Guia para o Professor CISTICERCOSE HUMANA (Neurocisticercose) O CASO Em um tarde, Eduardo dirigia-se do seu trabalho para a sua casa quando, repentinamente, começou a sentir dores de cabeça, a qual atribuiu ao cansaço e ao estresse do dia. Ao chegar a sua casa, tomou dois comprimidos de ácido acetilsalicílico e foi descansar. No dia seguinte as dores não cessaram e ele decidiu ir consultar um amigo médico. O médico, Dr. Pérez, receitou-lhe ibuprofeno com a advertência de que se a dor não passasse, ele deveria ir ao hospital para que lhe realizassem um exame mais detalhado. 1. Qual atitude você teria tomado no caso de Eduardo? O que você teria sugerido no caso de Dr. Pérez? Em muitas sociedades não se costuma recorrer ao médico com regularidade. É desejável que o paciente, frente a qualquer sintoma de enfermidade, visite a um médico qualificado, para que ele baseado em seus conhecimentos e experiência administre o tratamento mais adequado. A não resposta ao tratamento requer uma evolução mais exaustiva a fim de indagar sobre as causas associadas à apresentação dessa sintomatologia. Dois dias mais tarde e sem que a dor de cabeça tivesse diminuído, Eduardo se dirigiu ao Hospital Geral e obteve uma consulta em um consultório de neurologia. O médico encarregado lhe indicou uma Tomografia Axial Computarizada (TAC). A TAC permitiu visualizar algumas formas tumorosas disseminadas no parênquima cerebral. 2. O que poderia estar indicando para você as formas tumorosas visualizadas no cérebro? É necessário realizar uma prova adicional para confirmar o diagnóstico que se presume? As formas tumorosas visualizadas no cérebro poderiam sugerir uma neurocisticercose, mas tem que se levado em conta que os achados na TAC geralmente são diferentes, segundo a patologia que se encontra envolvida e no caso de cisticercose, é importante também a etapa evolutiva em que se encontra o parasito. É certo que a TAC é um recurso útil para o diagnóstico da neurocisticercose, entretanto é melhor usá-la juntamente com alguma prova sorológica, como a Elétroimunotransferência Blot (EITB) e devem-se relacionar os resultados com o quadro clínico geral do paciente O Resultado da prova sorológica de Elétroimuno-transferência-Blot (EITB) resultou positivo a 4 bandas reativas para cisticercose. Imediatamente, Eduardo foi submetido a um exame coproparasitológico e sorológico adicional, do qual resultou negativo a Taenia solium. Na anamnese realizada não se encontrou evidências de visitas a zonas endêmicas de cisticercose e teníase no Peru ou fora dele. Quando perguntado quem compartilha sua casa e tarefa diária, Eduardo informou que ele era casado e que tinha dos filhos: Gerardo de 7 anos e Guillermo de 4. Além do mais, indicou que tem uma pessoa que trabalha para eles há, aproximadamente, 4 anos. Comentando sobre sua rotina, ele mencionou que era o primeiro a sair de casa e, portanto o primeiro a tomar lanche (café da manhã). Depois sua esposa e mais tarde seus filhos que saíam para o colégio, situado a não mais de 20 minutos da casa. Um dado que considerou o médico importante foi o fato que todos os integrantes da família, incluindo a pessoa que trabalha com eles, faziam uso dos serviços higiênicos nas manhãs antes de lanchar. 3. Qual poderia ter sido a fonte de infecção para Eduardo? Quais outros passos devem ser seguidos na busca da fonte de infecção? Neste ponto é importante recordar quais são as formas em que o homem pode ingerir os ovos da Taenia solium. A cisiticercose no homem ocorre ao ingerir acidentalmente os ovos da Taenia solium, ao ingerir alimentos ou água contaminada com fezes de pessoas infectadas ou por via fecal – oral por falta de higiene nas mãos de portadores da tênia adulta. Os médicos epidemiologistas do hospital recomendaram que se realizará um diagnóstico de teníase e cisticercose a todos os membros da família e a pessoa que trabalha com eles. O resultado do mesmo mostrou que a esposa e filhos de Eduardo teriam 1 banda reativa a cisticercose e que a pessoa que trabalha com eles resultou ser positiva a prova sorológica e a prova de coproantígeno para Taenia solium. 4. Os resultados encontrados lhe permitem interpretar qual foi o mecanismo de infecção de Eduardo? Como se explica que os demais membros da família não apresentaram respostas sorológicas similares a Eduardo? Quais medidas você tomaria a respeito da pessoa que trabalha com eles? Como ela adquiriu a teníase? Por que não teve sinais clínicos? É muito provável que a pessoa portadora da Taenia solium não manteve as condições de higiene adequada e ela haveria contaminado os alimentos, que depois o resto da família ingeriu. É importante levar em conta o grau da infecção e por isto será provável que a primeira pessoa que consumiu o alimento, consumiu uma maior quantidade de ovos da Taenia solium. A pessoa de que trabalha com eles deve ter maior cuidado com a higiene e, evidentemente, vai precisar de um tratamento antiparasitário. A teníase é uma enfermidade exclusiva do homem. Os sinais e sintomas devido à parasitose são comuns e pouco específicos. Fazendo a anamnese com a pessoa que trabalha com eles, ela indicou que havia nascido e vivido em Patapuquio, um povoado da serra central do Peru, onde estudos epidemiológicos realizado há três anos haviam demonstrado uma prevalência de cisticercose suína de 60% e uma prevalência de teníase de 5%. Daí, havia vindo a trabalhar na casa de Eduardo há 4 anos. Ao indagar acerca do conhecimento que eles tinham sobre esta enfermidade, ela referiu que em seu povoado esta enfermidade no porco se conhece como “parasitose” e que os suínos infectados não se eliminam e são vendidos a, aproximadamente, um terço de seu valor. 5. Você poderia resumir como Eduardo se infectou com a cisticercose? Quais medidas deveriam ser tomadas com Eduardo? Qual é a implicação de vender os suínos infectados com cisticercose? Quais medidas você tomaria para diminuir a prevalência da cisticercose suína e teníase humana? Recordar o ciclo de vida da Taenia solium. Dependendo do neurologista, é provável que Eduardo receba um tratamento antiparasitário a base de praziquantel ou albendazol, drogas de uso comum nestes casos. A venda de suínos infectados ajuda a disseminação da enfermidade. As tradicionais medidas de controle (inspeção sanitária em abatedouros, apreensão de animais infectados, latrinas, encurralamento de animais) não têm tido resultado, porque que se faz necessário programar novas medidas de controle que sejam aceitos culturalmente pelos criadores (tratamento, vacinas). Caso de estudo desenvolvido pelos integrantes SAPUVETNET II da Universidade Peruana Cayetano Heredia, faculdade de Veterinária e Zootecnia, Lima-Perú contatos: Guillermo Leguia Puente: [email protected]; Néstor Falcón Perez: [email protected]