Valquíria da Conceição - Conselho Regional de Nutricao Bahia e

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DISCURSO PROFERIDO PELA SENHORA VALQUÍRIA
DA
CONCEIÇÃO
NA
SESSÃO
ORDINÁRIA
DA
CÂMARA
MUNICIPAL DE SALVADOR DO DIA 1º DE ABRIL DE 2013
TRIBUNA POPULAR
Boa tarde a todos, aos Srs. vereadores e vereadoras, aos
colegas nutricionistas e técnicos em nutrição e a todos os
demais presentes nesta assembleia.
É com grande satisfação que o Conselho Regional de
Nutricionistas da 5ª Região Bahia e Sergipe aproveita a
passagem do Dia Nacional da Saúde e Nutrição, celebrado
ontem, 31 de março, para lançar publicamente nesta capital a
Campanha Anual Alimentação Fora do Lar.
Essa campanha, realizada nacionalmente pelo Conselho
Federal de Nutricionistas e pelos dez Conselhos Regionais de
Nutricionistas
espalhados
pelo
Brasil,
é
justificada
por,
atualmente, quase 70% da população brasileira ao adotarem o
hábito de se alimentar fora de casa. Segundo dados da pesquisa
Data Popular, realizada em 26 Estados brasileiros em 2011,
motivado pelo trabalho longe de suas casas e o pouco tempo
para o preparo de uma refeição, o brasileiro está cada vez mais
induzido
a comer fora do
lar, em
restaurantes, bares,
lanchonetes, escolas ou refeitórios.
Os gastos com alimentação fora do lar, que somavam um
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montante de 59 bilhões em 2006, subiram para 121 bilhões em
2011, segundo a Pesquisa Data Popular. O segmento de
estudantes e idosos estão contribuindo significativamente para
esse aumento.
Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e
Estatística
nos
anos de
2008,
2009
apontam
dados
preocupantes relativos ao estilo de vida adotado pela maior
parte da população.
O brasileiro está comendo mais, porém, comendo mau
no que tange à qualidade nutricional. Mais de 90% dos
brasileiros consomem menos frutas, legumes e verduras do que
o recomendado pelo Ministério da Saúde.
O
aumento
no
consumo
de
biscoitos
recheados,
salgadinhos, pizza, doces e outros alimentos de alto teor de sal,
açúcares e gorduras ganharam destaque ao lado do tradicional
arroz e feijão.
A dieta de baixa qualidade aponta que o consumo de
nutrientes
e
vitaminas
ingeridos
não
alcançam
níveis
adequados. Sessenta e oito por cento dos brasileiros não
consomem a quantidade mínima de fibras e 98% encontram-se
com deficiência de vitaminas D e E, independente da idade e
sexo.
A pesquisa do IBGE também indicou os excessos com
destaque para as gorduras saturadas, atingindo 82% da
população, seguida de açúcares, com 61%. O aumento do
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consumo de refrigerantes e destilados também preocupa.
O resultado dessa má alimentação é o aumento das
doenças crônicas não transmissíveis, como a obesidade, a
hipertensão, o diabetes, infarto do miocárdio, acidente vascular
cerebral e câncer.
Segundo o IBGE, pesquisas em 2004 e 2000 no Brasil,
34% dos óbitos são por doenças cardiovasculares. Cerca de
42% da população está com os níveis de colesterol acima da
normalidade, 17 milhões são hipertensos e pelo menos 11
milhões de brasileiros são diabéticos. Isso é um dado muito
importante, não acham Srs.?
Esses números revelam, claramente, que as pessoas
estão se alimentando de forma inadequada e ficando cada vez
mais doentes. Mais do que necessário para manter a vida, o
hábito de comer é uma paixão e está direcionada também, e
respeitando
a cultura, lazer e outras
comemorações. O
problema está nas escolhas que irão interferir na qualidade da
alimentação. A correria do dia a dia atrelado à oferta cada vez
maior de alimentos ricos em gorduras, sal, açúcar e/ou
manipulados de forma inadequada mascaram a realidade ao
tomarem o lugar de uma alimentação saudável.
A indústria de alimentos também tem uma grande
contribuição em relação a esse assunto. Apesar dos debates
atuais entre representantes do governo e da indústria de
alimentos para a definição de alternativas para a redução dos
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teores de gordura, sal, e açúcar nos alimentos industrializados,
ainda existe uma grande resistência por parte das indústrias
em relação ao assunto.
Grande parte da população, por sua vez, seja por
desconhecimento ou desinteresse, não mantém o hábito de
verificar nos rótulos dos alimentos as quantidades desses
nutrientes. Bom seria que todos adotassem esse hábito para
basear as suas escolhas alimentares considerando o seu bem
estar e saúde.
Sobre a alimentação infantil, a Pesquisa Nacional de
Saúde Escolar apontou que o consumo de refrigerantes e
frituras faz parte da rotina alimentar de pelo menos 40% dos
estudantes brasileiros. Esse quadro na Bahia é maior, maior do
que 40%. Nesse sentido, é importante dizer que oferecer um
ambiente saudável para as escolhas alimentares nas escolas,
bem como o preparo de lanches mais nutritivos, podem
contribuir no combate à obesidade infantil.
O
fato
das
crianças
acompanharem
os
hábitos
alimentares dos pais ou das pessoas com as quais convivem
revela que esse público carece de uma atenção especial. Por
outro lado, infelizmente ainda há muitas escolas que oferecem
em suas cantinas lanches ou refeições de baixíssimos valores
nutricionais. Já é uma realidade triste nos consultórios de
médicos e nutricionistas o grande número de criança, na fase
escolar com problemas de sobrepeso, obesidade, hipertensão,
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dentre outras doenças que antes eram peculiares apenas entre
os adultos acima de 40 anos.
Vale destacar que os hábitos alimentares da criança são
levados para a fase adulta, transformando crianças saudáveis
em adultos saudáveis ou a situação de doença. É importante
destacar a alimentação escolar do Município de Salvador, que
necessita de ajustes significativos na qualidade e quantidade
das refeições servidas. Os nossos adolescentes são campeões
em comer besteiras e, segundo o IBGE, os adolescentes
brasileiros consomem sete vezes mais salgadinhos, quatro vezes
mais biscoitos recheados, e mais de dois biscoitos doce, 50%
mais biscoitos salgados que os adultos.
Bom, é importante destacar que uma alimentação
equilibrada e saudável pode ser realizada em qualquer lugar,
por qualquer pessoa. Nesse contexto destacamos a importante
contribuição do nutricionista na promoção da saúde alimentar
quanto às escolhas saudáveis e na manutenção da segurança
alimentar dos alimentos, a fim de que casos como doenças
transmitidas por alimentos não façam parte do nosso cotidiano,
protegendo dessa forma os consumidores baianos, brasileiros
ou estrangeiros que aqui estiverem.
Para incentivar essa tão necessária mudança nos
hábitos de vida da população, o Conselho Regional de
Nutricionistas da 5º Região sugere algumas ações aos Srs.
vereadores e vereadoras. Primeiro, promoção de ações de
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educação nutricional nas escolas, instituições e comunidades
promovidas por esta Instituição, também em setores da
sociedade civil organizada; promoção de campanhas públicas de
massa para conscientização da população acerca de risco de
uma má alimentação ou dos benefícios da adoção de hábitos
alimentares mais saudáveis; intensificações das ações da
fiscalização junto às Prefeituras, escolas e empresas onde a
presença de nutricionista não é sentida; e ainda o que não
estiver
regulamentado,
pedimos
aos
Srs.
vereadores
e
vereadoras o empenho na discussão dessas questões. A
publicidade dos alimentos não saudáveis voltada para o público
infantil, considerado mais vulnerável aos apelos midiáticos
diante do processo da formação incompleta do senso crítico da
criança; a redução nos percentuais de açúcares, gorduras e
sódio presentes nos alimentos industrializados elaborados
nesse território; a exigência da otimização dos rótulos dos
alimentos de modo que as informações neles contidas se tornem
acessíveis ao público de uma forma geral.
Sobre a utilização de aditivos e agrotóxicos prejudiciais à
saúde, o incentivo à produção e comercialização de alimentos
orgânicos, o que, inclusive, promoverá o desenvolvimento da
agricultura
familiar;
a
presença
do
nutricionista
em
estabelecimentos que produzem e comercializem alimentos, a
exemplo dos restaurantes comerciais.
Acreditamos que os Srs. vereadores e vereadoras desta
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nossa querida cidade possam colaborar para que projetos como
esses se tornem uma realidade. Reforçamos a atenção especial e
o apoio a essa causa, que é de interesse de toda a sociedade,
como autarquia federal, representantes de uma categoria que
defende a saúde, colocamo-nos à disposição desta assembleia
para colocar, colaborar com o que for necessário com o intuito
de fazer com que os habitantes dessa cidade estejam...
Obrigada, assim vocês me ouviram, né?
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