Jornal do Commercio - PE 28/07/2013 às 08:40hs Estado terá 1º banco de imagens clínicas Todos os exames realizados na unidade serão armazenados em servidor central. Assim, o material poderá servir de apoio a pesquisas O Hospital Pelópidas Silveira, da rede estadual de saúde, no Curado, Zona Oeste do Recife, vai abrigar o primeiro banco de imagens clínicas do Brasil. Ele permitirá que todos os exames realizados no centro de diagnóstico da unidade sejam armazenados em um servidor central. Assim, o material poderá servir de apoio para futuras pesquisas. A identidade dos pacientes será mantida sob absoluto sigilo. A criação do banco de imagens é uma parceria do HPS com o Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado de Pernambuco (Sassepe). A previsão é que em dois anos o serviço esteja em pleno funcionamento. O investimento é de R$ 450 mil. "Todos os hospitais realizam exames em pacientes, mas nenhum deles armazena nem utiliza o material para pesquisas. O que estamos fazendo será um marco para Pernambuco", aposta a diretora de Ensino e Pesquisa do hospital, Carolina Martins. "O banco de imagens vai ser útil para pesquisadores de Pernambuco e até de outras partes do mundo." A diretora ressalta que os especialistas que se interessarem em utilizar o banco para qualquer estudo precisam apresentar o projeto de pesquisa, que deve passar por avaliação. Só depois de aprovado, será disponibilizada uma senha para acesso ao sistema. Após o termino do trabalho, ela será desativada automaticamente. BIBLIOTECA O Hospital Pelópidas Silveira também passou a investir na atualização científica dos profissionais. Está em funcionamento na ala leste do 4º andar da instituição a Biblioteca Jorge Wanderley. O espaço tem 12 computadores conectados à base científica do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), além de um salão com mesas para estudos. O local comporta 24 usuários ao mesmo tempo. O principal objetivo do serviço é proporcionar acesso a informações específicas da área para quem já trabalha na unidade e para estudantes de instituições de ensino superior ligadas ao hospital. A Biblioteca Jorge Wanderley funciona de segunda a sexta, das 8h às 14h. "Nossa ideia é focar no grupo de neurologia e de cardiologia do Pelópidas Silveira. Há muito tempo, estávamos sentindo a necessidade de uma iniciativa como essa", afirma Carolina Martins. "Agora, os usuários poderão ter acesso a informações de anatomia, antropologia, radiologia cardiológica e neurologia", completa. Apesar de estar voltada para a área médica, o espaço também disponibiliza livros de literatura brasileira a pacientes e acompanhantes. "As pessoas que se tratam aqui e também os familiares vão poder pegar livros de autores nacionais para passar o tempo", explica Carolina Martins. O nome da biblioteca é uma homenagem ao neurocirurgião, poeta e tradutor pernambucano Jorge Wanderley, nascido no Recife, em 1938. Na década de 1970, ele foi para o Rio de Janeiro, onde deu início à carreira literária. Jorge Wanderley faleceu no dia 11 de dezembro de 1999. Jornal do Commercio - PE 28/07/2013 às 08:42hs A água que alivia leva medo e morte Hoje e amanhã, JC publica uma série sobre graves consequências da chuva em áreas de longa seca. Em Pernambuco, este ano, a epidemia causou seis óbitos. Em Alagoas, ocorreram 48 Fabiana Moraes Primeiro, a chuva que começou a cair sobre as áreas atingidas pela seca trouxe alegria: após dois anos de uma provação que parecia ter ficado no passado, o verde surgia e a água voltava para os rios, açudes e barragens. Pouco tempo depois, essa mesma chuva trazia assombro: hospitais e postos de saúde de dezenas de municípios recebiam uma quantidade inédita de pessoas com sintomas de doenças diarreicas agudas (DDA), que pode levar principalmente crianças e idosos à morte. Em Pernambuco, os números espantam: 46,5% dos municípios (86 cidades) estão em zona epidêmica (regionais de Arcoverde, Caruaru, Limoeiro, Goiana, Afogados da Ingazeira e Petrolina são as mais atingidas). Outros 41,1% estão em zona de alerta (76 cidades, sendo mais vulneráveis as regionais de Serra Talhada, Palmares, Salgueiro, Ouricuri e Garanhuns). Segundo a Secretaria de Saúde do Estado, que não divulga a lista dos municípios, mas as gerências onde eles estão, de janeiro a junho, seis óbitos foram causados pela DDA (cinco mulheres e um homem). Número pode aumentar porque outros casos esperam confirmação. Alagoas apresenta situação mais dramática: são 48 mortes, 11 delas em Palmeira dos Índios. Em Arcoverde, Sertão de Pernambuco, o número de doentes que procurou postos de saúde e hospitais é espantoso: em junho de 2012 foram 364 pessoas com DDA, este ano, no mesmo período, 1.720 pacientes apresentaram sintomas como vômito e diarreia forte, além de hepatite A, outra doença associada à água infectada. Historicamente, o período da chuva se caracteriza pelo aumento de bactérias e vírus na água, mas a quantidade de doentes e mortos vista agora demonstra que há algo mais sério acontecendo. Misturam-se diversos problemas e várias omissões. Um é o flagrante não preparo dos governos federal, estadual e municipais em se antecipar a um problema já esperado. Boa parte da água distribuída em carros-pipa, por exemplo, tem como responsável pelo tratamento o próprio pipeiro. Há, ainda, uso incorreto (ou ausência) do cloro ou hipoclorito de sódio, distribuído gratuitamente pelo governo. Há quem prefira limpar a casa e lavar roupas com o material, no lugar de tratar a água. Não possuem a noção de que estão consumindo água misturada com morte. No Sítio Salgadinho, zona rural arcoverdense, havia dessa água. Toda a família de Juliana Santos da Silva, 22 anos, e do agricultor Júlio César de Lima, 29, sofreu diarreias fortes e episódios de vômitos. Os três filhos do casal foram hospitalizados: César Augusto (8) e Caio (6) voltaram para casa, mas Juley, 4 anos, não resistiu e morreu no mesmo dia em que foi levada ao hospital. Em seu atestado de óbito, constam colite aguda, dano alveolar e choque como causas da morte. A colite pode estar associada a parasitas como Escherichia amoeba e Entamoeba histolytica, transmitidas pela contaminação fecal na água. Juliana diz que a filha estava bem quando, no dia de sua morte, acordou com diarreia. Foi levada a um médico ao meio-dia. Às 17h, estava morta. César e Caio também estavam doentes: o último passou oito dias internado. Os meninos estavam contaminados pela bactéria Shigella, comum nas infecções que assolam o Nordeste pós-chuva. ORIGEM A água que abastece as cisternas da região vem do Poço Brejo, em Buíque, vizinha a Arcoverde. O Exército, responsável por 900 carros-pipa no Estado, capta água no local e leva até as casas (o órgão também busca água de um poço da Compesa, em Tupanatinga). Muitas vezes, uma única cisterna serve a diversas famílias, como é o caso da existente na residência do agricultor Ivanildo Lima, 53, avô da menina morta (ele também ficou doente). Depois que a família foi acometida pela DDA, a cisterna ficou lacrada por quase um mês. A análise revelou água contaminada por coliformes. "Usamos a água trazida pelo Exército para tudo. Nunca tivemos problema, foi a primeira vez que ficamos doentes", diz Juliana, tentando não chorar, na frente de desconhecidos, a perda de sua filha mais nova. Segundo Maria Lourdes, 43, mãe de Juliana e avó de Juley, só depois que várias pessoas do sítio apresentaram diarreia e vômito, o hipoclorito de sódio (em frascos de 50 ml) começou a ser distribuído na localidade. "Era difícil passar um agente de saúde aqui. Agora, eles vêm." Apesar de tratar a água para beber com o hipoclorito, tanto Juliana quanto Julio, assustados com a perda da filha, passaram a comprar água mineral para os dois filhos. "Pesa no orçamento, mas é melhor assim. Não confio mais nessa água." Segundo Isaac Salles, gerente da Vigilância em Saúde de Arcoverde, a população recebe o hipoclorito nas visitas dos agentes. O município conta hoje com 103 agentes, quando precisaria de mais 70 para que as ações preventivas fossem mais efetivas. "Falta também cuidado das pessoas", observa, apontando para a cisterna da casa de Ivanildo. Na hora em que a reportagem passava no local, galinhas estavam sobre o reservatório (fechado). Na casa de Juliana, reservatórios também estavam fechados e não havia lixo espalhado. A comida estava bem acondicionada. Sugere que, naquele lar, não foi falta de higiene ou cuidado com a água que matou a menina de 4 anos. Jornal do Commercio - PE 28/07/2013 às 08:44hs Mananciais contaminados pelas carcaças de animais Observação de Silvana tem relação com a realidade vista na casa de Aldenir Pereira, 25, e Jailma, 24, que vivem na zona urbana de Águas Belas, também no Sertão de Pernambuco Uma das prováveis explicações para a epidemia de DDA que atinge Pernambuco e Alagoas é o longo período de estiagem e suas consequências sobre os rebanhos. Só em Pernambuco, de acordo com o Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado de Pernambuco (Sindileite), 200 mil animais morreram. Muitos foram se decompondo a céu aberto ou, pior, em mananciais que, durante a estiagem, estavam vazios. A matéria orgânica desses bichos pode ter infectado mesmo a água subterrânea. Insetos e aves atraídos pelos bichos mortos também são responsáveis por levar bactérias para outros locais. Professora de engenharia química da Universidade Federal de Pernambuco (Laboratório de Controle de Qualidade), Silvana Calado acredita que esse cenário pode ter contribuído para a situação epidêmica que atinge principalmente áreas abastecidas por carros-pipa. "Os bichos mortos podem contaminar a água, assim como esgotos. São causas diferentes, que têm relação com a região. Mas o problema é basicamente falta de vigilância sanitária. Os caminhões têm que ter um laudo informando se a água captada é de açude, se é de água subterrânea, por exemplo. Muitas vezes, a água é entregue como potável e não é. Normalmente, as pessoas acham que toda água entregue em carro-pipa está boa para o consumo. O local da captação pode estar limpo, mas a água pode ser infectada durante a captação e mesmo no caminhão ou ainda nas casas das pessoas." A observação de Silvana tem relação com a realidade vista na casa de Aldenir Pereira, 25, e Jailma, 24, que vivem na zona urbana de Águas Belas, também no Sertão de Pernambuco. Há duas semanas, o casal viu o filho mais novo, Rodolfo, com apenas dois meses, morrer após um período de diarreia (outro bebê morreu com sintomas parecidos, no bairro de Campo Grande). Na certidão de óbito da criança, as causas da morte mostram a devastação que a água infectada causou em seu organismo: gastroenterite aguda (inflamação que afeta tanto o estômago quanto o intestino delgado), hepatomegalia (inchaço do fígado, o que pode estar associado à hepatite), pneumonia lobar bilateral, derrame pleural bilateral e septicemia (infecção generalizada). A morte de Rodolfo ainda não entrou nos dados divulgados até agora pela Secretaria de Saúde do Estado, que informou só contabilizar os números das últimas semanas epidemiológicas no próximo dia 1º. Toda a família ficou doente durante mais de uma semana. Viviane, 4, irmã de Rodolfo, sofreu durante mais de uma semana com diarreia e vômito. "Tomamos muito remédio, chá... mas não fomos para o hospital", conta Aldenir, que trabalha como pedreiro. No período da seca, recebia água captada pelos carros-pipa vinda de locais como Poço Brejo Velho (em Saloá) e no poço Lagoa do Algodão (em Manari). Agora, usa água encanada vinda da Serra do Comunaty, onde há uma estação de tratamento da Compesa, de acordo com o gerente de Vigilância em Saúde do município, Edilson Paranhos. BARRENTA Apesar desse cuidado, a família diz receber, várias vezes, uma água não cristalina. "Às vezes, chega aqui bem barrenta", conta Aldenir. Infelizmente, o único cuidado que ele e a esposa têm é o de coá-la com um tecido limpo (geralmente panos de pratos), prática comum na região. Dizem que não recebem a visita regular de agentes de saúde. Aparecida Elias, há 9 anos atendendo a população (especialmente a do Morro do Galo, onde vive a família), contesta. Informa que leva hipoclorito e informação para todas as casas dali. "Todo período de chuva acontece isso, muita diarreia em crianças e idosos. Nós, agentes, também temos diarreia, várias vezes. Durante o trabalho, precisamos beber a água de vários locais visitados. Vivemos usando remédio", conta. Na residência do pedreiro, a água de beber é simplesmente colocada em uma jarra de barro e coberta com uma tampa de alumínio após passar pelo tecido. A jarra está próxima ao banheiro da família, ligado à cozinha. Só usaram hipoclorito no período da seca, quando recebiam água dos carros-pipa - acreditam que a água encanada vem totalmente livre de bactérias. No momento em que Jailma enchia a jarra para ser fotografada, uma espuma fina se formou sobre a água, desaparecendo depois e deixando ver vários pontos brancos flutuando. Dali, a bebida vai para os copos para ser consumida novamente por todos. Dali, aquela água foi usada para fazer uma mamadeira para o pequeno Rodolfo. Jornal do Commercio - PE 28/07/2013 às 08:42hs Apenas este ano, cidade alagoana teve 11 óbitos Na cidade, a doença, como observou a coordenadora de Epidemiologia do município, Adriana Araújo, não escolheu áreas ou classes sociais A água distribuída em Palmeira dos Índios, Sertão de Alagoas, já matou 11 pessoas e deixou doentes, de janeiro até meados de julho, 8.583 dos 70 mil habitantes. No ano passado, no mesmo período, foram 4.500 entradas em postos e hospitais por causa da DDA. Se esse número não pode ser considerado normal, embora seja apresentado desta maneira pelos órgãos de saúde, ver quase nove mil doentes contaminados por água infectada nos faz pensar sobre que tipo de atenção básica é dispensada ao público. As amostras coletadas em maio e junho, em diversos pontos, trouxeram resultados espantosos: das 12, apenas duas não tinham a presença de coliformes fecais. Mais espantoso ainda é que oito dessas amostras vinham do sistema de abastecimento. Ou seja, não é apenas a população que está contaminando a água (quando vinda de poços individuais), argumento comum entre os gestores públicos quando os surtos de DDA são questionados. Na cidade, a doença, como observou a coordenadora de Epidemiologia do município, Adriana Araújo, não escolheu áreas ou classes sociais. De fato, seis dos mortos viviam na área urbana, com sistema de abastecimento, enquanto os outros viviam em zonas rurais. Um deles era Aluízio Francisco da Silva, 62 anos, que faleceu no dia 23 de junho, após 13 dias de sofrimento. Vivia na aldeia indígena da Mata da Cafurna, onde está o grupo da etnia Xucuru-Cariri. Quase todas as 100 famílias dali foram atingidas. Edmilson Francisco da Silva, irmão do morto, diz que Aluízio sentia dores fortes e não conseguia se movimentar. Nas suas fezes, havia sangue. Ele teve parada cardiorrespiratória. Edmilson, 65, e a esposa Elizete, 64, também ficaram doentes, mas estavam fisicamente mais fortalecidos, já que Aluízio era alcoolista. Foram poupados pelo cuidado que tomam com a saúde: usam água da chuva para tomar banho e fazer serviços domésticos. A água da cisterna, que vem do reservatório que abastece a aldeia, é coada e colocada em um pote ou no filtro. No primeiro, o casal usa hipoclorito. O cacique Heleno Manoel, 66, também viu a família adoecer. Ele e a esposa passaram oito dias com fortes dores e diarreia, três deles sem conseguir ao menos levantar da cama. "Teve criança aqui que foi internada. Pegou todo mundo", conta o índio, que guarda a água em uma pequena caixa no quintal da casa. A água bebida por cerca de 350 pessoas que vivem no local vem de uma nascente localizada sob uma pedra. É água mineral. Dali, vai para um reservatório de 20 mil litros e depois segue para outro reservatório, de 50 mil litros, na área da aldeia. José Cícero Santana é quem cuida da limpeza do tanque. Segundo ele, o surto não foi causado pela água, porque ele limpa o local uma vez ao mês com cloro. "Aluízio faleceu por causa do álcool, não foi água suja", justifica, sem explicar a diarreia que atingiu o resto da aldeia. PROBLEMA A Funasa e a Vigilância de Saúde da cidade são responsáveis pela checagem da qualidade da água. Quase todos os mortos em Palmeira dos Índios eram idosos. Entre eles, havia um homem de 108 anos. Mas a água também fez uma criança como vítima: um bebê de apenas um mês, morto no mesmo dia em que foi atendido (16 de junho). Faleceu por desidratação grave e diarreia. Segundo a superintendente de Vigilância em Saúde de Alagoas, Sandra Canuto, um dos principais problemas para frear a epidemia é a dificuldade de se identificar de onde está vindo a água contaminada. "Os carros-pipa são seguros, geralmente buscam água de estações de tratamento. Mas há carros particulares e da defesa civil. Não tem como controlar todos eles. Estamos distribuindo pastilhas e tentando reduzir a epidemia", diz. Jornal do Commercio - PE 28/07/2013 às 09:17hs JC Negócios Lafepe – Empresa entra no ranking da Exame Com faturamento líquido de R$ 453 milhões em 2012, quando registrou um crescimento de 110%, o Laboratório Farmacêutico de Pernambuco S.A. foi, pela primeira vez, listado no ranking da Maiores e Melhores da Revista Exame na 856ª. O Lafepe é a 98ª maior do Nordeste e a 9ª companhia do setor farmacêutico no Brasil. Além disso, é a terceira maior empresa do Estado em crescimento, sexta em rentabilidade e oitava em liquidez corrente. Jornal do Commercio - PE 28/07/2013 às 07:51hs Voz do Leitor Procedimentos corretos para socorro É inaceitável que não seja dada ao Corpo de Bombeiros e ao Samu, autonomia para avaliarem o grau de gravidade de quem estão socorrendo. É isso mesmo? Devemos estar cientes de que não se permite que um caso como o da jovem, com a perna dilacerada por ataque de tubarão, seja encaminhado diretamente para um centro cirúrgico hospitalar? Não queremos acreditar que, diante da competência que diariamente constatamos dos profissionais das unidades citadas, uma pessoa, gravemente acidentada seja obrigada a ser avaliada, primeiro, por uma UPA. Se isso for verdade, os familiares da jovem acidentada têm razão para processar o Estado por essa determinação, colocando vidas em risco. José Luciano Neves [email protected] Falta de médicos Médico tem voz política, conselhos e associações. Usuários do SUS não estão sendo ouvidos nem têm quem os represente. Os médicos colocam seus interesses acima da sociedade, querem reserva de mercado e não respeitam as demais profissões da saúde. Faltam clínicos gerais, pediatras e geriatras na periferia e no interior, enquanto os médicos só querem se especializar para vender caro seus serviços para uma elite. Jorge Jatobá [email protected] Folha de Pernambuco - PE 28/07/2013 às 09:11hs Lafepe está com 315 vagas abertas Maioria das ofertas é para nível médio/técnico, com 257 oportunidades O Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe) recebe inscrições, até o dia 18 de agosto, para o concurso público que disponibiliza 315 vagas, sendo 58 de nível superior e 257 de nível médio/técnico. A prova objetiva está prevista para o dia 22 de setembro e será aplicada no Recife e nos municípios de Petrolina, Garanhuns, Caruaru e Palmares. Ainda haverá prova de títulos para o cargo de farmacêutico industrial. Quem possui nível médio/ técnico pode concorrer ao cargo de técnico nas áreas comercial, contábil, administrativa, vendas, edificações, enfermagem do trabalho, informática, manutenção elétrica industrial, manutenção hidráulica industrial, manutenção mecânica industrial, óptica, qualidade industrial, segurança do trabalho, utilidade de caldeira, utilidade e tratamento de efluentes. Ainda há vagas para operador de produção industrial e auxiliar de laboratório. As vagas de nível superior são para analista comercial, analista contábil, analista em gestão ambiental, analista em informática, analista em manutenção elétrica industrial, analista em PCP, analista em recursos humanos, analista em segurança do trabalho, analista em utilidade e tratamento de efluentes, analista financeiro, enfermeiro do trabalho, médico do trabalho, analista em qualidade industrial, analista em assistência farmacêutica e farmacêutico industrial. As inscrições serão recebidas pelo site da UPEnet (www. upenet.com.br). As taxas de participação custam R$ 50 (médio), R$ 60 (técnico) e R$ 70 (superior). Os salários variam de R$ 698,27 a R$ 3.668,94. Os aprovados serão contratados sob o regime da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). Saiba mais SITE- A abertura das inscrições do Lafepe atrasou e só ocorreu dois dias após o previsto. Inúmeros concurseiros entraram em contato para reclamar e ainda chamaram atenção sobre o mal funcionamento do site da UPEnet, que constantemente fica fora do ar. PROVA- A seleção será composta por 10 questões de língua portuguesa, 10 de raciocínio lógico e 20 de conhecimentos específicos, para todos os cargos. ANOTE Vagas: 315 Nível: superior, médio e técnico Salário: de R$ 698,27 a R$ 3.668,94 Inscrições: até 18/08 Taxas: R$ 50, R$ 60 e R$ 70 Informações: www.upenet. com.br Folha de Pernambuco - PE 28/07/2013 às 08:01hs Persona Entre as mais mais Luciano Vasquez, presidente do Lafepe, vibrando porque o laboratório ficou entre as mil melhores e maiores empresas do País, na avaliação do conceituado anuário da revista Exame. Foi a empresa que mais cresceu no setor farmacêutico, no quesito vendas líquidas, com receita dobrada em relação a 2011 - fez 222 milhões de dólares de receita líquida. Ponto para Pernambuco. Diario de Pernambuco - PE 28/07/2013 às 07:33hs Hemobrás terá fábrica ampliada Projeto de R$ 670 milhões deve ganhar mais seis hectares, que são negociados com a AD Diper A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) irá ampliar a fábrica que está sendo construída em Goiana, na Zona da Mata Norte. A estatal negocia com a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper) uma área de seis hectares que será adicionada ao projeto atual, que possui 25 hectares. O novo terreno abrigará a Unidade de Produção de Recombinantes. O valor do projeto ainda está sendo fechado. Atualmente, a construção da fábrica está orçada em R$ 670 milhões. O novo módulo visa a transferência de tecnologia do fator recombinante VIII, usado no tratamento da hemofilia A (deficiência na coagulação sanguínea). O projeto se deu por meio de uma parceria com a multinacional Baxter e tem como objetivo abastecer o Sistema Único de Saúde (SUS). “Este medicamento não é um hemoderivado, é um produto obtido por meio de engenharia genética. Se nos tornarmos realmente autosuficientes poderemos, além de atender o mercado local, exportar”, afirma o presidente da Hemobrás, Romulo Maciel Filho. Apesar da hemofilia tipo A atingir cerca de dez mil brasileiros, este medicamento ainda não estava disponível no Brasil. A produção em solo nacional foi garantida após a estatal firmar, em outubro de 2012, um acordo para transferência de tecnologia com a Baxter International. O contrato prevê que a aquisição da expertise ocorra em paralelo ao fornecimento do medicamento aos usuários do SUS. “Estamos entrando em um mercado do futuro, e começamos a faturar em função disso. O custo operacional que temos hoje é coberto por este dinheiro”, ressalta Maciel Filho. O acordo terá duração de dez anos, com início da produção do medicamento na fábrica da Hemobrás dentro de cinco anos. Nos primeiros 12 meses (que se completam em outubro), está prevista a distribuição de até 350 milhões de UI (Unidade Internacional, medida farmacêutica). A Hemobrás repassará até US$ 100 milhões à multinacional neste mesmo período. Além deste produto, quando em funcionamento, a fábrica da Hemobrás vai produzir outros seis hemoderivados: albumina, imunoglobina, fatores de coagulação VIII e IX plasmáticos, fator de von Willebrand e complexo protrombínico. Hoje, esses produtos são 100% importados. Os sistemas público e privado do Brasil despendem, anualmente, cerca de R$ 800 milhões com importação de hemoderivados. A unidade de Goiana é composta por 19 de blocos divididos em uma área de 249.871 metros quadrados. A planta deverá começar a operar em 2014. Todos os blocos já foram licitados, exceto o prédio da sede, cuja licitação deve ser lançada ainda neste semestre. Esta será a primeira fábrica do tipo no Brasil e a maior do segmento na América Latina. Folha de Pernambuco - PE 28/07/2013 às 08:23hs Escassez de profissionais é sentida na rede particular Falta de médicos não afeta apenas o Sistema Único Saúde Renata Coutinho Nos últimos meses voltou a ficar em evidência o problema da falta de médicos no Brasil. Muito se fala de deficit de profissionais no Sistema Único de Saúde (SUS), mas a escassez de doutores atinge, também, quem paga para ter acesso à saúde. Nos hospitais particulares, o momento também é de alerta com escalas incompletas, falta de especialistas e a tendência de uma medicina de mercado onde recebe melhor atendimento quem paga à vista. Na entrada da saúde privada estão os usuários de planos que endossam a reclamação do mau serviço prestado, e que muitas vezes acabam voltando para o SUS, já que o atendimento em ambos os setores acaba sendo semelhante. “Você não quer encontrar dificuldade, não quer filas e quer bons profissionais”, enumerou o residente regional da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), Flávio Wanderley. Era isso mesmo que a estudante de Letras, Nívia Gouveia, 32 anos, pensou em garantir ao contratar um plano de saúde em 2009, saindo do SUS. Diagnosticada com 19 tumores no útero, seu plano negou que fosse realizada uma cirurgia para a operação e sugeriu que a estudante retirasse os tumores de três em três. “Iriam me abrir sete vezes”, comentou. Ela teve que recorrer à Justiça para garantir a operação, realizada em 2011. De lá para cá, suspendeu o plano e voltou ao sistema público. “Hoje não tenho mais plano. Prefiro ter que recorrer ao SUS numa necessidade do que pagar caro e não ter um atendimento digno e humano”, disse. Ela contou que procura o sistema privado apenas duas vezes ao ano, quando gasta em média R$ 540 com consultas de ginecologia e angiologia. Quando o assunto são as emergências de grandes hospitais as queixas se multiplicam. Na última quinta-feira, Marcela Fontes, 23, mesmo grávida de sete meses, esperou cerca de 1h30 para ser atendida em um dos maiores hospitais privados do Recife. “Não achei que ira ser assim, pensei que fosse mais rápido”, lamentou. Em Olinda, outra grande unidade abrigava, na tarde de quinta-feira, dezenas de pessoas a procura de atendimento emergencial. Na sala lotada, uma mulher disse que estava há cinco horas na recepção. Quem não aguentou a demora saiu em busca de outro hospital. Esse foi o caso de Marcela Viviane, 26. “Cheguei às 15h e até agora (17h10) só tinham chamado uma pessoa”, reclamou. Já Karen Letícia, 25, relatou que, além da demora na rede privada, o que se vê é um mau atendimento. “Estava com uma dor no pescoço na última terça-feira e vim na emergência. O médico me colocou direto no soro, não fez um exame, um raio-X. Domingo eu voltei e colocaram o colar porque o meu problema era coluna”, relatou. Folha resume A mesma escassez de médicosna rede de saúde pública é recorrente nas unidades que atendem aos usuários de planos de saúde. Quando o assunto são as emergências de grandes hospitais, as queixas se repetem. Há pessoas que, até, já suspenderam os planos particulares. Folha de Pernambuco - PE 28/07/2013 às 08:32hs Profissionais se sentem desvalorizados Baixo valor do pagamento nos procedimentos está fazendo estes profissionais sumirem do mercado “Estamos vivendo um momento difícil”, frisou a presidente da Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas de Saúde (Aduseps), René Patriota. Segundo ela, alémda falta demédicos, o setor privado está se tornando pouco atrativo para os profissionais porque não os tem valorizado financeiramente. Outro fator que complica as emergências de grandes hospitais são os planos somente hospitalares. Nessa categoria os contratos não abrangem as consultas marcadas, e os clientes recorrem às emergências por questões simples. Ela destacou que algumas especialidades, a exemplo da pediatria e clínicamédica, apresentam dificuldade de profissionais até mesmo na rede privada e que isso tem se tornado uma tendência de mercado, já que estes seriamos de menores salários. “Para parto de plano enfermaria, o obstetra ganha R$ 480. Esse valor é para estar no parto, fazer a visita no dia seguinte e dar a alta a paciente. O valor para o pediatra que acompanha o parto R$ 250. É uma guerra atender por esse preço”, informou. O baixo valor do pagamento nos procedimentos a essas duas categorias está fazendo estes profissionais sumirem do mercado. Flávio Wanderley, da Abramge, frisou ainda um fator que gerou correria entre os planos e hospitais: as novas determinações da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) sobre prazos para atendimentos. O problema é que mesmo nesse redimensionamento há áreas descobertas, o que implica uma volta ao SUS de vários clientes privados. De acordo comWanderley, o Brasil ascendeu muito socialmente e a população agora tem outras prioridades como saúde privada, só que o serviço particular não conseguiu acompanhar esse processo, ficando na sobrecarga que hoje se encontra. Saiba mais FUNCIONAMENTO - Para ser atendido dentro dos prazos, o cliente deverá ter cumprido os períodos de carência previstos no seu contrato A regra da espera mínima vale apenas para estabelecimentos ou profissionais da rede conveniada ao plano, na especialidade necessária. Caso o cliente não consiga ser atendido nos prazos estabelecidos pela ANS deve entrar em contato com a operadora de plano de saúde. Se a operadora não oferecer solução para o caso, poderá ser multada e até obrigada a parar de vender o plano. > Serviço ANS Telefone: 0800.701.9656 Site: www.ans.gov.br Folha de Pernambuco - PE 28/07/2013 às 08:21hs “Reestruturar o SUS é um dos nossos maiores desafios” Entrevista com Mozart Sales, Secretário de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde Renata Coutinho O Governo Federal iniciou em 9 de julho o que promete ser o maior esforço para pôr fim do sofrimento de quem precisa de saúde: o Programa Mais Médicos. A iniciativa contempla o recrutamento de profissionais para cidades de interior e periferias, a criação de 11,5 mil vagas na graduação (que atualmente é de cerca de 17 mil) e mais 12,4 mil vagas na residência de Medicina (que hoje contempla 23 mil egressos), além de uma drástica modificação no sistema de ensino do curso médico. A reestruturação, segundo o secretário de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mozart Sales, é um dos maiores desafios, e mudará a realidade médica não só SUS, mas também da rede privada. O papel regular do Estado Brasileiro, as dúvidas do novo modelo e os reflexos futuros do programa foram temas desta entrevista com o secretário. O Brasil tem pecado historicamente em que pontos quando o comparamos a outros sistemas universais de saúde? Acho que ao longo do tempo tivemos dificuldade em fazer uma política regulatória de Estado que pudesse avançar na determinação e planificação das necessidades de nosso País. Os outros países, lá atrás, tomaram decisões de planificação de necessidades que apontaram para um aumento da oferta de vagas de graduação, e também tiveram intervenção na formação de especialistas. O Brasil, historicamente, teve um ciclo de graduação e de residência insuficiente. Se não atacarmos esse deficit não vamos nunca chegar no patamar de oferta desses profissionais. A oferta desse profissional é estruturante. Acho que agora estamos tentando avançar na determinação do número (de médicos) com as necessidade dos brasileiros. Qual o investimento que é planejado para essa reestruturação? O programa como um todo, entre abertura das 11,5 mil vagas de graduação, das 12, 4 mil de residência, do pagamento dos médicos do programa, mais as bolsas da residência, mais a preceptoria (orientador) está calculado até 2026, a preço de hoje, evidentemente que sofrerá reajuste, em R$ 37 bilhões. Como funciona é o comprometimento de verbas hoje comas bolsas de residência médica e como ficará no futuro? Hoje nós temos em torno de 23 mil bolsas, dessas sete mil são do MEC (Ministério da Educação), cerca de três mil do Mistério da Saúde e o restante são dos Estados, Municípios e Filantropos. Nós estamos garantindo e assegurando que toda a expansão de vaga de residência nos próximos anos será custeada pelo Ministério da Saúde. Hoje nos temos alguma coisa em torno de 17mil formandos para 12mil vagas de residência. Precisamos avançar e diminuir essa diferença. Que tipo de vinculo terá o médico brasileiro que aderir ao projeto? Ele receberá uma bolsa de educação pelo trabalho, será vinculado a universidades brasileiras através do curso de especialização do sistema UNA SUS (Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde ) e vai receber essa bolsa para fazer o treinamento em serviço, na modalidade da atenção básica, e terá a inscrição na previdência social. Essa bolsa será isenta de imposto de renda, serão R$ 10 mil líquidos. Alguns prefeitos retardatários na adesão ao programa temeram o insucesso do programa e deas prefeituras acabarem pagando o pato. Como senhor avalia isso? É evidente que nos vamos ter algumas dificuldades iniciais. È impossível se fazer um regramento que acabe contemplando a todas as realidades, todos os municípios. Temos mais de 5,5 mil municípios com graus de desenvolvimento social e econômico diferentes, graus de renda e desenvolvimento. Nós esperamos trabalhar para corrigir essas dificuldades, que por ventura possam acontecer. Para que a gente tenha um programa funcionando de forma adequada, plenamente. É um esforço grande, em uma situação que considero de gravidade da oferta de profissionais do país. Se falam em vazios ociosos em hospitais particulares. A rede pública e a privada quando o assunto é dificuldade de médicos falam a mesma língua? O setor privado tem suas dificuldades também. O que temos visto e os dados mostram é que o próprio setor privado tem tido dificuldade na contratação de profissionais, tanto na área hospitalar quanto na área ambulatorial. Para cada 100 vagas ofertadas em Pediatria sobram 14, em Neurologia 22. A própria ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) fez um programa de avaliação para que quem não conseguisse cumprir aquele número de dias (espera) de consultas no setor privado teria o plano de saúde suspenso porque questão de qualidade. Vimos que uma série de planos teve suspensas as suas vendas porque não conseguiram cumprir as metas de qualidades para a oferta de serviço. Por quê? Porque eles têm um número de especialistas na carteira menor do que o que deveriam ter, por conta do processo de oferta de mão de obra. Folha de Pernambuco - PE 28/07/2013 às 07:52hs Folha painel De estilingue a vidraça Em reunião com prefeitos do norte de Minas Gerais para estimular a adesão ao programa Mais Médicos, há duas semanas, um grupo de médicos e residentes vaiava a apresentação de Alexandre Padilha (Saúde). O ministro identificou um representante do CRM-MG, Itagiba de Castro Filho, a quem deu o microfone. No palco, o médico começou a ser vaiado também, só que, desta vez, pelos prefeitos da região. No fim do evento, o pediatra e professor universitário comentou em reservado, para o ministro: — É... Vaia no ouvido dos outros é serenata... Jornal do Commercio - PE 28/07/2013 às 08:04hs Troca de equipamentos atrasa exames Aparelhos automáticos foram substituídos por manuais em vários Estados A espera pelo resultado de um exame de carga viral, essencial para o acompanhamento de portadores de HIV, está aumentando em Estados do País. As dificuldades, relatadas por Coordenações de Aids de Estados e municípios, são reflexo de uma troca de equipamentos organizada pelo Ministério da Saúde. Aparelhos automáticos, com maior capacidade para realização de testes, foram substituídos por manuais. No Rio Grande do Sul, Estado com a maior taxa de incidência de aids do País, as queixas de pacientes se multiplicam. "Já enviamos uma carta ao departamento nacional, pedindo a troca dos aparelhos", afirmou o coordenador do programa de aids do Estado, Ricardo Charão. "É algo preocupante, que exige providências rápidas. A demora pode colocar em risco o tratamento de um número significativo de pacientes", completou o coordenador. Oito laboratórios no território gaúcho fazem testes de carga viral - um exame indicado para avaliar o estágio da infecção e a eficácia do tratamento. Dois deles receberam máquinas automáticas, capazes de fazer até 1.500 exames mensais. Outros seis receberam aparelhos manuais, com capacidade de fazer 400 análises por mês. O número de casos de aids no Estado é de 39,1 por 100 mil, o dobro da taxa brasileira, que é de 19,6. "Precisamos de pelo menos, outras duas máquinas automáticas", constatou. Os aparelhos teriam endereço certo: Hospital de Clínicas de Porto Alegre e laboratório da Universidade Federal de Santa Maria. O primeiro, com equipamento antigo, tinha capacidade para fazer 1.500 análises mensais. Depois da troca, faz 400. O laboratório da universidade antes fazia 950 exames e, agora, faz 400. "Não fomos consultados pelo ministério sobre a troca, feita diretamente com laboratórios. Somente demos conta do problema quando as reclamações para entrega dos exames aumentaram", conta Charão. O Ministério da Saúde, por meio da assessoria de imprensa, reconheceu que coordenações de vários Estados e municípios se queixaram da mudança. Uma licitação foi feita no fim do ano passado para a troca dos aparelhos. O contrato com a empresa vencedora, a Abbott, previa a instalação de 23 máquinas automatizadas e outras 60, manuais. De acordo com o ministério, a configuração atual permite essa mudança. Laboratórios com menor demanda ficariam com máquinas manuais e os mais movimentados, com as automatizadas. "Os equipamentos estavam obsoletos, era necessário alterar. Mas como substituir máquinas automatizadas por manuais? Não precisa ser especialista para ver que isso não daria certo", afirmou Carlos Duarte, representante do movimento de aids no Conselho Nacional de Saúde. Ele observa que, para máquinas manuais atingirem maior produtividade é necessário aumentar o número de equipes que fazem a leitura dos equipamentos. "Isso envolve custos para as coordenações, o que não é fácil", diz Duarte. Charão afirma também que a contratação de pessoal não é algo que se faz rapidamente. Charão solicitou informações para coordenações dos demais Estados do País sobre eventuais problemas com a troca de equipamentos. Até agora, três Estados responderam. Paraná e Santa Catarina, informou, relataram também redução da capacidade para fazer exames de carga viral. Em Mato Grosso do Sul, que tem menor demanda, o problema não foi constatado. O Centro de Referência de DST-Aids de São Paulo informou que um remanejamento foi feito e, por enquanto, não foram identificados problemas nos testes. Jornal do Commercio - PE 28/07/2013 às 09:21hs Negócios e prevenção Chega ao Recife empresa que usa mapeamento genético para identificar futuras doenças com a devida antecedência Angela Fernanda Belfort Uma tecnologia similar à que foi usada pela atriz Angelina Jolie para identificar a probabilidade de desenvolver um câncer de mama já está disponível no Recife. É um dos serviços oferecidos pelo Genomika Diagnósticos, que está funcionando na Ilha do Leite. A empresa faz o sequenciamento genético e isso pode indicar também um tratamento mais eficiente para vários tipos de câncer, como o de pulmão, intestino e mama, além de diagnosticar doenças raras. É o primeiro laboratório privado do País a usar a tecnologia de segunda geração no sequenciamento genético. O investimento foi de US$ 8 milhões (cerca de R$ 16 milhões), segundo o diretor executivo da Genomika, o médico João Bosco de Oliveira Filho. Os recursos foram empregados na compra de equipamentos de última geração e na capacitação dos profissionais. No Brasil, esse tipo de equipamento só está disponível para pesquisa no meio acadêmico, como na Universidade de São Paulo (USP). "O Recife tem condições de receber uma empresa desse tipo. Está na hora de fazer o fluxo inverso. As amostras vão vir de São Paulo para serem analisadas aqui", afirma João Bosco. E já começou. A empresa abriu uma unidade para coletar amostras em São Paulo e fechou parcerias, na capital paulista, com as redes laboratoriais Salomão e Zoppi Diagnósticos, além do Hospital Israelita Albert Einstein. No Recife, os postos de coleta ficam na sede da empresa, no Hospital Memorial São José e no laboratório Marcelo Magalhães. Outra empresa que vai enviar amostras de todo o Brasil para serem analisadas no Recife é a multinacional Novartis, que contratou a Genomika para fazer testes que identifiquem doenças raras. Para implantar a empresa, João Bosco deixou o seu emprego como diretor associado na área de Genética e Imunologia do National Institute of Health (NIH) - órgão do governo americano - que funciona nos arredores de Washington, capital dos Estados Unidos. "Em 2003, saí de Pernambuco direto para o NIH. Fiz provas para validar meu diploma, sendo selecionado para a única vaga de residente existente no serviço de imunologia clínica do Instituto. Depois, fui chamado para trabalhar lá e em seguida ser diretor associado", lembra. A Genomika emprega 13 pessoas, das quais cinco têm doutorado. As duas principais assistentes do médico são paulistas e deixaram o emprego no NIH para trabalharem no Recife. O laboratório contratou especialistas em oncologia que saíram do Hospital Osvaldo Cruz e profissionais - com experiência no diagnóstico de leucemia e linfomas que atuavam no Hemope. Ainda no quadro de pessoal, há um cargo não muito comum no mercado local, um bioinformático, profissional que usa a informática aplicada à genética. A implantação do laboratório no Recife foi fruto de uma sociedade firmada entre o médico e a empresa de participações Ikewai, que tem como sócios o cientista Silvio Meira e os empreendedores Fernando Teco Sodré e Sergio Monteiro Cavalcanti. "Foi uma parceria altamente complementar. Tenho expertise em genética, eles em informática", comenta. O médico detém 60% de participação no negócio e a Ikewai ficou com 40%. "A nossa expectativa é de tirar o investimento entre três e cinco anos", argumenta João Bosco. A empresa também faz um exame que mostra o sequenciamento genético de um tumor. "Cada tumor é diferente. Num câncer de pulmão, por exemplo, se ocorrer uma mutação no gene EGFR, o paciente responderá melhor se for usada uma determinada droga. Esse exame identifica se a doença é mais agressiva ou não", conta Bosco. O mesmo ocorre com tumores localizados na mama e pulmão. "Usar a droga mais apropriada resulta em menos mortes", conclui. Jornal do Commercio - PE 28/07/2013 às 09:28hs Exame de Angelina por R$ 4 mil Estudo do DNA também pode ser usado na realização de um exame chamado Isac, o qual pode indicar alergia a 112 substâncias A polêmica atitude de fazer uma mastectomia dupla da atriz Angelina Jolie surgiu depois de um exame de DNA porque o resultado indicou que ela tinha 87% de chance de desenvolver um câncer de mama, doença que tirou a vida da mãe dela. O teste de DNA da atriz identificou a existência do gene defeituoso, o BRCA1, que aumenta o risco de desenvolver um câncer de mama ou do ovário. Com a retirada das mamas, a estrela reduziu a 5% as chances de desenvolver a doença. "Esse teste é feito em São Paulo, usando a tecnologia antiga. Somos o primeiro laboratório privado a fazer isso com a tecnologia nova, que identifica o mesmo gene, mas é mais sofisticada e isso diminuiu o custo. O exame de Angelina custou cerca de US$ 3 mil (aproximadamente R$ 6 mil). O que fazemos aqui para identificar a mesma alteração no gene fica por R$ 4 mil", explica o diretor executivo da Genomika, João Bosco de Oliveira Filho. Segundo ele, o sequenciamento genético pode indicar se o risco de desenvolver um câncer está na média da população, aumentado ou muito aumentado. "Só fazemos esse exame com a solicitação de um médico que geralmente solicita um acompanhamento psicológico", conta. Ele acrescenta que esse tipo de exame proporciona uma medicina preventiva personalizada. Essas mutações podem acrescentar informações com relação a probabilidade de desenvolver câncer de intestino, melanoma (câncer de pele), mama e ovário. A tendência, de acordo com João Bosco, é o teste ficar mais barato "porque as máquinas novas conseguem sequenciar uma grande quantidade de DNA ao mesmo tempo". A partir de agosto, a Genomika fará dois exames que até então só eram feitos em São Paulo: o que identifica a leucemia e o linfoma. Ambos são cânceres, sendo que o primeiro ataca as células brancas do sangue, enquanto o segundo se manifesta no sistema linfático. Isso vai significar uma redução de 48 horas no diagnóstico e evita que as empresas mandem as amostras pelo serviço postal para o Sudeste. "Às vezes, o transporte fazia com que as células não chegassem em bom estado e isso era um complicador para quem está precisando de um diagnóstico rápido", conclui. O estudo do DNA também pode ser usado na realização de um exame chamado Isac, o qual pode indicar alergia a 112 substâncias. Esse exame custa R$ 1 mil. Por enquanto, os testes realizados na Genomika só podem ser feitos com o paciente bancando o custo, porque os planos de saúde ainda não incluíram esses procedimentos. A assessoria de imprensa da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) informou que os médicos, pacientes e associações de portadores de doenças interessadas na inclusão desses exames podem sugerir isso numa consulta pública que a instituição está fazendo, pela internet, até o dia 06 de agosto próximo. O site da ANS é www.ans.gov.br. Jornal do Commercio - PE 28/07/2013 às 08:48hs A saúde do Brasil vai mal! Hoje, porém, peço-vos desculpas... é preciso que eu, enquanto profissional da medicina, também me queixe um pouco Leonardo Machado Sim, o país precisa de mudanças urgentes! A saúde do Brasil vai mal! Mas, se há sistemas que precisam de um olhar preventivo, há outros que necessitam de uma UTI! E já que a saúde como um todo do Brasil vai mal, deixe-me falar do sistema de saúde em particular. A nossa pátria não precisa de milhares de médicos do exterior, mas somente daqueles que sejam capazes de revalidar seus diplomas através de provas justas que demonstrem que suas formações em seus países de origem foram de excelência. Tenho colegas de turma que, ao se formarem, foram trabalhar nos EUA. Para isto, porém, submeteram-se a rigorosos testes que comprovaram que os conhecimentos obtidos aqui no Brasil - no caso na Universidade de Pernambuco onde me formei - foram suficientemente bons para atuarem nos EUA com competência. O nosso país não precisa somente de novos hospitais complexos, mas também dar atenção aos antigos complexos hospitalares que vão ficando sucateados enquanto os números vão elegendo candidatos astutos. O nosso Brasil não precisa exclusivamente instituir o "bolsa-tudo", necessita educar a população a como não adoecer tanto, necessita dar condições dignas de moradia. Como tratar uma criancinha asmática, por exemplo, se o piso da casa dela faz subir pó constantemente, pois é o próprio barro, a própria areia? O nosso país não precisa somente de mais médicos, necessita também de uma formação médica de qualidade técnica, ética e capaz de gerar profissionais que não ocupem empregos públicos sem pisarem no serviço ou que vislumbram na medicina exclusivamente a possibilidade financeira. O nosso Brasil não precisa de gestores de saúde escolhidos com base no câmbio de favores, uma forma sutil de corrupção, necessita instituir o mérito da competência técnica e ética para selecionar seus operadores. O sistema de saúde do Brasil convalesce somente porque faltam médicos? Mas saúde só é feita por médicos? E a saúde bucal praticamente inexistente no país, enquanto centenas de odontólogos desejando trabalho esperam esta área ser atendida? E as instalações de saúde sucateadas que expulsam os profissionais com medo do ambiente? E os baixos salários pagos aos diversos profissionais de saúde, inclusive em vários concursos médicos não condizentes com os em geral nove anos de formação para se sair como especialista? Além disto, quantos colegas médicos recém-formados trabalharam e até hoje não receberam seus salários das respectivas prefeituras? E a falta de segurança para os profissionais que, muitas vezes, trabalham em áreas de risco? E os concursos públicos que sempre colocam menos vagas para médicos do que a real necessidade, além de demorarem a acontecer? E o que dizer da privatização que a saúde pernambucana vem sofrendo? Caros(as) pacientes brasileiros(as), não dizemos isto a vocês porque nosso contato é sobretudo no ambiente de saúde, sendo nosso tempo precioso demais. Precisamos ouvir as vossas queixas, não sendo tão adequado nos queixar para vós. De outras vezes, também, lidamos com pessoas tão carentes socialmente que, em muitas ocasiões, somente lutam pela sobrevivência diária, não tendo tempo para elucubrações mais complexas. Hoje, porém, peço-vos desculpas... é preciso que eu, enquanto profissional da medicina, também me queixe um pouco. Mas se isto faço, é porque luto em benefício de todos nós e em favor da saúde do sistema de saúde do nosso Brasil! Jornal do Commercio - PE 28/07/2013 às 09:32hs A polêmica da questão médica Demografia Médica, do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), mostra que há 388 mil médicos ativos no País, 2.561 estrangeiros O Programa Mais Médicos partiu da constatação de que o Brasil tem 1,8 médico para cada habitante, contra 3,2 da Argentina e 6,7 de Cuba, por exemplo, e apontou como uma das saídas, não a única, trazer estrangeiros para o setor. A medida gerou protestos dos médicos. A Demografia Médica, do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), mostra que há 388 mil médicos ativos no País, 2.561 estrangeiros. O diretor de comunicação do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Sílvio Rodrigues, diz que a categoria só pede exames de proficiência em português e validação do diploma. "Não adianta o médico atuar no Brasil e não saber explicar exame, diagnóstico e tratamento. Já existe um teste unificado do governo, o Revalida", diz Sílvio. "Além disso, não faltam médicos. Há concentração em grandes cidades, no Sul e Sudeste. A questão é muito mais discutir o Sistema Único de Saúde (SUS). Não somos contra estrangeiros", afirma. Para o economista José Raimundo Vergolino, a saída é discutir o SUS, da melhoria de gestão a saídas como consórcios municipais. "Mas trazer estrangeiros é comum em gargalos de mão de obra. Os médicos estão sendo corporativistas", critica. Enquanto a discussão e os protestos seguem, sexta-feira o governo divulgou que o Mais Médicos superou a marca de 18 mil inscrições. A medida pode não ser consenso. Mas interesse no Brasil é o que não falta aos estrangeiros. Jornal do Commercio - PE 28/07/2013 às 10:30hs Saúde conectada Cada vez mais pessoas têm apostado no uso de sensores e aplicativos que ajudam a verificar como o corpo reage ao exercício físico, a uma dieta e a doenças Cinthya Leite Cá entre nós, chega uma hora em que bate uma tremenda monotonia vigiar com certa frequência o peso e controlar os nutrientes ingeridos, como também aferir as taxas de glicose antes e após as refeições, no caso de quem convive com diabete. Justamente para quebrar essa sensação enfadonha diante da monitoração de parâmetros que ajudam a avaliar o nosso bem-estar, a medicina e demais especialidades da saúde têm apostado em sensores e aplicativos que ajudam a verificar como o nosso corpo reage ao exercício físico, a uma dieta e a doenças. Diante desse cenário, o mercado tem colocado à disposição ferramentas que ajudam a registrar, guardar e compartilhar dados que, quando analisados por médicos, nutricionistas e educadores físicos podem dar pistas sobre a conduta terapêutica que deve ser tomada para melhorar a qualidade de vida. Essas soluções parecem seduzir a turma antenada em tudo que possa turbinar o bemestar. Esse recado ficou bem claro na 2ª edição da Campus Party Recife, maior encontro de tecnologia e cultura digital do mundo realizado recentemente. Durante uma mesaredonda, tivemos conhecimento de um dado que vem de levantamento da MobiHealthNews, empresa voltada para o segmento da saúde conectada. Cerca de 80% das pessoas que se exercitam mais de uma vez por semana e têm smartphone pagariam US$ 140 por uma ferramenta combinada de sensor e software para monitorar parâmetros relacionados à saúde. "Atualmente, o mapeamento de atividades e comportamentos capazes de avaliar nossa condição física e mental não está restrito a consultórios e hospitais. Esse monitoramento está presente na vida de muita gente", diz o gerente de inovação da Telefonica, Jacques Chicourel. Quem ilustra esse panorama é o estudante Raul Dantas, 18 anos, que usa um aplicativo que o ajuda a organizar os treinos na academia. "Com ele, fica mais fácil cumprir as metas", diz. Ainda ao apresentar essa tendência, Jacques frisou que os médicos não podem mais andar na contramão dessa realidade. "Eles devem estar mais envolvidos com essas ferramentas, que certamente ajudam a acompanhar a terapêutica prescrita para um paciente", salienta. Diario de Pernambuco - PE 28/07/2013 às 08:10hs Café da manhã faz bem a homens Segundo pesquisa, quem não come a refeição tem mais chance de sofrer um ataque cardíaco Washington - Os homens que não tomam café da manhã têm maior risco de sofrer um ataque cardíaco, revelou uma pesquisa divulgada na semana passada, nos Estados Unidos. Um estudo de quase 27 mil homens mostrou que aqueles que não comiam nada pela manhã tinham 27% mais chances de ter um ataque do coração, ou morrer por doença coronária, do que os que fazem o desjejum. Os homens, entre 45 e 82 anos, participaram de uma pesquisa sobre alimentação, que registrou resultados de saúde de 1992 a 2008. Segundo o estudo, os homens que não fazem a primeira refeição tendem a ser mais jovens e a ter “mais probabilidades de serem fumantes, trabalham em tempo integral, são solteiros, menos ativos fisicamente e mais consumidores de álcool” do que o restante. “Pular o café da manhã pode levar a um ou mais fatores de risco, como obesidade, pressão arterial alta, colesterol alto e diabetes, que, por sua vez, podem levar - com o tempo - a um ataque cardíaco”, disse Leah Cahill, principal autor do estudo e pesquisador da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard. Os homens que disseram tomar café da manhã também comiam mais por dia do que os que tinham o hábito contrário, o que sugere que as pessoas que omitem a primeira refeição não compensam mais tarde. No estudo, 97% dos homens que participaram eram brancos e de ascendência europeia. Os pesquisadores disseram que os resultados podem ser aplicados a outras origens. Mortes As doenças cardiovasculares, como infartos e acidentes vasculares encefálicos (AVE), continuam sendo a primeira causa de mortes no mundo, com 17 milhões de mortos em 2011, segundo a lista das dez principais causas de mortalidade publicada nesta segunda pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Em 2000, as doenças cardiovasculares já lideravam a classificação, de acordo com o quadro comparativo da OMS (www.who.int/mediacentre/factsheets/fs310/en/). Já a tuberculose, que na época ocupava a oitava posição, saiu do quadro, ao cair para 13º. Ainda assim, a tuberculose matou um milhão de pessoas no mundo em 2011. A tuberculose é a única causa de mortalidade a sair da lista das dez doenças mais letais da OMS entre 2000 e 2011. De maneira geral, as doenças não transmissíveis foram responsáveis por dois terços das mortes no mundo em 2011. As quatro principais doenças são as cardiovasculares, o câncer, o diabetes e as pulmonares crônicas. Diario de Pernambuco - PE 28/07/2013 às 07:59hs Transporte público faz bem à saúde OMS defende priorização de corredores de transporte coletivo nas grandes cidades Tânia Passos Quem enfrenta todos os dias metrô e ônibus lotados e perde tempo preso nos engarrafamentos dificilmente vai acreditar que o transporte público faz bem ao corpo. Mas um estudo científico defende a priorização de corredores exclusivos como uma política de saúde pública. Segundo a entidade, o uso majoritário de coletivos impacta diretamente na qualidade do ar que respiramos e reduz o número de acidentes de trânsito. Caminhar até a parada do ônibus também é mais saudável que dar um passo para entrar no carro. A estimativa é que uma pessoa que se desloca de ônibus pode gastar por dia 350 calorias a mais do que quem faz o mesmo percurso de carro. Equivale a uma hora de caminhada. O recorte feito pelo pesquisador Carlos Dora, coordenador do Departamento de Saúde e Meio Ambiente da Organização Mundial de Saúde (OMS), que realizou o levantamento, foi baseado em mais de 300 pesquisas em todo o mundo sobre saúde, mobilidade, planejamento e gestão urbana. Para ele, o transporte coletivo priorizado não é apenas uma necessidade urbana, mas, sobretudo, humana. “A inatividade física ocasiona doenças como a diabetes e a hipertensão. A poluição do ar é um problema muito grave nas grandes cidades, e o carro é o principal responsável por isso. No Brasil, as estatísticas são assustadoras: 40 mil pessoas morrem no trânsito por ano”, ressaltou Carlos Dora, que também defende a melhoria de outras formas de deslocamento não motorizado, com mais incentivo para bicicleta e caminhadas. O auxiliar de serviços gerais Cristiano Marinho, 36 anos, voltou a usar o transporte público depois que teve sua moto roubada há dois meses no Recife. Com 1,65 de altura e 80 kg, ele conta que perdeu cinco quilos desde que voltou a usar o ônibus. Além de mais magro, ainda passou esse tempo bem distante do risco de ser mais um nas estatísticas de acidentes de moto no estado, que somam 30% do total de acidentes de trânsito registrados. Apesar disso - e em decorrência das más condições do transporte público local - ele não vê a hora de voltar à moto. “ Caminho mais de 20 minutos de casa para a parada de ônibus e muita coisa tenho que resolver a pé. Uma coisa é perder peso. Outra é sofrer todo dia. Prefiro ter minha moto de volta”, revelou. Aos 58 anos, a empresária Ana Carolina Caldas não faz a menor ideia de como é andar de ônibus. Aos 18, ganhou o primeiro carro dos pais. “Nunca andei de ônibus na minha vida. Antes de ter o meu próprio carro, sempre tinha alguém para me levar ou buscar nos lugares”, revelou. Com 1,60 de altura e 83kg, ela está acima do peso que gostaria. Mas perder calorias no ônibus, nem pensar. “O nosso transporte público é muito ruim. Prefiro a dieta”, afirmou. A professora do Departamento de Nutrição da UFPE Fernanda Lima chama a atenção para os hábitos alimentares. “Quanto mais atividade física, melhor, e isso inclui até mesmo a caminhada ao ônibus. Mas é importante os cuidados com a alimentação”, ponderou. saibamai Relação transporte público e saúde Obesidade 300 milhões de pessoas são obesas no mundo, sendo 1/3 nos países em desenvolvimento 350 calorias são gastas a mais por dia para quem se desloca no transporte público se comparar o mesmo percurso feito de carro 19 milhões de pessoas morrem por ano por inatividade física com doenças como diabetes e hipertensão: 3,2 milhões estavam aparentemente saudáveis Poluição do ar 2 milhões de pessoas morrem por ano por causa da poluição do ar 68% dos poluentes na atmosfera são despejados pelos automóveis 90% da poluição do ar em áreas urbanas têm como fator poluidor os automóveis Acidente 1,2 milhão de pessoas morrem por ano em acidente de trânsito em automóveis. Quanto mais corredores de transportes de massa, menos carros nas ruas 66% dos empréstimos no Banco Mundial entre 2002 e 2004 foram para investimentos de vias para o trânsito comum, que não privilegiam o transporte público Fonte: Pesquisa do coordenador do Departamento de Saúde Pública e Meio Ambiente da Organização Mundial de Saúde (OMS), Carlos Dora