Concepções do Desenvolvimento INATISTA AMBIENTALISTA INTERACIONISTA Concepção Inatista Eventos que ocorrem após o nascimento não são essenciais para o desenvolvimento. As capacidades, a personalidade, os valores, os hábitos, as crenças, a conduta de cada ser humano já se encontram prontos no nascimento. O papel do ambiente, da educação e do ensino é tentar interferir o mínimo possível no processo de desenvolvimento espontâneo da pessoa. Concepção Inatista Esta perspectiva enfatiza os fatores maturacionais e hereditários, ou seja, entende que o ser humano nasce com potencialidades, dons e aptidões que serão desenvolvidos de acordo com o amadurecimento biológico. Por isso, o nome inatismo – características que nascem conosco. Essa tendência parte do princípio que o homem já nasce pronto, o que inclui a personalidade, os valores, os hábitos, as crenças, o pensamento, a emoção e a conduta social. Nesse sentido, o ser humano não tem possibilidade de mudança, não age efetivamente e nem recebe interferências significativas do social. Concepção Inatista Os primeiros conhecimentos produzidos na embriologia forneceram subsídios para as teorias inatistas. Supunha-se que o desenvolvimento intrauterino ocorria em um ambiente fisiológico relativamente constante e isolado de estimulações externas. Na visão inatista, o homem já nasce pronto, pode-se apenas aprimorar um pouco aquilo que ele é ou, inevitavelmente, virá a ser. Não há bases empíricas ou teóricas que sirvam de apoio para a visão inatista no âmbito da Psicologia. Concepção Ambientalista Atribui um imenso poder ao ambiente no desenvolvimento humano. O homem é concebido como um ser extremamente plástico, que desenvolve suas características em função das condições presentes no meio em que se encontra. Essa concepção deriva do empirismo. Na Psicologia, o grande defensor da posição ambientalista é o norte americano B. F. Skinner. Este propõe uma ciência do comportamento. O papel do ambiente é muito mais importante do que a maturação biológica. São os estímulos presentes em uma dada situação que levam ao aparecimento de um determinado comportamento. Segundo os ambientalistas ou comportamentalistas ou behavioristas, os indivíduos buscam maximinizar o prazer e minimizar a dor, através da manipulação dos elementos presentes no ambiente. Concepção Ambientalista Essa perspectiva enfatiza que o ser humano é produto do meio em que vive, ou seja, é moldado pelos estímulos ambientais e pelos condicionamentos. A criança nasce como uma folha em branco e, gradualmente, passa a ser modelada, estimulada e corrigida pelo meio em que vive. Os estímulos e as condições presentes no meio são entendidos como fontes de aprendizagem. Nessa concepção, a aprendizagem e o desenvolvimento ocorrem simultaneamente e podem ser tratados como sinônimos. Isso significa que o desenvolvimento é encarado como um acúmulo de respostas aprendidas. Em suma, o ambientalismo propõe que o nosso comportamento pode ser influenciado pelo ambiente em que estamos inseridos. Será que é possível? Pensem um pouco na própria história de vocês. Conseguem identificar alguma característica ou algum comportamento que tenha sido aprendido no ambiente em que foram cuidados e criados? Acreditam que é possível moldar uma pessoa? E os fatores individuais? Concepção Ambientalista A partir dessas ideias, podemos repensar e refletir sobre a aplicação do ambientalismo na Educação. O sistema educacional poderia ser entendido como um controlador do comportamento desejável? Qual seria o papel da escola e do professor? Nessa perspectiva, o papel do ensino é supervalorizado. A função primordial da escola é a preparação moral e intelectual do aluno. Nesse sentido, a escola estará comprometida com a transmissão da cultura e com a modelagem comportamental das crianças. O professor será o responsável pela transmissão de conhecimentos e poderá condicionar as respostas que a criança apresentará, através da avaliação, da punição e do treinamento. Podemos perceber que essa perspectiva direciona um “poder” ao adulto, uma vez que ele é quem definirá e controlará tudo o que a criança deve ou não aprender, através de técnicas eficazes. Concepção Ambientalista Não existem dúvidas que nossos aspectos biológicos, genéticos e hereditários ajudam a comportamento, mas não o determinam. explicar nosso Da mesma forma, nossas experiências derivadas do meio, da cultura e de outros ambientes externos, nos quais estamos inseridos, são significativos no nosso comportamento, mas não únicos. Então, se uma única abordagem, seja o inatismo ou o ambientalismo, não consegue dar conta das explicações do comportamento, é preciso repensar essa questão. Você concorda? Por esse motivo, uma nova corrente teórica surge com o intuito de ampliar o escopo de explicação. Vamos conhecer agora o interacionismo. A Concepção Interacionista: Piaget e Vygotski O interacionismo é uma abordagem difundida apenas no final do século XX. Essa perspectiva leva em consideração a interação entre o organismo e o meio. Nesse momento, o sujeito passou a ser visto não apenas do ponto de vista orgânico ou apenas como o resultado de influências do meio, mas sim como aquele responsável pela construção e reconstrução de suas estruturas cognitivas, dentro de uma perspectiva de interação. Nessa interação, fatores internos e externos se inter-relacionam continuamente. Tal teoria entende a aquisição do conhecimento como um processo de construção contínua do ser humano em sua relação com o meio. Organismo e meio exercem ação recíproca. As novas construções dependem das relações que estabelecem com o ambiente em uma dada situação. A Concepção Interacionista: Piaget e Vygotski Dentre as teorias interacionistas, destacam-se: a teoria Interacionista Piagetiana e a Teoria Sócio-interacionista de Vygotsky. Essas teorias e seus importantes representantes merecem destaque e serão abordadas mais adiante na Psicologia da Educação. Como vocês podem observar, houve um avanço nas ideias sobre as possíveis influências no comportamento e no desenvolvimento humano. As propostas do inatismo e do ambientalismo iniciaram grandes discussões psicológicas e pedagógicas e impulsionaram novas possibilidades teóricas, especialmente, o interacionismo. No entanto, ainda hoje, o debate inatoadquirido continua presente na Psicologia contemporânea. Referências COLL, C.; PALÁCIOS, J.; MARCHESI, A. Desenvolvimento Psicológico e Educação: Psicologia Evolutiva. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. v.1. COLL, C; PALÁCIOS, J; MARCHESI, A. Desenvolvimento Psicológico e Educação: Psicologia da Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. v.2. 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