IDENTIFICAÇÃO E PERFIL DE SENSIBILIDADE IN VITRO DOS AGENTES BACTERIANOS ISOLADOS DAS INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO DE CÃES E GATOS Caroline Freitas Pessi e Julianna Rebello Ciuvlaschi Maia – Centro Universitário Filadélfia - UniFil Orientadora – Profª. Msª. Joice Elaine T. Campanha - Centro Universitário Filadélfia – UniFil e-mail: [email protected] Centro Universitário Filadélfia/ Departamento de Ciências Agrárias 05- Ciências Agrárias 5.05.02.03-4 –Doenças infecciosas de animais (CNPq) Palavras-chave: ITU, bactérias, antimicrobianos Resumo Com o aumento das infecções do trato urinário (ITU) e aliado ao elevado nível de resistência bacteriana frente aos antimicrobianos comumente utilizados no tratamento dessas infecções, a escolha de um antimicrobiano eficaz é crucial, para minimizar a seleção de cepas resistentes e propor um tratamento mais adequado. O objetivo desse trabalho é através da urocultura identificar a bactéria responsável pela ITU e traçar um perfil de sensibilidade bacteriana in vitro, dos antimicrobianos mais utilizados na rotina clínica de cães e gatos. Foram analisadas amostras de urina, colhidas por cistocentese de cães e gatos atendidos no Hospital Veterinário (HV) do Centro Universitário Filadélfia (Unifil) em Londrina/ PR, com suspeita clínica de ITU durante o período de fevereiro de 2015 a dezembro de 2015, totalizando 114 amostras, sendo 65 de cães e 49 de gatos. Todas as amostras foram submetidas à cultura, identificação caso positiva e antibiograma utilizando dez antimicrobianos. De 114 amostras 48 foram positivas (42,1%). De cães 28/65 foram positivas (43,1%), uma amostra foi isolado dois agentes (Proteus vulgaris e Enterococcus sp.), e 37/65 foram negativas (56,9%). Dos gatos, 19/49 foram consideradas positivas (38,8%) e 30/49 negativas (61,2%). A Escherichia coli 10/29 (34,5%) de amostras de cães, e Enterococcus sp. e Staphylococcus coagulase negativa com 4/19 (21,1%) de amostras de gatos, foram as mais prevalentes. Os antimicrobianos mais eficientes foram CRO e GEN (83%) de sensibilidade. Já AMP e DOX, apresentaram taxas de resistências de 50% e 47%, respectivamente. Com esse trabalho foi possível identificar as bactérias mais frequentes envolvidas em ITU dos animais avaliados e traçar um perfil de sensibilidade in vitro de 1 diversas bactérias frente a dez antimicrobianos comumente utilizados no tratamento dessa enfermidade. Introdução Atualmente na rotina clínica de pequenos animais, as infecções do trato urinário (ITU) têm alcançado um patamar elevado e aliado com aumento progressivo dos níveis de resistência bacteriana frente aos antimicrobianos comumente utilizados no tratamento dessas infecções. A avaliação microbiológica para identificação do agente e testes de sensibilidade in vitro faz-se necessário para o uso adequado dos antimicrobianos, buscando a diminuição do uso indiscriminado e consequentemente o tratamento adequado com maior chance de sucesso na terapia (Correia et al. 2007). Este trabalho objetiva elucidar através dos resultados alcançados pela urocultura, a identificação do agente bacteriano envolvido na ITU, bem como o perfil de sensibilidade bacteriana in vitro aos antimicrobianos mais utilizados no tratamento dessa importante patologia que acomete pequenos animais. Materiais e Métodos Foram analisadas amostras de urina, colhidas por cistocentese de cães e gatos atendidos no Hospital Veterinário (HV) do Centro Universitário Filadélfia (Unifil) em Londrina/ PR, com suspeita clínica de ITU durante o período de fevereiro de 2015 a dezembro de 2015, totalizando 114 amostras, sendo 65 de cães e 49 de gatos. As amostras foram incubadas em meio de infusão de cérebro e coração (brain and heart infusion - BHI) a 37ºC por 24 a 48 horas, as positivas posteriormente semeadas em placas de Ágar sangue e Ágar MacConkey, através da técnica de esgotamento. Procedeu-se a identificação do agente etiológico, a partir das características coloniais, morfológicas e bioquímicas (Bactray 1™ - Laborclin®). O antibiograma foi realizado após a identificação da bactéria seguindo a técnica internacional de Kirby Bauer em Ágar Müller Hinton de acordo com as recomendações do CLSI (Clinical and Laboratory Standards Institute, 2009), sendo dez antimicrobianos utilizados: Norfloxacina (NOR), Doxiciclina (DOX), Enrofloxacina (ENO), Ceftriaxona (CRO), Ampicilina (AMP), Ciprofloxacin (CIP), Sulfazotrim (SUT), Amoxilina + Ácido Clavulânico (AMC), Gentamicina (GEN) e Cefalotina (CFL). Resultados e discussão Das 114 amostras avaliadas, 48 foram positivas (42,1%). De cães 28/65 foram positivas (43,1%). Assim como descrito no estudo realizado por Carvalho et al., (2014), em nosso estudo, uma das amostras de cães foram isolados dois 2 agentes (Proteus vulgaris e Enterococcus sp.), e 37/65 foram negativas (56,9%). Dos gatos, 19/49 foram consideradas positivas (38,8%) e 30/49 negativas (61,2%). O agente mais prevalente isolado de cães foi Escherichia coli, estando presente em 10/29 amostras (34,5%), acordando com os trabalhos descritos por Ishii et al., (2011) Carvalho et al., (2014) e Ferreira et al., (2014), que também encontraram E. coli como o agente mais frequentemente isolado em ITU de cães. Das amostras de gatos, os agentes mais prevalentes foram Staphylococcus coagulase negativa e Enterococcus sp. com 4/19 amostras (21,1%), dados que Ferreira et al., (2014) também observaram, onde Staphylococcus sp. foi o mais prevalente nas amostras de pacientes felinos. Os antimicrobianos mais eficientes foram CRO e GEN, aos quais os agentes bacterianos presentes nas amostras apresentaram uma taxa de 83% de sensibilidade, tais achados foram compatíveis com Ferreira et al., (2014) no que diz respeito aos altos índices de sensibilidade à gentamicina, no entanto, no que se refere a ceftriaxona, segundo os autores demonstrou altas taxas de resistência (57%). Ainda a respeito da eficácia da gentamicina, Carvalho et al., (2014) também retratam esse fármaco com o menor índice de resistência frente aos agentes Gram negativos (10,3%). Já Ishii e colaboradores (2011) relatam que apenas a norfloxacina obteve bons resultados frente às bactérias Gram negativas isoladas, pois os demais antimicrobianos apresentaram taxa de resistência equivalente a 67%. Já os que se mostraram menos eficazes foram AMP e DOX, aos quais os agentes apresentaram taxas de resistência correspondentes a 50% e 47%, respectivamente. Os agentes isolados com maior prevalência nas ITU dos animais avaliados foram: Escherichia coli em cães e Staphylococcus coagulase negativa e Enterococcus sp, em gatos. Os antibióticos mais eficientes observados foram Ceftriaxona e Gentamicina, e os que apresentaram maiores taxas de resistências são Ampicilina e Doxiciclina. Quando comparamos as taxas de sensibilidades entre os agentes mais prevalentes observamos que para cães a E. coli, foi sensível em 8/10 frente aos antimicrobianos testados (NOR, ENO, CRO, CIP, SUT, AMC e GEN) e resistente em 60% para DOX, CFL e AMP. Para gatos as taxas de sensibilidade para Enterococcus sp. foram de 100% com os seguintes antibióticos (CRO, AMP e AMC), e resistência de 50% para NOR e CFL., ainda para gatos o Staphylococcus coagulase negativa apresentou sensibilidade de 100% para DOX e AMP e resistência de 75% para SUT. Conclusões 3 Frente a esses dados, podemos afirmar a importância de estudos como o nosso direcionado ao conhecimento do perfil de sensibilidade in vitro para bactérias isoladas das ITU, assim, elucidar o agente causador e estipular o tratamento adequado frente aquele agente, podendo assim minimizar a resistência bacteriana. Referências CARVALHO, V.M; SPINOLA, T; TAVOLARI, F; IRINO, K; OLIVEIRA, R.M; RAMOS M.C.C. Infecção do trato urinário (ITU) de cães e gatos: etiologia e resistência aos antimicrobianos. Pesquisa Veterinária Brasileira. v. 34, n.1, p. 62-70, 2014. CORREIA, C; COSTA, E; PERES, A. Etiologia das infecções do trato urinário e sua susceptibilidade aos antimicrobianos. Acta Medica Portuguesa. v. 20, n. 1, p. 543-49, 2007. FERREIRA, M.C; NOBRE, D; OLIVEIRA, M.G.X; OLIVEIRA, M.C.V; CUNHA, M.P.V; MENÃO, M.C; DELLOVA, D.C.A; KNÖBL, T. Agentes bacterianos isolados de cães e gatos com infecção urinária: perfil de sensibilidade aos antimicrobianos. Atas de saúde ambiental - Asa, São Paulo, v. 2, n. 2, p. 2937, 2014. ISHII, J.B; FREITAS, J.C; ARIAS, M.V.B. Resistência de bactérias isoladas de cães e gatos no Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Londrina (2008-2009). Pesquisa Veterinária Brasileira. v. 31, n. 6, p.533-537, 2011. 4