3.5 CRESCE O NÚMERO DE “PILANTROPIA” ENTRE AS ONG`s

Propaganda
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E
ECONÔMICAS
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO
SINOP-MT
MARCIA OGALHA GARCIA
RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: TEORIA E
PRÁTICA
SINOP-MT
2006
2
MARCIA OGALHA GARCIA
RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: TEORIA E
PRÁTICA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Departamento de Administração, da
UNEMAT – Universidade do Estado do
Mato Grosso, Campus de Sinop-MT, como
requisito parcial para aprovação no Curso de
Bacharelado em Administração de Empresas.
Professora Orientadora: Marines Orlandi.
SINOP-MT
2006
3
MARCIA OGALHA GARCIA
RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: TEORIA E PRÁTICA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Avaliadora do
Departamento de Administração – UNEMAT, Campus Universitário de Sinop como
requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração.
Aprovado em: 15/12/2006
______________________________________
Marcia Ogalha Garcia
Graduanda
Departamento de Administração
UNEMAT – Campus Universitário de Sinop-MT
________________________________________
Marines Orlandi
Professora Orientadora
Departamento de Administração
UNEMAT – Campus Universitário de Sinop-MT
_____________________________________
Gildete Evangelista da Silva
Professor Avaliador
Departamento de Administração
UNEMAT – Campus Universitário de Sinop-MT
________________________________________
Ramão Humberto Martins Manvailer
Professor Avaliador
Departamento de Administração
UNEMAT – Campus Universitário de Sinop-MT
________________________________________
Natalício Pereira Lacerda
Chefe do Departamento de Administração
UNEMAT – Campus Universitário de Sinop-MT
SINOP-MT
2006
4
DEDICATÓRIA
Há todos os futuros Administradores que,
vierem recorrer a está monografia, a fim de
obter inspiração...
5
AGRADECIMENTOS
Á Deus que permitiu minha inclusão na
faculdade, por intermédio de minha mãe, que
achou R$ 100,00 no caminho de volta do
mercado para nossa casa. Ela me disse que
aquele dinheiro era pra eu prestar o vestibular,
tinha certeza que seria aprovada... E foi assim,
que paguei a taxa de inscrição do vestibular e o
transporte para Sinop (morava em Sorriso).
Pois nessa época não estava trabalhando e se
não fosse por Eles não estaria, agora,
concluindo o curso de Bacharelado em
Administração,
Aos professores,
Aos colegas,
E as empresas que contribuíram com a
pesquisa.
6
"Não diga tudo quanto sabes
não faças tudo quanto podes
não creias em tudo quanto ouves
não gastes tudo quanto tens
porque
quem diz tudo quanto sabe
quem faz tudo quanto pode
quem crê em tudo quanto ouve
quem gasta tudo quanto tem
muitas vezes
diz o que não convém
faz o que não deve
julga o que não vê
gasta o que não pode"
Provérbio Árabe
"Há três coisas que jamais voltam: a flecha lançada, a palavra dita e a oportunidade perdida.”
Provérbio Chinês
7
RESUMO
GARCIA. Marcia Ogalha. Responsabilidade Social Empresarial: Teoria e Prática. 2006. 76f.
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à Banca Examinadora da Fundação
Universidade do Estado de Mato Grosso – Campus de Sinop-MT –Departamento de
Administração, para obtenção do título de Bacharelado em Administração de Empresas, sob a
orientação da professora Marines Orlandi.
O presente Trabalho de Conclusão de Curso procura ressaltar a importância da
Responsabilidade Social Empresarial (R.S.E.) na atual conjuntura político-econômica mundial
e, principalmente, a do Brasil no que se refere às condições sociais em que se encontram os
menos favorecidos. Os objetivos da presente pesquisa são evidenciar os reais motivos que
levam uma empresa à adoção de práticas de R.S.E., sejam eles por modismo, questões de
marketing, benefícios obtidos, ou realmente por questões de ética e moral ou ainda por
necessidade, tendo em vista os grandes problemas sociais do Brasil e verificar se essa prática
da Responsabilidade Social Empresarial enfraquece as atividades das ONG’s. Para a
fundamentação teórica desta pesquisa, apóia-se em autores como ASHLEY (2003) e (2005),
BRENNAND (2004), FERNANDES (1994), NOBRE (2004), TENÓRIO (2004), dentre
outros. O processo investigativo foi direcionado por meio da articulação da abordagem da
pesquisa qualitativa. Como os procedimentos metodológicos não podem ser dissociados das
técnicas, foi utilizado o método exploratório, com questionários e estudo de caso em três
empresas. A presente pesquisa consta duas partes: uma teórica e outra prática. Sendo que na
teórica apresenta-se um resumo da literatura e conceitos existente sobre esse tema, segundo
autores acima mencionados; na prática, faz-se um estudo de caso nas empresas: O Boticário,
Bradesco e Bunge. Por fim, conclui-se que não há crescimento econômico em longo prazo
sem progresso social e também sem cuidados com o meio ambiente. Desenvolvimento
sustentável e Responsabilidade Social Empresarial não são apenas palavras bonitas ditas e
ouvidas teoricamente. Elas devem e estão sendo aplicadas na realidade.
PALAVRAS - CHAVE: União de todos: Primeiro Setor, Governo; Segundo Setor, Setor
Privado e o Terceiro Setor, ONG’s; sociedade sustentável; marketing social.
8
ABSTRACT
GARCIA. Marcia Ogalha. Enterprise Social responsibility: Practical and theory. 2006. 76f.
Work of Conclusion of Course, presented to the Board of examiners of the Foundation
University of the State of Mato Grosso - Campus of Sinop-TM - Department of
Administration, for attainment of heading in Bacharelado in Business administration, under
the orientation of the teacher Marines Orlandi.
The present Work of Conclusion of Course, looks for to stand out the importance of the
Enterprise Social Responsibility (R.S.E.) in current politics-economic conjuncture world-wide
e, mainly, of Brazil as for the social conditions where if they find less the most favored. The
objectives of the present research are to evidence the real reasons that take a company to the
adoption of practical of R.S.E., are they for modismo, questions of marketing, gotten benefits,
or really for questions of ethics and moral or still for necessity, in view of the great social
problems of Brazil and to verify if this practical of the Enterprise Social Responsibility
weakens the activities of ONG' s. For the theoretical recital of this research, apóia in authors
as ASHLEY (2003) e (2005), BRENNAND (2004), FERNANDES (1994), NOBLEMAN
(2004), TENÓRIO (2004), amongst others. The investigativo process was directed by means
of the joint of the boarding of the qualitative research. The metodológicos procedures cannot
be dissociados of the techniques, the exploratório method was used, with questionnaires and
study of case in three companies. The present research consists two parts: a theoretician and
practical other. Being that in the theoretician one presents a summary of existing literature and
concepts on this subject, according to authors mentioned above; in the practical one, a study
of case in the companies becomes: The Boticário, Bradesco and Bunge. Finally, conclude that
it also does not have economic growth in long stated period without social progress and
without cares with the environment. Sustainable development and Enterprise Social
Responsibility are not only said and heard pretty words theoretically. They must and are being
applied in the reality.
WORDS - KEY: Union of all: First Sector, Government; According to Sector, Private Sector
and the Third Sector, ONG' s; sustainable society; social marketing.
9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................................11
1. REFERENCIAL TEÓRICO:
1.1 O que é Responsabilidade Social Empresarial?..............................................................13
1.2 O que é Terceiro Setor?..................................................................................................15
1.3 Responsabilidade Social Empresarial no Brasil..............................................................16
1.4 Terceiro Setor no Brasil..................................................................................................17
2. CONCEITOS EMERGENTES À RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL...20
2.1 A Ética e a Responsabilidade Social Empresarial..........................................................20
2.2 Balanço Social................................................................................................................22
2.3 Marketing Social............................................................................................................23
2.4 Responsabilidade Social Empresarial e o Consumidor..................................................24
2.5 Indicadores da Responsabilidade Social Empresarial....................................................25
2.6 Certificação de Responsabilidade Social Empresarial...................................................27
2.7 As Vantagens e Desvantagens da Responsabilidade Social Empresarial......................29
3.
ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
E
A
RESPONSABILIDADE
SOCIAL
EMPRESARIAL.......................................................................................................................30
3.1. Gestão Pública..............................................................................................................30
3.2 Áreas de Atuação Governamental – Social....................................................................31
3.3 Corrupção Produz Pobreza.............................................................................................31
3.4 Corrupção........................................................................................................................32
3.5 Cresce o Número de “Pilantropia” entre as Ong’s..........................................................33
4. METODOLOGIA.................................................................................................................36
5. RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL NA PRÁTICA..................................37
10
5.1 Caso I: O Boticário........................................................................................................37
5.2 Caso II: Bradesco S.A....................................................................................................49
5.3 Caso III: Bunge S.A.......................................................................................................57
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................65
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................67
ANEXOS..................................................................................................................................70
Anexo I: Questionário...........................................................................................................71
Anexo II: Kanitz: “Ações Sociais de Empresas Enfraquecem Ong’s”.................................72
Anexo III: Curriculum Resumido de Kanitz.........................................................................75
11
INTRODUÇÃO
Responsabilidade Social Empresarial é uma temática recente, polêmica e dinâmica
dentro das organizações e, no entanto, bastante contemplada pelos consumidores cada vez
mais exigentes. Nesta visão, o conceito implícito diz respeito que não basta mais apenas o
produto possuir qualidade, também é de fundamental importância saber como esse produto
e/ou serviço foi desenvolvido, se foram respeitados o meio ambiente e o ser humano.
A Responsabilidade Social Empresarial (R.S.E.) é um diferencial relevante para a
imagem que as empresas querem ter perante o mercado e está ligada à forma como elas se
relacionam com a comunidade a sua volta. Esta nova consciência do contexto social e cultural
no qual se inserem as empresas é a chamada Responsabilidade Social.
Os primeiros estudos sobre a Responsabilidade Social Empresarial, desenvolvidos a
partir dos pressupostos conceituais da sociedade pós-industrial, surgem em 1950. Entretanto,
é a partir da década de 1970 que os trabalhos desenvolvidos a respeito do tema ganham
destaque.
A noção de R.S.E. difere no tempo e no espaço, variando conforme a organização, a
comunidade, a região, o país e, principalmente, as circunstâncias históricas e ambientais.
Na literatura específica, o tema vem ganhando amplitude, profundidade e uma visão
composta pelas dimensões econômica, legal, ética e filantrópica. Trata-se realmente de um
conceito em formação, que requer amplo debate e abertura de novos canais de discussão.
Ainda que existam posicionamentos contrários, segundo Kanitz1, além de não resolver os
problemas a que se propõe combater, o movimento de Responsabilidade Social Empresarial
está provocando uma vítima direta: os projetos sociais bancados por ONG’s e outras
1
Stephen Kanitz é economista, professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP), responsável pelo site
www.filantropia.org e autor do livro O Brasil que dá certo.
Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2003/09/030918_kanitzcsr.shtml
12
entidades, que deixaram de receber doações, já que as empresas preferem investir em seus
próprios programas.
Então, a prática da R.S.E. afeta realmente o desenvolvimento das atividades do
chamado Terceiro Setor? Essa é a problemática da presente monografia.
O mau uso do dinheiro público proveniente dos impostos pagos pelas empresas e
pelos indivíduos, os altos índices de corrupção e a ineficiência dos programas sociais
estimulam a necessidade de desenvolver projetos sociais de forma independente e com
resultados imediato e próximo ao seu executor. Essas são hipóteses para o problema acima
mencionado. Com isso, conseqüentemente, reduzindo as doações feitas à ONG’s.
Os objetivos da presente pesquisa são evidenciar os reais motivos que levam uma
empresa à adoção de práticas de R.S.E., sejam eles por modismo, questões de marketing,
benefícios obtido, ou realmente por questões de ética e moral. Ou ainda por necessidade,
tendo em vista os grandes problemas sociais do Brasil. E, também, verificar as ações de
Responsabilidade Social nas empresas O Boticário, Bradesco e Bunge, apontar as vantagens e
desvantagens da Responsabilidade Social Empresarial, analisar o custo ou investimento para a
empresa que adota a prática da responsabilidade social e, por fim, identificar o retorno do
investimento em empresas que adotam a responsabilidade social.
A R.S.E. passa a ser entendida como questão fundamental para a continuidade dos
negócios na sociedade. O principal argumento é que, apesar de a atividade empresarial ser
privada, a empresa presta um serviço público e ela deve, necessariamente, atender ao interesse
público.
As divergências apresentadas demonstram a fragilidade do conceito de R.S.E e a
dificuldade de se entender de quem é essa responsabilidade.
Todavia, continua-se defendendo a idéia de que é necessário o empenho de todos
(primeiro, segundo e terceiro setor) no tocante à responsabilidade social, tornando-os
parceiros na construção de uma sociedade mais justa do ponto de vista econômico e
ambiental, caminhando para um desenvolvimento sustentável.
13
1 REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 O QUE É RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL?
Responsabilidade Social Empresarial (R.S.E.) é a forma de conduzir os negócios da
empresa de tal maneira que a torna parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social. A
empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses da
diferentes
partes
(acionistas,
funcionários,
prestadores
de
serviços,
fornecedores,
consumidores, comunidade, governo e meio ambiente) e conseguir incorporá-los no
planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de todos e não apenas dos
acionistas ou proprietários.
Para o Instituto Ethos2, a Responsabilidade Social Empresarial é:
(...) a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da
empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo
estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento
sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para
gerações futuras, respeitando a diversidade e a redução das desigualdades
sociais.
A prática da responsabilidade social se caracteriza pela permanente preocupação com
a qualidade, transparência e ética nas relações da empresa como todos os stakeholders
(acionistas, clientes, fornecedores, parceiros, comunidade e governo).
Aslhey (2003) aborda a questão da responsabilidade social como um conceito que
2
O Instituto Ethos é uma organização não-governamental criada com a missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar
as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável.
Fonte: http://www.ethos.org.br
14
ainda não está suficientemente consolidado e que, portanto, pode ser considerado em
construção.
Por sua vez, segundo Melo Neto e Brennand (2004), responsabilidade social é um
conceito antigo. Sua origem remota ao final do século XIX e início do século XX, mas a
popularização do conceito ocorreu muito tempo depois.
Na realidade, o que ocorre é a diversificação de conceitos que formam conceitos
múltiplos, como: responsabilidade social corporativa, cidadania corporativa, cidadania
empresarial, ética e responsabilidade social entre muitos outros.
Em síntese, no Brasil e no mundo cresce a preocupação com a
responsabilidade social empresarial, tanto em trabalhos acadêmicos quanto no
dia-a-dia das organizações. Muitos têm sido os motivos apontados para a
necessidade de se pensar e refletir sobre o tema, mais ainda não se chegou a
um consenso sobre o que seria tal responsabilidade, como deveria ser
implementada no âmbito das organizações ou como mensurá-las e concluí-la
nos cálculos gerais de cada organização. (ASHLEY, 2005, p. 77)
A dificuldade de se definir corretamente o termo responsabilidade social está
relacionada com como se deve entender a prática da mesma: é dever, é compromisso, é
imperativo ético?
Para muitos autores, a melhor definição seria “fazer o bem”.
A Responsabilidade Social Empresarial é um diferencial relevante para a imagem que
as empresas querem ter perante o mercado.
A empresa é socialmente responsável quando vai além da obrigação de respeitar as
leis, pagar impostos, observar as condições adequadas de segurança e saúde para os
trabalhadores, e faz isso, por acreditar que assim será uma empresa melhor e estará
contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa.
A prática da responsabilidade social revela-se internamente na constituição de um
ambiente de trabalho saudável e propício à realização profissional das pessoas. A empresa,
assim, aumenta sua capacidade de recrutar e manter talentos, fator chave para seu sucesso
numa época em que criatividade e inteligência são recursos cada vez mais valiosos.
A competição acirrada torna vital a fidelização dos consumidores e clientes, que têm
cada vez mais acesso à informação e à educação. A adoção de um comportamento que
ultrapassa as exigências legais agrega valor à imagem da empresa, aumentando o vínculo que
seus consumidores e clientes estabelecem com ela.
A empresa demonstra sua responsabilidade social ao comprometer-se com programas
sociais voltados para o futuro da comunidade e da sociedade. O investimento em processos
15
produtivos compatíveis com a conservação ambiental e a preocupação com o uso racional dos
recursos naturais também tem importante valor simbólico, por serem de interesse da empresa
e da coletividade.
Com iniciativas desse tipo, a empresa revela sua crença no preceito de que só uma
sociedade saudável pode gerar empresas saudáveis.
1.2 O QUE É TERCEIRO SETOR?
Faz-se necessário, primeiramente, conceituar o Primeiro e Segundo Setor da
economia.
O Primeiro Setor é o governo, que é responsável pelas questões sociais. O
Segundo Setor é o setor privado, responsável pelas questões individuais. Com a falência do
Estado, o setor privado começou a ajudar nas questões sociais através das inúmeras
instituições que compõem o chamado Terceiro Setor. Esse tem como objetivo o
desenvolvimento político, econômico social e cultural no meio que atuam. Exemplos de
organizações do Terceiro Setor são: as organizações não governamentais (ONG’s), as
cooperativas, as associações e fundações.
Quanto à questão conceitual do Terceiro Setor, não há um consenso por parte daqueles
que pesquisam o assunto, havendo assim diversas definições. Segundo Fernandes (1994), um
estudioso do tema, o conceito denota:
...Um conjunto de organizações e iniciativas privadas que visam à
produção de bens e serviços públicos. Este é o sentido positivo da
expressão. “Bens e serviços públicos”, nesse caso implicam uma
dupla qualificação: não geram lucros e respondem as necessidades
coletivas. (FERNANDES, 1994, p. 21)
Terceiro Setor, entre todas as expressões em uso, é o termo que vem encontrando
maior aceitação para designar o conjunto de iniciativas provenientes da sociedade, voltadas à
produção de bens públicos, como por exemplo, a conscientização para os direitos da
cidadania, a prevenção de doenças transmissíveis ou a organização das ligas esportivas.
O Terceiro Setor é assim chamado porque engloba instituições com fins públicos,
porém de caráter privado, que não se enquadram, portanto no Primeiro Setor (Estado). São
regidas pelo direito privado, mas não possuem objetivos mercantis, também não sendo
16
qualificadas como instituições do Segundo Setor (Mercado). Fazem parte do denominado
espaço público não estatal.
1.3 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL NO BRASIL
A Responsabilidade Social Empresarial é um tema de grande relevância nos principais
centros da economia mundial. Nos Estados Unidos e na Europa proliferam os fundos de
investimento formados por ações de empresas socialmente responsáveis. O Sustainability
Index, da Dow Jones lançado em 1999, na bolsa de valores de Nova York, como o primeiro
indicador da performance financeira das empresas líderes em sustentabilidade a nível global.
Segundo o Instituto Ethos (2006), por exemplo, enfatiza a necessidade de integração
dos fatores econômicos, ambientais e sociais nas estratégias de negócios das empresas.
No Brasil, o movimento de valorização da Responsabilidade Social Empresarial
ganhou forte impulso na década de 90, através da ação de entidades não governamentais,
institutos de pesquisa e empresas sensibilizadas para a questão. O trabalho do Instituto
Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas - IBASE na promoção do Balanço Social é uma
de suas expressões e tem logrado progressiva repercussão.
O CERIS3 criou em 2001 o Núcleo de Responsabilidade Social Empresarial - NRSE
com o objetivo de pesquisar, analisar, estimular e promover a Responsabilidade Social
Empresarial no Brasil.
A Responsabilidade Social Empresarial surge com a mudança de valores proposta pela
sociedade pós-industrial: a valorização do ser humano, o respeito ao meio ambiente, à busca
de uma sociedade mais justa e uma organização empresarial de múltiplos objetivos. Os novos
valores pós-econômicos são também evidentes na crescente insistência pública de que as
corporações se preocupem com desenvolvimento social e não apenas econômicos.
Em relação ao Brasil, a discussão sobre o tema está associada à transição de
valores que o país atravessa, de uma sociedade industrial, onde a
responsabilidade social assume conotação econômica, para uma sociedade
pós-industrial, onde o tema valoriza aspectos relacionados à melhoria da
qualidade de vida. (TENÓRIO, 2004, p. 26)
3
CERIS - Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais.
17
A percepção, por parte do empresariado brasileiro, da relevância da questão da
Responsabilidade Social para o negócio está crescendo e pode ser demonstrada pelo resultado
de pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), aquilo que à
bem pouco tempo parecia inimaginável está acontecendo. Empresas brasileiras estão
aplicando volumes crescentes de recursos em ações direcionadas a melhorar a qualidade de
vida das camadas mais pobres da população.
Esse estudo elaborado pelo IPEA (2004) estima que mais de 50% das médias e
grandes empresas já realizam de algum modo, atividades sociais, comprovando o
estreitamento e o crescimento dos laços com as comunidades. A convicção é a de que uma
boa relação com os funcionários, com os fornecedores e as comunidades melhora a
produtividade e a imagem dos próprios produtos. O consumidor quando percebe que está
diante de uma empresa socialmente responsável tende a comprar mais seus produtos e
serviços.
1.4 TERCEIRO SETOR NO BRASIL
A emergência do Terceiro Setor no Brasil é fenômeno das últimas três décadas. Esta
mobilização de recursos privados para fins públicos rompe com a tradição inversa e perversa
representada pela apropriação privada dos recursos públicos.
Paradoxalmente, o fortalecimento da sociedade civil no Brasil deu-se no bojo da
resistência à ditadura militar, segundo Nobre (2004). No momento em que o regime
autoritário bloqueava a participação dos cidadãos na esfera pública, micro-iniciativas na base
da sociedade foram inventando novos espaços de liberdade e reivindicação. Falava-se, então,
muito de Estado e pouco de Mercado. Repreensão política e dominação econômica se
interpenetravam e se reforçavam mutuamente.
Nesse contexto, a solidariedade, sempre presente nas relações interpessoais, nas redes
de vizinhança e ajuda mútua, inspira a ação de movimentos voltados para a melhoria da vida
comunitária, defesa de direitos e luta pela democracia. E deste encontro da solidariedade com
a cidadania que vão surgir e se multiplicar as organizações não-governamentais de caráter
público.
18
A afirmação deste novo perfil participante e responsável da sociedade brasileira se
traduz na busca de novas formas e articulação entre organizações do Terceiro Setor, órgãos
governamentais e empresas.
Valorizar a co-responsabilidade dos cidadãos não significa tampouco eximir o
Governo de suas responsabilidades. Significa isto sim, reconhecer que a parceria com a
sociedade é que permite ampliar a mobilização de recursos para iniciativas de interse público.
No mundo contemporâneo, a democracia como exercício cotidiano não é mais possível sem a
presença e ação fiscalizadora dos cidadãos. O papel de uma sociedade informada e atuante
não é o de esperar tudo do Estado. Cuidar junto parece, cada vez mais, como alternativa
eficiente e democrática.
O que diferencia o Terceiro Setor da R.S.E. é o fato de que o primeiro, trata
basicamente de ação social externa da empresa, tendo com beneficiário principal a
comunidade em suas diversas formas (conselhos comunitários, organizações não
governamentais, associações comunitárias, etc.) e organização. O Terceiro Setor abrange
ações públicas que saem do domínio estatal, e passam a ser encampada por organizações da
sociedade civil. É o surgimento da iniciativa privada com fins públicos, com o objetivo de
combater grandes problemas do mundo atual, como a pobreza, violência, poluição,
analfabetismo, racismo, dentre outros. São instituições com grande potencial de
representatividade, podendo ser vistas como legítimas representantes dos interesses da
sociedade civil.
O segundo por sua vez, foca a cadeia de negócios da empresa e engloba preocupações
com um público maior (acionistas, funcionários, prestadores de serviços, fornecedores,
consumidores, comunidade, governo e meio ambiente), cujas demandas e necessidades a
empresa deve buscar entender e incorporar em seus negócios. Assim, a Responsabilidade
Social Empresarial trata diretamente dos negócios da empresa e como ela os deve conduzir.
Para que a responsabilidade social exista é necessário, antes de tudo, que as
técnicas e filosofias das empresas sejam repensadas, que o fim social não seja
mascarado pelo desejo de lucro - lucro este que não deve ser um fim em si, e
sim o viabilizador de uma atitude mais ética e responsável por parte da
empresa. (ASHLEY, 2005, p. 70)
O conceito de Responsabilidade Social Empresarial vem se consolidando como uma
iniciativa interdisciplinar e associada a uma abordagem sistêmica, focada nas relações entre os
públicos, ligados direta ou indiretamente ao negócio da empresa. Portanto, é imprescindível a
19
sua incorporação à orientação estratégica da empresa, refletida em desafios éticos para as
dimensões econômica, ambiental e social dos negócios.
A Responsabilidade Social Empresarial é um processo que nunca se esgota. Não dá
para dizer que uma empresa chegou ao limite de sua responsabilidade social, pois sempre há
algo a se fazer. Assim, o primeiro passo é a empresa fazer uma auto-avaliação que possa
indicar onde é necessário melhorar suas políticas e práticas e, a partir daí, estabelecer um
cronograma de ações que devem ser realizadas pela empresa. É um processo educativo.
20
2 CONCEITOS EMERGENTES À RESPONSABILIDADE SOCIAL
EMPRESARIAL
Nesse novo cenário, as empresas têm buscado novos modelos de gestão que estejam
alinhados com os princípios do desenvolvimento sustentável. A Responsabilidade Social
Empresarial definitivamente tornou-se uma importante ferramenta para a sustentabilidade das
organizações. Hoje, os conceitos que norteiam uma gestão socialmente responsável – a
relação ética e transparente com todos os públicos que se relacionam com a empresa para o
desenvolvimento do seu negócio e da sociedade, preservando-se os recursos ambientais e
humanos para as gerações futuras – trouxeram vários benefícios para as organizações.
2.1 A ÉTICA E A RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL
Ética é a base da Responsabilidade Social Empresarial e se expressa através dos
princípios e valores adotados pela organização. Não há Responsabilidade Social sem ética
nos negócios. É importante seguir uma linha de coerência entre ação e discurso.
Ética é a parte da filosofia que estuda a moralidade do agir humano livre, na
forma de atos maus ou bons; nesse contexto, a ética empresarial é o estudo da
ética aplicada à atividade empresarial. Portanto, passa pela incorporação de
valores morais capazes de levar uma pessoa a fazer diferenciações e tomar
decisões que agregarão valores simultaneamente à sua empresa, à comunidade
e a ela própria. (ASHLEY, 2005, p. 19)
A nova postura da empresa socialmente responsável baseada no resgate de princípios
éticos e morais passou a ter natureza estratégica. Pode-se dizer que a eficiência não é só “fazer
21
as coisas bem”, mas “fazer as coisas boas”, segundo princípios éticos. “Parece lícito afirmar,
então, que hoje em dia as organizações precisam estar atentas não só a suas responsabilidades
econômicas e legais, mas também a suas responsabilidades éticas, morais e sócias”.
(ASHLEY, 2005, p. 5)
Uma empresa socialmente responsável é aquela que, além de ser ética nos seus
negócios, preocupa-se com questões tais como: não utilização de mão-de-obra infantil, saúde
de seus funcionários, não utilização de trabalhos forçados, segurança no trabalho, liberdade de
associação e negociação coletiva, não discrimina seus funcionários nem a sociedade em geral,
respeita o horário de trabalho para os trabalhadores, preocupação também com o meio
ambientes e possuem um sistema de gestão coerente. Busca-se a excelência através da
qualidade nas relações e a sustentabilidade econômica, social e ambiental.
Transparência é o outro conceito central da Responsabilidade Social Empresarial que
caminha ao lado da atitude ética. Ser transparente é atender às expectativas sociais, mantendo
a coerência entre o discurso e a prática e não sonegando informações importantes sobre seus
produtos e serviços.
Numa época em que os negócios não podem mais se dar em segredo absoluto, a
transparência passou ser a alma do negócio: tornou-se um fator de legitimidade social e um
importante atributo positivo para a imagem pública e reputação das empresas. É uma
exigência cada vez mais presente a adoção de padrões de conduta ética que valorizem o ser
humano, a sociedade e o meio ambiente.
Ser ético, hoje, não é mais uma opção. Para pessoas e organizações, é questão de
sobrevivência. Com a velocidade com que se processam as transformações, há necessidade de
valores internalizados para que haja alinhamento no momento das decisões, que exigem
rapidez. Hoje não se pode avaliar uma empresa com os padrões tangíveis de ontem, pois
referenciais intangíveis como: marca, imagem, prestígio e confiabilidade, decidem a
preferência e garantem a continuidade.
Impossível a vida em sociedade e a continuidade de um grupo sem estrutura ética, ou
seja, de valores, princípios, limites, respeito à pessoa, sentido de bem comum.
A postura ética constrói ou destrói a reputação de uma empresa. A adoção de um
comportamento ético consagra valor à imagem da empresa.
22
2.2 BALANÇO SOCIAL
Desde o início do século XX registram-se manifestações a favor deste tipo de
comportamento. Contudo, foi somente a partir dos anos 60 nos Estados Unidos da América e
no início da década de 70, na Europa, particularmente na França, Alemanha e Inglaterra - que
a sociedade iniciou uma cobrança por maior responsabilidade social das empresas e
consolidou-se a própria necessidade de divulgação dos chamados balanços ou relatórios
sociais.
O balanço social é um demonstrativo publicado anualmente pela empresa, reunindo
um conjunto de informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos
empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e à comunidade. É também um
instrumento estratégico para avaliar e multiplicar o exercício da responsabilidade social
corporativa. E pode ser definido como:
Balanço que busca evidenciar o papel que a empresa representa em seu
ambiente social, ou seja, a contribuição que ela trouxe através de impostos, de
previdência social, de mão-de-obra absorvida, de obras sociais, na educação,
em suma, o que ela espelha como célula da sociedade a que pertence. (SÁ,
1995, p. 54)
No balanço social a empresa mostra o que faz por seus profissionais, dependentes,
colaboradores e comunidade, dando transparência às atividades que buscam melhorar a
qualidade de vida para todos. Ou seja, sua função principal é tornar pública a
Responsabilidade Social Empresarial, construindo maiores vínculos entre a empresa, a
sociedade e o meio ambiente.
O balanço social é uma ferramenta que, quando construída por múltiplos profissionais,
tem a capacidade de explicitar e medir a preocupação da empresa com as pessoas e a vida no
planeta.
No Brasil, o início desta prática ocorreu em 1984, com a empresa Nitrofértil (indústria
petroquímica, sediada no Estado da Bahia, com unidades fabris no Pólo Petroquímico de
Camaçari/BA e em Laranjeiras/SE). A seguir, o Sistema Telebrás e o Banespa anunciaram
seus primeiros balanços.
A realidade é que o balanço social vem se firmando como instrumento gerencial
estratégico para as empresas brasileiras. Reunindo informações qualitativas e quantitativas, o
balanço social tem como função básica servir de instrumento de integração da empresa com a
23
comunidade, visando a sua perenidade. Qualquer empresa produtiva, independentemente de
tamanho, tem ou precisa conhecer sua hierarquia de informações sociais, elaborando e
divulgando suas demonstrações contábeis.
2.3 MARKETING SOCIAL
Segundo Philip Kotler (1998, p. 44), Marketing é "o conjunto de ações desenvolvidas
por uma empresa ou marca com o objetivo de atender às necessidades de um determinado
mercado".
Segundo esta mesma teoria, os fatores sobre os quais o gerente de marketing pode
trabalhar são: produto, preço, distribuição e comunicação - os famosos quatro Ps.
O termo Marketing Social surgiu em 1971 para descrever o uso dos princípios e
técnicas de marketing na promoção de uma causa, idéia ou comportamento social.
Modernamente, passou a significar uma tecnologia de gestão das mudanças sociais, associada
à implantação e ao controle de projetos que visam atenuar ou eliminar problemas sociais, nos
campos da saúde, educação, trabalho, habitação, saneamento, ambiental, etc.
Dentre outras formas para identificar essa nova visão de marketing, temos as seguintes
definições: marketing humanístico, marketing ecológico e marketing societal, como propõem
assim chamá-lo Philip Kotler (1998). E discorre sobre o mesmo sendo:
A tarefa da organização é determinar as necessidades, desejos e interesses dos
mercados-alvos e atender às satisfações desejadas mais eficaz e
eficientemente do que os concorrentes, de maneira a preservar ou ampliar o
bem-estar dos consumidores e da sociedade. (KOTLER, 1998, p. 44)
O Marketing Social apropria-se de conhecimentos e técnicas mercadológicas,
adaptando-se à promoção do bem estar social. Trabalha-se com objetivos claramente
definidos, metas mensuráveis, pesquisas e avaliações quantitativas e qualitativas, além de
desenvolvimento de tecnologias sociais para segmentos específicos. Busca posicionar na
mente dos adotantes as inovações sociais que pretende introduzir, implementa estratégias,
cria, planeja e executa campanhas de comunicação para satisfazer necessidades que não estão
sendo atendidas, estabelecendo novos paradigmas sociais.
24
Em mercados, cada dia mais concorridos, o desafio imposto aos gestores de
marketing, dia após dia, é o da diferenciação, isso é agregar características ao seu produto que
farão com que o consumidor prefira a marca da sua empresa à da empresa concorrente.
De alguns anos para cá, os consumidores começaram a dar preferência pela compra de
produtos que, de alguma forma, beneficiam causas que eles julgam importantes e isso é, sem
dúvida, uma oportunidade para a empresa de criar uma imagem positiva, diferenciada e, como
conseqüência, alavanca as vendas.
Neste sentido, a ação social, pode ser vista como uma nova estratégia de diferenciação.
Através do benefício gerado para uma causa de interesse, podemos trazer um diferencial para
o produto ou marca e, com isso, ganhar a preferência do consumidor.
2.4 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E O CONSUMIDOR
O cidadão brasileiro está se tornando cada vez mais consciente e seletivo. Nos últimos
anos, ele passou a incorporar o exercício de direitos e deveres em sua prática de consumo,
substituindo o velho conceito de que exigir qualidade e preço era "falta de educação".
Sintoma disso é o fortalecimento das entidades de defesa do consumidor e a presença quase
obrigatória do serviço de atendimento ao consumidor (SAC) na maioria das grandes
empresas. Entretanto, quais os critérios referentes às práticas empresariais o consumidor leva
em conta no ato da compra? Quais atitudes o estimulariam a comprar determinado produto?
Quais fariam com que ele deixasse de comprá-lo?
O consumo consciente, para o Instituto Akatu < http://www.akatu.org.br> “é o
processo que visa equilibrar o bem-estar do consumidor com as possibilidades ambientais e as
necessidades sociais”. O primeiro passo nesse sentido foi à publicação da pesquisa
“Descobrindo o Consumidor Consciente: uma nova visão da realidade brasileira”, lançada em
quinze de março (Dia Mundial do Consumidor) de 2004 pelo Instituto Akatu.
A pesquisa mostra que existe um segmento diferenciado entre os consumidores
brasileiros: um grupo que se define por sua adesão às práticas do consumo consciente, e do
qual fazem parte pessoas de todas as classes sociais, idades e graus de instrução. A pesquisa
definiu quem eram os consumidores conscientes a partir de treze comportamentos que
25
pressupõem a consciência no ato de consumo de produtos, recursos naturais ou serviços.
Alguns deles são: fechar a torneira enquanto escova os dentes, apagar as luzes ao deixar um
ambiente, separar lixo para reciclagem, pedir nota fiscal, ler o rótulo de um produto antes de
comprá-lo.
Assim, foram definidos quatro grupos de consumidores em função da prática efetiva
desses 13 comportamentos: - conscientes (6%), os que adotam de 11 a 13 dos
comportamentos - comprometidos (37%), os que adotam de 8 a 10 comportamentos iniciantes (54%), os que adotam de 3 a 7 comportamentos - indiferentes (3%), os que adotam
de 0 a 2 comportamentos. De acordo com os dados da pesquisa, os consumidores conscientes
são os mais preocupados com a coletividade e sentem-se responsáveis pela melhoria da
comunidade em que vivem. Eles são consumidores ativos, pois punem as empresas que
adotam atitudes com as quais não concordam e levam em conta as ações sociais e ambientais
das empresas na hora da compra.
Outra pesquisa "Responsabilidade Social Empresarial: o que o consumidor consciente
espera das empresas" realizada em janeiro de 2005, com 600 consumidores comprometidos e
conscientes (identificados no estudo “Descobrindo o Consumidor Consciente: uma nova visão
da realidade brasileira”, realizado pelo Akatu em 2004, a partir do grau de adesão dos mesmos
a 13 comportamentos conscientes de consumo) nas cidades de São Paulo (300 entrevistas),
Porto Alegre (150 entrevistas) e Belo Horizonte (150 entrevistas). Os resultados desta
pesquisa reforçam a noção de que “a Responsabilidade Social começa em casa”: das 11 ações
mais valorizadas pelo público pesquisado, 10 se referiam ao papel da empresa como
empregadora, promovendo oportunidades a grupos que costumam ser discriminados na
sociedade, como deficientes e negros.
2.5 INDICADORES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL
No Brasil, a iniciativa do Instituto Ethos, organização referência da Responsabilidade
Social Empresarial no país, engloba indicadores que são aplicados pelas empresas
voluntariamente. A pesquisa tem como objetivo avaliar o estágio atual das empresas
brasileiras no que se refere às práticas de responsabilidade social. Participaram do estudo 630
companhias. Elas responderam a um questionário com 72 questões sobre ações e três questões
26
de qualificação e opinião. O ponto de partida foi os “Indicadores Ethos de Responsabilidade
Social”, estabelecidos pelo próprio Instituto Ethos, que serviram como base para a seleção de
55 ações para serem analisadas nos temas: valores e transparência, meio ambiente, público
interno, fornecedores, consumidor/cliente, comunidade e governo e sociedade.
Para analisar o comportamento das empresas foram definidos quatro estágios. O zero
aponta que a empresa não tem nenhuma ação implementada e o estágio quatro determina as
empresas de referência, com 23 ou mais ações. Frente a esse levantamento, 19% das empresas
estão no estágio zero, 31% no estágio um, com predomínio das pequenas (62%); 18% no dois;
19% no três e 13% no quatro, sendo que 59% destas são grandes corporações. Um dado que
surpreendeu os organizadores é que 25% das grandes empresas estão no estágio zero.
A pesquisa (2004) destacou que a prática de responsabilidade social passa também
pelas pequenas e médias empresas, pois 54% e 34% delas, respectivamente, estão no estágio
três. No entanto, elas ainda têm dificuldade de avançar, pois apenas 20% estão no estágio
quatro. O estudo fez um levantamento dos temas de maior destaque em cada estágio e a
evolução deles ao longo do processo. Percebe-se que, no início, consumidor/cliente é o foco
principal. Num segundo momento, já são agregadas ações para fornecedores. O estágio três é
marcado pela somatória também de ações para o público interno e o meio ambiente. Somente
no estágio quatro aparece o quesito “Valores e Transparência”.
De acordo com a pesquisa, a responsabilidade social começa pela busca da eficiência
dos negócios. Das dez ações mais praticadas, seis estão ligadas ao consumidor/cliente. São
rotinas para garantir fornecimento de notas fiscais, sistema de relacionamento pós-venda,
adoção de compras com garantia de procedência. A relação com o governo está fora da pauta
de discussão.
Prova disso é que entre as dez ações menos praticadas, cinco estão nessa
área. No ranking dos assuntos menos discutidos aparecem critérios para apoiar campanhas
eleitorais e punição a funcionários envolvidos em corrupção de agentes públicos.
O estudo aponta o desinteresse das empresas pelo meio ambiente. Das 630
participantes, 73% nunca tinham discutido adoção de programas de proteção a áreas naturais e
64% não têm um plano de gerenciamento ambiental. No entanto, 20% têm ações para redução
dos impactos ambientais. As empresas no estágio três e quatro diferenciam-se nesse aspecto,
pois 34% e 71%, respectivamente, têm atividades para redução dos danos causados ao meio
ambiente por sua atividade.
Outro aspecto que tem gerado interesse insuficiente no meio empresarial são as ações
de inclusão social. Mais de 60% das empresas nunca haviam discutido política formal, por
exemplo, contra propaganda preconceituosa ou programas de promoção de diversidade étnica,
27
sexual e religiosa. Além disso, somente 27% das entrevistadas declaram adotar e divulgar o
código de ética. Essa postura é diferenciada nas empresas no estágio 4: 69% possuem código
de ética e 73% têm missão e valores definidos.
Outro ponto de destaque para os consumidores é a colaboração do setor empresarial
com a escola e a comunidade. Apenas 15% das empresas adotam essas ações, sendo que 32%
desse total são de grandes empresas. Em relação à prática de ações para a diminuição do
analfabetismo dos empregados, 14% das participantes têm atividades nesse campo, sendo que
34% são grandes corporações.
Na opinião do presidente do Akatu, será cada vez mais difícil que existam empresas
que tenham discursos que não sejam condizentes com suas práticas. “As empresas vão ser
cada vez mais aquilo que falam delas em vez do que o que elas próprias falam de si. Isso é o
que vai definir o que elas são. A consciência do consumidor é a verdadeira proteção para que
ele não seja enganado”.
“Esperamos que a pesquisa possa estimular a transformação e seja um primeiro passo
frente a esse enorme desafio”, destacou Márcia Fernandes, da Promon. Para Henrique
Mascarenhas, da Ge Dako S/A, esse estudo irá “montar uma base para que no futuro possam
ser criados incentivos a fim de que se torne um ciclo virtuoso, com interação entre empresas e
consumidor”.
2.6 CERTIFICAÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL
A SA8000 é uma norma que visa aprimorar o bem estar e as boas condições de
trabalho bem como o desenvolvimento de um sistema de verificação que garanta a contínua
conformidade com os padrões estabelecidos pela norma.
SAI (Social Accountability International, antiga CEPAA) é uma organização nãogovernamental, sediada nos Estados Unidos, responsável pelo desenvolvimento e supervisão
da norma internacional Social Accountability 8000 (SA 8000).
Fundada em 1997, a SAI é uma entidade associada ao Conselho de Prioridades
Econômicas (Council on Economic Priorities), pioneiro na área de responsabilidade social das
empresas.
28
SA8000 é cada vez mais reconhecida no mundo como um sistema efetivo de
implementação, manutenção e verificação de condições dignas de trabalho. Atualmente são
mais de 160 empresas certificadas com SA8000 em diversos países, incluindo, entre outros:
Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, Itália e Brasil.
Várias empresas multinacionais nos Estados Unidos e na Europa estão implementando
a norma SA8000 e exigindo que seus fornecedores operem dentro destes padrões.
A norma SA8000 apresenta-se como um sistema de auditoria similar ao ISO 9000, que
atualmente é apresentado por mais de 300.000 empresas em todo o mundo. Seus requisitos
são baseados nas normas internacionais de direitos humanos e nas convenções da OIT.
Desenvolvida por um conselho internacional que reúne empresários, ONGs e
organizações sindicais, a SA8000 quer encorajar a participação de todos os setores da
sociedade na busca de boas e dignas condições de trabalho.
Com relação ao meio ambiente, a certificação internacional mais aceita na atualidade é
a ISSO14000, que atesta a performance ambiental da empresa.
O AA1000 é um modelo de gestão que estabelece passos para a adoção de um
processo ético e socialmente responsável, melhorado continuamente, e tem com base o
diálogo com os stakeholders.
Em 2004, o Brasil elaborou uma Norma Nacional de Responsabilidade Social, NBR
16001, lançada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O Brasil é um dos
poucos países a ter uma norma dessa natureza. Ela estabelece requisitos mínimos para um
sistema de gestão.
O desenvolvimento desta norma permitiu que o Brasil fosse escolhido como
coordenador mundial da criação de uma ISO internacional sobre responsabilidade social: ISO
26000. Nessa missão, terá como parceira a Suécia. Acredita-se que ela fique pronta em 2008.
Face ao crescente interesse de organizações em implementar as práticas de
Responsabilidade Social, tanto no país, quanto no exterior, o Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), através da Portaria nº 027,
baixou o Regulamento de Avaliação da Conformidade para Sistema de Gestão da
Responsabilidade Social com base na Norma ABNT NBR 16001:2004.
Esta iniciativa cria a possibilidade destas organizações serem certificadas por um
processo de avaliação da conformidade regulado pelo Sistema Brasileiro de Avaliação da
Conformidade (SBAC), agregando transparência e credibilidade a este processo.
29
2.7 AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL
EMPRESARIAL
Tendo em vista tudo o que foi pesquisado e estudado pôde-se identificar as seguintes,
principais, vantagens e desvantagens com relação à prática da R.S.E.:
Vantagens
 Fortalecimento e agregação de valor à marca e melhor imagem junto aos
consumidores e outros stakeholders;
 Abertura de novos mercados, fidelização do mercado;
 Valorização da empresa junto aos seus investidores;
 Criação da empresa junto aos seus investidores;
 Criação de vinculo com a comunidade;
 Atração e motivação de talentos e com isso, maior produtividade dos empregados;
 Melhoria nas relações com seus funcionários, clientes, fornecedores e meio ambiente;
 Criação de forte diferencial de mercado.
 Redução de custos pelo uso mais eficiente de água, energia e combustíveis e pela
reciclagem de lixo e resíduos;
 Menor risco de litígios legais em relação ao ambiente e consumidores;
Desvantagens
 Acomodação por parte do Primeiro Setor, Governo, em cumprir com suas obrigações
sociais para com o cidadão;
 Acomodação do cidadão em cobrar do governo mais eficácia nos programas sociais,
uma vez que, empresas vêm assumindo, de certo modo, este papel;
 Seu discurso, muitas vezes, não condiz com a realidade, pois a situação da mulher no
mercado de trabalho ainda é desigual com relação ao homem;
 Igualdade tem sido insuficiente, a empresa não deve permitir qualquer tipo de
discriminação em termos de recrutamento, acesso a treinamento, remuneração,
avaliação ou promoção de seus empregados.
30
3 A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E A RESPONSABILIDADE SOCIAL
EMPRESARIAL
3.1. GESTÃO PÚBLICA
Antes de mencionar as relações entre Administração Pública e a Responsabilidade
Social Empresarial, faz-se necessário estabelecer o conceito de Estado e Governo.
O conceito de Estado, segundo Montefusco (1981, p. 03): “é um povo político, social e
juridicamente organizado, habitado um determinando território e regido por um governo com
a tríplice função de legislar, administrar e distribuir justiça”. Observe-se nesta conceituação
que três elementos são fundamentais para a estruturação de um país como estado nacional:
território, povo e governo. Já o conceito de governo, o mesmo autor discorre: “entende-se por
governo, o conjunto de autoridade com a função de administrar o país nos três neveis:
Federal. Estadual e Municipal”.
O estudo da Administração Pública visa à compreensão de estruturas e processos da
organização do Estado. A abordagem tem como fundamento à organização, ou seja, focaliza
uma organização ou um conjunto de organizações em processos de interação entre si e com a
sociedade como um todo.
A função do Estado, a fim de alcançar os objetivos determinados é necessário que
funcione organizadamente. As suas funções estão relacionadas com as finalidades que visam
ao bem público, sendo realizadas através dos serviços públicos e dos órgãos especializados.
O Poder Executivo desenvolve suas atividades por meio da administração pública,
executando as leis provenientes do Poder Legislativo ou leis de sua própria autoria. Deve-se
entender por administração pública o conjunto de órgãos, repartições, entidades e empresas
31
governamentais, cuja finalidade é atender aos serviços e interesses da coletividade nacional.
Para que o governo efetive seu plano administrativo é necessário arrecadar verbas da
população, que são pagas sob a forma de impostos, taxas e contribuições.
3.2 ÁREAS DE ATUAÇÃO GOVERNAMENTAL - SOCIAL
Diretrizes Gerais:
A atuação governamental na área social tem como meta primordial melhorar
substancialmente a qualidade de vida dos cidadãos, não só no tocante ao combate à indigência
e à pobreza, como também procurar políticas que promovam com eficiência o bem estar e o
desenvolvimento humano de todas as classes sociais, sem discriminação.
A administração pública, atraindo para si a responsabilidade de superar as dificuldades
sociais, propõe a um melhor gerenciamento dos recursos, oferecendo à população desde o
planejamento familiar, à distribuição de alimentos, do ensino de melhor qualidade ao acesso
ao trabalho, da moradia à cidadania, da saúde à cultura e ao lazer.
Essas iniciativas, sob o ponto de vista da execução, estão distribuídas em cada objetivo
finalístico, proposto nas seguintes políticas setoriais: Trabalho e Direitos Humanos; Cultura;
Ação Social; Educação; Segurança Pública; Esporte e Lazer; e Saúde.
Todavia, o governo não conseguindo atender, satisfatoriamente, essas diretrizes devido
há uma série de fatores, sendo uma delas a corrupção, tornou-se necessário parceiros
socialmente responsáveis para tentar minimizar os problemas sociais existentes.
3.3 CORRUPÇÃO PRODUZ POBREZA
A palavra corrupção, segundo a Wikipédia, a enciclopédia livre (2006), deriva do
latim corruptus que, numa primeira acepção, significa quebrado em pedaços e numa segunda
acepção, apodrecido, pútrido. Por conseguinte, o verbo corromper significa tornar pútrido,
podre.
32
Numa definição ampla, corrupção política significa o uso ilegal - por parte de
governantes, funcionários públicos e agentes privados - do poder político e financeiro de
organismos ou agências governamentais com o objetivo de transferir renda pública ou privada
de maneira criminosa para determinados indivíduos ou grupos de indivíduos ligados por
quaisquer laços de interesse comum – como, por exemplo, negócios, localidade de moradia,
etnia ou de fé religiosa.
Em todas as sociedades humanas existem pessoas que agem segundo as leis e normas
reconhecidas como legais do ponto de vista constitucional.
No entanto, também existem pessoas que não reconhecem e desrespeitam essas leis e
normas para obter benefício pessoal. Essas pessoas são conhecidas sob o nome comum de
criminosos. No crime de corrupção política, os criminosos – ao invés de assassinatos, roubos
e furtos - utilizam posições de poder estabelecidas no jogo político normal da sociedade para
realizar atos ilegais contra a sociedade como um todo.
Dois economistas do Banco Mundial, Daniel Kaufmann e Aart Kraay, elaboraram um
banco de dados com indicadores de boa governança de 160 países, incluindo o combate à
corrupção. De acordo com esse estudo, demonstra a existência de fortes laços entre altos
níveis de corrupção e baixos índices sociais. O dinheiro desviado pelo superfaturamento de
obras públicas e pela sonegação de impostos faz falta para investir em infra-estrutura e saúde
pública.
Maracutaias como essas não apenas diminuem a arrecadação, mas também têm
efeito devastador na criação de postos de trabalho. (Fonte: Eduardo Salgado. Veja. Edição
1.779
-
27
de
novembro
de
2002.
Disponível
em:
http://veja.abril.uol.com.br/idade/exclusivo/271102/p_054.html).
3.4 CORRUPÇÃO
O valor corresponde à perda de produtividade anual provocada por fraudes públicas,
segundo coordenador da FGV.
O brasileiro paga caro pelo aumento da corrupção no País. Segundo estudo feito pelo
coordenador da Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV),
Marcos Fernandes, a perda de produtividade provocada por fraudes públicas no Brasil atinge
33
a casa de US$ 3,5 bilhões por ano. “Da mesma forma que estradas e portos bem estruturados
melhoram a produtividade do País, instituições ineficientes diminuem o ganho da nação”,
afirma Fernandes.
Ele explica que o prejuízo foi calculado com base em dados do Banco Mundial (Bird)
sobre educação e investimentos de 109 países, além de índices de percepção de corrupção da
organização não-governamental Transparência Internacional. Na avaliação do professor da
FGV, com as péssimas qualidades das leis, da governabilidade e do ambiente de negócios, as
empresas hesitam em investir no País e deixam de criar emprego e renda para a sociedade.
Para ter idéia do que significa a perda de produtividade provocada pela corrupção no
Brasil, basta comparar o volume de dinheiro empenhado pelo governo no Ministério dos
Transportes. Até agosto, foram cerca de R$ 5,3 bilhões em obras de infra-estrutura de
transportes, como estradas, hidrovias, ferrovias e portos - bem abaixo da perda de
produtividade anual calculada em US$ 3,5 bilhões, ou R$ 7,5 bilhões convertidos pelo dólar
de R$ 2,17.
Fernandes completa ainda que em apenas dois escândalos recentes da história do
Brasil - o superfaturamento do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo pelo juiz
Nicolau dos Santos Neto e o dos sanguessugas, a população perdeu cerca de US$ 150
milhões. “Com esse dinheiro seria possível construir 200 mil casas populares e abrigar 800
mil pessoas”, calcula o professor.
Segundo ele, muito dinheiro que poderia ser investido na precária infra-estrutura do
País é desviado pela corrupção. Com isso, o Estado perde força e suas políticas de
investimentos são enfraquecidas. Resultado disso pode ser verificado no Índice de
Competitividade Global 2006-2007 do Fórum Econômico Mundial. Números divulgados
mostram que o Brasil caiu nove posições no ranking internacional, de 57ª para 66ª colocação,
ficando abaixo dos demais países que formam o chamado Bric (Rússia, Índia e China).
De acordo com o Fórum, o desempenho do Brasil se deve especialmente a dois
fatores: indicadores macroeconômicos e institucionais. “A corrupção traz efeitos graves para a
competição dos mercados”, afirma o diretor-executivo da Transparência Brasil, Cláudio
Weber Abramo.
Segundo Cláudio, o efeito disso para a população é lamentável, já que menos
investimentos significam menos emprego, renda e piora do bem-estar da população. “O custo
social é grande, pois priva as pessoas de uma melhor qualidade de vida e de liberdade de
escolha”, diz Fernandes.
34
O economista Reinaldo Gonçalves (2006), professor titular da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ), acrescenta ainda que a corrupção aumenta o risco e a incerteza no
ambiente de negócios do País. “Para se proteger disso, os preços dos bens e serviços acabam
embutindo o custo da corrupção, como se fosse um imposto”, reclama ele.
Para o professor, além de aumentar as incertezas, as fraudes públicas elevam as
práticas oportunistas. “Como alguns cometem atos ilícitos e não são punidos, os outros
também adotam armas corruptas para competir”.
Dados da ONG Transparência Internacional mostram que o Índice de Percepção de
Corrupção do Brasil é semelhante ao de países como Belize, Sri Lanka, Peru, Kuwait e
Colômbia. Os países mais seguros são Finlândia, Dinamarca, Cingapura e Suíça. Os piores no
quesito fraude pública são Bangladesh, Paraguai e Indonésia.
Na avaliação do professor de Ética e Filosofia Política da Unicamp, Roberto Romano,
um dos problemas que elevam o índice de corrupção no Brasil é o número de mediadores no
sistema. Da União até chegar ao destino estabelecido, o dinheiro passa por várias mãos, o que
facilita a fraude, argumenta ele. “Resultado disso é a desigualdade entre as regiões e a falta de
competitividade do produto brasileiro. Se você não tem valor agregado, sobretudo de ponta, o
que você tem a oferecer”.
Mas há uma luz no fim do túnel, argumentam os especialistas. Uma das alternativas é
deixar de tratar a corrupção como causa da moralidade. Para Abramo, ela tem origem em
instituições e práticas administrativas frágeis.
“No Brasil, os governos podem nomear cargos aleatoriamente em troca de apoio
parlamentar. Isso precisa ser mudado”, indigna-se ele, reivindicando a criação de políticas de
gerenciamento de conflito de interesses. “Certamente não se combate corrupção dizendo que
ela é feia”. Gonçalves, da FGV, acredita que a instituição de mecanismos que permitam a
fiscalização pública do orçamento do governo já contribuiria para reduzir as fraudes. “É
preciso transparência. Se você torna tudo eletrônico, é possível consultar o andamento dos
processos, contratos de compra de serviços, etc.”. Mas isso precisa ser inteligível. Não adianta
dispor de dados se não é possível fazer a leitura, alerta ele. “Junta-se a isso a necessidade de
redução da burocracia e a aprovação de leis mais racionais”. (Fonte: Renée Pereira. O Estado
de
São
Paulo,
03
de
outubro
de
2006.
Disponível
http://www.estado.com.br/editorias/2006/10/03/eco-1.93.4.20061003.11.1.xml.)
em:
35
3.5 CRESCE O NÚMERO DE “PILANTROPIA” ENTRE AS ONG’s
A explosão do Terceiro Setor, que já é considerado a 8ª economia do mundo e no
Brasil movimenta quase R$ 11 bilhões por ano (Jornal Hoje 04.09.2006), criou outro tipo de
ONG: a dos aproveitadores que, na falta de fiscalização, desviam recursos públicos e
enriquecem através da "boa fé" da sociedade e das empresas. São organizações dedicadas a
aproveitar reivindicações de minorias para achacar empresas. No Rio de Janeiro, segundo
Aprendiz 2006, 12 ONG’s são investigadas pelo Ministério Público por convênios milionários
com o governo fluminense.
No Estado do Rio (Época Edição 420 - 03/06/2006), por exemplo, difundiu-se a
prática de contratação de funcionários pelo governo estadual por intermédio de ONG’s, para
burlar a exigência de concurso público. "É uma intermediação ilegal", diz João Batista
Berthier, do Ministério Público do Trabalho do Rio. "Mas se tornou tão disseminada e caótica
que não temos estimativas sobre o número de funcionários terceirizados via ONG’s."
Há ainda, indícios de que ONG’s de fachada foram usadas pela quadrilha de
sanguessugas que desviava recursos do orçamento com a venda superfaturada de
ambulâncias. As entidades eram usadas para driblar restrições da Lei de Responsabilidade
Fiscal à transferência de dinheiro do governo federal para prefeituras inadimplentes.
A pergunta que se faz é se o estado fiscaliza essas ONG’s? A resposta é que há
fiscalização quanto à intenção dessas instituições e não se a proposta do projeto está sendo
cumprida. A proliferação de ONG’s também é outro motivo que dificulta a fiscalização por
parte do ministério público. Segundo a última contagem oficial em 2002, havia 276 mil
ONG’s no Brasil, ou seja, uma para cada 600 habitantes.
De lá para cá, surgiram em média mais oito ONG’s por dia, numa estimativa baseada
apenas nas que entraram com pedidos de parcerias com governos ou de benefícios tributários.
A esse crescimento não correspondeu o necessário aumento da fiscalização. "Só o Estado tem
poderes de investigar. O cidadão comum, não", diz a advogada Elisa Larroudé, autora de uma
tese de mestrado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo sobre ONG’s.
36
4 METODOLOGIA
Para o desenvolvimento da presente monografia, foi adotada a seguinte metodologia:
pesquisa bibliográfica que segundo Gil (1991, p. 71), “é desenvolvida a partir de material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos” que objetiva explicar um
problema com base em contribuições teóricas publicadas; sites voltados para a área de
administração, onde podemos ter acesso às informações mais recentes sobre o assunto.
O processo investigativo foi direcionado por meio da articulação da abordagem da
pesquisa qualitativa, segundo o mesmo auto, considera que há uma relação dinâmica entre o
mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a
subjetividade, do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos
fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não
requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta
de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a
analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de
abordagem.
Como os procedimentos metodológicos não podem ser dissociados das técnicas, foi
utilizado o método exploratório, que segundo o autor citado, “tem com principal finalidade
desenvolver, esclarecer e mudar conceitos e idéias, com vista na formulação de problemas
mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”. Envolve entrevistas com
pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos
que estimulem a compreensão e estudo de caso. Este último foi realizado em três empresas (O
Boticário, Bradesco e Bunge), onde foi focado o assunto/fenômeno contemporâneo.
Por meio da utilização desses instrumentos acredita-se ter condições para o
desenvolvimento satisfatório do presente Trabalho de Conclusão de Curso.
37
5 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL NA PRÁTICA
Procura mencionar aqui, um relato das práticas de atividades relacionadas com a
Responsabilidade Social Empresarial, são os projetos que as empresas O Boticário, Bradesco
e Bunge estão desenvolvendo. Também há um questionário respondido por cada uma das
empresas utilizadas para o estudo de caso, com a finalidade de identificar melhor o motivo
que estão levando as empresas a adotarem o discurso referente à importância de serem
socialmente responsável.
5.1 CASO I: O BOTICÁRIO
Uma empresa com alma. Há 29 anos, quando abriu uma pequena farmácia de
manipulação em Curitiba-Pr, Miguel Krigsner já havia criado aquela que seria a essência do O
Boticário.
Empreendedor e visionário, sempre à frente de seu tempo, Miguel transmitiu desde
cedo a suas equipes a alma do negócio, um conjunto de crenças que, aprimoradas, tornaram-se
os valores da empresa e norteiam o dia-a-dia de mais de 10 mil colaboradores em todo o
Brasil. Assim, O Boticário cresceu e conquistou o público através de produtos inovadores,
uma rede de lojas de alcance mundial, relações éticas com parceiros e a comunidade e a
prática constante da Responsabilidade Social.
Para servir e ao mesmo tempo estar perto de seus consumidores, O Boticário inovou:
foi pioneiro no sistema de franchising no país. Hoje, as lojas são um modelo de brasilidade,
38
elegância e modernidade. E o atendimento é feito por consultoras de beleza conhecedora do
assunto “cosmético”.
Na sede da fábrica, em São José dos Pinhais/PR, O Boticário desenvolve produtos
para possibilitar a cada pessoa expressar a sua beleza, valorizar a sua personalidade e
conquistar o seu bem-estar. Cada produto é um instrumento promotor de auto-estima, tanto
para quem o usa como para quem o cria.
Para O Boticário, Responsabilidade Social faz parte da história e da cultura da
empresa, que sempre se preocupou com os impactos sociais da organização, em sua busca
permanente pela excelência, nas relações do homem com o seu mundo e o seu futuro.
No Boticário, responsabilidade social não se restringe a uma série de programas ou
projetos de cunho social. Os negócios são conduzidos de forma ética e responsável. A
empresa adota como modelo de gestão a valorização do ser humano, o respeito ao meio
ambiente e a promoção do bem-estar social. Esses valores caminham lado a lado com metas
de produtividade e excelência. (Fonte: http://www.boticario.com.br/institucional).
5.1.1 PERGUNTAS E RESPOSTAS
As perguntas foram enviadas quarta-feira, 04 de outubro de 2006 às 19:47:12 hs, via
e-mail para O Boticário, em forma de questionário estruturado e foram respondidas na
quinta-feira, 05 de outubro de 2006 as 14:48:25 hs pela Srª. Ione Aparecida Santin - Centro de
Relacionamento com o Cliente.
1) Qual o conceito de Responsabilidade Social para O Boticário?
É a forma de conduzir os negócios da organização tendo compromisso contínuo com a
qualidade de vida atual e das gerações futuras, através do comportamento ético, que contribua
para o desenvolvimento econômico, social e ambiental, conseguindo incorporar os interesses
das diferentes partes (*), interessadas nas estratégias de negócio e na implementação das
atividades-
39
(*) acionistas – funcionários – prestadores de serviço – fornecedores – franqueados consumidores – comunidade – governo – sociedade - meio ambiente.
2) Existe uma política de Responsabilidade Social no O Boticário?
Como toda empresa, em qualquer lugar do mundo, O Boticário tem uma importante
função social a cumprir. Este papel é a contribuição que a empresa retorna para a
sociedade,
fechando um ciclo de geração de riquezas e desenvolvimento.
Em 2001, foi oficializada a seguinte política de Responsabilidade Social: No Boticário
os negócios são conduzidos de forma ética e responsável, por meio de estratégias que
integram as dimensões social, econômica e ambiental, considerando os interesses de toda
a rede de relações.
3) Por que O Boticário adota políticas e práticas de Responsabilidade Social?
Em primeiro lugar, porque a empresa enxerga seu papel dentro de todo o contexto
social em que está imersa. Dentro dessa visão, o compromisso empresarial é o de
compartilhar suas experiências com a sociedade, trocando sucessos, desafios, dificuldades.
Esta já era a visão do presidente-fundador da empresa, Miguel Krigsner, desde o início do
empreendimento, há 25 anos.
O Boticário sempre acreditou que seus compromissos não se limitam à geração de
empregos, recursos e benefícios e ao cumprimento das leis e ações sociais obrigatórias. Por
isso, procura atuar com a consciência de uma empresa que exerce a sua cidadania mantendo
atitudes éticas e transparentes com a sua rede de relações.
O investimento em iniciativas sociais pode ser contabilizado desde os primórdios do
empreendimento. Porém a partir de 1990, com a criação da Fundação O Boticário de Proteção
à Natureza, é que a empresa estabeleceu foco prioritário na proteção do meio ambiente
nacional.
A Fundação tem como missão promover e realizar ações de conservação da natureza
para garantir a vida na Terra. É uma entidade independente, sem fins lucrativos, auditada
anualmente pelo Ministério Público.
40
4) Que verba O Boticário destina para investimento social?
A política é destinar até 1% da receita líquida em Investimento Social privado, com
foco prioritário na Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e em projetos sociais.
O Investimento Social Privado é o uso planejado, monitorado e voluntário de recursos
privados - provenientes de pessoa física ou jurídica - em projetos de interesse público, que
tem por objetivo a transformação de determinada realidade social.
5) Existe profissional habilitado que responde pela coordenação dos projetos de
Responsabilidade Social ou ainda uma área responsável?
Como parte de seu modelo de gestão, O Boticário acredita que atuar de forma
socialmente responsável é dever de TODOS dentro da organização. A Diretoria de
Responsabilidade Social tem a atribuição de garantir o alinhamento das ações de
Responsabilidade Social com as estratégias e práticas da empresa. As ações de investimento
social com foco na proteção da natureza e na comunidade são implementadas pela Fundação
O Boticário de Proteção à Natureza, cujo Conselho Administrativo direciona e orienta, e pela
Diretoria de Responsabilidade Social do Boticário. Além disso, existem outras iniciativas do
interesse da sociedade que são conduzidas por outras áreas da empresa.
É prática da organização o intercâmbio e a discussão das questões de
Responsabilidade Social entre várias áreas da empresa, buscando o alinhamento da prática
com as políticas e os conceitos disseminados internamente.
6) Quais os resultados obtidos pela empresa ao adotar políticas e práticas de
Responsabilidade Social? Os resultados são mensuráveis?
O Boticário é cada vez mais reconhecido como uma empresa líder, ética, responsável,
inovadora e empreendedora na sua rede de relações e no exercício de seu papel social.
7) O Boticário contribui para com o Terceiro setor (ONG’s)?
As ações sociais do Boticário estão pautadas na Política de Investimento Social
Privado que direciona os recursos da empresa para os focos meio ambiente através da
41
Fundação O Boticário de Proteção a Natureza e cultura, por meio do Instituto O Boticário. É
política da empresa neste momento, portanto, não realizar doações de recursos financeiros,
materiais e brindes. A Organização-Não-Goveranamental legalmente constituída, que mesmo
sabendo desta limitação deseje manter um cadastro conosco, isto é possível, sim.
Abaixo, os projetos sociais desenvolvidos pela empresa:
A) Projeto Crescer
Proporciona condições para os jovens competirem no mercado de trabalho e conta
com a parceria da comunidade local através da Guarda Mirim de São José dos Pinhais.
Somente em 2004, 45 jovens passaram pelo treinamento de 1.129 horas. Seis deles foram
efetivados no O Boticário.
O projeto permite a contratação de menores de 18 anos sob condição de lei e estimula
o desenvolvimento pessoal e profissional dos adolescentes de várias formas:

Cinema na empresa;

Acompanhamento pessoal – psicólogo;

Treinamentos: equipe, ética, psicologia, mercado de trabalho.

Visita a outras empresas
B) Viver mais Natural
O programa sai dos portões da empresa e avança para a comunidade em forma de
eventos e campanhas com palestras educativas sobre o uso de drogas, dirigidas
principalmente para estudantes e pais, além de membros de instituições em geral.
Essência da Vida
Neste programa, O Boticário abre suas portas para receber as gestantes da
comunidade. Assim, as futuras mamães da região podem se inscrever para participar das
atividades promovidas, em conjunto com as funcionárias da empresa, visando com que as
mulheres tenham uma maternidade mais saudável e feliz.
42
Fábrica de Talentos na Comunidade
O objetivo deste projeto é promover, através de habilitação para determinadas funções,
a inclusão, ou reinserção social, abrindo oportunidades para entrada no mercado de trabalho.
Com apoio técnico do SENAI Paraná, O Boticário implantou, no ano 2000, um projeto
que prepara os funcionários da área industrial, dentro da própria empresa, tanto no aspecto
técnico como comportamental. Em 2002, o Programa foi estendido à comunidade externa, em
São José dos Pinhais.
A Fábrica de Talentos na Comunidade significa mais que uma operação social. Ao
fornecer treinamento profissionalizante e permitir que muitas pessoas tenham novas
condições para trabalhar e se sustentar e modificar trajetórias de vida. Pessoas motivadas,
trabalhando com habilitação e orientação, certamente produzem um contexto mais dinâmico
de desenvolvimento da sociedade.
Objetivos específicos:

Oferecer oportunidade de qualificação profissional;

Desenvolver cursos que proporcionem a empregabilidade;

Contribuir para o desenvolvimento do pólo industrial da comunidade.
Projeto Brincar é Coisa Séria
Os brinquedos arrecadados pelas doações de funcionários são distribuídos para
crianças de instituições beneficentes da comunidade.
Programa de Valorização da Diversidade
O Boticário acredita que as diversidades de raças, sexo, idade, religião e deficiências
podem ser positivas. Por isso a empresa desenvolveu o Programa Valorização da Diversidade,
que visa à inclusão de diferentes profissionais na força de trabalho, e a forma como essas
diferentes pessoas com suas diferentes visões e forma de trabalhar agregam valor ao negócio.
No ano de 2003 o foco do Programa Valorização da Diversidade foi no Projeto de
Inclusão de Profissionais Portadores de Deficiência (PPD).
43
A Lei 8.213 determina que empresas com mais de 100 empregados contratem pessoas
com deficiência, seguindo a cota de 2% a 5%, de acordo com o número de funcionários. Mas
a empresa não quer apenas cumprir a lei, quer mais. Já a 15 anos, muito antes de haver
alguma obrigação legal, O Boticário tinha em sua força de trabalho portadores de deficiência
e já reconhecia o seu valor humano e profissional.
C) Espaços Culturais
Os espaços culturais do Boticário estão localizados no Shopping Estação, em Curitiba.
Espaço do Boneco - O Espaço do Boneco foi pensado como um local para a
catalisação e divulgação das coleções e acervos de estudiosos e praticantes da arte bonequeira.
Com este objetivo, vem reforçar o intuito da preservação de tal prática que nos aproxima das
tradições e do folclore de nosso país.
Tendo a intenção de ampliar seu acervo, a fim de poder elaborar exposições de cunho
didático e preservacionista, no que tange á cultura popular, inicia uma campanha nacional e
internacional de coleta. Mantém exposição permanente e temporária dinamizando o acervo,
possui também demonstrativo passo a passo da confecção dos bonecos e formas de
manipulação. Recebendo pesquisadores e orientando pesquisas pertinentes á tal arte, através
de biblioteca específica e videoteca com espetáculos teatrais.
Seus públicos alvos são os praticantes da arte bonequeira, estudiosos, estudantes,
público em geral e curiosos por esta prática milenar. Sua maior intenção é a conservação e
divulgação da arte bonequeira, abrindo como único na sua especificidade, portas para se evitar
a perda de nossos valores culturais.
Espaço Perfume - Tem por objetivo conservar e divulgar todos os aspectos
pertinentes à arte da perfumaria, explorando a história desde 4000 anos atrás, visa ser fonte de
pesquisa e produção de conhecimento a todo o público em geral interessado, e aos estudantes
mais especificamente de farmácia e bioquímica, desenho industrial, história e sociologia.
Montado por uma equipe de profissionais de múltiplas áreas, durante dois anos de
intensos trabalhos, conseguiu-se um resultado impar, não somente pela singularidade de sua
existência ser o único do Brasil, como também pela grande repercussão e nível de satisfação
alcançado em seu público alvo.
Mesclando informações da história oficial com o da história da perfumaria conseguese a produção de conhecimento residual no visitante. Utilizando tecnologia de ponta, atinge a
mais variada gama de visitantes.
44
O acervo coletado durante a elaboração do espaço expositivo, hoje é um dos mais
significativos do mundo, podendo-se afirmar com segurança. Foi mantido intercâmbio com as
mais diversas instituições de cultura dentro e fora do país, desde centros de pesquisa
arqueológica de onde são provenientes os materiais originais que são mantidos em exposição
permanente com datações de 1400 aC. de várias procedências, tais como Fenícia, Roma,
China, engrandecendo e enriquecendo a nossa cidade com acervos assim preciosos.
Também espécies de frascos fabricados por grandes designers internacionais como
Baccarat, Lalique e outros. Tendo a missão da divulgação e preservação da cultura, mostra
através desta viagm no tempo, todos os valores agregados àquela evolução.
Museu da Farmácia - O Museu da Farmácia Augusto Stellfeld tem a missão de
preservar e divulgar o acervo pertencente à família do primeiro farmacêutico de Curitiba,
além de assim prestar uma homenagem à tão importante figura de nossa história.
Trata-se de uma exposição permanente com objetos de uso pessoal e profissional de
Augusto Stellfeld e de seus sucessores. Mantém exposições temporárias, trás acervos de
farmácia de todo o país servindo de fonte de pesquisa ao seu publico alvo os estudantes, e
também permitindo o acesso do público em geral a coleções de interesse geral por perfazerem
caminhos da história comum e mostrando um pouco do complexo mecanismo social que fez a
história do Paraná.
Museu Ferroviário - O Museu Ferroviário de Curitiba que está situado na antiga
estação de trens é patrimônio tombado pelo estado do Paraná. Foi recentemente remodelado,
atualizando questões históricas e sociais além da implantação de uma política documental
adequada.
O ambiente hoje monitorado 24 horas, abriga um acervo pertencente à agora em
extinção RFFSA, estando sendo hoje transmitido para a supervisão do IPHAN que concedeu
sua aprovação aos métodos, museográficos, arquitetônicos e de restauração da edificação,
hoje empregados.
Tem como missão a conservação e a divulgação da memória ferroviária estadual, que
ajudam a explicar e justificar a história comum do desenvolvimento econômico do Paraná.
Compromissos Assinados
Global Compact - O Boticário é signatário do Global Compact, termo das Nações
Unidas referente à ética na condução dos negócios e ao compromisso da comunidade
45
empresarial mundial com a promoção de valores fundamentais nas áreas de direitos humanos,
trabalho e meio ambiente.
Erradicação do Trabalho Infantil - Também é signatário do Compromisso de
Conduta Empresarial para Erradicação do Trabalho Infantil, ratificado em 1999 na 2ª
Conferência de Responsabilidade Social das Américas.
Benefícios Diferenciados para Colaboradores
Plano de Assistência Médica inclui tratamentos não convencionais - oferecido a
todos os funcionários na modalidade Gestão Compartilhada, o plano de assistência médica
supera a maioria dos planos empresariais existentes no mercado. Além dos tratamentos
convencionais, os funcionários se beneficiam de diferenciais como: psicoterapia,
fonoaudiologia, acupuntura, florais de Bach, medicina ortobiomolecular, terapia ocupacional
e tratamento esclerosante de varizes.
O plano é pós-pago, ou seja, só há participação financeira do funcionário quando ele
utiliza o serviço. Por exemplo: para exames, em geral, o custo arcado pelo funcionário ou
dependente é de 10%; já para consultas é de 20%; no caso de internações e cirurgias, o
funcionário não arca com custo algum.
Um representante da empresa administradora do plano de saúde dá plantão de
atendimento de segunda a sexta, no parque industrial, para esclarecimento de dúvidas ou
qualquer outra necessidade, oferecendo maior comodidade e facilitando o encaminhamento
burocrático para os colaboradores. O plano é extensivo aos dependentes diretos (cônjuges e
filhos).
Há ainda a possibilidade de reembolso de consulta médica, quando o funcionário opta
por consultar com profissionais não conveniados.
Plano de Previdência Privada BOTIPREV – como forma de incentivar uma cultura
de poupança para a aposentadoria, a empresa oferece um exclusivo plano de previdência
privada, em que a própria a empresa é parceira do funcionário nas contribuições.
A soma de depósito de todos os participantes forma um grande fundo de investimento
que a empresa administradora BoticárioPrev aplica no mercado financeiro.
Os rendimentos obtidos são superiores às tradicionais aplicações de mercado (como
poupança). Abrange todos os funcionários da empresa que optem por aderir ao plano.
Centro Educacional Anneliese Krigsner (CEAK) – a educação no período pré-
46
escolar é promovida no CEAK com formação completa e integral, desde o berçário até o
jardim III.
As crianças, desde bebês, recebem atendimento pedagógico especializado, sendo
estimuladas em todas as fases de seu desenvolvimento com atividades extracurriculares como
aulas de música, coral, artes etc.
O atendimento inclui alimentação completa (cinco refeições), material escolar e
emergência médica, além de acompanhamento por parte de profissionais especializados em
pedagogia, psicologia e nutrição.
O horário de funcionamento do CEAK é das 7h30 às 18h30, durante todos os meses
do ano, abrangendo filhos de funcionárias e funcionários.
A contribuição dos funcionários corresponde a apenas 10% do valor investido pela
empresa a cada criança assistida.
Reembolso educação infantil – todas as funcionárias contam com reembolso mensal
para despesas com educação infantil. O benefício é válido não só para filhos que ficam em
berçário, mas estende-se também para crianças até 6 anos, ou até completarem o jardim III. O
reembolso de 50% tem valor limite e serve para cobrir parte das despesas com matrícula e
mensalidades.
Odontologia – os funcionários atuantes no parque industrial e seus filhos até 18 anos
contam com serviços gratuitos de odontologia preventiva e curativa. Os tratamentos que não
são cobertos no ambulatório da empresa podem ser feitos com dentistas conveniados com a
Associação dos Funcionários. Neste caso, os benefícios variam entre descontos (de 20 a 50%
do valor total do tratamento) e facilidades no prazo de pagamento.
Serviço de apoio a filhos especiais de funcionários – orientação personalizada e
apoio financeiro para tratamento de filhos de funcionários que apresentem qualquer tipo de
deficiência física ou mental.
Convênio Farmácia – reembolso de 50% do valor de medicamentos adquiridos com
receita médica para todos os funcionários e seus dependentes legais.
Nutrição infantil complementar – complemento de nutrição infantil (leite em pó),
destinado a funcionários (homens e mulheres) que tenham filhos de quatro meses até dois
anos, desde que essa complementação seja indicada pelo médico pediatra, já que a empresa
estimula a amamentação.
Empréstimo BOTIPREV – benefício concedido a todos os funcionários que
participam do plano de previdência privada da empresa, com juros abaixo do praticado pelo
mercado. O valor do empréstimo é equivalente ao salário nominal do funcionário.
47
Restaurante na empresa – o restaurante do parque industrial assegura qualidade e
variedade na alimentação, suprindo as necessidades nutricionais de maneira equilibrada e
saudável. Para almoço e jantar, há três opções diárias de cardápio. Há ainda a opção de pratos
com dieta personalizada, conforme prescrição médica. O restaurante é único, atendendo a
todos os níveis hierárquicos, desde profissionais operacionais, até a diretoria.
Tíquete alimentação – modernidade, agilidade e segurança são proporcionados pelo
cartão eletrônico destinado à aquisição de produtos alimentícios em supermercados
conveniados em todo o Brasil.
Tíquete alimentação especial de Natal – como forma de valorizar o Natal em família,
este benefício permite que o funcionário amplie suas compras, escolhendo produtos de acordo
com suas preferências. Trata-se de um valor extra creditado a cada final de ano no mesmo
cartão eletrônico Ticket Alimentação, como um bônus especial de Natal.
Auxílio funeral – em caso de falecimento de funcionário, a empresa presta
atendimento emocional à família, realiza o acompanhamento da situação e arca com as
despesas do funeral, conforme valor limite. No caso de falecimento de familiares, a empresa
orienta e apóia o funcionário. O benefício é dirigido a funcionários efetivos e extensivos, aos
seus familiares diretos (cônjuges, pai, mãe e filhos).
Ônibus fretado – os funcionários que trabalham no parque industrial (sede da
empresa) têm a opção de utilizar o transporte fretado com ônibus tipo turismo e roteiros
exclusivos, que oferece maior conforto e segurança. Os filhos que ficam no CEAK,
acompanhados pelo pai ou pela mãe, também podem utilizar o transporte fretado para o
deslocamento da casa para o CEAK e vice-versa. Além disso, como respeito e estímulo aos
profissionais que estudam após o expediente, O Boticário oferece também exclusiva linha de
ônibus que circula próximo às principais universidades de Curitiba.
Complementação salarial do benefício pago pelo INSS – quando o período do
afastamento do funcionário for superior a 15 dias nos casos de auxílio-doença e auxílioacidente, O Boticário complementa o pagamento do salário nominal. Este benefício evita que
o funcionário tenha perdas de rendimentos, em função do valor base pago pelo INSS.
Convênio INSS para auxílio-doença, auxílio-acidente e salário-maternidade – em
caso de afastamento do trabalho pelo INSS por mais de 15 dias, O Boticário providencia toda
a documentação para o funcionário, sem que o mesmo precise se deslocar até o INSS,
enfrentando filas.
Atendimento a emergências médicas – todos os funcionários, estagiários,
temporários, terceiros e visitantes em geral no parque industrial estão cobertos pelo
48
atendimento médico emergencial de área protegida, incluindo-se o serviço de remoção em
unidade móvel.
Além desses benefícios diretos, a empresa tem um modelo de gestão que a diferencia
pelas facilidades oferecidas e condições de trabalho atrativas, tais como:
Horário Flexível – os funcionários que trabalham em horário administrativo, das 8h
às 17h30, podem flexibilizar a sua jornada de trabalho em uma hora antes ou uma hora
depois, desde que cumpram uma jornada diária de 8h30.
Banco de Horas – instrumento que administra as horas excedentes (positivas) e
faltantes (negativas). O Banco de Horas tem como finalidade permitir uma flexibilização na
jornada de trabalho, de forma a atender às variações de demanda operacional e de compensar
as eventuais necessidades de ausência do funcionário ao trabalho.
Associação dos Funcionários – empresa sem fins lucrativos que promove a
integração dos funcionários e familiares através de sede esportiva, academia de ginástica,
competições, promoções, eventos, excursões etc. Também pela Associação, o funcionário
pode comprar produtos da marca O Boticário para uso próprio com 50% de desconto.
Salão de Beleza - a Associação oferece para todos os funcionários e seus dependentes
serviços completos de um salão de beleza, com custos abaixo do mercado e com valor a ser
descontado em conta corrente.
Distribuição de produtos em datas comemorativas - eventos de sensibilização
interna, envolvendo todos os colaboradores, em algumas datas comemorativas durante o ano
(Dia da Mulher, das Mães, dos Namorados, dos Pais, da Criança e Natal). Nestes eventos são
trabalhados temas de interesse geral e distribuídos produtos da empresa para todos os
funcionários, terceiros e temporários atuantes no parque industrial de São José dos Pinhais.
Campanhas de saúde e prevenção – envolvendo a totalidade do quadro funcional e
terceiros, são realizadas ao longo do ano vários tipos de campanhas internas de cunho
educativo e de prevenção de doenças. Um exemplo é a tradicional campanha de vacinação
contra a gripe, em que a empresa subsidia 50% do custo da vacina para o funcionário efetivo e
oferece a vacina com desconto, em relação ao preço praticado no mercado, para familiares,
temporários, estagiários e terceiros.
Nutricionista na empresa – uma profissional está à disposição dos funcionários
interessados em marcar consultas e contar com acompanhamento nutricional individualizado
durante o período de tempo desejado.
49
Sala de Harmonização - equivalente às conhecidas salas de descompressão, é dirigida
para profissionais do Serviço de Atendimento ao Cliente e do Serviço de Atendimento ao
Franqueado. Lá os profissionais dispõem de televisão, vídeos, sons de barulho da natureza,
objetos massageadores, plantas etc. Tudo para ajudar no relaxamento e no equilíbrio do
sistema nervoso dos profissionais de telemarketing.
5.2 CASO II: BRADESCO S.A.

Maior Banco privado do Brasil;

R$ 232,9 bilhões em Ativos Totais;

16,6 milhões de clientes;

2.993 Agências: a maior Rede privada do Brasil;

Líder privado em Internet Banking, com 7,3 milhões de usuários;

1,4 milhões de acionistas;

Maior rede privada de auto-atendimento, com 23.551 máquinas Bradesco Dia&Noite e
acesso a Rede Banco24Horas, composta por 2.841 máquinas;

R$ 137,6 bilhões em recursos administrados pela BRAM;

49,5 milhões de Cartões de Débito e Crédito Bradesco;

Maior empregador privado do Brasil.
O Bradesco também ocupa posição de liderança nos mercados de Seguros, Leasing e
Capitalização. No segmento de Previdência Privada, o Bradesco possui 1,71 milhões de
participantes e 36 bilhões administrados na Carteira de Investimentos.
Presente em todas as regiões do Brasil, o Bradesco dispõe de uma ampla rede de
atendimento ao cliente. São 2.993 Agências, 2.513 postos de atendimento bancário e 23.551
mil terminais de auto-atendimento Bradesco Dia&Noite. Uma sofisticada central telefônica, o
Fone Fácil, recebeu 70,8 milhões de ligações no 2º trimestre de 2006 e 98,9 milhões de
transações realizadas. O Bradesco Internet Banking é outro canal de atendimento com 7,3
milhões de usuários que realizaram cerca de 194,1 milhões de transações, no 2º trimestre de
2006. Além disso, grandes grupos econômicos e pessoas físicas com alta disponibilidade
financeira recebem atendimento especializado por meio das áreas Private e Corporate.
50
No exterior, o Bradesco tem Agências em Nova York, Grand Cayman e Nassau, além
de subsidiárias em Buenos Aires, Luxemburgo, Tókio e Grand Cayman. (Fonte:
http://www.bradesco.com.br).
5.2.1 PERGUNTAS E RESPOSTAS
As perguntas foram enviadas terça feira, 10 de outubro de 2006 às 15:08:25 hs, via
e-mail para o Banco Bradesco S.A., em forma de questionário estruturado e foram
respondidas na terça-feira, 17 de outubro de 2006 às 15:28:26 hs pelo Sr. Luciano de Souza –
Relação com o Mercado.
1) Qual o conceito de Responsabilidade Social para o Bradesco?
As ações permeadas por Responsabilidade Social, há muito está presente na
Organização Bradesco. Essa atuação está intimamente vinculada aos valores corporativos da
empresa e, esse incessante trabalho, que chega aos 63 anos, busca estimular o
desenvolvimento econômico, a melhoria da qualidade de vida da comunidade onde atua e da
sociedade como um todo. E é esse o espectro da Responsabilidade Social para a Organização
Bradesco, que considera as expectativas e anseios dos seus stakeholders na criação e no
desempenho de seus produtos e serviços.
2) Existe uma política de Responsabilidade Social no Bradesco?
Sim, ela encontra-se no site do Bradesco, na parte de Relações com investidores, o
acesso é feito através do link abaixo:
http://www.bradescori.com.br/site/default.asp?menuid=251
3) Por que o Bradesco adota políticas e práticas de Responsabilidade Social?
Assim, a Organização Bradesco reafirma a convicção de que empresas bem sucedida
são aquelas que geram bons resultados para toda a sociedade e que adotam políticas de longo
51
prazo, cujo objetivo é o desenvolvimento sustentado do país e da melhor distribuição de sua
riqueza.
Ademais, a crença do Banco Bradesco está em que a atividade empresarial só faz
sentido quando se pode contribuir para a participação do esforço de toda sociedade para a
redução dos indicadores de exclusão social.
4) Que verba o Bradesco destina para investimento social?
Esse valor também é publicado em nosso balanço Social, disponível em nosso site.
Temos o valor referente a 2005 apenas por hora. Em 2005, a Organização Bradesco fez
investimentos sociais de cerca de R$220 milhões. O principal investimento é feito pela
Fundação Bradesco, que destinou R$167 milhões para seus programas educacionais. O
Bradesco mantém todos os anos, um extenso programa de patrocínio a evento culturais e
comunitários que enriquecem a cultura brasileira. O Programa Finasa Esportes, é um dos mais
relevantes e é resultado de uma parceria com a Prefeitura de Osasco, proporciona a iniciação
de meninas à pratica de volleyball e basquete, e destinou recursos de aproximadamente
R$12,6 milhões. Este programa existe há mais de 18 anos e somente em 2005, ofereceu
treinamento esportivo a mais de 3.000 meninas provenientes de famílias carentes. Em 2005,
apoiou 697 eventos com investimento total de R$53 milhões, dentre eles, pouco mais de R$5
milhões foram incentivados pela Lei Rouanet.
5) Existe profissional habilitado que responde pela coordenação dos projetos de
Responsabilidade Social ou ainda uma área responsável?
A criação da área de Responsabilidade Sócio-ambiental, inserida no Departamento de
Relações com Mercado, se deu em setembro de 2005. Criada para assessorar o Comitê
Executivo de RSA (Responsabilidade Sócio-ambiental), também é responsável pela
coordenação, implantação e monitoramento das diversas práticas permeadas pela
responsabilidade sócio-ambiental.
Suas principais atribuições são:
- Buscar a convergência de objetivos entre negócios da Organização e os aspectos de
RSA, agregando valor a todas as partes interessadas.
52
- Buscar crescente conscientização dos colaboradores a respeito dos deveres sócioambientais do Bradesco.
- Informar a Diretoria Executiva e o Comitê Executivo de RSA sobre o andamento das
ações tomadas e a necessidade de melhorias.
- Revisar periodicamente os objetivos do Bradesco no campo de RSA.
- Assegurar que os requisitos sócio-ambientais adotados sejam implementados e
mantidos.
- Monitorar as mudanças nas leis e normas regulamentadoras.
- Propor e monitorar a implementação de metas sócio-ambientais.
- Criar mecanismos de mensuração que assegurem o cumprimento das metas
estabelecidas.
A área é composta por uma socióloga, uma advogada ambiental, mais três
funcionários que possuem MBA em gestão ambiental.
6) Quais os resultados obtidos pela empresa ao adotar políticas e práticas de
Responsabilidade Social? Os resultados são mensuráveis?
Acreditamos que gerar e distribuir riqueza são um dos maiores resultados obtidos pela
prática sustentável de nossos negócios. Os resultados são, em sua maioria, intangíveis, porém
é visível a importância da mitigação de riscos, quando se adota, por exemplo, os Princípios do
Equador (conjunto de critérios definido pela International Finance Corporation – IFC – órgão
do Banco Mundial que leva em conta à avaliação de impactos sócio-ambientais na liberação
de crédito para projetos corporativos), no que tange os projetos Project Finance. Outro aspecto
importante a ser mencionado é a Inclusão Bancária proporcionada em especial para a base da
pirâmide da sociedade brasileira, através do Banco Postal, parceria do Bradesco com a
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).
A primeira agência foi inaugurada em março de 2002. O Banco Postal está presente
em todos os municípios brasileiros que possuem agência dos Correios, totalizando,
atualmente, mais de 4,7 mil. O Banco Postal já foi implantado em mais de 5.500 agências
próprias dos Correios e, neste momento, prepara-se para estender-se também às agências
franqueadas, comunitárias permissionárias, totalizando quase 8.000 unidades. Em pouco mais
de quatro anos de existência, mais de 5,3 milhões de contas foram abertas por intermédio do
Banco Postal. Do total de bancarizados pelo Banco Postal, 88% são pessoas com renda até 3
(três) salários mínimos.
53
Mais de 1.700 municípios anteriormente desassistidos por bancos, passaram a contar
com o Banco Postal, beneficiando uma população de mais de 14 milhões de pessoas que,
antes, não contavam com a prestação desse serviço. Assim, o Banco Postal foi concebido para
suplementar o Sistema Financeiro, proporcionando atendimento à população, principalmente
à de baixa renda, em suas próprias localidades. Tem importante papel como agente de
desenvolvimento sócio-econômico, possibilitando que os recursos circulem nos próprios
municípios, fomentando a poupança local.
7) O Bradesco colabora com o Terceiro Setor (Ong"s)?
Sim.
Abaixo, os projetos sociais desenvolvidos pela empresa:
A) Fundação Bradesco
O Bradesco atua em diferentes frentes, possibilitando a realização de projetos e
eventos em benefício da sociedade e valorização da cidadania. Entre eles, destaca-se o
trabalho realizado pela Fundação Bradesco, entidade voltada para a educação de crianças,
jovens e adultos, que atende gratuitamente a mais de 107 mil alunos em 40 escolas instaladas,
prioritariamente, em regiões de acentuadas carências socioeconômicas, em todos os Estados
Brasileiros e no Distrito Federal.
Educação Básica
A Educação Básica compreende a Educação Infantil, o Ensino Fundamental (primeira
à oitava série) e o Ensino Médio, constituindo mais de 43% do atendimento anual em que são
oferecidos gratuitamente, além do ensino, material escolar, uniforme, alimentação e
assistência médico-odontológica. A Fundação Bradesco mantém ainda cursos de educação
profissional básica, especialização rápida, informática para deficientes visuais e alfabetização
de adultos.
O trabalho da entidade já mereceu o reconhecimento de várias instituições nacionais e
internacionais, como o da Universidade de Harvard, que considera seu projeto referência
mundial no Terceiro Setor.
54
Finasa Esportes
O Programa Finasa Esportes, antes denominado BCN Esportes, é um trabalho de
iniciação esportiva e de assistência social. Reúne cerca de 3.093 meninas de 10 a 16 anos, em
73 núcleos instalados em escolas estaduais e particulares, nos centros esportivos da Prefeitura
de Osasco, na Fundação Bradesco e em unidades do SESI. Além de técnicas de vôlei e
basquete, elas recebem noções de cidadania, importantes para toda a vida independentes de se
transformarem em atletas.
A iniciação esportiva não faz distinção de altura, peso ou habilidade na seleção das
participantes. Dá-se preferência para as crianças das comunidades carentes e as únicas
exigências são: a freqüência e o bom desempenho escolar. As crianças contam com todo o
apoio necessário e, até mesmo ajuda psicológica, para o seu desenvolvimento.
São realizadas diversas atividades educacionais e culturais, que buscam desenvolver o
conceito de cidadania, incluindo as alunas, os professores e, muitas vezes, os pais. Questões
sobre família, uso de drogas, sexualidade, solidariedade e violência também fazem parte da
pauta anual do Programa Finasa Esportes.
Inclusão Digital
Resultado de parceria entre a Fundação Bradesco, empresas de tecnologia e grupos
representativos da comunidade – a exemplo de ONG’s, centros comunitários e organizações
vinculadas ao poder público - os Centros de Inclusão Digital (CIDs), surgiram em 2004 com o
objetivo de oferecer formação básica em informática e acesso a serviços públicos pela
Internet, além de valorizar a cidadania com o desenvolvimento de ações articuladas. Dessa
forma, estenderam os benefícios da informática a pessoas que, de outra forma, não teriam
acesso a esses recursos. Nos CID’s, professores, alunos e monitores – todos voluntários da
própria Fundação Bradesco – ensinam a operação de computadores, programas e periféricos,
e coordenam a formação de monitores entre as pessoas da comunidade de maneira a ampliar e
multiplicar o alcance da iniciativa. Por meio do oferecimento de um conjunto cada vez maior
e mais completo de cursos, a Fundação Bradesco pretende colocar os CID’s no patamar de
centros de aprendizagem, de qualificação profissional e de irradiação do conhecimento.
Já existem 42 CID’s instalados em vários estados brasileiros e no Distrito Federal, o
último deles inaugurado na Escola da Fundação Bradesco em Irecê, na Bahia. Desde o seu
início, o projeto dos Centros de Inclusão Digital já atendeu mais de 20 mil pessoas.
55
SOS Mata Atlântica
A Organização Bradesco mantém desde 1990 uma parceria com a Fundação SOS Mata
Atlântica com o propósito de viabilizar projetos voltados à proteção de um dos mais ricos,
diversos e ameaçados ecossistemas do planeta. Do ponto de vista prático, essa parceria gerou
diversas iniciativas importantes, com destaque para dois produtos: o “Cartão de Afinidade
SOS Mata Atlântica” e o título de capitalização da família “Pé Quente Bradesco SOS Mata
Atlântica”. Em ambos os casos, parte dos recursos arrecadados é doada à Fundação e se
transforma em programa de educação ambiental e de reflorestamento. Esse suporte da
Organização Bradesco já viabilizou o plantio de 14 milhões de mudas de árvores,
contribuindo de maneira direta com o esforço de preservação da Mata. Somados os recursos
provenientes, principalmente, dos produtos Cartões Bradesco, Bradesco Capitalização e
Previdência Privada, o total repassado atinge a cifra de R$ 33 milhões.
Ação Voluntária
Desde 2003, a Fundação Bradesco vem promovendo o Dia Nacional de Ação
Voluntária, uma parceria entre alunos, professores, funcionários e profissionais de diversos
segmentos em favor da comunidade. Durante um dia inteiro, atividades gratuitas voltadas às
áreas de saúde, educação, cidadania e lazer são colocadas à disposição nas 40 escolas da
Fundação. Escolas públicas e centros comunitários distribuídos por regiões carentes em todos
os Estados brasileiros e no Distrito Federal.
Em 2006, o Dia Nacional de Ação Voluntária – que também tem o propósito de
reforçar a cidadania e os laços de solidariedade - mobilizou cerca de 21 mil voluntários –
além dos educadores da Fundação, profissionais das mais diversas áreas como médicos,
dentistas, nutricionistas, psicólogos e advogados - e realizou mais de um milhão de
atendimentos.
Veja a seguir alguns das atividades realizadas:
 Exames preventivos de saúde (medição de pressão, diabetes, etc)
 Palestras sobre risco do uso de drogas, prevenção de DST’s/Aids
 Orientação sobre saúde bucal
 Ensino de elaboração de currículo
56
 Emissão de documentos (RG, CPF e Carteira Profissional)

Oficinas de artesanato

Cortes de cabelo

Ensino de preparo de refeições sem desperdício

Mostras artísticas e gincanas
Cerificações Ambientais ISO140001
Em junho de 2006, o Bradesco tornou-se o primeiro banco do país a conquistar essa
certificação internacional conferida às empresas comprovadamente comprometidas com o
apoio às iniciativas de preservação do meio ambiente e de valorização da sustentabilidade. A
unidade certificada pela Fundação Vanzolini foi o Prédio da Avenida Paulista, no qual são
observados os mais rígidos critérios para redução do consumo de água e energia elétrica e
controle na geração de resíduos sólidos.
Benefícios Diferenciados para Colaboradores
Plano de Aposentadoria Complementar: Administrado pela Bradesco Vida e
Previdência. O Bradesco participa com 50% das parcelas mensais.
Seguro Saúde e Odontológico: Destinado a todos os funcionários e seus dependentes.
Estendido também aos colaboradores desligados e aos seus familiares por um período que
pode chegar a nove meses.
Seguro de Vida em Grupo: Apólice de seguro de vida em grupo e acidentes pessoais
de custos subsidiados pelo Bradesco.
Vacinação contra a gripe: Campanha anual de imunização.
Serviço social e assistência Psicológica: Suporte disponibilizado a funcionários e
dependentes em situações de emergência.
Fornecimento de lanches: Sucos, cafés, lanches e frutas disponíveis diariamente, pela
manhã e à tarde.
Atividades de Lazer: Estrutura especial na Cidade de Deus – sede do Bradesco –
disponibilizada a todos os funcionários e dependentes. Conta com piscinas, campo de futebol
e quadras poli esportivas.
57
Isenção de Tarifas: Para diversos produtos e serviços, incluindo cartão de crédito.
Empréstimo Social: Empréstimos especiais, com taxas subsidiadas, destinados a
situações de emergência.
Crédito subsidiado: Empréstimos com taxas especiais para aquisição de imóveis,
automóveis, microcomputadores ou para financiamento de despesas pessoais.
ShopFácil Funcionário: Canal de compras on-line com descontos especiais.
Auxílio Creche/Babá: Disponível para colaboradores com filhos de até 6 anos e 11
meses. Não há limite de idade para filhos portadores de necessidades especiais que exijam
cuidados permanentes.
Vale-Transporte: No Bradesco, o valor de desconto não supera 4% do salário, apesar
da legislação vigente autorizar o desconto até 6%.
Vale-Refeição: Distribuído a todos os funcionários da Organização com o objetivo de
custear as despesas de refeição. Nesse benefício não há qualquer desconto nos vencimentos
do colaborador.
Auxílio Funeral: Ajuda financeira para que o colaborador possa fazer frente às
despesas relativas ao funeral de familiares de primeiro grau.
Auxílio Doença: Disponível no caso de licenças médica superiores há 15 dias,
originadas por doença ou acidente.
Requalificação Profissional: Verba de pagamento único destinada a requalificação e
oferecida aos ex-colaboradores desligados sem justa causa.
5.3 CASO III: BUNGE S.A.
A história da Bunge começa em 1818, quando foi fundada a Bunge & Co., em
Amsterdã, Holanda, por um negociante de origem alemã, Johannpeter G. Bunge, para
comercializar produtos importados das colônias holandesas e grãos. Alguns anos depois, a
sede da empresa muda-se para Roterdã e são abertas subsidiárias em outros países europeus.
Em 1859, a convite do rei do recém-criado Reino da Bélgica, a Bunge transfere sua
sede para Antuérpia, tornando-se o braço comercial da expansão internacional do novo Reino.
Inicia negócios na Ásia e África, já sob o comando de Edouard Bunge, neto do fundador.
Em 1884, Ernest Bunge, irmão de Edouard, muda-se para a Argentina, onde, com
58
outros sócios, cria uma empresa coligada com o nome de Bunge Y Born, com o objetivo de
participar do mercado de exportação de grãos do país. A Bunge, presente no Brasil desde
1905, é uma das principais empresas de agribusiness e alimentos do país, atuando de forma
integrada em toda a cadeia produtiva.
Por meio de suas subsidiárias integrais - Bunge Fertilizantes e Bunge Alimentos
produzem fertilizantes e ingredientes para nutrição animal, processam e comercializam soja e
outros grãos, fornece matéria-prima para a indústria de alimentos e food service, além de
produzir alimentos para o consumidor final.
Marcas como Serrana, Manah, Iap, Ouro Verde, Salada, Soya, Cyclus, Delícia, Primor
e Bunge Pró, estão profundamente ligadas não apenas à história econômica brasileira, mas
também aos costumes, à pesquisa científica, ao pioneirismo tecnológico e à formação de
gerações de profissionais. (Fonte: http://www.bunge.com.br/quemsomos).
5.3.1 PERGUNTAS E RESPOSTAS
As perguntas foram enviadas terça-feira, 14 de novembro de 2006 as 15:39:10 hs, via
e-mail para a Bunge S.A., em forma de questionário estruturado e foram respondidas na
quarta-feira, 22 de novembro de 2006 as 16:34:15hs pela Srª. Anna Barcelos - Coordenadora
de Comunicação.
1) Qual o conceito de Responsabilidade Social para a Bunge?
Entendemos que a responsabilidade social empresarial está apoiada na necessidade
de desenvolvimento humano e social. Para isso promovemos a integração dos diversos
agentes dos setores público e privado na busca de soluções em conjunto, com
responsabilidades compartilhadas, dentro de uma visão integrada independente de posições
políticas ou ideológicas, porém, sempre respeitando a diversidade local e promovendo o
protagonismo social.
59
2) Existe uma política de Responsabilidade Social na Bunge?
Todas as ações sociais corporativas das empresas Bunge no Brasil são desenvolvidas
pela Fundação Bunge - entidade social sem fins lucrativos criada em 1955 - e têm como
objetivo envolver os colaboradores das empresas Bunge e demais stakeholders na discussão e
solução dos desafios que se apresentam nas comunidades do entorno das unidades Bunge,
elegendo a área de educação como foco de atuação.
Essas ações, independente da região onde aconteçam e do público com o qual são
desenvolvidas, são direcionadas pelo:
Respeito à realidade local - não trabalhamos com projetos prontos. As ações são
planejadas e realizadas em parceria com a comunidade local;
Investimento na formação dos parceiros - todos têm que entender os conceitos
empregados e apresentar a sua visão do processo para atuarmos dentro de um consenso;
Estímulo ao protagonismo social - cada parceiro envolvido tem que se apropriar do
projeto implantado assumindo responsabilidades no processo.
3) Por que a Bunge adota políticas e práticas de Responsabilidade Social?
Pois tem como objetivo envolver os colaboradores das empresas Bunge e demais
stakeholders na discussão e solução dos desafios que se apresentam nas comunidades do
entorno das unidades Bunge.
4) Que verba a Bunge destina para investimento social?
Investimento da Fundação Bunge em 2006 – R$ 5,5 milhões.
5) Existe profissional habilitado que responde pela coordenação dos projetos de
Responsabilidade Social ou ainda uma área responsável?
Todas as ações sociais corporativas das empresas Bunge no Brasil são desenvolvidas
pela equipe da Fundação Bunge - entidade social sem fins lucrativos criada em 1955 - e têm
como objetivo envolver os colaboradores das empresas e demais stakeholders na discussão e
solução dos desafios que se apresentam nas comunidades do entorno das unidades Bunge,
elegendo a área de educação como foco de atuação.
A Fundação Bunge conta com 3 coordenadores de projetos, um coordenador de
comunicação e demais profissionais.
60
6) Quais os resultados obtidos pela empresa ao adotar políticas e práticas de
Responsabilidade Social? Os resultados são mensuráveis?
É possível constatar maior integração entre os colaboradores das empresas Bunge em
torno de uma cultura de cidadania, melhoria do clima interno e uma relação mais próxima
com diferentes atores sociais.
7) A Bunge contribui com o Terceiro Setor (ONG’s)?
Sim, por meio das ações coordenadas pela Fundação Bunge e das ações desenvolvidas
pelas próprias empresas Bunge.
Abaixo, os projetos sociais desenvolvidos pela empresa:
A) Comunidade Educativa
Contribuir para a melhoria da qualidade do ensino fundamental da rede pública, por
meio de ações estruturadas. Essa é a base do Comunidade Educativa, programa de
voluntariado coorporativo das empresas Bunge no Brasil, que estimula a cultura do trabalho
participativo (protagonismo social) e incentiva a participação dos pais no universo escolar.
O programa nasceu da vontade das empresas Bunge em colaborar para a melhoria do
ambiente escolar e da qualidade do ensino fundamental nas comunidades em que atua e
também de integrar seus funcionários em torno de uma cultura de cidadania. O Comunidade
Educativa foi desenvolvido a partir de debates com executivos e funcionários de todas as
empresas Bunge, além da colaboração de consultores especializados no terceiro setor e
lançado em março de 2002.
Seu objetivo é estimular e preparar os funcionários das empresas Bunge para
desenvolver atividades multidisciplinares e lúdico-educativas que contribuam para a melhoria
da qualidade de ensino – para isso, eles dispõem de 2 horas semanais de trabalho. Seus
principais diferenciais são o respeito às peculiaridades das escolas e das comunidades onde
atua, a formação contínua dos voluntários e a cultura de trabalho participativo, envolvendo
empresa, escola e comunidade.
61
Prêmio Professores do Brasil
É fruto da união entre duas importantes e tradicionais premiações do país: o Prêmio
Incentivo à Educação Fundamental, promovido pela Fundação Bunge há 10 anos, e o Prêmio
Qualidade
na
Educação
Infantil,
oferecido
pela
Fundação
Orsa
há
6
anos.
O Prêmio, realizado em parceria com o Ministério da Educação, reconhece e valoriza o
trabalho dos professores da rede pública de ensino, que desenvolvam em salas de aula do
ensino fundamental (1ª a 4ª série) e do ensino infantil, atividades que visam tornar mais
atraente o exercício do aprendizado e que contribuam para a qualidade do ensino no país.
Anualmente são premiados 20 educadores (10 do ensino fundamental e 10 da educação
infantil), de diversas regiões do país, que além de terem seus trabalhos reconhecidos pelo
Ministério da Educação, recebem prêmio em dinheiro, diploma e troféu idealizado pela artista
plástica Maria Bonomi. A cerimônia de entrega é realizada em Brasília, com as presenças do
Presidente da República e do Ministro da Educação.
Premio Fundação Bunge
Reconhecer o trabalho de personalidades que contribuem de forma relevante para o
desenvolvimento intelectual brasileiro é a proposta do Prêmio Fundação Bunge, antigo
Prêmio Moinho Santista.
Criado em 1955, pela Fundação Bunge, como parte das comemorações do
cinqüentenário da S/A Moinho Santista Indústrias Gerais, o Prêmio reconhece, anualmente,
vida e obra de personalidades de seis áreas do conhecimento humano: Letras, Artes; Ciências
Biológicas, Ecológicas e da Saúde; Ciências Agrárias; Ciências Exatas e Tecnológicas;
Ciências Humanas e Sociais. Visando incentivar o desenvolvimento de jovens talentos de até
35 anos, em 1980, a Fundação Bunge criou o Prêmio na categoria Juventude, que já
contemplou mais de 40 pessoas.
ReciCriar
A proposta do ReciCriar - a pedagogia do possível é promover o intercâmbio de
experiências pedagógicas bem- sucedidas, por meio de palestras e oficinas, ministradas por
educadores identificados no Prêmio Professores do Brasil. Organizado pela Fundação Bunge
em parceria com as secretarias municipais ou estaduais de Educação, o ReciCriar permite
62
ainda a integração entre professores, diretores de escolas e autoridades de ensino municipais e
estaduais.
O encontro é dividido em dois momentos: no primeiro dia são realizadas palestras com
relatos de educadores. O segundo dia é marcado por oficinas culturais, que visam disseminar
práticas pedagógicas criativas transformando os participantes em multiplicadores das
experiências adquiridas.
São professores discutindo com professores seus desafios e sucessos. Com este
trabalho foi possível perceber que o professor que faz a diferença em sala de aula é aquele que
investe em pesquisa, registro de suas ações e consegue estabelecer vínculo com o aluno,
principalmente por meio de afetividade.
O evento já reuniu mais de 9 mil educadores nos estados de São Paulo, Pernambuco,
Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo e Piauí.
B) Acompanhamento à Gestante
O projeto de Acompanhamento à Gestante, oferece suporte psicoemocional para
funcionárias e dependentes durante o período de gestação, preparando-as para a vivência
equilibrada
das
alterações
relacionadas
à
gravidez,
parto
e
pós-parto.
Implantado há 13 anos – já tendo atendido mais de 400 gestantes – o programa conta com a
participação de assistentes sociais, psicólogos, pediatras, ginecologistas/obstetras, enfermeiras
e nutricionistas.
Travessia
Voltado aos filhos adolescentes de funcionários, o projeto Travessia tem o objetivo de
auxiliar na formação de conceitos e valores que interferem na formação e vida futura dos
jovens.
Resultados monitorados por profissionais que se mantêm à frente das atividades
indicam que o Travessia vêm contribuindo para a redução nos índices de gravidez na préadolescência, diminuição dos casos de envolvimento com drogas e para a melhoria do
relacionamento entre pais e filhos.
63
C) Centro de Educação Ambiental
Preservação se faz, antes de tudo, com educação ambiental. Essa lição a Bunge vem
colocando em prática por meio de um conjunto de ações que tem como um de seus principais
focos o centro de educação ambiental, CEA, mantido pela Bunge Fertilizantes em sua unidade
de Araxá (MG). Um dos primeiros do gênero foi construído com a participação dos
funcionários com o propósito de ampliar as possibilidades de relacionamento com seus
familiares e com a comunidade. Em pouco tempo, o Centro transformou-se em referência para
educadores ambientais e empresas de Minas Gerais, afinados com seu principal objetivo:
desenvolver atividades educativas e culturais, visando estimular e ampliar o conhecimento
sobre as questões ambientais e sobre a possibilidade de compatibilizar fatores naturais e
atividades econômicas na busca do desenvolvimento sustentável.
Benefícios Diferenciados para Colaboradores
Política Salarial - a Bunge adota políticas claras, internamente justas e externamente
competitivas. O objetivo é estabelecer e disponibilizar, aos gestores, critérios para
administração salarial dos colaboradores.
Dessa forma, os gestores podem reconhecer e valorizar os bons colaboradores, dando
perspectivas reais de crescimento mediante as oportunidades de nossa empresa. Com uma
política estruturada de administração salarial, daremos consistência também às demandas de
desenvolvimento e sucessão de pessoal, respeitando as condições econômicas da organização.
Recompensar
-
Programa
de
Participação
nos
Lucros
e
Resultados
é o plano de participação nos lucros e resultados da Bunge Alimentos. Seu objetivo principal
é possibilitar uma remuneração adicional (variável) aos colaboradores que atingirem ou
superarem metas preestabelecidas. No recompensar a administração participativa e o trabalho
em equipe são fatores decisivos para que todos possam ganhar mais. Assim, todos contribuem
com a melhoria do desempenho organizacional.
Alimentação – a maioria de nossas filiais dispõe de refeitórios, nos quais
nutricionistas procuram lhe oferecer o que há de melhor em termos de balanceamento
alimentar para a sua saúde. Para as filiais que não possuem refeitório, é fornecido o vale “in
natura” ou o vale-refeição. Você só participa com 20% do valor da refeição, pois 80% são
subsidiados pela empresa.
Bunge Saúde – a Saúde é a essência da vida. A Bunge Alimentos, ciente disso,
64
estimula e promove hábitos saudáveis, desenvolvendo ações para proporcionar saúde e
qualidade de vida.
O Bunge Saúde é uma dessas ações, transformada em benefício para os seus
colaboradores e familiares, por meio de três planos: saúde, odontológico e farmácia.
Transportes – nossas unidades, espalhadas por várias cidades brasileiras, têm
características diferentes. Em razão disso, algumas dispõem de ônibus especiais para levá-lo
de casa ao trabalho. Nas demais unidades, a Bunge fornece o vale-transporte.
Aposentadoria Complementar - Todos os colaboradores da Bunge são participantes
da Previdência Privada Bungeprev, que é um plano de suplementação da aposentadoria da
Previdência Social. De acordo com seu salário (quando superar o teto de contribuição do
INSS), você poderá optar por contribuir mensalmente.
Brinquedos e Cestas de Natal - nas atividades natalinas promovidas pela Bunge,
todos os filhos de colaboradores com até 12 anos recebem brinquedos adequados à sua faixa
etária. Também é distribuída uma cesta de Natal.
Associação Desportiva - é bom estarmos juntos, não só durante o horário de trabalho.
A ADCB (Associação Desportista Classista Bunge) é um espaço criado para que os amigos se
encontrem para atividades sociais ou para praticar um esporte saudável.
Seguro de Vida - Como colaborador da Bunge, você participará da nossa apólice de
seguro de vida em grupo, extensivo ao cônjuge, desde o ato de sua admissão, garantindo,
assim, maior segurança e amparo à sua família. A garantia básica desse seguro é de 30
salários. O valor descontado em sua folha de pagamento é amplamente subsidiado pela
Bunge.
Bungeprev
-
Plano
de
Previdência
Privada
Complementar
Este é um benefício diferencial oferecido pela Bunge Alimentos S.A.
Sendo que, há muitos outros trabalhos na área social e ambiental, que as empresas
exemplificadas nos casos I, II e III, desenvolvem e que mereceriam destaque, porém como
nossa intenção é apenas demonstrar a importância da Responsabilidade Social Empresarial e
que esta ao contrário da afirmação de Kanitz, não enfraquecem as ONG’s. E sim, vem a
somar.
Fonte: Caso I: http://internet.boticario.com.br/portal/site/institucional/.
Fonte: Caso II: http://www.bradesco.com.br/rsa/..
Fonte: Caso II: http://www.bunge.com.br
65
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assistimos a uma revolução cultural. Há uma mudança de valores e paradigmas
causada por uma série de acontecimentos nos últimos anos. A revolução tecnológica trouxe
novidades como a alta velocidade do fluxo de informação e dos processos produtivos,
otimizado e padronizado. O resultado prático é que pessoas e empresas têm mais acesso à
informação em tempo real. Estamos todos mais exigentes, porque estamos mais bem
informados.
Atualmente, empresas de sucesso possuem muito mais valores intangíveis do que
tangíveis. O valor intangível de uma empresa é representado por sua marca. A marca quer
dizer reputação, o quão digna de confiança, respeito uma determinada empresa é.
Para uma empresa, ter responsabilidade social pode ser um bom caminho para melhor
administrar riscos, uma vez que, entre seus princípios estão à transparência e a ética. A
interação, com os diferentes stakeholders, é importante para a identificação de problemas
comuns e a busca de soluções conjuntas.
Por meio desta pesquisa, pode-se observar que as empresas estão tendo consciência da
necessidade de se fazer algo mais para a comunidade onde está inseridas, como demonstram
as respostas das perguntas número um e três. Desenvolvendo uma série de projetos sociais e
ambientais, com o intuito de melhorar a qualidade de vida de todos (comunidade,
colaboradores, fornecedores).
Todavia, não podemos ser utópicos, a responsabilidade social empresarial como fator
de competitividade estimulou muitas empresas e seus gestores a adotar práticas de R.S.E. sem
nenhum planejamento estratégico. Outras adotaram em seus discursos conceitos de R.S.E.
sem realizar no mínimo um trabalho de reflexão sobre sua história e seus valores.
Por outro lado, nesse constante aprimoramento das práticas empresariais, existem
empresas que já evoluíram amplamente em sua gestão e em seus indicadores — estando
66
próximas da excelência — e se acham prontas para dar um salto em direção a modelos de
maior consistência sistêmica, como o de sustentabilidade empresarial, derivado do conceito de
desenvolvimento sustentável.
De uma forma geral, em sentido amplo, a prática da Responsabilidade Social
Empresarial tem sido executada com a visão maior que a ela deve ser atribuída, que é a
necessidade de contribuir na construção de uma sociedade sustentável e não por questões de
modismo, marketing ou pelos incentivos fiscais concedidos, como dedução no Imposto de
Renda das Pessoas Jurídicas, a aquelas empresas que adotam essa prática. Esses fatores são
conseqüências dessa nova postura empresarial e não a sua finalidade.
Ao contrário da afirmação de Kanitz, as ações sociais de empresas não enfraquecem o
Terceiro Setor (ONG’s). Se houve enfraquecimento deste setor isso se deve aos escândalos,
desvios de verbas sociais, desconfiança por parte das pessoas físicas e jurídicas e à
"Pilantropia", palavra cunhada pela conceituada revista semanal Veja. Pois como vimos, esse
setor já é considerado a 8ª economia do mundo que, somente no Brasil, movimenta quase R$
11 bilhões por ano. E, também, por meio da análise das respostas da pergunta número sete.
Sabendo que a corrupção gera pobreza, pelo fato de que muitos investimentos serem
desviados, consequentemente, há uma grande carência da sociedade a programas sociais
bancados pelo governo.
Contudo não podemos eximir e, tampouco, deixar de cobrar do Estado o cumprimento
de suas obrigações sociais, éticas e morais para com a nação. A Responsabilidade Social
Empresarial veio para somar com o Governo e ONG’s e não para ser a panacéia. Não se pode
encruzar os braços e fechar os olhos para os problemas sociais existentes, negando sua parcela
de responsabilidade, seja indivíduo ou empresa, grande ou pequena. Cada qual, dentro de suas
possibilidades, tem o poder e o dever de contribuir para um Brasil, um mundo melhor.
Não há crescimento econômico em longo prazo sem progresso social e também sem
cuidados com o meio ambiente. Desenvolvimento sustentável e Responsabilidade Social
Empresarial não são apenas palavras bonitas ditas e ouvidas teoricamente. Elas devem e estão
sendo aplicadas na realidade.
Sabendo das necessidades sempre crescentes da sociedade e das limitações dos
recursos disponíveis, mais do que nunca se faz necessário à união de todos: Primeiro Setor,
Governo; Segundo Setor, Privado e o Terceiro Setor, ONG’s, para a construção de uma
sociedade sustentável.
67
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABONG – Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais. Disponível em:
http://abong.org.br. Acesso em: 20/03/2006 as 11:43 h.
AÇÕES SOCIAIS DE EMPRESAS ENFRAQUECEM ONGS, DIZ KANITZ. Disponível
em: http://www.kanitz.com.br/entrevista_bbchtm . Acesso em 11/01/06 as 10:44 h.
ASHLEY, Patrícia Almeida. Ética e responsabilidade nos negócios. São Paulo: Saraiva,
2003.
----------- Ética e responsabilidade nos negócios. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
BRADESCO. Disponível em: http://www.bradesco.com.br/rsa/. Acesso 17/10/2006 as 09:38
h.
BRENNAND, Jorgina Melo Neto e Francisco Paulo Melo Neto. Empresas socialmente
sustentáveis: o novo desafio da gestão moderna. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004.
CORRUPÇÃO CUSTA US$ 3,5 BI AO PAÍS. O Estado de São Paulo. Disponível em:
http://www.estado.com.br/editorias/2006/10/03/eco-1.93.4.20061003.11.1.xml.
Acesso
10/10/2006 as 18:10 h.
CORRUPÇÃO
PRODUZ
POBREZA.
Disponível
em:
http://veja.abril.uol.com.br/idade/exclusivo/271102/p_054.html. Acesso 06/08/2006 as 16:00
h.
68
CRESCE O NÚMERO DE PILANTROPIA ENTRE AS ONGS. Disponível em.
http://aprendiz.uol.com.br/content.view.action?uuid=b506b8530af470100140984b02d60642.
Acesso 06/09/2006 as 17:24 s
ENCICLOPÉDIA
LIVRE.
Disponível
em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Responsabilidade_social. Acesso em: 26/10/2005 as 16: 37 h.
FERNANDES, Rubens C. Privado Porém Público: O terceiro Setor na América Latina. 2.ed.
Rio de Janeiro: Relume – Dumaré, 1994.
GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas. Disponível em: http://www.gife.org.br.
Acesso em 20/03/2006 as 12:13 h.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social; 3ª ed., São Paulo: Atlas, 1991.
INSTITUTO ETHOS. Disponível em: http://www.ethos.org.br. Acesso em: 26/10/2005 as
17:05 h.
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ..Disponível em: www.ipea.gov.br/asocial/.
Acesso 05/02/2006 as 09:05 h.
KOTLER, Philip: Admistração de marketing: Análise, Planejamento, Implementação e
Controle; tradução Ailton Bomfim Brandão. 5ª ed. São Paulo: Altlas, 1998.
MONTEFUSCO, João Gabriel. Organização social e política do Brasil; 3ª ed., São Paulo:
Editora Moderna, 1981
NOBRE, Suzana Laniado C. Terceiro setor: os recursos da solidariedade. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 2004.
O BOTICÁRIO. Disponível em: www.oboticario.com.br. Acesso 04/10/2006 asa 18:46 h
RESPONSABILIDADE SOCIAL. Disponível em: www.responsabilidadesocial.com. Acesso
em 10/06/2006 as 15:13 h
69
SÁ, Antônio Lopes de. Dicionário de contabilidade. 9ª ed. São Paulo: Altas, 1995.
TENÓRIO, Fernando Guilherme. Responsabilidade social empresarial: teoria e prática. Rio
de Janeiro: FGV, 2004.
TERCEIRO SETOR. Disponível em: http://jornalhoje.globo.com/JHoje/0,19125,VOI0-3069888-240867,00.html. Acesso 09/09/2006 as 13:52 h.
TERCEIRO SETOR: O CRESCIMENTO DA “PILANTROPIA” ENTRE AS ONGS.
Disponível
em:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG74385-6009-
420,00.html. Acesso 06/09/2006 as 17:57 h
70
ANEXOS
71
ANEXO I
QUESTIONÁRIO
1) Qual o conceito de Responsabilidade Social para a empresa?
2) Existe uma política de Responsabilidade Social na empresa?
3) Por que a empresa adota políticas e práticas de Responsabilidade Social?
4) Que verba a empresa destina para investimento social?
5) Existe profissional habilitado que responde pela coordenação dos projetos de
Responsabilidade Social ou ainda uma área responsável?
6) Quais os resultados obtidos pela empresa ao adotar políticas e práticas de Responsabilidade
Social? Os resultados são mensuráveis?
7) A empresa contribui com o Terceiro Setor (ONG’s)?
72
ANEXO II
ENTREVISTA A BBC BRASIL.COM
Kanitz: "Ação social de empresas enfraquece ONG’s"
Stephen Kanitz, responsável pelo site www.filantropia.org, gosta de fazer previsões.
Autor do livro O Brasil que dá certo, no qual previa o sucesso do Plano Real, ele afirma ter
dito a 12 anos que o Brasil teria uma onda de responsabilidade social de empresas.
Agora, Kanitz, professor aposentado de economia da Universidade de São Paulo
(USP), afirma que esse movimento pode se transformar em uma bolha e estourar. Para ele, as
empresas não deveriam alardear o investimento que fazem em ações sociais.
"Quem escolhe o projeto no qual a empresa vai investir é o departamento de marketing. São
projetos neoliberais. As empresas dizem: O empresário sabe melhor, e é ele quem vai
determinar a agenda social de um país. Isso é um absurdo. A agenda social tem que ser
determinada pelo Estado ou pelo indivíduo", afirmou em entrevista à BBC Brasil.
Segundo Kanitz, além de não resolver os problemas a que se propõe combater, o
movimento de responsabilidade social está provocando uma vítima direta: os projetos sociais
bancados por ONG’s e outras entidades, que deixaram de receber doações, já que as empresas
preferem investir em seus próprios programas.
Está na moda ser responsável socialmente?
Stephen Kanitz - Criou-se essa moda, porque ultimamente, pelo menos nos últimos
400 anos no Brasil, o social era administrado por ONG’s e entidades que se criavam para esse
fim. Hoje ninguém fala mais em uma das ONG’s mais antigas do mundo, a Cruz de Malta,
fundada no ano de 1099 por uma ordem de cavaleiros, com o objetivo de ajudar os pobres,
especialmente aqueles com lepra. Hoje está todo mundo interessado em ouvir o que as
empresas fazem no social. Estamos esquecendo o que as entidades fizeram nos últimos 900
anos.
Então as entidades de filantropia estão destinadas a desaparecer?
Kanitz - Se depender das empresas, sim. Porque o interesse de todas as empresas é
criar agora um projeto próprio, que permite que elas mostrem aos jornalistas, que infelizmente
estão cobrando isso. É um erro do jornalismo brasileiro e mundial ficar cobrando: "O que o
senhor está fazendo pelo social?" Isso está em parte fazendo com que as empresas procurem
projetos próprios para poder mostrar para os jornalistas. E o empresário não entende disso.
Alguns mal entendem o próprio negócio. E eu acho meio difícil que uma empresa de alumínio
vá entender de creche ou de asilo para leprosos. Para mim é bem claro: cada macaco no seu
galho.
Estamos vendo esse culto das empresas socialmente responsáveis, que pararam de
doar para as entidades, criaram projetos próprios, dos quais elas não entendem que,
normalmente, surgem do departamento de marketing. Tem um estudo do Iser (Instituto de
Estudos da Religião) mostrando de onde surgiram os premiados do Eco, que é da Câmara
Brasil-Estados Unidos, que já tem quase 20 anos. É uma pesquisa séria e bem fundamentada,
e ela descobriu com choque, há seis anos, que a maioria começou no departamento de
marketing.
O marketing descobriu o que é um projeto legal, que o consumidor vai gostar. As
empresas hoje estão tirando pessoas habilitadas das entidades, pessoas já treinadas. Para
73
treinar um líder social, as ONG’s gastam de 10 a 12 anos de investimento. Estão tirando a
peso de ouro, e esse é o maior crime que eu vejo cometido por essas empresas socialmente
responsáveis, desorganizando o que nós já tínhamos há 400 anos.
Então, por exemplo, os R$ 200 mil que iam para um asilo de lepra que eu conheço,
agora são gastos na própria empresa: R$ 20 mil vão para o diretor de responsabilidade social,
que agora está ganhando um salário legal, uns R$ 25 mil vão para a agência de propaganda
que vai fazer a divulgação do projeto, o assessor de imprensa recebe R$ 10 mil. Vai ter um
anúncio em alguma revista, que vai custar no mínimo R$ 60 mil, tudo para ensinar balé a
favelados, e o resto do dinheiro do projeto vai para o professor de balé. E a lepra no Brasil
está crescendo. O Brasil, por incrível que pareça, tem mais lepra do que a Índia. Esse é o
resultado da valorização das empresas socialmente responsáveis.
Que critério o departamento de marketing das empresas usa para escolher qual
área deve ser beneficiada com um projeto social?
Kanitz - Nos últimos seis anos, nenhum diretor de marketing nos procurou para saber
do que as entidades mais precisam. É muito fácil você ser bonzinho com o dinheiro dos
outros. Em um país pobre como o Brasil, que tem tanta carência social, eu tenho uma lista de
500 itens de que as entidades precisam. E, se a gente não seguir essas prioridades, nós não
vamos resolver esses problemas.
Tem um curso de inglês que está ensinando inglês para a periferia. É ótimo, mas não é
prioridade. Eu conversei com o dono dessa escola de inglês, e ele me disse: "Mas é isso o que
a gente sabe fazer". Se toda empresa só fizer o que sabe fazer, nós não vamos resolver os
problemas sociais. O que a Alcoa vai fazer: vai dar alumínio para as entidades? Não. Quem
vai combater a prostituição infantil? Qual é a empresa brasileira especializada em prostituição
infantil? Não tem. Por isso é que eu digo: cada macaco no seu galho. As empresas deveriam
estar fazendo seus produtos mais baratos, sem destruir a ecologia, tendo lucro, e os acionistas,
com esses lucros, devem ser incentivados a fazer doações.
Quais são as áreas que dão maior ibope quando uma empresa decide ser
socialmente responsável?
Kanitz - Os diretores de marketing não são bobos e sabem que na televisão um projeto
que fale de criança, uma loira, especialmente, de olhos azuis, fica muito bonito. Lepra já é
mais complicado, abuso sexual é horroroso, prostituição infantil pior ainda. Mas educação é
bom e é crítico, porque é função do Estado. Eu estou pagando imposto para fazer educação e
saúde, que são funções do Estado. E o Estado não quer, por exemplo, cuidar de abuso sexual,
porque menina de 13 anos abusada pelo próprio pai não vota. Mas o pai vota. Então é
politicamente incorreto para um político e para uma empresa mais ainda.
Eu não consigo imaginar uma empresa que vai querer ter a sua marca, construída com
suor, associada a abuso sexual. Por isso é que eu acho, e a literatura diz isso, que a
responsabilidade social é ou do Estado ou do indivíduo, do ser humano. Nós precisamos nos
tornar mais cidadãos. Cada um precisa começar a doar parte da nossa renda para as entidades
que achar importante. A última coisa que uma nação quer é ter empresas determinando a
agenda social do país.
Quem tem que ser responsável socialmente é o indivíduo e não a empresa?
Kanitz - Sem dúvida. O executivo de uma empresa é um preposto da diretoria e dos
acionistas. Quem tem que ser socialmente responsável, em última instância é o acionista, são
as funcionárias, as pessoas físicas. Os americanos sempre analisam essas coisas mais
74
corretamente. Não existe nos Estados Unidos a Fundação Microsoft. O que existe é a
Fundação Bill Gates. O Bill Gates faz seus projetos sociais, não divulga isso, ele não precisa
dizer que é mais socialmente responsável do que o Ted Turner, não existe essa competição. E
ele acaba determinando seus projetos sem interesse de vender mais software pela Microsoft.
Acho que isso é a forma mais correta. As pessoas podem até perceber que é o Bill
Gates da Microsoft que está fazendo vacina, mas se a Microsoft fizesse uma fundação
provavelmente estaria doando software para o mundo inteiro, para combater a Linux, ou
doando computadores, porque ele sabe que alguém vai ter que comprar software para fazer
esse computador funcionar.
As empresas terão um efeito bumerangue porque todas as religiões dizem que a
filantropia nunca deve ser alardeada. Você nunca deve dizer para os outros como você é
bonzinho, como você é socialmente responsável. As pessoas que recebem as doações vão
acabar odiando você porque você alardeou o que fez. E tem muitas empresas que fizeram
como política de marketing aparecer como socialmente responsáveis. Nos próximos dez anos,
elas vão desaparecer.
As empresas que fazem alarde da sua postura socialmente responsável estão
preocupadas apenas com sua imagem?
Kanitz - Estão preocupadas e estão danificando sua imagem. O consumidor não é
bobo. Ele sabe que aquele projeto social que está sendo alardeado está embutido no preço. E
todo projeto de criança-educação representa menos dinheiro para abuso sexual, lepra. E o
consumidor talvez tenha uma outra prioridade. Eu prefiro empresas que dizem: Já que eu
quero ser socialmente responsável, vou abater o preço do produto em R$ 2, que é o custo que
eu tinha embutido, mas, por favor, use esse dinheiro para fazer uma doação para uma entidade
de sua própria escolha".
Como você vê o cenário da responsabilidade social de empresas para os próximos
cinco anos? O que pode ser mantido e o que pode ser melhorado?
Kanitz - O consumidor está começando a perceber a jogada de marketing que está por
trás. Tem muita empresa socialmente responsável que não alardeia, aí eu fico contente. Com o
tempo, esse modismo vai acabar graças a Deus. As grandes fundações são feitas para que nos
anos de vacas gordas você acumule dinheiro, como a Fundação Bill Gates, a Fundação Ford, e
nos anos de vacas magras essas fundações começam a doar muito mais.
As empresas fazem exatamente o contrário: nos anos de vacas magras, quando os
lucros começam a cair, elas reduzem a filantropia, exatamente o que não se deve fazer. Por
isso, desde que surgiu esse movimento de responsabilidade social das empresas, os problemas
sociais aumentaram. É chegar no líder social de uma instituição e perguntar: "Como eu posso
ajudar você?" E não perguntar: "Como você pode ajudar o marketing social da minha
empresa?".
Fonte: BBC Brasil. http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2003/09/030918_kanitzcsr.shtml
75
ANEXO III
CURRÍCULO RESUMIDO DE STEPHEN KANITZ
STEPHEN KANITZ, consultor de empresas e conferencista, vem realizando seminários em
grandes empresas no Brasil e no exterior. Já realizou mais de 500 palestras nos últimos 10
anos.
Mestre em Administração de Empresas pela Harvard University, foi professor Titular da
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.
Criador do Prêmio Bem Eficiente para entidades sem fins lucrativos e do site
www.voluntarios.com.br.
Criador de Melhores e Maiores da Revista Exame, avaliou até 1995 as 1000 maiores empresas
do
país.
Sua experiência como consultor lhe rendeu vários prêmios: Prêmio ABAMEC Analista
Financeiro do Ano, Prêmio JABUTI 1995 - Câmara Brasileira do Livro e o Prêmio
ANEFAC.
É árbitro da BOVESPA na Câmara de Arbitragem do Novo Mercado.
Atividades
Articulista da Revista Veja - Editora Abril.
Criador e organizador do Prêmio Bem Eficiente para entidades sem fins lucrativos e do site
www.voluntarios.com.br.
Árbitro da BOVESPA na Câmara de Arbitragem do Novo Mercado.
Criador da Edição Melhores e Maiores da Revista Exame.
Ex-comentarista econômico da TV Cultura de São Paulo.
Assessor do Ministro do Planejamento 1986-1987.
Títulos
"Master in Business Administration" pela Harvard University.
Professor Titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade
de São Paulo.
Doutor em Ciências Contábeis pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
da Universidade de São Paulo.
Bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
da Universidade de São Paulo.
Livros Publicados
76
1- "O Brasil Que Dá Certo" - Makron Books - São Paulo.
2- "Brazil - The Emerging Economic Boom" - Makron Books - São Paulo.
3- "Os 50 Melhores Artigos" - Editora Campus - Rio de Janeiro.
4- "Ponto de Vista" - Editora Senac - São Paulo - Co-autoria.
5- "Como Prever Falências" - Editora McGraw-Hill - São Paulo.
6- "Contabilidade Introdutória" - Editora Atlas - São Paulo - Co-autoria.
7- "Contabilidade Intermediária" - Editora Atlas - São Paulo - Co-autoria.
8- "O Parecer do Auditor" - Editora McGraw Hill - São Paulo.
9- "Controladoria" - Textos e Casos - Editora Pioneira - São Paulo.
10- "Controladoria" - Manual do Professor - Editora Pioneira - São Paulo.
11- "Inflação e Desenvolvimento" - Editora Vozes - São Paulo - Co-autoria.
12- "TPD - Análise dos Demonstrativos financeiros" - IOB - São Paulo.
13- "Práticas de Cidadania" - Editora Contexto - São Paulo - Co-autoria.
Prêmios e Homenagens
Personalidade do Ano 2000 - Sindicato dos Contabilistas de São Paulo.
Prêmio Ateneu Rotário - Rotary Club de São Paulo - 1999.
Prêmio Jabuti 1995 - Câmara Brasileira do Livro.
Prêmio Aquilles 1995 IBRACON - RS.
Prêmio Profissional ANEFAC do ano 1994.
Prêmio Abamec Analista Financeiro do Ano.
Prêmio Abril de Jornalismo - 1983.
Publicações
Artigos da Seção Ponto de Vista da Revista Veja - desde 1998.
Fonte: BBC Brasil. http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2003/09/030918_kanitzcsr.shtml.
Download