Nota técnica SVR 002/2017 (Investigação de eventos adversos

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Participar do fortalecimento do Sistema Único de Saúde,
protegendo e promovendo a Saúde
INSTITUTO OCTÁVIO MAGALHÃES – LABORATÓRIO CENTRAL DE SAÚDE PÚBLICA DE
MINAS GERAIS
DIVISÃO DE EPIDEMIOLOGIA E CONTROLE DE DOENÇAS – DECD
SERVIÇO DE VIROLOGIA E RIQUETSIOSES – SVR
NOTA TÉCNICA SVR Nº 002/2017
REFERÊNCIA
Investigação de eventos adversos após a vacinação contra a febre amarela no estado de Minas
Gerais – 2017.
INTRODUÇÃO
A vacina contra febre amarela (VFA) é a medida mais importante e eficaz para prevenção e controle da
doença, sendo altamente imunogênica (confere imunidade em 95% a 99% dos vacinados), bem tolerada e
raramente associada a eventos adversos graves. É constituída por vírus atenuados da cepa 17DD,
derivada de uma amostra africana do vírus amarílico. Os anticorpos protetores aparecem entre o 7º e o
10º dia após a aplicação da vacina, razão pela qual a imunização deve ocorrer preferencialmente no
mínimo 10 dias antes de se ingressar em área de transmissão.
A vacina contra a febre amarela é administrada pela via subcutânea e a manifestação mais
frequentemente referida é a dor no local de aplicação, autolimitada e de intensidade leve ou moderada.
Além dessa, as manifestações mais comuns são mal-estar, cefaleia, dores musculares e febre baixa, o
que ocorre em 2 a 5% dos vacinados, por volta do 5º ao 10º dia. Essas manifestações duram de 1 a 2
dias.
Reações de hipersensibilidade imediata como erupção, urticária, angioedema e choque anafilático podem
ocorrer de 30 minutos até duas horas após a administração do imunobiológico, porém são incomuns
(incidência menor que 1/1.000.000 habitantes) e mais frequentes em pessoas com histórico de alergia a
proteínas do ovo. Anafilaxia e manifestações alérgicas são eventos raros e podem ocorrer como reação a
qualquer um dos componentes da vacina.
Embora menos frequentes, podem ocorrer também eventos adversos mais graves, que incluem reações
de hipersensibilidade, doença neurológica aguda associada à VFA (DNA-VFA) – encefalite, meningite,
doenças autoimunes com envolvimento do sistema nervoso central e periférico. Foram descritos raros
casos de encefalite pós-vacinal, na maioria das vezes em menores de 6 meses de idade. Entretanto, a
doença viscerotrópica aguda associada à VFA (DVA-VFA) é o evento adverso de maior letalidade. Tratase da disseminação do vírus vacinal para diversos órgãos, com choque, derrame pleural e abdominal e
falência múltipla dos órgãos.
Algumas situações e indivíduos têm sido identificados como de maior risco para eventos adversos graves
após a vacinação contra a febre amarela, a exemplo de pessoas portadoras de doenças autoimunes como
lúpus eritematoso sistêmico, e primovacinação em idosos. Em tais situações, a vacinação requer
avaliação médica e análise cuidadosa de risco versus benefício.
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.
Guia de Vigilância em Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – Brasília:
Ministério da Saúde, 2014. 812 p.
Participar do fortalecimento do Sistema Único de Saúde,
protegendo e promovendo a Saúde
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância
Epidemiológica. Manual de vigilância epidemiológica de eventos adversos pós-vacinação / Ministério da
Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília:
Ministério da Saúde, 2008. 184 p.
INVESTIGAÇÃO LABORATORIAL DE SUSPEITA DE REAÇÃO VACINAL
As amostras biológicas devem ser enviadas à FUNED (Laboratório Central de Saúde Pública, referência
estadual para a Febre Amarela). Será providenciado o envio das amostras para a realização de RTPCR/sequenciamento ao Instituto Oswaldo Cruz – Fiocruz, no Rio de Janeiro/RJ.
ORIENTAÇÕES PARA A COLETA DE AMOSTRAS:
RT-PCR:
 O sangue do paciente com suspeito de reação vacinal deve ser colhido em tubo estéril,
hermeticamente fechado ou em tubos à vácuo sem anticoagulante.
 Pode-se coletar o sangue até o 5°(quinto) dia do aparecimento dos primeiros sintomas.
 Centrifugar o sangue a 1.500 rpm por 10 minutos, aspirar o soro e passa-lo para outro tubo
(criotubo) resistente a baixas temperaturas (≤ -80ºC), estéril e com tampa de rosca.
IMPORTANTE: Não serão aceitos tubos com tampa tipo rolha para RT-PCR.
 Se não houver centrífuga, deixar o tubo em repouso na geladeira (2 a 8°C) por um período
máximo de 2 horas o que possibilita a retirada do soro após a sedimentação. Transferir o soro
para outro tubo (criotubo) resistente a baixas temperaturas (≤ -80ºC), estéril e com tampa de
rosca. A amostra deve ser congelada a no mínimo -80ºC, em freezer ou nitrogênio líquido.
 A amostra deve ser encaminhada à FUNED refrigerada, no prazo máximo de 2 horas após a
coleta ou após armazenamento a -20ºC por até 48 horas.
 Em caso de manifestações neurológicas, o líquor também poderá ser coletado. A amostra deverá
ser acondicionada em criotubo, armazenada e transportada nas mesmas condições descritas
para o soro.
 Em caso de coleta de vísceras, deve-se colher cerca de 1 cm³ de cada, priorizando-se a coleta de
fígado e baço. As amostras devem ser colocadas em criotubos, armazenadas e transportadas
nas mesmas condições descritas para o soro.
PRNT (Teste por neutralização de redução de placas):
Para os casos em que não foi possível coletar amostra de soro na fase virêmica (1º ao 5° dia de
sintomas) é recomendada a coleta de amostras de soro no período de 6 a 10 dias após o início
dos sinais/sintomas e uma segunda amostra após 14 dias da primeira coleta para realização de
PRNT. Este exame não é confirmatório, devido à grande circulação de flavivírus em Minas Gerais
e sim considerado auxiliar para o fechamento de casos, corroborando com os dados clínicos e
epidemiológicos.
 Deve ser colhido sangue em tubo estéril, hermeticamente fechado ou em tubos à vácuo sem
anticoagulante.
 O sangue coletado não deve ser imediatamente centrifugado. É necessário aguardar o sangue
coagular para separar o soro por centrifugação;
 Centrifugar a 1.500 rpm por 10 minutos, aspirar e transferir o soro para outro tubo limpo/estéril.
 Se não houver centrífuga, deixar o tubo em repouso na geladeira (2 a 8ºC) por um período
máximo de 24 horas, o que possibilita a retirada do soro após a sedimentação.
IMPORTANTE: Não se deve congelar o sangue total, nem encostar o frasco diretamente no gelo
reciclável, para evitar hemólise. As amostras devem ser congeladas no mínimo a -20°C, e
transportadas em caixa térmica contendo gelo reciclável ou gelo seco.
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Estudo do perfil imunológico do paciente:
Será realizada investigação do perfil imunológico do paciente por meio de testes complementares
(Imunofenotipagem de leucócitos do sangue periférico ex vivo; pesquisa de citocinas e quimiocinas).
Deve ser colhido sangue total em heparina sódica (10mL), transportado em temperatura ambiente,
e entregue à Funed em no máximo 24h após a coleta.
OBSERVAÇÕES:
1- As amostras deverão ser acompanhadas da Ficha de Investigação de Febre Amarela e do
Formulário para Notificação/Investigação de Eventos Adversos Pós-Vacinação associados
ao uso de Vacina, Soro ou Imunoglobulina (Anexos 1 e 2), devidamente preenchidos. Devem
ser informados sinais/sintomas apresentados e resultados de exames específicos ou
complementares realizados.
2- O histórico vacinal do paciente deve ser relatado, data de administração da vacina, data de início
dos sinais/sintomas e informações sobre vacinações anteriores.
3- A suspeita de reação vacinal grave deve estar descrita na ficha de investigação e relatada
no campo de observações no GAL.
4- Devem ser seguidas as orientações do Manual de vigilância epidemiológica de eventos
adversos pós-vacinação, para todos os casos suspeitos.
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NOTA TÉCNICA SVR Nº 002/2017
Coleta, acondicionamento e transporte de amostras suspeitas de evento adverso pósvacinal – Febre Amarela
Exame
Tipo de
amostra
Soro
Soro
intracardíaco
Volume/
quantidade
3 ml
Período de coleta
Do 1º ao 5º dia após
o início dos sintomas
-
RT-PCR
Líquor
Vísceras in
natura
(fígado e
baço)
PRNT
Soro
Mínimo de
1 mL
Fragmento
s de 1 cm³
Mínimo de
2 mL
Sangue em
Perfil
imunológico
heparina
sódica
10mL
Acondicionamento
Transporte
Congelado a -20 °C no
período por até 48 horas após
a coleta.
Caixa térmica com
gelo reciclável ou
gelo seco no dia
da coleta.
Após 48 horas da coleta é
obrigatória a conservação em
freezer -80°C ou botijão de
nitrogênio.
Mesma da amostra de soro
Deverá ser realizada
o mais rápido
possível (no máximo
24 horas após o
óbito)
1ª amostra
6 a 10 dias após o
início dos
sinais/sintomas.
Mesma da amostra de soro
Mesma da
amostra de soro
Congelado a -20 °C
Caixa térmica com
gelo reciclável ou
gelo seco
Temperatura ambiente (Deve
ser entregue à Funed em
período máximo de 24h após
a coleta)
Caixa térmica à
temperatura
ambiente
2ª amostra
14 dias após a
coleta da 1ª
amostra.
No momento da
identificação da
suspeita do evento
adverso
Acondicionado em
botijão de
nitrogênio para
envio posterior.
Mesma da
amostra de soro
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