0 UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DACEC- DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS CARINE DENISE MORCHE BORGES PROPOSIÇÃO DE SISTEMA DE CUSTOS PARA AGROINDÚSTRIA DE SUCOS (Trabalho de conclusão de curso) Profª Orientadora: Ms. Eusélia Paveglio Vieira IJUI 2014 1 CARINE DENISE MORCHE BORGES PROPOSIÇÃO DE SISTEMA DE CUSTOS PARA AGROINDÚSTRIA DE SUCOS Trabalho apresentado para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis, junto a Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul. Profª Orientadora: Ms. Eusélia Paveglio Vieira IJUI (RS), agosto/2014 2 AGRADECIMENTOS Sou grata em primeiro lugar a Deus por me conceder o dom da vida. Agradeço pela oportunidade de estar vivendo esse momento da minha formação como ser humano e como profissional. A minha família com quem pude contar com o apoio em todos momentos. Aos meus pais por sempre incentivar e priorizar o estudo como chave para “progredir na vida”. Um agradecimento especial faço ao meu esposo por estar sempre ao meu lado na realização deste sonho. A todos os professores e mestres da minha graduação que se empenharam em ministrar aulas e atividades com empenho e profissionalismo, sempre preocupados em formar profissionais preparados para enfrentar os desafios do mundo. Especialmente a minha professora orientadora Ms. Eusélia Paveglio Vieira com quem pude contar durante toda a realização deste trabalho de conclusão de curso. Agradeço pela disponibilidade, dedicação e paciência dispensados a mim. Posso dizer que foi um privilégio tê-la como orientadora. Aos associados e funcionários da cooperativa por terem aberto as portas da entidade para que a realização desta pesquisa fosse concluída com êxito. E a todos os amigos e colegas que fizeram e fazem parte da minha trajetória. 3 RESUMO Desde os primórdios da humanidade o homem tem utilizado técnicas contábeis para controlar e gerenciar o seu patrimônio. Com a evolução da humanidade e a revolução industrial, a contabilidade se tornou indispensável para as organizações. A utilização de ferramentas contábeis como a contabilidade de custos, corrobora para tornar as organizações mais competitivas e alavancarem seus resultados frente a um mercado globalizado. Com o suporte da contabilidade de custos a identificação de receitas, despesas, custos e resultados faz com que administradores tomem suas decisões embasadas em dados precisos e concretos. A implantação de sistemas de custos faz com que as empresas não somente identifiquem seus custos, sistemas de custeio, formação de preço, entre outros, mas que principalmente possam focar nos aspectos estratégicos a fim de minimizar seus custos e despesas com o intuito de angariar melhores resultados e manterem-se competitivas. Pequenas organizações, como é o caso de cooperativas de pequeno porte, também necessitam deste suporte gerencial proporcionado pela contabilidade de custos. A busca por incentivo para o envolvimento de profissionais que possam auxiliar as entidades de pequeno porte a administrarem o patrimônio, que pertence aos associados deve ser priorizada. Esse trabalho apresenta de forma simples a implementação de sistemas de custos em uma cooperativa produtora de sucos. Os resultados obtidos através desta pesquisa são de fácil compreensão e servirão para que os associados e funcionários responsáveis pela administração, possam reavaliar processos, preços e variedade produzidas e comercializadas, tomando decisões com suporte técnico e gerencial. Palavras chave: Contabilidade de custos. Gestão. Tomada de decisão. Resultados. 4 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Matéria prima ........................................................................................................ 44 Quadro 2 – Litros produzidos ................................................................................................... 45 Quadro 3 – Custo MP por tipo de produto ............................................................................... 45 Quadro 4 – Custo com embalagens .......................................................................................... 46 Quadro 5 – Custo médio compra mercadorias – laranjas in natura .......................................... 47 Quadro 6 – Custos com embalagens mercadorias – laranja in natura ...................................... 47 Quadro 7 – Custos com pessoal ................................................................................................ 48 Quadro 8 – Custo com mão de obra da produção..................................................................... 49 Quadro 9 – Depreciações......................................................................................................... 50 Quadro 10 – Depreciações específicas ..................................................................................... 51 Quadro 11 – Custos indiretos ................................................................................................... 51 Quadro 12 – Custos variáveis e fixos ....................................................................................... 52 Quadro 13 – Apuração do custo pelo método de custeio variável ........................................... 53 Quadro 14 – Custo unitário pelo método absorção .................................................................. 54 Quadro 15 – Mark up ............................................................................................................... 56 Quadro 16 – Preço de venda orientativo x praticado................................................................ 57 Quadro 17 – Margem de contribuição do preço de venda orientativo ..................................... 58 Quadro 18 – Margem de contribuição do preço de venda praticado ........................................ 59 Quadro 19 – Margem de contribuição total em percentual ...................................................... 61 Quadro 20 – Ponto de equilíbrio orientativo ......................................................................... 62 Quadro 21 – Ponto de equilíbrio praticado ............................................................................... 63 Quadro 22 – Margem de segurança operacional PV orientativo .............................................. 64 Quadro 23 – Margem de segurança operacional PV praticado ................................................ 64 Quadro 24 – Resultado preço de venda orientativo .................................................................. 65 Quadro 25 – Resultado preço de venda praticado .................................................................... 66 5 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Fluxograma do processo produtivo suco de laranja e mercadoria laranja .............. 42 Figura 2 – Fluxograma do processo produtivo do suco de bergamota ..................................... 43 Figura 3 – Fluxograma do processo produtivo do suco de uva ................................................ 43 Figura 4 – Custo absorção x custo variável .............................................................................. 55 Figura 5 – Comparação preço de venda orientativo x preço de venda praticado ..................... 57 Figura 6 – MCU preço de venda orientativo x praticado ......................................................... 60 Figura 7 – MCT preço de venda orientativo x praticado .......................................................... 62 6 SUMÁRIO RESUMO .......................................................................................................................... 3 LISTA DE QUADROS ..................................................................................................... 4 LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................... 5 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 8 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO ....................................................................... 10 1.1 ÁREA DE CONHECIMENTO CONTEMPLADA ....................................................... 10 1.2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ............................................................... 10 1.3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA .............................................................................. 10 1.4 OBJETIVOS ................................................................................................................... 11 1.4.1 Objetivo geral .................................................................................................................. 11 1.4.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 11 1.5 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 12 2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 13 2.1 CONTABILIDADE ........................................................................................................ 13 2.2 CONTABILIDADE DE CUSTOS ................................................................................. 14 2.2.1 Classificação dos custos .................................................................................................. 16 2.2.2 Custos com depreciação .................................................................................................. 18 2.2.3 Custos com pessoal ......................................................................................................... 20 2.3 SISTEMAS DE CUSTEIO ............................................................................................. 22 2.4 MÉTODOS DE CUSTEIO ............................................................................................. 26 2.5 ANÁLISE DO CUSTO, VOLUME E RESULTADO ................................................... 30 2.5.1 Formação do preço de venda........................................................................................... 30 2.5.2 Margem de contribuição ................................................................................................. 32 2.5.3 Ponto de equilíbrio .......................................................................................................... 33 2.5.4 Margem de segurança operacional .................................................................................. 34 2.6 GESTÃO DE CUSTOS .................................................................................................. 35 3 METODOLOGIA DE PESQUISA ................................................................................. 37 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA .............................................................................. 37 3.1.1 Quanto a natureza ............................................................................................................ 37 3.1.2 Quanto aos objetivos ....................................................................................................... 37 3.1.3 Quanto a forma de abordagem do problema ................................................................... 38 3.1.4 Quanto aos procedimentos técnicos ................................................................................ 38 7 3.2 COLETA DE DADOS .................................................................................................... 39 3.2.1 Instrumento de coleta de dados ....................................................................................... 39 3.3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS .......................................................... 40 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS: Estudo aplicado ........................................................ 41 4.1 MAPEAMENTO DO PROCESSO PRODUTIVO ........................................................ 41 4.2 LEVANTAMENTO DOS CUSTOS DIRETOS ............................................................ 44 4.2.1 Matéria prima da produção ............................................................................................. 44 4.2.2 Embalagens da produção................................................................................................. 46 4.2.3 Custos com mercadorias – laranja in natura para venda ................................................. 47 4.2.4 Custos com pessoal ......................................................................................................... 48 4.3 LEVANTAMENTO DOS CUSTOS INDIRETOS ........................................................ 49 4.3.1 Depreciações ................................................................................................................... 49 4.3.2 Custos indiretos – fixos e variáveis ................................................................................. 51 4.4 APURAÇÃO DO CUSTO TOTAL PELO MÉTODO DE CUSTEIO VARIÁVEL ..... 53 4.5 FORMAÇÃO E ANÁLISE DO PREÇO ........................................................................ 54 4.5.1 Apuração dos custos pelo método de custeio absorção .................................................. 54 4.5.2 Mark up ........................................................................................................................... 56 4.5.3 Preço de venda orientativo x preço de venda praticado .................................................. 57 4.6 ANÁLISES DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO, PONTO DE EQUILÍBRIO E MARGEM DE SEGURANÇA OPERACIONAL ................................................................... 58 4.6.1 Margem de contribuição ................................................................................................. 58 4.6.2 Ponto de equilíbrio .......................................................................................................... 62 4.6.3 Margem de segurança operacional .................................................................................. 64 4.7 DEMONSTRAÇAO DO RESULTADO DOS PRODUTOS ESTUDADOS ................ 65 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 68 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 68 8 INTRODUÇÃO O cooperativismo é uma forma de unir esforços de várias pessoas em busca de um objetivo comum. As cooperativas estão inseridas, juntamente com as demais empresas, em um mercado bastante competitivo, onde mecanismos que auxiliem na gestão são estritamente necessários para que se mantenham ativas. No atual cenário da economia, uma entidade cooperativa tem sido alternativa para pequenos produtores alavancarem seus resultados, de maneira que juntos conseguem melhores preços para seus produtos. Com esse crescente aumento da competitividade, se faz necessário à implementação de técnicas que contribuam para a rentabilidade dos negócios, mas sem perda de qualidade na produção. Nesse contexto, a contabilidade de custos tornou-se uma ferramenta indispensável na gestão das empresas, gerando informações precisas e auxiliando na tomada de decisão. O objetivo do presente estudo foi demonstrar como a contabilidade de custos é imperiosa para que uma cooperativa produtora de sucos no município de Panambi pudesse gerenciar sua produção e maximizar seus resultados com ênfase no método custeio variável (direto). Esse estudo está estruturado em quatro etapas com o seguinte plano de apresentação: Na primeira parte são citados o tema proposto e caracterização da entidade contemplada com a realização da proposta, também são apresentados os objetivos gerais e específicos anteriormente definidos para alcance ao final do presente estudo, seguida da justificativa pela escolha do tema e entidade. A segunda parte é o referencial teórico que faz um apanhado teórico em livros, artigos e sites da internet sobre os itens que compõem o conhecimento necessário para que a pesquisa prática pudesse ser realizada. Iniciando com uma abordagem sobre a contabilidade e contabilidade custos, na sequência mostra quais os sistemas de acumulação de custos existentes, bem como métodos de custeio utilizados, com ênfase maior no método de custeio variável. A análise do custo, volume e resultado com seus respectivos pontos de estudo e por fim uma análise sobre a gestão de custos e sua importância para o bom funcionamento das organizações. A terceira parte apresenta a metodologia de pesquisa aplicada ao estudo, com seus conceitos, classificações, coleta de dados e interpretações. A quarta parte mostra o estudo de caso aplicado à cooperativa. Esse estudo compreende o mapeamento dos processos de produção e o levantamento de todos os dados necessários para elaboração do sistema de custeio variável, analisando seus preços, margem 9 de contribuição, ponto de equilíbrio, informações gerenciais que geram subsídio para futuras decisões da entidade. Por fim, o relatório apresenta a conclusão de todos os itens analisados e as referências utilizadas na sua elaboração. 10 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO A seguir apresenta-se a contextualização do estudo, que considera o tema abordado, seguido da caracterização da empresa, seguidos da problematização do tema, seus objetivos geral e específicos e, por fim a justificativa da escolha do tema para pesquisa. 1.1 ÁREA DE CONHECIMENTO CONTEMPLADA A área contemplada neste estudo é a contabilidade de custos. Essa área da contabilidade se mostra cada vez mais necessária para as empresas, e os profissionais que dominam os conhecimentos relacionados a esse tema se tornam indispensáveis para essas organizações. Neste sentido, o estudo se propôs a desenvolver um sistema de custos baseados no custeio variável para uma cooperativa, que contribua na gestão dos custos, preços e resultados para que os associados possam utilizar essa ferramenta de gestão na entidade. 1.2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO A entidade escolhida para realização da pesquisa é uma cooperativa de pequenos produtores de frutas cítricas localizada no interior do município de Panambi. O objeto social da entidade é a fabricação e comercialização de sucos naturais. A cooperativa conta um número de trinta e oito associados, sendo todos eles produtores de pequenas áreas. São os próprios associados os principais fornecedores da matéria prima utilizada na produção. O número de funcionários é de dois, e o seu enquadramento fiscal é Lucro Real. Os principais clientes são supermercados e restaurantes da cidade de Panambi e região. A cooperativa também vende diretamente para pessoas físicas. Além da produção de sucos, que é o seu principal objeto, a entidade também compra e comercializa as frutas cítrica in natura. 1.3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA O custeio variável é utilizado no gerenciamento das empresas. A separação dos custos fixos e variáveis são importantes para produção de informações em diversos níveis gerenciais, 11 “como o emprego da ‘contribuição marginal’, da ‘analise do ponto de equilíbrio’, da ‘analise da alavancagem operacional’, entre outras”. (LEONE, 2008, p.14). A utilização do custeio variável nessa pesquisa se dá pela maneira como esse método de custeio propicia informações sobre custos de maneira objetiva e transparente, sem a subjetividade e arbitrariedades provocadas por rateios dos custos fixos na produção (SANTOS, 2005, p.19). Para se chegar a um preço competitivo, sem ter perda na lucratividade é de suma importância à implantação de um sistema de gestão de custos que forneça resultados confiáveis e auxilie na tomada de decisão. As organizações de pequeno porte, são as que mais sofrem para se manterem competitivas no mercado e para estas, são indispensáveis à utilização desta ferramenta de gestão para maximização de seus resultados. Na cooperativa onde foi realizado o estudo, é de suma importância a utilização da gestão de custos. Pois, por ser uma empresa de pequeno porte e contar somente com a administração de seus associados, que são produtores rurais, a cooperativa não tem esse suporte gerencial na área de custos. Desta forma pretende-se responder a seguinte questão de pesquisa: De que forma a proposição de um sistema de custeio variável contribuirá como ferramenta de gestão para uma cooperativa produtora de sucos no município de Panambi? 1.4 OBJETIVOS Os objetivos desta pesquisa estão divididos em: Objetivo Geral e Objetivos Específicos. 1.4.1 Objetivo geral Desenvolver um sistema de custeio variável que auxilie na gestão de uma cooperativa produtora de sucos no município de Panambi. 1.4.2 Objetivos específicos - Buscar na literatura escrita e virtual os conceitos necessários sobre o tema em questão; - Mapear os diferentes processos de produção dos produtos; 12 - Identificar os custos diretos, indiretos, fixos e variáveis; - Calcular o custo unitário por produto pelo método de custeio variável; - Analisar o preço sugerido pelo sistema com o preço atual da cooperativa; - Apurar a margem de contribuição, o ponto de equilíbrio e a margem de segurança operacional; - Avaliar as possibilidades de implantação do sistema de custeio variável e suas informações relevantes à gestão da cooperativa. 1.5 JUSTIFICATIVA Contabilidade de custos é um tema de grande relevância para qualquer tipo de organização, pois as informações extraídas dessa contabilidade auxiliam na tomada de decisão e um maior controle, tornando as empresas mais competitivas, sendo que os profissionais que dominam os processos de racionalização e controle de custos são bastante valorizados no mercado de trabalho. Para a cooperativa, a implementação e resultados da pesquisa oportuniza a realização de um controle de seus gastos, custos e despesas, bem como conhecer a sua rentabilidade real baseado no custeio variável. Também pode auxiliar os associados nas tomadas de decisão. Para a comunidade acadêmica essa pesquisa mostra a importância de uma contabilidade de custos para as cooperativas de pequeno porte. E esse estudo fica disponível para consultas daqueles que tiverem interesse nesta área de atuação, contribuindo para o desenvolvimento da profissão. Enquanto acadêmica essa pesquisa permite colocar em prática os conhecimentos acumulados em sala de aula, sendo também uma oportunidade para especializar-me e ampliar meus horizontes profissionais nesse assunto. 13 2 REFERENCIAL TEÓRICO Na sequência apresenta-se o referencial teórico do presente trabalho, baseado em pesquisas bibliográficas, em artigos e também em sites na internet referentes ao tema proposto. 2.1 CONTABILIDADE Desde os primórdios da humanidade o homem utiliza técnicas da contabilidade para controlar o seu patrimônio. O Patrimônio é objeto de estudo da contabilidade e a sua história tem início muito antes de se conhecer todas as técnicas utilizadas hoje, bem como a sua evolução é constante até os dias atuais. A contabilidade é uma ciência social que de acordo com o Basso (2005, p.22): ...é a ciência que estuda, controla e observa o patrimônio das entidades nos seus aspetos quantitativos (monetário) e qualitativo (físico) e que, como conjunto de normas, preceitos e regras gerais, se constitui na técnica de coletar, catalogar e registrar os fatos que nele ocorrem, bem como de acumular, resumir e revelar informações de suas variações e situações, especialmente de natureza econômicofinanceira. O patrimônio é constituído por bens, direitos e obrigações, e através do seu estudo busca-se extrair informações que auxiliem no controle e planejamento das organizações, tanto nos aspectos de ordem física, econômica e financeira. (BASSO, 2005, p.24). Para Iudicibus (2000, p.28) o objetivo da contabilidade é “fornecer informação econômica relevante para que cada usuário possa tomar suas decisões e realizar seus julgamentos com segurança”. Iudicibus e Marion complementam esse o objetivo da contabilidade de informar, colocando que: ...contabilidade não fornece dados e informações de forma dispersa e apenas seguindo as solicitações imediatas dos interessados, mas sim que o faz de maneira estruturada dentro de um esquema de planejamento contábil em que um sistema de informação é desenhado, colocando em funcionamento e periodicamente revisto, tendo em vista parâmetros próprios. (IUDICIBUS; MARION, 2006, p.53). Na mesma linha de pensamento Silva (2008, p.88 e 89) em seu artigo intitulado “contabilidade: objeto, objetivos e funções” afirma que: 14 ...o objetivo da contabilidade é o estudo do patrimônio definido como conjunto de bens, direitos e obrigações pertencentes a uma ou mais pessoas, em seus aspectos estáticos (econômico e financeiro) e dinâmico (variações sofridas pela riqueza patrimonial) e nos seus aspectos qualitativos e quantitativos, visando desnuda-los e mostrar-lhe como está sua situação, no intuito de propiciar condições de intervenção no mesmo. Os campos de atuação da contabilidade são inúmeros, pois como a contabilidade estuda o patrimônio das organizações, onde houver uma empresa, entidade, associação, pessoas físicas ou jurídicas, com um patrimônio a ser controlado, a contabilidade vai estar presente. (BASSO, 2005, p.27). A contabilidade é realizada para que todos os usuários dessa ferramenta possa compreender e analisar o patrimônio da entidade. Santos et al (2003, p.64), define os usuários internos como sendo “...aqueles que atuam dentro da empresa, tais como funcionários, administradores, gerentes etc.” Ainda segundo Santos et al (2003, p.64) os usuários externos são “...os investidores, sócios, acionistas, fornecedores de bens e serviços, as instituições financeiras, o Governo, os sindicatos, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entidades de classe etc.” Com a utilização da contabilidade como ferramenta para gestão da empresa, Figueiredo (1995, p.1) relata em seu artigo que: A contabilidade moderna tem se caracterizado como uma das ferramentas mais úteis aos administradores na otimização do processo de tomada de decisão. Pois, como um sistema de informação e mensuração de eventos que afetam a tomada de decisão possibilita que, partindo do conhecimento de fatos passados, procedimentos futuros sejam delineados de forma que esta otimização seja, senão alcançada totalmente, buscada com maior segurança. A contabilidade tem como papel principal o gerenciamento do patrimônio das pessoas, físicas ou jurídicas, e a utilização das informações extraídas da contabilidade são uteis para seus diversos usuários, tanto internos como externos. Essas informações devem ser claras e objetivas, sendo de fácil compreensibilidade para as pessoas que utilizam os seus demonstrativos e relatórios como base para opiniões e decisões. 2.2 CONTABILIDADE DE CUSTOS Contabilidade de Custos nasceu com a Revolução Industrial no século XVIII. A produção artesanal deu lugar aos processos automatizados da produção em massa e a contabilidade que já era utilizada e contava com excelentes metodologias e sistemas de 15 informação, teve que desenvolver metodologias complementares que auxiliassem na gestão do ramo industrial. (PADOVEZE, 2003, p.6). O crescimento da indústria e expansão dos negócios “levou os administradores a aperfeiçoar seus sistemas contábeis para possibilitar o fornecimento de informações necessárias às várias decisões gerenciais, incluindo desempenho, avaliação, planejamento e controle.” (PADOVEZE, 2003, p.31). Nessa linha de pensamento, Santos (2005, p.21) destaca que “a evolução da atividade econômica exigiu registros mais precisos para escriturar as operações da atividade mercantilista”. Portanto a contabilidade de custos é o ramo da Ciência Contábil que é especializado no controle de custos e despesas para uma maximização dos resultados. Qualquer empresa, independente do seu porte, necessita de controle e analise dos seus custos, com o intuito de coletar dados e planejar suas próximas atuações. Gotardo (1999, p.2) em seu artigo sobre contabilidade de custos descreve: ...a importância da apuração correta e legitima dos custos não só nas empresas de manufatura, como no comércio e no serviço, que auxiliam nos sistemas de informações contábeis, essenciais no desenvolvimento operacional, determinando custos e preços dos produtos e serviços. O lucro é imprescindível para a sobrevivência das empresas, para tanto, se o empresário souber de forma instantânea se os seus negócios estão sendo realizados sem lucros, poderá acionar outros instrumentos gerenciais para imediatamente aumentar suas vendas ou então reduzir drasticamente seus custos, enfim, suas decisões terão uma base consolidada com informações corretas e tempestivas. (SANTOS, 2005, p.23). No entendimento de Leone (2008, p.21): A contabilidade de custos é uma atividade que se assemelha a um centro processador de informações, que recebe (ou obtém) dados, acumulando-os de forma organizada, analisando-os e interpretando-os, produzindo informações de custos para os diversos níveis gerenciais. Nessa linha de pensamento Leone (2008, p.22) destaca que “O contador de custos deve projetar um sistema de custos em que os dados estejam prontos para solucionar os múltiplos problemas com que se defronta a administração da empresa.” Os dados coletados pela contabilidade de custos podem ser tanto físicos como monetários. “É nesse ponto que reside uma das grandes potencialidades da Contabilidade de 16 Custos: a combinação de dados monetários e físicos resulta em indicadores gerenciais de grande poder informativo. (VIEIRA, 2008, p.11). Em síntese, a contabilidade de custos tem como objetivo atender as necessidades gerenciais gerando informações sobre rentabilidade e desempenho das atividades, auxiliando no planejamento e tomadas de decisão. (VIEIRA, 2008, p.13). A contabilidade de custos é muito importante e continuará a evoluir com os processos produtivos. Os profissionais deverão estar sempre atualizados para se manterem aptos a produzir relatórios e informações que auxiliem os administradores nos processos de planejamentos das atividades futuras. 2.2.1 Classificação dos custos Os custos podem ser classificados como diretos ou indiretos em relação ao produto ou serviço oferecido pela empresa. E esses podem ser fixos ou variáveis em relação ao volume de produção ou venda. Custos diretos são aqueles que podem ser facilmente identificados na produção, pois a sua alocação é direta aos produtos. No entendimento de Padoveze o custo é direto se: a) é possível verificar ou estabelecer uma ligação direta ao produto final; b) é possível de ser visualização no produto final; c) é clara e objetivamente específico do produto final e não se confunde com os outros produtos; d) é possível ser medida objetivamente sua participação no produto final etc. (PADOVEZE, 2003, p.41). Na mesma linha de pensamento Leone (2008, p.59) descreve que os custos diretos “são todos os custos que se conseguem identificar com as obras, do modo mais econômico e logico.” Os principais custos diretos em relação ao produto são os materiais diretos que são a matéria prima utilizada na produção e a mão de obra direta que representa os salários e encargos sociais pagos aos trabalhadores que fabricam o produto. Custos indiretos são aqueles que necessitam de algum critério de rateio para serem alocados ao produto final e compreendem custos fixos e variáveis. De acordo com Santos (2005, p.70) “os custos indiretos constituem o consumo dos fatores de produção que não são identificados aos processos, pois não são relevantes; o processo de identificação é caro e a relação custo-benefício não favorece o trabalho de identificação”. 17 Leone (2008, p.59) explica que: O custo é considerado indireto apenas porque seu valor não é significativo, isto é, não seria econômico nos valermos do emprego de recursos dispendiosos, em termos burocráticos, para a sua identificação direto com o objeto que está sendo custeado. Aqui aplicamos o preceito contábil, geralmente aceito, da “relevância”. O conceito de “custo-benefício” precisa ser levado em consideração, não só em relação a identificação dos custos com os objetos de custeio, como também para estabelecimento e determinação de qualquer tipo de custo. São exemplos de custos indiretos materiais ou serviços consumidos pelas atividades indiretas a fabricação como: atividades administrativas, de apoio a fábrica, salários de gerentes, aluguéis de instalações, entre outros. Além da classificação de diretos e indiretos, os custos podem se fixos ou variáveis quando se leva em consideração a relação dos custos com o volume de atividades numa unidade de tempo. (MARTINS, 2001, p.54). Os custos variáveis são aqueles que variam proporcionalmente à quantidade produzida. Um exemplo utilizado por Martins é o valor global consumido de materiais diretos por mês. O mesmo depende diretamente ao volume da produção. Portanto quanto maior for a produção de determinado bem, maior será o custo com matérias diretos utilizados para sua fabricação. (MARTINS, 2001, p.54). Bomfim; Passareli (2002, p.34) explicam que “os gastos que variam proporcionalmente a intensidade ou natureza da produção são conhecidos com variáveis. Os dois melhores exemplos são o material direto e a mão de obra direta”. Já os custos fixos são aqueles gastos que não variam com a quantidade de produção. Neste caso o exemplo dado por Martins é o custo com aluguel da fábrica em certo mês. O valor será o mesmo independente de aumentos ou diminuições no volume elaborado de produtos. (MARTINS, 2001, p.54). Bomfim; Passareli (2002, p.34) acrescenta que: Os custos fixos variam conforme o tempo e não de acordo com o nível de atividade, isto é, serão incorridos durante determinado tempo, ainda que nenhuma atividade de produção tenha lugar nesse período. Existem três tipos de gastos fixos: 1. gastos fixos da capacidade instalada (depreciação); 2. gastos operacionais fixos (seguros, impostos); 3. gastos fixos programados (programas de publicidade, melhoria de qualidade). 18 As classificações de custos diretos e indiretos, fixos e variáveis. E o reconhecimento de cada gasto dentro do seu respectivo agrupamento são extremamente importantes e necessários para o estudo da contabilidade de custos em seus diferentes métodos de custeio. 2.2.2 Custos com depreciação As empresas, especialmente as indústrias, investem altos valores em máquinas e equipamentos para a confecção de seus produtos, sendo que sem a aquisição e utilização desses ativos imobilizados seria impossível existir a produção. Em relação a esse investimento “é inconcebível que o resultado operacional de um negócio realizado seja apurado sem considerar o resíduo provocado pela depreciação de máquinas, veículos, instalações e outros ativos imobilizados que foram utilizados para obtenção do produto final.” (SANTOS, 2005, p.122). Koliver (2009, p.162) explica a depreciação pelos âmbitos econômico, financeiro e contábil da seguinte forma: A depreciação representa, em termos econômicos, a perda de valor dos bens materiais integrantes do ativo imobilizado de uma entidade. Já na visão puramente financeira, o processo de transferência de valores do imobilizado para o ativo circulante, até o disponível, desde que a receita gerada pelos produtos ou serviços que a causaram, permita a sua recuperação integral. Contabilmente, parte das depreciações, daquela derivada do ato de produzir ou fabricar, faz obrigatoriamente parte dos agregados de custos que são os estoques de produtos ou serviços, em andamento ou prontos. Portanto, “o reconhecimento da depreciação do imobilizado representa, em outras palavras, a remuneração pelo trabalho prestado, que resulta da perda de eficiência em função da vida útil média esperada. (SANTOS, 2005, p.122). Cada ativo imobilizado tem a sua vida útil que pode ser definida em tempo ou produção. Existem fatores que podem acelerar o desgaste de determinado bem, tais como condições inadequadas de uso, fenômenos naturais (chuva, granizo, variações de temperatura). (KOLIVER, 2009, p.162). Para Padoveze (2003, p.138) a depreciação representa: ...perda de valor dos bens – perda considerada como despesa contábil ou um custo contábil. Em função disso, ela deve fazer parte dos conceitos de formação do custo dos produtos e serviços, para fins de formação do preço de venda, como um instrumento de recuperação dos investimentos nos ativos imobilizados operacionais. 19 Koliver ainda destaca que o desgaste acima do esperado por motivos de uso inadequado ou fenômenos naturais, “quando as perdas forem totais ou significativas, as depreciações correntes devem ser classificadas como custos não operacionais, por não apresentarem correlação necessária com atividades desenvolvidas.” (KOLIVER, 2009, p.163). Existem quatro modalidades que podem ser utilizadas para depreciar determinado bem quando a base de sua vida útil for expressa em tempo: cotas constantes, decrescentes, crescentes e método Cole. O método mais utilizado é de cotas constantes, pela sua facilidade de compreensão e fácil aplicabilidade. A questão fiscal também é relevante para a escolha por esse método, em função de que este encontra guarida para sua utilização. (KOLIVER, 2009, p.164 e 165). Sendo utilizado o método de depreciação por cotas constantes, o valor do bem é divido pela sua vida útil e depois pelos meses do ano, podendo ser considerado um valor residual ou não. “Apesar do seu largo emprego, consideram a utilização efetiva do equipamento e, consequentemente aceitam a depreciação por bem como custo fixo”. (KOLIVER, 2009, p.165). Quanto a vida útil leva em consideração a capacidade de produção do bem, é necessário o conhecimento de duas grandes variáveis que são: “a estimativa da sua vida útil em unidades físicas e; o insumo mensal do equipamento na mesma unidade”. Neste caso a ideia é a perda de valor pelo uso efetivo de determinado bem. (KOLIVER, 2009, p.169). Koliver (2009, p.169) explica: A unidade física na qual será expressa a vida útil e a sua posterior utilização dependem, evidentemente, da natureza do equipamento e, via de consequência, podemos encontrar, na prática, muitas unidades diferentes, como horas-máquina, horas de ligação, batidas, quilômetros rodados, ou, até mesmo, peças volumes produzidos (quilos, metros cúbicos, litros, toneladas etc.). Em alguns casos, a vida útil expressa neste tipo de unidades é estabelecida pelo próprio fabricante, sempre alicerçada na vida física provável. Quando tal informação não estiver disponível, a entidade poderá valer-se de estudos estatísticos sobre a matéria, na maioria das vezes, realizados por entidades ligadas à normalização técnica ou utilizar sua própria experiência, o que será sempre o caso quando da existência de condicionantes mercadológicos. Este tipo de depreciação (capacidade de produção) demanda um controle maior e mais trabalhoso para apropriação mensal dos valores apurados. Outro aspecto que dificulta a sua utilização é a “legislação fiscal, embora não proíba, também não facilita a sua utilização”. (KOLIVER, 2009, p.169). Em relação a dedutibilidade, as empresas tributadas pelo lucro real poderão utilizar os custos ou encargos de depreciação para deduzir do imposto de renda. A dedução pode ocorrer 20 a partir do momento em que determinado bem é colocado a serviço da empresa para produção ou prestação de serviços. (Art. 305 e 309 do RIR/99). Sendo assim, sempre que o método utilizado for por cotas, a depreciação será considerada como custo fixo, pois independe da quantidade produzida para sua apropriação mensal. Já nos casos em que a depreciação for pela capacidade, o custo será variável de acordo com a produção. Neste caso o valor apropriado varia de acordo com a quantidade produzida pelo bem. 2.2.3 Custos com pessoal Os cálculos para se chegar ao custo com pessoal são de grande relevância, principalmente para empresas que utilizam a mão de obra humana para realização de suas atividades de produção ou prestação de serviços. Santos (2005, p.130) destaca que para essas empresas uma “análise mais profunda deve ser desencadeada, com propósito de detectar o montante de encargos sociais incidentes sobre os salários contratados, a fim de serem repassados nos preços de vendas.”. Para Koliver (2009, p.174) os custos com pessoal representam, “fator de grande importância na formação dos custos da maioria das empresas em nosso país”. Santos (2005, p.130) ainda acrescenta que “Além dos salários contratados, as empresas são obrigadas a recolherem aos cofres públicos contribuições ao INSS, pagamento de férias, décimo-terceiro salário, RAT, Senai, salário-educação, Sebrae etc.” Os custos com pessoal podem ser diretos, que são os trabalhadores da produção, e indiretos, que são aqueles que contribuem com a produção de maneira indireta, como é o caso dos supervisores da fábrica, operários que trabalham na manutenção da máquinas, entre outros. Existe ainda a mão de obra que é considerada apenas como despesa do período, é o caso dos funcionários que trabalham no setor administrativo da fábrica. (BOMFIM; PASSARELI, 2008, p.104). Bomfim; Passareli (2008, p.104) ressaltam alguns aspectos importantes: Considerando os aspectos fiscais e os princípios da contabilidade geralmente aceitos, toda mão de obra da fábrica, quer seja ela direta ou indireta, mensalista ou horista, deve ser absorvida no custo de produção, e daí transferida aos estoques de produtos acabados. Esses custos serão transferidos para os resultados, por ocasião da venda dos produtos. Por sua vez, as despesas com pessoal de administração e vendas são considerados operacionais e não são computadas nos custos para fins de absorção aos estoques, 21 pois são necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora, sem, entretanto, relacionar-se diretamente com a atividade produtiva. Portanto, um controle dos custos com pessoal é de grande importância para as organizações, pois é um item relevante na formação dos custos e consequentemente no preço de venda. Além dos salários, os encargos sociais também compõem o custo com a mão de obra, e os valores com encargos podem superar em 100% o custo com o próprio salário dos empregados. Bomfim; Passareli (2008, p.104 e 105) tratam sobre algumas controvérsias entre profissionais em relação aos cálculos dos encargos: Alguns afirmam que eles ultrapassam 100% do valor dos salários pagos; outros dizem que são algo entre 60% e 80%, e outros os consideram bem menores, entre 40% e 50%. Quando alguém parte do salário-hora puro, os encargos serão superiores a 100% porque estarão englobando os repousos semanais remunerados, os feriados, as férias e o 13º salário etc. Por outro lado, se considerarmos o salário mensal como base de cálculo, os encargos serão menores que 100%. Para as empresas tributadas pelo Lucro Real, são possíveis de dedução do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, os encargos relativos a férias e décimo terceiro salário proporcional a vencer e seus encargos recíprocos. Além destes, outros encargos também podem ser deduzidos, mas somente no momento do pagamento. Existe a necessidade de ser feito ajuste no LALUR para estorno dos encargos não passiveis de dedução. (SANTOS, 2005, p.136). As provisões de encargos sociais se farão a partir dos salários de determinado mês embasados nos valores vigentes da época, mas seu pagamento efetivo somente irá acontecer em data futura com valores vigentes na sua realização. “Como se vê, o uso do provisionamento decorre da observação do princípio da Oportunidade, e via de consequência, da Competência, com respeito aos atributos da tempestividade e integridade.” (KOLIVER, 2009, p.178). Koliver (2009, p.178) completa o raciocínio sobre a provisão de encargos: O cálculo propriamente dito da percentagem a ser usada no provisionamento jamais conduzirá a resultados absolutamente “certos”, pois, se assim não fosse, não estaríamos tratando de provisões. Como os fatos geradores dos encargos ocorrem, em parte deles, antes do seu pagamento, e este é realizado com base nos valores vigentes quando de sua ocorrência, teremos sempre um período futuro envolvido na questão, o que significa incerteza. 22 Portanto, é necessária a atenção redobrada nos cálculos dos custos com mão de obra e encargos, sendo que muitas organizações que trabalham no ramo da produção dependem em grande parte da força de trabalho de seus operários. O conhecimento na área de custos, fiscal e gerencial se faz necessária para que sejam minimizados os valores com mão de obra no que diz respeito à dedutibilidade de impostos, aproveitamento do tempo na produção, gerenciamento dos trabalhos na fábrica entre outros. 2.3 SISTEMAS DE CUSTEIO Os sistemas de custeamento têm por finalidade levantar o custo do produto que está sendo estudado com o propósito de determinar a sua rentabilidade, quando for o caso e para determinar os custos dos estoques que farão parte dos elementos patrimoniais apresentados no Balanço. Outras finalidades importantes são o controle dos custos de cada um dos produtos e de suas respectivas atividades, também a análise de custos por produto para fins de tomada de decisões gerenciais. (LEONE, 2000, p.185). Os processos de produção fabris podem ser por Ordem de produção, por Processo e Conjuntos. Os métodos de custeio podem ser por absorção ou custeio variável, sendo que sua escolha se dará a partir do sistema produtivo praticado pela empresa. (VIEIRA, 2008, p.53). Sistema por Ordem de Produção é utilizado em qualquer empresa que trabalhe por encomenda, onde os produtos são diferenciados e específicos para cada cliente. Os produtos ou serviços são diferentes uns dos outros e para a administração interessa saber os custos desse produto ou serviços independente dos custos das demais operações. (LEONE, 2000, p.191). A definição de sistema de Custos por Ordem de Produção segundo Leone, 2000, p.192: ...é um sistema no qual cada elemento do custo é acumulado separadamente, segundo ordens específicas de fabricação, emitidas pela área industrial, de serviços ou comercial. A cada Ordem de Produção (lembre-se que esse termo é genérico) é atribuído um código que identifica o trabalho, ou o serviço, a ser executado. Em relação ao tratamento contábil de acordo com Martins (2001, p.158): Na Produção por Ordem, os custos são acumulados numa conta específica para cada ordem ou encomenda. Essa conta só para de receber custos quando a ordem estiver encerrada. Se terminar um exercício e o produto estiver ainda em processamento, não há encerramento, permanecendo os custos até então incorridos na forme de bens 23 em elaboração; no ativo, quando a ordem for encerrada, será transferida para estoque de produtos acabados ou para Custo dos Produtos Vendidos, conforme situação. As principais vantagens desse sistema de acumulação de custos é a questão do conhecimento sobre o lucro dos produtos tão logo que a produção tenha se encerrado; ordens de produção anteriores podem ser usadas como modelos para confecções de planilhas de orçamentos futuros em produtos que tiverem semelhanças; controle nos custos de produção por parte da gerência; exige das empresas certo de grau de organização e disciplina, para que possam identificar os recursos e custos com cada um dos produtos fabricados. (LEONE, 2000, p.199). As desvantagens apontadas por Leone (2000, p.199) seriam as despesas burocráticas, que exigem consumo de recursos; em caso de inflação de 20%, índice considerado de alta inflação, pela questão de os custos serem históricos, seria necessário uma atualização desses custos antigos. Cuidado necessário principalmente quando as encomendas são de longo prazo; outra desvantagem é a questão do reconhecimento do lucro somente quanto à produção estiver concluída. Portanto o sistema de produção por ordem é utilizado em empresas que prestam serviços específicos ou fabricam produtos diferentes para seus clientes. Percebe-se que esse tipo de sistema requer da empresa uma administração eficiente para controle dos custos, o que pode gerar um custo mais elevado por exigir um controle mais detalhado. Alguns exemplos são indústrias de móveis, empresas fabricantes de equipamentos especiais, construção civil, entre outras. Já no sistema de Custos por Processo é utilizado para empresas cuja produção é continua e em massa, seus produtos são fabricados para estoque e a produção é idêntica e padronizada. Nessas condições não é necessária à identificação dos custos específicos para cada unidade produzida. (PASSARELI; BOMFIM, 2002, p.53). Leone (2000, p.05) explica que a contabilidade de custos utilizando o sistema de custos por processo, divide a produção em períodos mensais, como se articula a contabilidade Geral. Sendo assim, a cada mês, em cada um dos processos, seus próprios custos e despesas são acumulados. O total do mês é dividido pelo total de unidades produzidas pelo processo, para conhecer o custo unitário de cada fase e assim até a fase final. O problema principal da aplicação do sistema é a questão da determinação das unidades equivalentes. Para calcular o produto equivalente é necessário levar em consideração o trabalho que será realizado para completar os produtos que começaram a ser fabricados no período anterior e que não puderam ser acabados no mesmo período. Bem como o trabalho 24 realizado nos produtos e que puderam ser concluídos nessa fase do processo no próprio período sendo transferidos para a próxima fase, como também os produtos que iniciaram no período, mas não puderam ser concluídos, ficando no estoque “em processo”, passando assim para o período seguinte. Portanto, para se chegar ao custo unitário desta fase do sistema, devese dividir o total dos custos acumulados no período pelas unidades equivalente. (LEONE, 2000, p.207). Martins (2001, p. 170) define Equivalente de Produção como sendo: ...um artificio para se poder calcular o custo médio por unidade quando existem Produtos em Elaboração nos finais de cada período; significa o número de unidades que seriam totalmente iniciadas e acabadas se um certo custo fosse aplicado só a elas, ao invés de ter sido usado para começar e terminar umas e apenas elaborar parcialmente outras. Portanto, no sistema de processo contínuo, “... todos os custos são acumulados por fase e processo, por operação ou por departamentos (centros de custos) e alocados aos produtos em bases sistemáticas (ou bases continuas).” (VIEIRA, 2008, p.54). Outro ponto importante é a questão da avaliação de estoques que passam de um período para outro, podendo-se utilizar os custos médios ou o método PEPS (primeiro que entra, primeiro que sai), ambos os critérios podem ser utilizados. (MARTINS, 2001, p.176). O sistema de acumulação por processo (ou contínuo) é utilizado em empresas que trabalham com a produção de itens iguais, podemos utilizar como exemplos as fábricas de peças para automóveis, fabricantes de eletrodomésticos, produção de alimentos etc. Além da produção por ordem e processo, existe também a produção conjunta que é baseada na produção de diversos produtos a partir da matéria-prima de outros. Os processos de produção conjunta ocorrem quando “uma empresa fabrica diferentes produtos com base em um mesmo conjunto de matérias-primas. Nessas situações, podem ser produzidos e comercializados diferentes tipos de co-produtos e subprodutos”. (BRUNI; FAMÁ, 2004, p.197). Padoveze (2003, p.200) nos mostra exemplos de produtos gerados a partir da mesma matéria-prima: “óleo, farelos etc. a partir da soja; gasolina, querosene, asfalto, óleo diesel etc. a partir do petróleo; álcool e açúcar, a partir da cana; ossos e diferentes tipos de carne, a partir do gado; tabuas de madeira, ripas, serralho etc. a partir de toras de madeira etc.” O processo de produção conjunta pode estar presente tanto em processos contínuos como por ordem de produção. Existe uma diferenciação entre co-produtos, subprodutos e 25 sucatas pois são originadas a partir da produção, mas com características diferentes no tratamento contábil, custos, natureza e representatividade do faturamento total. Martins (2008, p.122) caracteriza os subprodutos como sendo: ...aqueles itens que, nascendo de forma normal durante o processo de produção, possuem mercado de venda relativamente estável, tanto no que diz respeito à existência de compradores como quanto ao preço. São itens que têm comercialização tão normal quanto os produtos da empresa, mas que representam porção ínfima do faturamento total. Os subprodutos, por representarem uma parcela pequena no faturamento total, são sugeridos para o seu custeio que se faça uma “estimativa de custos, denominada valor líquido de realização, que corresponde ao valor estimado de realização, subtraído dos gastos – custos e despesas – relativos à colocação dos subprodutos em condições de venda”. (BRUNI; FAMÁ, 2004, p.203). Ainda de acordo com Martins (2008, p.124) as sucatas são definidas como sendo: ...aqueles itens cuja venda é esporádica e realizada por valor não previsível na data em que surgem na produção. Por isso, não só não recebem custos, como também não têm sua eventual receita considerada como diminuição dos custos de produção. Mesmo que existam em quantidades razoáveis na empresa, não aparecem como estoque na Contabilidade. Quando ocorrer sua venda, têm sua receita considerada como Outras Receitas Operacionais. Essas sucatas não possuem garantias de que serão comercializadas, sua venda é incerta e não são avaliadas para fins de estoque. Em função disso, quando da sua venda, a receita é contabilizada em conta de resultado operacional. “Os co-produtos são os próprios produtos principais da empresa; surgem como decorrência normal do processo produtivo, só que assim chamados porque nascidos de uma mesma matéria-prima. São os substancialmente respondem pelo faturamento da empresa.” (MARTINS, 2008, p.162). Os co-produtos, diferentes dos subprodutos e sucatas, tem seus controles de custos diferenciados. A sua avaliação “pode ocorrer de diferentes maneiras, entre as quais destacamse o método do valor de mercado, dos volumes produzidos e da igualdade do lucro bruto.” (BRUNI; FAMÁ, 2004, p.198). A aplicação do método a valor de mercado é o mais aplicado na prática e “apropria os custos de forma proporcional ao faturamento de cada produto. Baseia-se na suposição de que os preços de venda devem ser relacionados aos custos dos produtos” (BRUNI; FAMÁ, 2004, p.199). 26 Já na aplicação do método de volumes produzidos caracteriza-se pelo fato de apropriar os custos de forma unitária, ou seja, de forma igual para todos os produtos. E o método de igualdade do lucro bruto prevê que o lucro bruto seja dividido pelo total de unidades produzidas, com o objetivo de se chegar ao lucro bruto unitário que será igual para todos os produtos. (BRUNI; FAMÁ, 2004, p.201 e 202). Os custos conjuntos podem ser encontrados tanto nos processos de produção contínua, quanto na produção por ordem, porém é mais comum que aconteçam no processo contínuo. As diferenciações quanto ao tratamento dos custos e distinções entre co-produtos e subprodutos são importantes, principalmente por sua representatividade no faturamento das empresas, já que os subprodutos representam pequena parcela deste, e não vale a pena que seja realizado grande esforço para alocação de seus custos, diferentemente dos co-produtos que representam grande parte do faturamento nas empresas, sendo dispensado assim, maior atenção para estes. 2.4 MÉTODOS DE CUSTEIO Os métodos de custeio mais utilizados pelas organizações são o custeio por absorção e custeio variável, sendo ambos distintamente diferentes um do outro e utilizando enfoques diferenciados para sua implantação. Dessa forma existem pontos contra e a favor nos dois métodos de custeio, sendo indicada a utilização daquele que melhor se adequa as necessidades de cada empresa. A principal característica do custeio por absorção é que são adicionados ao custo total do produto todos os custos relativos a sua produção, tanto os diretos quanto os indiretos e a sua principal vantagem é a questão de ser o método geralmente aceito pela contabilidade fiscal e pelas normas brasileira de contabilidade. Conforme Bomfim; Passareli (2008, p.391) “dentro dos princípios fundamentais da contabilidade, consagrados pela Lei 6404/1976, pelo Decreto nº 3.000 e pelo Parecer Normativo nº 6/1979, o método de custo real por absorção é o indicado”. Para Padoveze (2003, p.176) esse método se caracteriza por: a) utilizar os custos diretos industriais; b) utilizar os custos indiretos industriais, por meio de critérios de apropriação ou rateio; c) não utilizar os gastos administrativos; d) não utilizar os gastos comerciais, sejam diretos ou indiretos; 27 e) o somatório do custo dos produtos e serviços vendidos no período da origem à rubrica custo dos produtos e serviços, na demonstração do resultado do período; f) o somatório do custo dos produtos e serviços ainda não vendidos dá origem ao valor dos estoques industriais no balanço patrimonial do fim do período (estoques em processo e estoques de produtos acabados). Na aplicação deste método de custeio, o uso de rateios para apropriação de custos indiretos aos produtos se faz necessário. É nesse ponto que se encontra o principal ponto negativo do custeio por absorção. Bomfim; Passareli (2008, p.58 e 58) explica: ...nisso, reside a principal falha do custeio por absorção como instrumento de controle. Por mais objetivos que pretendam ser os critérios de rateio, sempre apresentarão um forte componente arbitrário, que distorce os resultados apurados por produto e dificulta (quando não desorienta) as decisões da gerência com relação a assuntos de vital importância para a empresa, como, por exemplo, a determinação de preços de venda ou o cancelamento da fabricação de produtos deficitários. Para os defensores do custeio por absorção, esse método é importante, pois todos os custos envolvidos na fabricação são importantes e fazem parte do custo do produto. Estes também argumentam que o custeamento por absorção pode ser menos custoso de se implementar, pois enquanto alguns custos são facilmente definidos como sendo fixos ou variáveis, existem outros que não são tão claramente distintos. (PADOVEZE, 2003, p.172). Levando em consideração a questão de que um sistema de custos tem como objetivo levantar informações que possam auxiliar os administradores nas decisões das empresas, o método de custeio variável é o mais recomendado e adequado para atender as demandas gerencias das organizações. Para resolver a questão dos riscos e desvantagens do custeamento por absorção nasce o custeio variável. Martins (2008, p.198) faz a seguinte reflexão e indaga: ... se todas essas desvantagens e riscos existem em função da apropriação dos Custos Fixos aos produtos e se são eles muito mais derivados da necessidade de se colocar em condições de operar uma produção muito pouco estando de fato vinculados a este ou àquele produto ou unidade, e, além disso, se são na maioria, senão na totalidade, repetitivos a cada período, por que não se deixar de apropria-los aos produtos, tratando-os como se fossem despesas (encargos do período)? Gotardo (1999, p.7) tem um entendimento similar ao de Martins e explica em seu artigo “Contabilidade de custos: uma ferramenta para gestão empresarial” que: Pela própria natureza dos custos fixos (invariabilidade), arbitrariedade sem seu rateio e variação por unidade em função de oscilações do volume global, e por propiciar valores de lucro não muito úteis para fins decisoriais, criou-se um critério alternativo ao custeio por absorção. Trata-se do custeio variável (ou direto), em que 28 só são agregados aos produtos seus custos variáveis, considerando-se os custos fixos como se fossem despesas. Portanto, o custeio direto é um dos principais métodos utilizados pelas gerências para tomada de decisão, tendo como principal característica a utilização de todos os custos variáveis da produção para formação do custo do produto, deixando de fora os custos fixos, sendo estes tratados como despesas do período. (BOMFIM; PASSARELI, 2008, p. 254). A aplicação do custeio variável estabelece que apenas os custos variáveis serão considerados como integrante ao custo do produto elaborado e estes serão deduzidos da receita juntamente com as despesas variáveis. O resultado disso é chamado de margem de contribuição, sendo que a partir desta margem é que serão abatidos os custos e despesas fixas para se chegar ao resultado antes do imposto de renda. (BRUNI; FAMÁ, 2004, p.316). Chegamos então ao conceito de margem de contribuição que segundo Martins (2008, p.179) “é a diferença entre o preço de venda e o Custo Variável de cada produto, é o valor que cada unidade efetivamente traz à empresa de sobra entre sua receita e o custo que de fato provocou e que lhe pode ser imputado em erro.” Ou seja, com a aplicação deste método, a empresa fica livre dos rateios arbitrários, considerando apenas aqueles custos que são utilizados diretamente na produção da fábrica. Porém, o uso desse método não pode ser utilizado nos demonstrativos contábeis, porque não é aceito segundo os princípios da contabilidade. Martins (2008, p.203) explica que: Ele (o Custeio Variável) de fato fere os Princípios Contábeis, principalmente o Regime de Competência e a Confrontação. Segundo estes, devemos apropriar as receitas e delas deduzir todos os sacrifícios envolvidos para sua obtenção. Ora, se produzimos hoje, incorremos hoje em custos que são sacrifícios para a obtenção das receitas derivadas das vendas dos produtos feitos, e essas vendas poderão em parte vir amanhã. Não seria, dentro desse raciocínio, muito correto jogar todos os custos fixos contra as vendas de hoje, se parte dos produtos feitos só será vendida amanhã; deve então também ficar para amanhã uma parcela dos custos, quer variáveis, quer fixos, relativos a tais produtos. Esse ponto negativo é o de maior destaque neste método. Além deste, Padoveze (2003, p.170) também aponta que “... na prática a separação dos custos fixos e variáveis não é tão clara como parece, pois existem custos semivariáveis e semifixos, podendo o custeamento direto incorre em problemas semelhantes de identificação dos elementos do custeio.”. Outro ponto negativo é a utilização do custeio direto como custeamento para análise no curto prazo, pois “subestima os custo fixos, que são ligados à capacidade de produção e de 29 planejamento de longo prazo, podendo trazer problemas de continuidade para a empresa.” (PADOVEZE, 2003, p.170). Bomfim; Passareli (2008, p.259) ressaltam que: ...os que defendem o custeio direto e aqueles que defendem o custeio por absorção destacam diferentes aspectos do problema. Os que defendem o custeio direto têm enfoque voltado para as necessidades dos relatórios internos e daí a preocupação em informar a gerência sobre o comportamento dos custos. Todavia, aqueles que defendem o custeio por absorção entendem que o custeio direto viola o conceito teórico dos custos totais. Argumentos que defendem o custeio direto justificam o seu uso pela facilidade de interpretação de relatórios para fins gerenciais. Outra grande vantagem é que a flutuação do lucro está diretamente relacionada com a venda, sendo que os demonstrativos que apresentam a ligação entre as mudanças no lucro e nas vendas facilitam a sua análise. (BOMFIM; PASSARELI, 2008, p.258). Padoveze (2003, p.171) reforça os seguintes pontos, considerado como vantagens: a) custos unitários de produtos mensuráveis objetivamente; b) permite a análise custo-volume-lucro; c) e o único que identifica a margem de contribuição unitária e global; d) permite a possibilidade da obtenção do ponto de equilíbrio; e) totalmente integrado com custo padrão e orçamento flexível; f) permite clareza no planejamento e na tomada de decisão. Após apresentar vantagens e desvantagens em relação ao uso do custeamento direto, são esclarecedoras as palavras de Benedicto (1997, p.142, apud PADOVEZE, 2003, p.171): Em linhas gerais, pode-se inferir que o custeio direto/variável oferece mais informações úteis e relevante para a tomada de decisão do que as demais abordagens do método de custeio, principalmente por evidenciar, de forma clara e objetiva, a margem de contribuição que a instituição precisa ter para suportar determinado volume de atividade, de modo a absorver dos seus custos fixos e gerar resultados favoráveis. Portanto o custeio variável é o método que melhor auxilia os gestores das empresas no controle dos custos, pois de maneira simplificada gera informações sem distorções sobre o custo dos produtos. A partir disso os gestores tomam decisões em diversas questões sobre a produção e de maneira eficiente. Porém, sua utilização implica a necessidade de ajuste ao método de custeio por absorção para elaboração de demonstrativos no fim do exercício fiscal. 30 2.5 ANÁLISE DO CUSTO, VOLUME E RESULTADO O método de custeio variável permite a análise do custo, volume e lucro. O conceito desta análise comportamental dos custos é traduzido por Padoveze (2003, p.278) como “uma expansão das possibilidades de análise dos gastos e das receitas da empresa, em relação aos volumes produzidos ou vendidos, determinando pontos importantes para fundamentar futuras decisões”. Bomfim; Passareli (2008, p.273) descreve a análise custo-volume-lucro como sendo “relativa à forma pela qual os lucros e gastos se alteram com a mudança do volume. Ela examina o impacto nos lucros de alterações nos custos variáveis, custos e despesas fixas, preço de venda, volume e diversidade de produtos...” A partir desta análise é possível os gestores da empresa decidirem sobre vários aspectos da produção, tanto na quantidade a ser produzida, diminuição de produção de determinado item por diminuição de resultado nas vendas, alteração de produto a ser fabricado, entre outros. (PADOVEZE, 2003, p.278). Esse estudo nos remete a outros importantes conceitos que serão estudados em seguida, são eles: formação do preço de venda, margem de contribuição, ponto de equilíbrio, margem de segurança operacional. Ambos os conceitos partem da análise do custo, volume e resultado, que são possíveis no método de custeamento direto. 2.5.1 Formação do preço de venda A formação do preço de venda é um das mais importantes decisões gerenciais, pois elas definem uma série de questões que influenciarão diretamente do volume de vendas. Bomfim e Passareli explicam que “se o preço de venda for muito baixo em comparação com os custos, não haverá lucro mesmo que o volume de vendas seja significativo. Se o preço de venda for muito elevado em comparação com o dos competidores, haverá perda de volume de vendas.” (BOMFIM; PASSARELI, 2008, p.469). Portanto, percebe-se que não somente o custo ou o lucro desejado irão influenciar para à formação do preço de venda. Outras variáveis devem ser conhecidas dos gestores para que sua decisão seja mais acertada. Martins nos dá alguns exemplos a serem considerados como: “o grau de elasticidade da demanda, os preços de produtos concorrentes, os preços de produtos substitutos, a estratégia de marketing da empresa etc.” (MARTINS, 2008, p.218). 31 Considerando essas variáveis, a informação sobre custos representa um importante componente a ser estudado e “em virtude da importância que o preço representa no volume de vendas e nos lucros, a informação de custo utilizado para fins de decisões de preço deverá ser a melhor possível.” (BOMFIM; PASSARELI, 2008, p.469). A formação do preço com base nos custos tem como ponto de partida o custo apurado, “sobre esse custo agrega-se uma margem, denominada mark-up, que deve ser estimada para cobrir os gastos não incluídos no custo, os tributos e comissões incidentes sobre o preço e o lucro desejado pelos administradores.” (MARTINS, 2008, p.218). O conceito de mark-up é aplicado a partir do custo por absorção de cada produto, sendo que “sua construção está ligada a determinados percentuais sobre o preço de venda. Todos os componentes do mark-up são determinados por meio de relações percentuais médias sobre os preços de vendas e, a seguir, aplicado sobre o custo dos produtos.” (PADOVEZE, 2003, p.314). A determinação do preço baseado no custeio direto nos remete a utilização da margem de contribuição para auxiliar nessa decisão. Para definição a rotina é sempre a mesma conforme explica Bomfim; Passareli: a) define-se um preço-base preliminar com fundamento em custeio, além de critérios e objetivos eleitos pela empresa; b) avalia-se a viabilidade desse preço, estimando-se o seu efeito sobre o volume de venda da empresa em função das condições de mercado e das peculiaridades do produto, ou seja, em função da “competitividade” do produto que se quer apreçar; c) definem-se preços alternativos e elabora-se um quadro comparativo desses preços; d) escolhe-se o preço mais compatível com a estratégia em longo prazo da empresa. (BOMFIM; PASSARELI, 2008, p.481). Na mesma linha de pensamento Martins complementa colocando que: ...nenhuma empresa toma decisões com relação a cortar, colocar ou selecionar produtos em função exclusivamente dos custos. A administração global é a arte de conciliar circunstâncias presentes e futuras internas e externas à empresa. O dirigente procura o caminho que concilia valores, posição e condições internos à Empresa com os que existem no meio onde ela vive, e procura não só trabalhar com base no que hoje existe, como também (e principalmente) no que vá ocorrer no futuro. (MARTINS, 2008, p.221). A formação do preço, mesmo não cabendo apenas ao setor de custos, tem como fator relevante o levantamento dos mesmos. Pois não se pode formar preço sem levar em conta esse item, sendo que os custos para sua fabricação sempre farão parte do seu preço de venda e a partir disso serão avaliados os demais aspectos para sua formação. 32 Outro aspecto a ser considerado é o quanto os profissionais na área de custos devem possuir conhecimento amplo sobre aspectos mercadológicos para auxiliar os gestores nas decisões sobre preço a ser praticado, não sendo suficiente a delimitação do conhecimento apenas aos custos de fabricação. 2.5.2 Margem de contribuição A partir do método de custeio variável, podemos chegar ao conhecimento da margem de contribuição, sendo esta uma excelente ferramenta nas mãos de gerentes para tomada de decisão. Leone (2008, p.380) define a margem de contribuição como sendo “a diferença entre as receitas e os custos diretos e variáveis identificados a um produto, linha de produtos [...], enfim, a cada um dos objetos em que se pode dividir a atividade de uma empresa”. Nas palavras de Padoveze (2003, p.278) a margem de contribuição: Representa o lucro variável. É a diferença entre o preço de venda unitária do produto ou serviço e os custos e despesas variáveis por unidade de produto ou serviço. Significa que, em cada unidade vendida, a empresa lucrará determinado valor. Multiplicando pelo total vendido, teremos a margem de contribuição total do produto para a empresa. Portanto, a margem de contribuição é o lucro variável depois de deduzidos os custos e despesas variáveis daquele produto. Esta pode ser determinada para cada segmento da empresa ou também para a empresa como um todo. O benefício é a possibilidade de análise do resultado econômico obtido para cada segmento, mas também para a empresa. (LEONE, 2008, p.380 e 381). Ainda de acordo com Leone, existe a necessidade de classificação dos custos antes de determinar a margem de contribuição. O procedimento básico contábil segue alguns pontos relevantes como “identificar seus custos diretos, eleger o parâmetro representativo e classificar os custos em fixos e variáveis diante desse parâmetro”. (LEONE, 2008, p.382) Para tanto, a figura da margem de contribuição unitária e total tem um papel importante para a contabilidade de custos e os gestores que utilizam essa ferramenta estão bem servidos para tomar decisões gerenciais de forma prática e segura. 33 2.5.3 Ponto de equilíbrio A análise do ponto de equilíbrio é outra importante ferramenta que utilizada pelos gestores na tomada de decisão. Sua análise possibilita encontrar o equilíbrio entre receitas e despesas/custos da atividade produtiva, resultado em lucro ou prejuízo zero. (BOMFIM; PASSARELI, 2008, p.272). A partir desta base, Bomfim; Passareli explica que o ponto de equilíbrio: ... representa o nível de volume de vendas no qual a receita da empresa será igual aos seus gastos (custo e despesas) totais. A receita que corresponde aos gastos da empresa é chamada Receita de Equilíbrio. Em consequência, qualquer nível de venda inferior ao do Ponto de Equilíbrio, significa perdas, representando, inversamente, lucros, quaisquer níveis de vendas que excedam a Receita de Equilíbrio. (BOMFIM; PASSARELI, 2008, p.272 e 273). São similares os conceitos de Bomfim; Passareli e os de Padoveze quando explica que “denominamos ponto de equilíbrio o volume de atividades operacional em que o total da margem de contribuição da quantidade vendida/produzida se iguala aos custos e despesas fixas.” (PADOVEZE, 2003, p.281 e 282). A determinação do ponto de equilíbrio objetiva uma avaliação do desempenho da empresa pelos seus gestores, possibilitando ações corretivas em tempo oportuno da mesma forma que contribui para o planejamento, uma vez que pode-se estabelecer metas de superação deste ponto, sabendo que quanto maior o afastamento para o lado positivo, maior será a margem de segurança da empresa. (BOMFIM; PASSARELI, 2008, p.273). Martins destaca o ponto de equilíbrio sobre dois pontos de vista: ...numa economia de mercado, têm uma representação macroeconômica também não linear; isto é, para o mercado como um todo - de computadores, por exemplo -, tende a haver uma inclinação para menos, já que cada unidade adicional tenderia a ser capaz de produzir menos receita. Para uma empresa em particular, é quase certo que isso não ocorra, por ter ela um preço relativamente estável para seu produto, fazendo com que sua receita total seja tal preço vezes o número de unidades vendidas; com isso, sua representação seria de fato linear. (MATINS, 2008, p.257). O ponto de equilíbrio pode ser analisado sob três âmbitos diferentes: ponto de equilíbrio operacional ou contábil; ponto de equilíbrio econômico; e ponto de equilíbrio financeiro. 34 No ponto de equilíbrio operacional a quantidade das vendas “deve ser efetuada para cobrir todos os custos e despesas fixas, deixando de lado os aspectos financeiros e nãooperacionais.” (PADOVEZE, 2003, p.286). Para o ponto de equilíbrio econômico são consideradas todas as “despesas e receitas financeiras, mais os efeitos monetários, que serão tratados como despesas fixas.” (PADOVEZE, 2003, p.286). Já no ponto de equilíbrio financeiro, exclui-se “apenas a depreciação, pois momentaneamente é uma despesa não desembolsável. É importante em situações de eventuais reduções da capacidade de pagamento da empresa.” (PADOVEZE, 2003, p.287). Martins (2008, p.270) em síntese explica cada um dos pontos de equilíbrio: Contábil, quando Receitas menos Custos e Despesas Totais dão resultado nulo; Econômico, quando dão como resultado o Custo de Oportunidade do Capital Próprio empregado; e Financeiro, quando o valor das disponibilidades permanece inalterado, independentemente de haver resultado contábil ou econômico. Sob mesma perspectiva, Bruni; Famá descrevem outra questão importante relacionada ao ponto de equilíbrio: a lei dos rendimentos decrescentes. Esta é exemplificada da seguinte forma: ... aumentando-se a quantidade de um fator variável, permanecendo-se fixa a quantidade dos demais fatores, a produção de início crescerá a taxas crescentes; a seguir, após certa quantidade utilizada do fator variável, passara a crescer a taxas decrescentes; continuando o aumento da utilização do fator variável, a produção decrescerá. (SANDRONI, 1994, p.192; apud BRUNI; FAMÁ 2004, p.264). Portanto, o cálculo para obtenção do ponto de equilíbrio é importante para a contabilidade de custos e gestores das organizações. Sua análise traz vantagens que fazem toda diferença no momento das decisões e planejamentos da empresa. 2.5.4 Margem de segurança operacional A margem de segurança operacional consiste na quantidade de venda que superam o ponto de equilíbrio. “Representa o quanto as vendas podem cair sem que a empresa incorra em prejuízo, podendo ser expressa em quantidade, valor ou percentual.” (BRUNI; FAMÁ, 2004, p.262). 35 Complementando a ideia, Padoveze (2003, p.290) acrescenta que “o volume de vendas excedente, para se analisar a margem de segurança, pode ser tanto o valor das vendas orçadas, como o valor real das vendas”. Então, para se chegar à margem de segurança operacional de determinada empresa, é necessário que primeiramente sejam calculados o ponto de equilíbrio e a partir disso sua margem de segurança. Ambos servem como norteadores para análises e decisões gerenciais. 2.6 GESTÃO DE CUSTOS A aplicação do custeio direto permite uma gestão de custos simplificada e livre de arbitrariedades nos rateios de custos fixos. A sua utilização terá sempre posição de destaque entre profissionais da contabilidade de custos e gestores de empresas. A gestão de custos tem papel importante não apenas para conhecimento dos custos dos produtos fabricados, formação de preço etc., mas também para favorecer a empresa em questões voltadas ao controle e redução de gastos desnecessários ou possíveis de serem reduzidos. Portanto, as decisões tomadas com base na contabilidade de custos são amplas e indispensáveis para o êxito das organizações. Bomfim; Passareli argumentam de forma resumida a importância do custeio direto como ferramenta na gestão dos custos: ...esse procedimento é particularmente efetivo em fornecer e apresentar informações sobre as relações custo-volume-lucro, extremamente importantes para selecionar produtos, mercados e distribuidores e decidir, com relativa facilidade, qual o melhor curso a imprimir aos negócios, considerando-se as alternativas disponíveis. O custeio direto é útil também no estabelecimento de uma política de preços na elaboração de orçamentos e no planejamento de lucros. (BOMFIM; PASSARELI, 2008, p.263). A partir da ideia de que a contabilidade de custos tem o objetivo de gerar informações para fins gerenciais, sabemos que uma gestão efetiva irá proporcionar aos administradores base suficiente e capaz de auxiliar em todos os momentos e fases da produção até a venda de forma coerente e segura, para que haja um maior ganho em lucratividade e eficiência dos processos. Na gestão dos custos, os processos: ...não se constituem simples meios para atingir um objetivo prefixado, nem, e menos ainda, a fotografia passiva de um funcionamento já existente. Os processos são as vias organizacionais de acesso ao eixo estratégico, que deve indicar claramente o 36 investimento (pela antevisão daquilo que se pretende obter), deixando porem aberto o encaminhamento capaz de dar-lhe um conteúdo inteiramente concreto. (ZARIFIAN, 1994, p.84). Dessa forma a gestão de custos depende de um planejamento para implementação dos métodos utilizados, valores de lucro desejado, analise do mercado, entre outros. Os processos de custos devem ser estrategicamente montados para que os objetivos sejam alcançados e a contabilidade de custos tenha o seu papel efetivo nas organizações. 37 3 METODOLOGIA DE PESQUISA Os procedimentos metodológicos são utilizados para ordenar a pesquisa de forma logica, de acordo com Lakatos; Marconi (2003, p.17): Significa introduzir o discente no mundo dos procedimentos sistemáticos e racionais, base da informação tanto do estudioso quanto do profissional, pois ambos atuam, além da prática, no mundo das ideias. Podemos afirmar até: a prática nasce da concepção sobre o que deve ser realizado e qualquer tomada de decisão fundamenta-se naquilo que se afigura como o mais lógico, racional e eficaz. A metodologia da pesquisa é subdivida em: classificação da pesquisa, coleta de dados, análise e interpretação dos dados. 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA Essa pesquisa pode ser classificada quanto a sua natureza, quanto aos objetivos, quanto a forma de abordagem do problema, e quanto aos procedimentos técnicos. 3.1.1 Quanto a natureza Quanto à natureza essa pesquisa foi aplicada, porque de acordo com Gil (2010), a pesquisa que tem a finalidade de resolver problemas identificados na sociedade em que o pesquisador vive. Ele define a pesquisa aplicada como sendo “pesquisas voltadas à aquisição de conhecimento com vistas à aplicação numa situação específica”. (GIL, 2010, p.27). Portanto o estudo é aplicado, porque aplica um método de custeio variável na análise de custos e desempenho de uma situação específica que neste caso é uma cooperativa. 3.1.2 Quanto aos objetivos A pesquisa realizada nessa cooperativa pode ser classificada como descritiva porque os estudos descritivos “destinam-se a descrever as características de determinada situação, podendo ser de utilidade quando coletar dados com um objetivo definido, incluindo uma interpretação por um investigador”. (OLIVEIRA, 2000, p.128). Neste caso, o objetivo foi descrever como a implementação de um sistema de custeio pode contribuir para melhorar o processo de gestão de uma cooperativa. 38 3.1.3 Quanto a forma de abordagem do problema A forma de abordagem em que este estudo se classifica é a qualitativa, pois envolve informações de valores e quantidades específicas e não envolve modelos estatísticos. Beuren et al (2004, p.92) argumenta que “na pesquisa qualitativa concebem-se análises mais profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado”. Sendo assim, as informações para análise foram obtidas em forma de registros contábeis, tabelas e planilhas eletrônicas. 3.1.4 Quanto aos procedimentos técnicos Sobre os procedimentos técnicos, esse estudo utilizou inicialmente pesquisa bibliográfica que tem por finalidade conhecer as diferentes formas de contribuição científica que se realizaram sobre determinado assunto. (OLIVEIRA, 2000, p.119). Os materiais já publicados e que foram utilizados como fontes de pesquisa são livros, artigos, trabalhos acadêmicos e sites da internet. Também foi realizada pesquisa documental, onde foram utilizados documentos internos à entidade pesquisada, tais como, relatórios contábeis e inventários de estoque. Esse tipo de pesquisa “baseia-se em materiais que ainda não receberam um tratamento analítico ou que podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa.” (BEUREN et al, 2004, p.89). Outro procedimento técnico utilizado é o estudo de caso, pois conforme Gil (2010, p.37) “consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos já considerados”. Para realização desta pesquisa são necessários estes três procedimentos técnicos, que conjuntamente foram indispensáveis para alcance do objetivo proposto. A pesquisa bibliográfica pela utilização de materiais já publicados, bem como pesquisa documental com informações coletados na entidade. E também o estudo de caso, por meio de estudos específicos, buscou-se contribuir com a melhora na gestão de custos de uma cooperativa de pequeno porte. 39 3.2 COLETA DE DADOS A coleta dos dados é a etapa da pesquisa onde foram aplicados os procedimentos selecionados para buscar as informações pertinentes a realização do trabalho. (LAKATOS; MARCONI, 2003, p.165). A coleta se deu por meio de entrevista de forma aberta com funcionários e associados da cooperativa e também por meio de observação. A entrevista geral de acordo com Lakatos; Marconi (2003, p.195), consiste no “encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto”. E a observação, também segundo o mesmo autor “é uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade.”. Ambas as técnicas foram utilizadas para realização desta pesquisa, por se tratar de uma proposição para implementação de sistema de custeio variável, onde a entrevista e a observação tornaram-se indispensáveis para rastreamento dos atuais métodos e técnicas de produção e alocação de custos, despesas, fixação de preços, entre outros aspectos coletados. 3.2.1 Instrumento de coleta de dados A pesquisa envolveu a observação sistemática, individual e na vida real bem como entrevistas despadronizadas. A observação sistemática de acordo com Lakatos; Marconi (2003, p.192): Realiza-se em condições controladas, para responder a propósitos preestabelecidos. Todavia, as normas não devem ser padronizadas nem rígidas demais, pois tanto as situações quanto os objetos e objetivos da investigação podem ser muito diferentes. Deve ser planejada com cuidado e sistematizada. Por se tratar de uma pesquisa com objetivos definidos e sabendo o que se está procurando para responder a questão problema, foi utilizado o método de observação sistemática. A observação realizou-se de forma individual, pois foi feita por um observador que trouxe interferência ou distorções pela limitada possibilidade de controle sobre a pesquisa, fazendo anotações sobre informações reais e interpretações. (LAKATOS; MARCONI, 2003, p.193). 40 Essa observação aconteceu na vida real, ou seja, no ambiente real, “... registrando-se os dados à medida que forem ocorrendo, espontaneamente, sem a devida preparação.” (LAKATOS; MARCONI, 2003, p. 194). Também houve entrevista despadronizada, que ocorreu de maneira informal, podendo até ser confundido com uma simples conversa, mas que teve o objetivo de coletar informações para realização da pesquisa (GIL, 2010, p.121). A pesquisa foi realizada por um observador que teve a possibilidade de fazer registros em todos os momentos e fases das entrevistas e observações, coletando dados à medida que as informações foram surgindo e dentro da própria entidade. 3.3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS A coleta de dados para pesquisa bibliográfica aconteceu por meio de uma seleção de livros, artigos, trabalhos acadêmicos e sites da internet relacionados ao assunto da pesquisa. Juntamente com a pesquisa bibliográfica, houve a coleta de dados por meio de visita à entidade para conhecer os processos produtivos, entrevistas com funcionários e associados, bem como coleta de informações por meio de relatórios, demonstrativos contábeis e planilhas de controle estoque, relatórios de compra e venda dos produtos e matérias primas, controles de custos e despesas, entre outros. Após coleta destas informações, ocorreu a identificação dos custos diretos, indiretos, fixos e variáveis. Com a elaboração de planilhas e cálculos, onde foram conhecidos os valores do custo unitário por produto. Foram realizadas análises destes relatórios dos valores e preços sugeridos pela pesquisa e aqueles realizados atualmente. Sendo que foi possível conhecermos a margem de contribuição, ponto de equilíbrio e margem de segurança operacional, informações imperiosas para um bom gerenciamento da cooperativa. Por fim, ocorreu análise e avaliação da possibilidade de implantação do sistema de custeio variável, com o propósito de gerar informações para contribuir com o gerenciamento da cooperativa. 41 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS: Estudo aplicado A seguir apresenta-se o estudo e resultados alcançados a partir do estudo de caso realizado em uma cooperativa produtora de sucos, onde foi proposto um sistema de custos baseado no custeio variável, sendo também apurados os custos pelo método de custeio por absorção para identificação de todas as informações pertinentes sobre custos, despesas, formação do preço de venda, e demais informações gerenciais necessárias ao alcance dos objetivos anteriormente definidos. O estudo foi aplicado aos meses de janeiro até maio de 2014 e os valores utilizados para a realização dos cálculos compreendem a média dos valores nos cinco meses analisados. 4.1 MAPEAMENTO DO PROCESSO PRODUTIVO A cooperativa produz e comercializa sucos de laranja, bergamota e uva. A produção do suco de laranja acontece durante o ano inteiro, sendo complementado em menor volume com a produção dos sucos de bergamota, nos períodos com dificuldade de compra da matéria prima laranja. A produção do suco de uva acontece exclusivamente nos períodos de janeiro a março, quando acontece a safra desta fruta. Os sucos de laranja e bergamota são comercializados em embalagens de 2 litros, 5 litros e 20 litros, representado 5%, 55% e 45% respectivamente do total da produção. O suco de uva é comercializado na sua totalidade em garrafas de 1 litro. Além da produção de suco, a cooperativa também compra e comercializa laranjas in natura. Esse processo de compra e comercialização está ligado ao processo produtivo do suco de laranja, podendo-se ver no fluxograma a seguir: 42 Figura 1 – Fluxograma do processo produtivo do suco de laranja e da mercadoria laranja. Recebimento Pesagem Lavagem Extração do Suco Frutas para Suco Classificação Frutas in Natura Embalagem Pronto para Comercializar Embalagem Pesagem Fonte: Dados conforme pesquisa O processo ocorre a partir do recebimento das frutas, pesagem, lavagem e classificação. Na fase da classificação, são separadas as frutas que serão utilizadas para produção do suco, daquelas que serão vendidas como mercadoria. As laranjas para produção são colocadas manualmente na máquina para extração do suco, em seguida são embaladas em recipientes de 2 litros, 5 litros e 20 litros e entregues aos clientes em até 48 horas após o término da produção. Todo o processo leva em média 1 hora para produzir 60 litros de suco. As laranjas que são vendidas como mercadoria, depois de classificadas, são separadas em embalagens de 5 quilos e 20 quilos para ser comercializadas em sua forma natural. O tempo do processo desde o recebimento até estar pronto para entrega leva em média 1 hora e 20 minutos para preparar 500 quilos de frutas. O suco de bergamota utiliza a mesma metodologia de produção, diferenciando apenas no tempo e rendimento em litros. O processo ocorre da seguinte forma: 43 Figura 2 – Fluxograma do processo produtivo do suco de bergamota. Recebimento Pesagem Lavagem Extração do Suco Frutas para Suco Classificação Embalagem Pronto para Comercializar Fonte: Dados conforme pesquisa O processo de produção do suco de bergamota transcorre da mesma forma, porém seu rendimento é menor comparado ao suco de laranja. O motivo é em função da fruta ser menor e necessitar de mais unidades de frutas para produzir a mesma quantidade de litros. A produção estimada no período de 1 hora é de 35 litros A produção de suco de uva ocorre nos meses de janeiro, fevereiro e março e essa produção é comercializada durante os demais meses do ano. O fluxograma a seguir mostra o processo necessário para sua produção Figura 3 – Fluxograma do processo produtivo do suco de uva. Recebimento Pesagem Câmara Fria Resfriamento Natural Engarrafado Caldeira para Extração suco Rotulagem Estoque Comercialização Fonte: Dados conforme pesquisa 44 As uvas são recebidas e pesadas, em seguida são armazenadas em câmara fria até o momento da produção. Para extração dos sucos na caldeira, são colocados 20 quilos de fruta em cada caldeira, sendo um total de 5 caldeiras. Após a extração, o suco é imediatamente engarrafado em recipientes de vidro de 1 litro, a uma temperatura de 90º célsius para garantir a conservação e prazo de validade de 2 anos. Todos os produtos fabricados pela cooperativa são 100% naturais, não sendo adicionados nenhum tipo de conservantes ou mesmo açúcar. 4.2 LEVANTAMENTO DOS CUSTOS DIRETOS O custo direto da produção compreende os gastos com matéria prima, mão de obra direta e embalagens. Todas as análises e valores apresentados são baseados na média dos meses do período estudo. 4.2.1 Matéria prima da produção A matéria prima necessária para produção é demonstrada no quadro 4: Quadro 1 – Matéria prima Tipos de sucos/meses Janeiro Laranja Quantidade kg 7.045 Custo unitário 0,35 Custo total 2.456,76 Bergamota Quantidade kg 0 Custo unitário 0,00 Custo total 0,00 Uva Quantidade kg 2.053 Custo unitário 1,00 Custo total 2.053,00 Fonte: Dados conforme pesquisa MATÉRIA PRIMA Fevereiro Março Abril Maio Total meses Média 7.771 0,32 2.495,78 3.044 0,80 2.435,20 3.770 0,59 2.213,21 12.250 0,39 4.795,08 33.880 0,42 14.396,03 6.776 0 0,00 0,00 297 0,80 237,60 910 0,80 728,00 901 0,80 720,80 2.108 0,80 1.686,40 422 6.155 1,15 7.104,50 3.100 1,20 3.720,00 0 0,00 0,00 0 0,00 0,00 11.308 1,14 12.877,50 0,42 0,80 2.262 1,14 Pode-se observar que os custo unitário da matéria prima laranja sofreu uma oscilação bastante acentuada nos períodos de março e abril comparados aos demais períodos, totalizando assim, uma média de custo de 1 quilo de laranja R$ 0,42. O suco de bergamota é 45 produzido exatamente nesse período de oscilação da laranja, pois conforme pesquisa, nesse período houve dificuldade de compra da laranja, sendo que o custo de 1 quilo de bergamota é de R$ 0,80. Já a uva, cuja produção concentra-se nos primeiros três meses do ano, tem seu custo médio unitário estimado em R$ 1,14. Na sequência apresenta-se a quantidade de litros de suco produzidos com a matéria prima adquirida, sendo que a matéria prima para produção é totalmente utilizada, não permanecendo nada em estoque. Quadro 2 – Litros produzidos Tipos de sucos/meses Laranja Quantidade Litros Kg/Litros Bergamota Quantidade Litros Kg/Litros Uva Quantidade Litros Kg/Litros Fonte: Dados conforme pesquisa LITROS PRODUZIDOS Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Total Média 7.045 3.095 2,28 7.771 2.620 2,97 3.044 1.385 2,20 3.770 1.600 2,36 12.250 4.713 2,60 33.880 13.413 2,53 2.683 2,48 0 0 0,00 0 0 0,00 297 174 1,71 910 330 2,76 901 270 3,34 2.108 774 2,72 155 1,56 2.053 1.990 1,03 6.155 4.590 1,34 3.100 2.320 1,34 0 0 0,00 0 0 0,00 11.308 8.900 1,27 1.780 As médias de litros produzidos em cada uma das variedades no período é de: 2.683 litros de suco de laranja, sendo necessários 2,53 quilos de laranja para produzir 1 litro de suco. A matéria prima bergamota tem uma média de produção de 155 litros sendo necessário 2,72 quilos de fruta para produzir 1 litro de suco. E o suco de uva tem uma média de produção de 1.780 litros e utiliza 1,27 quilos da uva para produção de 1 litro de suco. Portanto o custo unitário para se produzir 1 litro de suco de laranja, bergamota e uva é respectivamente R$ 1,07, R$ 2,18, e R$ 1,45. No quadro 6 é demonstrado o custo com matéria prima por tipo de produto: 2 litros, 5 litros e 20 litros (sucos de laranja e bergamota) e produto de 1 litro para suco de uva. Quadro 3 – Custo MP por tipo de produto Custo de MP por tipo de produto - R$ Laranja Sucos 2 Litros 1,07 2,15 46 Sucos 5 litros 5,37 Sucos 20 Litros 21,47 Bergamota 2,18 Sucos 2 Litros 4,36 Sucos 5 litros 10,89 Sucos 20 Litros 43,58 Uva Sucos 1 litro Fonte: Dados conforme pesquisa 1,45 A partir desde quadro resumo no custo com matéria prima por tipo de produto pode-se perceber a diferença significativa que representa a produção do suco de bergamota para a cooperativa. Sendo necessário desembolsar praticamente o dobro do gasto que é dispendido para aquisição da matéria prima laranja. 4.2.2 Embalagens da produção Os gastos em embalagens foram calculados de acordo com a proporcionalidade da produção dos diferente tipos de produtos conforme quadro a seguir: Quadro 4 – Custos com embalagem EMBALAGENS Tipos de sucos/média Total 5 meses Proporção % Média Custo un. Total Litros Total unidades Laranja Quantidade litros 13.413 2.683 Custo Sucos de 2 litros 207,90 5% 41,58 0,62 134 67 Custo sucos de 5 litros 366,40 55% 73,28 0,25 1.475 295 Custo sucos de 20 litros 312,97 45% 62,59 1,17 1.073 54 887,27 177,45 2.683 Bergamota Quantidade litros Custo Sucos de 2 litros Custo sucos de 5 litros Custo sucos de 20 litros 774 12,00 21,14 18,06 51,20 Uva Quantidade litros 8.900 Custo sucos de 1 litro 2.922,17 Fonte: Dados conforme pesquisa 5% 55% 45% 100% 155 2,40 4,23 3,61 10,24 1.780 584,43 0,62 0,25 1,17 8 85 62 0,33 1.780 4 17 3 1780 47 Para os sucos de laranja e bergamota de 2 litros, as embalagens são descartáveis, gerando um custo unitário de R$ 0,62. Para os sucos de 5 litros e 20 litros, as embalagens são retornáveis, porém com uma vida útil de aproximadamente 6 meses, sendo o custo unitário de R$ 1,49 e R$ 7,00 respectivamente, ambos os valores foram divididos por 6 para se chegar ao custo unitário de R$ 0,25 e R$ 1,17. As embalagens do suco de uva também são retornáveis, sendo necessário apenas a substituição das tampas. A vida útil de cada garrafa é de aproximadamente 1 ano, custando R$ 1,54, sendo da mesma forma dividido por 12 para chegar ao custo unitário de R$ 0,12. A tampa, que é descartável, tem um custo unitário de R$ 0,20, totalizando um custo unitário total de R$ 0,33. 4.2.3 Custos com mercadorias – laranja in natura para venda Os custos relacionados a compra de laranja para venda in natura estão relacionadas no quadro a seguir: Quadro 5 – Custo médio compra de mercadoria – laranjas in natura CUSTO DA MERCADORIA Frutas Média 5 meses Total vendas kg Custo unitário pacote 4.970 Custo unitário médio kg 0,57 Quantidade de Pacotes 5 kg - 80% 795 2,87 Quantidade de Pacotes 20 kg - 20% Fonte: Dados conforme pesquisa 50 11,47 As laranja para venda in natura, são adquiridas ao custo de unitário do kg de R$ 0,57. O custo com mercadorias foi calculado sobre o valor médio das vendas no período estudado. Do total dos quilos vendidos, 80% são comercializados em pacotes de 5 kg e 20% em pacotes de 20 kg, gerando assim, um custo unitário por tipo de mercadoria de R$ 2,87 e R$ 11,47 respectivamente. Os gastos com embalagens de 5 kg e 20 kg estão representadas no quadro 9: Quadro 6 – Custos com embalagens mercadoria laranjas in natura CUSTO COM EMBALAGENS MERCADORIA Embalagens Pacotes 5 kg - 80% Custo unitário Quantidade Pacotes 0,35 Custo médio total 795 278,34 48 Pacotes 20 kg - 20% 0,55 50 27,34 Total Fonte: Dados conforme pesquisa 305,68 Portanto, o gasto unitário com embalagens de mercadoria de 5 kg e 20 kg é respectivamente R$ 0,35 e R$ 0,55. Gerando um custo médio total com embalagens de R$ 305,68. 4.2.4 Custos com pessoal A cooperativa conta com a mão de obra de dois colaboradores, sendo um deles exclusivamente para a produção e outro para área administrativa e vendas. Os valores de salários e encargos das áreas de produção e setor gerencial, referentes a média dos 5 meses pesquisados, podem ser visualizadas no quadro a seguir: Quadro 7 – Custos com pessoal CUSTO COM MÃO DE OBRA Mao de obra Produção Gerente produção Média 5 meses Salário Média 5 meses 1.497,00 1.393,00 59,88 0,00 1.556,88 1.393,00 13º salário 8,33% 129,69 116,04 Férias 8,33% 129,69 116,04 43,28 38,73 1.859,54 1.663,80 INSS 26,8% 498,36 445,90 FGTS 8% 148,76 133,10 18,60 16,64 2.525,25 2.259,44 Quinquênio Sub total Obrigações trabalhista 1/3 férias 2,78% Sub total Obrigações Sociais PIS 1% Total Fonte: Dados conforme pesquisa Como se pode perceber no quadro 10, a empresa tem um custo bastante elevado com mão de obra de seus colaboradores, pois somente com obrigações sociais a entidade desembolsa 35,8% do total com salários e obrigações trabalhistas. Os valores contabilizados como custos diretos foram somente aqueles referentes a mão de obra da produção, sendo que os custos com funcionário do setor gerencial foram contabilizados como custos indiretos 49 fixos, em função de que esse colaborador trabalha para que o processo de produção dos sucos seja realizado. O quadro a seguir mostra o tempo necessário para produção dos sucos e mercadorias e o custo unitário com mão de obra, utilizando-se de um critério de rateio de acordo com quantidade média de litros produzidos e quilos de mercadorias vendidas. Quadro 8 – Custo com mão de obra da produção PRODUÇAO: LITROS PRODUZIDOS, TEMPO DE PRODUÇÃO E CUSTO PARA PRODUÇÃO DE UM LITRO/KG Litros/ Tempo por litro Tempo total Custo Custo R$ por Sucos/Frutas kg Tempo produção em min produção total litro/kg Suco de laranja 2.683 60 litros - 60 min 1,00 2.683 996,99 0,37 155 35 litros - 60min 1,71 265 98,63 0,64 Suco de uva 1.780 35 litros - 60min 1,71 3.051 1.134,07 0,64 Frutas – kg 4.970 375kg - 60 min 0,16 Suco de bergamota 9.588 Fonte: Dados conforme pesquisa 795 295,56 0,06 6.795 2.525,25 De acordo com pesquisa realizada na cooperativa, levantou-se os dados apresentados neste quadro, mostrando que os itens que necessitam de maior tempo para produção são os sucos de uva e bergamota. Ambos necessitam de 1 hora (60 minutos) para produção de 35 litros, custando então R$ 0,64 por litro produzido. Em seguida o suco de laranja, que em 1 hora (60 minutos) produz 60 litros de suco, demandando então de um custo com mão de obra de R$ 0,34 por litro. Por último e dispensando o menor tempo e custo com mão de obra está a laranja in natura, sendo processados 365 quilos de fruta em 1 hora, perfazendo um valor de R$ 0,06 por quilo processado. 4.3 LEVANTAMENTO DOS CUSTOS INDIRETOS Os demais custos são considerados indiretos a produção, sendo ainda separados entre fixos e variáveis. 4.3.1 Depreciações Os itens que compõem o ativo imobilizado estão representadas com o valor de mercado. A depreciação ocorre pelo método linear. O valor residual estipulado para permanecer após depreciação total dos bens é de 20% e assim como os demais custos 50 calculados até aqui, a depreciação também será calculada sobre a média dos meses de janeiro a maio de 2014. O quadro a seguir mostra todos os itens do ativo imobilizado da entidade. Esses itens estão representados e separados entre aqueles utilizados somente para a produção dos sucos, itens comum a todas as variedades produzidas pela empresa e também os itens gerais, que são necessários para o andamento da entidade. Todas as depreciações são consideradas custos indiretos fixos. Quadro 9 - Depreciações Valor bem Bens Somente suco laranja/bergamota Carrinho p/suco c/rodas Máquina suqueira DEPRECIAÇÕES Valor Valor a residual depreciar N° meses Média Total 5 meses 20% 400,00 80,00 320,00 60,00 5,33 26,67 300,00 60,00 240,00 60,00 4,00 20,00 Polidora/classificadora 25.000,00 5.000,00 20.000,00 96,00 208,33 1.041,67 Extratora de sucos vxes 9.160,00 1.832,00 7.328,00 60,00 122,13 610,67 Máquina extratora suco jm 5.000,00 1.000,00 4.000,00 60,00 66,67 333,33 406,47 2.032,33 66,67 333,33 66,67 333,33 Total suco laranja e bergamota 39.860,00 31.888,00 Somente suco de uva Mini usina 10.000,00 Total suco de uva 10.000,00 2.000,00 8.000,00 120,00 8.000,00 Comum a todos os produtos Freezer cap 310 litros 400,00 80,00 320,00 96,00 3,33 16,67 Freezer cap 530 litros 500,00 100,00 400,00 96,00 4,17 20,83 Máquina fechamento embalagem 5.500,00 1.100,00 4.400,00 120,00 36,67 183,33 Balança computadorizada 2.000,00 400,00 1.600,00 120,00 13,33 66,67 Lava botas 600,00 120,00 480,00 120,00 4,00 20,00 Pia inox 400,00 80,00 320,00 120,00 2,67 13,33 Câmara frigorífica 8.500,00 1.700,00 6.800,00 120,00 56,67 283,33 Câmara fria usada 9.000,00 1.800,00 7.200,00 120,00 60,00 300,00 Carreta retirada resíduos 5.400,00 1.080,00 4.320,00 120,00 36,00 180,00 Outros equipamentos 2.630,00 526,00 2.104,00 80,00 31,53 157,67 248,37 1.241,83 Total comum a todos os produtos 34.930,00 Fonte: Dados conforme pesquisa 27.944,00 Para produção de laranja e bergamota os itens utilizados especificamente são os mesmos e o valor médio mensal com depreciação específica é de R$ 406,47, sendo necessário 51 realizar um rateio dos custos com depreciação destes itens. O critério de rateio utilizado é em relação a quantidade de litros produzidos em cada uma das variedades. Os bens utilizados somente na produção de suco de uva apresenta um valor de depreciação médio mensal de R$ 66,67, sendo que estes não sofrem nenhum rateio, pois são específicos a essa variedade. A depreciação dos demais bens utilizados em todas as variedades é de R$ 248,37, estando representados juntamente com os demais custos fixos na próxima seção. Em seguida apresenta-se os rateios e o custo unitário com depreciações específicas: Quadro 10 – Depreciações específicas DEPRECIAÇÃO ESPECÍFICA Específica Litros produzidos Suco de laranja Média meses Depreciação litro 2.683 384,29 0,14 155 22,18 0,14 Suco de uva 1.780 66,67 0,04 Total Fonte: Dados conforme pesquisa 4.617 473,13 Suco de bergamota Então, o custo com depreciação específica para produção de 1 litro de suco laranja e 1 litro de suco bergamota é R$ 0,14 e a depreciação específica para produção de 1 litro de suco de uva é de R$ 0,04. Mesmo sendo custos específicos aos produtos suco de laranja, bergamota e uva, as depreciações são contabilizadas como custos indiretos fixos, pois o método utilizado é o linear, sendo alocados separadamente por se entender que o custo é específico a estas variedades. Portanto as demais depreciações foram incluídas juntamente aos outros custos fixos da entidade. 4.3.2 Custos indiretos – fixos e variáveis Os custos indiretos da entidade são separados entre fixos e variáveis. O quadro a seguir lista todos os custos decorrentes das atividades da cooperativa. Quadro 11 – Custos indiretos CUSTOS INDIRETOS Descrição custos Indiretos Variáveis Total 5 meses Média 52 Energia elétrica 1.597,72 319,54 Material de consumo diversos 1.520,50 304,10 Conservação/manutenção 2.458,70 491,74 Outros Materiais de consumo diversos 2.041,70 408,34 Total dos custos variáveis 7.618,62 1.523,72 Descrição Custos Indiretos Fixos Total 5 meses Mão de obra gerente produção Média 11.297,20 2.259,44 241,11 48,22 Telefone/internet/jornais 1.088,22 217,64 Combustíveis 2.330,10 466,02 Serviços contábeis 2.970,00 594,00 Taxas/multas 2.865,88 573,18 Depreciações comum a todos 1.241,83 248,37 657,10 131,42 22.691,44 4.538,29 Seguros Serviços diversos Total dos custos fixos Fonte: Dados conforme pesquisa Os custos indiretos variáveis são aqueles que variam conforme a quantidade de produção. Conforme pesquisa, verificou-se que é o caso da energia elétrica, materiais diversos de produção e manutenção das máquinas e equipamentos. Pode-se perceber que entre os custos variáveis, o que mais tem expressão em valores é o custo com materiais diversos e manutenção de equipamentos da produção. Os custos indiretos fixos são aqueles necessários para que a entidade possa manter-se em funcionamento e dar suporte a produção. Dentre estes, o custo que apresenta maior volume é o custo com mão de obra gerencial, que corresponde ao gerente de produção. O próximo quadro apresenta o rateio dos custos indiretos fixos e variáveis na produção. Quadro 12 – Custos variáveis e fixos CUSTOS INDIRETOS VARIÁVEIS Produtos Média Litros/kg Sucos/Frutas Litros/kg Suco de laranja CIV CIV/produção CIV unitário 2.682,60 426,33 0,16 154,80 24,60 0,16 Suco de uva 1.780,00 282,88 0,16 Frutas - kg TOTAL 4.970,40 9.587,80 789,91 1.523,72 0,16 0,16 Suco de bergamota 1.523,72 CUSTOS INDIRETOS FIXOS Produtos Média L/kg CIF CIF/produção CIF unitário 53 Sucos/frutas Litros/Kg Suco de laranja Suco de bergamota Suco de uva Frutas - kg = 4.970x2,53 TOTAL Fonte: Dados conforme pesquisa 2.682,60 1.269,83 0,47 154,80 73,28 0,47 1.780,00 842,58 0,47 12.575,11 4.538,29 2.352,60 0,19 9.587,40 4.538,29 4.538,29 0,47 O rateio dos custos indiretos foram realizados de acordo com a quantidade de litros e quilos produzidos. Portanto, o custo unitário variável para cada litro/kg produzido é R$ 0,16. O custo unitário fixo é de R$ 0,47 por litro produzido. Para a quantidade de quilos vendidos, foi utilizado um critério de rateio que tornasse seu custo menos elevado, já que considera-se que para comercialização das frutas são dispendidos menos esforços e recursos do que para produção de sucos. Portanto o critério utilizado foi multiplicar a quantidade média de quilos vendido pela quantidade de quilos utilizadas para fabricação de 1 litro de suco de laranja, ou seja, 2,53 kg. Sendo assim o custo unitário fixo apropriado a comercialização das frutas é de R$ 0,19. 4.4 APURAÇÃO DO CUSTO TOTAL PELO MÉTODO DE CUSTEIO VARIÁVEL O quadro a seguir representa a apuração do custo unitário de cada um dos produtos fabricados pela cooperativa pela método de custeio variável. Quadro 13 – Apuração do custo pelo método de custeio variável CUSTO TOTAL MÉDIO DOS 5 MESES - VARIÁVEL UNITÁRIO PROD Laranja Laranja Laranja Bergamota Bergamota Bergamota Uva 1 Frutas Frutas UTO 2 litros 5 litros 20 litros 2 litros 5 litros 20 litros litro 5kg 20kg Matéria prima 2,15 5,37 21,47 4,36 10,89 43,58 1,45 2,87 11,47 MOD Embala gem CIV Total 0,74 1,86 7,43 1,27 3,19 12,74 0,64 0,30 1,19 0,62 0,25 1,17 0,62 0,25 1,17 0,33 0,35 0,55 0,32 0,79 3,18 0,32 0,79 3,18 0,16 0,79 3,18 33,24 6,57 15,12 60,66 2,57 4,31 16,38 3,83 8,27 Fonte: Dados conforme pesquisa O quadro 13 apresenta todos os produtos fabricados pela entidade, com os respectivos custos unitários variáveis à produção. Tais custos considerados diretos variáveis são compostos da matéria prima, da embalagem e da mão de obra direta. E os custos indiretos 54 variáveis são formados por energia elétrica, materiais diversos e manutenção de máquinas e equipamentos. Analisando esse quadro pode-se perceber que o custo mais elevado é com a matéria prima, seguido da mão de obra e depois a embalagem, chegando por último os custos indiretos variáveis. Outra observação importante é em relação a diferença no custo total dos produtos suco de laranja e bergamota. O suco de bergamota utiliza praticamente o dobro de insumos para sua fabricação do que o suco de laranja, tornando-se bastante elevado. Todos esses custos diretos e indiretos variam de acordo com a produção da entidade. As informações extraídas desta apuração servem de subsídio para a realização das análises necessárias à gestão de custos. Portanto, a partir deste cálculo, é possível apurar a margem de contribuição unitária, que remete ao ponto de equilíbrio contábil e a margem de segurança operacional, indicadores estes, extremamente importantes para análise dos custos e gestão da entidade. 4.5 FORMAÇÃO E ANÁLISE DO PREÇO Para realização da análise de preços da cooperativa foi necessário fazer o levantamento de todos os custos da entidade. Utilizou-se o método de custeio por absorção para essa apuração, bem como o cálculo do mark up para alcance do preço orientativo. E em seguida foi feita a comparação do preço orientativo e os preços praticados atualmente. 4.5.1 Apuração dos custos pelo método de custeio absorção Nesse método de apuração de custos, são considerados todos os custos diretos e indiretos, fixos e variáveis, originários da atividade produtiva e de vendas da entidade. O quadro a seguir apresenta a apuração do custo unitário de cada tipo de produtos e variedades de produção. Quadro 14 – Custo unitário pelo método absorção CUSTO POR ABSORÇÃO – UNITÁRIO Laranja Laranja 5 Laranja Bergamo- Bergamo- Bergamo- Uva 1 Frutas Frutas PRODUTO 2 litros litros 20 litros ta 2 litros ta 5 litros ta 20 litros litro 5kg 20kg Matéria prima 2,15 5,37 21,47 4,36 10,89 43,58 1,45 2,87 11,47 MOD 0,74 1,86 7,43 1,27 3,19 12,74 0,64 0,30 1,19 55 CIV 0,32 0,79 3,18 0,32 0,79 3,18 0,16 0,79 3,18 0,62 0,25 1,17 0,62 0,25 1,17 0,33 0,35 0,55 0,95 2,37 9,47 0,95 2,37 9,47 0,47 0,94 3,74 0,29 0,72 2,87 0,29 0,72 2,87 0,04 0,00 0,00 5,06 11,35 Fonte: Dados conforme pesquisa 45,58 7,80 18,21 73,00 3,08 5,24 20,13 Embalagem CIF Depreciação Específicas Custo Total Observando a representação do quadro 14, constata-se que, como na apuração pelo método de custeio variável, o custo com a produção do suco de bergamota é bastante elevado. Percebe-se ainda que os custos indiretos fixos tem uma representatividade significativa no custo total dos produtos, bem como as depreciações específicas. Utilizou-se como critério a não apropriação de custos com depreciações específicas para a venda de laranjas in natura como mercadoria, visando não encarecer o seu preço final e também por não se utilizar destes recursos. A apuração dos custos por esse método se faz necessário para que se possa formar o preço de venda, a partir de um mark up definido. Por conseguinte foram sugeridos preços de venda com o suporte de todas essas informações coletadas e cálculos realizados. Para que se possa visualizar a tamanha representatividade dos custos fixos, apresentase um gráfico comparativo entre os custos apurados pelo sistema de custeio variável e custeio por absorção. Figura 4 – Custo absorção x custo variável Fonte: Dados conforme pesquisa 56 Através do gráfico a diferença entre custeio por absorção e variável é mais e evidente, da mesma foram que pode-se visualizar quais variedades que possuem o maior custo unitário para produção, com destaque para suco de bergamota 5 e 20 litros, suco de laranja 20 litros e frutas in natura 20 kg. 4.5.2 Mark up A construção do Mark up é feito estimando os percentuais do lucro desejado, impostos incidentes e despesas não apropriadas nos cálculos de custos realizados até aqui. Esse índice é aplicado com base no custeio por absorção para apurar o preço de venda orientativo. A formação do mark up pode ser visualizada no quadro 15. Quadro 15 – Mark up MARK UP Sucos Frutas Impostos 6,44% 0,00% Despesas 5,00% 5,00% 15% 15,00% 26,44% 20,00% Mark up divisor 0,7356 0,8000 Mark up multiplicador Fonte: Dados conforme pesquisa 1,3594 1,2500 Margem de Lucro TOTAL O mark up é diferente em ambos as variedades produzidas e comercializadas pela empresa. Por se tratar de uma cooperativa, esta tem particularidades em relação aos seus impostos. A cooperativa não apresenta incidência de imposto de renda e contribuição social sobre o lucro, pois todas as operações realizadas foram de atos cooperados, ou seja, os produtos fabricados e comercializados derivam de compras realizadas dos associados, não sendo necessário recolher estes dois tributos neste caso. Em relação a PIS e COFINS, são incidentes apenas sobre a comercialização de produtos, após respectivas compensações sobre compras e energia elétrica, portanto, não incidem sobre venda de mercadoria. O percentual de gastos com impostos é de 6,44% para os produtos (sucos). Foram estimados gastos com despesas diversas em torno de 5% e a margem de lucro esperada é de 15%, formando um Mark up divisor de 0,7356 para os produtos e 0,8000 para as mercadorias. 57 4.5.3 Preço de venda orientativo x preço de venda praticado O preço de venda orientado para a entidade é calculado pela multiplicação do mark up pelo custo unitário de cada um dos produtos e mercadorias. O quadro a seguir mostra o produto desta multiplicação, que é o preço de venda orientativo, fazendo também uma comparação entre o preço atualmente praticado. Quadro 16 – Preço de venda orientativo x praticado PRODUTO PV orientativo Laranja 2 litros PREÇO DE VENDA ORIENTATIVO X PRATICADO Laranja Laranja Bergamo- Bergamo- Bergamo5 litros 20 litros ta 2 litros ta 5 litros ta 20 litros Uva 1 Frutas Frutas litro 5kg 20kg 6,88 15,43 61,96 10,61 24,75 99,23 4,19 6,55 25,16 7,40 18,50 74,00 8,00 20,00 80,00 7,00 5,50 16,00 0,52 3,07 Fonte: Dados conforme pesquisa 12,04 (2,61) (4,75) (19,23) 2,81 (1,05) (9,16) PV praticado Diferença Pela análise deste quadro comparativo, percebe-se que o preço praticado na venda do suco de bergamota é bem menor do que aquele necessário para cobrir seus custos, despesas, impostos e lucro desejado. Conforme já visto até aqui, percebe-se que todos os insumos para produção desta variedade de sucos mostrou ser elevada em comparação com o suco de laranja. Outro item que apresentou preço de venda menor do que o sugerido foram as laranjas in natura (mercadorias). Os demais itens da cooperativa tem preço de venda praticado superior ao preço sugerido. A próxima figura é a representação gráfica da diferença entre preços orientativos e preço de venda praticados pela entidade. Figura 5 – Comparação preço de venda orientativo x preço de venda praticado Fonte: Dados conforme pesquisa 58 Portanto, as variedades que apresentam preço de venda praticado superior ao preço de venda sugerido são sucos de laranja 2, 5 e 20 litros e suco de uva 1 litro. 4.6 ANÁLISES DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO, PONTO DE EQUILÍBRIO E MARGEM DE SEGURANÇA OPERACIONAL As análises estão embasadas na apuração dos custos e preços realizada até aqui. O método de custeio variável é importante porque fornece informações para a gestão, como a margem de contribuição unitária e total, sendo necessário também a apuração do preço de venda que somente é encontrado quando aplicado o método de custeio por absorção. Por meio da margem de contribuição apura-se o ponto de equilíbrio em unidades necessárias de produção e também em reais. Na sequência chega-se a margem de segurança operacional. 4.6.1 Margem de contribuição O cálculo da margem de contribuição unitária foi realizado sobre o preço de venda orientativo e praticado, sendo calculado também a margem de contribuição total, que é o valor obtido a partir da multiplicação da margem de contribuição unitária pelo volume de vendas. O quadro a seguir demonstra a margem de contribuição sobre o preço de venda orientativo. Quadro 17 – Margem de contribuição do preço de venda orientativo MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA E TOTAL - PREÇO ORIENTATIVO Produto PV Médio Orientativo Custo Váriável Pis/ Cofins MCU 6,44% Laranja 2 litros 6,88 3,83 0,44 2,61 Laranja 5 litros 15,43 8,27 0,99 Laranja 20 litros Bergamota 2 litros Bergamota 5 litros Bergamota 20 litros Uva 1 litro 61,96 33,24 10,61 Quanti dade produzi da CIF Despesas 5% Resultado Resultado % 174,99 1,23 0,34 1,03 15% 6,17 295 1.820,44 3,08 0,77 2,31 15% 3,99 24,72 54 1.326,48 12,33 3,10 9,29 15% 6,57 0,68 3,35 4 12,98 1,23 0,53 1,59 15% 24,75 15,12 1,59 8,03 17 136,78 3,08 1,24 3,71 99,23 60,66 0,51 4,96 0,21 14,88 0,63 15% 15% 2,25 99,63 1.780 2.400,85 795 1.786,48 12,33 2,57 32,18 1,35 3 4,19 6,39 0,27 0,94 0,33 0,98 15% 8,77 436,06 3,74 1,26 3,77 15% Frutas 5 kg 6,55 4,31 0,00 Frutas 20 kg 25,16 16,38 0,00 67 MCT 50 15% 59 Total Fonte: Dados conforme pesquisa 3.065 8.194,69 A margem de contribuição foi obtida subtraindo-se do preço de venda o custo variável e os impostos, chegando então a margem de contribuição unitária de cada produto/mercadoria. Ao subtrair da margem de contribuição unitária os custos fixos e despesas, encontra-se o resultado unitário líquido de cada um dos produtos/mercadorias. Na análise deste quadro pode-se perceber que ao aplicar o preço de venda sugerido, a entidade alcança o percentual de resultado definido em todos os produtos, que é de 15%, sendo que a venda dos 3.065 itens a margem de contribuição total é de R$ 8.194,69. O quadro a seguir demonstra a margem de contribuição sobre o preço de venda praticado atualmente pela entidade. Quadro 18 – Margem de contribuição do preço de venda praticado MARGEM DE CONTRIUBUIÇÃO UNITÁRIA E TOTAL - PREÇO PRATICADO Produto PV Médio Praticad o Custo Váriável Pis/ Cofins MCU 6,44% Quantidade produz ida MCT CIF Despesas 5% Resultado Resultado % Laranja 2 litros 7,40 3,83 0,48 3,10 67 207,61 1,23 0,37 1,49 20% Laranja 5 litros 18,50 8,27 1,19 9,04 295 2.667,86 3,08 0,93 5,03 27% Laranja 20 litros Bergamota 2 litros Bergamota 5 litros Bergamota 20 litros Uva 1 litro 74,00 33,24 4,77 35,99 54 1.930,96 12,33 3,70 19,96 27% 8,00 6,57 0,52 0,92 4 3,54 1,23 0,40 -0,72 -9% 20,00 15,12 1,29 3,59 17 61,12 3,08 1,00 -0,49 -2% 80,00 60,66 5,15 14,18 3 43,91 12,33 4,00 -2,15 -3% 7,00 2,57 0,45 3,98 1.780 7.080,69 0,51 0,35 3,12 45% Frutas 5 kg 5,50 4,31 0,00 1,19 795 947,56 0,94 0,28 -0,02 0% Frutas 20 kg 16,00 16,38 0,00 -0,38 50 -19,09 3,74 0,80 -4,93 -31% Total Fonte: Dados conforme pesquisa 3.065 12.924,17 A margem de contribuição unitária sobre o preço de venda praticado atualmente, todos os produtos elaborados geram margem de contribuição positiva, a única exceção é a laranja in natura de 20kg. A seguir apresenta-se a comparação entre a MCU sobre o preço de venda orientativo e àquele praticado. 60 Figura 6 – MCU preço de venda orientativo x praticado Fonte: Dados conforme pesquisa A margem de contribuição unitária se mostra favorável ao analisar-se tanto pelo preço de venda orientativo quanto no praticado, excetuando-se apenas as laranja in natura de 20 kg conforme visualizado no gráfico anterior. Ao comparar a margem de contribuição total do preço de venda praticado em relação ao orientativo, percebemos que a primeira é maior, ou seja, mesmo gerando um resultado negativo nas variedades de suco de bergamota e mercadorias laranja, a margem de contribuição alcançada com as demais variedades compensa o valor a menor destas outras, sendo que a margem de contribuição total pela venda das 3.065 unidades de produtos/mercadorias é de R$ 12.924,17. Representando uma variação 36,6% maior sobre o preço de venda praticado em comparação ao preço de venda definido como orientativo. Porém a margem de contribuição serve também de subsídio para decisões gerenciais sobre quais produtos a entidade deve investir esforço, bem como aqueles que devem ser revistos por não produzirem resultados satisfatórios. Segundo informações coletadas por meio de entrevistas com o funcionário responsável da entidade, a produção de suco de bergamota acontece somente em períodos de escassez de matéria prima laranja. Essa informação é relevante, porque como foi possível analisar até aqui, a produção da variedade suco de bergamota gera uma margem de contribuição pequena, sendo que depois de subtraídos custos e despesas fixos gera resultado negativo para a entidade. 61 Outra questão importante é em relação a venda de laranjas como mercadoria, após apropriação de custos variáveis a sua margem de contribuição é pequena para pacotes de 5 quilos e negativa para pacotes de 20 quilos. Porém, mesmo apresentando margem negativas em alguns produtos/mercadorias, a margem total ainda é superior àquela sugerida pelo preço de venda orientativo, portanto percebe-se que a entidade propõe um preço de venda que é aceito por seus clientes com folga para sobrepor as perdas com as variedades que não tem resultado tão satisfatório. Na margem de contribuição total, também é possível analisar o percentual de cada produto sobre o preço orientativo e praticado. Quadro 19 – Margem de contribuição total em percentual MARGEM CONTRIBUIÇÃO TOTAL % MCT PREÇO ORIENTATIVO Produto MCT PREÇO PRATICADO MCT % MCT MCT % Laranja 2 litros 174,99 2,14 207,61 1,61 Laranja 5 litros 1.820,44 22,21 2.667,86 20,64 Laranja 20 litros 1.326,48 16,19 1.930,96 14,94 12,98 0,16 3,54 0,03 136,78 1,67 61,12 0,47 Bergamota 2 litros Bergamota 5 litros Bergamota 20 litros 99,63 1,22 43,91 0,34 Uva 1 litro 2.400,85 29,30 7.080,69 54,79 Frutas 5 kg 1.786,48 21,80 947,56 7,33 436,06 5,32 -19,09 -0,15 8.194,69 100,00 12.924,17 100,00 Frutas 20 kg Total Fonte: Dados conforme pesquisa Em ambos os preços de venda, a variedade que mais contribui na margem de contribuição total é o suco de uva seguido pelo suco de laranja, tornando ambas as variedades o “carro chefe” em termos de contribuição para a entidade. Observa-se ainda que no preço praticado atualmente, o suco de uva representa mais de 50% do total da margem de contribuição da cooperativa, ou seja, mais da metade da contribuição da empresa é alavancado por essa variedade de produção. O suco de bergamota apresenta a menor parcela sobre a MCT em ambos os preços (orientativo e praticado), confirmando ser uma variedade de produção alternativa nos momentos de escassez de frutas laranjas. Em relação as frutas in natura, percebe-se que pelo preço de venda praticado, a entidade apresenta margem de contribuição negativa, quando se trata das frutas de 20 kg. Já 62 no preço de venda orientativo a sua da demonstra ser bastante significativa, sendo de 21,8% para frutas de 5kg e 5,32% para frutas 20kg. A figura 7 demonstra a comparação entre a MCT sobre o preço de venda orientativo e praticado: Figura 7 – MCT preço de venda orientativo x praticado Fonte: Dados conforme pesquisa Por meio da figura, observa-se a representatividade de cada variedade sobre a MCT ficando evidente a superioridade dos sucos de uva e laranja. 4.6.3 Ponto de equilíbrio A partir da análise do ponto de equilíbrio, encontra-se a quantidade de venda de produtos e mercadorias necessários para que a cooperativa alcance o equilíbrio entre receitas e custos/despesas resultando em prejuízo ou lucro igual a zero. A seguir é possível verificar o ponto de equilíbrio pelo preço orientativo. Quadro 19 – Ponto de equilíbrio orientativo PONTO DE EQUILÍBRIO CONTÁBIL ORIENTATIVO Produto CF Total MCu PE unitário PV orientativo PE em faturamento Laranja 2 litros 82,71 2,61 32 6,88 218,08 Laranja 5 litros 909,77 6,17 147 15,43 2.275,55 63 Laranja 20 litros 661,65 24,72 27 61,96 1.658,09 Bergamota 2 litros Bergamota 5 litros 4,77 3,35 1 10,61 15,09 52,50 8,03 7 24,75 161,75 Bergamota 20 litros 38,18 32,18 1 99,23 117,74 Uva 1 litro 909,25 1,35 674 4,19 2.824,49 Frutas 5 kg 743,90 2,25 331 6,55 2.170,68 Frutas 20 kg 185,98 8,77 21 25,16 533,29 Total 3.588,70 Fonte: Dados conforme pesquisa 9.974,77 Esse quadro mostrou o ponto de equilíbrio sobre preço de venda orientativo, demonstrando a quantidade de venda necessária em cada item. A variedade que apresenta o maior ponto de equilíbrio em faturamento é o suco de uva, seguido pelos sucos de laranja, depois as laranjas mercadoria e por último os suco de bergamota. O quadro 20 apresenta o ponto de equilíbrio no preço de venda praticado pela entidade: Quadro 20 – Ponto de equilíbrio praticado PONTO DE EQUILÍBRIO CONTÁBIL PRATICADO Produto CF Total MCu PE unitário PV praticado PE em R$ Laranja 2 litros 82,71 3,10 27 7,40 197,70 Laranja 5 litros 909,77 9,04 101 18,50 1.861,61 Laranja 20 litros 661,65 35,99 18 74,00 1.360,42 Bergamota 2 litros Bergamota 5 litros 4,77 0,92 5 8,00 41,72 52,50 3,59 15 20,00 292,52 Bergamota 20 litros 38,18 14,18 3 80,00 215,34 Uva 1 litro 909,25 3,98 229 7,00 1.600,02 Frutas 5 kg 743,90 1,19 624 5,50 3.433,88 Frutas 20 kg 185,98 -0,38 0 16,00 0,00 Total 3.588,70 Fonte: Dados conforme pesquisa 9.003,21 Na análise do ponto de equilíbrio pelo preço praticado, verifica-se que é necessário uma venda menor na quantidade de itens para as variedades de suco de laranja e suco de uva, comparando com o preço de venda orientativo. Porém, nas variedades de suco de bergamota e laranja mercadorias, a entidade precisa vender uma quantidade maior, e no caso das laranjas de 20 kg a entidade apresenta margem de contribuição unitária negativa, portanto não consegue nem mesmo cobrir os custos variáveis e impostos, fazendo com que não consiga atingir o ponto de equilíbrio. 64 4.6.4 Margem de segurança operacional A margem de segurança operacional é alcançada a partir do ponto de equilíbrio, consistindo na quantidade de vendas que superam esse ponto. Verifica-se em seguida a margem de segurança calculada sobre o preço de venda orientativo. Quadro 21 – Margem de segurança operacional PV orientativo MARGEM DE SEGURANÇA OPERACIONAL PV ORIENTATIVO – UNITÁRIO Quantidade Vendida Produto Quantidade PE MSO MSO % Laranja 2 litros 67 32 35 52,74% Laranja 5 litros 295 147 148 50,02% Laranja 20 litros 54 27 27 50,12% Bergamota 2 litros Bergamota 5 litros 4 1 2 63,24% 17 7 10 61,62% Bergamota 20 litros 3 1 2 61,68% Uva 1 litro 1780 674 1.106 62,13% Frutas 5 kg 795 331 464 58,36% 50 21 29 57,35% Frutas 20 kg Fonte: Dados conforme pesquisa A margem de segurança é obtida subtraindo-se da quantidade vendida a quantidade encontrada no ponto de equilíbrio. Observando o quadro 21 percebe-se que em todas as variedades a entidade ultrapassa os 50% de margem de segurança operacional, ou seja, ela está vendendo o dobro da quantidade necessária para cobrir seus custos e despesas, sendo que quanto maior a quantidade vendida a partir do ponto de equilíbrio maior será o seu resultado. O quadro 22 que apresenta a margem de segurança operacional pelo preço de venda praticado na entidade. Quadro 22 – Margem de segurança operacional PV praticado MARGEM DE SEGURANÇA OPERACIONAL PV PRATICADO- UNITÁRIO Produto Quant. Vendida Quant. PE MSO MSO % Laranja 2 litros 67 27 40 60,16% Laranja 5 litros 295 101 194 65,90% Laranja 20 litros 54 18 35 65,73% 4 5 -1 -34,76% 17 15 2 14,11% Bergamota 2 litros Bergamota 5 litros 65 Bergamota 20 litros 3 3 0 13,06% Uva 1 litro 1780 229 1.551 87,16% Frutas 5 kg 795 624 171 21,49% 50 0 0 0,00% Frutas 20 kg Fonte: Dados conforme pesquisa A margem de segurança pelo preço de venda praticado demonstra que nas variedades de suco de laranja e uva, a entidade demonstra bons resultados com margem de segurança superior aos 60%. Mas, na produção de suco de bergamota ela apresenta margem de segurança negativa, ou seja, a entidade vende menos produtos do que os necessários para atingir o ponto de equilíbrio. No caso das frutas de 20 kg, a entidade não apresenta margem de segurança, pois pelo preço de venda praticado, não é possível nem mesmo atingir o ponto de equilíbrio. 4.7 DEMONSTRAÇAO DO RESULTADO DOS PRODUTOS ESTUDADOS Por meio dos resultados dos produtos pode-se verificar de forma resumida quais os itens apresentam maior resultado para a cooperativa, quais itens devem ser revistos e ainda pode-se fazer uma comparação entre o resultado com o preço de venda orientativo e o praticado. O quadro 23 demonstra o resultado sobre o preço de venda orientativo: Quadro 23 – Resultado preço de venda orientativo PRODUTO Preço de venda (-) Custo variável (-) Impostos Laranja 2 litros 6,88 RESULTADO PREÇO DE VENDA ORIENTATIVO Laranja Laranja Bergamo Bergamota Bergamota 5 litros 20 litros ta 2litros 5 litros 20 litros 15,43 61,96 10,61 24,75 99,23 Uva 1 litro 4,19 Frutas 5kg 6,55 Frutas 20kg 25,16 3,83 8,27 33,24 6,57 15,12 60,66 2,57 4,31 16,38 0,44 0,99 3,99 0,68 1,59 6,39 0,27 0,00 0,00 2,61 6,17 (=) MCU (x) Volume 67 295 Vendido 174,99 1.820,44 (=) MCT (-) Custo fixo 82,71 909,77 total (-) Despesas 23,07 227,67 fixas (=) Resultado 69,21 683,00 (=) Resultado % 15% 15% Fonte: Dados conforme pesquisa 24,72 3,35 8,03 32,18 1,35 2,25 8,77 54 4 17 3 1.780 795 50 1.326,48 12,98 136,78 99,63 2.400,85 1.786,48 436,06 661,65 4,77 52,50 38,18 909,25 743,90 185,98 166,21 2,05 21,07 15,36 372,90 260,64 62,52 498,62 6,16 63,21 46,08 1.118,71 781,93 187,56 15% 15% 15% 15% 15% 15% 15% 66 O preço de venda orientativo apresenta exatamente uma margem de lucro de 15% em todas as atividades da entidade, e os cálculos foram embasados para que o preço de venda cobrisse todas os custos e despesas e gerasse esse resultado, porém, como visualiza-se no próximo quadro, o resultado sobre o preço de venda praticado é bastante diferente. Quadro 24 – Resultado preço de venda praticado PRODUTO Preço de venda (-) Custo variável (-) Impostos Laranja 2 litros 7,40 RESULTADO PREÇO DE VENDA PRATICADO Laranja Laranja Bergamo- Bergamo- Bergamo 5 litros 20 litros ta 2 litros ta 5 litros ta 20 litr 18,50 74,00 8,00 20,00 80,00 Uva 1 litro 7,00 Frutas 5kg 5,50 Frutas 20kg 16,00 3,83 8,27 33,24 6,57 15,12 60,66 2,57 4,31 16,38 0,48 1,19 4,77 0,52 1,29 5,15 0,45 0,00 0,00 3,10 9,04 35,99 (=) MCU (x) Volume 67 295 54 Vendido 207,61 2.667,86 1.930,96 (=) MCT (-) Custo fixo 82,71 909,77 661,65 total (-) Despesas 24,81 272,95 198,51 fixas (=) Resultado 100,09 1.485,13 1.070,80 (=) Resultado % 20% 27% 27% Fonte: Dados conforme pesquisa 0,92 3,59 14,18 3,98 1,19 -0,38 4 17 3 1.780 795 50 3,54 61,12 43,91 7.080,69 947,56 -19,09 4,77 52,50 38,18 909,25 743,90 185,98 1,55 17,03 12,38 623,00 218,70 39,76 -2,78 -8,41 -6,65 5.548,44 -15,04 -244,82 -9% -2% -3% 45% 0% -31% Os itens suco de bergamota e frutas mercadorias apresentaram resultado negativo. O preço de venda praticado nestes itens não cobre os custos necessários para andamento da entidade, e no caso das laranjas de 20kg, esse valor não cobre nem mesmo os custos fixos desse produto. O preço de venda deve levar em consideração vários fatores além dos custos, como preço de mercado, concorrência, itens substitutos, entre outros. Se a cooperativa optasse por praticar o preço de venda orientativo, talvez suas mercadorias não seriam aceitas no mercado. Além disso, os demais itens de suco de laranja e suco de uva, se tornam o “carro chefe” em vendas e na geração de resultados para a entidade. Ao observarmos o preço de venda praticado, esse é superior àquele sugerido e mesmo assim a entidade vende esses produtos a um mercado disposto a pagar por esse preço. Um destaque é o suco de uva, que apresenta uma lucratividade quase 3 vezes maior sob o preço praticado comparado ao preço sugerido. Os sucos de laranja não mostram uma diferença tão grande, mas também é 67 significativamente maior, sendo quase 2 vezes o seu resultado com o preço de venda praticado. 68 CONCLUSÃO Por meio desta pesquisa, conclui-se que a contabilidade de custos é extremamente importante para a gestão da cooperativa produtora de sucos. Os resultados servirão de referência nas futuras decisões de associados e funcionários, sendo que a entidade tem a opção de dar continuidade no processo de gestão de custos, pois, até então, ela não contava com nenhum tipo de suporte para controle ou levantamento de seus custos. As informações levantadas nesta pesquisa irão proporcionar maior segurança para que os associados tomem medidas em relação a racionalização de custos e despesas, implantação de preços de vendas, bem como analisar a viabilidade de manter ou não determinadas variedades de produtos que apresentam pequena margem de resultado, sendo algumas até mesmo negativas. O objetivo principal deste trabalho foi desenvolver um sistema de custeio variável que auxilie na gestão dos custos da entidade. Mesmo sendo um método não aceito legalmente, gera informações relevantes e sem o risco de distorções causadas por rateios, já que considera apenas os custos variáveis para sua composição. A pesquisa realizada na literatura escrita serviu de base para a realização do estudo aplicado, sendo coletadas informações em livros, artigos e sites da internet referentes ao estudo da contabilidade de custos. O mapeamento dos diferentes processos de produção ocorreu por meio de entrevistas e visitas no estabelecimento, permitindo identificar quais produtos são fabricados, os custos pertinentes a cada variedade produzida, bem como os custos relativos a todas as variedades. Foi levantado o tempo necessário para fabricação, materiais diretos e mão de obra dispendidos em cada tipo de produto, sendo que o processo de produção foi demonstrado por meio de fluxogramas. A identificação dos custos diretos, indiretos, fixos e variáveis foi necessária para o levantamento dos custos pelo método de custeio variável e absorção. Os custos diretos da entidade são a matéria prima, por meio do qual calculou-se a quantidade necessária para produção de 1 litro de cada tipo de suco, também o custo com mercadorias (frutas in natura), as embalagens dos sucos e das frutas e a mão de obra da produção. Os custos indiretos dividem-se entre fixos e variáveis, sendo considerados fixos aqueles que independem da quantidade de produção e variáveis aqueles que variam de acordo com o volume de produção. Um destaque especial para os custos indiretos fixos com depreciações, onde foram alocados os custos com depreciações de máquinas e equipamentos utilizadas exclusivamente na 69 produção de sucos de laranja/bergamota e suco uva, somente a essas variedades de produtos, sendo as demais depreciações rateadas entre todos os itens produzidos pela cooperativa. Observou-se que os custos indiretos fixos tem grande representatividade sobre o custo total dos produtos. Com o levantamento destes custos, cabe a entidade trabalhar sobre estes resultados e tentar racionalizar os seus gastos. A realização do cálculo do custo unitário por produtos pelo método de custeio variável foi possível após identificados os custos diretos variáveis a produção, sendo que estes compõem o custo variável do produto. Dentre os custos variáveis identificados estão a matéria prima, mão de obra direta, embalagens e custos indiretos variáveis. A apuração do custo pelo método variável serve de instrumento para o cálculo dos demais indicadores gerenciais da entidade como: a margem de contribuição, ponto de equilíbrio e margem de segurança operacional. Para a apuração do preço de venda sugerido para a entidade, foi necessário fazer o levantamento dos custos pelo método absorção, bem como o cálculo do Mark up. Na comparação foi possível concluir que os produtos suco de laranja e suco de uva são vendidos a um preço maior do que o sugerido e os demais produtos, suco de bergamota e laranjas in natura, são vendidos por um preço menor. Um destaque especial para o suco de uva 1 litro, que apresenta um preço de venda bastante superior ao sugerido e mesmo assim a entidade tem mercado e clientes para a comercialização dessa variedade nesse preço de venda praticado. A apuração das margem de contribuição, ponto de equilíbrio e margem de segurança são fundamentais no processo de gestão de custos. A margem de contribuição unitária e total se mostrou positiva, tanto no preço praticado como no sugerido, sendo que com o preço praticado a margem de contribuição total é ainda maior. A única exceção é as frutas 20 kg com margem unitária e total negativa no preço de venda praticado. Com base na margem de contribuição foi possível calcular o ponto de equilíbrio e a margem de segurança operacional, onde conclui-se que o único item que não atinge o ponto de equilíbrio é as frutas 20kg, sendo que nos produtos suco de laranja e suco de uva, a entidade precisa vender mais unidades no preço de venda orientativo do que no praticado e nas variedades suco de bergamota e frutas são necessárias a venda de mais unidades no preço de venda praticado. Portanto, existe margem de segurança em todos os produtos, excetuando-se apenas, as frutas 20kg e suco de bergamota de 2 litros quando considerado o preço de venda praticado. Com base neste estudo, conclui-se que a implantação de um sistema de custeio variável é relevante, pois por meio do levantamento dos custos e análise da margem de contribuição, ponto de equilíbrio e margem de segurança operacional, os associados podem 70 tomar suas decisões sobre preço de venda, redução de custos, mix de produtos, entre outras, com base em informações gerenciais concretas e precisas, reduzindo o risco de perdas e resultados negativos. Pode-se concluir que a entidade tem um bom resultado com o preço de venda que vem praticando nos itens suco de uva e suco de laranja, sendo que somente o suco de uva apresenta um resultado de 45%. Os demais itens, suco de bergamota e frutas, apresentam prejuízo, porém, o resultado positivo dos demais cobre os prejuízos com estes. A realização desta pesquisa apresentou o preço de venda sugerido com base em um lucro desejado, sendo que a entidade tem subsídio para decidir sobre como irá gerenciar o seu preço e seus produtos que apresentam margem negativas. A realização deste trabalho de conclusão de custo contribuiu significativamente para o meu aprendizado sobre o tema contabilidade de custos, fazendo com que eu pudesse aprofundar os conhecimento adquiridos em sala de aula, aplicando-os na prática. 71 REFERÊNCIAS BEUREN, Ilse Maria, LONGARAY, André Andrade, RAUPP, Fabiano Maury, SOUSA, Marco Aurélio Batista, COLAUTO, Romualdo Douglas. PORTON, Rosimere Alves de Bona. Como Elaborar Trabalhos Monográficos em Contabilidade. São Paulo. Editora Atlas S.A, 2004,195p. BASSO, Irani Paulo. Contabilidade Geral Básica. Ijuí. Editora Unijuí, 2005, 332p. BOMFIM, Eunir de Amorim, PASSARELI, João. Custos – Análise e Controle. São Paulo. Pioneira Thompson Learning, 2002, 315/p. ______. Custos e Formação de Preços. São Paulo. 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