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2010-09-26
Poupança cresce 166%
Sabe aquela história de que quem espera sempre alcança ou de poupar para multiplicar? Então, essas
premissas populares, muitas vezes sustentadas por teorias econômicas, parecem estar mais próximas
da realidade nacional e do Estado. Na Caixa Econômica Federal, que possui maior movimentação de
poupança no país com 34% de participação no mercado, isso pode ser comprovado pelo aumento no
volume arrecadado pelas cadernetas de poupança este ano. Em Mato Grosso, a capitação líquida
fechou os primeiros 7 meses de 2010 com R$ 64 milhões, um incremento de 166% com relação ao
mesmo período do ano passado, quando a capitação foi de R$ 24 milhões. O crescimento é recorde no
banco e faz de 2010 um ano especial para a poupança.
Mas o que parece ser uma mudança de hábito, em um primeiro momento, pode ser apenas reflexo
das melhores condições financeiros do brasileiro como um todo. É o que explica o economista Vitor
Galesso. O professor de economia credita o aumento no número de pessoas com conta poupança e do
montante às condições para se fazer isso, o que há alguns anos se restringia a uma pequena parcela
da sociedade. "É cedo para falarmos em maturidade. O que ocorre é que as pessoas estão tendo mais
condições de poupar, está sobrando parte da renda do brasileiro que está sendo revertido em
investimento".
Realmente, para que poupar seja possível, é preciso que a receita seja superior às despesas mensais.
O professor de economia Antônio Humberto de Oliveira diz que o primeiro passo antes de iniciar uma
poupança é levantar todos os gastos e todo o rendimento, para ver ser é possível guardar parte do
entra. "Poupança é o excedente, aquilo que sobra no final do mês. Não há como guardar se a receita
é inferior ao cumprimento das necessidades básicas".
Porém, ter entradas menores do que as saídas não significa que não tem como economizar. De
acordo Antônio Humberto, depois de analisada a vida financeira, é preciso partir para a teoria da
preferência. Como explica o professor, antes de adquirir qualquer bem, é preciso avaliar o grau de
importância do item e o impacto da compra no rendimento. "Somos uma sociedade consumista, então
precisamos, antes de comprar um produto ou pagar por um serviço, verificar a necessidade e se isso
poderá trazer algum retorno", afirma ao comentar que existem gastos e investimentos, e mesmo
quando não há retorno material, a aquisição pode trazer satisfação ou prazer e por isso é considerada
investimento.
Para exemplificar, Humberto cita que existem celulares de diferentes valores e que o modelo a ser
escolhido vai variar de acordo com a necessidade, poder de compra e preferência do consumidor.
Sabendo escolher o que condiz com a realidade, o economista diz que é possível economizar.
Resultados - Para a funcionária pública Aparecida Fátima Ferreira, 41, guardar foi o melhor caminho
para chegar aos objetivos. Foi economizando que ela comprou sua casa, um carro e agora pretende
reformar o imóvel e trocar de automóvel. "Sempre tive o hábito de poupar, primeiro foi para comprar
a casa. Quando comprei, voltei a investir para adquirir outros bens".
Assim também acontece com o advogado Fábio Saad. Desde que começou a trabalhar, ele incorporou
o hábito de guardar parte do rendimento e assim que conquistou o primeiro apartamento. Após a
aquisição, ele continuou a poupança e agora seu objetivo é transformá-la em renda. "Estou poupando
para conseguir ampliar meu patrimônio".
Poupar, porém, ainda não faz parte do dicionário de Érick de Camargo, 26. O garçom diz que com o
rendimento que tem não é possível separar parte para a poupança. Além disso, o jovem diz que maus
costumes contribuem para que a tarefa fique mais difícil. "Acho importante guardar dinheiro, mas
nunca sobra. Eu faço muitas dívidas e não consigo economizar".
Já para o aeronauta Douglas Campelo, as despesas com pensões alimentícias não permitem o
depósito. "Tenho 3 ex-mulheres e pago duas pensões por mês. Não há como guardar, mas se
sobrasse alguma coisa eu iria aplicar em ações, acho mais lucrativo do que depositar".
De acordo com o levantamento feito pela Caixa, 53% dos clientes da caderneta de poupança possuem
entre 25 anos e 50 ano e 69% do volume são dos depósitos feitos nas regiões Sudeste e Nordeste.
A participação de mercado mato-grossense na Caixa é baixa, dos R$ 6,7 bilhões capitados em todo o
país, apenas 0,95% corresponde a movimentação local e das mais de 40 milhões de contas
existentes, somente 440 mil estão no Estado.
Reflexos do poupar - Para o economista Vitor Galesso, a poupança tem consequências que
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ultrapassam a vida financeira de uma pessoa ou de uma família. Segundo ele, um país que possui um
sistema de poupança solidificado e com grande parte da população envolvida, é uma nação mais
segura financeiramente em casos de crise. Conforme Galesso, quando um desequilíbrio econômico
acomete o Estado, os recursos poupados sustentam a vida econômica e evita o endividamento das
famílias, que continuam a injetar dinheiro na economia local, fazendo compras e pagando com o que
foi guardado.
Além disso, aspectos psicológicos de quem consegue economizar são diferentes daqueles que não
resistem ao consumo. "Quem sabe guardar geralmente é menos ansioso e por isso toma melhores
decisões na hora de adquirir um produto", afirma Galesso que completa dizendo que quem tem
dinheiro guardado também tem maio poder de barganha na compra.
De pai para filho - O arquiteto Rafael Detoni Moraes aprendeu, depois de formado, a importância de
poupar depois que um amigo lhe fez um alerta. Consumista assumido, ele lembra que uma vez foi
convidado para sair e não pode ir por falta de dinheiro. "Meu amigo me chamou atenção. Como eu
poderia não ter dinheiro se praticamente não tinha despesas? Recebia dois salários, não sustentava
casa, nem tinha financiamentos. Gastava tudo sem perceber". Depois do episódio, ele fez um contrato
com o amigo que o ensinou a poupar. Foi então que começou a pagar um consórcio, comprou um
carro e logo em seguida casou. "Aprendi a me controlar, a usar o cartão de crédito, quando casei
estava mais organizado". Agora, pai de Gabriel, 5, Rafael passa para o filho e que aprendeu na
"marra". O pequeno já possui um cofrinho onde deposita as moedas para comprar alguns brinquedos.
O cofrinho também foi incorporado na vida de Bernardo, 4, que apesar de ainda não ter autonomia
para fazer compras, entende que o que é poupado em seu cofrinho vai ser exatamente para comprar
um brinquedo. O pai de Bernardo, Wilson Salvador Neto, diz que aprendeu a guardar moedas quando
morou no exterior. "Lá você recebe todos os trocos certinhos e os bancos possuem máquinas que
recebem moedas como depósito. Assim, a cada duas semanas, juntava uma sacolinha de níqueis e
depositava". Atualmente, Wilson Salvador não está poupando, mas assim que tiver uma estabilidade
irá retomar o hábito. "Por algum tempo eu consegui economizar. Agora, como sou profissional liberal,
não estou tendo essa oportunidade, mas assim que puder vou voltar a guardar".
O cofrinho de Matheus, de 2 anos, não foi um presente do pai, Adalberto Araújo de Roma, mas da
avó, que deu o presente para os 2 netos, para estimular o hábito de guardar. A ideia da avó agradou
o pai, que apesar de ser o autor da ideia, também tem o costume de guardar parte do que recebe.
"Não tem um valor fixo, mas todos os meses separo uma quantia e guardo, se não for assim você
gasta sem ver, é um lanche aqui, outro aqui". O ato de poupar já garantiu a Adalberto de Roma a
possibilidade de liquidar as prestações do carro que era financiado.
Autor: Laís Costa Marques
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