psiquiatria REVISTA Ano 1 • n°4 • Jul/Ago 2011 ISSN 2236-918X DEBATES EM Publicação destinada exclusivamente à classe médica www.abp.org.br artigos Psicoterapias Eficazes no Tratamento das Dependências e Transtornos do Impulso A Diferenciação entre os Quadros Depressivos com Comprometimento Cognitivo e Demência nos Idosos Transtornos do Aprendizado Escolar La Depresión Refractaria psiquiatria 1 Jul/Ago 2011 - revista debates em Luan Comunicação A diretoria da ABP disponibiliza aos associados um moderno sistema de quitação 100% DIGITAL da anuidade 2012, que é a forma mais consciente de controlar o pagamento da sua anuidade, você recebe tudo e faz tudo pela internet, via cartão de crédito ou boleto bancário. Você economiza o uso de papel, e a emissão de CO2 durante o transporte. Você ganha, a natureza ganha e a ABP ganha. O processo é simples e foi planejado para dar mais comodidade aos associados. Basta acessar o nosso portal www.abp.org.br e clicar no banner anuidade 2012. Quem quitar a anuidade de 2012 até o dia 31 de janeiro concorre a 5 inscrições no Propsiq e a 10 inscrições para o XXX Congresso Brasileiro de Psiquiatria, que será realizado entre os dias 10 a 13 de outubro, em Natal – RN. Atualize seu CADASTRO: a ABP quer falar com você! Dentro do projeto de modernização e integração, a ABP está realizando o recadastramento de endereço, telefone e e-mail de todos os associados. Este processo se faz necessário para que possamos manter nossa comunicação em dia e, principalmente, informar a todos os avanços institucionais que temos conseguido e ainda facilitar o envio das nossas publicações – Jornal PH, Revista Debates em Psiquiatria (RDP) e Revista Brasileira de Psiquiatria (RBP Psychiatry), além de nossas newsletters e e-mail mkt. A ABP também quer universalizar as informações sobre os novos projetos que estão sendo implantados e que precisam ser de conhecimento da comunidade associativa. Os que se recadastraram em 2011 e os que fizerem o recadastramento até o dia 31 de março de 2012, concorrerão a 10 inscrições para o XXX Congresso Brasileiro de Psiquiatria, que será realizado entre os dias 10 e 13 de outubro, em Natal - RN. 2 www.abp.org.br revista debates em psiquiatria -Jul/Ago 2011 Luan Comunicação Já estão disponíveis AS aulas do Programa de Educação Continuada PEC/ABP 2011 Para acompanhar basta acessar o link http://www.pec-abp.org.br/index.php no portal da psiquiatria. Têm acesso garantido os associados quites com a anuidade da ABP. Atenção para os temas das aulas: DEPENDÊNCIA QUÍMICA Dra. Analice Gigliotti Participação: Dr. Carlos Salgado A Chefe do Setor de Dependência Química da Santa Casa do Rio de Janeiro, Dra. Analice Gigliotti, fala sobre os 13 princípios básicos para efetividade no tratamento dos dependentes químicos. A aula do PEC/ABP 2011 – Dependência Química – conta com a participação do Dr. Carlos Salgado, conselheiro da Abead. SUICÍDIO Prof. Dr. Humberto Correa Coordenação: Prof. Dra. Alexandrina Meleiro Participação: Prof. Dr. Fabio Gomes de Souza A aula é coordenada pela Prof. Dra. Alexandrina Meleiro, do Instituto de Psiquiatria da USP e ministrada pelo Professor Titular da UFMG, Humberto Correa. A participação especial é Prof. Dr. Fabio Gomes de Souza, professor associado da Universidade Federal do Ceará. Na aula, o Prof. Dr. Humberto Correa explica quais as bases para classificar o suicídio e formas de análise do comportamento suicida. TERAPIA COGNITIVA Prof. Dr. Irismar Reis de Oliveira Coordenação: Dr. Pedro Lima e Dra. Lia Silvia Kunzler Dr. Irismar Reis de Oliveira, Professor Titular do Departamento de Neuropsiquiatria da Faculdade de Medicina da Bahia, fala sobre a Terapia Cognitiva, que é considerada uma das abordagens que apresentam mais evidencias empíricas de eficácia no tratamento de doenças mentais, quer oferecida de forma isolada ou em combinação com farmacoterapia. A aula é coordenada por Dr. Pedro Lima, pesquisador da PUC/RS e pela Dra. Lia Silvia Kunzler. ESQUIZOFRENIA Prof. Dr. Itiro Shirakawa Coordenação: Prof. Dr. José Reinaldo do Amaral O vice-presidente da ABP e Professor Titular da Unifesp – Escola Paulista de Medicina, Itiro Shirakawa, fala sobre esquizofrenia. Sua frequência na população em geral é da ordem de 1 para cada 100 pessoas, havendo cerca de 40 casos novos para cada 100.000 habitantes por ano. No Brasil estima-se que há cerca de 1,6 milhão de esquizofrênicos; a cada ano cerca de 50.000 pessoas manifestam a doença pela primeira vez. A aula sobre Esquizofrenia foi coordenada pelo Prof. Dr. José Reinaldo do Amaral, chefe do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de Goiás. SAÚDE MENTAL E PRÉ-ESCOLA Dr. Fabio Barbirato O professor da PUC do Rio de Janeiro e Diretor do Departamento de Infância e Adolescência da Santa Casa do Rio de Janeiro, Dr. Fabio Barbirato, apresenta a aula Saúde Mental e pré-escola. O trabalho detalhado começou a ser desenvolvido na Santa Casa desde 2007. POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL Prof. Dr. Valentim Gentil O Professsor Titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Chefe do Departamento de Psiquiatria da FMUSP, Prof. Dr. Valentim Gentil, fala sobre Política de Saúde Mental. Ele critica a atenção dada à população com argumentos fortes: o atendimento a doentes mentais ou é ruim ou é inexistente. Ele também afirma que o descompasso entre nossa política de saúde mental e os avanços da psiquiatria é evidente. Aproveitem bem as aulas! Jul/Ago 2011 - revista debates em psiquiatria 3 Luan Comunicação Mais do que uma especialidade médica, a psiquiatria reúne aspectos da ciência do conhecimento da mente e do comportamento humano. Como unir este conhecimento e a pratica médica diária? É o que você vai conhecer no XXX Congresso Brasileiro de Psiquiatria. Anote na agenda: Natal - de 10 a 13 de outubro 2012 o maior evento de ensino continuado da psiquiatria. Acesse o nosso portal: www.abp.org.br ////////////// editorial opinião Crescem afastamentos do trabalho por doenças mentais D Antonio Geraldo da Silva Editor ados do Ministério da Previdência Social revelam que as licenças de acidentes de trabalho provocados por transtornos mentais e comportamentais aumentaram 19,6% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2010. O aumento foi quatro vezes superior à expansão média dos demais afastamentos autorizados pelo INSS. As concessões de auxílio-doença previdenciário para casos de doenças mentais também cresceram. No primeiro semestre deste ano, o número de licenças aumentou 13% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse crescimento ficou acima da média do índice registrado para as outras doenças, de 11,5%. Segundo a Previdência Social, a depressão e o estresse são os transtornos mentais que mais causam afastamentos pelo INSS. Antenada com as discussões mais atuais da sociedade, a Revista Debates em Psiquiatria traz nesta edição dois artigos científicos que tratam da depressão. O tema é delicado e ganha cada vez mais espaço nos meios de comunicação, por isso a importância dos debates científicos. Também nesta edição, outros dois artigos tratam de temas atuais e relevantes para a sociedade. Um deles faz uma revisão crítica de duas psicoterapias utilizadas no tratamento das dependências e transtornos do impulso, a Terapia Dialética Comportamental e a Entrevista Motivacional. Outro artigo discute os transtornos do aprendizado escolar: transtorno de expressão escrita, trastorno de leitura e transtorno do cálculo. A produção científica é essencial para embasarmos as discussões em nossa sociedade e é para dar visibilidade a essa produção que a Revista Debates em Psiquiatria existe. Uma boa leitura! Os Editores João Romildo bueno Editor Jul/Ago 2011 - revista debates em psiquiatria 5 //////////// eXPEDIENTE Diretoria Executiva Presidente: Antonio Geraldo da Silva - DF Vice-Presidente: Itiro Shirakawa - SP 1º Secretário: Luiz Illafont Coronel - RS 2º Secretário: Mauricio Leão - MG 1º Tesoureiro: João Romildo Bueno - RJ 2º Tesoureiro: Alfredo Minervino - PB Secretários Regionais Norte: Paulo Leão - PA Nordeste: José Hamilton Maciel Silva Filho - SE Centro-Oeste: Salomão Rodrigues Filho - GO Sudeste: Marcos Alexandre Gebara Muraro - RJ Sul: Cláudio Meneghello Martins - RS Conselho Fiscal Titulares: Emmanuel Fortes - AL Francisco Assumpção Júnior - SP Helio Lauar de Barros - MG Suplentes: Geder Ghros - SC Fausto Amarante - ES Sérgio Tamai - SP ABP - Rio de Janeiro Secretaria Geral e Tesouraria Av. Presidente Wilson, 164 / 9º andar. CEP: 20030-020 Telefax: (21) 2199.7500 Rio de Janeiro - RJ E-mail: [email protected] Publicidade: [email protected] 6 revista debates em psiquiatria -Jul/Ago 2011 EDITORES: Antônio Geraldo da Silva João Romildo Bueno Editores Associados Itiro Shirakawa Alfredo Minervino Luiz Carlos Illafont Coronel Maurício Leão Conselho Editorial Almir Ribeiro Tavares Júnior - MG Ana Gabriela Hounie - SP Analice de Paula Gigliotti - RJ Carlos Alberto Sampaio Martins de Barros - RS Carmita Helena Najjar Abdo - SP Cássio Machado de Campos Bottino - SP César de Moraes - SP Elias Abdalla Filho - DF Érico de Castro e Costa - MG Eugenio Horácio Grevet - RS Fausto Amarante - ES Fernando Portela Câmara - RJ Flávio Roithmann - RS Francisco Baptista Assumpção Junior - SP Helena Maria Calil - SP Humberto Corrêa da Silva Filho - MG Irismar Reis de Oliveira - BA Jair Segal - RS João Luciano de Quevedo - SC José Alexandre de Souza Crippa - SP José Cássio do Nascimento Pitta - SP José Geraldo Vernet Taborda - RS Josimar Mata de Farias França - AL Marco Antonio Marcolin - SP Marco Aurélio Romano Silva - MG Marcos Alexandre Gebara Muraro - RJ Maria Alice de Vilhena Toledo - DF Maria Dilma Alves Teodoro - DF Mário Francisco Pereira Juruena - SP Paulo Belmonte de Abreu - RS Paulo Cesar Geraldes - RJ Sergio Tamai - SP Valentim Gentil Filho - SP Valéria Barreto Novais e Souza - CE William Azevedo Dunningham - BA Conselho Editorial Internacional Antonio Pacheco Palha (Portugal), Marcos Teixeira (Portugal), José Manuel Jara (Portugal), Pedro Varandas (Portugal), Pio de Abreu (Portugal), Maria Luiza Figueira (Portugal), Julio Bobes Garcia (Espanha), Jerónimo Sáiz Ruiz (Espanha), Celso Arango López (Espanha), Manuel Martins (Espanha), Giorgio Racagni (Italia), Dinesh Bhugra (Londres), Edgard Belfort (Venezuela) Jornalista Responsável: Lucia Fernandes Projeto Gráfico, Editoração Eletrônica e Ilustração: Lavinia Góes Produção Editorial: Luan Comunicação Impressão: Gráfica Editora Pallotti //////////////////// índice JUL/AGO 2011 8/ artigo Psicoterapias Eficazes no Tratamento das Dependências e Transtornos do Impulso por Elizabeth Carneiro e Analice Gigliotti 14/artigo A Diferenciação entre os Quadros Depressivos com Comprometimento Cognitivo e Demência nos Idosos por Castro-Costa E, Aguiar CCT e Blay SL 18/artigo Transtornos do Aprendizado Escolar por Francisco B. Assumpção Jr e Evelyn Kuczynski 30/artigo La Depresión Refractaria por Saiz-Ruiz J, Saiz-Gonzalez D e de la Vega Sánchez D. Jul/Ago 2011 - revista debates em psiquiatria 7 ARTIGO /////////////////// por Elizabeth Carneiro e Analice Gigliotti PSICOTERAPIAS EFICAZES NO TRATAMENTO DAS DEPENDÊNCIAS E TRANSTORNOS DO IMPULSO Resumo O presente artigo se propõe a fazer uma revisão crítica das técnicas chamadas Terapia Dialética Comportamental e Entrevista Motivacional. O método utilizado foi a análise não sistemática da literatura disponível sobre ambas as abordagens dos últimos 11 anos. As conclusões são que apesar de a ciência ter progredido significativamente para a realização de pareamentos entre as as formas de adoecer entre os dependentes químicos e os recursos psicoterápicos considerados eficazes, estudos mais específicos e aprofundados ainda são necessários para que se possa intervir terapêuticamente em pacientes que não respondem a nenhuma das abordagens já desenvolvidas. Palavras chave: Terapia Dialética Comportamental, Entrevista Motivacional, psicoterapia, dependências, transtornos do impulso Introdução: A ciência hoje se dedica mais do que nunca a busca de um pareamento entre de diagnósticos clínicos e técnicas. O objetivo é que se possa progressivamente ter maior clareza sobre qual o manejo mais apropriado para cada tipo de doença. Este artigo destina-se à descrição técnica e às indicações corretas tanto da Terapia Dialética Comportamental, quanto da Entrevista Motivacional. Ambas são técnicas utilizadas no tratamento de dependências e de outros Transtornos de Controle dos Impulsos e tidas hoje como psicoterapias com evidência clínica de eficácia. A primeira, especialmente destinada aos dependentes com características de maior impulsividade ou pelo aumento do drive para a ingestão da droga, ou pela menor capacidade de controle decisório. A segunda, prioritariamente indicada para pacientes que tem questões relacionadas a motivação. 8 revista debates em psiquiatria -Jul/Ago 2011 Método: O método utilizado para o desenvolvimento do presente artigo foi a realização de uma ampla análise da literatura disponível sobre Terapia Dialética Comportamental e Entrevista Motivacional dos últimos anos dez sob uma óptica crítica. A Terapia Dialética Comportamental, embora seja uma psicoterapia ainda pouco difundida no Brasil, conta com grande quantidade de estudos que comprovam ser uma abordagem diferenciada que combina recursos da Terapia Cognitivo-Comportamental e conceitos oriundos do budismo e psicoterapias orientais (Linehan, 2010). A técnica foi desenvolvida por Marsha Linehan que a fundamentou a partir do trabalho com pacientes acometidos de Transtorno de personalidade borderline. Posteriormente a abordagem terapêutica foi adaptada a pacientes dependentes químicos, transtornos alimentares, transtornos de humor, transtornos ansiosos etc... Sua maior indicação é o tratamento de patologias que envolvem impulsividade e dificuldade de regular as emoções. A Terapia Dialética Comportamental é uma técnica destinada a pacientes motivados para o tratamento. Atualmente sua autora tem dado muita ênfase ao conceito de “Mindfullnesss”, termo que designa uma forma de ser na vida que no português pode ser traduzido como “atenção plena”, sobre a qual (que) discorreremos ao longo deste artigo. A “atenção plena” destina-se a construção de um estilo de vida em que se atue de forma mais presente, mais atenta. Parte do pressuposto que as pessoas com muito freqüência fazem inúmeras atividades ao mesmo tempo, com freqüência fazem algo pensando na próxima coisa que deverão fazer e com isso, não vivenciam cada momento. A Terapia Dialética Comportamental acredita que a ação sem atenção e presença é a base da impulsividade e da oscilação de humor (Dimeff, 2007). Elizabeth Carneiro é psicóloga supervisora do Setor de Dependência Química e Outros Transtornos do Impulso do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa da Misericórdia (RJ) A atenção plena é categorizada em dois tipos. A primeira é do tipo “o que”, que consiste num treinamento de observar, descrever e participar de fenômenos “intra” e “extra-psíquicos”. Geralmente, somente durante o início do processo de aprendizagem é que observamos e descrevemos os passos para a realização de “tal” atividade, como aprender a dirigir por exemplo, depois a tendência é automatizarmos aquela ação, muitas vezes nem percebendo que estamos realizando. Ou seja, metafóricamente passamos para “o piloto automático”. A habilidade de observar consiste em prestar atenção aos acontecimentos e às emoções “intra” e “extra” psíquicos. Estimula-se o paciente a não tentar eliminar a emoção ou situação que lhe esteja gerando desconforto. O aprendizado é para viver a vida como ela se apresenta no momento, com maior presença e atenção. (Hagen, 2000). A Habilidade de descrever consiste em transpor para palavras acontecimentos e emoções “intra” e “extra-psíquicos”. Esta habilidade auxilia na busca do autocontrole e numa efetiva comunicação entre a pessoa e o mundo. • A habilidade de participar com dedicação consiste em conseguir sair do “piloto automático”, prestar atenção em coisas que fazemos e que nem percebemos. O segundo tipo de habilidade de atenção plena é do tipo “como”. Esta habilidade se caracteriza por assumir uma postura acrítica diante da vida, o que significa abster-se de atribuir valores aos acontecimentos. As coisas não são positivas nem negativas dentro desta visão, elas “são o que são”. Também não tem como objetivo negligenciar a verdade, ou seja, não se avalia algo claramente ruim, como algo bom ou não tão ruim. Tenta-se ensinar ao paciente que não importa se ele está certo ou errado na forma de agir e sentir, e sim, se esta forma está funcionando ou não, se está trazendo resultados positivos para a sua vida. O foco é a busca por resultado. O processo de sair do piloto automático envolve fazer de forma “racionalmente consciente” uma coisa de cada vez, além de não fazer uma coisa pensando em outra. O importante aqui é a qualidade da atenção. Esta qualidade também é atingida evitando a distração com questões do passado, ruminações ou com questões e antecipações sobre o que pode acontecer no futuro. Também se trabalha a aquisição de maior flexibilidade na forma de pensar, e conseqüentemente aprender a ter mais “jogo de cintura” diante dos fatos da vida. O paciente aprende que muitas vezes, tomado pelas emoções, é capaz de agir de forma que depois se volta contra si mesmo. Nas dependências, assim como no transtorno de personalidade borderline, é muito comum encontrarmos pacientes oriundos de ambientes invalidantes. Suas experiências na infância freqüentemente ocorrem de maneira em que seus pais não percebem suas maiores necessidades, tendo assim como conseqüência, uma pessoa com baixa autoestima. Estes ambientes invalidantes tendem a produzir nas pessoas uma necessidade de ficar continuamente demarcando posições, querendo provar que estão certos. Tais pacientes duvidam de suas próprias percepções e avaliações dos eventos e de suas emoções. O objetivo geral da Terapia Dialética Comportamental é a busca do equilíbrio entre o que chama de mente emocional e mente racional. A meta é a construção da “mente sábia”, que integra uma mente que sabe planejar e avaliar de forma lógica (mente racional) e uma mente controlada pelas emoções (mente emocional). A mente sábia é “o meio do caminho” entre dois extremos. A Terapia Dialética Comportamental também trabalha as habilidades interpessoais. Numa primeira etapa são ensinadas ao paciente habilidades interpessoais básicas. A segunda parte destina-se à detecção de precipitadores da eficácia e da não eficácia interpessoal. A terceira parte destina-se ao desenvolvimento de habilidades interpessoais específicas (automotivação; conseguir o que se quer; manter as relações e o manter auto-respeito). Para que servem as emoções? As emoções são valiosos sinalizadores de que algo está acontecendo. As emoções provocam e organizam ações, nos preparam para tais ações. As emoções comunicam algo para as pessoas além de influenciá-las, mesmo que não se tenha tal intenção. A expressão facial, a linguagem corporal, o tom de voz também são formas comuns de comunicação das emoções. As emoções podem ser vistas como uma forma de validar as próprias percepções sobre os acontecimentos. A regulação das emoções é a maior meta da Terapia Dialética Comportamental. Ela consiste numa primeira etapa em entender suas próprias emoções através de duas estratégias: observar e descrever suas emoções nomeando-as, além de entender a função das emoções na vida, entendendo que as emoções comunicam algo a nós mesmos e aos outros tendo comportamentos como conseqüência. Todo o trabalho é feito para que se possa diminuir a freqüência de emoções desconfortáveis, além de diminuir a vulnerabilidade a tais emoções. Uma das metas é aumentar a existênJul/Ago 2011 - revista debates em psiquiatria 9 ARTIGO /////////////////// por Elizabeth Carneiro e Analice Gigliotti cia de emoções positivas e que ocorra o incremento da resiliência. Desta forma, obtem-se a diminuição do sofrimento emocional, reduzindo o sofrimento provocado pelas emoções bem como o aprendizado do manejo de emoções intensas, para que não se sofra mais do que o necessário. Um importante aprendizado se dá prestando atenção a como a emoção se expressa no corpo e também nos comportamentos que evidenciam tal emoção. Embora Marsha Linehan se utilize muito da terapia cognitivo-comportamental, há momentos em que se utiliza mais da Terapia Comportamental pura. Desta forma, acredita que não necessariamente a emoção é precedida por um pensamento. Diz que os eventos em si podem gerar emoções negativas e a partir daí, com as pessoas mais vulneráveis, se iniciam as distorções cognitivas. A autora diz que reatividade emocional é mais provável sob condições de estresse físico ou do ambiente. Então uma maneira de trabalhar a mente emocional é a busca pelo equilíbrio da alimentação (trabalhar quais alimentos o fazem se sentir bem ou mal e em qual quantidade) e do sono (nem mais nem menos). Também preconiza a implementação de exercício físico, o tratamento doenças clínicas, além de orientar o não consumo de substâncias psicoativas sem prescrição (que reduzem a resistência as emoções negativas). Estimula o envolvimento em atividades que aumentem a percepção de competência. Marsha Linehan dá algumas dicas que parecem ter um grande poder de relação das emoções como: Fazer um exercício exaustivo como corrida por 20 min (não é qualquer atividade física; colocar a cabeça dentro de uma bacia com água e bastante gelo imergindo até as maças do rosto para regular as emoções e a execução de um sorrido parcial. Um sorriso tenso pode dizer ao cérebro que você está se escondendo ou mascarando algo e o relaxamento dos lábios pode mandar a mensagem oposta (Linehan,2010). Observar e descrever são tarefa contínua para uma boa prática; sempre seguir o lema “evite evitar as emoções”; sempre lembrar que a emoção vem e vai como uma onda e que devemos esperar a emoção passar (Williams&Col, 2007) A terapia dialética comportamental acredita que as pessoas se sentem desconfortáveis por motivos que muitas vezes fazem sentido. Tenta promover fatos emocionais positivos (amor, alegria, auto-eficácia, tranqüilidade). Existem vários caminhos para controlar as emoções. Por vezes, controlar os fatos é uma forma de controlar as emoções; aumentar atividades geradoras de prazer diariamente para gerar emoções positivas (que propiciará automaticamente uma modificação no estilo de vida); ter atenção plena no momento das atividades prazerosas; não ficar ansioso ou pre- 10 revista debates em psiquiatria -Jul/Ago 2011 ocupado quanto à finalização da experiência positiva; ter atenção plena ás emoções do momento; não julgar; não tentar inibir; não tentar se distrair. O pressuposto é que a exposição às emoções que geram dor ou desconforto, sem avaliá-las e sem conectá-las com conseqüências negativas, gerará a extinção das emoções secundárias. Se um indivíduo avalia tal emoção como “má”, isso provavelmente gerará ansiedade, culpa etc.. A soma das emoções primárias e secundárias torna a dor mais intensa. Um aspecto importante a ser trabalhado com o paciente é a necessidade de se libertar da culpa por ter emoções dolorosas. Uma forma de obter a regulação da emoção é alterar a expressão do comportamento, agir de uma forma exatamente oposta à emoção. O objetivo é gerar uma nova emoção, e não, impedir a que está acontecendo. Bons exemplos são: tentar desenvolver empatia por quem você tem raiva; aproximar-se daquilo que tem medo; na depressão, ativar-se. Também é realizado um treinamento de tolerância ao estresse, que significa aprender a tolerar e sobreviver a momentos de crise, além de aprender a aceitar a vida como ela é no momento. Existem quatro estratégias de tolerância ao estresse: distrair; Tranqüilizar/ser generoso com você (estimular olfato, paladar, visão, audição, tato); melhorar a situação utilizando técnicas de imaginação, tentar encontrar um significado para aquilo que lhe acontece, fazer um oração, fazer um exercício de relaxamento, realizar apenas uma coisa de cada vez, tirar férias, encorajar a si mesmo); trabalhar prós e contras para chegar à conclusão que: aceitar a realidade e tolerar estresse geram resultados mais positivos do que se afastar da realidade e refutar a tolerância ao estresse. A Entretanto, a Terapia Dialética Comportamental não é a melhor indicação para pacientes resistentes. A própria Marsha Lineham aconselha o uso da Entrevista Motivacional para pacientes pré contemplativos ou contemplativos. Portanto, a Entrevista Motivacional continua sendo a abordagem de primeira escolha para tais pacientes. A Entrevista Motivacional, embora seja uma abordagem diretiva, com objetivos claros a serem atingidos, e se utilize de técnicas que propiciem tal diretividade, tem o desenvolvimento de seu estilo de abordagem calcado na Terapia Centrada no cliente, de Carl Rogers. A terapia centrada no cliente, tem como base a crença de que o cliente tem o direito de decidir sobre sua própria vida; que ele é capaz de tomar boas decisões, que é ele quem sabe quais são os valores mais importantes para nortear a vida dele. Dessa forma, o profissional precisa estar disposto a não ter o controle total no Analice Gigliotti é psiquiatra chefe do Setor de Dependência Química e Outros Transtornos do Impulso do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa da Misericórdia (RJ) processo. O respeito a cada pessoa e a sua forma de ser no mundo é o central da Terapia Centrada no cliente (C.Rogers, 1951). A Entrevista Motivacional, desenvolvida por Willian Miller e Stephen Rollnick foi originalmente desenvolvida para o tratamento do alcoolismo e posteriormente expandida para o tratamento de outras dependências. Atualmente, é uma técnica que é utilizada para uma variedade de questões que implicam na necessidade de uma mudança de comportamento tais como sedentarismo, hábitos alimentares, jogo patológico, compras compulsivas, amor patológico, aderência ao tratamento etc... A Entrevista Motivacional é especialmente destinada a pacientes que estão paralisados em relação á uma mudança necessária. Parte do pressuposto que é natural que no processo de mudança a pessoa se sinta ambivalente quanto a mudar. E ainda, que a motivação se modifica, flutua de acordo com o momento e com as experiências internas e externas de cada pessoa. Há momentos em que quer mudar, há momentos em que o propósito se desfaz. Explorar e resolver a ambivalência é central neste processo. Assim, pode-se dizer ser que a proposta terapêutica mais eficaz tanto para clientes que declaram não desejar fazer mudança alguma, ou clientes que alternam momentos de motivação e momentos de relutância, os chamados ambivalentes ou contemplativos. O processo de auxílio de dá propiciando que o cliente explore a discrepância entre seu comportamento e seus próprios valores. As preocupações do cliente são valorizadas e assim a motivação é extraída de dentro pra fora. (W.Miller&col,2008) Também faz parte da estruturação da técnica o conceito proposto por Brehm&Brehm de reatância. Eles afirmam que a coerção ou pressão para uma pessoa se comportar de uma forma, produz exatamente o comportamento oposto e um declínio da motivação para mudar. (Brehm e Brehm, 1981). Abaixo descreveremos algumas das habilidades principais a serem adotadas para a prática da Entrevista Motivacional: 1) Perguntas abertas A pergunta aberta tem como objetivo provocar a continuidade e o aprofundamento do assunto que está sendo discutido. São Perguntas que não provocam a resposta “sim” ou “não” ou respostas muito curtas. Exemplo1: Você gosta de atividade física ? (pergunta fechada cuja as opções de resposta são “sim” ou “não”). Substituir por: Como é atividade física na sua vida? Exemplo2: Você é casado? Ou Você tem um namorado? (pergunta fechada cuja as opções de resposta são “sim” ou “não”). Substituir por: Como é sua vida afetiva? 2) Escuta Reflexiva A Escuta reflexiva é uma forma de criar um espaço propício para que a mudança possa acontecer. É a forma através da qual profissional demonstra que pode imaginar como cliente se sente e mostrar seu não julgamento sobre cada conteúdo trazido. Profissionais freqüentemente crêem que já sabem como fazer e subestimam a necessidade de aperfeiçoamento O que se faz são afirmações (e não perguntas) aonde se confere se o que você entendeu foi o que o cliente quis comunicar. A escuta reflexiva pode iniciar com: “Então, você tá me dizendo que...” A escuta reflexiva e toda a abordagem da Entrevista Motivacional envolve aspectos como interesse genuíno pelo cliente, sua vida e sua mudança; uma espécie de aceitação incondicional e o constante pressuposto de que o cliente é o expert de sua vida. 3) Validar Uma habilidade necessária ao profissional é a contínua validação do paciente durante todo o processo rumo à mudança. Cada etapa alcançada, mesmo que não pareça ter grande relevância deve ser valorizada. O intuito é que vá crescendo dentro de cada paciente a percepção de competência para realizar mudanças. 4) Resumir O resumo é utilizado em vários momentos do processo. Podem-se fazer resumos ao terminar um assunto, no momento em que passamos para um próximo tema. Pode-se realizar também ao final da consulta para amarrar os pontos principais relacionados á Mudança e também pode-se iniciar a próxima consulta, fazendo uma espécie de recapitulação sobre aonde a última sessão parou e o que de importante ficou. Os resumos dão uma diretividade necessária ao processo, pois o terapeuta, só incluirá nos resumos temas que forem propiciadores de mudança e não, qualquer assunto trazido pelo cliente. Discussão: Muito já se evoluiu no processo de aprimoramento das psicoterapias voltadas para as dependência e transtornos dos impulsos. Entretanto, ainda há a necessidade de mais estudos para que se possa cada vez mais dar conta dos pacientes que apesar dos Jul/Ago 2011 - revista debates em psiquiatria 11 ARTIGO /////////////////// por Elizabeth Carneiro e Analice Gigliotti progressos técnicos não alcançam bons resultados. Dessa forma, pesquisadores continuam a ter como desafio um refinamento técnico que possa vir a contemplar pacientes que não respondem a nenhuma abordagem disponível. Referências 1. Conclusão: Terapia Dialética Comportamental atualmente dá grande ênfase ao conceito de Mindfulness, que conclusivamente podemos dizer que é a consciência que emerge a partir da atenção plena, no momento presente, sem julgamento, das coisas como elas são. Marsha Linehan preconiza trocar o verbo “fazer”pelo verbo “ser”. O ponto central não é prestar mais atenção, e sim, prestar atenção de forma diferente, saindo do piloto automático, trazendo consciência para as atividades rotineiras, e sabendo que pensamentos são eventos mentais que passam, e não, a realidade como ela é. Já a Entrevista Motivacional é uma abordagem que tem como ponto central um extremo respeito pela forma de ser do cliente e pela forma dele ver o mundo. Auxilia as pessoas que estão paralisadas em relação ao processo de mudança de um comportamento que esteja trazendo prejuízos, a partir de uma conduta em que auxilia o cliente a descobrir a motivação que existe dentro dele. Entende que o ser humano sob pressão para mudar, tende a se comportar de forma oposta e por isso não utiliza como estratégia a persuasão de que o cliente precisa mudar. Nesta abordagem, o cliente é que dirá se deve mudar e como irá mudar. As referências bibliográficas ao final do artigo seguem a ordem alfabética pelo sobrenome do autor (maiúscula), nome, título, subtítulo (se houver), edição, local, editora, data da publicação, página e/ou volume, obedecendo às normas da ABNT. 12 revista debates em psiquiatria -Jul/Ago 2011 2. 3. 4. 5. 6. 7. Brehm, S; Brehm, J. Psychological reactance: A Theory of freedom and control. New York: Academic Press, 1981. Dimeff,L; Koerner,K. Dialetical Behavior Therapy in Clinical Practice. New York: The Guilford Press, 2007. Hagen, S. Budismo Claro e Simples. São Paulo: Pensamento, 2000. Linehan,M. Vencendo o transtorno borderline. Porto Alegre: Artmed, 2010. Miller, W; Rollnick,S. Motivational Interviewing in the Treatment of Psychological Problems. New York: The Guilford Press, 2008 . Rogers,C. Terapia Centrada no Cliente. Martins Fontes, 1992. Williams,M; Teadsdale,J; Segal,Z; Kabat-Zinn,J. The Mindful Way through depression. New York: The Guilford Press, 2007. Seroquel XRO® fumarato de quetiapina Seroquel XRO® (fumarato de quetiapina) é um agente antipsicótico atípico Indicações: Seroquel XRO é indicado para o tratamento da esquizofrenia e como monoterapia ou adjuvante no tratamento dos episódios de mania e de depressão associados ao transtorno afetivo bipolar. Contra-indicações: Seroquel XRO é contra-indicado em pacientes com hipersensibilidade conhecida a qualquer componente de sua fórmula. Cuidados e Advertências: Advertências: Ideação e comportamento suicidas ou piora clínica: A depressão e certos transtornos psiquiátricos são associados a um aumento de risco de ideação e comportamento suicidas. Pacientes de todas as idades que iniciam tratamento com antidepressivos devem ser monitorados e observados de perto quanto a piora clínica, suicidalidade ou alterações não usuais no comportamento. Familiares e cuidadores devem ser alertados sobre a necessidade de observação do paciente e comunicação com o médico. Neutropenia: Muitos casos de neutropenia grave ocorreram dentro dos primeiros dois meses do início de tratamento com quetiapina. Aumentos de glicose no sangue e hiperglicemia: Aumentos de glicose no sangue e hiperglicemia, e relatos ocasionais de diabetes têm sido observados nos estudos clínicos com quetiapina. Lipídeos: Aumentos de triglicérides e colesterol têm sido observados nos estudos clínicos com quetiapina. Doenças concomitantes: Recomenda-se cautela ao tratar pacientes com doença cardiovascular conhecida, doença cerebrovascular ou outras condições que os predisponham à hipotensão. Convulsões: recomenda-se cautela ao tratar pacientes com história de convulsões. Sintomas extrapiramidais e Discinesia tardia: Se sinais e sintomas de discinesia tardia aparecerem, deve ser considerada uma redução da dose ou a descontinuação de quetiapina. Síndrome neuroléptica maligna: Síndrome neuroléptica maligna (hipertermia, estado mental alterado, rigidez muscular, instabilidade autonômica e aumento da creatino fosfoquinase) tem sido associada ao tratamento antipsicótico, incluindo a quetiapina. Caso isto ocorra, Seroquel XRO deve ser descontinuado e tratamento médico apropriado deve ser administrado. Descontinuação: Sintomas de descontinuação aguda assim como insônia, náusea e vômito têm sido descritos após uma interrupção abrupta do tratamento com fármacos antipsicóticos incluindo a quetiapina. É aconselhada a descontinuação gradual por um período de pelo menos uma a duas semanas. Uso durante a gravidez e lactação: Categoria de risco na gravidez: C. Seroquel XRO só deve ser usado durante a gravidez se os benefícios justificarem os riscos potenciais. As mulheres devem ser orientadas a não amamentarem enquanto estiverem tomando Seroquel XRO (para maiores informações vide bula completa do produto). Interações medicamentosas: Seroquel XRO deve ser usado com cuidado em combinação com outros medicamentos de ação central e com álcool. A co-administração de carbamazepina aumentou significativamente a depuração de quetiapina, dependendo da resposta clínica, um aumento da dose de Seroquel XRO deve ser considerado. Doses elevadas de Seroquel XRO podem ser necessárias para manter o controle dos sintomas psicóticos em pacientes que estejam recebendo concomitantemente Seroquel XRO e fenitoína ou outros indutores de enzimas hepáticas (por exemplo: barbituratos, rifampicina, etc.). A dosagem de Seroquel XRO deve ser reduzida durante o uso concomitante de quetiapina e potentes inibidores da CYP3A4 (como antifúngicos azóis, antibióticos macrolídeos e inibidores da protease). Outras interações medicamentosas, vide bula completa do produto. Reações adversas: As reações adversas mais comumente relatadas com a quetiapina são: tontura, sonolência, boca seca, sintomas de descontinuação (insônia, náusea, cefaléia, diarréia, vômito, tontura e irritabilidade), elevações dos níveis de triglicérides séricos, elevações do colesterol total, ganho de peso, leucopenia, neutropenia, taquicardia, visão borrada, constipação, dispepsia, astenia leve, edema periférico, irritabilidade, elevações das transaminases séricas (ALT, AST), aumento da glicose no sangue para níveis hiperglicêmicos, elevações da prolactina sérica, síncope, sintomas extrapiramidais, aumento do apetite, rinite, hipotensão ortostática e sonhos anormais e pesadelos (para maiores informações vide bula completa do produto). Posologia: Seroquel XRO deve ser administrado uma vez ao dia, por via oral, com ou sem alimentos. Esquizofrenia e Episódios de mania associados ao transtorno afetivo bipolar: a dose total diária para o início do tratamento é de 300 mg no dia 1, 600 mg no dia 2 e até 800 mg após o dia 2. A dose deve ser ajustada até atingir a faixa considerada eficaz de 400 mg a 800 mg por dia, dependendo da resposta clínica e da tolerabilidade de cada paciente. Para terapia de manutenção em esquizofrenia não é necessário ajuste de dose. Episódios de depressão associados ao transtorno afetivo bipolar: SEROQUEL XRO deve ser administrado em dose única diária noturna, por via oral, com ou sem alimentos. SEROQUEL XRO deve ser titulado como a seguir: 50 mg (dia 1), 100 mg (dia 2), 200 mg (dia 3) e 300 mg (dia 4). SEROQUEL XRO pode ser titulado até 400 mg no dia 5 e até 600 mg no dia 8. A eficácia antidepressiva foi demonstrada com SEROQUEL com 300 mg e 600 mg, entretanto benefícios adicionais não foram vistos no grupo 600 mg durante tratamento de curto prazo.Troca de terapia a partir de Seroquel: Para maior conveniência de dose, pacientes em tratamento contínuo com doses divididas de Seroquel podem trocar o tratamento para Seroquel XRO nas doses equivalentes totais diárias tomadas uma vez ao dia. Pode ser necessário ajuste de dose individual. Insuficiência hepática: A quetiapina é extensivamente metabolizada pelo fígado. Portanto, Seroquel XRO deve ser usado com cautela em pacientes com insuficiência hepática conhecida, especialmente durante o período inicial. Pacientes com insuficiência hepática devem iniciar o tratamento com 50 mg/dia. A dose deve ser aumentada diariamente em incrementos de 50 mg/dia até atingir a dose eficaz, dependendo da resposta clínica e da tolerabilidade de cada paciente. Idosos: A depuração plasmática média de quetiapina foi reduzida em 30% a 50% em pacientes idosos quando comparados com pacientes jovens. Pacientes idosos devem iniciar o tratamento com 50 mg/dia. A dose deve ser aumentada em incrementos de 50 mg/dia até atingir a dose eficaz, dependendo da resposta clínica e da tolerabilidade de cada paciente (para maiores informações vide bula completa do produto). Superdose: A maioria dos pacientes com superdosagem não apresentou eventos adversos ou recuperou-se completamente dos eventos adversos. Em geral, os sinais e sintomas relatados foram resultantes da exacerbação dos efeitos farmacológicos conhecidos da quetiapina, isto é, sonolência e sedação, taquicardia e hipotensão. Não há antídoto específico para a quetiapina. Supervisão médica e monitoração cuidadosas devem ser mantidas até a recuperação do paciente. Apresentações: Embalagens com 10 e 30 comprimidos revestidos de liberação prolongada de 50 mg, 200 mg e 300 mg. USO ADULTO/USO ORAL. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DA RECEITA. Para maiores informações, consulte a bula completa do produto. (SER_XRO009) AstraZeneca do Brasil Ltda., Rod. Raposo Tavares, Km 26,9 - Cotia - SP - CEP 06707-000 Tel.: 0800-0145578. www.astrazeneca.com.br Seroquel® XRO. MS – 1.1618.0232. CARTA-Resposta à Revista Veja A edição nº 2244 da revista Veja, datada de 23 de novembro, nos brindou com um conjunto de reportagens sobre a ciência. Entre elas, em destaque, está a psiquiatria, escolhida matéria de capa. O repórter André Petry tenta relatar os dilemas, as conquistas e os desafios por que passa a pesquisa do cérebro humano, tão fascinante e tão desafiador. O texto merece, entretanto, algumas considerações. A complexidade das estruturas cerebrais são um dos maiores desafios da ciência contemporânea. Como ciência, a psiquiatria tem definição clara sobre o que pode e o que não pode ser considerado um transtorno mental, mas está fora de suas atribuições julgar ou enquadrar comportamentos sociais. Contamos com os avanços científicos e esperamos que eles possam contribuir para a elaboração dos diagnósticos psiquiátricos, entretanto, a prática clínica continua sendo a espinha dorsal do atendimento psiquiátrico. Também por isso, a psiquiatria não faz diagnóstico de doença exclusivamente por meio de exames biológicos do funcionamento do cérebro. E dada a complexidade deste órgão, seria temerário fazê-lo no momento atual do nosso conhecimento. Os pacientes que procuram, muito relutantemente, a psiquiatria como “último recurso” para minorarem suas dores mentais o fazem porque, como diz o filósofo e médico britânico I. Sccading, “seus sistemas adaptativos, ao contrário dos sistemas adaptativos biológicos normais, se tornaram prejudiciais para o próprio indivíduo, para o próprio organismo”. Trocando em miúdos, e aproveitando o que foi dito pelo filósofo-psiquiatra Henri Ey, o indivíduo perdeu a liberdade de decidir o que é bom e mau para si mesmo, perdeu até a liberdade de “pecar” por conta própria, perdeu a liberdade de decidir se quer o pecado ou a virtude, o bem ou o mal, a felicidade ou a infelicidade, dado o determinismo biológico e psíquico doentio a que está submetido. O paciente pode ficar preso a comportamentos obsessivos, repetitivos, compulsivos, impulsivos, disfuncionais, auto-lesivos, suicidas, de tal modo avassalador que perde a capacidade de amar e de trabalhar. Está preso a um automatismo mental que ele próprio reconhece ser tirânico e do qual não consegue se livrar. Sobre o aumento do número de doenças psiquiátricas publicadas no DSM, temos consciência de que passamos por um processo evolutivo intelectual e social jamais visto na História humana. O avanço da tecnologia, a melhora nos diagnósticos e a redução do estigma contra o doente mental são sim fatores que levaram ao aumento do número de doenças psiquiátricas catalogadas e esse avanço deve ser celebrado pela comunidade mundial e não demonizado. Promover ainda mais o estigma que há em relação ao doente mental, afirmando que a doença mental não existe, pode fazer com que pessoas abandonem tratamentos, o que, no caso da depressão, por exemplo, pode levar a consequências graves, como o suicídio. No nosso país, cerca de nove mil pessoas cometem suicídio anualmente. A maior parte delas padecia de um transtorno psiquiátrico, sendo a depressão o mais frequente. Pensando em dialogar com a sociedade no sentido de acabar com o estigma que há em relação ao psiquiatra e ao doente mental, a Associação Brasileira de Psiquiatria lançou a campanha “A Sociedade contra o Preconceito”, no último Congresso Brasileiro de Psiquiatria, no início de novembro. A campanha ganhou a adesão de personalidades da TV, do Esporte, do jornalismo e da literatura. Pessoas que entendem a perversidade que é a estigmatização do doente mental por que passaram por isso, pessoalmente ou com familiares próximos. Contamos com a sensibilidade do Senhor Editor e dos grandes repórteres de Veja para contribuir com o fim do preconceito e não alimentá-lo ainda mais. É importante lembrar que a doença é o algoz e não a Psiquiatria. Antônio Geraldo da Silva Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria Jul/Ago 2011 - revista debates em psiquiatria 15 Luan Comunicação Conheça as novas CRAQUE que é craque NÃO USA A ABP lançou durante o XXIX Congresso Brasileiro de Psiquiatria o projeto “Craque que é craque não usa crack”. O objetivo é promover informações sobre a prevenção do uso de drogas e particularmente o crack entre os jovens. O programa específico intitulado “Craque que é craque não usa crack” vai valorizar o posicionamento de jovens esportistas, de artistas, de comunicadores e de outras personalidades de referência para os adolescentes. Glamourizar a saúde em lugar de maconha e crack é um contraponto para a banalização do uso de drogas e de suas consequências ora corrente em nossa sociedade. 16 revista debates em psiquiatria -Jul/Ago 2011 CAMPANHAS da ABP A SOCIEDADE CONTRA O PRECONCEITO A ABP também lançou durante o XXIX Congresso Brasileiro de Psiquiatria o projeto “A Sociedade contra o Preconceito”. O objetivo é diminuir o estigma com relação à doença mental, ao doente mental e ao Psiquiatra. Também vai esclarecer a população com relação à natureza da doença mental, seus modos de manifestação e suas consequências para o doente e sua família. Explicar que a doença pode surgir por mecanismos biológicos, como qualquer outra doença clínica. Conheça o projeto “A Sociedade contra o Preconceito” e participe dessa rede de esclarecimento e informação. www.abp.org.br Jul/Ago 2011 - revista debates em psiquiatria 17 ARTIGO /////////////////// por Castro-Costa E, Aguiar CCT e Blay SL A diferenciação entre os quadros depressivos com comprometimento cognitivo e demência nos idosos Resumo O transtorno depressivo no idoso apresenta uma alta taxa de prevalência e os critérios diagnósticos são similares ao transtorno depressivo nos adultos mais jovens. Entretanto, evidências epidemiológicas demonstram que a depressão nos idosos pode apresentar algumas características especificas como por exemplo sintomas cognitivos que persistem mesmo após a remissão dos sintomas depressivos. As principais alterações cognitivas observadas na depressão dos idosos são alterações das funções das sub-corticais enquanto que na demência as alterações são nas áreas corticais. Entretanto, as alterações de memória e os sintomas depressivos podem ser os sintomas iniciais da Alzheimer. A diferenciação entre os quadros depressivos com comprometimento cognitivo e a demência se faz necessária e é de grande importância para a instituição correta das medidas terapêuticas adequadas para cada condição. Palavras chave: comprometimento cognitivo, depressão, demência, idosos 1. Introdução O transtorno depressivo é um problema de saúde global. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (1999), a depressão será em 2020 a principal doença associada a um impacto negativo e a um alto custo para a sociedade moderna. Nos idosos, o transtorno depressivo desempenha um papel importante na saúde devido a sua alta prevalência (Charney e cols, 2003) e sua associação com a incapacidade funcional (Beekman e cols, 1997; Steffens e cols, 1997), a mortalidade (Beekman e cols, 199; Conwell e cols, 2002) e o maior utilização dos serviços de saúde (Steffens, 1997). Os critérios diagnósticos para o transtorno depressivo não diferem entre os idosos e os adultos mais jovens (Stage e cols, 2001) sendo caracterizados pela presença de no mínimo 5 sintomas da tabela 1, incluindo pelo menos 2 sintomas principais por um período de pelo menos 2 semanas. 18 revista debates em psiquiatria -Jul/Ago 2011 Tabela 1: Sintomas do Transtorno Depressivo Sintomas principais • Humor deprimido • Perda do interesse ou prazer nas atividades usuais • Redução da energia e aumento da fadiga Sintomas adicionais • Redução da confiança ou da auto-estima • Sentimento de culpa excessiva • Pensamentos recorrentes de morte, idéias ou comportamentos suicidas • Diminuição da concentração • Alterações na atividade psicomotora • Alterações no sono • Alteração do peso com modificações no peso Entretanto, evidências epidemiológicas demonstram que a depressão nos idosos pode apresentar algumas características especificas. Geralmente, a depressão nos idosos apresentam outros sintomas como queixas cognitivas e somáticas, hipocondria, sentimentos de inutilidade, irritabilidade, pensamentos auto-depreciativos/paranóides e recorrentes de suicídio (Alexopoulos, 2005; Fountoulakis et al, 2003). Estima-se que somente 15% a 20% dos idosos deprimidos apresentam sintomas depressivos enquanto que 45% dos sujeitos desse grupo apresentam sintomas cognitivos (Tannock & Katona, 1995). Com isso, são descritos nos idosos vários subtipos de depressão geriátrica que incluem a depressão maior, a distmia, a depressão sub-sindrômica, a depressão devido a condições médicas, a depressão de inicio tardio, a depressão induzida por uso de substâncias, o transtorno de ajustamento com resposta depressiva, a depressão menor e a pseudo-demência (Alexopoulos, 2005). O termo pseudo-demência foi introduzido em 1880 por Wernicke e tem sido usado para caracterizar os quadros depressivos nos Castro-Costa E Centro de Pesquisa René Rachou/Fiocruz (CPRR/Fiocruz), Belo Horizonte, MG Aguiar CCT Universidade De Fortaleza (UNIFOR), Fortaleza, Ceará idosos com queixas de memória de início recente (Pancrazi-Boyer e cols, 1997). Entretanto, essas alterações mnêmicas são decorrentes de uma redução somente da atenção e não apresenta alterações de outras funções superiores do córtex como afasia, agrafia e acalculia. Recentemente, outros termos como Demência da Depressão (Pearlson e col, 1989) e Síndrome da disfunção executiva da depressão (Alexopoulos, 2002) tem sido mais usados do que o termo pseudo-demência devido as criticas de sua natureza descritiva porém sem significado diagnóstico. O objetivo desse estudo é: 1) a descrição do comprometimento cognitivo na depressão do idoso; 2) a diferenciação do comprometimento cognitivo no transtorno depressivo e na demência. 2. Alterações cognitivas na depressão Tradicionalmente, o prejuízo cognitivo na depressão do idoso era considerado benigno, tendendo desaparecer com a melhora do quadro. No entanto, inúmeros idosos com depressão maior apresentam alterações cognitivas mesmo após o tratamento e a remissão dos sintomas depressivos (Alexopoulos, 1996; Baldwin & Tomenson, 1995). Evidências sugerem que isso ocorre devido ao efeito combinado da depressão maior com as alterações cerebrais decorrentes do envelhecimento como atrofia e doença vascular. As principais alterações cognitivas observadas são: a redução da velocidade de processamento da informação, déficits na evocação, na memória de reconhecimento, na memória a curto prazo e na linguagem(fluência verbal compreensão)(Baldwin, 2010). No entanto, uma parcela desses pacientes não apresenta evidência de comprometimento cognitivo nas avaliações objetivas das funções cognitivas, sendo, portanto considerados normais (Rapp, 2005). Estudos de imagem funcional demonstram que as áreas cerebrais envolvidas na demência de Alzheimer são diferentes das alterações cognitivas observadas na depressão (Dolan e col, 1992). Entretanto, as alterações de memória e os sintomas depressivos podem ser os sintomas iniciais da Alzheimer (Sachs-Ericsson e cols, 2005). 3. Depressão nos quadros de demência A associação entre depressão e quadros demenciais é muito freqüente, com incidência de 10 a 80% nos pacientes com doença de Alzheimer (Burns, 1991). O quadro depressivo pode ser secundário a reações psicológicas aos déficits determinados pelo quadro demencial ou ser conseqüências de lesões cerebrais associadas a ela. Nesses pacientes, as alterações cerebrais inerentes ao processo demencial determinam modificações na apresentação clínica, no curso, no prognóstico e, também, na abordagem medicamentosa desses pacientes. Com isso, Olin e cols (2002) propuseram critérios diagnósticos diferenciados para os quadros depressivos (tabela 2). Tabela 2: Critérios provisórios para diagnóstico da depressão na doença de Alzheimer 1. Satisfazer os critérios para demência de Alzheimer (DSM-IV) 2. Os critérios provisórios requerem 3 ou mais sintomas de depressão, em vez dos 5 necessários para a depressão maior. Os sintomas são os seguintes: humor deprimido, diminuição do afeto positivo e do prazer em resposta a contato social ou atividades habituais, isolamento social, alteração de apetite e sono, alterações psicomotoras, irritabilidade, fadiga ou perda de energia, sentimentos de inutilidade, falta de esperança ou culpa excessiva e pensamentos recorrentes de morte e ideação suicida, com planejamento ou tentativa 3. Os critérios de irritabilidade e isolamento social ou esquiva foram adicionados 4. Os critérios de perda de interesse ou prazer foram revisados para refletir a diminuição de afeto positivo ou prazer em resposta ao impacto social e a atividades habituais. 5. Os critérios não requerem a presença dos sintomas quase todos os dias, como no caso de episódios depressivos maior, entretanto, é necessária a presença dos sintomas por um período de 2 semanas 4. Diferenciação da depressão e demência nos idosos A diferenciação desses diagnósticos inicia-se com a história e incluem várias outras distinções clinicas (tabela 3). Geralmente, a demência inicia e evolui lentamente quando comparada com a depressão maior. Diferente dos pacientes deprimidos, os pacientes com demência não percebem o comprometimento cognitivo, sendo geralmente observado e relatado pelos familiares e cuidadores. Nas avaliações clinicas objetivas, os pacientes com demência tentam responder as questões enquanto que os pacientes deJul/Ago 2011 - revista debates em psiquiatria 19 ARTIGO /////////////////// por Castro-Costa E, Aguiar CCT e Blay SL primidos abandonam as avaliações ou informam que não sabem responder ao entrevistador. Por último, a demência compromete as funções corticais superiores como memória, enquanto que a depressão afeta as funções sub-corticais como concentração e velocidade no processamento de informação. Tabela 3: Diferenciação clínica entre demência e depressão Demência 1. 2. Depressão Inicio dos sintomas insidioso Rápido Duração dos sintomas Longa duração Curta duração Humor e comportamento Flutuantes Constantemente deprimido Resposta do tipo “não sei” Pouco comuns Comuns Queixas cognitivas Minimizada Enfatizada Esforço para executar Grande tarefas Pequeno Déficit lacunar de memória Pouco comum Comum Desempenho em tarefas com grau de dificuldade semelhante Consistente Variável Incapacidade Ocultada nas fases iniciais 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Enfatizada 5. Conclusão As alterações cognitivas associadas aos quadros depressivos são muito variadas e podem se manifestar de diversas formas: depressão com comprometimento cognitivo, depressão na demência e demência na depressão. Assim sendo, a depressão do idoso está fortemente associada com os transtornos demenciais, podendo ser um preditor ou fator causal para demência subseqüente. A diferenciação entre os quadros depressivos com comprometimento cognitivo e a demência se faz necessária e é de grande importância para a instituição correta das medidas terapêuticas adequadas para cada condição. 20 Referências revista debates em psiquiatria -Jul/Ago 2011 10. 11. 12. 13. 14. Alexopoulos GS, Vrontou C, Kakuma T et al. Disability in geriatric depression. AM J Psychiatry 1996; 153(7):877-85. Alexopulos GS, Kiosses DN, Klimstra S, Kalayam B, and Bruce ML. Clinical presentation of the “Depression-Executive Dysfunction Syndrome” of late life. Am J Geriat Psychiatry, 2002; 10,: 98-106. Alexopoulos GS. Depression in the elderly. The Lancet, 365(9475), 1961-70, 2005. Baldwin RC E Tomenson B. Depression in laterlife – A comparison of symptoms and risk factors in early and late onset cases. Brit J Psychiatry, 1995; 167:649-52. Baldwin RC. Depression in later life. Oxford University Press. Oxford, UK, 2010. Beekman AT, Deeg DJ, Braam AW, Smith JH, Van Tilburg W. 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Introdução O desenvolvimento, em nossa espécie, de determinadas estruturas cerebrais, permitiu ao homem processar, rapidamente, todo tipo de informações passando a ser capaz de resolver os problemas que se apresentavam independentemente de sua presença, manipulando mentalmente símbolos de tal forma que, nessa resolução de problemas sua velocidade passou a ser o fator principal na sua eficácia adaptativa e de sobrevivência. Essa adaptação teve um preço alto, pois ao lhe proporcionar maleabilidade e uma adaptação fantástica, também proporcionou uma complexidade tal que durante muito tempo, após o processo de nascimento, ele é obrigado a viver sob proteção uma vez que grandes são sua heteronomia e dependência bem como sua extrema fragilidade. Com todas essas características referentes à plasticidade e maleabilidade o homem conseguiu se adaptar ao meio ambiente biológico e, como um animal gregário e social, passou a se agrupar em bandos cada vez maiores, de modo que, com o passar do tempo, essa adaptação, inicialmente biológica, passou a ser social. Assim, as deficências ou transtornos, sempre serão abordados dentro de uma visão adaptativa que caracteriza o normal, não só enquanto comportamento mais frequente, mas também enquanto o comportamento mais adaptado visando-se a sobrevivência em um ambiente hostil, seja ele biológico ou social. Considerando-se que os indivíduos de uma espécie estão sempre sujeitos à seleção natural e que na espécie humana, mesmo com os fatores limitantes gradualmente minimizados, temos que pensar que os recursos disponíveis para ela são, a princípio, limitados podemos deduzir que existe uma extrema competição na forma de luta pela sobrevivência, entre os seus membros e, como não existem dois indivíduos iguais em uma população, temos que deduzir que não existem dois indivíduos em uma mesma população que tenham as mesmas probabilidades de sobrevivência, o que caracteriza o próprio processo de seleção. 22 revista debates em psiquiatria -Jul/Ago 2011 Assim, qualquer comportamento, ou habilidade, que implica numa vantagem evolutiva é reforçado pela própria seleção de determinantes genéticos de tal comportamento (Efeito Baldwin). Na espécie humana, no que diz respeito ao comportamento pós-natal, o filhote humano só pode contar, inicialmente, com as informações contidas em seu DNA, informações essas restritas enquanto especificidade e que proporcionam poucas possibilidades adaptativas. Seu aprendizado durante sua vida é limitado e, só é transmitido à prole a partir do contato com os pais com as informações sendo passadas através das gerações de forma que se acrescente tudo aquilo que se aprende com os pais à herança genética. Entretanto, no homem, essa transmissão de informações é sofisticada em função do desenvolvimento da linguagem o que faz com que se estabeleça a cultura e a partir da qual, a transmissão de informações se processe através do tempo de forma a se somar o conhecimento, criticando-o e modificando-o. Dessa forma, à medida que os grupos humanos se tornam mais complexos e sofisticados essa questão da transmissão de conhecimentos passa a ser de fundamental importância no processo adaptativo o que leva a que, em nosso momento histórico, crianças e adolescentes passem grande parte de seu tempo em uma situação de aprendizado formal que caracteriza o processo de escolaridade. Entretanto, ao ser a escola adaptada às exigências do ambiente, considerando-se as características adaptativas que descrevemos acima e que são aplicáveis a qualquer grupamento de indivíduos, as exigências do ensino formal vão colocar parte das crianças em uma situação de fracasso uma vez que apresentam dificuldades para ler, escrever ou calcular mesmo sem comprometimento de suas capacidades intelectuais e/ou sociais. Como a espécie humana apresenta, entre outras características, um padrão de conduta antiseletivo a preocupação com essas dificuldades existe e, quando essas dificuldades persistem apesar dos recursos didáticos empregados e do apoio do meio, diagnosticamos então um “Transtorno de Aprendizagem”. Francisco B. Assumpção Jr Psiquiatra da Infância e da Adolescência. Professor Livre Docente em Psiquiatria pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Doutor em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professor Associado do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Membro da Academia Paulista de Psicologia (cad.17) 2. Conceito Variados são os conceitos de transtorno de aprendizagem apresentados ao longo do tempo, assim, podemos pensar de modo simples em: “condição crônica de suposta origem neurológica que interfere seletivamente no desenvolvimento, integração e/ou demonstração de habilidades verbais e/ou não verbais.” (1986 – Association of Children with Learning Disabilities) “termo genérico que se refere a um grupo heterogêneo de transtornos manifestados por dificuldades significativas na aquisição e uso da recepção, fala, leitura, escrita, raciocínio, habilidades matemáticas ou sociais. São intrínsecos ao indivíduo e presume-se que sejam devidos a disfunção do SNC.” ( 1987 – Interagency Committee on Learning Disabilities) “centram-se em dificuldades nos processos implicados na linguagem e nos rendimentos acadêmicos independentemente da idade das pessoas e cuja causa seria uma disfunção cerebral ou uma alteração emocional ou de conduta.” ( 1988 – Silver apud Garcia, 1988) “Grupo heterogêneo de transtornos que se manifestam por Dificuldades significativas na aquisição e uso de escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. São intrínsecos ao indivíduo, supondo-se à disfunção do SNC e podem ocorrer ao longo do ciclo vital.” (Garcia, 1988) “funcionamento acadêmico substancialmente abaixo do esperado, tendo em vista a idade cronológica, medidas de inteligência e educação apropriadas à idade.” (CID 10a.) Observamos assim que os conceitos se alteram embora sejam relacionados, cada vez de maneira mais marcante, a disfunções no equipamento neurológico e avaliados comparativamente a idade e oportunidades educacionais, desvinculando-se de alterações ligadas específicamente aos conceitos de inteligência global e de comprometimentos afetivos. Entretanto, em que pese essa evolução, duas perspectivas de abordagem do fenômeno continuam a ser feitas cotidianamente, privilegiando-se, por questões meramente ideológicas, algumas idéias. Temos então um discurso frequente de que a criança com dificuldades na escola é sempre uma criança desviante ou doente, ou então a noção de que a estrutura escolar inadequada à criança é sempre a responsável pelas dificuldades escolares. As duas visões são lineares e reducionistas e o conceito de Transtorno de Aprendizado, se limita às dificuldades da criança, não enquanto doença propriamente dita, mas enquanto um deficit operacional que dificulta o processo adaptativo naquilo que se exige para um indivíduo no que se refere a sua sobrevivência em um ambiente, conforme já falamos, complexo e sofisticado. Podemos estabelecer então, considerando-se sua avaliação, o seguinte algoritmo: Meio Educacional Adequado Inadequado Oportunidade Educacional Inadequada Adequada Programas Funcionamento Compensatórios Sensorial AdequadoInadequado Funcionamento Sistemas de CognitivoSuporte Inadequado Adequado Sistemas Funcionamento Educacionais Neuropsiquiátrico e de Suporte Neuropsicológico (Ed. Especial?) Fig.1 – Rastreamento dos problemas escolares na infância Jul/Ago 2011 - revista debates em psiquiatria 23 ARTIGO /////////////////// por Francisco B. Assumpção Jr e Evelyn Kuczynski Eventuais problemas escolares são avaliados a partir da adequação da instituição escolar e, a partir disso é que se estabelecem as estratégias diagnósticas, sempre da mais simples em direção a mais complexa. Somente a partir desse rastreamento é que começaremos a considerar a questão Transtorno de Aprendizado. Temos ainda que pensar que o processo de aprendizado é complexo e dependente da própria criança que tem que ter a possibilidade de aprender e para isso, exame cuidadoso de suas capacidades físicas, cognitivas, sensoriais e psíquicas é fundamental. Paralelamente, temos que observar seu desejo de aprender, desejo esse que possui origem individual com base familiar através dos estímulos parentais (por exemplo no hábito de leitura) e uma origem social observada na valorização social do conhecimento. Esse processo de motivação evolui com a idade passando de exterior à Interior e assim, numa criança menor ele procede dos pais que a estimulam passando, no adolescente, a ser próprio dependente de seu projeto existencial e dos valores que irão caracterizar sua existência. A dinâmica familiar pode permitir o afastamento da criança da escola assim como o nível cultural distante dos professores ou um padrão de trocas linguísticas ou motivação familiar com hipo (descaso) ou hiperinvestimento (expectativa muito elevada). Analisando-se a escola é importante que a percebamos como uma outra forma de indústria de produção de bens que se preocupa pouco com as especificidades das populações infantis que supre, simplesmente, uma demanda populacional e de consumo. Assim, ela não respeita os ritmos próprios da criança e sua preocupação é mais uma demanda social (com a preocupação de uma aparência políticamente correta) e familiar (de pais que querem um filho “vencedor” mais do que “educado”). Em consequência, ela agrupa um grande número de crianças por classe, despreocupa-se com a motivação e evolução do professor e seus modelos de progressão escolar são frequentemente, manipulados para que, estatísticamente, resultados mais alentadores sejam apresentados com objetivos políticos e ideológicos, no intuito que, como refere Althusser (s/d), se configure como um dos mais efetivos aparelhos ideológicos. Assim, desconsidera-se sua função social e as populações por ela atendidas. 3. Delimitação dos quadros clínicos de Transtornos de Aprendizado Segundo Dumas (2010), temos os seguintes subtipos de Transtornos de Aprendizagem: 24 revista debates em psiquiatria -Jul/Ago 2011 Área da Leitura-Escrita T. Leitura – dificuldades de decifração e/ou da atenção e da memória T. Leitura – dificuldades de compreensão T. Leitura e/ou escrita – dificuldades de linguagem, fluência, ortografia ou motricidade. Área do Cálculo T. Cálculo – dificuldades verbais T. Cálculo – dificuldades não verbais T. Não verbal de aprendizagem – mais amplo que um transtorno de cálculo isolado (organização e percepção espacial, compreensão, táteis e psicomotoras) Considerando-se as atuais Classificações Diagnósticas da CID 10 e do DSM IV-TR, podemos descrever os Transtornos de Aprendizado como a) Transtorno de leitura – compreende as dificuldades da criança em decifrar e reconhecer palavras, ler corretamente e compreender e considerando-se, específicamente a CID 10ª, seus critérios diagnósticos compreendem a) Nota obtida em prova de exatidão ou compreensão da leitura se situa, no mínimo, dois desvios padrão abaixo do nível esperado, considerando-se a idade e a inteligência da criança; a avaliação das performances em leitura e QI deve ser feita com testes individuais e padronizados em função da cultura e do sistema escolar; b) As dificuldades descritas interferem na performance escolar ou nas atividades de vida cotidiana relacionadas a leitura; c) O transtorno não é decorrente de déficit visual, auditivo ou neurológico; d) Escolarização de acordo com as normas habituais e) Critério de exclusão: QI < 70 através de testes padronizados Abrange os quadros descritos como Dislexia e que se referem a dificuldades de aquisição de leitura na idade habitual, em ausência de retardo mental ou deficiência sensorial. Quando a ela se associam dificuldades de ortografia, a denominamos dislexia-disortografia. Pensando descritivamente verificamos a confusão de grafemas cuja correspondência fonética é grande (p.ex.: a-na; x-ch) ou cuja forma é similar (p - q; d – b), inversões (or –ro, cri – cir), omissões ( Evelyn Kuczynski Pediatra. Psiquiatra da Infância e da Adolescência. Doutora em Psiquiatria pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Psiquiatra do Centro de Atenção Integral à Saúde da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de São Paulo. Psiquiatra Interconsultora do Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (ITACI). bar – ba;arvore – arve) ou ainda adições ou substituições. Ao nível frasal observamos dificuldades no ritmo e a compreensão pode ser superior ao que se acharia viável, às vezes, apreendendo-se toda a mensagem. Sua incidência é de 5 a 15 % e não podemos considerá-la antes da idade de 7 a 7,5 anos uma vez que as dificuldades nessa área são normais anteriormente (Marcelli,2007). Assim, antes de estabelecermos esse diagnóstico, temos que considerar o desenvolvimento infantil para que evitemos diagnosticar crianças com idades menores que “não se mostram aptas” ao aprendizado de leitura e escrita, conforme observamos cotidianamente. Frequentemente encontramos enquanto fatores associados, o retardo de linguagem, muitas vezes inaparente, que ocasiona dificuldades de compreensão. Também são encontrados os transtornos de lateralização como o sinistrismo e a má lateralização, referidos tanto nas esferas visual como auditiva. A frequência de sinistrismo e de deficits de lateralidade nessa população chega a ser descrita como sendo ao redor de 30 a 50% com um sinistrismo contrário bastante freqüente. Devem ainda ser considerados os transtornos de organização têmporo-espacial com confusão entre letras de formas idênticas mas invertidas (p – q), dificuldades quanto ao ritmo espontâneo da frase com origem na perturbação espaço-temporal e dificuldades na reprodução de estruturas rítmicas. Podem ser observados ainda, memória verbal de curto prazo limitada associada a dificuldades em compreender instruções, repetir ordens; dificuldades de expressão verbal (com aumento do tempo na procura de palavras), problemas de enunciado, principalmente quando se usam palavras longas ou complicadas; dificuldades em memorizar acontecimentos sucessivos e circunscrevê-los no tempo e espaço; aquisição precária de vocabulário, vocabulário técnico ou de língua estrangeira (Dumas, 2010). Portanto, essas crianças, habitualmente, aprendem a falar tardiamente, sua linguagem é difícil de ser compreendida (e costuma ser “traduzida” pelos pais ou pelos irmãos, compreendem o que lhes dizem com mais facilidade do que se expressam oralmente, tem dificuldades em aprender o alfabeto (e, às vezes, as cores e as formas) e, quando cantam, lembram-se mais e melhor da melodia que da letra e não se interessam pela leitura ou pelo desenho (Dumas, 2010). b) Transtorno de expressão escrita – compreende as dificuldades da criança em escrever a mão e as limitações de vocabulário, grafia e produção textual. Considerando-se os critérios encontrados na CID 10ª a caracterizamos a partir de: a) Nota obtida em prova padronizada de ortografia se situa, no mínimo, dois desvios padrão abaixo do nível esperado, considerando-se a idade e a inteligência da criança; b) As notas obtidas em provas de exatidão e compreensão de leitura e de cálculo situam- se nos limites da normalidade; c) Ausência de dificuldades significativas de leitura; d) Escolarização de acordo com as normas habituais; e) Presença desde o início da aprendizagem da ortografia; f) A dificuldade descrita interfere na performance escolar ou nas atividades cotidianas; g) Critério de exclusão: QI < 70 através de testes padronizados; Ainda consideramos a disortografia como a presença de erros frequentes ao início da aprendizagem, similares aos observados na leitura, com confusão, inversão, omissão, dificuldades na transcrição dos homófonos, confusão de gêneros e número e erros sintáticos grosseiros. Essas crianças habitualmente apresentam dificuldades em tomar notas na sala de aula ou no trabalho, dificuldades de planejamento e de organização, atraso geral no ritmo de trabalho (quase sempre por causa de dificuldades de leitura que acompanham o transtorno), medo enorme de provas e avaliações escritas, baixa autoestima acompanhada de temor de ser “descoberto” e de ser reprovado ou, quando adulto, de perder o emprego (Dumas, 2010). c) Transtorno do cálculo – compreende as dificuldades da criança em efetuar operações básicas(adição, subtração, multiplicação, divisão) e resolver problemas matemáticos e, considerando-se os critérios propostos pela CID 10ª. As identificamos a partir de: a) Nota obtida em prova padronizada de cálculo se situa, no mínimo, dois desvios padrão abaixo do nível esperado, considerando-se a idade e a inteligência da criança; b) As notas obtidas em provas de exatidão e compreensão de leitura se situam nos limites da normalidade; c) Ausência de dificuldades significativas de leitura ou ortografia; d) Escolarização de acordo com as normas habituais; e) Presença de dificuldades em aritmética, desde o início da aprendizagem; f) A dificuldade descrita interfere na performance escolar ou nas atividades cotidianas relativas a aritmética; g) Critério de exclusão: QI < 70 através de testes padronizados; A discalculia é mais rara que a dislexia, sendo conceituada como falha no aprendizado dos primeiros elementos do cálculo, com Jul/Ago 2011 - revista debates em psiquiatria 25 ARTIGO /////////////////// por Francisco B. Assumpção Jr e Evelyn Kuczynski dificuldades em realizar operações elementares. Em sua forma mais completa denomina-se de Síndrome de Gerstmann e associa transtornos na aquisição de cálculo, indistinção direita-esquerda, disgrafia e aparaxia construtiva. Parece ser, frequentemente, associada a uma disgnosia digital e a uma apraxia construtiva, observando-se dificuldades em todas as ordens de cálculo (ordinal, cardinal, operatividade matemática), com defasagem, às provas cognitivas, entre os testes verbais (melhores) e os de performance (ou de execução). O aparecimento de discalculia verdadeira ocorre em idade precoce com dispraxia digital importante. Usualmente se associa a transtornos de organização espacial e tem um aparecimento mais tardio, não se estabelecendo sobre a aquisição de números, mas sim sobre as provas operativas (manejo de quantidades contínuas como superfície, comprimento, volume) Para estabelecermos uma sequência diagnóstica confiável dos Transtornos de Aprendizado podemos considerar o seguinte algoritmo: TAprendizado: algoritmo diagnóstico 1. Queixa inicial referida pela escola ou família 2. Início com observação professor- pais – criança através de instrumento padronizado (p.ex., Esc. Conners, escala de sinais disléxicos, etcc) 3. Avaliação pediátrica e psiquiátrica Exame físico completo incluindo: a) screening para intoxicações por chumbo; b) screening para outras deficiências nutricionais; c) exame neurológico detalhado, inclusive exclusão de quadros focais e utilização de testes motores e perceptuais; d) avaliação tireoideana; e) história completa, inclusive antecedentes pré- e perinatais, desenvolvimento, sono, história social e familiar, história escolar com dados de desempenho, traumas, infecções, alergias; 4. Uso de testes cognitivos visando à avaliação da inteligência ou das habilidades específicas, bem como para síndromes mentais orgânicas: p. ex.:Weschler Intelligence Scale for Children-Revised 5. Testes Psicométricos p. ex.: Wisconsin card sorting test 26 revista debates em psiquiatria -Jul/Ago 2011 Teste de performance contínua Stroop test Figura de Rey 6. Avaliação da situação familiar, no que se refere a regras ou outros fatores ambientais. 4. Diagnóstico Diferencial Esses transtornos de aprendizado devem ser diferenciados de outros quadros psicopatológicos que também apresentam dificuldades escolares por motivos diferentes daqueles estabelecidos nas definições anteriores. Assim, devem ser diferenciados de: a) Retardo Mental, que não corresponde a uma entidade simples mas inclui um grupo heterogêneo de indivíduos com variado espectro de funcionamento, características, capacidades e possibilidades sendo esses parâmetros de natureza geral, tendoser adaptados de acordo com as necessidades pessoais. (J Am Acad Child Adolesc suppl. 1999) e que se refere a um substancial limite no funcionamento presente e se caracteriza por um funcionamento intelectual subnormal concomitante com dois ou mais comprometimentos nas áreas de linguagem, autocuidado, independência, vida social e comunitária, rendimento escolar e profissional, iniciando-se antes dos 18 anos de idade (OMS; 1993). b) Transtornos Abrangentes de Desenvolvimento, descritos atualmente por Gillberg (1990) como uma síndrome comportamental, de base biológica e curso de um transtorno de desenvolvimento, apresentando prejuízos cognitivos e caracterizada por alterações de sociabilidade, linguagem e motilidade. Neste grupo, as dificuldades escolares, quando em presença de inteligência normal, são mais frequentemente decorrentes dos déficits sociais e de linguagem. c) Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) – descritos como um transtorno onde se observam padrões persistentes de desatenção, hiperatividade e impulsividade, mais frequentes e graves que aqueles observados em indivíduos com nível de desenvolvimento similar (Silver, 1999). Sua prevalência varia de 2% a 17%, aventando a questão da variabilidade diagnóstica, porém representa de 30% e 50% dos pacientes avaliados por profissionais de Saúde Mental (Silver, 1999). Além desses três principais diagnósticos diferenciais para os Transtornos de Aprendizado, não podemos deixar de explorar e descartar: d) Transtornos Orgânicos Intoxicações Transtornos sensoriais (surdez) Abcessos de lobo frontal Déficit de atenção induzido por medicamentos Abuso de substâncias Convulsões e) Transtornos Funcionais Transtornos de Conduta Transtorno Oposicional Desafiante Transtornos Afetivos com características Maníacas Síndrome de Tourrete Transtorno de Ajustamento Transtornos de Personalidade Transtornos de Ansiedade Transtorno Obsessivo Compulsivo f) Hiperatividade própria da idade g) Problemas situacionais, ambientais ou familiares Além de fatores indiretos que afetam diretamente o desempenho escolar como escolas inadequadas, ambiente familiar caótico e abuso ou negligência. Isso porque é também bastante difícil a diferença entre diagnóstico diferencial e comorbidade uma vez que, muitas vezes várias são as condições responsáveis pela apresentação clínica. 5. Evolução dos Transtornos de Aprendizado Existem trajetórias diferentes quando pensamos na evolução desses transtornos, trajetórias essas que não se refletem somente em uma questão educacional ou de aprendizado e sim relacionar-se diretamente com questões conductuais. Assim, as alterações no equipamento genético constitucional podem levar a dificuldades de comunicação e aprendizagem e a alterações de comportamento, todas contribuindo de maneira marcante para as dificuldades escolares e adaptativas. Outra possibilidade de evolução consiste em as dificuldades de equipamento genético-constitucional acarretarem deficits adaptativos na esfera do aprendizado e da escolaridade que levam, de forma indireta, às dificuldades adaptativas e sociais. Finalmente, podemos pensar que as dificuldades de equipamento genético-constitucional acarretam deficits adaptativos na sociabilidade e na adaptação com os outros levando, de maneira indireta, às dificuldades escolares e de aprendizado. Isso porque, conforme já dissemos inicialmente, na espécie humana, a adaptação social é diretamente ligada às questões de aprendizado e, nas sociedades modernas, ao processo de aprendizado realizado de maneira formal e padronizada. 5.1 Etiologia Os modelos etiológicos considerados são vários e podemos considerar que, mesmo com essa diversidade, as dificuldades de aprendizado da criança devem envolver aspectos multifatoriais que não devem ser ignorados, evitando-se abordagens e visões unidimensionais, com valor didático e ideológico, porém não prático. Temos que considerar então os fatores genéticos representados por uma vulnerabilidade aos T. Aprendizagem, usualmente de natureza fonológica. Na dislexia, esses fatores podem ser visualizados através de dados empíricos que mostram seus predomínio em meninos, casos familiares (em ascendentes ou colaterais) e concordância em gêmeos monozigóticos. Consideramos ainda fatores neurobiológicos e neuropsicológicos representados pela dificuldades na sequência de análises de lateralização (percepção dicótica), dificuldades perceptuais, cognitivas e motoras finas associadas a hemisfério direito, coordenação de atividades visuais, cognitivas e motoras; memória de trabalho e implícita. Também fatores familiares e socioculturais devem ser considerados e observados através de escolas e sistemas de aprendizado que não concedem tempo suficiente a maioria dos estudantes para compreensão em profundidade dos conceitos, não organizam o ensino de maneira que facilite a atenção e lhes permita compreender o conceito, não dando oportunidade para que eles se exercitem na aplicação dos conceitos. Finalmente, é impossível desconsiderarmos o equilíbrio psicoafetivo que também joga um papel importante em relação às dificuldades de aprendizado e em transtornos de comportamento tipo impulsividade. Também o meio socio-cultural mostra ligação com o fenômeno uma vez que observamos correlação com nível baixo, não simples e diferentes fatores sociais de compensação e/ ou agravo (Dumas, 2010). Jul/Ago 2011 - revista debates em psiquiatria 27 ARTIGO /////////////////// por Francisco B. Assumpção Jr e Evelyn Kuczynski 6. Terapêutica A abordagem terapêutica dos Transtornos de Aprendizagem utiliza pouco as drogas devendo, na maior parte das vezes ser realizada através de abordagens ambientais ou de treinos de habilidades específicas sendo representadas, no esquema de White (1977) a partir da ideia de psicoterapia e/ou programas de reabilitação utilizados primariamente e, eventualmente, associados a terapia farmacológica (os Transtornos Específicos são paradigmáticos dessa abordagem). Assim, para a sua abordagem, passam a ser necessários a organização do ambiente escolar, de fundamental importância quando consideramos a tendência atual de inclusão de crianças com dificuldades em ambientes sem qualquer adaptação. Assim, para a eficácia dessa abordagem temos que considerar utilizar mesas para trabalho pessoal evitando múltiplos alunos em volta de uma mesma mesa, permitir ao professor se deslocar por toda a classe, assistindo a todos os alunos; instalar os alunos-alvo mais próximos do professor, colocar esses alunos longe das janelas ou corredores evitando estímulos sonoros e visuais, limitar estímulos visuais da classe ou de partes dela, colocar uma criança tranquila próxima ao aluno-alvo, colocar-se ao lado do aluno para fornecer as instruções requeridas para as lições e adequar a luminosidade. Essas questões físicas acompanham-se de aspectos de organização caracterizados pela organização das atividades em classe, estabelecendo- se, a cada dia, um programa e uma rotina para a classe insistindo-se sobre a importância da ordem nas coisas e recompensando o material mai arrumado. Devem ser utilizados índices auditivos e visuais antes de se mudar de exercício e fragmentar os exercícios muito longos ou muito cansativos e demorados determinando os momentos nos quais a criança é autorizada a sair da classe e quando não o é. Da mesma forma devem ser organizadas as atividades em casa, e, na discalculia, uma reeducação psicomotora, centrada na organização do esquema corporal deve ser estruturada. Os Transtornos de Aprendizado preveem portanto, uma abordagem global que exige a participação da família havendo a necessidade de delimitação do tempo dedicado aos deveres, ainda que segmentado, intervalando-o com tempo dedicado a atividades prazeirosas. Essas atividades devem ser realizadas em lugar tranquilo com limitado número de estímulos e dristratores e com planificação da ordem na qual será feita a tarefa, controlando-se sua progressão e autorizando-se pausas, com duração combinada para manutenção da atenção, retornando logo após seu término. Finalmente, é de fundamental importância a questão da reedu- 28 revista debates em psiquiatria -Jul/Ago 2011 cação, representada por atividades específicas como, por exemplo, nas discalculias, a diferenciação das gnosias digitais com posteriores movimentos de contagem, manipulação de seriações, agrupamento, correspondências ponto a ponto a partir de material concreto, que permitem, gradualmente, que se chegue às operações abstratas. Considerando-se que a medicação é acessória e utilizada somente em algumas situações muito específicas nesses transtornos, não deve ser esquecido de se comunicar a família que utilização de medicamentos nesses quadros, prevê somente a melhoria do comportamento com diminuição dos conflitos e da agressividade e a conseqüente melhoria nas respostas sociais e familiares esperando-se, em decorrência, alguma melhoria na performance escolar ou extra-escolar bem como uma melhoria autoestima conforme justificamos nos item referente a evolução desses quadros. Entretanto as drogas que podem ser utilizadas não são destinadas a todas as crianças agitadas nem tem a finalidade de fazê-las ficarem estudiosas ou tranquilas não se constituindo em um tratamento para dificuldades escolares. Esperam-se muitas melhorias cognitivas referentes à manutenção da atenção, atenção seletiva e espaço-temporal, diminuição da impulsividade, aumento do tempo de reação e da memória de curto prazo com a consequente melhoria da aprendizagem verbal e não verbal. Podemos concluir dizendo então que, sua abordagem é multifatorial e complexa demandando maleabilidade e compreensão por parte do avaliador e que, no caso do psiquiatra da infância, deve abranger todos esses aspectos no que se refere ao planejamento terapêutico e a orientação de todos os profissionais envolvidos. Referências 1. ALTHUSSER L. Aparelhos ideológicos de Estado. Rio de Janeiro: Graal, 2007. 2. AMERICAN ASSOCIATION ON MENTAL RETARDATION. Retardo Mental. Definição, classificação e sistemas de apoio. 10ª. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. 3. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 4. ed. Text revision. Washington, D.C., 2000. 4. 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Durante seu uso, não dirija veículos ou opere máquinas, pois sua agilidade e atenção podem estar prejudicadas. Ao persistirem os sintomas o médico deverá ser consultado. Informações para prescrição no interior desta edição. ® 1- Lexapro - Bula do produto 2- Fleck MA et al. Diretrizes da Associação Médica Brasileira para o tratamento da depressão. Rev Bras Psiquiatr 2003;25(2):114-22. ® Lundbeck Brasil Ltda. Rua Maxwell, 116 - Rio de Janeiro/RJ - CEP 20541-100 www.lundbeck.com.br Ligue: 0800-2824445 CAL - Central de Atendimento Lundbeck oxalato de escitalopram VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DA RECEITA.A PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. Fabricado e embalado por: H. Lundbeck A/S – Copenhague, Dinamarca. Importado e Distribuído por Lundbeck Brasil Ltda. Central de atendimento: 0800-282-4445 Reg. MS nº.1.0475.0044.004-4 nº. 1.0475.0044.005-2 nº. 1.0475.0044.006-0 nº. 1.0475.0044.007-9 nº. 1.0475.0044.012-5 nº. 1.0475.0044.009-5 nº. 1.0475.0044.010-9 nº. 1.0475.0044.016-8 Copyright © Lundbeck | An. 01/11 | Junho 2011 | Material destinado exclusivamente à classe médica. podem ocorrer com a interrupção abrupta do tratamento. Reações adversas inerentes à classe terapêutica dos ISRS: Distúrbios cardiovasculares: hipotensão postural. Distúrbios do metabolismo e nutrição: hiponatremia, secreção inapropriada de ADH. Distúrbios oculares: visão anormal. Distúrbios gastrintestinais: náusea, vômito, boca seca, diarréia, anorexia. Distúrbios em geral: insônia, tonturas, fadiga, sonolência, sinusite, reações anafiláticas. Distúrbios hepato-biliares:: testes anormais da função hepática. Distúrbios musculo-esqueléticos: artralgia, mialgia. Distúrbios neurológicos: convulsões, tremores, distúrbios motores, síndrome serotoninérgica. Distúrbios psiquiátricos: alucinações, mania, confusão, agitação, ansiedade, despersonalização, ataques de pânico, diminuição do apetite, nervosismo. Distúrbios renais e urinários: retenção urinária. Distúrbios do aparelho reprodutor: galactorreia, disfunções sexuais, incluindo problemas de ejaculação, anorgasmia. Distúrbios da pele: rash cutâneo, equimose, prurido, angioedema, sudorese. ADVERTÊNCIAS relacionadas à classe terapêutica dos ISRS. Possível surgimento de acatisia e ansiedade paradoxal, ocorrência de convulsões, mania e hiponatremia. Possível alteração do controle glicêmicos em casos de diabetes. Cautela em casos de eletroconvulsoterapia. Nesses casos, ajustes de dose ou até mesmo a descontinuação do tratamento devem ser considerados. Suicídio: Pacientes em tratamento com LEXAPRO® devem ser monitorados no início do tratamento devido à possibilidade de tentativa de suicídio, principalmente se o paciente possui pensamentos ou comportamento suicidas ou se já os apresentou. Sangramentos: seguir a orientação do médico no caso de pacientes em tratamento com ISRS concomitantemente com medicamentos conhecidos por afetar a função de plaquetas e em pacientes com conhecida tendência a sangramentos. Efeitos na capacidade de dirigir ou operar máquinas: o escitalopram não afeta a função intelectual nem o desempenho psicomotor. Porém, o paciente deve ser orientado quanto a um possível risco de uma interferência na sua capacidade de dirigir automóveis e de operar máquinas. LEXAPRO® não potencializa os efeitos do álcool. Apesar de não haver interação, recomenda-se não ingerir álcool durante o tratamento com LEXAPRO®. Uso durante a gravidez e a lactação: não usar LEXAPRO® durante a gravidez, a menos que a necessidade seja clara e seja avaliado cuidadosamente o risco-benefício do uso deste medicamento, pois não há dados clínicos disponíveis sobre a exposição durante a gravidez. neste caso, não interromper abruptamente.A descontinuação deverá ser gradual. Mulheres em fase de amamentação não devem ser tratadas com escitalopram. Em situações onde não for possível retirar o medicamento devido à gravidade do quadro clínico materno, substituir o aleitamento materno por leites industrializados específicos para recém nascidos. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: aumento da incidência de reações adversas e/ou alteração das concentrações plásmáticas do escitalopram podem ocorrer na administração concomitante com algumas drogas, sendo necessário um ajuste de dose. Desta forma, recomenda-se cautela no uso do LEXAPRO® com: lítio ou triptofano, erva de São João (Hypericum perforatum), drogas que afetam a função plaquetária (ex.: antipsicóticos atípicos e fenotiazidas, antidepressivos tricíclicos, aspirina, AINEs), omeprazol, cimetidina, inibidores da CYP2C19 (fluoxetina, fluvoxamina, lanzoprazol, ticlopidina), medicamentos metabolizados pela CYP2D6 (antiarrítmicos, neurolépticos), desipramina, metoprolol. Estudos de interação farmacocinética com o citalopram racêmico não demonstraram quaisquer interações clinicamente importantes na farmacocinética da carbamazepina (substrato CYP3A4), triazolam (substrato da CYP3A4), teofílina (substrato da CYP1A2), varfarina (substrato da CYP2C9), levomepromazina, lítio e digoxina. No entanto, poderá existir o risco de uma interação farmacodinâmica com a carbamazepina e varfarina. IMAO: não administrar em combinação com IMAOs. Iniciar o uso do LEXAPRO® somente após 14 dias da suspensão do tratamento com um IMAO irreversível e pelo menos um dia após a suspensão do tratamento com uma IMAO: reversível (RIMA). Iniciar o tratamento com um IMAO ou RIMA no mínimo 7 dias após a suspensão do tratamento com LEXAPRO®. Superdose: há relatos de ingestão de até 190 mg do escitalopram e sintomas graves não foram notificados. Em casos de superdose, estabelecer e manter a viabilidade das vias aéreas, assegurar uma adequada oxigenação e ventilação. Não existe um antídoto específico. O tratamento é sintomático. Armazenagem: LEXAPRO® comprimidos: local fresco, temperatura máxima de 30ºC. LEXAPRO® Gotas: local fresco, temperatura máxima de 30ºC. Após aberto, somente poderá ser consumido por 8 semanas. O prazo de validade encontra-se gravado na embalagem externa. Em caso de vencimento, inutilizar o produto. Apresentação: LEXAPRO® comprimidos 10 mg: cartuchos de cartolina contendo 7, 14 ou 28 comprimidos; LEXAPRO® comprimidos 15 e 20 mg: cartuchos de cartolina contendo 14 ou 28 comprimidos; LEXAPRO® Gotas 20 mg/ml é apresentado em cartuchos de cartolina contendo 1 frasco contagotas de vidro âmbar de 15 ml. Fonte: Bula do produto LEXAPRO®(Oxalato de escitalopram) USO ADULTO - VIA ORAL COMPOSIÇÃO: cada comprimido de LEXAPRO® contém 12,77 mg, 19,16 mg e 25,54 mg de oxalato de escitalopram, equivalente a 10 mg, 15 mg ou 20 mg de escitalopram base, respectivamente. Excipientes: celulose microcristalina, sílica coloidal, talco, croscarmelose sódica, estearato de magnésio, hipromelose, macrogol 400 e dióxido de titânio. Cada 1 ml (20 gotas) de LEXAPRO® Gotas 20 mg/ml contém 25,55 mg de oxalato de escitalopram, equivalente a 20 mg de escitalopram base (1 mg/gota). Excipientes: galato de propila, ácido cítrico, hidróxido de sódio e água. Este produto também contém pequenas quantidades de álcool, menos que 100 mg por dose (cada gota contém 4,7 mg de álcool etílico). INDICAÇÕES: é indicado para o tratamento e prevenção de recaída ou recorrência da depressão, transtorno do pânico com ou sem agorafobia, transtorno de ansiedade generalizada (TAG), transtorno de ansiedade social (fobia social) e transtorno obsessivo compulsivo (TOC). CONTRA-INDICAÇÕES: este medicamento é contra-indicado em crianças. Também é contra-indicado em pacientes que apresentam hipersensibilidade a qualquer um de seus componentes. O tratamento concomitante com pimozida e com inibidores da monoaminoxidase (IMAO), incluindo a selegilina em doses acima de 10 mg/dia, é contra-indicado. MODO DE USO: engolir os comprimidos com água, sem mastigá-los. LEXAPRO® gotas poderá ser diluído em água, suco de laranja ou suco de maçã. LEXAPRO® comprimidos ou gotas devem ser administrados por via oral, uma única vez ao dia, com ou sem alimentos. CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS - FARMACODINÂMICA. Mecanismo de ação: o escitalopram é um inibidor seletivo da recaptação de serotonina (ISRS). FARMACOCINÉTICA. Absorção: é quase completa e independe da ingestão de alimentos (Tmax médio de 4 horas após dosagem múltipla). A biodisponibilidade absoluta do escitalopram é em torno de 80%. Distribuição: o volume de distribuição aparente é cerca de 12 a 26 L/Kg, após administração oral.A ligação às proteínas plasmáticas é menor que 80% para o escitalopram e seus principais metabólitos. Biotransformação: o escitalopram é metabolizado no fígado em derivados ativos. A biotransformação do escitalopram no metabólito desmetilado é mediada pelas enzimas CYP2C19, CYP3A4 e CYP2D6. Eliminação: a meia-vida de eliminação após doses múltiplas é de cerca de 30 h, e o clearance plasmático oral é de aproximadamente 0,6 l/min. Os principais metabólitos têm uma meia-vida consideravelmente mais longa.Assume-se que o escitalopram e seus principais metabólitos são eliminados tanto pela via hepática como pela renal, sendo a maior parte da dose excretada como metabólitos na urina.A farmacocinética é linear. POSOLOGIA - Tratamento da depressão: dose usual 10 a 20 mg/dia. Após o desaparecimento dos sintomas durante o tratamento inicial é necessário o estabelecimento de um período de manutenção, com duração de vários meses, para a consolidação da resposta. Tratamento do transtorno do pânico com ou sem agorafobia: dose inicial de 5 mg/dia na primeira semana de tratamento, antes de se aumentar a dose para 10 mg/dia, para evitar a ansiedade paradoxal. Dose máxima de 20 mg/dia. O tratamento é de longa duração. Tratamento do transtorno de ansiedade generalizada: dose inicial de 10 mg/dia. Pode ser aumentada até 20 mg/dia, após 1 semana do início do tratamento. Recomenda-se um tratamento pelo período de 3 meses para a consolidação da resposta. O tratamento de respondedores por um período de 6 meses pode ser utilizado para a prevenção de recaídas e deverá ser considerado uma opção para alguns pacientes. Tratamento do transtorno de ansiedade social (fobia social): dose de 5 a 20 mg/dia. Iniciar com 10 mg/dia; dependendo da resposta individual, decrescer a dose para 5 mg/dia ou aumentar até 20 mg/dia. Para o alívio dos sintomas geralmente são necessárias de 2 a 4 semanas de tratamento. Tratar por um mínimo de 3 meses para a consolidação da resposta. Um tratamento de longo-prazo para os respondedores deve ser considerado para a prevenção de recaída. Transtorno obsessivo compulsivo: dose usual de 10 a 20 mg/dia. Os pacientes devem ser tratados por um período mínimo que assegure a ausência de sintomas. Pacientes idosos (>65 anos de idade): considerar um tratamento inicial com metade da dose normalmente recomendada e uma dose máxima mais baixa. Crianças e adolescentes (<18 anos): não usar LEXAPRO® para tratar crianças ou adolescentes menores de 18 anos, a menos que a necessidade clínica seja clara, e o paciente seja cuidadosamente monitorado pelo médico quanto ao aparecimento de sintomas suicidas. Função renal reduzida: não é necessário ajuste da dose em pacientes com disfunção renal leve ou moderada. Não existem dados em pacientes com a função renal gravemente reduzida (clearance de creatinina 30 ml/min.), recomenda-se cautela nesses casos. Função renal reduzida: recomenda-se uma dose inicial de 5 mg/dia durante as 2 primeiras semanas do tratamento. Dependendo da resposta individual de cada paciente, aumentar para 10 mg/dia. Metabolizadores pobres da CYP2C19: para os pacientes que são sabidamente metabolizadores pobres da enzima CYP2C19 recomenda-se uma dose inicial de 5 mg/dia durante as primeiras 2 semanas de tratamento. Dependendo da resposta individual, aumentar a dose para 10 mg/dia. Descontinuação: ao interromper o tratamento com o LEXAPRO®, reduzir gradualmente a dose durante um período de 1 ou 2 semanas, para evitar possíveis sintomas de descontinuação. Esquecimento da dose: retomar no dia seguinte a prescrição usual. Não dobrar a dose. Reações adversas: mais freqüentes durante a primeira ou segunda semana de tratamento e tendem a diminuir com a continuação do tratamento: sonolência, tonturas, bocejos, diarréia, constipação intestinal, suor aumentado, cansaço, febre, insônia, alteração no paladar. Sintomas de descontinuação A vida como era antes. Agora. (1,2) Rapidez de ação e segurança no tratamento da depressão e depressão associada à ansiedade.(3,4) RECONTER - OXALATO DE ESCITALOPRAM - 10 MG OU 20 MG COM 10 OU 30 COMPRIMIDOS REVESTIDOS USO ORAL USO ADULTO - INDICAÇÕES tratamento da depressã hipersensibilidade ao escitalopram ou a qualquer componente da fórmula; e em crianças. Uso concomitante com IMAOS e pimozida. PRECAUÇÕES E ADVERTÊNCIAS: pacientes ser alertada da necessidade de monitoração do paciente quanto ao aparecimento de agitação, irritabilidade, mudanças no comportamento e outros sintomas, bem como o aparecimen misto em pacientes de risco para o transtorno bipolar, RECONTER não está aprovado para uso no tratamento de depressão bipolar. Reações reportadas quando da interação com um serotoninérgica é uma reação adversa, potencialmente fatal, causada pela administração de dois ou mais fármacos pró-serotoninérgicos como triptofano, IMAO, anfetamina, lítio, antide sintomas de ansiedade intensificados no início do tratamento com antidepressivos, recomenda-se uma dose inicial baixa. O medicamento deve ser descontinuado na ocorrência de experiência clínica no uso combinado de ISRSs e ECT é limitada. Há relatos de sangramentos cutâneos anormais (equimose e púrpura) com o uso dos ISRSs. Hiponatremia foi rela podem causar hiponatremia. Os ISRSs devem ser utilizados com orientação médica em pacientes com histórico de mania/hipomania; e devem ser descontinuados em qualquer pacie sua habilidade e atenção podem estar prejudicadas. GRAVIDEZ E LACTAÇÃO: categoria de risco na gravidez: C. Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem neurológicos e comportamentais no recém-nascido. Bebês expostos a ISRS durante a gravidez podem ter risco aumentado de hipertensão pulmonar persistente (HPP) do recém-nas IMAO reversível); pimozida; omeprazol; cimetidina; inibidores da CYP2C19 (fluoxetina, lanzoprazol, ticlopidina). Síndrome serotoninérgica: serotoninérgicos como tramadol e sumat antipsicóticos atípicos e fenotiazidas; antidepressivos tricíclicos (maioria); ácido acetilsalicílico; AINEs. REAÇÕES ADVERSAS: muito comum: náuseas. Comuns: diminuição do apeti diarreia, constipação intestinal, vômitos, boca seca; aumento da sudorese; problemas de ejaculação, impotência masculina; fadiga, pirexia; artralgia, mialgia; ganho de peso. Incom eritema, prurido (rash); midríase, distúrbios visuais, tinitus; taquicardia; perda de peso. Raros: agressividade, despersonalização, alucinações, eventos relacionados à ideação suicida; convulsões; priapismo, galactorreia em homens; trombocitopenia; hepatite; equimoses, angioedemas; hipotensão ortostática; retenção urinária; alterações nos testes de função hepá cardíaca, infarto do miocárdio, torsade de pointes, arritmia ventricular, taquicardia ventricular. Diabetes mellitus, hiperprolactinemia, SIADH. Diplopia, glaucoma. Hemorragia gastrintest com doença cardíaca preexistente, protrombina diminuída. Hipoglicemia, hipocalemia. Rabdomiólise. Acatisia, distúrbios extrapiramidais, convulsões, hipoestesia, mioclonus, sínd alucinações visuais. Insuficiência renal aguda. Priapismo. Embolismo pulmonar. Angioedema, equimose, eritema multiforme, reação de fotossensibilidade, síndrome de Stevens-John ou sem alimentos. Tratamento da depressão e prevenção de recaídas: dose usual: 10 mg/d. Dose máxima: 20 mg/d. Geralmente, são necessárias 2-4 semanas para obtenção de um Dose máxima: 20 mg/d.. Tratamento do TAG: dose inicial: 10 mg/d. Dose máxima: 20 mg/d, após no mínimo uma semana de tratamento.. Tratamento do transtorno de ansiedade so inicial: metade da dose recomendada e uma dose máxima mais baixa. Crianças e adolescentes (< 18 anos de idade): não é recomendado o uso; sua segurança e eficácia não foram es com função renal gravemente reduzida. Insuficiência hepática/pacientes com problemas na metabolização pela CYP2C19: dose inicial: 5 mg/d durante as 2 primeiras semanas do trat MS 1.0033.0156/Farm. Resp.: Cintia Delphino de Andrade CRF-SP nº 25.125 LIBBS FARMACÊUTICA LTDA/CNPJ 61.230.314/0001-75/Rua Alberto Correia Francfort, 88/Embu- SP/Ind RECONTER é um medicamento. Durante seu uso, não dirija veículos ou opere máquinas, pois sua agilidade e atenção podem estar prejudicadas. A persistirem os sintomas, o médic CONTRAINDICAÇÃO: Uso concomitante com IMOs. INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA: Com inibidores da C 1.LEONARD, B.; TAYLOR, D. Escitalopram--translating molecular properties into clinical benefit: reviewing the evidence in major depression. J Psychopharmacol., v.24, n.8, p.1143-52, 2010.2.GARNOCK-JONES, K. Pharmacokinet., v.46, n.4, p. 281-290, 2007. 4.RECONTER®(escitalopram). São Paulo: Libbs Farmacêutica Ltda. Bula de Medicamento. Material destinado exclusivamente a médicos Oi, que bom te ver de novo. ão, do transtorno do pânico, com ou sem agorafobia; transtorno de ansiedade generalizada (TAG); transtorno de ansiedade social (fobia social). CONTRAINDICAÇÕES: pacientes com podem apresentar piora clínica da depressão no início do tratamento ou surgimento de pensamento/comportamento suicida; A família dos pacientes em uso de antidepressivos deve nto de ideação suicida. Pacientes com depressão maior, em tratamento com um antidepressivo isolado, podem ter aumentada a probabilidade de precipitação de um episódio maníaco/ m IMAO: hipertermia, rigidez, mioclonus, instabilidade autonômica com possibilidade de flutuações rápidas dos sinais vitais, confusão mental, agitação psicomotora coma. A síndrome epressivos tricíclicos, venlafaxina, buspirona. O uso de ISRS e ISRSN tem sido associado ao desenvolvimento de acatisia Alguns pacientes com transtorno do pânico podem apresentar convulsões; deve ser evitado em epilepsia instável e monitorado nos pacientes com epilepsia controlada. Em portadores de diabetes, pode ocorrer alteração do controle glicêmico. A atada como reação adversa rara com o uso de ISRS; deve-se ter cautela em pacientes de risco como idosos, cirróticos ou em uso concomitante de medicamentos que sabidamente ente que entre em fase maníaca. Interrupção do tratamento: deve ser gradual durante 1-2 semanas. Durante o tratamento o paciente não deve dirigir veículos ou operar máquinas, pois m orientação médica ou do cirurgião-dentista. O escitalopram é excretado no leite materno. O uso do escitalopram durante o terceiro trimestre de gravidez poderá resultar em distúrbios scido. [Chambers et al. (2006)]. INTERAÇÕES COM MEDICAMENTOS, ALIMENTOS E ÁLCOOL: coadministrações contraindicadas: IMAOs (tranilcipromina, moclobemida, ou RIMAtriptana. Aumento dos níveis plasmáticos dos fármacos: erva-de-são-joão (reações adversas); desipramina; metoprolol. Alteração da função plaquetária (tendências hemorrágicas): ite; ansiedade, inquietude, sonhos anormais, diminuição da libido em homens e mulheres, anorgasmia (feminino); insônia, sonolência, tonturas, parestesias, tremores; sinusite, bocejo; muns: bruxismo, agitação, irritabilidade, ataques do pânico, estado confusional; alterações do paladar e no sono, síncope; epistaxe; hemorragia intestinal; edema; urticária, alopecia, síndrome serotoninérgica; reação anafilática; bradicardia. Desconhecidos: secreção inadequada do hormônio antidiurético, hiponatremia; mania; discinesia, desordens do movimento, ática. Aplicáveis à classe terapêutica dos ISRSs: inquietude psicomotora, acatisia. Pós-comercialização: anemia hemolítica, leucopenia, trombocitopenia. Fibrilação atrial, insuficiência tinal, pancreatite, hemorragia retal. Hepatite fulminante, insuficiência hepática, necrose hepática, hepatite. Reação alérgica. Prolongamento do intervalo QT, predominante em pacientes drome neuroléptica maligna, nistagmo, crise epiléptica, síndrome serotoninérgica, discinesia tardia. Aborto espontâneo. Psicose aguda, agressão, raiva, delírio, pesadelo, paranoia, nson, necrólise epidérmica tóxica, urticária. Trombose venosa profunda, hipotensão, hipotensão ortostática, flebite, trombose. POSOLOGIA: administração diária, em dose única, com ma resposta antidepressiva. Tratamento do transtorno do pânico com ou sem agorafobia: dose inicial: 5 mg/d na 1ª semana do tratamento, antes do aumento da dose para 10 mg/d. ocial (fobia social): dose usual: 10 mg/d; dose pode ser reduzida [até 5 mg/d] ou aumentada [ até 20 mg/d], dependendo da necessidade. Pacientes idosos (> 65 anos de idade): dose stabelecidas nesta população. Insuficiência renal: não é necessário ajuste de dose em pacientes com disfunção renal leve ou moderada. Não existem estudos realizados com pacientes tamento, podendo ser aumentada até 10 mg/d. DESCONTINUAÇÃO: redução da dose deve ser gradual durante 1-2 semanas, para evitar possíveis sintomas de descontinuação. Reg. dústria brasileira/RECONTER-MB01-11/Serviço de Atendimento LIBBS: 08000-135044. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DA RECEITA. co deve ser consultado. Documentação científica e informações adicionais estão à disposição da classe médica, mediante solicitação. CYP2C19, como fluoxetina e ticlopidina. .P.; McCORMACK, P.L. Escitalopram: a review of its use in the management of major depressive disorder in adults. CNS Drugs, v.24, n.9, p.769-96, 2010. 3.RAO, N. The Clinical Pharmacokinetics of Escitalopram. Clin ARTIGO /////////////////// por Saiz-Ruiz J, Saiz-Gonzalez D e de la Vega Sánchez D. La Depresión Refractaria Introducción A pesar de que la depresión es una de las enfermedades más “tratables” en la medicina actual, únicamente en torno al 50% de los pacientes responden al primer tratamiento, y de estos, sólo el 50-70% alcanza la remisión (1). De este modo es fundamental la continua actualización y revisión sobre las diferentes estrategias terapéuticas disponibles y los resultados esperables en el abordaje de la depresión. Es importante señalar que, aunque se han producido importantes progresos en farmacología antidepresiva desde los años 60, las nuevas moléculas no han mejorado la eficacia de los antidepresivos clásicos, aunque sí sus efectos secundarios. Además, en la práctica clínica dirigida al tratamiento de la depresión resistente (DR) suelen utilizarse las estrategias menos validadas por la evidencia científica y viceversa. De este modo, técnicas como la terapia electroconvulsiva (TEC), que es el tratamiento con mayor eficacia en la DR, y la potenciación con hormona tiroidea, que goza de una sólida consistencia en la literatura disponible, apenas son empleadas de forma rutinaria. La farmacogenómica supone, una de las grandes esperanzas de futuro para el tratamiento de las enfermedades, y también en el manejo de la depresión. Así se superaría el actual sistema de tratamiento según ensayo-error, en el que se administra un fármaco sin conocer a priori el resultado ni la tolerabilidad concreta en un paciente determinado. Con la ayuda de la farmacogenómica, ya disponible como una realidad en nuestro medio (aunque con limitaciones económicas), se pueden aplicar fármacos específicos en individuos particulares según rasgos individuales relacionados con la farmacología y la genética. Esto prevendría los múltiples ensayos “a ciegas” , ahorrando sufrimiento, tiempo y recursos. 34 revista debates em psiquiatria -Jul/Ago 2011 Relevancia clínica La depresión en la actualidad se clasifica como una de las primeras causas de pérdida de calidad de vida y años trabajados, y ocupa el quinto puesto como origen de este menoscabo todo el mundo. Las previsiones para el 2020 en cuanto a causas de discapacidad universal, sitúan a la depresión unipolar solo por detrás de la cardiopatía isquémica (2) (Tablas 1 y 2). En España, se estima que la prevalencia de la depresión es del 10,55 % a lo largo de la vida y de un 3,96% anual (3), constituyendo una de las principales causas de baja laboral en nuestra población. Así pues, se trata de un problema de notable trascendencia que de no ser adecuadamente tratado provoca malestar personal y repercusiones negativas familiares, sociales y económicas. Definición A pesar del alto número de pacientes que no responden al tratamiento inicial y de las numerosas evidencias científicas acerca del tema, no existe aún un consenso claro acerca de la definición de depresión resistente. Esto explica que en los estudios sobre la materia, las cifras epidemiológicas varíen del 29 al 46% (4). Frecuentemente en investigación y clínica las medidas de resultado empleadas varían entre la remisión completa de los síntomas, o los resultados considerados suficientes. Esto genera dificultades en la comparación de los estudios y la elaboración de protocolos. La denominación más común es la de depresión resistente, si bien también se emplea la de refractaria (cuando no responde a distintas estrategias terapéuticas), y depresión “difícil de tratar” o no respondedora (que implica otros factores que pueden influir en la falta de respuesta). El término incluiría también, según algunos autores, las respuestas parciales, las recaídas y recurrencias y aquéllos que no responden en absoluto (5). La depresión resistente Saiz-Ruiz J e de la Vega Sánchez D. Hospital Ramón y Cajal, IRYCIS. CIBERSAM. Universidad de Alcalá, Madrid. España es aquélla en la que existe una respuesta insuficiente a pesar de la utilización de una estrategia farmacológica adecuada (empleo de un tratamiento antidepresivo a la dosis eficaz durante unas 8-12 semanas), de modo que si utilizásemos una escala de depresión la reducción de la clínica sería igual o menor a la mitad. El que no se haya alcanzado un acuerdo sobre cuántos intentos farmacológicos han de fracasar para definir DR, ha llevado a definir grados o niveles de resistencia (6). Esta clasificación divide la resistencia en distintos estadios en relación con el fracaso de los distintos escalones farmacológicos (Tabla 3). En los primeros se situaría el tratamiento con inhibidores selectivos de la recaptación de serotonina (ISRS), y distintos grupos farmacológicos de antidepresivos. A partir del estadio III se incluyen estrategias de potenciación. El último nivel de resistencia sería el que comprende el fracaso de la terapia electroconvulsiva (TEC). Antes de considerar a una depresión como resistente es necesario descartar otras causas modificables frecuentes de falta de respuesta al tratamiento (7): el incumplimiento en todas sus variantes, el uso de dosis o duración insuficientes, tratamientos no apropiados al subtipo de depresión, los errores diagnósticos y otros factores psicosociales. Además, es necesario realizar un adecuado diagnóstico de los trastornos del eje I y del eje II que pueden condicionar la respuesta y modificar las expectativas de remisión total. En la respuesta al tratamiento antidepresivo se definen una serie de conceptos, ligados a la evolución clínica, que reflejan los puntos de cambio en el curso que es importante definir: respuesta, remisión, recuperación, recaída y recurrencia (Figura 1). En la fase aguda se produciría la respuesta, entendida como la mejoría en la clínica que se produce como consecuencia de un tratamiento. En la fase de continuación podemos alcanzar la remisión, que sería la ausencia de ánimo bajo y desinterés (y menos de 3 de los demás síntomas descritos en el DSM-IV) durante 3 semanas, o la recaída, si tras producirse una respuesta reaparece la clínica. La fase de mantenimiento puede englobar la recuperación, si la remisión se mantiene durante cuatro meses, o recurrencia si vuelven a cumplirse los criterios DSM-IV para depresión tras una recuperación. En el tema que nos ocupa, resulta especialmente importante definir los grados de respuesta. De este modo, se considera respuesta la disminución de más del 50% de la puntuación base en una escala de severidad. La ausencia de respuesta sería la mejoría que no supera el 25%, la respuesta parcial es aquélla que se sitúa entre el 25% y el 50%, y la remisión significaría el 100% de respuesta clínica (Figura 2). Según los datos disponibles, la mayor parte de los pacientes presentan respuesta, pero no remisión, problema que supone uno de los retos fundamentales en el tratamiento de esta enfermedad. Tras una respuesta parcial, es frecuente también la presencia de una remisión parcial: un estadio de respuesta mantenido en el que, a pesar de existir una mejoría, el paciente sigue presentando depresión, clínicamente significativa, así como afectación en el funcionamiento social y la calidad de vida. Esta situación es especialmente importante porque aumenta el riesgo de recaída y puede pasar más o menos desapercibida cuando se mantiene de forma subaguda. Ante una remisión parcial es necesario volver a descartar, como en fases iniciales, la dosificación o duración inadecuada del tratamiento, el incumplimiento terapéutico, los problemas diagnósticos como comorbilidad con abuso de sustancias y trastornos de personalidad u otras enfermedades somáticas, así como circunstancias y acontecimientos vitales adversos asociados y cronificados (8). Tratamientos disponibles en la depresión refractaria y eficacia El tratamiento de la DR emplea fundamentalmente tres enfoques: la aproximación farmacológica, la psicoterapia y terapias biológicas, en especial la terapia electroconvulsiva (TEC). Respecto al arsenal terapéutico para la depresión, existen dos generaciones fundamentales de antidepresivos. Los clásicos o de primera generación englobarían los tricíclicos y tetracíclicos, que bloquean neurotransmisores monoaminérgicos como noradrenalina (nortriptilina, maprotilina), noradrenalina y serotonina (amitriptilina, imipramina) o serotonina (clomipramina si se administra por vía intravenosa), y los Inhibidores de la Monoaminoxidasa (IMAOs), como la tranilcipromina o la fenelcina (Tabla 4). Los antidepresivos de segunda generación agrupan distintas familias de fármacos con diversos mecanismos de acción. El grupo más empleado son los inhibidores selectivos de la recaptación de serotonina (ISRS) como la paroxetina, fluvoxamina, citalopram y escitalopram o la sertralina, que en la actualidad constituyen la primera línea de tratamiento de la depresión y gozan de un excelente perfil de tolerancia. Otros grupos selectivos son los Inhibidores de la captación de noradrenalina (ISRN), como la reboxetina. Existen fármacos de perfil dual que también son muy eficaces en el tratamiento de la depresión, así los inhibidores de la recaptación de noradrenalina y serotonina (ISRNS), con la venlafaxina y duloxetina como fármacos más representativos; la mirtazapina con un mecanismo específico diferente sobre los mismos neurotransmisores; y los inhibidores selectivos de noradrenalina y dopamina, cuyo Jul/Ago 2011 - revista debates em psiquiatria 35 ARTIGO /////////////////// Saiz-Ruiz J, Saiz-Gonzalez D e de la Vega Sánchez D. ejemplo es el bupropion. Más recientemente se ha introducido la agomelatina, cuyo mecanismo de acción afecta a los receptores melatoninérgicos. Otros son los inhibidores reversibles de la MAO (moclobemida) (Tabla 5). Como se dijo en apartados anteriores la eficacia de los fármacos clásicos no ha sido superada a pesar de los avances farmacéuticos y las nuevas moléculas aportan, fundamentalmente, un mejor perfil de tolerancia y menos efectos secundarios. Como en todos los medicamentos, aún habiéndose demostrado un alto porcentaje de respuesta eficaz al fármaco (45-80%) no hay que olvidar el efecto placebo (20-48%) (9), que existe incluso en la TEC. Estrategias en depresión resistente Existen distintas aproximaciones para el tratamiento de DR (Tabla 6). Las estrategias farmacológicas clásicas consisten en optimización, sustitución o cambio, combinación y adición o potenciación (4): • La optimización consiste en un aumento de dosis y tiempo de tratamiento por encima de lo habitual, lo que se utiliza en pacientes con respuesta incompleta. Resulta especialmente interesante en fármacos como la Venlafaxina, cuya actividad farmacodinámica depende de la dosis. • En la sustitución se cambia el antidepresivo por otro de distinto grupo farmacológico, aunque en ocasiones se cambian por otros fármacos de la misma clase: sustitución de un ISRS por otro (10) o de un tricíclico más serotoninérgico por uno noradrenérgico. No obstante, la estrategia más habitual es que sustituye el ISRS por uno dual como venlafaxina (11) o tricíclicos, aunque también se puede cambiar un tricícilico por un ISRS (12). En depresión atípica es especialmente útil el uso de IMAOs, a los que también se puede recurrir en caso de resistencia. Entre las ventajas de esta estrategia encontramos el menor coste, menor riesgo de interacción farmacológica y el mayor cumplimiento terapéutico. Entre las desventajas hay que destacar el efecto de retirada y la pérdida del efecto beneficioso del fármaco inicial, así como la aparición de efectos secundarios del nuevo tratamiento. • En la combinación se asocian dos antidepresivos, normalmente con distinto mecanismo de acción, para que actúen complementariamente. En algunos casos se pretenden tratar síntomas resistentes o efectos colaterales como el insomnio, y en otros combinar los efectos farmacológicos de uno y otro fármaco (por ejemplo acción noradrenérgica de uno y serotoninérgica de otro). Es necesario prestar especial atención a la suma de los efectos secundarios 36 revista debates em psiquiatria -Jul/Ago 2011 y posibles interacciones entre antidepresivos. La combinación de ISRS y tricíclicos, por ejemplo, debe ser siempre bien estudiada. Debe ser desaconsejada por sus riesgos cardiovasculares, la difícil asociación de IMAO y tricíclico que se ha preconizado en depresiones muy resistentes (preferiblemente con amitriptilina y fenelcina) comenzando con dosis pequeñas de ambos fármacos y con monitorización cuidadosa de la tensión arterial (3). • En la estrategia de adición o potenciación se añade otro fármaco, de acción no antidepresiva, al antidepresivo ya empleado, con la finalidad de incrementar su efecto. Numerosos productos se han ensayado en este sentido, aunque son los antipsicóticos atípicos, el litio y la hormona tiroidea los más avalados por la investigación. Tanto en la combinación como en la potenciación, las principales ventajas serían que no se perdería el efecto beneficioso del primer fármaco empleado y que no aparecerían síntomas de retirada, pero tiene las desventajas del coste, la aparición o agregación de efectos secundarios y el menor cumplimiento terapéutico. En cuanto a las prácticas generales en depresión refractaria: • La terapia combinada con antidepresivos es la estrategia más utilizada en DR en un primer momento, aunque las evidencias científicas al respecto no son tan sólidas como las encontradas para otras estrategias (13). Su objetivo es tratar ciertos síntomas residuales en respuestas parciales, o potenciar el efecto antidepresivo mediante combinaciones de mecanismos de acción. Las más empleadas son ISRS y mirtazapina, ISRS y tricíclicos, ISRS e ISRN o venlafaxina y mirtazapina, así como combinaciones con bupropion. • La potenciación se realiza fundamentalmente con litio u hormona tiroidea, aunque cada vez se usan con más frecuencia los neurolépticos atípicos (que incluso se promocionan como antidepresivos en administración aislada), existiendo evidencias consistentes en la literatura disponible de todas estas opciones. • Respecto a las terapias biológicas, la TEC es una estrategia ampliamente confirmada por la investigación y la clínica. Cada vez cobran más importancia nuevos métodos biológicos, como las técnicas de estimulación magnética cerebral, estimulación del nervio vago o la estimulación cerebral profunda. Evidencias científicas disponibles: Para explicar las distintas aproximaciones a la depresión refractaria nos basaremos en los niveles de evidencia internacionalmente considerados (Tabla 7), sin olvidar la práctica clínica habitual. A pesar de la amplia literatura existente, las limitaciones de muchos de estos estudios son importantes al no estar controlados con pla- Saiz-Gonzalez D Hospital Clínico San Carlos, CIBERSAM. Universidad Complutense, Madrid. España cebo, ser de breve duración o no tener un diseño doble ciego. En la referencia a evidencia y depresión, es obligado recordar el estudio STAR*D (14), avalado por su mayor cercanía a la clínica real pero limitado por su diseño, y sus implicaciones. Nivel A de evidencia en depresión resistente 1. Potenciación con litio: Existen estudios aleatorizados con resultados favorables para el tratamiento con litio en DR a antidepresivos tricíclicos. En el caso de la resistencia a ISRS, existen también estudios aunque no aleatorizados. 2. Potenciación con hormona tiroidea: En pacientes resistentes a tricíclicos existen estudios aleatorizados y metaanálisis que apoyan el empleo de esta terapia. Así mismo existen estudios abiertos para DR a ISRS. 3. Tratamiento con TEC: Se dispone de estudios positivos randomizados con TEC vs placebo, aunque no hay estudios específicos para resistencia a ISRS. 4. Cambio de antidepresivo: Existen evidencias de eficacia en el cambio a venlafaxina para DR a ISRS (STAR*D nivel 1) 5. Combinación de antidepresivos: Las combinaciones que gozan de mayor nivel de evidencia son la de ISRS y mirtazapina con estudios aleatorizados positivos, y la venlafaxina con mirtazapina (STAR*D nivel 4). 6. Potenciación con antipsicóticos atípicos: estrategia bastante empleada en la práctica. Hasta la fecha, los fármacos de este grupo que han alcanzado el nivel A de recomendación son olanzapina, risperidona, quetiapina y aripiprazol. Nivel B de evidencia en depresión resistente: 1. Cambio a un antidepresivo de la misma clase: existen estudios controlados para el cambio entre antidepresivos del mismo grupo probando la eficacia, así como cambio a bupropion, sertralina y venlafaxina avalados en el estudio STAR*D en nivel 1. 2. Cambio de antidepresivo: en el estudio STAR*D, bupropion resultó superior a buspirona. Estos hallazgos resultaron previsibles según la práctica clínica. 3. Potenciación de la terapia antidepresiva inicial con buspirona 4. Modafinilo: existen datos disponibles para DR a ISRS, especialmente si presentan hipersomnia y fatiga. 5. Terapia cognitiva: ha demostrado eficacia en el estudio STAR*D, con la ventaja de presentar menores efectos secundarios que otras estrategias. Estrategias de potenciación 1. Hormona tiroidea: La utilización de la hormona tiroidea, fundamentalmente T3, en dosis de 25-50 μg/día, ha sido ampliamente estudiada y avalada por todo tipo de estudios para el tratamiento de la DR. Así un metaanálisis de Aronson afirmaba que la adición de hormona tiroidea al tratamiento con tricíclicos mejoraba la potencia antidepresiva en el doble de eficacia, respecto al antidepresivo solo (15). Otro metaanálisis demuestra además , que esta estrategia de potenciación no sólo aumenta la eficacia sino también la rapidez de acción antidepresiva (16). Sin embargo, un estudio doble ciego más reciente en pacientes tratados con ISRS en depresión unipolar no encontró mejoría ni en eficacia ni en rapidez, al añadir T3 al tratamiento antidepresivo en una muestra de pacientes con más del 40% de cronicidad. En cualquier caso, la mayoría de los estudios confirman con evidencias de nivel A, la utilidad de la hormona tiroidea para el tratamiento de la DR. Sin embargo en la práctica clínica diaria es un método no aplicado de forma habitual y apenas conocido por los psiquiatras. Entre los motivos para su infrautilización está la escasa disponibilidad, en el mercado farmacéutico español no está disponible de hecho, lo que ha llevado a iniciar estudios con tiroxina (T4), de la que existen estudios iniciales con buenos resultados. 2. Litio El litio (dosis de 600-1200 mg/día), clásicamente utilizado con extraordinarios resultados en el trastorno bipolar, también resulta una estrategia óptima para la DR. A pesar de la consistencia científica que lo avala, existen numerosos estudios abiertos y controlados doble ciego, es también un medicamento infrautilizado en la práctica para el afrontamiento de la depresión refractaria (17). Con este fármaco, según algunos trabajos, se llega a obtener entre un 40 y 60% de respuesta completa (18), cifra importante considerando que la depresión remite parcialmente en un 45-50% de los casos tratados de novo. En estudios comparados con placebo resulta un fármaco muy potente y es de primera elección para el tratamiento de depresión refractaria según algunos autores (19). Entre las causas que puedan explicar su infrautilización están la necesidad de monitorización de los niveles sanguíneos, el riesgo de toxicidad y los efectos secundarios. Jul/Ago 2011 - revista debates em psiquiatria 37 ARTIGO /////////////////// por Saiz-Ruiz J, Saiz-Gonzalez D e de la Vega Sánchez D. 3. Antipsicóticos atípicos Se trata de una práctica cada vez más utilizada en la clínica diaria, siendo la alternativa mejor estudiada en la actualidad (20). Es importante vigilar la aparición de efectos secundarios, ya que si bien son fármacos relativamente tolerables y manejables, la aparición de efectos no deseables es una de las principales causas de abandono del tratamiento. Son especialmente útiles en la depresión con insomnio, ansiedad, agitación y pérdida de peso. Los que disponen de mayor literatura en DR son olanzapina (16) (5-15mg), risperidona (0,5-2 mg) (21), y quetiapina (150-300 mg) (22) y aripiprazol (5-15mg) (23-25) (26). 4. Pindolol El pindolol (2.5-7.5 mg/día) es un bloqueador B-adrenérgico con antagonismo sobre los autorreceptores 5HT1A presinápticos. Existen dos estudios en los que el uso de este medicamento demostró ser superior a placebo en la potenciación (27;28), si bien otros dos trabajos, de mayor duración, no encontraron diferencias significativas (29;30). Aunque puede ser un agente útil, la evidencia hasta el momento es escasa. 5. Testosterona Se ha estudiado el empleo de Testosterona en gel transdérmico al 1% para el tratamiento de los cuadros depresivos. De los cuatro trabajos publicados únicamente uno de ellos tuvo resultados positivos (31-34). El incrementar la libido es la principal ventaja, frente a la aparición de hirsutismo, aumento de la irritabilidad y la eritrocitosis. 6. Ácidos Omega 3 En los últimos años son numerosas las publicaciones que estudian la relación de los Ácidos Omega 3 con diversas patologías psiquiátricas. En el caso de la depresión los resultados están siendo muy esperanzadores, existiendo tres trabajos que apoyan su uso (35-37). Se trata de un tratamiento con un coste significativo y del que aún no se ha podido precisar la dosis, pero que sin embargo es muy bien tolerado y aceptado, y seguramente se acompañe de otros efectos beneficiosos para la salud más allá de la depresión (20). 7. Modafinilo Agente dopaminérgico, usado en la hipersomnia, que se ha empleado en dosis de 100-400mg/día como potenciación. Existen dos estudios controlados en los que no demostró ser superior a placebo (38-40), si bien hay datos que podrían sugerir que podría ser de utilidad en aquellos casos en los que asocia una importante somnolencia. 38 revista debates em psiquiatria -Jul/Ago 2011 8. Buspirona Es un agonista parcial del receptor 5HT1A (dosis 10-50mg/día), del que existen dos estudios de potenciación de ISRS controlados en los que no mostraron ser superiores a placebo (41;42). 9. Metilfenidato de liberación prolongada Se han publicado estudios con dosis de 18-54 mg/día en los que se observó un posible efecto beneficioso sobre síntomas como la apatía, fatiga y somnolencia, aunque existe un riesgo de abuso potencial y algunos autores desaconsejan su uso (43;44). 10. Lamotrigina Se han realizado estudios iniciales de este antiepiléptico en dosis de 100-300 mg/día con resultados negativos (45;46), por lo que es necesario diseñar estudios controlados para comprobar su utilidad. La principal desventaja de su uso es la necesidad de hacer una lenta escalada de la dosis. 11. Sustancias implicadas en la metilación cerebral En concreto dos el metilfolato y la s-adenosin-metionina, suponen una estrategia bien tolerada y aceptada, que podría tener efectos beneficiosos adicionales sobre la salud, pero de la que aún desconocemos la dosificación adecuada (20). Nuevas técnicas de estimulación La terapia electroconvulsiva (TEC) continúa siendo una técnica altamente eficaz para el tratamiento de la depresión. En la actualidad, su uso limitado únicamente a casos resistentes ha moderado sus resultados desde una respuesta mayor al 90% antes de los antidepresivos a una aproximada del 60% tras su introducción (47). En cualquier caso, sigue siendo una medida recomendable en aquellos casos graves en los que la vida del sujeto esté en peligro y se requiera una respuesta rápida, o aquellos en los que las medidas terapéuticas convencionales han fracasado. Aunque hay datos que sugieren que podría ser útil para prevenir las recaídas en algunos pacientes, aún no se ha realizado ningún estudio controlado que lo demuestre firmemente. La evidente efectividad de la TEC ha propiciado la aparición de nuevas técnicas que buscan conseguir resultados similares, con técnicas menos invasivas (Tabla 8). Muchas de ellas se encuentran aún en fases experimentales, aunque otras ya han demostrado su eficacia: tanto la estimulación del nervio vago como la estimula- ción magnética transcraneal han sido aprobadas en EEUU por la FDA. En la tabla 8 se describen las técnicas existentes y los prometedores datos disponibles (48). Nuevas estrategias en depresión resistente Son numerosas las sustancias investigadas en los últimos años, con el objeto de mejorar el arsenal terapéutico en el tratamiento de la depresión. Además de todas las técnicas nombradas con anterioridad, se trabaja con nuevas moléculas, o nuevas aplicaciones de fármacos o sustancias naturales con otras funciones conocidas. Así, se ensayan agonistas dopaminérgicos, e inhibidores triples de la recaptación (que afectan a la serotonina, noradrenalina y dopamina). Igualmente agentes endocrinológicos, cuyo papel en la depresión, ha sido también estudiado en extensión y probado por la hormona tiroidea como agonistas CRH y bloqueantes de los receptores de los corticoides o inhibidores de la síntesis de cortisol. Del mismo modo péptidos como agonistas del neuropéptido Y, vasopresina y sustancia P o antagonistas del glutamato. El número de fármacos y las distintas estrategias disponibles son variadas y múltiples. Esto conlleva en ocasiones periodos largos de tratamiento en los que se ensayan las distintas opciones con escasa respuesta. La esperanza en la investigación en depresión, así como en otras ramas de la psiquiatría y de la medicina, es la farmacogenómica como se mencionó con anterioridad. El avance de esta ciencia, que combina la genética y la farmacología, permitiría predecir la respuesta individual a un fármaco. Para ello se están realizando estudios genéticos de farmacocinética, destinados a estudiar la metabolización de los fármacos, y de farmacodinamia, especialmente los genes implicados en la neurotransimisión serotoninérgica. Esto terminaría con la técnica ensayo-error que se utiliza como única opción en la clínica diaria y permitiría una práctica clínica más personalizada, rápida y eficaz, ahorrando sufrimiento, efectos secundarios y gasto excesivo. Tabla 1 y 2. Causas de discapacidad en todo el mundo. Previsión para el año 2020 Año 2000 Enfermedad/ %DALYs lesión 1 Infecciones del 6,7 tracto respiratorio inferior 2 VIH/SIDA 6,2 2 3 6,2 3 5,0 4 4,1 5 4,1 6 3,5 7 Infecciones del 3,1 tracto respiratorio inferior Tuberculosis 3,0 3,1 2,8 8 9 Heridos de guerra 2,9 Diarrea 2,7 2,7 10 HIV/SIDA 4 5 6 7 Patología perinatal Diarrea Depresión mayor unipolar Cardiopatía isquémica Enfermedad cerebrovascular 8 Malaria 9 Accidentes de tráfico 10 EPOC Murray CJ, 1997 Lancet Año 2020 Enfermedad/ lesión 1 Cardiopatía isquémica Depresión mayor unipolar Accidentes de tráfico Enfermedad cerebrovascular EPOC %DALYs 5,9 5,7 5,1 4,4 4,2 2,6 Tabla 3. Niveles de resistencia en el tratamiento de la depresión refractaria Estadio I: Fracaso en un ensayo con 1 clase de antidepresivos Estadio II: Fracaso tras intento con 2 clases de antidepresivos Estadio III: II+Fracaso tras 3 clases de AD o una potenciación Estadio IV: III+Fracaso de una segunda estrategia de potenciación Estadio V: IV+ Fracaso tras aplicar TEC Jul/Ago 2011 - revista debates em psiquiatria 39 ARTIGO /////////////////// por Saiz-Ruiz J, Saiz-Gonzalez D e de la Vega Sánchez D. Tabla 4. Antidepresivos clásicos o de primera generación. GRUPO FUNCIONAL MECANISMO DE ACCIÓN EJEMPLOS Antidepresivos tricíclicos (ADT) Aminas secundarias: bloqueantes de la captación de noradrenalina Nortriptilina Aminas terciarias: Bloqueantes de la captación de noradrenalina y serotonina Imipramina Amitriptilina Clomipramina Inhibidores de la monoaminoxidasa (IMAOs) Inhibidores irreversible de la MAO Tranilcipromina Antidepresivos tetracíclicos Bloqueo de la recaptación de noradrenalina Maprotilina Tabla 5. Antidepresivos de segunda generación GRUPO FUNCIONAL MECANISMO DE ACCIÓN EJEMPLOS Inhibidores selectivos de la recaptación de serotonina (ISRS) Inhibición de la recaptación serotoninérgica Fluvoxamina Fluoxetina Paroxetina Sertralina Citalopram Escitalopram Inhibidores selectivos de la recaptación de noradrenalina Inhibición de la recaptación noradrenérgica Reboxetina Inhibidores de la recaptación de serotonina y noradrenalina (ISRNS) Inhibición de la recaptación de serotonina y noradrenalina Venlafaxina Duloxetina Inhibidores de la recaptación de noradrenalina y dopamina Inhibición de la recaptación de noradrenalina y dopamina Bupropion Inhibidores reversibles de la monoaminooxidasa Inhibición reversible de la MAO Moclobemida OTROS Bloqueo del auto y heteroreceptor alfa 2 Mirtazapina Tabla 6. Estrategias generales en depresión resistente Cambio - a otro AD, dentro de la misma clase - a otro AD con otro mecanismo de acción Potenciación de la terapia antidepresiva: - litio, T3, buspirona, antipsicótico atípico, modafinilo, etc Combinación de dos antidepresivos de distinta clase Psicoterapia (cambiar, añadir) Estimulación cerebral con TEC y nuevas técnicas - (nn.vago, estimulación magnética transcraneal, estimulación cerebral profunda) 40 revista debates em psiquiatria -Jul/Ago 2011 Tabla 7. Niveles de evidencia científica NIVEL EVIDENCIA CIENTÍFICA Nivel A Múltiples estudios positivos randomizados y controlados. Metaanálisis que los confirme Nivel B Como mínimo un estudio randomizado y controlado. Además de los estudios del nivel C Nivel C Series de casos y casos clínicos positivos, apoyados por expertos Nivel D Casos clínicos aislados positivos, sin apoyo de expertos. Tabla 8. Nuevas técnicas de estimulación Estimulación magnética transcraneal Efectos adversos casi inexistentes. Resultados controvertidos en DR (Avery DH 2005) Estimulación del nervio vago Posible eficacia a largo plazo en depresión resistente. Aprobada por la FDA (principal impedimento coste elevado). Ensayos clínicos favorables existentes (Nahas Z 2005; George MS 2006; Corcoran2006) Estimulación cerebral profunda Resultados iniciales prometedores. Compleja y cara Terapia “magnetoconvulsiva” Estudios preliminares experimentales en humanos. Mínimos efectos sobre memoria, podría reemplazar TEC (Morales 2005) Figura 1. Fases de la depresión y el tratamiento antidepresivo Figura 2. Fases de respuesta en depresión Jul/Ago 2011 - revista debates em psiquiatria 41 ARTIGO /////////////////// por Saiz-Ruiz J, Saiz-Gonzalez D e de la Vega Sánchez D. Referencias • • • • • • • • • • • 42 (1) Rush AJ, Trivedi M, Fava M. Depression, IV: STAR*D treatment trial for depression. 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Jul/Ago 2011 - revista debates em psiquiatria 45 A ARTMED É A EDITORA OFICIAL DA ABP, E OS ASSOCIADOS TÊM 20% DE DESCONTO!* Para usufruir deste benefício, compre pelo telefone 0800 703 3444 ou acesse o link enviado para o seu email. Conheça todo o catálogo em www.grupoa.com.br * Benefício válido para compras feitas nos canais de vendas Grupo A. Não válido para compras na AppStore. Conheça os aplicativos de alguns dos nossos best-sellers na área da Saúde. NOVIDADE! Disponível para ANDROID Psicofármacos: Consulta Rápida Aristides Volpato Cordioli & Cols. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – Texto revisado - 4.ed. DSM-IV-TR American Psychiatric Association A Artmed é a editora oficial da ABP 46 revista debates em psiquiatria -Jul/Ago 2011 Medicamentos de A a Z Elvino Barros & Cols. SPH-025/11 | Impresso em Outubro/2011 | Material destinado exclusivamente à classe médica Por trás de toda pontuação na escala de avaliação existe uma pessoa... Lundbeck Brasil Ltda. Rua Maxwell, 116 - Rio de Janeiro/RJ - CEP 20541-100 www.lundbeck.com.br Ligue: 0800-2824445 CAL - Central de Atendimento Lundbeck Desde o início, remodelando o futuro do paciente.1 Redução de recaídas quando comparado ao placebo. 3 Indicação na fase aguda, sem necessidade de suplementação oral. 1,2 Melhora do funcionamento pessoal e social.4 AAO MÊS Referências bibliográficas: 1) Pandina G, et al. A Randomized, Placebo-Controlled Study to Assess the Efficacy and Safety of 3 Doses of Paliperidone Palmitate in Adults With Acutely Exacerbated Schizophrenia. J Clin Psychopharmacol. 2010 Jun;30(3):235-44. INFOC No: 20473057. 2) Nicholl D, Nasrallah H, Nuamah I, Akhras K, Gagnon Dd, Gopal S. Personal And Social Functioning In Schizophrenia: Defining A Clinically Meaningful Measure Of Maintenance In Relapse Prevention. Current Medical Research And Opinion 26 (6), P.1471-1484, 2010. INFOC No: 276288. 3) Hough D, Gopal S, Vijapurkar U, Lim P, Morozova M, Eerdekens M. Paliperidone Palmitate maintenance treatment in delaying the time-to-relapse in patients with schizophrenia: a randomized, double-blind, placebo-controlled study. Schizophr Res. 2010 Feb; 116 (2-3): 107-17. INFOC Nº: 19959339. 4) Gopal S, Hough DW, Xu H, Lull JM, Gassmann-Mayer C, Remmerie BM et al. Efficacy and safety of paiperidone palmitate in adult patients with acutely symptomatic schizophrenia: a randomized, double-blind, placebo-controlled, dose-response study. Int Clin Psychopharmacol. 2010 Sep; 25 (5): 247-56. INFOC Nº: 20389255. Contraindicações: Invega® SustennaTM é contraindicado em pacientes com hipersensibilidade conhecida à paliperidona ou a qualquer dos componentes da formulação. Como a paliperidona é um metabólito ativo da risperidona, Invega® SustennaTM é contraindicado em pacientes com hipersensibilidade conhecida à risperidona. Invega® SustennaTM (Palmitato de Paliperidona): Forma farmacêutica e apresentações: Suspensão injetável de liberação prolongada de Palmitato de Paliperidona em seringas preenchidas. Embalagens contendo 1, 2 ou 3 seringas preenchidas de 0,25 mL com 25 mg/0,25 mL, 0,5 mL com 50 mg/0,5 mL, 0,75 mL com 75 mg/0,75 mL, 1,0 mL com 100 mg/1,0 mL ou 1,5 mL com 150 mg/1,5 mL. Uso adulto. Indicações e posologia: Invega® SustennaTM é indicado para o tratamento da esquizofrenia e para a prevenção da recorrência dos sintomas da esquizofrenia. Posologia: Para os pacientes que nunca tomaram a paliperidona oral ou a risperidona oral ou injetável, recomenda-se estabelecer a tolerabilidade com a paliperidona oral ou a risperidona oral antes de iniciar o tratamento com Invega® SustennaTM. A dose inicial recomendada é de 150 mg no dia 1 de tratamento e 100 mg uma semana depois, ambos administrados no músculo deltóide. Para aplicação no deltóide deve-se utilizar agulha de 1 polegada se paciente pesar < 90 kg ou usar agulha de 1½ se o paciente pesar ≥ 90 kg. A dose mensal subsequente recomendada é de 75 mg; essa dose pode ser aumentada ou diminuída no intervalo de 25 a 150 mg com base na tolerabilidade e/ou na eficácia do paciente em particular. Após a segunda dose, as doses mensais podem ser administradas no músculo deltóide ou no músculo glúteo. Para aplicação no músculo glúteo deve-se utilizar a agulha de 1½ polegada.O ajuste da dose de manutenção pode ser feito mensalmente. Invega® SustennaTM destina-se exclusivamente ao uso intramuscular. Deve ser injetado lenta e profundamente no músculo. Deve-se ter cuidado para evitar a administração inadvertida em um vaso sanguíneo. As injeções devem ser administradas por um profissional de saúde. Idosos: Em geral, a posologia recomendada do Invega® SustennaTM para pacientes idosos com função renal normal é a mesma utilizada para pacientes adultos mais jovens com função renal normal. Adolescentes e crianças: A segurança e a eficácia de Invega® SustennaTM em pacientes < 18 anos ainda não foram estudadas. Pacientes com comprometimento renal: Para pacientes com comprometimento renal leve (depuração de creatinina ≥ 50 a < 80 mL/min), recomenda-se que a iniciação de Invega® SustennaTM seja com a dose de 100 mg no dia 1 do tratamento e 75 mg uma semana depois, ambas administradas no músculo deltóide. Depois, serão administradas injeções mensais de 50 mg no músculo deltóide ou no músculo glúteo.Não se recomenda o uso de Invega® SustennaTM em pacientes com comprometimento renal moderado ou grave. Pacientes com comprometimento hepático: Com base em um estudo com a paliperidona oral, nenhum ajuste de dose é necessário em pacientes com comprometimento hepático leve ou moderado. A paliperidona ainda não foi estudada em pacientes com comprometimento hepático grave. ContraIndicações: Invega® SustennaTM é contraindicado em pacientes com hipersensibilidade conhecida à paliperidona ou a qualquer dos componentes da formulação. Como a paliperidona é um metabólito ativo da risperidona, Invega® SustennaTM é contraindicado em pacientes com hipersensibilidade conhecida à risperidona. Precauções e advertências: Ocorrências de síndrome neuroléptica maligna (SNM) e discinesia tardia (DT) têm sido relatadas com fármacos antipsicóticos, incluindo a paliperidona. Se o paciente desenvolver sinais ou sintomas indicativos de SNM e/ou de DT, todos os antipsicóticos, incluindo Invega® SustennaTM, devem ser descontinuados. Assim como outros antipsicóticos, deve-se ter cautela quando Invega® SustennaTM é prescrito a pacientes com histórico de arritmias cardíacas, síndrome congênita do prolongamento do intervalo QT e em uso concomitante com medicamentos que conhecidamente prolongam o intervalo QT. Recomenda-se o monitoramento clínico apropriado em pacientes diabéticos e em pacientes com fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes mellitus. Foi observado ganho de peso com o uso de antipsicóticos atípicos. Recomenda-se monitoramento do peso. A paliperidona pode induzir a hipotensão ortostática em alguns pacientes com base na sua atividade alfa-bloqueadora. Invega® SustennaTM deve ser usado com cautela em pacientes com doença cardiovascular conhecida (por exemplo, insuficiência cardíaca, infarto ou isquemia do miocárdio, anormalidades de condução), doença vascular cerebral ou condições que predispõem o paciente à hipotensão (por exemplo, desidratação, hipovolemia e tratamento com medicamentos anti-hipertensivos). Como ocorre com outros antipsicóticos, Invega® SustennaTM deve ser usado com cautela em pacientes com história de convulsões ou outras condições que potencialmente reduzem o limiar de convulsão. Pacientes idosos com psicose decorrente de demência tratados com drogas anti-psicóticas têm risco aumentado de morte, portanto, Invega® SustennaTM não está aprovado para uso nestes pacientes. Em uma metanálise de 17 estudos clínicos controlados, os pacientes idosos com demência tratados com outros antipsicóticos atípicos, incluindo a risperidona, o aripiprazol, a olanzapina e a quetiapina, apresentaram aumento do risco de mortalidade em comparação aos que receberam o placebo. Em estudos controlados por placebo em pacientes idosos com demência tratados com alguns antipsicóticos atípicos, incluindo a risperidona, o aripiprazol e a olanzapina, houve maior incidência de eventos adversos vasculares cerebrais (acidentes vasculares cerebrais e acidentes isquêmicos transitórios), inclusive com fatalidades, em comparação ao placebo. Eventos de leucopenia, neutropenia e agranulocitose foram relatados com agentes antipsicóticos, incluindo Invega® SustennaTM. Já que pacientes tratados com antipsicóticos frequentemente apresentam fatores de risco adquiridos para Tromboembolismo Venoso (TEV), todos os possíveis fatores de risco para TEV devem ser identificados antes e durante o tratamento com Invega® SustennaTM e medidas preventivas devem ser tomadas. O risco-benefício deve ser avaliado ao prescrever antipsicóticos, incluindo Invega® SustennaTM, para pacientes com demência com corpos de Lewy ou doença de Parkinson, em razão do possível aumento do risco de síndrome neuroléptica maligna. Cautela quanto a: indução de priapismo, alteração do controle da temperatura corporal e efeito antiemético. Deve-se ter cuidado para evitar a injeção inadvertida de Invega® SustennaTM em um vaso sanguíneo. Durante o tratamento, o paciente não deve dirigir veículos ou operar máquinas, pois sua habilidade e atenção podem estar prejudicadas. A segurança do Palmitato de Paliperidona administrado por via intramuscular ou da paliperidona por via oral para uso durante a gravidez humana ainda não foi estabelecida. Mulheres que estão recebendo Invega® SustennaTM não devem amamentar. Não se recomenda o uso de Invega® SustennaTM em pacientes comprometimento renal moderado ou grave. Interações medicamentosas: Deve-se ter cautela ao prescrever Invega® SustennaTM com medicamentos conhecidos por prolongar o intervalo QT. Como o Palmitato de Paliperidona é hidrolizado à paliperidona, os resultados dos estudos com a paliperidona oral devem ser levados em consideração ao avaliar o potencial de interação medicamentosa. Não é de se esperar que a paliperidona cause interações farmacocinéticas clinicamente importantes com medicamentos metabolizados pelas isoenzimas do citocromo P-450. Devido aos efeitos primários da paliperidona sobre o SNC, Invega® SustennaTM deve ser usado com cautela em combinação a outros medicamentos de ação central e ao álcool. A paliperidona pode antagonizar o efeito da levodopa e de outros agonistas dopaminérgicos. Pode ser observado um efeito aditivo quando Invega® é administrado com outros agentes terapêuticos que possuam potencial para indução de hipotensão ortostática. A administração concomitante de paliperidona oral de liberação prolongada no estado de equilíbrio (12 mg uma vez ao dia) com divalproato de sódio comprimidos de liberação prolongada (500 mg a 2000 mg uma vez ao dia) não afetou a farmacocinética de valproato no estado de equilíbrio. A interação farmacocinética entre Invega® SustennaTM e lítio é improvável. A paliperidona não é um substrato da CYP1A2, CYP2A6, CYP2C9, CYP2C19 e CYP3A5. Isso sugere que é improvável ocorrer interação com inibidores ou indutores dessas isoenzimas. Não foram observados efeitos clinicamente relevantes sobre a farmacocinética da paliperidona, quando Invega® SustennaTM foi administrado concomitantemente com paroxetina e trimetoprima. A co-administração da paliperidona oral de liberação prolongada uma vez por dia com carbamazepina 200 mg duas vezes ao dia causou uma diminuição de aproximadamente 37% no estado de equilíbrio médio da Cmáx e AUC da paliperidona. Com a iniciação da carbamazepina, a dose de Invega® SustennaTM deve ser reavaliada e aumentada, se necessário. Por outro lado, com a descontinuação da carbamazepina, a dose de Invega® SustennaTM deve ser reavaliada e diminuída, se necessário. A administração concomitante de 12 mg de paliperidona de liberação prolongada em dose única e comprimidos de liberação prolongada de divalproato de sódio (dois comprimidos de 500 mg uma vez ao dia) resultou em um aumento de aproximadamente 50% no Cmáx e AUC de paliperidona. Como não foi observado nenhum efeito significativo na depuração sistêmica, não é esperada uma interação clinicamente significativa entre comprimidos de liberação prolongada de divalproato de sódio e injeção intramuscular de Invega® SustennaTM. Como a paliperidona é um metabólito ativo da risperidona, deve-se levar em consideração a exposição aditiva à paliperidona se a risperidona for administrada concomitantemente a Invega® SustennaTM. Reações adversas: As reações adversas a medicamentos (RAMs) relatadas por ≥ 2% dos pacientes com esquizofrenia tratados com Invega® SustennaTM em estudos clínicos são: infecção do trato respiratório superior, agitação, insônia, ansiedade, parkinsonismo, pesadelo, inquietação, tontura, sintomas extrapiramidais, dor de cabeça, sonolência/sedação, aumento da pressão sanguínea, desconforto abdominal, dor abdominal superior, prisão de ventre, diarreia, boca seca, náusea, dor de dentre, vômitos, dor em extremidade, dor musculoesquelética, fraqueza muscular, fadiga, dor no local da administração, prurido, nódulo e endurecimento, aumento do peso. Superdose: Sintomas: sonolência e sedação, taquicardia e hipotensão, prolongamento do QT e sintomas extrapiramidais. Foram relatados Torsade de Pointes e fibrilação ventricular em casos de superdose com paliperidona oral. No caso de superdosagem aguda, a possibilidade de envolvimento de múltiplos medicamentos deve ser considerada. Tratamento: Não há antídoto específico para a paliperidona. Medidas de suporte geral devem ser utilizadas. Estabelecer e manter uma via aérea patente e garantir oxigenação e ventilação adequadas. Monitoração cardiovascular deve ser iniciada imediatamente e deve incluir a monitoração eletrocardiográfica contínua de possíveis arritmias. Hipotensão e colapso circulatório devem ser tratados com condutas adequadas, como soluções intravenosas e/ou agentes simpatomiméticos. No caso de sintomas extrapiramidais graves, agentes anticolinérgicos devem ser administrados. Supervisão e monitoração rigorosa devem continuar até a recuperação do paciente. Venda sob prescrição médica, com retenção da receita. A persistirem os sintomas o médico deverá ser consultado. Janssen-Cilag Farmacêutica. Reg. MS- 1.1236.3398. Informações adicionais para prescrição: vide bula completa. INFOC: 0800.7013017 - Cód: R-CCDS0711. 48 revista debates em psiquiatria -Jul/Ago 2011 Material destinado à classe médica. 011 Janssen-Cilag Farmacêutica Ltda - Material produzido em Outubro de 2011 Siga a ABP nas redes sociais e fique por dentro dos principais acontecimentos da Psiquiatria em tempo real! Venha nos encontrar online! Twitter: @abpsiquiatria Facebook: facebook.com/associacaobrasileiradepsiquiatria Siga-nos e concorra a brindes Visite o Portal da Psiquiatria www.abp.org.br Jul/Ago 2011 - revista debates em psiquiatria Luan Comunicação 49 CARTA-Resposta AO PROGRAMA MAIS VOCê Senhor editor, O programa Mais Você desta segunda-feira (28/11) trouxe duas matérias e uma entrevista com o neurologista Eduardo Mutarelli. Surpreendeu-nos negativamente, assim como toda a comunidade medica que representamos, a discussão que colocou em dúvida a existência do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Tendo em vista a condução equivocada do programa, fazemos as seguintes considerações, já ratificadas por psiquiatras de todo o país: 1. O que hoje chamamos de TDAH é descrito por médicos desde o século XVIII (Alexander Crichton, em 1798), muito antes de existir qualquer tratamento medicamentoso. No inicio do século XX, um artigo científico publicado numa das mais respeitadas revistas médicas até hoje, The Lancet, escrita por George Still (1902), descreve a TDAH. Essa descrição é quase idêntica a encontrada nos atuais manuais de diagnóstico, como o DSM-IV da Associação Americana de Psiquiatria. 2. Os sintomas que compõem o TDAH são observados em diferentes culturas: no Brasil, nos EUA, na Índia, na China, na Nova Zelândia, no Canadá, em Israel, na Inglaterra, na África do Sul, no Irã etc. 3. O TDAH é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde como transtorno mental e está listado na Classificação Internacional de Doenças (CID). E, como afirmou uma das matérias veiculadas em seu programa, segundo a OMS, 4% dos adultos e 8% das crianças e adolescentes de todo o mundo sofrem de TDAH. 4. Mais de duzentos artigos científicos já foram publicados demonstrando alterações no funcionamento cerebral de portadores de TDAH. Ressalte-se que os achados mais recentes e contundentes são oriundos de centros de pesquisa como o National Institute of Mental Health dos EUA. 5. Todo e qualquer tipo de medicação, principalmente os dispensados por prescrição médica, possuem contraindicação. Entretanto, são inegáveis os benefícios levados aos pacientes que realmente necessitam dela. Diante do exposto, façamos uma reflexão. Se fosse uma doença “inventada” ou “mera consequência da vida moderna”, seria possível o TDAH atravessar mais de um século com a descrição dos mesmos sintomas? Se o TDAH fosse apenas “um jeito diferente de ser” e não um transtorno mental, por que os portadores, segundo pesquisas científicas, têm maior taxa de abandono escolar, reprovação, desemprego, divórcio e acidentes automobilísticos? Por que eles têm maior incidência de depressão, ansiedade e dependência de drogas? Se fosse tão somente um comportamento secundário ao modo como as crianças são educadas, ou ao seu meio sociocultural, como é possível que a descrição seja praticamente a mesma em regiões tão diferentes? O fato inquestionável, senhor editor, é que o TDAH é um dos transtornos mais bem estudados da medicina e com mais evidências científicas que a maioria dos demais transtornos mentais. Os pacientes e seus familiares merecem mais cuidado e atenção. É lamentável que um repórter se passe por um doente mental para escrever uma matéria e, ao final de uma semana sustentada por mentiras, se coloque na posição de aconselhar a quem quer que seja. Imagine a gravidade da situação se esses pacientes, desinformados por essa matéria, param a medicação, tenham recaídas e venham a cometer atos graves. Quem será responsabilizado? Ficamos imaginando os promotores da infância e adolescência e os conselheiros tutelares agindo em defesa desses pacientes. Se houve, lamentamos os diagnósticos equivocados e o excesso de medicação informados por seu programa. Por outro lado, repudiamos toda e qualquer tentativa de se denegrir a atividade desempenhada pelo psiquiatra. Maus profissionais há em todos os lugares, inclusive entre os que, em vez de informar, prestam o curioso serviço de desinformar a população brasileira. Com o intuito de colaborar e em função da importância do assunto, gostaríamos de ter resposta equivalente ao tempo que foi dado às discussões no programa desta segunda-feira. Sabemos que essa produção se pauta pelo interesse do cidadão e não se furtará a melhor esclarecer um assunto que é importante para milhares de pacientes, de norte a sul do país. Para tanto, colocamo-nos à disposição, assim como toda a grade de associados da ABP, para levar os esclarecimentos pertinentes. Lembramos também ser necessário ouvir as associações de familiares e pacientes com TDAH e mostrar a realidade vivenciada por eles. Aproveitamos para convidar o senhor editor e toda a equipe do Mais Você para se engajarem na luta contra o preconceito que há em relação ao doente mental e ao psiquiatra. Pensando em como acabar com o estigma que paciente e médico carregam, a Associação Brasileira de Psiquiatria lançou a campanha “A Sociedade contra o Preconceito”, no último Congresso Brasileiro de Psiquiatria, no início de novembro. A campanha ganhou a adesão das atrizes Cássia Kiss Magro e Luíza Tomé, do locutor esportivo Luciano do Valle e dos escritores Ferreira Gullar e Ruy Castro. Pessoas que entendem a perversidade que é estigmatizar o doente mental porque passaram por isso, pessoalmente ou com familiares próximos. Contamos com a sensibilidade do senhor editor e dos colaboradores do Mais Você para contribuir com o fim do preconceito e não alimentá-lo ainda mais. Antônio Geraldo da Silva Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria 50 revista debates em psiquiatria -Jul/Ago 2011 iSee Procimax 28 comprimidos / PMC* ICMS 20 mg (R$) 40 mg (R$) 12% 39,51 75,74 17% 41,89 80,31 18%* 42,40 81,28 19% 42,92 82,28 Fonte: Guia da Farmácia, n.222, 2011 PROCIMAX, bromidrato de citalopram. 20 mg ou 40 mg com 7 ou 28 comprimidos revestidos. USO ORAL e USO ADULTO. Indicações: tratamento da depressão (prevenção de recaída ou recorrência), transtornos do pânico (com ou sem agorafobia), e transtorno obsessivo compulsivo. Contraindicações: hipersensibilidade ao citalopram ou a qualquer componente da fórmula. Contraindicado o uso concomitante de IMAOs com citalopram ou uso do citalopram após duas semanas da descontinuação do IMAO. Precauções e Advertências: ansiedade paradoxal (pacientes com transtorno do pânico no início do tratamento). Não coadministrar citalopram com IMAOs (exceto selegilina), respeitar intervalo de 14 dias após suspensão do IMAO não seletivo e no mínimo um dia após a suspensão da moclobemida para início do citalopram. Iniciar IMAO após sete dias da suspensão do citalopram. Hiponatremia (ocorrência rara, principal grupo de risco: mulheres idosas). Suicídio (alerta para piora clínica e/ou tentativa de suicídio e em pacientes com pensamentos ou comportamentos suicidas). Mania (pacientes com transtorno afetivo bipolar poderão sofrer alteração para a fase maníaca). Convulsões (cautela em pacientes com antecedente de crises convulsivas). Diabetes (pode ocorrer alteração das respostas à insulina e à glicose, requerendo ajuste na terapia antidiabética). Síndrome serotoninérgica (agitação, confusão, tremores, mioclonia e hipertermia). Hemorragia (sangramentos cutâneos anormais, equimoses e púrpura). Descontinuação abrupta (tontura, parestesia, tremores, ansiedade, náuseas e palpitação). Gravidez e lactação: categoria de risco na gravidez: C. Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista. O citalopram é excretado no leite materno, sendo estimado que cerca de 5 mg/Kg da quantidade diária materna seja recebida pelo lactente. Interações com medicamentos, alimentos e álcool: Lítio: possível interação farmacocinética. Sumatriptana: pode aumentar efeitos adversos serotoninérgicos. IMAOs: contraindicado. Cimetidina: podem aumentar moderadamente os níveis médios do citalopram. Álcool: a combinação do álcool com os ISRSs não é previsível. Entretanto, não foi encontrada interação farmacodinâmica relevante quando o citalopram foi administrado simultaneamente com álcool. Reações Adversas/ e alterações de exames laboratoriais: Comuns (> 1/100, < 1/10): sudorese aumentada, boca seca, agitação, apetite diminuído, impotência, insônia, libido diminuída, sonolência, bocejos, diarreia, náusea, distúrbios de ejaculação, anorgasmia feminina, fadiga. Muito Raras (<1/10.000): hiponatremia e secreção inapropriada de hormônio antidiurético (ambas especialmente em mulheres idosas), hipersensibilidade, convulsões, convulsão tipo grande mal, síndrome serotoninérgica, síndrome de descontinuação, equimose, púrpura, sintomas extrapiramidais. Descontinuação abrupta do tratamento: astenia, náuseas e vômitos, boca seca, tontura, insônia, sonolência e agitação. Dependência física e psicológica: estudos conduzidos em animais sugerem baixa ocorrência de dependência, porém, o citalopram não foi sistematicamente estudado em humanos quanto ao seu potencial de abuso, dependência e tolerância. Os pacientes devem ser cuidadosamente avaliados com relação à história de abuso e acompanhados restritamente quanto aos possíveis sinais de abuso/dependência. Posologia: pode ser tomado em qualquer horário, independente da ingestão de alimentos. Depressão: dose única diária de 20 mg, podendo ser gradualmente aumentada até 60 mg/d em função da resposta individual do paciente. Transtorno do pânico: dose inicial diária de 10 mg na primeira semana, aumentada a seguir para 20 mg. Dose máxima: 60 mg/d. Transtorno obsessivo compulsivo: dose inicial única de 20 mg/d, podendo ser gradualmente aumentada até 60 mg/d. Uso em pacientes idosos: dose única diária de 20 mg para tratamento da depressão, podendo ser aumentada até o máximo de 40 mg/d. Para tratamento do transtorno do pânico, a dose única recomendada é de 10 mg na primeira semana, antes do aumento para 20 mg/d, podendo ser aumentada até o máximo de 40 mg diários. Uso em crianças: não está indicado para crianças e adolescentes menores que 18 anos de idade. Em estudos clínicos, comportamentos relacionados ao suicídio (tentativa e pensamentos) e hostilidade (agressividade, comportamento opositor e raiva) foram observados mais frequentemente entre crianças e adolescentes tratados com antidepressivos, em comparação ao placebo. Porém, se a decisão pelo tratamento com antidepressivos for baseada na necessidade clínica, o paciente deverá ser cuidadosamente monitorado em função da possibilidade do surgimento de sintomas suicidas. Uso em insuficiência renal: não é necessário o ajuste da posologia nos pacientes com comprometimento renal leve ou moderado. Não há informação em pacientes com função renal gravemente reduzida (CLCR< 30mL/min). Uso em insuficiência hepática: nestes pacientes a dose máxima diária não deverá ultrapassar 30 mg. Descontinuação: a dose deve ser reduzida gradualmente no intervalo de uma ou duas semanas. Esquecimento de dose: o esquecimento da ingestão da dose diária pode ser contornado com a simples supressão daquela dose, retomando no dia seguinte a prescrição usual, não devendo a dose ser dobrada. Reg. M.S. 1.0033.0107 / Farm. Resp.: Cintia Delphino de Andrade CRF-SP nº 25.125. LIBBS FARMACÊUTICA LTDA / Indústria Brasileira / CNPJ: 61.230.314/0001-75 / Rua Alberto Correia Francfort, 88/Embu- SP / PROCIMAX-MB01-10 / Serviço de Atendimento LIBBS: 08000-0135044. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DA RECEITA. A persistirem os sintomas, o médico deve ser consultado. PROCIMAX é um medicamento. Durante seu uso, não dirija veículos ou opere máquinas, pois sua agilidade e atenção podem estar prejudicadas. Documentação Científica e informações adicionais estão à disposição da classe médica, mediante solicitação. Referências: 1. GUIA DA FARMÁCIA. São Paulo: Price, v.18, n.223, 2011. Suplemento Lista de Preços. 2. KELLER M. B. Citalopram therapy for depression: a review of 10 years of European experience and data from U.S. clinical trials. J Clin Psychiatry., v. 61, n. 12, p. 896-908, 2000. 3. NEMEROFF, C. B. Overview of the safety of citalopram. Psychopharrnacology Bulletin, v. 37, n. 1, p. 96-121, 2003. 4. POLLOCK, B.G. Citalopram: a comprehensive review. Exp. Opin. Pharmacother., v.2, n.4, p.681-698, 2001. 08000-135044 [email protected] Jul/Ago 2011 - revista debates em psiquiatria 51 Luan Comunicação A melhor maneira de divulgar e conhecer o que é importante em psiquiatria Empresas de diversos setores interessados em aliar sua imagem às publicações da ABP podem entrar em contato pelo email: [email protected] www.abp.org.br