Dary Dantas

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Observação
Solicitamos aos eventuais leitores que, caso disponham de outras informações que possam
enriquecer este verbete, favor encaminhá-las à Fundação José Augusto através do seu
Centro de Estudos e Pesquisas Juvenal Lamartine-CEPEJUL, situado na Rua Jundiaí, 641,
Tirol, CEP 59020-120, ou, pelo E-mail [email protected]
Dary Dantas
Deputado Estadual-RN
1966, 1970, 1974 e 1978 - 1982
Dary Dantas Médico Deputado
Município de Caicó-RN O Deputado Dary Dantas apresentou na Assembléia Legislativa uma proposição denominando ‘Palácio José Augusto’, a Casa
Legislativa do Rio Grande do Norte, aprovando-a folgadamente a 31 de maio de 1971.
# Dary de Assis Dantas - Deputado Estadual 1966, 1970, 1974 e 1978
# Dary de Assis Dantas - Deputado Estadual 1982
# Dary de Assis Dantas - Presidente da Assembleia de 1975 a 1977
# Dary de Assis Dantas - Vice-Presidente (1975 a 1977 - Mesa da Assembleia Legislativa
Dari Dantas - O menino pobre que nasceu no sítio Fidelis, em São João do Sabugí, e
foi registrado em Serra Negra, na região Seridó, tinha em mente dois objetivos para vislumbrar
um futuro melhor: ser músico e formar-se em Medicina. Concretizou os dois, cada um no
devido tempo. Tocou trombone na banda de música de Caicó e formou-se pela Escola de
Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, aos 33 anos de idade. Segundo o ditado popular:
“antes tarde do nunca”. Assim, poderia ter repetido o médico e cirurgião Dari de Assis Dantas,
ao concluir o curso.
O primeiro objetivo ele conseguiu sem maiores obstáculos, até porque tinha uma
tendência para a música. Gostava de caminhar solfejando, hábito que pratica até hoje,
sobretudo nos momentos de descontração. O segundo foi mais difícil, em virtude da falta de recursos para
poder estudar fora. O curso iria exigir dele muitos esforços e obstinação.Teria ainda de ultrapassar outro
desafio mais difícil: sofria de miopia e usava lentes de grau pesadas, conhecidas popularmente como “fundo de
garrafa”. A força de vontade também ultrapassou este empecilho.
O passo seguinte, para alcançar o objetivo maior, era sair do interior e vir morar em Natal para estudar.
Como o pai não tinha recursos para pagar uma pensão, a alternativa foi morar na casa de um amigo da família.
Nessa época, a cidade estava em plena efervescência política, com o restabelecimento das liberdades
democráticas, após a queda do “Estado Novo”, período da nossa história conhecido como didatura Vargas, que
se estendeu de l937 a l945. Surgem os novos partidos políticos UDD, PSD, PTB, PDC, PSP e tantos outros,
interessados na disputa das eleições de l945.
Os jovens estudantes que não tinham ainda idade de participar daquele pleito resolveram, logo no
começo de l947 e paralelamente à Assembléia Estadual Constituinte, eleita para elaborar a nova Constituição
do Estado, criar uma similar com o nome pomposo de “ Assembléia Constituinte Estudantil”, com o objetivo de
realizar um trabalho semelhante ao dos legítimos constituintes, com debates acalorados, discursos e
discussões, movimentando toda a classe estudantil daquela época. Foram eleitos 30 “deputados estudantis”,
dentre eles, Manoel de Brito, Ney Marinho, Oscar Nogueira, Moacyr de Góes, Milton Fonseca, Antônio Matos
Serejo e Meroveu Pacheco. Dari Dantas participou desse movimento cívico. A posse solene ocorreu no Teatro
“Alberto Maranhão”, com a presença de autoridades.
Sua vida não foi fácil, sempre mudando de residência. Com a chegada do interventor do Estado, general
Fernandes Dantas, seridoense de Caicó, conseguiu um emprego de investigador de polícia, por interferência
de parentes. Embora o dinheiro fosse pouco, já era uma ajuda para sua manutenção, além de desfrutar de
entrada franca em cinema, teatro, circo e outros tipos de diversões. Chegou a dormir na delegacia para
economizar dinheiro.
Já bem entrosado no meio estudantil - aluno do Atheneu, onde concluiu os cursos ginasial e cientifico -,
candidatou-se a presidente do Centro Estudantal Potiguar, mas foi derrotado fragorosamente pelo colega
Waltércio Bandeira de Melo. Dari contava com os votos dos estudantes de Caicó e Mossoró, onde obtinha uma
grande maioria, mas esses votos foram impugnados pelos adversários. Perdeu a eleição, mas manteve a
liderança pessoal entre os colegas. Logo em seguida, ao lado de Welington Xavier, empreendeu a luta para a
fundação da Casa do Estudante do Rio Grande do Norte. Os dois conheciam bem o problema. Tinham vindo
do interior para morar em pensão ou casa de parentes em Natal. Wellington veio de Santa Cruz, e Dari de São
João do Sabugí.
O primeiro passo foi criar a diretoria da futura Casa do Estudante. Wellington Xavier foi eleito presidente,
e Dari Dantas, secretário geral. Participavam ainda da diretoria Pedro Diógenes, José Maria Souza Luz e Pedro
Xavier. O passo seguinte seria obter recursos financeiros para a instalação da Casa. Dari deu a idéia, e
Wellington encampou: teriam de obter o dinheiro na então capital da República, no Rio de Janeiro.
Conseguiram uma passagem com o interventor Ubaldo Bezerra de Melo e foram até o Rio, num navio da
empresa Lóide Brasileira. Dari quase morre de vomitar durante o trajeto, em face do desconforto da viagem.
Os dois jovens estudantes foram logo procurar o deputado José Augusto Bezerra de Medeiros na
Câmara dos Deputados. Este, logo ao ser informado dos objetivos da viagem, acolheu a idéia dos estudantes e
foi o primeiro a assinar uma lista de doações, com a quantia de mil cruzeiros, além de encarregar-se de
conseguir a mesma importância, com o restante da bancada, o que foi feito. Os dois estudantes – Welington e
Dari – tiveram acesso ao jornalista Orlando Dantas, norte-rio-grandense, diretor do “Diário de Notícias” naquela
época, um dos maiores jornais do Rio de Janeiro. Receberam apoio e deram entrevista, o que facilitou o
acesso à colônia potiguar.
A missão foi coroada de êxito. Os líderes estudantis retornaram ao Rio Grande do Norte com a
importância de 36 mil cruzeiros, mediante doações de empresas privadas e doações pessoais. A SOSAL, por
exemplo, de um grupo de empresários do Estado com escritório no Rio de Janeiro, doou cinco mil cruzeiros.
Com o dinheiro arrecadado Wellington Xavier e Dari Dantas alugaram uma casa na rua Seridó, em Petrópolis,
que seria a primeira sede da Casa do Estudante do Rio Grande do Norte. Os móveis para sua instalação –
mesas, cadeiras, camas, armários – foram comprados na Base Aérea de Parnamirim.Todos esses utensílios
domésticos pertenciam às tropas americanas sediadas em Natal, durante a Segunda Grande Guerra, na
década de l940. Ainda sobrou dinheiro para pagar o frete do mobiliário adquirido.
Com a eleição do monsenhor Walfredo Gurgel para deputado federal constituinte em l946, o estudante
Dari Dantas vislumbrou a chance de fazer medicina no Rio de Janeiro, já que não existia faculdade no Rio
Grande do Norte. Escreveu uma carta ao primo Walfredo Gurgel e pediu a sua interferência no sentido de
conseguir um emprego que lhe proporcionasse condições de morar na capital da República. O monsenhor
conseguiu o emprego, com o amigo Georgino Avelino, no Instituto Nacional do Sal, e Dari embarcou para o
Rio em busca da realização do seu sonho: cursar medicina. Foi reprovado no primeiro vestibular, mas obteve
êxito no segundo. A partir de então, estava a poucos passos de concretizar o seu sonho maior: ser médico.
No Rio, morava numa “república”, em companhia de vários conterrâneos que foram residir lá em busca
de um título superior. Dentre outros, José Gobat Alves, Dinarte Júnior, Roberto Mariz e Ângelo Varela. Dari
concluiu o curso médico e estava disposto a acompanhar uns colegas paulistas que iriam montar uma clínica
na cidade de Garças, no interior daquele Estado. Porém, desistiu ao conhecer as condições de trabalho.
Retornou ao Rio e foi nomeado médico do IPASE por interferência do senador Dinarte Mariz. Quando este
chegou ao Governo do Estado, convidou-o para o cargo de diretor da Secretaria de Saúde do Estado.
O titular da pasta era o médico José Maciel que logo se desimcompatibilizaria do cargo para disputar a
prefeitura de Macaíba, tendo sido eleito prefeito daquela cidade. O governador Dinarte Mariz nomeou para o
cargo o diretor Dari Dantas. A partir daí, nunca mais se afastou do líder seridoense, acompanhando-o
politicamente até o fim dos seus dias. No final do Governo Dinarte Mariz, foi nomeado médico do
Departamento de Estradas de Rodagem (DER).
No Governo de Aluízio Alves, quase todas as nomeações feitas pelo seu antecessor foram anuladas.
Dari Dantas impetrou um mandato de segurança junto ao Tribunal de Justiça, por intermédio do advogado
Murilo Delgado, e foi reintegrado. Juntamente com ele, outros funcionários também obtiveram ganho de causa.
O governador, irritado, com as decisões do TJ, cujos desembargadores acusava de serem parciais e
partidários, transferiu a sede do DER de Natal para a cidade de Pau dos Ferros, no Alto Oeste, num ato de
represália ao Poder Judiciário.
O médico Dari Dantas foi até Pau dos Ferros para assumir o cargo, mas logo entraria com um pedido de
licença médica, aceito pelo diretor do Departamento de Pessoal, jornalista Erivan França, que tinha sido seu
colega no Instituto Nacional do Sal, no Rio, embora a determinação do Governo fosse de não conceder licença
médica ao pessoal que tinha sido reintegrado. “Erivan foi muito correto comigo”, disse Dari, acrescentando que
nunca recebeu um centavo sequer do DER. “Tive que me virar para sustentar a família, trabalhando no
consultório e nos hospitais da cidade, duplicando a jornada de trabalho. Até de um emprego que arranjei na
LBA, pouco tempo depois me demitiram por perseguição política”.
Vítima dessa fase de radicalização política do Rio Grande do Norte, na década de l960, resolveu
ingressar na vida pública, conquistando um mandato de deputado estadual em l962, pela legenda da UDN, sob
liderança do senador Dinarte Mariz. Ele acha que Dinarte Mariz o atraiu para seu bloco político pensando em
dividir a numerosa família Dantas, fato que não ocorreu, pois esta estava unida em torno da liderança do
monsenhor Walfredo Gurgel, um dos fundadores do Partido Social Democrático (PSD) no Rio Grande do Norte,
de quem Dari era primo legítimo.
Participou ativamente da campanha do senador Dinarte Mariz ao Governo do Estado em l955, realizando
comícios em várias cidades do Seridó, inclusive Caicó. Antes de a campanha começar chegou a ser emissário
de uma proposta do senador Dinarte Mariz ao monsenhor Walfredo Gurgel para apoiá-lo na sua pretensão. O
senador queria repetir o acordo de 1954, entre a UDN e o PSD, conhecido como o “Pacto de Pirangi”, que o
levou ao Senado da República, juntamente com Georgino Avelino. O monsenhor rejeitou de pronto a proposta
e apoiou a candidatura do PSD, representado por Jocelin Villar, que foi derrotado pelo candidato da UDN.
Dari Dantas elegeu-se deputado estadual por cinco legislaturas consecutivas. Nesse período sofreu
apenas uma derrota, quando aceitou ser candidato a vice-prefeito de Natal, em l965, pela “Arena Vermelha”, na
chapa encabeçada pelo médico Pedro Lucena, com o apoio do senador Dinarte Mariz, então candidato da
oposição ao Governo do Estado, tendo como vice-governador Tarcísio Maia. A “Cruzada da Esperança” elegeu
Agnelo Alves, prefeito de Natal, e Ernani Silveira, vice-prefeito. O monsenhor Walfredo Gurgel e o deputado
federal Clóvis Motta foram eleitos Governador e Vice-governador do Estado.
Permaneceu na Assembléia Legislativa de 1962 a 1978, tendo chegado à presidência da Casa no
binômio 1975/1976, coincidindo com o mandato do governador Tarcísio Maia, o segundo correligionário a
assumir o Governo do Estado, pela via indireta. O primeiro fora Cortez Pereira, de quem foi secretário de
Governo e Justiça. Durante sua trajetória no Legislativo apresentou vários projetos beneficiando os servidores
públicos, dentre eles, a emenda constitucional que permitiu o aproveitamento de servidores com mais de cinco
anos de serviço público; o que reduziu, de 30 para 25 anos, o tempo de serviço exigido para aposentadoria no
magistério do Rio Grande do Norte, bem como dos funcionários que participaram da Força Expedicionária
Brasileira (FEB). É de sua autoria, também, a emenda à Lei Orgânica dos Municípios, estabelecendo critérios
para a fixação dos vencimentos de prefeitos, com base na renda e população do município.
Durante sua permanência na AL, foi líder da Arena e dos governos Tarcísio Maia e Lavoisier Maia, pelo
trânsito livre entre seus pares. No governo Cortez Pereira foi secretário de Interior e Justiça. Num determinado
dia, recebeu a freira italiana irmã Domiciana, que vinha se queixar da dramática falta d’água na região Potengi.
A irmã trazia em mão uma recomendação do governador a Dari, no sentido de que se adotassem as
providências para a solução do problema. O secretário adotou uma medida de emergência, enquanto pensava
numa solução definitiva para o grave problema.
Daí surgiu a idéia da primeira adutora do Rio Grande do Norte. A água da Lagoa do Bonfim seria
bombeada para a Serra Branca e daí, por gravidade, para os municípios de São Pedro, São Paulo, Barcelona e
outros. Pelo mesmo processo de gravidade, a água seria levada até a Lagoa Azul para atender alguns
municípios da região Trairi. A iniciativa de Dari Dantas foi logo encampada pelo monsenhor Expedito Medeiros,
que passou a ser um entusiasta do projeto. O Governo Cortez Pereira caminhava para o final de sua gestão, e
a idéia não se materializou.
O monsenhor Expedito Medeiros cultivou a idéia e aguardou o momento propício para implantá-la, 30
anos depois, no governo Garibaldi Filho. Num bilhete datado de 18/09/1998, endereçado ao ex-deputado Dari
Dantas, afirmou do próprio punho: “Para o meu primo Dari Dantas, o pioneiro do projeto Lagoa do Bonfim, um
convite especial: engajar-se no projeto de transposição de águas do rio São Francisco. A partir de março do
próximo ano, vamos levantar este Nordeste dos nossos avós para o grande acontecimento: água para a
agricultura. Seu primo e amigo, monsenhor Expedito”.
Hoje, aos 84 anos, considera-se um homem feliz e realizado. “Só tive uma única oportunidade de ser rico
na vida. Os irmãos Severino José Dantas e Sebastião, meus primos, me convidaram para ser sócio da
construtora S. Dantas, mas rejeitei o convite. Hoje, a empresa é uma das mais sólidas e prósperas do mercado
imobiliário de Natal. Torço sempre pelo sucesso deles. São pessoas que vieram do interior para vencer na vida
e hoje fazem parte do progresso da cidade, afirma Dari Dantas. Foi ele quem conseguiu residência na Casa do
Estudante para os irmãos Dantas. “Acho que eles queriam homenagear o primo que os ajudou no começo da
vida deles”.
Médico-cirurgião, tendo exercido a profissão em vários hospitais da cidade, além de professor
aposentado da UFRN. “Quando ingressei na Universidade ela não tinha sido ainda federalizada”. Dari mora
numa confortável casa no bairro de Petrópolis, onde costuma receber os amigos para degustar pratos da
cozinha regional, com paladar seridoense. Costuma chamar os amigos de primo, e a palavra virou sua marca
registrada: primo Dari. È assim que ele é conhecido. “Isso é um hábito caicoense que incorporei. Os amigos
se tratavam como primos”. Afirma que o filho, o vereador Renato Dantas, tem uma grande vocação para a
política. “Estou feliz com sua atuação na Câmara Municipal de Natal. É o meu sucessor na vida pública”, diz
satisfeito o primo Dari Dantas.
Jailton Augusto da Fonseca
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