas de ventiladores e refrigeradores, confirmando o aumento no
consumo de energia elétrica.
Os gases de efeito estufa não bloqueiam a luz solar. Ao contrário, acumulam a energia solar na forma de
ondas de infravermelho, que são refletidas do solo, rebatendo-as de volta, da atmosfera para o solo.
Grau de dificuldade – Fácil.
As alternativas que falam em aumento de consumo são apenas duas (B e D) e a alternativa B está,
evidentemente, errada.
Resposta
(D) aumente devido à necessidade de maior refrigeração de indústrias e residências.
QUESTÃO 04
O fósforo, geralmente representado pelo íon de fosfato (PO43 ) , é um ingrediente insubstituível da vida, já que é parte
constituinte das membranas celulares e das moléculas do DNA e do trifosfato de adenosina (ATP), principal forma de
armazenamento de energia das células. O fósforo utilizado nos fertilizantes agrícolas é extraído de minas, cujas
reservas estão cada vez mais escassas. Certas práticas agrícolas aceleram a erosão do solo, provocando o
transporte de fósforo para sistemas aquáticos, que fica imobilizado nas rochas. Ainda, a colheita das lavouras e o
transporte dos restos alimentares para os lixões diminuem a disponibilidade dos íons no solo. Tais fatores têm
ameaçado a sustentabilidade desse íon.
Uma medida que amenizaria esse problema seria:
(A) Incentivar a reciclagem de resíduos biológicos, utilizando dejetos animais e restos de culturas para produção de
adubo.
(B) Repor o estoque retirado das minas com um íon sintético de fósforo para garantir o abastecimento da indústria de
fertilizantes.
(C) Aumentar a importação de íons fosfato dos países ricos para suprir as exigências das indústrias nacionais de
fertilizantes.
(D) Substituir o fósforo dos fertilizantes por outro elemento com a mesma função para suprir as necessidades do uso
de seus íons.
(E) Proibir, por meio de lei federal, o uso de fertilizantes com fósforo pelos agricultores, para diminuir sua extração
das reservas naturais.
Comentários
Repor o estoque de fósforo das minas com fósforo sintético é uma proposta absurda. Aumentar a
importação de fósforo de “países ricos” não é uma alternativa económica. Substituir o fósforo por outro
elemento é uma afirmativa também absurda, do ponto de vista químico e biológico, pois não há
substituição possível para elementos químicos essenciais. Proibir o uso de fertilizantes com fósforo para
poupá-lo é, igualmente, um absurdo, pois limitaria a produção de alimentos. A reciclagem dos resíduos
biológicos é a única alternativa válida, pois os dejetos animais e os restos de culturas produzem adubo de
qualidade, rico em fósforo, disponível nos locais de cultivo.
Grau de dificuldade – Fácil.
As alternativas de A até D estão claramente erradas, contendo afirmações absurdas, pelas quais o
estudante atento dificilmente se deixará enganar.
Resposta
(A) Incentivar a reciclagem de resíduos biológicos, utilizando dejetos animais e restos de culturas para
produção de adubo.
QUESTÃO 05
O texto “O vôo das Folhas” traz uma visão dos índios Ticunas para um fenômeno usualmente observado na natureza:
O vôo das Folhas
Com o vento
as folhas se movimentam.
E quando caem no chão
ficam paradas em silêncio.
Assim se forma o ngaura. O ngaura cobre o chão da
floresta, enriquece a terra e alimenta as árvores.
As folhas velhas morrem para ajudar o crescimento das folhas novas.
Dentro do ngaura vivem aranhas, formigas, escorpiões,
centopeias, minhocas, cogumelos e vários tipos de
outros seres muito pequenos.
As folhas também caem nos lagos, nos igarapés e igapós.
A natureza segundo os Ticunas / Livro das Árvores.
Organização Geral dos Professores Bilíngues Ticunas, 2000.
Na visão dos índios Ticunas, a descrição sobre o ngaura permite classificá-lo como um produto diretamente
relacionado ao ciclo
(A) da água.
(B) do oxigênio.
(C) do fósforo.
(D) do carbono.
(E) do nitrogênio.
Comentários
Essa é uma das questões mais interessantes da prova; e até parece simples, mas não é. O ngaura, na
linguagem dos índios Ticuna, é o solo. Mas o solo é rico em vários nutrientes e a questão pede para o
estudante escolher entre a água (uma substância composta) e outros elementos químicos para
caracterizar o ciclo descrito no texto. Na verdade, todos esses elementos e a água estão presentes no
solo, sem dúvida nenhuma. Resta escolher o que melhor se encaixa.
O ciclo da água dentro da planta não depende das folhas secas que caem no solo. Há participação da
água na decomposição das folhas no solo, pois os microorganismos decompositores dependem de
umidade.
O oxigénio (8O) é mais importante para a planta, na forma de gás (O2), nos ciclos da respiração e também
como subproduto da fotossíntese; mas ambos são processos não diretamente ligados ao solo e às folhas
que caem no solo. Logicamente o oxigénio está presente também nas outras substâncias orgânicas, como
os carboidratos, que sofrem decomposição no solo; mas essa decomposição é mais caracterísitica do ciclo
do carbono, em que o oxigénio está inserido, do que propriamente do oxigênio.
O ciclo do fósforo está ligado quase que exclusivamente ao ânion fosfato (PO43-), a forma inorgânica mais
comum do fósforo (15P), que não sofre grandes alterações dentro e fora da planta, e depende de estar em
solução aquosa para ser consumido pelas raízes. Sua presença no solo é importante, pois é um
macronutriente, mas não é o único. Seu ciclo não envolve a atmosfera, pois o fósforo não se transforma
em gás, estando sempre aquoso ou sólido.
O ciclo do nitrogénio (7N) envolve a atmosfera, sendo que depende da presença de bactérias fixadoras do
nitrogénio nas raízes ou de raios, durante as tempestades, para que o gás nitrogénio (N2) seja convertido
em óxidos (N2O3 e N2O5) e íons nitrito (NO21-) e nitrato (NO31-) para ser absorvido.
O solo adubado também é rico em nitrato proveniente de matéria orgânica em decomposição, assim como
rico em fósforo na forma de fosfato.
O ciclo do carbono envolve a atmosfera, tanto na respiração quanto na fotossíntese. Além da atmosfera,
as substâncias orgânicas presentes nas folhas são degradadas por insetos e microorganismos em
substâncias orgânicas e minerais de mais fácil absorção pelas raízes. O húmus (matéria orgânica em
decomposição) é constituído de matéria orgânica em processo de decomposição.
Assim, os melhores “candidatos” à resposta certa são “nitrogénio”, “fósforo” e “carbono”, considerando sua
importância para as plantas. Como os ciclos do nitrogênio e do carbono envolvem a atmosfera e ela não
foi “citada” pelos Ticunas, o fósforo seria um forte candidato, por exclusão. Mas a questão trata também da
presença de insetos e de outros seres que vivem no solo. O elemento cujo ciclo fornece energia para
estes seres é o carbono, na forma dos carboidratos ainda não totalmente decompostos.
Grau de dificuldade – Difícil.
Todas as alternativas parecem corretas, à primeira vista, e precisam de uma análise cuidadosa para uma
boa escolha. Mesmo assim, a questão deixa dúvidas sobre qual seria a resposta certa ou a “melhor”
resposta.
Resposta
(D) do carbono.
QUESTÃO 06
A lavoura arrozeira na planície costeira da região sul do Brasil comumente sofre perdas elevadas devido à
salinização da água de irrigação, que ocasiona prejuízos diretos, como a redução de produção da lavoura. Solos com
processo de salinização avançado não são indicados, por exemplo, para o cultivo de arroz. As plantas retiram a água
do solo quando as forças de embebição dos tecidos das raízes são superiores às forças com que a água é retida no
solo.
WINKEL, H.L.; TSCHIEDEL, M. Cultura do arroz: salinização de solos em cultivos de arroz.
Disponível em: http//agropage.tripod.com/saliniza.hml.
Acesso em: 25 jun. 2010 (adaptado)
A presença de sais na solução do solo faz com que seja dificultada a absorção de água pelas plantas, o que provoca
o fenômeno conhecido por seca fisiológica, caracterizado pelo(a)
(A) aumento da salinidade, em que a água do solo atinge uma concentração de sais maior que a das células das
raízes das plantas, impedindo, assim, que a água seja absorvida.
(B) aumento da salinidade, em que o solo atinge um nível muito baixo de água, e as plantas não têm força de sucção
para absorver a água.
(C) diminuição da salinidade, que atinge um nível em que as plantas não têm força de sucção, fazendo com que a
água não seja absorvida.
(D) aumento da salinidade, que atinge um nível em que as plantas têm muita sudação, não tendo força de sucção
para superá-la.
(E) diminuição da salinidade, que atinge um nível em que as plantas ficam túrgidas e não têm força de sudação para
superá-la.
Comentários
A osmose é um fenómeno inorgânico extremamente importante para os organismos vivos, em que uma
membrana semipermeável deixa passar água e impede a passagem de íons. As membranas das células
responsáveis pela absorção de água do solo possuem essa característica. A água tende a passar de um
meio menos rico em íons (menos salinizado) para um meio mais rico em íons (mais salinizado), tendendo
a equilibrar a concentração de íons dos dois lados da membrana. Se o solo é mais carregado de íons que
o interior das células das raízes, a água tende a sair da célula, ao invés de entrar nela; o que provoca,
então, a “seca fisiológica” ou desidratação da planta, mesmo ela estando em solo úmido.
Grau de dificuldade – Fácil.
O estudante familiarizado com fenómeno da osmose não terá dificuldades para resolver a questão. Além
disso, o enunciado dá pistas importantes que permitem eliminar as alternativas que falam em diminuição
de salinidade (opções C e E).
Resposta
(A) aumento da salinidade, em que a água do solo atinge uma concentração de sais maior que a das
células das raízes das plantas, impedindo, assim, que a água seja absorvida.
QUESTÃO 07
Sob pressão normal (ao nível do mar), a água entra em ebulição à temperatura de 100 ºC. Tendo por base essa
informação, um garoto residente em uma cidade litorânea fez a seguinte experiência:
 Colocou uma caneca metálica contendo água no fogareiro do fogão de sua casa.
 Quando a água começou a ferver, encostou cuidadosamente a extremidade mais estreita de uma seringa de
injeção, desprovida de agulha, na superfície do líquido e, erguendo o êmbolo da seringa, aspirou certa quantidade de
água para seu interior, tapando-a em seguida.
 Verificando após alguns instantes que a água da seringa havia parado de ferver, ele ergueu o êmbolo da seringa,
constatando, intrigado, que a água voltou a ferver após um pequeno deslocamento do êmbolo.
Considerando o procedimento anterior, a água volta a ferver porque esse deslocamento
(A) permite a entrada de calor do ambiente externo para o interior da seringa.
(B) provoca, por atrito, um aquecimento da água contida na seringa.
(C) produz um aumento de volume que aumenta o ponto de ebulição da água.
(D) proporciona uma queda de pressão no interior da seringa que diminui o ponto de ebulição da água.
(E) possibilita uma diminuição da densidade da água que facilita sua ebulição.
Comentários
Essa é uma questão típica de variação de pressão atmosférica, que altera o ponto de ebulição de um
líquido. O experimento é bem conhecido; mas é mais facilmente executado com acetona ou com éter, por
não precisar de aquecimento.
A água e qualquer outro líquido podem evaporar, passando para o estado gasoso de forma bem lenta.
Mas a “ebulição” ou “fervura” só acontece, quando a pressão exercida contra a atmosfera pelas moléculas
da superfície do líquido (pressão de vapor do líquido) se iguala à pressão exercida pelo peso do ar
(pressão atmosférica). No caso de uma cidade litorânea, como a altitude é zero, a pressão atmosférica é
maior, sendo necessária uma maior temperatura para ferver a água (100ºC). Em outra localidade com
altitude elevada, o peso do ar é menor por haver uma coluna de ar menor sobre a cidade; e a água ferve a
uma temperatura menor, pois não é necessário aquecê-la tanto para superar um menor obstáculo.
Quando o garoto armazena um pouco de água na seringa, em um primeiro momento, a pressão interna é
a mesma que a pressão atmosférica externa; e a água para de ferver porque esfriou um pouco ao ser
retirada da caneca. Mas, quando o garoto puxa o êmbolo da seringa, ele aumenta o espaço disponível
para o ar interno, diminuindo a pressão atmosférica interna; ou seja, o obstáculo à ebulição se torna
menor, favorecendo a ebulição do líquido, mesmo que a água esteja em uma temperatura inferior a 100ºC.
Grau de dificuldade – Médio.
O assunto é discutido desde o 9º ano do Ensino Fundamental, e, principalmente, no 1º ano do Ensino
Médio. Considerando apenas isso, o estudante deve tê-lo compreendido bem.
Mas o mecanismo da ebulição exige um raciocínio complexo, principalmente porque não estamos
acostumados a perceber quando e o quanto a pressão atmosférica atua, já que a sentimos o tempo todo
na nossa pele, equilibrada pela pressão interna do nosso corpo. Ao contrário do que sentimos e
imaginamos, o valor da pressão atmosférica é imenso, cerca de 1kg/cm2.
A influência da “pressão atmosférica” como obstáculo à ebulição e a existência de uma “pressão de
vapor”, que se manifesta na superfície do líquido, são as maiores dificuldades para o estudante entender o
mecanismo da ebulição.
A diminuição da pressão atmosférica é, na verdade, a diminuição do obstáculo à ebulição; ou, em outras
palavras, o ar acima do líquido ficou mais “leve”. Nessas condições, não é necessário aquecer tanto o
líquido para se produzir uma pressão de vapor capaz de “empurrar” o ar acima do líquido, que ferve,
então, a uma temperatura menor. Desse modo, a diminuição da pressão atmosférica diminui o ponto de
ebulição.
Resposta
(D) proporciona uma queda de pressão no interior da seringa que diminui o ponto de ebulição da água.
QUESTÃO 08
O despejo de dejetos de esgotos domésticos e industriais vem causando sérios problemas aos rios brasileiros. Esses
poluentes são ricos em substâncias que contribuem para a eutrofização de ecossistemas, que é um enriquecimento
da água por nutrientes, o que provoca um grande crescimento bacteriano e, por fim, pode promover escassez de
oxigênio.
Uma maneira de evitar a diminuição da concentração de oxigênio no ambiente é:
(A) Aquecer as águas dos rios para aumentar a velocidade de decomposição dos dejetos.
(B) Retirar do esgoto os materiais ricos em nutrientes para diminuir a sua concentração nos rios.
(C) Adicionar bactérias anaeróbicas às águas dos rios para que elas sobrevivam mesmo sem o oxigênio.
(D) Substituir produtos não degradáveis por biodegradáveis para que as bactérias possam utilizar os nutrientes.
(E) Aumentar a solubilidade dos dejetos no esgoto para que os nutrientes fiquem mais acessíveis às bactérias.
Comentários
(A) Aquecer as águas dos rios provocaria, ainda mais, a saída do oxigênio (O2) dissolvido na água para a
atmosfera, agravando o problema. Um aquecimento de 2,5ºC na temperatura da água de um lago ou de
um rio já é considerado “poluição térmica”, podendo gerar a morte de peixes e outros organismos por falta
de oxigênio dissolvido.
(B) O tratamento do esgoto, antes que seja lançado nos rios, retira do esgoto os nutrientes que estimulam
a multiplicação das bactérias. Com menor atividade bacteriana nas águas, o nível de oxigênio dissolvido
tende a permanecer normal.
(C) Adicionar bactérias anaeróbicas não resolveria a reposição ou manutenção do oxigênio dissolvido ao
nível normal.
(D) As substâncias eutrofizantes, presentes no esgoto, são biodegradáveis. Substâncias não degradáveis
são poluentes, sim, mas não sofrem ação das bactérias decompositoras e, portanto, não influenciam nos
níveis de oxigênio dissolvido.
(E) Aumentar a solubilidade dos dejetos aumenta a rapidez de consumo do oxigênio dissolvido pelas
bactérias.
Grau de dificuldade – Médio.
Embora importantíssimo do ponto de vista ambiental, a eutrofização não é um assunto simples. A
quantidade de oxigênio dissolvido nos ambientes aquáticos naturais é um dos fatores mais importantes
para a preservação desses ecossistemas, e a eutrofização é a causa principal da queda dos níveis de
oxigenação nos rios brasileiros, que recebem grande volume de esgoto sem tratamento. A “poluição
térmica” (opção A) causada por águas quentes de indústrias lançadas nos rios é muito pouco discutida e
comentada, mas tão danosa quanto a eutrofização. O estudante precisa estar inteirado das propriedades
dos sistemas gás-líquido e dos processos biológicos de decomposição para responder corretamente à
questão.
Resposta
(B) Retirar do esgoto os materiais ricos em nutrientes para diminuir a sua concentração nos rios.
QUESTÃO 09
Ziegler, M.F. Energia Sustentável. Revista IstoÉ. 28 abr. 2010.
A fonte de energia representada na figura, considerada uma das mais limpas e sustentáveis do mundo, é extraída do
calor gerado
(A) pela circulação do magma no subsolo.
(B) pelas erupções constantes dos vulcões.
(C) pelo sol que aquece as águas com radiação ultravioleta.
(D) pela queima do carvão e combustíveis fósseis.
(E) pelos detritos e cinzas vulcânicas.
Comentários
A energia tratada pela questão é a “geotérmica”, o calor da Terra. O magma que circula mais próximo da
superfície em algumas regiões do planeta aquece a água de lençóis freáticos e o vapor que é liberado na
superfície pode ser utilizado como fonte de energia para girar turbinas, gerando energia elétrica.
Grau de dificuldade – Fácil.
A ilustração e os seus textos explicativos fornecem as informações necessárias para o acero da questão.
Resposta
(A) pela circulação do magma no subsolo.
QUESTÃO 10
No ano de 2000, um vazamento em dutos de óleo na baía de Guanabara (RJ) causou um dos maiores acidentes
ambientais do Brasil. Além de afetar a fauna e a flora, o acidente abalou o equilíbrio da cadeia alimentar de toda a
baía. O petróleo forma uma película na superfície da água, o que prejudica as trocas gasosas da atmosfera com a
água e desfavorece a realização de fotossíntese pelas algas, que estão na base da cadeia alimentar hídrica. Além
disso, o derramamento de óleo contribuiu para o envenenamento das árvores e, consequentemente, para a
intoxicação da fauna e flora aquáticas, bem como conduziu à morte diversas espécies de animais, entre outras
formas de vida, afetando também a atividade pesqueira.
LAUBIER, L. Diversidade da Maré Negra. In: Scientific American
Brasil 4(39), ago. 2005 (adaptado).
A situação exposta no texto e suas implicações
(A) indicam a independência da espécie humana com relação ao ambiente marinho.
(B) alertam para a necessidade do controle da poluição ambiental para redução do efeito estufa.
(C) ilustram a interdependência das diversas formas de vida (animal, vegetal e outras) e o seu habitat.
(D) indicam a alta resistência do meio ambiente à ação do homem, além de evidenciar a sua sustentabilidade mesmo
em condições extremas de poluição.
(E) evidenciam a grande capacidade animal de se adaptar às mudanças ambientais, em contraste com a baixa
capacidade das espécies vegetais, que estão na base da cadeia alimentar hídrica.
Comentários
O homem não é independente do ambiente marinho, uma vez que até a atividade pesqueira foi citada
como prejudicada pelo derramamento de óleo. A questão não trata do efeito estufa, que é causado pela
queima de combustíveis fósseis, e não pelo derramamento do petróleo na água. O texto trata da
vulnerabilidade do ambiente em relação aos acidentes causados pelo homem, evidenciando a dificuldade
de adaptação de plantas e animais à presença de grandes quantidades de petróleo na água, bem como
sua interdependência com o habitat.
Grau de dificuldade – Fácil.
As opções erradas são muito evidentes para o estudante atento.
Resposta
(C) ilustram a interdependência das diversas formas de vida (animal, vegetal e outras) e o seu habitat.
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