SUPORTE BÁSICO DE VIDA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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SUPORTE BÁSICO DE VIDA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
RESUMO
Diversas pesquisas apontam que as taxas de mortalidade são elevadas principalmente nos países em
desenvolvimento em vitimas de traumas que não receberam atendimento adequado em situações
emergenciais. O presente trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica sobre o Suporte Básico de Vida
(SBV). O SBV é um conjunto de procedimentos que visam proporcionar um atendimento rápido e eficaz
as vitimas no próprio local do acidente, que pode ser realizado por pessoas da área da saúde ou leigos
devidamente treinados. No entanto, é necessário divulgação e treinamento dessa técnica para que mais e
mais pessoas tornem- se capazes de salvar vidas.
Palavra Chave: Suporte básico, Liberação de vias aéreas, crianças, Primeiro socorro.
ABSTRACT
Several researches have indicated that the death rates are highly, mainly in developing countries where
patients do not have a proper attending when passing through the emergency rooms.
The present work is about a BLS bibliography review, its procedures and changes occurred in themselves.
The BLS is a set of procedures that aim to help the victims in the place where the accident happens,
giving a proper and quick attending right away. It can be accomplished by people graduate in medical
school or fields related to health or even by regular people who has been trained for that purpose.
However, it is necessary this technique be passed on to as many people as it can be so that many more
will be able to save other lives.
Key words: Basic Support, Release of airways, children, first aid
1.
INTRODUÇÃO
Segundo Oman e Naudé (2003) acidente é um evento não intencional e evitável,
possível de ocorrer em vários ambientes, como no lar, trabalho, trânsito, escolas,
esportes e lazer, podendo resultar em lesões físicas e ou emocionais resultando em
traumas. Os traumas que levem a lesões – alterações anatomo-fisiológicas, são
características importantes a serem reconhecidas por aqueles que queiram prestar os
primeiros socorros a vítima (NAUDÉ,2003).
1
Diversas pesquisas apontam que nos países em desenvolvimento as crianças com
idade inferior a cinco anos de idade estão mais sujeitas aos acidentes domiciliares como
quedas de tanque de lavar roupas, aspiração por corpo estranho - asfixia, choques por
eletricidade por objetos colocados na boca, queimaduras e afogamento (BRICCIUS,
2004).
A cada ano, a população pediátrica gasta mais de 10 milhões de dias em cuidados
médicos por causa de acidentes. Lesões cerebrais em crianças são comuns e resultam
em enorme incapacitação, Segundo estimativas, 29.000 pessoas com idade entre 0 a 19
anos sofrem lesões cerebrais graves, causando a perda das suas funções biológicas que
podem ser provisórias quando reabilitadas ou permanentes dependendo das lesões
traumáticas (AMERICAM HEART ASSOCIATION,1997).
Inúmeras pessoas morrem no local do acidente sem receber atendimento e pela
demora do socorro ou pela inabilidade das pessoas que presenciam o acidente e/ou
não apresentam reação, até mesmo atrapalhando aquelas que conhecem os
procedimentos a serem aplicadas, em contrapartida outras pessoas apresentam
iniciativa de prestar os primeiros atendimentos a vítima e transportar em veículo
próprio e não aguarda um socorro adequado, às vezes pela demora do Serviço Médico
de Emergência ou por despreparo, só que essa reação pode causar seqüelas e levar à
vítima a morte.
O Suporte Básico de Vida (SBV) é um conjunto de técnicas e procedimentos
considerado o primeiro atendimento a ser empregado em vitimas que estejam
correndo risco de vida, podendo recebê-los na rua ou em ambiente doméstico.
Cada uma das etapas do SBV surgiu no decorrer do processo evolutivo, até
mesmo na bíblia já havia relatos de procedimentos com intuito de ressuscitar a vítima.
Com o tempo o SBV foi se aperfeiçoando e hoje consiste de etapas a serem seguidas em
ordem pré-determinadas e que podem ser executadas no próprio local do acidente,
como o primeiro cuidado prestado a vitimas de traumas que estejam correndo risco de
vida. É também conceituado como um conjunto de procedimentos de emergência que
podem ser executados por profissionais de saúde ou por leigos treinados e justifica-se
pela relevância tanto social como econômica, pois pode contribuir para diminuição da
co-morbidade
e
morbidade
da
população
vítima
de
mal
súbito,
parada
cardiorrespiratória e por desobstrução das vias aéreas por corpo estranho (PERGOLA e
ARAUJO, 2008).
2
O SBV ser de fácil aprendizagem e execução, sua divulgação é importantíssima,
pois quanto mais pessoas estiverem preparadas para ajudar outras pessoas, haverá
melhora nas estatísticas e uma redução significativa nas taxas de mortalidade tanto
infantil como de adultos, o que será extremamente benéfico à sociedade como um todo.
Trata-se de uma pesquisa exploratória do tipo revisão bibliográfica onde as referências
utilizadas foram obtidas a partir de um levantamento, compreendido nos meses de
março a dezembro de 2010, utilizando artigos e livros publicados de 1999 a 2010, nos
idiomas português, espanhol e inglês, nas bases de dados PUBMED, COCHRANE,
LILACS (Literatura Latino-American e do Caribe) SCIELO (Scientific Electronic Library
Online) sobre o tema suporte básico de vida, com palavras-chave: Suporte básico,
Liberação de vias aéreas, crianças, Primeiros Socorros.
Este artigo esta estruturado
de forma a fornecer uma visão ampla sobre o tema suporte básico de vida e obstrução
de vias aéreas. Os pesquisadores realizaram uma extensa revisão da literatura sobre o
tema abordado, compararam os dados da literatura histórica (retrospectiva) e atual e
finalmente teceram considerações finais.
2.
REVISÃO DE LITERATURA
Os primeiros casos de ressuscitação cardiorrespiratória foram encontrados em
citações bíblicas. No decorrer do processo histórico, várias técnicas de ressuscitação
também foram relatadas como chicotadas no corpo e feitiçaria, utilizando instrumentos
para produzir vento e fogo no intuito de ressuscitar a vítima (...) os primeiros relatos de
respiração boca a boca foi em 1744, descoberto por Tossach, que realizou esta técnica
insuflando ar nos pulmões juntamente com a oclusão das narinas em uma vítima de
acidente em mina de carvão (SOUZA e GRASSIA, 2007). Em 1878, Dehaen descreveu a
técnica da ressuscitação que inclui compressões no tórax da vítima, procedimento que
deu início ao primeiro método de suporte de circulação em tórax fechado, no qual o
pesquisador aplicava as pressões rítmicas no tórax de gatos e foi se aperfeiçoando até o
inicio do surgimento Suporte Básico de Vida. O atendimento em emergência
cardiorrespiratória e em ressuscitação cardiopulmonar desenvolveu-se a partir da
década de 60, por meio de programas e procedimentos estandardizados, decorrentes
de propostas de organizações internacionais para o treinamento em urgências e em
medidas de técnicas básicas e avançadas. Na década de 80, foi padronizado e incluído
3
no SBV o atendimento pediátrico e neonatal para ressuscitação cardiopulmonar (RCP)
denominado Suporte Básico de Vida e Suporte Avançado de Vida Pediátrico.
Esses cursos de treinamento em RCP pediátrica foram introduzidos no Brasil, a
partir de 1998, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, em convênio com a Sociedade
Brasileira de Pediatria, priorizando a capacitação do profissional médico e,
posteriormente, dos profissionais de enfermagem (YOLANDA e DULCE, 2004).
Da população no geral, são as crianças que estão mais sujeitas aos acidentes e os
responsáveis, pais, avós, tios, professores, ainda são leigos nos primeiros atendimentos,
sendo estes, justamente os que poderiam oferecer o primeiro auxílio a essa criança
(BRUCCIUS e MUROFUSE, 2008). Os jovens, principalmente do sexo masculino fazem
parte de uma estatística mais voltada para acidentes violentos, como de trânsito,
agressões e arma de fogo.
Dadas as peculiaridades biológicas e psicológicas nas situações emergenciais que
envolvam crianças, uma atenção especial deve ser prestada, necessitando de recursos
materiais e humanos especializados para o atendimento emergencial para evitar
maiores danos no decorrer da vida desses pacientes (YOLANDA e DULCE, 2004). Com
relação aos adultos os primeiros atendimentos são realizados pelos profissionais de
atendimento pré-hospitalar, quando vitima de traumas e em casos de PCR um leigo
treinado pode e deve iniciar as manobras de ressuscitação (HAH, 2010)
Independente da idade da vitima, quando se trata de aspiração de um corpo
estranho (aspiração que pode ser parcial ou total por material sólido/líquido), e o
primeiro sintoma for à tosse paroxística (um mecanismo de defesa natural de
eliminação do objeto aspirado) seguido de ronquidão, afonia, hemoptise e dispnéia de
intensidade variável é imprescindível que pessoas próximas a vitima, tenham um
conhecimento prévio dos primeiros atendimentos a serem executados. Desta forma,
dar suporte a essa vitima até a chegada de um socorro especializado, para evitar um
possível óbito no local, ou á caminho do hospital.
Henry Heimlich, extremamente preocupado em relação aos tratamentos
emergenciais as vítimas com obstrução das vias aéreas por corpo estranho, chegou à
conclusão que para a retirada do corpo estranho em vítimas conscientes, o socorrista
deveria ficar atrás da vítima e apertá-la com força estando o abdômen para cima, entre
o umbigo e a caixa torácica.
Nas vítimas inconscientes, a mesma deveria ser
posicionada em decúbito dorsal, e o socorrista executaria uma série de compressões
até o corpo estranho ser expelido. Este procedimento conhecido como OVACE
4
(obstrução das vias aéreas por corpo estranho) foi confirmado através de estudos
realizados com animais por Gordon e Guidner et al (1975) que comprovaram ser eficaz
a técnica de Heimlich na obstrução total das vias aéreas por corpos estranhos.
A técnica para atendimento de OVACE é um protocolo especial inserido no SBV,
é determinado por um conjunto de procedimentos que devem ser seguidos para a
desobstrução e liberação das vias e que pode ser realizado em adultos, bebês, pessoas
obesas e gestantes.
Em 1979, Redding realizou estudos nos casos de obstrução de vias aéreas e
concluiu que a técnica de OVACE deveria ser incluída nos ensinamentos de parada
cardiorrespiratória (PCR) (GUIMARÃES e LANE, 2009).
Como as crianças têm o hábito de levar objetos na boca (tampas de canetas,
moedas, pão, brinquedos etc.) ficando preso o objeto nas vias áreas, justifica-se aí a
grande importância do conhecimento do SBV, pois a maioria desses acidentes ocorre
em ambiente doméstico, representando a principal causa de morte nos pais, sendo as
crianças as principais vítimas (BRICCIUS, 2004).
As medidas preventivas e assistenciais realizadas por uma pessoa da família
podem trazer benefícios a sua própria família. A desobstrução das vias aéreas
superiores (VAS) e a manutenção da oferta de oxigênio devem ser realizadas
imediatamente, evitando a falência respiratória seguida de parada cardíaca e seqüelas
pela falta de oxigênio no cérebro (AHA, 2010).
As estatísticas de lesões cerebrais poderiam ser diminuídas, se as vítimas de
traumas recebessem o atendimento do SBV por uma pessoa treinada ou por um
profissional habilitado imediatamente, o que reduziria a morte de vítimas de parada
cardiorrespiratória (PCR), traumas e obstrução de vias aéreas, preservando as funções
respiratórias, cardíacas e cerebrais, com melhor índice de sobrevida, diminuição de
seqüelas, resultando em uma melhor qualidade de vida. Baseado nesta premissa o
SBV deve ser realizado no próprio local do acidente com o objetivo de diminuir as
seqüelas das vitimas, uma vez que as mesmas podem evoluir para parada respiratória
e cardíaca e caso ocorra, deverá ser realizado a ressuscitação cardiopulmonar (AHA,
2010).
Outra ocorrência que também se beneficia com as etapas do SBV são doenças
cardiovasculares, incluídas como uma das principais causa de morte no Brasil e no
mundo, pois a falta de conhecimento na identificação dos sintomas dessas doenças
5
corresponde a 80% dos casos de morte, sem que a vítima tenha um socorro adequado
(PERGOLA, 2009).
A principal fonte de auxilio que as vítimas de acidentes domésticos, traumas ou
doenças cardiovasculares podem receber em uma situação de emergência é o socorro
realizado pela população em geral. O socorrista deve tomar decisões rápidas, objetivas
e eficazes, para evitar danos irreversíveis ao paciente ou levá-lo a morte (PERGOLA,
2008).
Além dos acidentes domésticos, outra ocorrência que seria beneficiada pela
atuação imediata do SBV são os acidentes de transito. Segundo o Relatório Anual de
Segurança Interna 2007, Portugal Continental e as Regiões Autônomas apresentaram os
seguintes números: Total de acidentes (com vítimas e danos materiais): 165.929;
Vítimas mortais: 889; Feridos graves: 3.368; Feridos ligeiros: 44.807 (Projeto de
Resolução No 354/X).
O socorro prestado nos primeiros minutos, logo após o incidente, é o que melhor
garante uma redução, ou mesmo eliminação de sequelas que a vítima possa vir a
sofrer. Assim, a formação da pessoa habilitada em primeiro atendimento pode ser
decisiva para a vítima. Por um lado, algumas pessoas acreditam ter noções básicas de
SBV, e pensam ser suficientes numa situação de emergência. Ora, o treino de SBV é
fundamental não só para evitar que sejam cometidos erros graves e irreversíveis, mas
também para uma maior eficácia dos resultados.
Adib et al (2006) demonstraram que 72,5% das mortes por trauma ocorriam no
local, seguidos de 22,4 % na sala de emergência, demonstrando a falta de atendimento
adequado logo após a ocorrência. Potoka et al (2001), além de citarem a importância do
atendimento imediato e eficaz do SBV citam a importância de centros especializados
em traumas para desta forma, receberem as vitimas com todos os equipamentos
necessários assim como profissionais aptos a dar continuidade ao atendimento.
Pergola et al (2009), relataram num trabalho sobre pessoas leigas atuando no
SBV. Quanto à manobra da respiração boca a boca, 75,8% da casuística acertaram as
respostas, e os 24,2% constavam os que responderam parcialmente corretas ou não
souberam responder o que corrobora com a literatura de que o SBV é um
procedimento de fácil execução e aprendizado.
Já Thomaz et al (2000), optaram por relatar se os profissionais da área da saúde
estavam habilitados para realizar o SBV e demonstraram que a partir da década de 90,
o enfermeiro tornou-se apto a atuar no SBV além dos atendimentos pré-hospitalar e
6
assistência direta. Estudos realizados em Siate (2004) demonstraram que (0,8%) das
crianças estão mais expostas às situações de perigo, por serem mais ativas e curiosas
podem provocar acidentes de forma não intencional sendo eles por afogamento, asfixia
e objetos diversos (BRICCIUS, 2004).
Pela falta de conhecimento a vitima em situação de um acidente não recebe o
socorro adequado no local aumentando assim a possibilidade de morte.
Segundo BRICCIUS, (2004) nos casos de asfixia ou sufocação onde ocorre a
obstrução de vias aéreas incluem ¨aspiração de leite, pequenos objetos, alimentos(balas,
chicletes etc.) os pais devem ficar atentos ao comportamento da criança durante as
refeições e brincadeiras que envolvam perigo.A intervenção precoce, e a utilização da
técnica desobstrução de vias aéreas adequada, será fundamental na recuperação da
vítima
Nos Estados Unidos da América o Basic Life Support (BLS) versão americana do
SBV, determina que principalmente os profissionais da saúde devem receber
treinamentos constantes para
utilizar as abordagens do Suporte Básico de Vida
(PALHARES, 2008). E segundo Yolanda & Dulce (2004), os profissionais que atuam na
unidade de emergência e utilizam o SBV, devem receber treinamento técnico e
científico específico, e uma educação continuada voltada para o autoconhecimento, o
que exige deles domínio de suas próprias emoções e conhecimento de seus limites e de
suas possibilidades. Por outro lado, a angústia e a ausência de informações aos
familiares são também fontes de tensão nesse ambiente.
Em 2010 a American Heart Association divulgou as novas diretrizes de SBV
onde o mnemônico ABC sofreu modificação para CAB iniciando-se o atendimento com
avaliação rápida da respiração, abolindo-se o Ver, Ouvir e Sentir e partindo-se direto
para as compressões torácicas precoces.
Esta revisão bibliográfica justificou-se pela relevância sobre o tema abordado,
pois seu conhecimento, divulgação e ensino, são extremamente benéficos em situações
emergenciais, contribuindo para diminuição da co-morbidade e morbidade da
população vítima de mal súbito, parada cardiorrespiratória e desobstrução das vias
aéreas por corpos estranhos.
Protocolo da Cadeia de sobrevivência da AHA (2010), segue-se:
Pacientes Conscientes
7
1-Verifica-se a segurança do local e se a riscos potenciais a vítima e para o
socorrista, são eles:
Físicos: Tráfego, desmoronamento, eletricidade e locais de difícil acesso;
Tóxicos: Fumos, gases tóxicos, ácidos e bases e venenos;
Infecciosos: Tuberculose, Shigelose, Salmonelose, Meningites, Herpes simples.
Riscos para o socorrista: Meios de contágio com sangue.
2 - Responsividade: se o paciente está respondendo, Sacundindo o ombro da
vítima suavemente perguntando se ela está bem? Se o paciente responder deixá-lo
como ele está e tranqüilizá-lo.
3- Pedir ajuda e solicitar às pessoas que realizem um cordão de isolamento e
acionem o serviço de emergência 193 e após iniciar o CAB:
C: Circulação - verifica-se o pulso braquial ou carotídeo e reconhecimento de
uma possível PCR , caso exista risco estar preparado para iniciar imediatamente as
compressões torácicas.
A: Abertura de Vias Aéreas: eleva-se o queixo da vítima abrindo a boca e verificase possível obstrução, no caso de queda ou atropelamento, deve-se ter o cuidado com a
coluna da vítima, pois um movimento errado pode deixar a vítima com seqüelas
irreparáveis; na presença de um corpo estranho se ele estiver visível retira-lo com os
dedos em formato de gancho, não visível não retirá-lo, evitando o risco de reintroduzir
o mesmo nas vias aéreas inferiores, complicando o atendimento. Os dedos não devem
permanecer dentro da cavidade oral evitando apreensão dos dentes sobre o dedo do
socorrista (Figura 1).
B: Boa Respiração (A vítima está respirando?) – Vitimas com riscos de PCR , sem
história prévia de asfixia mecânica ou trauma, verifica-se a respiração apenas através
da observação da elevação do tórax e da cor da pele da vítima Visualiza-se a expansão
do tórax, olhando diretamente para o tórax da vítima, com uma duração de até 10
segundos.
Após a realização de todas as etapas se a vítima estiver respirando e com pulso
coloca-se em posição lateral de segurança (posição de recuperação), facilitando a
circulação sanguínea e a oferta de oxigênio para a vítima, até a chegada do resgate.
Pacientes inconscientes
8
1-Reconhecimento imediato da PCR: Inconsciente, não responsivo, sem
respiração
ou
com
respiração
anormal
e
acionamento
do
serviço
de
emergência/urgência.
2-RCP precoce, verificação de pulso carotídeo, compressões torácica: Dos
diversos tipos de acidentes existentes, os casos mais comuns com crianças são: os
acidentes domésticos, atropelamentos, afogamento, obstrução de vias aéreas ou outras
situações de emergência (BRICCIUS e MUROFUSE, 2008). Para mudar as elevadas
estatísticas desses acidentes na própria comunidade os procedimentos básicos devem
ser realizados até a chegada do bombeiro.
Os interesses tanto dos cientistas quanto da AHA são aprimorar o atendimento
com uma maior eficácia. Para tal, criaram as novas diretrizes do SBV em atendimento
de: PCR, com mudança de ABC para CAB, obtendo como resultados a diminuição de
seqüelas ou morte no local. Nos casos de obstrução de vias aéreas (OVACE) as etapas
permaneceram as mesmas seqüências utilizadas pelo ABC.
Protocolos ABC
Citaremos a seguir as diretrizes da American Heart Association (HAH) de 2005,
como parte desta revisão e secundariamente descreveremos as novas diretrizes da
HAH, com as atualizações publicadas. Como descreve Carvalho (2007) as etapas do
SBV, segundo AHA 2005, são classificadas como ABC, ou seja: a letra A - Liberação de
vias aéreas, B-Respiração e Ventilação, C-Circulação e controle de hemorragias em
pacientes conscientes e inconscientes. Em vítimas sem respiração e pulso, realiza-se
após o ABC 30 compressões no tórax e 2 ventilações encaminhando em seguida ao
serviço de emergência mais próximo.
A - Liberação de vias aéreas: Posicionar-se por traz da cabeça da vítima para
realização da abertura das vias aéreas, e verificar a existência de um corpo estranho e
se o mesmo obstrui ou não as vias aéreas, se a cavidade oral estiver com sangue ou
secreção, deve-se utilizar barreira de proteção, como luvas de procedimentos, por
exemplo.
Fig.1-Liberação das vias aéreas
9
Fonte: Próprio autor
B- Respiração: Observar se a vítima respira olhando a expansão do tórax (ver,
ouvir e sentir) e coloração da pele, que pode estar azulada (Figura 2).
Fig. 2- Verificando a expansão do tórax.
Fonte: Próprio autor
C - Circulação: Ainda ao lado da vítima, verificar o pulso braquial Direito ou
Esquerdo em recém-nascido ou na carótida em maiores, colocar o dedo no pulso ou
pescoço para sentir os batimentos cardíacos (Figura 3).
Figura 3- Verificação do pulso carotídeo.
Fonte: Próprio autor
Após identificar que a vítima esta respondendo, colocar uma mão sobre o braço
da vítima e a outra colocar sobre a perna, lateralizando a vitima em posição de
segurança (Figura 4).
10
Fig.4-Posição lateral de segurança.
Fonte: do próprio autor
Caso a vítima apresente-se inconsciente
Procedimento quando se verifica que a vítima não esta respirando:
Realizar respiração boca a boca, seguindo um protocolo de 2 ventilações e 30
compressões. Oclui -se o nariz, e com a boca na boca da vítima, realizar uma seqüência
de duas ventilações, enchendo os pulmões e soprando para dentro da boca da vítima,
observando se há expansão do tórax.
Após palpação e percepção de ausência de pulso, posicionar os braços e ombros na
direção do esterno, com as mãos uma em cima da outra no tórax da vítima, entre as
linhas mamilares, realizar compressões, com profundidade suficiente para prensar o
coração entre o externo e a coluna vertebral, realizar as compressões num ciclo de 30,
realizando a contagem das compressões em tom alto para melhor sincronismo (Figura
5).
Figura 5- Compressões no tórax paciente inconsciente.
11
Fonte: Próprio autor
Ao término das compressões, verificar novamente o pulso, e abaixando-se em direção a
cabeça da vítima observar elevação do tórax, e verificar a responsividade, chamando a
vitima pelo nome.
Procedimento após a verificação do pulso
Se ao término das compressões é verificado que a vítima ainda esta sem pulso, manter
novamente os ciclos, até a chegada da viatura do SME.
NOVO PROTOCOLO CAB ( ÊNFASE NA COMPRESSÃO TORÁCICA) a partir de
2010, segundo a American Heart Association (AHA)
Buscando dar um atendimento com maior rapidez nas PCR os pesquisadores da
AHA, inseriram um novo protocolo no Suporte Básico de Vida, sendo modificada a
seqüência de ABC – liberação das vias aéreas, respiração e compressão, para CAB
(compressão, liberação de vias aéreas, respiração). Estas seqüências foram modificadas
com objetivo de diminuir lesões que ocorrem na PCR por demora no inicio das
compressões torácicas.
Iniciando com o CAB, o socorrista permite que durante compressões no tórax, em
uma profundidade de 5 cm, e mais de 100 compressões por minuto, o retorno da
circulação seja rapidamente restabelecido. A ventilação se dará no momento em que o
tórax retornar ao estado normal proporcionando a entrada de ar através da boca da
vitima, oferecendo ao paciente uma oxigenação mínima adequada, fato que permite
aos leigos não executarem a ventilação boca-boca. Na identificação de um PCR o
socorrista devera acionar o serviço de emergência e solicitar o desfibrilador, aparelho
obrigatório no resgate.
Protocolo do CAB segundo a AHA (2010)
1- Reconhecimento imediato do local e acionamento do SME;
2- RCP precoce, com ênfase nas compressões Torácicas,
3- Rápida Desfibrilação,
4- Encaminhar ao serviço de emergência, com inicio do suporte avançado de
vida;
5- Cuidados Pós -PCR integrados.
Já está se utilizando nos treinamentos de profissionais da saúde e pessoas leigas
as novas diretrizes do SBV (AHA, 2010).
12
A American Heart Association utiliza o elo da cadeia de sobrevivência (figura de
uma corrente), mostrando as etapas do SBV no CAB, esta figura representa a
importância de seguir as etapas corretamente; quebrando as seqüências, a corrente se
rompe e o atendimento torna-se ineficaz.
Fig.6- Cinco elos da Cadeia de Sobrevivência
Fonte: Manual da American Heart Association, 2010
Protocolo OVACE segundo a American Heart Association (AHA)
Identificação da obstrução das vias aéreas: reconhecimento do tipo de obstrução
em paciente consciente (RN, crianças, adultos).
Reconhecimento da obstrução: a vítima apresenta os sinais e sintomas de tosse,
Respiração ruidosa, dificuldade para respirar, aflição, não consegue falar e
engasgado.
Classificação das obstruções:
Obstrução Total: Não passa ar, não respira movimentos paradoxais (o tórax para
dentro e abdômen para fora).
Obstrução parcial: tem a passagem de algum ar, apresenta tosse, respiração com
a presença de ruídos e se consegue falar.
Tipos de obstrução: Corpo estranho podendo ser sólido ou líquido.
Manobras de desobstrução:
Incentivar a vítima a tossir, tapas interescapulares, compressões abdominais.
Chamar o serviço de emergência 193.
Pedir para a vítima tossir.
Tosse ineficaz e incapaz de falar ou de respirar: manobra de Heimilich
(compressão abdominal com ciclo de 5) .
13
Em bebês inicia-se a manobra tapa no dorso e compressões no tórax, estando à
criança com a face para baixo em direção ao antebraço que se encontra apoiado da coxa
homolateral, segurando a cabeça e a mandíbula, estabilizando a coluna cervical e
liberando a via aérea, alternando cinco tapas no dorso e cinco compressões torácicas,
repetindo as manobras até que o corpo estranho seja removido.
Fig. 7-Tapa no dorso adulto e bebê.
Fonte: Próprio autor
Fig. 8- Compressão no tórax em bebê.
Fonte: Próprio autor
Figura 9- Compressão abdominal em adultos.
Fonte: Próprio autor
Na obstrução de vias aéreas realiza-se a seqüencia do ABC sendo A (liberação
de vias aéreas), a vítima engasgou e o primeiro passo é liberar as vias aéreas elevando
14
o queixo e abertura da boca, e retirar o corpo estranho se estiver visível (Figura10 ).
B(respiração) nesta fase deve-se identificar se a vítima está respirando através da
expansão do tórax, C- Verificação do pulso braquial ou carotídeo, se o paciente estiver
sem pulso, realizam-se as compressões.
Figura 10- Elevação do queixo e abertura da boca.
Fonte: Próprio autor
Protocolo para PESSOAS OBESAS E GRÀVIDAS
Ligar para o 193.
Realizar a técnica elevando ligeiramente o quadril direito com um travesseiro, de
modo evitar a pressão na veia cava inferior e evitar compressões
sobre o útero
gravídico ou abdome ascítico .
3-Considerações finais
Analises estáticas internacionais já testadas, revelam que há uma perda em média
de 7 a 10% da probabilidade de sobrevivência em cada minuto perdido em casos de
parada cardio-respiratória. Ou seja, em média, ao fim de 12 minutos a taxa de
sobrevivência é de aproximadamente 2,5%. Não restam assim, dúvidas de que a
identificação da parada cardio-respiratória e o início do SBV são fundamentais para
minimizar a perda de vidas humanas.
Cada uma das fases do SBV segue uma seqüência de procedimentos que se não
for realizada adequadamente diminui as chances de recuperação da vítima.
As alterações do ABC para CAB foram muito importantes, pois houve um ganho
significativo de tempo para a recuperação da vítima, pois as compressões torácicas são
15
iniciadas mais cedo e o atraso da ventilação será mínimo. (AHA, 2010). Para alguns
socorristas, iniciar com as compressões torácicas acaba sendo um motivo encorajador
para a realização da ressuscitação cardiopulmonar, no entanto, no caso de vitimas com
acidente vascular cerebral, os profissionais devem iniciar o socorro usando ABC, o que
pode gerar insegurança por parte de profissionais não qualificados no reconhecimento
do quadro instalado (Ferreira et al 2001).
É interessante salientar que os profissionais que trabalham com o SBV agem em
equipe, ou seja, enquanto um realiza as compressões, outro pede ajuda, busca o
desfibrilador, outro libera vias aéreas e aplicam a ventilação. Isso demonstra a
necessidade de treinamentos constantes com a equipe, pois os mesmos devem atuar
em sintonia para um resultado satisfatório.
Atualmente existem vários protocolos com o intuito de salvar vidas, no entanto,
os enfermeiros e profissionais da saúde devem ter em mente a necessidade de se
atualizar em termos técnicos, científicos e práticos constantemente para assim
conseguirem atender a demanda.
O SBV é um procedimento de fácil aprendizagem e que deveria ser
extremamente divulgado por pessoas qualificadas com o intuito de minimizar as
seqüelas de traumas.
Sua divulgação diminuiria o número de pessoas leigas e
despreparadas na sociedade; inferindo positivamente para o declínio das taxas de
mortalidade oferecendo um atendimento rápido e eficaz. É um procedimento que pode
fazer a diferença entre a vida e a morte das pessoas mais próximas que nos rodeiam.
O presente trabalho buscou através de uma revisão bibliográfica de forma
retrospectiva trazer informações da história do suporte básico de vida suas principais
atualizações, relatando as manobras do SBV e as alterações ocorridas no mesmo
durante a ultima década. Se a porcentagem de pessoas treinadas for maior do que
temos atualmente, no futuro, teremos resultados satisfatórios, o que nos leva a almejar
a implantação de um trabalho para a divulgação do SBV em todas as esferas da
sociedade, incluindo igrejas, escolas e qualquer entidade organizada. Portanto fica aqui
esta lacuna a ser preenchida pelos próprios pesquisadores ou outros que possuam
interesse no tema.
16
REFERÊNCIAS
ABIB,S.C.V. SCHITTINI, F.etal.Classificação do Atendimento pré-hospitalar pediátrico com
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Alcione de Jesus Souza
Discente do Curso de Graduação em
enfermagem da Faculdade Anhanguera
de Taubaté –Unidade 1
Cintia Dias dos Santos
Discente do Curso de Graduação em
enfermagem da Faculdade Anhanguera
de Taubaté –Unidade 1
Márcio Gomes da Costa
Graduado
em
enfermagem,
Pós
Graduado em Unidade de Terapia
Intensiva e Ensino Superior em
Enfermagem,
MBA
em
Gestão
Estratégica de Negócios, Mestrando em
Gestão e Auditoria Ambiental, docente
da Faculdade Anhanguera de Taubaté,
Coordenador de Pronto Socorro da Santa
Casa
de
Misericórdia
de
Pindamonhangaba -SP
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