Fitonoticias 10

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n.º
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Destaques
Editorial
Os incêndios florestais, além do efeito direto que têm nos ecossistemas florestais, têm também um forte impacte no estado fitossanitário das nossas florestas, caso não sejam adotadas as medidas de proteção fitossanitária adequadas.
NMP: medidas especificas
de proteção fitossanitária
Entre os agentes bióticos nocivos que mais afetam as espécies florestais encontram-se os escolitídeos. Genericamente, estes agentes são atraídos por árvores
total ou parcialmente queimadas, podendo dispersar-se para áreas vizinhas.
Para além de causarem estragos nas árvores enfraquecidas pelo incêndio ou nas
árvores saudáveis envolventes, são também vetores de fungos, muitos dos
quais contribuem para agravar o estado fitossanitário dessas árvores, provocando grandes estragos e prejuízos nos diversos sistemas florestais.
Está em curso nova campanha de prospeção e monitorização de Nemátodo-daMadeira-do-Pinheiro (NMP), através da
execução de ações de recolha de amostras de material lenhoso para analise em
laboratório, em território continental.
Em foco
Saiba mais
Incêndios florestais:
um fator de dispersão
de pragas
Os incêndios florestais têm um
forte impacte no estado fitossanitário das árvores, pois exercem
grande influência no aparecimento
e dispersão de pragas na floresta.
Quando total ou parcialmente
queimadas, as árvores tornam-se
muito atrativas para os insetos, nomeadamente para os escolitídeos. Estes são
um dos principais agentes causadores de problemas fitossanitários, uma vez
que constituem um dos grupos mais nocivos para as espécies florestais, podendo atacar tanto resinosas como folhosas, mas com maior expressão em povoamentos de resinosas.
O fogo provoca alterações fisiológicas e químicas nas árvores atingidas, sendo
que, no caso das resinosas, as temperaturas elevadas provocam a libertação de
compostos voláteis (monoterpenos e etanol) extremamente atrativos para estes insetos, que encontram nas árvores em declínio condições favoráveis ao seu
desenvolvimento. Os insetos desenvolveram mecanismos para detetar os compostos voláteis e utilizá-los para identificar as árvores hospedeiras mais adequadas. Após a colonização de uma árvore hospedeira, os escolitídeos emitem uma
feromona de agregação que potencia o ataque destes insetos, bem como de
outros, entre os quais o vetor do Nemátodo-da-madeira-do-pinheiro, que utiliza as árvores com declínio para a sua oviposição.
Os escolitídeos alimentam-se sobretudo do floema, criando um efeito de estrangulamento na árvore, que conduz ao corte do fluxo de nutrientes produzidos na parte aérea para as outras partes da árvore.
Para além dos danos provocados diretamente pelos insetos, estes funcionam
No dia 1 de novembro entra em vigor o
período de Inverno, com medidas menos
restritivas ao abate e circulação de madeira de coníferas hospedeiras. É o período mais favorável para proceder a ações
de abate e transporte de madeira de coníferas. Utilize este período para, preferencialmente, proceder à gestão do seu
povoamento.
PDR 2020: anúncios abertos
Operação 1.1 - Grupos Operacionais .
Prorrogação do período de apresentação
de candidaturas — 8 de Agosto a 30 de
Novembro de 2016. +
Operação 8.1.4 - Restabelecimento da
floresta afetada por agentes bióticos e
abióticos ou acontecimentos catastróficos. - 15 de Setembro a 3 de Novembro
de 2016. +
Fitossanidade: workshops
A CAP vai organizar um ciclo de
workshops para promover, junto dos
produtores florestais, uma melhor compreensão sobre as razões que levam ao
aparecimento de problemas fitossanitários nos sistemas florestais, muitas das
quais mais associadas às práticas silvícolas, do que a causas externas alheias à
gestão dos povoamentos, como genericamente se pensa. O primeiro workshop,
"A importância da silvicultura na sanidade dos povoamentos de eucalipto”, realiza-se no dia 15/11/2016, pelas 14.30h
nas instalações da CAP em Lisboa. +
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também como vetores de fungos, muitos dos quais responsáveis
pelo aparecimento de outras doenças nas árvores, como por
exemplo, o azulado da madeira, que se desenvolve no xilema impedindo desta forma a circulação de água para a copa. Como consequência, as árvores colonizadas entram em declínio acabando na
sua generalidade por morrer.
A diminuição gradual de circulação da seiva e da água, devido à
ação das pragas (insetos ou fungos) origina o aparecimento de
diversos sintomas que podem ser detetados por observação visual.
 Presença de orifícios nos troncos
Sintomas
e ramos;
 Árvores com copa total ou parcialmente seca, incluindo ramos
secos;
 Árvores com descoloração e/ou
murchidão das agulhas;
 Manutenção de agulhas mortas
por um período prolongado;
 Observação de corrimentos de
resina ao longo do tronco;
 Acumulação de serrim na base do
tronco;
 Presença de galerias quando se
retira a casca, as quais podem
conter larvas, pupas e insetos
adultos.
Evite a desvalorização da madeira e salvaguarde
o património florestal.
Embora os escolitídeos sejam essencialmente pragas secundárias que se desenvolvem normalmente em árvores debilitadas, quando o ataque é elevado, podem também estender a sua ação para a envolvente da área ardida, atacando árvores
sãs ou em stress, bem como árvores recentemente cortadas e toros armazenados em carregadouro ou em parques de madeira. Por esta razão, em Portugal é recomendada como prática comum de gestão, a remoção da madeira queimada o
Prevenção e controlo
Saiba mais
Escolitídeos: prevenção antes e após fogo
A ocorrência de incêndios durante o período de atividade vegetativa das árvores, pode contribuir significativamente para o
seu enfraquecimento, tornando-as mais suscetíveis ao ataque dos escolitídeos. No entanto, as interações que ocorrem
entre as condições fisiológicas dos hospedeiros antes e após o fogo, a época em que o fogo ocorre, a intensidade dos danos, as espécies de escolitídeos e as condições climáticas podem ter consequências bastante diversas, tornando difícil a
tomada de decisão e a implementação de medidas de gestão para controlar as populações de insetos, nomeadamente dos
escolitídeos, sem uma avaliação detalhada da extensão das áreas que necessitam de intervenção e a definição de prioridades de atuação na implementação das medidas de prevenção e controlo.
Os ataques dos escolitideos podem ser evitados ou minimizados através da implementação de medidas preventivas antes
e após o fogo, recorrendo a uma monitorização fitossanitária das árvores no sentido de detetar precocemente os primeiros
sinais associados à presença dos insetos.
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Diplomas legais recentes
+
Regulamento de Execução (UE) 2016/873 da Comissão, de 1 de junho, altera o Regulamento (CE) n.° 690/2008, que reconhece zonas protegidas na Comunidade expostas a riscos fitossanitários específicos.
+
Resolução da Assembleia da República n.º 131/2016, de 18 de julho, recomenda medidas de combate à Vespa velutina .
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mais rápido possível, no sentido de minimizar a potencial perda de valor económico da madeira e o ataque de agentes bióticos nocivos.
Recomendações
As medidas preventivas passam por ações de silvicultura preventiva, de modo
a manter os povoamentos saudáveis evitando o enfraquecimento das árvores,
assim como minimizando as condições que possam atrair os insetos.
De outubro a abril
Principais medidas preventivas
para minimizar o ataque de escolitídeos antes e após fogo
Antes do incêndio
Eliminar as árvores com defeitos
Evitar ferir o tronco durante intervenções
no povoamento
Eliminar árvores com problemas fitossanitários
Não deixar sobrantes de exploração
Depois do incêndio
Eliminar as árvores parcialmente queimadas ou já com sinais evidentes da
presença de escolitídeos no tronco
Monitorizar os povoamentos circundantes à área ardida com mais regularidade
Evitar densidades elevadas
 As medidas aplicáveis ao abate e
transporte de madeira de resinosas alteram-se a 1 de novembro.
Consulte o Decreto-Lei n.º
123/2015, de 3 de julho, que
altera e republica o Decreto-Lei
n.º 95/2011, de 8 de agosto. +
 Não comercialize, materiais florestais de reprodução do género
Pinus e da espécie Pseudotsuga
menziesii sem ter o resultado das
análises para despiste de Fusarium
circinatum (Portaria n.º 294/2013,
+
de 27 de setembro).
Adaptado de Ecologia do fogo e gestão de áreas ardidas (2010).
De outubro a dezembro
No caso de ter uma área florestal afetada por um incêndio, aplique as seguintes medidas, no sentido de prevenir o aparecimento de pragas:
 Remova o material de risco (árvores total ou parcialmente queimadas, incluindo sobrantes), tão rápido quanto possível, desejavelmente antes do inicio
da Primavera seguinte, de modo a evitar que estas sirvam de atrativo a insetos prejudiciais;
 No abate das árvores deve realizar o corte o mais junto ao solo possível, deixando a menor área de toiça, por forma a reduzir a colonização de insetos
xilófagos e outras pragas;
 Monitorize os povoamentos adjacentes às áreas ardidas, com vista à deteção precoce de focos de infestação e à sua rápida eliminação;
 Proceda à instalação e monitorização de armadilhas iscadas com feromonas,
no interior das áreas afetadas e na sua bordadura;
 Caso as árvores se encontrem em carregadouro,
mantenha-as o menor tempo possível. Se permanecerem por mais de 15 dias e se estiver entre os
meses de abril a outubro, descasque-as e/ou sujeite-as a molha permanente, à aplicação de inseticida ou à utilização de uma rede inseticida,
devidamente autorizada pela DGAV para o efeito.
Deste modo está a evitar que estes locais se comportem como viveiros de escolitídeos e que estes
se dispersem para os povoamentos circundantes;
 Consulte a sua organização de produtores florestais e planeie as novas arborizações e manutenções de acordo com as regras de Defesa da Floresta Contra Incêndios.
ESTEJA ATENTO!
Ao fazer uma gestão ativa do seu
povoamento florestal está a investir na sua valorização económica e
ambiental
 Monitorize os hospedeiros da
processionária-dos-pinheiros procurando sinais de ninhos e proceda à sua destruição. Nas árvores
jovens e densidades baixas de
ninhos pode utilizar o método do
corte manual e queima. Nas árvores adultas e densidades elevadas
de ninhos o método mais eficaz é
o tratamento químico. +
 Monitorize as árvores tocadas
pelo fogo, mas que não estão
carbonizadas, procurando os primeiros sinais de ataque de insetos – perfurações no tronco – e
dê prioridade ao abate dessas
árvores.
 Atenção à comercialização de plantas de castanheiro. Informe-se sobre as áreas infestadas pela vespadas-galhas-do-castanheiro. Adquira plantas produzidas em regiões
onde ainda não se tenha detetado
a presença deste inseto. +
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Investigação
PLURIFOR
Ficha técnica
Saiba mais
Coordenação Divisão de Fitossanidade Florestal e
Arvoredo Protegido
Planos de gestão de risco transnacionais visando os espaços rurais florestais
sensíveis a riscos bióticos e abióticos (SOE1/P4/F0112)
Conteúdo Dina Ribeiro, Helena Marques, Inês
Vasco, José Rodrigues, Sofia Domingues, Suzel
Marques e Telma Ferreira.
Este projeto, que teve o seu inicio em 12 de Julho, enquadra-se no programa
INTERREG SUDUOE e é financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). Conta com a participação de 11 beneficiários e 21 parceiros associados, reunindo unidades de investigação, universidades, organizações florestais e entidades governamentais de Portugal, Espanha e França. Visa incorporar
as últimas descobertas científicas sobre os riscos florestais no Sudoeste da Europa em planos civis para a gestão destes riscos e do seu impacto. A transferência
de conhecimentos entre os países e parceiros envolvidos permitirá desenvolver
planos de gestão dos riscos com informação atualizada e comprovada.
Ilustração: João Carlos Farinha
Design gráfico e criatividade Inês Vasco
Objetivo: Ajudar o desenvolvimento regional e transnacional dos planos de gestão dos riscos nas áreas florestais sensíveis aos riscos abióticos e bióticos, incluindo nemátodo-da-madeira-do-pinheiro (Bursaphelenchus xylophilus), vespadas-galhas-do-castanheiro (Dryocosmus kuriphilus), gorgulho-do-eucalipto
(Gonipterus scutellatus), Fusarium circinatum e outras pragas emergentes.
Participação nacional: Instituto Superior de Agronomia e Instituto Nacional de
Investigação Agrária e Veterinária como beneficiários e Altri Florestal, RAIZ e
Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas como parceiros associados.
Situação: em execução até 30 de junho de 2019.
Aconteceu
BTSF: formação de técnicos
A Comissão Europeia - BTSF/Better Training for Safer Food deu continuidade às
ações de formação que tem promovido para Inspetores Fitossanitários, tendo
organizado o curso “Training for Plant Health Import Control Staff on the EU plant
quarantine regime for imports”, em formato presencial (17 e 19 de maio, em
Bruxelas e Antuérpia) e através de e-learning (16 maio e 10 de junho). A formação, com o objetivo de harmonizar os procedimentos realizados nos vários Estados-membros, face à aplicação de legislação comum, contou com a participação
de Inspetores Fitossanitários dos departamentos do Norte, do Centro e de LVT.
GASF: 3.ª reunião
No âmbito do acompanhamento da execução do Programa Operacional de
Sanidade Florestal (POSF), realizou-se no dia 20 de junho, no ICNF, I.P. em Lisboa, a terceira reunião do Grupo de Acompanhamento de Sanidade Florestal
(GASF), com o objetivo de apresentar o relatório de execução de 2015, aprovar o Plano de Atividades para o biénio 2016-2017 e iniciar o processo de revisão do POSF.
NMP: deteção de novo
foco em Espanha
Em maio de 2016, foi detetado um novo foco de NMP em Espanha, na região
da Galiza, dentro da anterior Zona Demarcada estabelecida em 2010 para
efeitos de erradicação do NMP, tendo
sido implementadas as medidas de proteção fitossanitária legalmente estabelecidas, com vista à erradicação deste
segundo foco na Galiza.
Contactos
Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, IP | Departamento de Gestão de Áreas Classificadas
Públicas e de Proteção | Divisão de Fitossanidade Florestal e Arvoredo Protegido
Avenida da República, 16 - 1050-191 Lisboa | tel. 213 507 900 | www.icnf.pt
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