manifestacao bucal da cisticercose - TCC On-line

MANIFESTAÇÃO BUCAL DA CISTICERCOSE
EXPRESSION OF ORAL CYSTICERCOSIS
Ketlin Loyola1; Ana Claudia Galvão de Aguiar Koubik2
1 Pós-graduanda do Curso de Especialização de Radiologia Odontológica e Imaginologia da
Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba-PR).
2MSc, Professora Orientadora do Curso de Especialização de Radiologia Odontológica e
Imaginologia da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba-PR).
Endereço para correspondência: [email protected]
RESUMO:
A infestação parasitária pela tênia do porco(taenia solium) durante sua fase larval,o
cisticerco, é chamada cisticercose. A taenia solium habita o intestino delgado humano de
indivíduos que ingeriram carne de porco crua ou mal cozida infectada. Os seres humanos podem
servir como hospedeiro definitivo ou intermediário. Não há predileção por faixa etária ou
gênero,sendo mais evidente no tecido cerebral,tecido subcutâneo, músculos e no olho.A infecção
de cisticercose, quando afeta a região bucal, pode ser visíve lem língua, mucosa labial,mucosa
bucal e palato, devendo-se salientar que a incidência exata de cisticercose bucal ainda é
desconhecida, tanto que por ser uma doença rara, seu diagnóstico preciso nem sempre é
estabelecido. O objetivo do presente estudo foi verificar a infecção de cisticercose na cavidade
bucal, pois o diagnóstico errôneo pode conduzir a outra enfermidade com diagnóstico similar.
Palavras chaves:cisticercose, cisticercose bucal, taenia solium.
ABSTRACT:
Parasitic infection by the pig tapeworm ( taeniasolium ) during their larval stage , the cysticercus is
called cysticercosis. The taeniasolium in habits the human small intestine of individuals who ate
raw pork or undercooked infected . Humans can serve as final or intermediate host . No preference
by age group or gender, being more evident in brain tissue, subcutaneous tissue, muscles and
eyes . Infection of cysticercosis , when it affects the oral region , may be visible in language , labial
mucosa , buccal mucosa and palate should be noted that the exact incidence of oral cysticercosis
is still unknown, so much for being a rare disease , its diagnosis need not always established. The
proposition of this study was to verify the infection of cysticercosis in the oral cavity , because misdiagnosis
can lead to other diseases with similar diagnosis.
Keywords:cysticercosis ,oral cysticercosis, taeniasolium
1
auto-contaminação ou contato direto com
1 INTRODUÇÃO
outro humano infectado, refazendo todo o
A
cisticercose
é
a
infestação
ciclo de vida da taenia solium.2
parasitária pela tênia do porco(taenia
A cisticercose pode ser observada
solium) durante sua fase larval. A taenia
em qualquer faixa etária, sendo mais
solium é um cestóide hermafrodita que
freqüente entre a terceira e quarta
habita o intestino delgado humano de
décadas de vida ou entre a terceira e
indivíduos que ingeriram carne de porco
quinta décadas de vida.3
O contágio inicial da cisticercose
crua ou mal cozida infectada com as
suas larvas viáveis (cisticercos).Depois
normalmente
de três meses, a tênia adulta está
Outros tecidos afetados em ordem de
formada eliminando seus ovos com as
incidência
fezesque podem permanecer viáveis por
coração, fígado, pulmões e o peritônio,
muito tempo na água, no solo e na
devendo-se salientar que a incidência
vegetação. A cisticercose se desenvolve
exata de cisticercose bucal ainda é
quando os ovos são ingeridos por seres
desconhecida.No entanto, a incidência é
humanos e suínos.
1
são
o
via
subcutânea.
cérebro,
músculo,
muito rara e um diagnóstico clínico
Os seres humanos podem servir
como
ocorre
hospedeiro
definitivo
ou
correto
e
preciso
é
difícil
de
ser
estabelecido, pois geralmente a doença é
intermediário da taenia solium adulta.
confundida
Esse estado definitivo é estabelecido
benignos.4
com
outros
edemas
através de um ciclo iniciado com a
O objetivo do presente estudo foi
ingestão de larvas de taenia solium do
realizar uma revisão da literatura sobre a
preparo de carne de porco crua ou mal
cisticercose, ressaltando sua possível
cozida. Apesar do ciclo se finalizar como
presença na cavidade bucal, discutindo
desenvolvimento da tênia adulta, as
aspectos relevantes acerca de suas
fezes do ser humano contaminado são a
características
clínicas,
forma de contágio mais mencionada na
diferencial
tratamento,
literatura e comprovada na prática.O ser
diagnóstico errôneo pode conduzir a
humano
outra
torna-se
intermediário
acidentalmente,
hospedeiro
quando
os
ovos
ingere,
de
e
enfermidade
com
diagnóstico
pois
o
diagnóstico
similar.
taenia
através de vegetais contaminados com
2 REVISÃO DE LITERATURA
fezes, alimentos ou água, bem como a
2
Ferreira
Filho
al.1
et
(2013)
ingestão de larvas de taenia solium do
comentaram que a taenia solium é um
preparo de carne de porco crua ou mal
cestoide
o
cozida. Apesar do ciclo se finalizar como
intestino delgado humano de indivíduos
desenvolvimento da tênia adulta, as
que ingeriram carne de porco crua ou mal
fezes do ser humano contaminado são a
cozida infectada com as suas larvas
forma de contágio mais mencionada na
viáveis (cisticercos). O escólex da larva
literatura e comprovada na prática. O ser
se evagina do cisto dentro do intestino
humano
delgado e se prende à parede do
intermediário
intestino. Depois de três meses, a tênia
acidentalmente,
adulta está formada, com numerosas
através de vegetais contaminados com
proglotes,
da
fezes, alimentos ou água, bem como a
extremidade distal do verme e eliminadas
auto-contaminação ou contato direto com
com as fezes. Cada proglote contém
outro humano infectado, refazendo todo o
50.000 a 60.000 ovos férteis, que podem
ciclo de vida da Taenia solium.
hermafrodita
que
que
são
habita
destacadas
torna-se
hospedeiro
quando
os
ingere,
ovos
de
Taenia
permanecer viáveis por muito tempo na
Ramos Jr. et al.3 (2004) afirmaram
água, no solo e na vegetação. A
que no Brasil, os dados disponíveis
cisticercose se desenvolve quando os
revelam que os estados das regiões Sul,
ovos são ingeridos por seres humanos e
Sudeste e Centro Oeste são os de maior
suínos (hospedeiros intermediários), e as
relevância para a cisticercose humana.
oncosferas (embriões), libertadas pela
Os Estados de São Paulo, Rio de
ação do ácido gástrico e dos fluidos
Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Espírito
intestinais,
a
Santo e Goiás são considerados como
parede intestinal e entram na corrente
áreas endêmicas de neurocisticercose,
sanguínea e se encistam nos tecidos e
observando-se presença ocasional nos
órgãos, onde formam vesículas larvais ou
Estados
cisticercos
Pernambuco,
atravessam
ativamente
(denominados
Cysticerus
cellulosae).
De
Grande
Leon
e
Aguirre2
(1995)
situação
da
do
Bahia,
Ceará,
Norte.
não
Maranhão,
Paraíba
Entretanto,
reflete
a
e
Rio
essa
realidade
relataram que os seres humanos podem
epidemiológica do Brasil, uma vez que no
servir como hospedeiro definitivo ou
Piauí, por exemplo, o complexo teníase-
intermediário da taenia solium adulta.
cisticercose
Esse
estalecido
investigado.Explicaram que a cisticercose
através de um ciclo iniciado com a
pode ser observada em qualquer faixa
estado
definitivo
é
tem
sido
pouco
3
etária, sendo mais freqüente entre a
músculo, coração, fígado ,pulmões e o
terceira e quarta décadas de vida ou
peritônio, devendo-se salientar que
entre a terceira e quinta décadas de vida.
incidência exata de cisticercose bucal
Observou se uma freqüência maior de
ainda é desconhecida, tanto que por ser
soros reagentes em pessoas com idade
uma doença rara, seu diagnóstico preciso
acima de vinte anos, o que pode sugerir
nem sempre é estabelecido.
Takayanagui
que ela se comporta segundo o padrão
Leite5
e
(2001)
das doenças crônicas, em que quanto
alegaram
que
mais avançada a idade, maior chance da
mostra-se
endêmica
doença se manifestar. Além disso, a
Ribeirão Preto-SP, sendo responsável
multiplicidade de exposições ao longo da
por 7,5% das internações na enfermaria
vida
de Neurologia do Hospital das Clínicas
aumentaria
a
probabilidade
de
infecção, com um risco cumulativo.
a
a
neurocisticercose
na
região
de
da Faculdade de Medicina de Ribeirão
Gadbail et al.4 (2010) comentaram
Preto – USP. Em 1996, a doença não
que a infestação parasitáriapelatênia do
estava controlada pois 21% dos casos
porco(taenia solium) durante sua fase
notificados
larval,o
chamada
vivos no parênquima cerebral. Como os
cisticercose.A cisticercose é geralmente
cisticercos sobrevivem por um período de
encontrado em regiões específicas dos
3 a 6 anos, estes dados permitem supor
países
desenvolvimento,
que o processo de transmissão dos ovos
principalmente Índia, Indonésia, África,
da taenia soliumestejam presente.Em
Peru e México. No entanto,em áreas não-
relação ao tratamento mencionaram que
endêmicas,
Cisticerco,
em
desenvolvidas
é
apresentavam
cisticercos
como
nas
cidades
a terapia com albendazol ou praziquantel
nos
Estados
Unidos,
está
indicada
nos
indivíduos
Reino Unido e região Scandinavia, a
sintomáticos,
cisticercose é associada a aumentos da
(cysticercus
imigração,
região encefálica intraparenquimatosa e
associadas
a
viagens
apresentando
cellulosae)
múltiplos
com
riscos de contágio pela tênia. Embora
imunológicas para cisticercose no LCR.
qualquer
ter
O propósito da terapêutica parasiticida é
inicial,
a tentativa de redução da duração dos
cisticercose,
normalmente
do
o
ocorre
corpo
possa
contágio
via
subcutânea.
Outros tecidos afetados pela cisticercose
fenômenos
das
na
turísticas ou de negócios a regiões de
local
positividade
cistos
provas
neuroimunológicos
envolvidos na neurocisticercose.
em ordem de incidência são o cérebro,
4
Visuvanathan
al.6
et
(2013)
podem ser inúmeros,variando de acordo
enfatizaram que a neurocisticercose é a
com a localização dos cistos e a
infecção
gravidade da infecção
parasitária
sistemanervoso.
mais
Essa
comumdo
doença
é
Visuvanathan
considerada endêmica na maioria dos
relataram
países
complexidades
em
desenvolvimento
e
a
al.6
et
que
(2013)
existem
muitas
confirmando
contaminação ocorre da ingestão de ovos
diagnóstico
de
alimentos
apresentação é variada, dependendo do
contaminados ou via rota fecal-oral. O
número, tamanho, localização de cistos e
processo da aquisição da infecção se dá
as diferentes"respostas imunitárias’’.Os
através
testes
taenia
solium
dos
de
ovos
ingeridos
que
da
o
neurocisticercose.
sorológicos
utilizados
A
para
atravessam a parede intestinal, sendo
detecção de anticorpos contra antígenos
conduzidos
específicos da taenia solium tem baixa
pela
corrente
sanguínea,
onde eles são levados ao cérebro e aos
sensibilidade
tecidos subcutâneos, músculos e olhos,
Resultados falso-positivos podem ser
formando-se
vistos em até 50% dos pacientes com
mamíferos,
os
cisticercos.
como
os
Certos
e
especificidade.
porcos,
cães,
conhecidos
por
Garcia et al.7 (2003) relataram que
desempenharo papel de um hospedeiro
a taenia solium adere fortemente à
intermediário no ciclo de vida da taenia
mucosa do intestino delgado superior,
solium,
por meio de ventosas e seus ganchos. A
javaliseovelhassão
enquanto
os
humanos
são
os únicos hospedeiros definitivos.
De Leon e Aguirre
2
lesões cerebrais ou lesões calcificadas.
tênia adulta faz com que ocorra uma leve
(1995) no
inflamação no local da implantação, sem
entanto, afirmaram que o ser humano é
danos significativos para o intestino,
apenas
sendo
o
hospedeiro
intermediário.
muitas
vezes
confundido
os
Assim, os surgimentos e prevalências de
sintomas de dor abdominal, distensão,
convulsões no paciente que está com a
diarréia
e
náuseas,
infecção por taenia solium é considerada
diagnóstico
apenas
a
evidência
mais
neurocisticercose,
realizados
confirmar
mas
exames
se
a
complicando
com
o
essas
comum
de
informações, cabendo a exames de
devem
ser
fezes, sangue, imagens radiológicas do
adicionais
para
origem
das
cérebro, conforme a
experiência do
profissional quanto às abordagens que
sintomatologias estão ligadas realmente
confirmem
essa
a essa infecção. No entanto,os sintomas
parasitária.Explicaram
infecção
que
modernas
5
técnicas
de
neuroimagens,
incluindo
fissura silviana e nas cisternas basais,
tomografia computadorizada e imagem
onde
por ressonância magnética melhoraram a
centímetros ou mais, comprometendo o
precisão
sistema motor e a memória do paciente
do
diagnóstico
da
neurocisticercose, fornecendo evidência
eles
podem
chegar
a
10
com essa enfermidade.
objetiva sobre o número e topografia das
Chunduri et al.9 (2013) explicaram
lesões,sua fase de involução e o grau de
que uma biópsia excisional é geralmente
reação inflamatória do hospedeiro contra
considerada
esse parasita.
diagnosticar essa enfermidade, apesar
Amaral et al.8 (2005) relataram que
infecções
cerebrais
maciças
podem
a
única
forma
de
de existirem outras formas de detecção,
mas essa é a de melhor eficácia.A
causar uma imagem encefalítica devido à
tomografia
inflamação em torno de muitos cistos de
ressonância magnética são valiosos para
parasitas, uma síndrome que ocorre com
diagnostar a cisticercose cerebral.
mais
freqüência
mulheres.
Em
pacientes
pode
nos
jovenseem
contraste,
alguns
computadorizada
Martelli
Júnior
al.10
et
ou
(2006)
explanaram sobre essa doença, que
de
afeta o ser humano, sendo mais evidente
cisticercos intraparenquimal com apenas
no tecido cerebral,tecido subcutâneo,
sintomas
músculos
verificação
tolerar
centenas
mínimos.Afirmaram,
visual
com
que
exames
a
de
e
patológicas
no
olho.As
são
condições
normalmente
ressonância magnética da infecção por
manifestadas com alguma perturbação
taenia
funcional do tecido infectado, tal como
solium
dispõe
da
presença
macroscópica dos cisticercos de acordo a
irritação
sua localização no sistema nervoso
cisticercose, quando afeta a região bucal,
central (SNC). A presença de cisticerco
é visível nos tecidos orais, como a língua,
no parênquima cerebral é geralmente
a mucosa labial, a mucosa bucal, e o
pequena e tende a apresentar maior
palato. No entanto, a incidência é muito
predominância no cortéx cerebral ou nos
rara e um diagnóstico clínico correto e
gânglios basais. Esses cistos raramente
preciso é difícil de ser estabelecido, pois
medem mais do que 10mm porque a
geralmente a doença é confundida com
pressão do parênquima cerebral não
outros inchaços benignos.
permite um maior crescimento do cisto.
Bitencourt11
Já
nas
demais
subaracnóides
regiões,
são
cisticercos
encontrados
na
e
lesões.A
infecção
(2013)
por
comentou
sobre a calcificação distrófica que ocorre
quando tecidos necróticos e isquêmicos
6
estão presentes e não há suprimento
Durante a anamnese, a paciente
sanguíneo suficiente no tecido envolvido.
Os níveis do cálcio sanguíneo são
relatou
normais.
e
Normalmente esse tipo de
calcificação
não
produz
sinais
sintomas,porém
e
induzem,
quea
esteve
lesão
presente
mostrando
uma
era
por
baixa
indolor
três
taxa
anos,
de
crescimento. Ao exame físico, a paciente
ocasionalmente, ao edema e à ulceração
tinha
dos
de
borda esquerdada língua.O nódulo era
calcificações distróficas as de lesões
suave e doloroso sob palpação,medindo
crônicas,
tecidos.São
exemplos
um
nódulo
submucoso
na
linfáticos,
os
cerca de 15 mm,sendo incorporada pela
causada
por
mucosa normal. Não foram encontrados
cisticercose e calcificações de vasos
linfonodos palpáveis na região da cabeça
sanguíneos.
e
dos
tonsilolitos,
são
nódulos
calcificação
Comumente essas lesões
assintomáticas
e
apresentam-se
pescoço.
De
acordo
com
um
diagnóstico clínico de uma neoplasia
benigna de origem neural, uma biópsia
como achados radiográficos.
Elias et al.12 (2005) relataram um
foi realizada sob anestesia local.Durante
de
gênero
o procedimento cirúrgico, a lesão podia
23 anos, que
ser vista com aspecto encapsulado(Fig.
caso
uma
paciente
feminino, caucasiana,
apresentou
um
do
inchaço na língua
2).
(Fig.1).
Fig. 2 - Aspectotrans-operatório do cisticerco,
revelando uma lesão encapsuladana submucosa.
Fig.
1
Nódulosubmucosono
aspecto
dorsalesquerdoda língua(seta).
Ilustração 1 e 2 – Elias FM, Martins MT, Foronda R,
Jorge WA, Araújo NS. Oral Cysticercosis: Case Report
and Review of the Literature. Rev. Inst. Med. Trop. S.
47(2):
95-96, March- April, 2005.
Paulo
O exame microscópico revelou
uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso
circundante
à
cavidade
cística,
que
7
continha o cysticercuscellulose, a forma
o tecido do hospedeiro intermediário
larval da Taeniasolium(Fig. 3).
ocorre uma condição patológica chamada
cisticercose.
Quando
hospedeiro
definitivo
completam
seu
ingerido
estas
ciclo
de
pelo
larvas
vida
através do desenvolvimento em vermes
adultos.
Martelli Jret al.10 (2006) explicaram
que a cisticercose apresenta infestações
em
Fig. 3 - Aspecto histopatológico da cisticercose. A
larva no interior da cavidade do cisto rodeado
pela membrana de dupla camada (D) e a cápsula
de tecido conjuntivo (C).
Ilustração 3- Elias FM, Martins MT, Foronda R,
Jorge WA, Araújo NS. Oral Cysticercosis: Case
Report and Review of the Literature. Rev. Inst.
Med. Trop. S. Paulo 47(2):96, March-April,
2005.
A cápsula mostrou-se infiltrada por
um processo inflamatório crônico,que
consiste principalmente de linfócitos e de
células
plasmáticas.Grupos
de
eosinófilos foram vistos ao longo do
vários
órgãos,dando
origem
a
sintomas variados. A cisticercose bucal é
considerada um evento raro que, quando
encontrada, geralmente o profissional
diagnostica como mucoceles. Os locais
mais comuns de cisticercose bucal são
os lábios,a mucosa bucal e língua.Em um
estudo de caso com 450 pacientes foi
detectado apenas 8 casos(1,8%) de
cisticercose bucal. Alguns destes casos
mostrou nódulos subcuticulares. Achados
semelhantes
de
vários
focos
foram
mencionados por outros autores.
tecido conjuntivo.
Shetty et al.14(2010) relataram que
a etiologia pode ser por causa da
3DISCUSSÃO
ingestão de ovos de tênia a partir de
Pinswasdi e Charoensiri13 (1995)
afirmaram que o ciclo de vida dos
platelmintos
é
caracterizado
por
diferentes estágios de desenvolvimento e
exigem vários tipos de hospedeiros que
podem abrigar adequadamente os ovos,
as larvas e os cisticercos em fase adulta.
Normalmente, quando as larvas infestam
vegetais crus, frutas, água potável e
poluída, dedos contaminados ou pela
ingestão de alimentos contaminados. O
verme adulto é encontrado apenas em
humanos após a ingestão de carne de
porco
mal
cozida
contendo cisticercos.
Ferreira
explicaram
Filho
que
et
al.1
(2013)
epidemiologicamente,
8
não há descrição de predomínio por faixa
de
tratamento
adequado,
bem
etária ou gênero. Na casuística de
comoencaminhá-lo para uma avaliação
levantamentos bibliográficos, encontrou-
médica.
se 21 pacientes diagnosticados com
cisticercose na língua, dentre os quais 10
do
sexo
feminino
e
11
do
sexo
masculino, com idade média variando de
10 a 67 anos; havendo três casos com
mais de uma lesão na própria língua do
paciente.Um dos casos relatado era em
um paciente do sexo masculino, que
tinha 7 anos de idade no momento do
diagnóstico, mas a lesão foi notada aos 4
anos de idade, sendo o caso de paciente
com cisticercose em língua mais jovem
encontrado na literatura.
4 CONCLUSÃO
A manifestação bucal da cisticercose é
uma ocorrência extremamente rara de
incidência ainda desconhecida. Por se
tratar
de
uma
diagnóstico
doença
preciso
estabelecido,
pois
rara,
seu
nem
sempre
é
pode
apresentar
aspecto clínico muito semelhante a várias
outras patologias. Portanto, o cirurgião
dentista
deve
estar
atento
às
particularidades dos pacientes a fim de
não
negligenciar
a
sua
existência,
levando a um correto diagnóstico e plano
9
5 REFERÊNCIAS
1. Ferreira Filho ES, Nogueira FM, Arnaud CHR, Moreira ABS, Mendes LMS, Miranda
EG, Reis AP. Cisticercose em Língua: Relato de Caso. RevPatolTrop Vol. 42 (3):
352-358. jul.-set. 2013.
2. De Leon ER, Aguirre A. Oral cysticercosis. Oral Surgery Oral Medicine Oral
Pathology. Volume 79, volume 5, 1995.
3. Ramos Jr AN, Macedo HW, Rodrigues MC, Peralta RHS, Macedo NA, Marques MC,
Alves JR, Paes AN, Castro JAF, Araújo AJG, Peralta JM. Estudo soroepidemiológico
da cisticercose humana em um município do Estado do Piauí, Região Nordeste do
Brasil. Cad. SaúdePública, Rio de Janeiro, 20(6):1545-1555, nov-dez, 2004.
4. Gadbail AR, Korde S, Wadhwan V, Chaudhary M, Patil S. Oral Cysticercosis: report
of two cases with review of literature. Oral Surgery 3 (2010) 51-56.
5. Takayanagui OM, Leite JP. Neurocisticercose. Revista da Sociedade Brasileira de
Medicina Tropical 34(3): 283-290, mai-jun, 2001.
6. Visuvanathan VV, Somawera N, Koh KC. Neurocysticercosis. Malays Fam Physician
2013;8(3);46-8.
7. García HH, Gonzalez AE, Evans CAW, Gilman RH. Taeniasoliumcysticercosis.
Lancet. 2003 August 16; 362(9383): 547–556.
8. Amaral LLF, Ferreira RM, Rocha AJ, Ferreira NPDF. Neurocysticercosis. Evaluation
With Advanced Magnetic Resonance Techniques and Atypical Forms. Top
MagnResonImagingVolume 16, Number 2, April 2005.
9. Chunduri NS, Goteki V, Gelli V, Madasu K. Southeast Asian J Trop Med Public Health
2013 Mar; 44(2):154-6. Oral Cysticercosis.
10. Martelli Júnior H, Melo Filho MR, Santos LAN. Oral cysticercosis. Braz J Oral Sci.
July-September 2006 - Vol. 5 - Number 18.
11. Bitencourt MHX. Calcificações em Tecidos Moles: Revisão de Literatura.
[Monografia]. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2013.
12. Elias FM, Martins MT, Foronda R, Jorge WA, Araújo NS. Oral Cysticercosis: Case
Report and Review of the Literature. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo 47(2):95-98,
March-April, 2005.
13. Pinswasdi P, Charoensiri DJ. Cysticercosis in labial tissue. Case report. Australian
Dental Journal 1997;42:5.
14. Shetty RM, Ramprasad, Kalra A, Goyal S, Sachin BM, Shetty S, Lambade P,
Deoghare A. CysticercosisCellulosae in Labial Mucosa: A Rare Case Report. Journal
of Indian Academy of Oral Medicine and Radiology, October-December
2010;22(4):S48-50.
10